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Geometria Euclidiana
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IA841 — notas de aula — FEEC — 2o SEM/2006 (Ting) 10
Observação 2.1 Uma referência para estudos mais avançados sobre o tópico:
Introduction to Geometry de H.S.M. Coxeter, da coleção de Wiley Classics
Library de 1989.
τl
τs τs
s s
l
2.2 Transformações
Para descrever as manipulações sobre as figuras geométricas, é conveniente
introduzir o conceito de transformação T : <n → <n para designar a cor-
respondência biunı́voca entre os pares de pontos num plano (n=2) ou num
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2.2.1 Isometria
A isometria ou congruência é uma transformação que preserva as medidas
e a forma; isto é, dados dois pares de pontos (P, P 0 ) e (Q, Q0 ), então P Q =
P 0 Q0 . Dizemos que P Q e P 0 Q0 são dois segmentos congruentes. Existem
quatro tipos de isometrias, sob os quais a relação de congruência entre as
figuras é invariante:
Pontos
invariantes
espelho
Ponto
invariante
Exercı́cio 2.2 Uma translação pode ser expressa como o produto de duas
reflexões/espelhamentos. Neste caso, qual deve ser a posição dos dois espe-
lhos utilizados para reflexões?
Exercı́cio 2.4 Qual é o produto de duas glides cujos eixos são perpendicu-
lares?
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Padrão
Padrão
(a) (b)
Aplicação 2.3 Um caleidoscópio é constituı́do com base no princı́pio das
múltiplas reflexões de uma mesma figura pra formar um objeto simétrico.
1800
Exercı́cio 2.6 Dados dois espelhos formando um ângulo de n entre si.
Qual é o número de imagens visı́veis formadas por eles?
2.2.2 Semelhança
As proposições da Geometria Euclidiana não são violadas se a escala das
figuras geométricas for alterada. Duas figuras são ditas semelhantes, se
todos os ângulos correspondentes são, direta ou opostamente, iguais e todas
as distâncias são multiplicadas por um mesmo fator de escala λ. A trans-
formação que leva uma figura a uma figura semelhante é uma semelhança e
o fator λ é conhecido como razão de semelhança (ratio of magnification).
Quando λ > 0, a transformação é direta; ela é inversa ou indireta se λ < 0.
Entre as transformações semelhantes, temos:
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Observação 2.3 Com uso de réguas, pode-se construir uma figura F se-
melhante à figura F 0 com uma razão de semelhança igual a λ, seguindo o
seguinte procedimento:
C´ F
D B
D´ F´ B´
A´ A
O
2. Trace uma reta que passe por O e C e uma reta que passe por O e P ;
P’
C C’
O O1
A
B
O P
P’
geométrico dos pontos das figuras geométricas no espaço com uso destas co-
ordenadas. Finalmente, apresentaremos as transformações como operadores
algébricos na seção 2.3.4.
2.3.1 Coordenadas
Descartes propôs representar os pontos de uma curva planar pelas distâncias
(x e y) entre os pontos em duas direções, X e Y , não paralelas e deu uma
interpretação geométrica às funções. Isaac Newton estendeu a definição,
permitindo que estas distâncias assumam valores negativos. O termo “coor-
denadas” só foi utilizado pelo Leibniz, quase um século depois, para deno-
minar estas distâncias! O conjunto de direções orientadas (eixos) constitui
um sistema cartesiano para estas coordenadas. Quando os eixos forem
perpendiculares entre si, dizemos que as coordenadas são ortogonais ou
retangulares; senão elas são chamadas oblı́quas.
Y Y
y y
X x X
(a) Retangulares (b) Oblı́quas
Para tratar problemas de isometrias e semelhanças que tem um ponto
invariante, o uso de coordenadas polares (r, θ) para cada ponto P é,
em geral, mais adequado. Estas coordenadas são definidas em relação a um
ponto fixo O, conhecido como pólo, (r = OP ) e uma direção inicial OX (θ =
ângulo entre OP e OX). Quando O e OX corresponderem, respectivamente,
à origem e ao eixo X de um sistema cartesiano retangular, as coordenadas
cartesianas retangulares deste sistema e as polares se relacionam através das
expressões
x = rcosθ y = rsenθ.
x P
r
y
θ
O X
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Exercı́cio 2.10 Determine a área de um triângulo cujos vértices são (0, 0),
(3, 3) e (1, 6).
ax + by + c = 0 (2.1)
ou
x y c
+ =− ,
b a ab
a partir da qual é possı́vel derivar que todos os pontos sobre as retas que
cortam os dois eixos nos pontos (p, 0) e (0, q) satisfazem a equação
x y
+ = 1.
p q
Utilizando Eq. 2.1, podemos verificar com uso de números o paralelismo de
duas retas (quando elas tem a mesma razão ab ) e a interseção de duas retas
(a solução de um sistema de duas equações lineares do tipo Eq. 2.1).
Se b 6= 0, podemos explicitar a coordenada y em termos de x, isto é,
−(ax + c)
y= , (2.2)
b
que é bastante conveniente para plotar os pontos da reta – basta selecionar
um intervalo apropriado de coordenadas x.
