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POTENCIALIDADES DAS FERRAMENTAS DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA NA

GESTÃO DO CONHECIMENTO: TRATAMENTO AUTOMÁTICO DA INFORMAÇÃO

EM CATALISADORES PARA A INDÚSTRIA DE POLIOLEFINAS

2
GIANNINI, Roberto1; ANTUNES, Adelaide1; BORSCHIVER, Suzana1; CHAVES, Hélia ;
2
GASPAR, Anaíza2; PEREIRA, Maria de Nazaré Freitas2; CANONGIA, Claudia .

RESUMO

Nesta época de novas e rápidas mudanças é muito importante para os gestores, especialistas e

tomadores de decisão inclusive os agentes governamentais compreenderem a necessidade

urgente de se ter novas perspectivas e visões em relação a gestão do conhecimento com o

objetivo de se alcançar maiores vantagens competitivas e inovações. Neste sentido, várias

metodologias tem sido desenvolvidas com o objetivo de aumentar a capacidade de mudar e

avaliar ações estratégicas em tempo real.

1
Grupo de pesquisa em gestão e inovação tecnológica que atua no Sistema de Informações Sobre a Indústria Química da Escola
de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (SIQUIM/EQ/UFRJ). Os engenheiros químicos Roberto Giannini, M.Sc.
(roberto@eq.ufrj.br) e Suzana Borschiver, M.Sc. (suzana@eq.ufrj.br) são doutorandos do curso de pós-graduação da EQ/UFRJ
e atuam sob a coordenação do prof. Dra. Adelaide Antunes (adelaide@eq.ufrj.br).
2
Essa equipe de pesquisa em gestão da informação e inteligência competitiva atua no IBICT – Instituto Brasileiro de Informação
em Ciência e Tecnologia, nos Departamentos de Cooperação e Desenvolvimento (DCD) e Ensino e Pesquisa (DEP). No DCD
tem-se as tecnologistas de informação Anaíza C. Gaspar (anaiza@ibict.br), Claudia Canongia (claudia@ibict.br), Hélia Chaves
(helia@ibict.br) e no DEP a professora/pesquisadora Maria de Nazaré Freitas Pereira (marianazare@uol.com.br). Maria de
Nazaré Freitas Pereira e Adelaide Antunes co-orientam a pesquisa de doutorado de Claudia Canongia.
A Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) tem avançada na disseminação e

codificação do conhecimento, aumentando a massa de dados que será adquirida e absorvida.

O presente artigo trata, em particular, das tendências dos catalisadores para polimerização de

olefinas, especificamente em relação ao polietileno e polipropileno no que concerne o uso de

metodologias aplicadas para o tratamento automático de informação para a gestão e prospecção

tecnológica.

O artigo aponta para as potencialidades da utilização das ferramentas de Inteligência

Competitiva para o tratamento automático extraídas de banco de dados para para apoiar a gestão

e prospecção tecnológica. Culmina com a apresentação de um estudo de caso explorando banco

de dados em patentes para monitoramento do desenvolvimento de novas tecnologias na produção

de catalisador de polietileno e polipropileno. Também foram submetidas ferramentas e

algorítimos bibliométricos as quais permitem a geração de um mapeamento de conhecimento

assim como adicionar alto valor à informação, citando exemplos dessas aplicações.

Palavras-Chaves: tratamento automático de informação, Gestão do Conhecimento, Prospecção,

Inteligência Competitiva, banco de dados de patentes, catalisadores, polietileno, polipropileno

2
POTENTIALITIES OF COMPETITIVE INTELLIGENCE TOOLS IN KNOWLEDGE

MANAGEMENT: AUTOMATIC TREATMENT OF INFORMATION IN CATALYSTS

FOR THE POLYOLEFINES INDUSTRY

GIANNINI, Roberto; ANTUNES, Adelaide; BORSCHIVER, Suzana; CHAVES, Hélia;

GASPAR, Anaíza; PEREIRA, Maria de Nazaré Freitas; CANONGIA, Claudia.

