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Bronislaw Baczko, Pierre Bourdieu e Sandra Pesavento, alguns dos autores onde buscamos

nosso referencial teórico, estão ligados à corrente da historiografia chamada “Nova História
Cultural”.
om estas características, o domínio do imaginário torna-se objeto de disputas e, como nos
afirma Bronislaw Baczko,
O controle do imaginário, de sua reprodução, de sua difusão e de seu
gerenciamento assegura, em degraus variáveis, um impacto sobre as condutas e
atividades individuais e coletivas, permite canalizar energias, influenciar as
escolhas coletivas nas situações surgidas tanto incertas quanto imprevisíveis.
(Baczko, 1987, p. 312)

Bronislaw Baczko – Université de Genève (Suíça)


Bronislaw Baczko nasceu em 1924 em Varsóvia. Filósofo, dirigiu o Departamento de História da
Filosofia Moderna da Academia Polaca das Ciências de 1955 a 1968. Ensina na Universitè de
Genève. É autor do verbete “Utopia” da Enciclopédia Einaudi e do clássico estudo Lumières de
l’utopie (Paris: Payot, 1978).
Bronislaw Baczko propõe a seguinte definição de utopia:
representação imaginada de uma sociedade que se opõe à existente a) pela organização
outra da sociedade tomada como um todo; b) pela alteridade das instituições e das
relações que compõem a sociedade como um todo; c) pelos modos outros segundo os
quais o cotidiano é vivido. Essa representação, menos ou mais elaborada nos detalhes,
pode ser encarada como uma das possibilidades da sociedade real e leva à valorização
positiva ou negativa desta sociedade (Baczko, 1978, p. 405).

A regulação da vida coletiva através do imaginário social demarca a importância de se


produzir determinados símbolos, visto que: “(...) os imaginários sociais repousam sobre o
simbolismo que é, ao mesmo tempo, sua produção e seu instrumento” (BACZKO, 1984, p. 18). A
constituição simbólica no espaço urbano estabelecido tem o intuito de identificar ideologias que
estão representadas através de obras e elementos arquitetônicos. Percebemos a marca política em
determinadas obras que expressam a forma como o Estado interpreta a realidade e marca sua
presença na história. O lado monumental da arquitetura exprime o pensamento e o desejo de seus
promotores em estabelecer uma presença suprema da afirmação humana. Como afirma o teórico da
Nova História Cultural Bronislaw Baczko, o imaginário social é um epifenômeno do real, ele se
materializa através das formas e das idéias produzidas pelo homem. A cidade é um instrumento de
leitura da mentalidade de quem exerce o poder de instituí-la enquanto objeto estético e social.
Baczko prossegue:
Todas as cidades, são, entre outras coisas, uma projeção dos imaginários sociais no
espaço. A sua organização espacial atribui um lugar privilegiado ao poder, explorando a
carga simbólica das formas (o centro opõe-se à periferia, o acima opõe-se ao abaixo). A
arquitetura traduz eficazmente, na sua linguagem própria, o prestígio que rodeia um
poder, utilizando para isso a escala monumental, os materiais, etc. (BACZKO, 1985, p
Para Baczko o imaginário está relacionado com a legitimação de poder e com situações de conflito, é algo que informa acerca da
realidade. E para Castoriadis o imaginário é gerador de alienação às instituições e símbolos, a partir do ponto em que esse mesmo imaginário
é o gerador de tais instituições e símbolos. Foi a partir desses autores e discussões que foi possível estabelecer uma compreensão do que é
e de como se pode representar o imaginário, tão frequentemente presente e tão pouco percebido nas relações que permeia
Outro autor que busca discutir questões
relacionadas ao imaginário, detendo-se mais nos
seus aspectos político-ideológicos, é Bronislaw
Baczko. Para ele, o imaginário social não
somente "informa" acerca da realidade, mas ao
mesmo tempo constitui um apelo à ação, a
comportar-se de determinada maneira,
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Anais P&D Design "98 3° Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvoivimento em Design, PUC-Rio, 25 a
28 de outubro, RJ
canalizando as energias e orientando as
esperanças colativas para determinada intensâo.
Desta forma, o dispositivo imaginário fornece a
um grupo social um esquema coletivo de
interpretações das experiências individuais,
indispensável para classificá-las e dotá-las de
sentido, e também para codificar expectativas e
esperanças.
0 imaginário social, ainda segundo BACZKO
(1985), é uma das respostas - muitas vezes a
mais eficaz - que uma coletividade dá a seus
conflitos, divisões e violências reais ou
potenciais. Toma-se ainda mais poderosa tal
resposta, na medida em que os imaginários
sociais são operacional izados pela produção de
visões futuras, projetando angústias, esperanças
e sonhos coletivos sobre o futuro.
Para compreensão dos imaginários e dos
símbolos em que eles assentam, toma-se
indicado, portanto, buscar investigar os
diversos niveis em que se expressam e em que
se interarticulam cadeias de significados,
compondo uma trama significativa básica, a
partir da qual a vida social vai sendo
viabilizada, cotidianamente.
A influência e o controle dos imaginários sociais
sobre as mentalidades dependem
fundamentalmente dos meios que asseguram a
sua difusão, da evolução e do suporte
tecnológico e cultural da circulação de
informações e imagens
Todas as cidades são, entre outras coisas, uma
projeção dos imaginários sociais no espaço,
afirma BACZKO (1985). No caso das modernas
sociedades industriais, em que a constante
urbanização é uma característica básica, a
cidade passa a ser focus primordial para a
análise do imaginário.

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