Tanto na Eq. 2.1 como na Eq. 2.2 está integrada a noção da disposição
da reta em relação ao sistema cartesiano. Os coeficientes a e b indicam a
inclinação da reta em relação aos seus eixos. Em algumas aplicações, é irrele-
vante esta disposição relativa da figura geométrica. Uma representação que
permite focar somente nas caracterı́sticas intrı́nsecas da figura geométrica,
independente do sistema escolhido, é exprimir as coordenadas de uma reta
que passa pelo ponto (x0 , y0 ) de direção (dx , dy ) em função de um parâmetro
t por meio das equações paramétricas
x = x0 + dx t y = y0 + dy t. (2.3)
O O O
r = OP = (LA − rcosθ)
r = OP = l − rcosθ.
x2 + y 2 = (l − x)2 (2.4)
1
Se refletirmos os pontos em relação à reta x = 4 l, chegamos à expressão
padrão de uma parábola
y 2 = 2lx. (2.7)
1 − t2 2t
x= y=
1 + t2 1 + t2
é uma alternativa representaçào paramétrica para
x = cosθ y = senθ
1. x = acos(t) y = bsen(t),
2. x = 2lt2 y = 2lt,
3. x = acosh(t) y = bsenh(t)
3. x = cosθ y = senθ
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Observação 2.8 Vale a pena conferir o sı́tio http: // turnbull. mcs. st-and.
ac. uk/ ~history/ Curves/ Curves. html para ver as curvas mais famosas.
2.3.3 Sólidos
São considerados sólidos os objetos que tem volume diferente de zero. Estes
objetos são descritı́veis num sistema cartesiano tridimensional, definido pe-
los três planos axiais perpendiculares entre si XY , Y Z e XZ, de tal forma
que cada ponto possa ser representado por três distâncias, denominadas co-
ordenadas: x, em relação ao plano Y Z, y, em relação ao plano XZ, e z,
em relação ao plano XY . O ponto onde estes três planos se encontram é
a origem O do sistema cartesiano (tridimensional) e as retas onde os pares
de planos {XY, XZ}, {XY, Y Z} e {Y Z, XZ} se encontram são, respectiva-
mente, os eixos X, Y e Z deste sistema.
Y
XY
YZ
x z
y
X
Z
XZ
x = A0 u; y = B 0 u; z = C 0 u,
AA0 + BB 0 + CC 0 = 0 → (AA0 + BB 0 + CC 0 )u = Ax + By + Cz = 0
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define um plano perpendicular à semi-reta dada pela Eq. 2.8 passando pela
origem (0, 0, 0). Se o plano não passar pela origem, podemos transladar um
dos seus pontos (x1 , y1 , z1 ) para a origem, isto é,
3x + y − 1.5z + 7 = 0.
Qual é o vetor normal deste plano? Em quais pontos o plano corta os eixos
X, Y e Z do sistema de referência?
Dois planos são paralelos se eles só diferem no termo D e dois planos
não paralelos sempre intersectam numa reta que é a solução do sistema de
equações lineares correspondentes a estes dois planos.
Uma equação f (x, y, z) = 0 que relaciona as coordenadas x, y e z usu-
almente representa implicitamente uma superfı́cie. Duas equações repre-
sentam, em conjunto, uma curva (de interseção das duas superfı́cies).
As superfı́cies quádricas são primitivas geométricas presentes em di-
versos sistemas de CAD/CAM/CAE e Computação Gráfica. Elas são análgoas
às cônicas que vimos na Seção 2.3.2: são funções de grau 2 e suas seções pla-
nares são cônicas. Dentre as superfı́cies quádricas temos, em representação
implı́cita,
x2 y2 z2
elipsóide : a2
+ b2
+ c2
=1
x2 y2 z2
hiperbolóide de uma folha : a2
+ b2
− c2
=1
x2 y2 z2
hiperbolóide de duas folhas : a2 − b2 − c2 =1
x2 y2
parabolóide elı́ptica : a2
+ b2
= 2z
x2 y2
parabolóide hiperbólica : a2
− b2
= 2z
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x2 y2
cone elı́ptica : a2
+ b2
= z2
x2 y2
cilindro elı́ptico : a2 + b2 =1
Fonte Luminosa
Pointo Visível
Pixel
(1,1,1)
(0,0,0)
1. F (x, y, z) = 0.8,
2. F (x, y, z) = 0.2.
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2.3.4 Transformações
Por simplicidade, só apresentaremos as principais idéias de equacionamento
das transformações que ocorrem na Geometria Euclidiana 2D. A extensão
para 3D segue a mesma linha de raciocı́nio.
Seja um ponto P = (r, θ) em coordenadas polares, ele é transformado
em
x0 = µrcos(θ) = µx
y 0 = µrsen(θ) = µy.
x0 = x + ∆x
y 0 = y + ∆y,
P0 = P + T , (2.10)
P 0 = SP , (2.11)
0
P = RP , (2.12)
0
P = MP . (2.13)