ABSTRACT

In this era of rapid changes, it is very important that Brazilian managers, including the

government agents, understand the urgent need for a new vision in order to achieve knowledge

management as a driving force of competitive advantages and innovation in the petrochemical

sector. Thus, several methodologies are being developed aimed at increasing the capacity to

change and to evaluate strategic actions in real time.

Technologies for Information and Communication (TIC) have led to advances in the

dissemination of codified knowledge, increasing the great mass of data to be acknowledged and

absorbed by the individual. This results present, among others, the trends of catalysts for olefins

polimerization, specifically in relation to the polyethylene and polypropylene, in what concerns

the use of methodologies for the automatic treatment of information for technological

management and forecasting.

This article attempts to present the potentialities of the use of Competitive Intelligence

tools for the automatic treatment of information extracted from databases to assist technological

3
management and forecasting. It concludes by presenting a case study exploring patent databases

for monitoring the development of new technologies in catalysts for production of polyethylene

and polypropylene.

Keywords: automatic treatment of information; knowledge management; forecasting;

Competitive Intelligence; patent databases; polymer, catalysts, polyethylene, polypropylene.

4
INTRODUÇÃO

É difícil acompanhar como o conhecimento modifica a economia, pode-se, entretanto,

afirmar que ele está presente em todas as formas pelas quais a tomada de decisão é feita no dia a

dia no âmbito do governo e das empresas de sucesso.

O conhecimento sempre foi importante ao longo da história, desde os guerreiros primitivos

que derrotaram seus inimigos aprendendo a fazer armas de ferro, à indústria da atualidade, que

derrota seus concorrentes, utilizando a informação de valor agregado como a principal arma para

se tornar competitiva e dominar mercados.

A revolução da informação, na definição oferecida pelo termo, implica transformação

radical e por via de regra irreversível das estruturas, conceitos e práticas existentes no mundo dos

negócios. As mudanças que hoje se experimenta não são meras tendências, mas fruto de forças

poderosas e incontroláveis – globalização, hipercompetição, hiperinformação – corolários

decorrentes da disseminação das novas tecnologias de comunicação e informação por onde fluem

conhecimentos que decorrem cada vez mais da atividade de pesquisa. A globalização e a

hipercompetição levam as empresas a pesquisarem novos mercados, novas tecnologias e novas

formas de atuação. Estabelecendo foco no controle de custos e diferenciação dos produtos,

tornam-se mais ágeis, mais sensíveis à mudanças. Ao desmantelamento das hierarquias, segue-se

a criação de redes de conhecimento e informação, reunindo gerentes, especialistas e decisores. A

desmaterialização dos estoques torna-se possível pela integração de cadeias de valor entre

fornecedores e clientes, constituindo a arquitetura moderna das organizações. Dessa forma, se

antes a terra e depois o capital foram fatores decisivos de produção, hoje a supremacia é do

conhecimento e da informação, presente em tudo que produzimos, fazemos, compramos e

5
vendemos. A hiperinformação por sua vez pode ser tão terrível quanto a falta de informação. Para

se desbravar a selva das informações é necessário dispor de ferramentas de análise, de capital de

inteligência que ultrapassam as fronteiras organizacionais.

