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O artigo jornalístico

1- O que é
Luiz Beltrão: gêneros opinativos constituem as manifestações da “dimensão de profundidade”
jornalística.
O artigo, como a crônica e o editorial, aprofundam aspectos relativos a fatos de maior repercussão
no momento.
No jornalismo diário, a opinião refere-se a um fato do dia.
O artigo contém comentários ou teses fundados em visão pessoal. Assim, há uma diferença entre o
editorial e o artigo e a crônica.
Os dois últimos escapam aos limites restritos do editor, dos princípios gerais e das teses orgânicas
da empresa, dos compromissos e diretrizes que esta mantém e busca traçar para o comportamento
público
Fraser Bond - o artigo, como a crônica, é um ensaio curto e de natureza contemporânea.

2- Os autores
O artigo e a crônica são produzidos por colaboradores do jornal ou revista, que “são pensadores,
escritores e especialistas em diversos campos, e cujos pontos de vista interessam ao conhecimento
e divulgação do editor e seu público típico”.
Na maioria dos casos, o ponto de vista dos articulistas coincide com a linha editorial do veículo,
embora este sempre traga estampada a ressalva típica: “Os artigos publicados com assinatura dos
autores não traduzem necessariamente a opinião do jornal”.

3- Objeto/fonte
Os fatos jornalísticos se caracterizam pela sua plasticidade, por se nutrir do efêmero, do
circunstancial, do acidental, fatos que se desdobram, que variam.
Portanto, a base do artigo deve ser a “irracionalidade dos fatos”; o perturbador e constante cambiar
da atualidade.”

4- Objetivos
Os jornais têm como propósito, na veiculação de tais mensagens: orientar o leitor; “estimular o
debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento
contemporâneo.”

5- Estrutura
Compõe-se dos seguintes elementos:
1TÍTULO: poucas palavras, incisivo, expressando a linha ideológica adotada.
2 INTRODUÇÃO: formulação da notícia ou idéia que deu origem à notícia.
3 CORPO: formado por blocos feitos de retângulos, cada um deles autônomo, isto é, contendo
lead, desenvolvimento e conclusão.
O corpo é o local em que se dá a discussão ou argumentação: interpretação, análise, debate dos
diferentes aspectos do tema. Consiste em:
- expressar as implicações, confrontar o tema com outros semelhantes, manipulá-lo, desintegrá-lo;
- pensar não só como o editor, mas também como pensariam seus opositores;
- antecipar-se às críticas e destruir previamente as objeções que se fariam à opinião expressa.
4 CONCLUSÃO:
Assume diferentes modalidades: exortação, apelo, palavra de ordem, constatação pura e simples.
Em face dos objetivos (item 4) e das características de estilo “topicalidade” e “condensabilidade”
(item 6), o artigo não deve se propor a promover um juízo de valor perene. O máximo que se lhe
pode pedir são conclusões provisórias...” (Danton Jobim, Apud BELTRÃO, L., 1980, p.54-55)

6- Estilística
Para compor o artigo, seu autor dispõe de tempo suficiente para trabalhar bem o texto.
Não incorrer em vícios estilísticos, notadamente no lugar-comum ou na redundância.
O texto deve ter estilo com as seguintes características:
6.1 TOPICALIDADE: Debater um único tema. Exprimir não só a opinião sedimentada, quanto
aquela que está em formação.
6.2 CONDENSABILIDADE: Tratar uma idéia única central. O texto é curto. A linguagem,
simples, direta, incisiva, cortante, enérgica e convincente.
A marca dessa característica acha-se no espaço destinado ao texto, na fonte empregada, e na
redação:
- maior ênfase nas afirmações do que nas demonstrações;
- repetição regulada de idéias e conceitos, ou seja, a redundância deve ser relativa e subordinada
sempre à existência de fatos novos.
6.3 Há outras características – básicas –, fundamentais, portanto, a qualquer texto:
- Pontuação correta: é fundamental para aumentar o nível de compreensibilidade.
- Circunstâncias: uso de conjunções, preposições, advérbios, de modo adequado. Isso significa o
uso de linguagem que bem caracteriza os enfoques, as circunstâncias: de causa-efeito, contraste,
tempo-espaço, explicitação, enumeração, condição, etc.
- O excesso é o emprego equilibrado entre a coordenação e a subordinação.
- Janio de Freitas parte do pressuposto de que “nunca se escreve para todos os leitores, senão para
um público pré-determinado, cujo nível já se conhece antecipadamente”. Por isso, dá a seguinte
receita para a estrutura e o estilo do artigo:
a) ROTEIRO: Conter um roteiro de pensamento segundo a cabeça do leitor e não de acordo com o
raciocínio do redator, de modo a conduzir o leitor à compreensão progressiva e entrosada das
idéias. Este, segundo Janio, é o único meio de compreender o todo;
b) CLAREZA: Significa não conter “palavras e frases muito empoladas, muito pretensiosas”,
retiradas do “sociologuês” e do “economês”, que são “termos e expressões inalcançáveis pelo
leitor”. Isto não significa, porém, vocabulário pobre;
c) CONCISÃO: Consiste na limpeza do texto: expor mais idéias com menos palavras, com
parágrafos curtos e textos pequenos. Não reduzir em demasia, porém, os parágrafos.
A concisão relaciona-se tanto com a clareza e a objetividade quanto com a estética: quando o leitor
vê texto muito longo, evita-o.
Janio de Freitas conclui, admoestando: “Ao ser claro, não seja primário. Ao ser conciso, não seja
telegráfico”.

Bibliografia
BELTRÃO, Luiz. Jornalismo opinativo. Porto Alegre: Sulina, 1980. p.64-66
FREITAS, Janio de. A Busca do texto ideal. In Revista de Comunicação, Ano 1, No. 2, p.14-15.
MELO, J. M. de. A Opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985.

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