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O
tempo, visto como instante em sua epistemologia,
permite conciliar com a perspectiva da Teoria da Re-
latividade e tambm com a ideia de instante criador
onde no h um tempo universal.
Neste sentido, enfatiza que, mesmo no domnio da fsica, no
h um nico tempo, vlido em todas as situaes. Essa diferena
no fluxo temporal alcana de modo definitivo a esfera do psico-
lgico. Neste mbito, o tempo pensado no est em consonncia
com o tempo vivido, visto que, a continuidade temporal, perce-
bida pela conscincia, o resultado das mltiplas superposies
temporais. Bachelard, destacando, ento, o carter da superposio
temporal, afirma que o tempo tem vrias dimenses; o tempo tem
uma espessura. S aparece como contnuo graas superposio de
muitos tempos independentes. Reciprocamente, qualquer psicolo-
gia temporal unificada necessariamente lacunar, necessariamente
dialtica (BACHELARD, 1994, p. 87). A espessura e as lacunas
mencionadas podem ser compreendidas quando percebemos que o
tempo do pensamento verticalizado em relao ao tempo comum
das coisas, que horizontal. Bachelard explicita que o tempo ver-
tical no contnuo, ele marcado pela descontinuidade, isto ,
lacunar. Essa construo temporal pela conscincia se d em vrios
nveis. Quanto mais distante do tempo horizontal, mais lacunar e
mais livre o esprito est.
a partir dessa perspectiva que Bachelard desenvolve uma crti-
ca concepo bergsoniana de tempo nas obras Lintuition de linstant
e La dialectique de la dure. Segundo Cesar, Bachelard, ao substituir a
durao bergsoniana por uma durao construda pela razo, os
textos de Bachelard A dialtica da durao e A intuio do instante re-
formulam, luz da fsica relativista, o conceito de tempo vigente na
filosofia contempornea do incio do sculo XX (CESAR, 1996, p.
82). Assim, na obra Lintuition de linstant, Bachelard desenvolve sua
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Referncias Bibliogrficas