Neste artigo, ressalta-se que o conhecimento e a informação constituem ativos que são

operados e transformados em informação inteligente. Demonstra-se porque gerenciar a

informação é uma questão vital para as organizações que realizam suas transações na economia

baseada no conhecimento, característica principal da sociedade da informação. A primeira parte

do estudo apresenta alguns conceitos sobre Inteligência Competitiva e tratamento automático da

informação como contexto. Na segunda parte, apresenta-se um estudo de caso, como exemplo da

potencialidade de uso dos conteúdos de bases de dados na gestão e monitoração tecnológica,

identificando os diferentes insumos e indicadores resultantes da exploração de bases de dados de

patentes para acompanhamento das tecnologias de catalisadores para a indústria de polímeros, em

especial para a produção de polietileno e polipropileno – dois dos mais importantes

termoplásticos desta indústria. Os subsídios advindos da análise das patentes neste setor podem

ser utilizados para o acompanhamento da competição, por parte dos players do mercado, e para o

estabelecimento de padrões e indicadores de benchmarking para as empresas. Na parte 3, são

discutidas as ferramentas de IC e suas aplicações. Como finalização deste trabalho são

apresentadas algumas considerações e pontos para reflexão sobre o uso da informação na tomada

de decisão.

6
1 O CENÁRIO ATUAL DE HIPERCOMPETIÇÃO: AS TECNOLOGIAS DE

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, A INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E O

TRATAMENTO AUTOMÁTICO DE INFORMAÇÃO

A inserção do mundo dos negócios em uma economia de competição global criou uma

nova dinâmica competitiva, onde as vantagens conquistadas têm um ciclo cada vez mais curto.

Sobreviver no mundo atual significa reconhecer um ambiente de negócios fisicamente fora de

controle, em que é preciso criar uma cultura de valorização da pesquisa, das atividades de

prospecção e planejamento baseadas em informações. E, neste contexto, surge a Inteligência

Competitiva com técnicas e procedimentos que possibilitam o conhecimento dos ambientes

externos e internos à empresa, em tempo real. Demanda a construção de um Sistema de

Inteligência Competitiva (SIC), que se constitui em um processo em contínua evolução, onde a

equipe de gerenciamento avalia o desenvolvimento de sua indústria e de seus concorrentes atuais

e potenciais visando manter e desenvolver vantagens competitivas (PRESCOTT & GIBBONS

(1993, p. 2). Leonard FULD (1994, PP. 24-30) caracteriza o SIC como o meio pelo qual se usa a

inteligência como poderosa arma na conquista de vantagem competitiva, onde inteligência é por

ele definida como informação analisada que auxilia a tomada de decisão estratégica e tática.

Tyson3 amplia esse conceito, introduzindo a visão de Sistemas de Inteligência de

Negócios, como sendo mais amplos, englobam inteligência competitiva e de marketing (...) [em

que] sua total integração ao processo de Planejamento Estratégico é a chave para o sucesso e

para a criação de vantagens competitivas. HERRING (1997, p. 2) define o Sistema de

Inteligência Competitiva como processo organizacional de coleta e análise da informação, que

por sua vez é disseminado como inteligência aos usuários, em apoio à tomada de decisão, tendo

7
em vista a geração ou sustentação de vantagens competitivas. E inteligência como o

conhecimento externo e interno da organização aplicado a processos de tomada de decisão, nos

níveis estratégico e tático.

Dessa forma, o ciclo de inteligência prevê quatro etapas essenciais ao processo de tomada

de decisão, quais sejam: planejamento, coleta, análise e disseminação de informação com valor

agregado, conforme pode ser observado na Figura 1.

Ciclo da Inteligência Competitiva


Ciclo da Inteligência Competitiva
! Identificação das fontes
! Contextualização do de informação
problema - ! Extração, processamento
necessidades do(s) e tratamento da
usuário(s)
informação
! Identificação dos
Fatores Críticos de
Sucesso - FCS
! Validação das
informações pelos
especialistas
• Elaboração de produtos ! Análises e sínteses
para divulgação ! Geração de inteligência
resultados

Figura 1 –Ciclo da Inteligência Competitiva

Assim, explorar informações e trabalhá-las para conhecer é estar atualizado com os

movimentos do mercado. No entanto, demanda conscientização e existência de ambiente de

reflexão estratégica que utilizam essas informações para a tomada de decisão. Decorre disso a

importância do tratamento automático de informação conforme apresentado na Figura 1 acima,

etapa de coleta que engloba tanto a mineração e extração de dados quanto a sua reformatação,

limpeza e padronização. Vale destacar que tais ferramentas são fundamentais, principalmente,

face aos fenômenos de hiperinformação e hipercompetição vividos atualmente. O crescimento

3
KIRK TYSON International – Endereço Web: http://www.ktyson.com

8
exponencial de documentos e publicações tornou impossível aos indivíduos a leitura e

compilação de todo o material necessário para manter-se atualizados em seus campos de

conhecimento. A limitação humana em absorver tudo o que é publicado, criou uma verdadeira

barreira à absorção da informação em tempo real. Price, por exemplo, demonstrou que o

crescimento informacional na esfera de C&T é exponencial4.

As ferramentas de tratamento automático da informação destinam-se, então, a coletar,

minerar, armazenar, formatar e realizar pré-análises de dados localizados em diversas fontes, com

o objetivo de extrair informações críticas para apoio à tomada de decisão, conforme a figura 2.

ADMINISTRAÇÃO BASES DE DADOS TEXTOS


ESTRATÉGICA
TRATAMENTO
AUTOMÁTICO

EXPERTS

ANÁLISE

SUMÁRIOS MAPAS DE
EXECUTIVOS CONHECIMENTO

TOMADA DE
DECISÃO

Figura 2 – Elaboração de produtos para divulgação de resultados

4
PRICE (1963) estudou a acumulação dos escritos científicos através do tempo e concluiu que esta acumulação
segue um crescimento exponencial e acaba atingindo algum limite no qual o processo de crescimento pára antes
de se tornar absurdo.

9
2 ESTUDO DE CASO: PATENTES SOBRE CATALISADORES PARA

POLIOLEFINAS

2.1 Base de dados de informações sobre patentes de polietileno e polipropileno

Os termoplásticos formam um dos mais importantes grupos de polímeros de aplicação

geral. Dentre estes produtos, destacam-se o polietileno e o polipropileno, resultados da

polimerização do eteno e do propeno, respectivamente.

Para o levantamento das patentes referentes aos polímeros de interesse, foi elaborada uma

estratégia de busca que combinou todos os campos da Classificação Internacional de Patentes nas

quais as os documentos relativos a eles podem ser alocadas e um conjunto de palavras-chave que

representam as formas com as quais estes polímeros poderiam ser identificados nos documentos.

Com esta estratégia, procedeu-se a busca nas bases de dados on line Word Patent Index (WPI) e

Chemical Abstract Plus (CAPLUS).

O resultado da busca foi um conjunto de dados composto por 35574 registros de

documentos de patente referentes aos polímeros de interesse registrados no período considerado.

Este número não representa o total de inovações protegidas no período, uma vez que uma mesma

patente pode (e deve) ser depositada em diferentes países, para garantir o direito de propriedade

aos seus autores nos mercados mais relevantes.

Tendo em mente esta tendência de proteger as invenções nos grandes mercados e sabendo

que os mercados europeu e americano representam cerca de 75% da produção mundial de

polietileno e polipropileno, sendo as sedes dos maiores players da indústria, optou-se que focar a

10
análise nestes mercados, considerando as patentes depositadas nos escritórios americano (United

States Patent Office - USPTO) e europeu (Europian Patent Office - EPO) de patentes - sejam

estas originárias ou não destes países.

No sentido de racionalizar a análise, foi conduzida uma nova busca, utilizando-se a

mesma estratégia anterior, porém aplicando-a nas bases de dados do USPTO e do EPO,

publicadas em CD-ROM. Desta nova busca, resultaram cerca de 4.000 registros de documentos

relevantes que, após a eliminação das duplicidades - patentes depositadas nos dois escritórios -

converteram-se em 2.196 documentos que serviram de base para a confecção do banco de dados

construído para possibilitar a determinação das tendências tecnológicas no setor.

2.2 Identificação de Indicadores Tecnológicos sob a ótica da cadeia produtiva

Para a confecção do banco, foi estabelecida, em conjunto com especialistas na ciência dos

polímeros, uma metodologia de análise dos documentos, onde se buscou combinar a análise das

informações bibliográficas contidas nos documentos (detentor, data de depósito, país de origem

etc.) com a análise minuciosa dos resumos, com o objetivo de determinar o exato objeto de cada

uma das patentes e, assim, traçar as tendências do direcionamento da tecnologia. Neste sentido,

em cada documento, buscou-se identificar a presença das seguintes possibilidades:

a) Monômero de Origem;

b) Tipo de catalisador;

c) Características da molécula;

d) Tipo de produto final;

e) Aplicação do produto final.

11
É importante ressaltar que, via de regra, as patentes não trazem inovações em todos estes

campos, cada documento dedica-se a descrever uma parte da cadeia produtiva. A finalidade desta

classificação dos objetivos das patentes é diagnosticar a posição na cadeia produtiva a que se

dedica o invento em questão. Esta análise detalhada, permitiu a identificação de mais de 21.000

itens relevantes contidos nos documentos em questão, o que gerou uma base de dados capaz

diagnosticar, com boa confiabilidade, a disposição dos agentes em desenvolver tecnologias.

Os itens verificados em cada uma das patentes permitem gerar as tendências de

patenteamento em cada uma das etapas da cadeia de produção dos polímeros considerados, sendo

representativos das etapas iniciais de produção da resina, da transformação e dos destinos dos

produtos comerciais elaborados com estes polímeros. Foram assim selecionados os catalisadores

utilizados, as características do polímero, os tipos de produto e as aplicações finais.

a) Monômero de origem

O principal polímero objeto das patentes ainda é o polietileno, com 1.234 documentos que

tratam de tecnologias envolvidas na sua cadeia produtiva. Com cerca da metade do número de

patentes que o polietileno, vem o polipropileno, com 637 específicas para este polímero. O que

chama a atenção é um número relativamente alto de 322 patentes que tratam de tecnologias

intercambiáveis entre estes dois polímeros. Estas se localizam em todas as etapas da cadeia

produtiva, desde os processos de polimerização até a aplicação dos produtos. A tendência nestes

documentos é desenvolver processos/produtos que possam ser utilizar tanto do eteno quanto do

propeno como matéria-prima.

12
b) Catalisadores do processo de polimerização

O design dominante na indústria, em termos de catalisadores, é o uso de compostos

organo-metálicos, sobretudo Ziegler-Natta. Apesar disto, a tendência encontrada neste estudo,

contudo, aponta para um equilíbrio entre três tipos básicos de catalisadores, o primeiro grupo são

os chamados sistemas catalíticos, nos quais diversos compostos estão presentes para produzir o

efeito desejado. Estes sistemas, que podem conter metais reduzidos, compostos organo-metálicos,

compostos metalocênicos etc., aparecem em 129 documentos diferentes. O segundo grupo mais

citado são os catalisadores do tipo metalocênico, presentes em 125 diferentes documentos e o

terceiro grupo em número de patentes são os tradicionais organo-metálicos, citados 124 vezes.

Ë interessante notar este movimento, visto que os metalocenos são relativamente recentes

no cenário da indústria e somente agora as primeiras plantas comerciais que os utilizam começam

a entrar em operação. Mesmo assim, despertam muito interesse em pesquisa e desenvolvimento

de tecnologias, se configurando em uma tendência da indústria.

c) Características do polímero

Este indicador trata da busca por manipular as propriedades químicas e/ou físicas

intrínsecas às macromoléculas dos polímeros, visando adequa-las às necessidades do mercado. O

cenário deste indicador é largamente dominado pelas propriedades físico-químicas da molécula

(que pode ser o ponto de fusão, alguma temperatura de transição, a viscosidade, resistência à

tensões etc.), estas propriedades são objeto de estudo em 208 documentos. Tecnologias que

visam manipular três outras características são também bastante estudas, as de escolha do peso

13
molecular (alto ou baixo), citada em 94 patentes; a isometria da molécula, citada em 93

documentos - e intimamente relacionada com os catalisadores metalocênicos, como não poderia

deixar de ser; além da morfologia do polímero, citado em 82 patentes. Outras características

freqüentemente citadas são as propriedades mecânicas do polímero, em 53 patentes; propriedades

térmicas, com 37 registros, e a reistências aos agentes físicos, que são citadas em 19 documentos.

d) Tipo de produto

Este item trata do produto final a que se destina o polímero objeto da patente. O que se

observa é um largo predomínio das patentes que tratam de embalagens, que somam 514 patentes,

mais de 52% de documentos que abordam os produtos finais. Com um número expressivamente

menor, aparecem os laminados com 89 patentes; os aditivos (sobretudo para a indústria de tintas

e como improvedores de índice de viscosidade) com 67 documentos; os selantes térmicos, citados

52 vezes; as composições físicas com outros polímeros, com 41 registros; elastômeros, 31;

espumas, 31; membranas, 22; fibras, 18 e ceras, em 12 dos documentos analisados.

e) Aplicação do produto

A principal aplicação registrada para os produtos obtidos com os polímeros pesquisados é

o uso em embalagens, cem 288 registros, mais de 41% do total de citações de aplicações. Em

segundo plano, surgem as aplicações em revestimentos com 58 documentos, adesivos com53

registros e produtos moldados, com 53 patentes. Também são citados como aplicações os

14
equipamentos médicos, em 43 patentes; uso em derivados de petróleo, em 36 casos; auto-peças,

33 registros; tintas, 12; isolantes e tecidos, cada um com 10 citações.

2.3 Prospecção no uso de catalisadores para poliolefinas

As reações químicas que produzem os termoplásticos não ocorrem de forma espontânea

na natureza, para que ocorram, é necessário que se utilize substâncias capazes de promover estas

reações. Os compostos que tem a propriedade de realizar estas funções são chamados de

catalisadores.

Para a polimerização de olefinas, os catalisadores mais indicados são do tipo organo-

metálicos, ou seja, moléculas com radicais orgânicos ligados a um metal de transição. Em

princípio, qualquer composto desta classe pode servir para catalisar estas reações mas,

tradicionalmente, utilizam-se moléculas cujo metal seja alumínio ou titânio. Mais recentemente, a

partir da década de 80, uma nova classe de compostos passou a ser desenvolvida, os metalocenos.

Esta nova classe se caracteriza por ter um metal de transição ligado à uma estrutura de dois ciclos

superpostos, os chamados radicais ciclo penta dienil. A principal diferença entre estes dois tipos

de catalisadores é que os metalocênicos permitem um maior controle sobre propriedades que

valorizam o produto final, como a estereorregularidade e a cristalinidade.

2.3.1 Patentes de catalisadores

Foram localizadas 585 patentes neste período que tratam de catalisadores para

polimerização do eteno e do propeno. Contudo, uma das principais dificuldades na pesquisa na


15
área de química é a diversidade e a não uniformidade das nomenclaturas dos compostos, assim

como o grande número de compostos diferentes que são substituintes entre si. Para racionalizar a

análise, os catalisadores foram classificados em cinco representativos grupos de substâncias e

aqueles menos representativos foram agrupados numa classe genérica, a saber:

1. Catalisadores de Ziegler-Natta - Quando os compostos apresentam mecanismo de

reação e estrutura característica desta classe de moléculas;

2. Catalisadores metalocênicos - Compostos em cuja estrutura conste ao menos um

radical ciclo penta-dienil, estabilizado por metal de transição;

3. Organo-metálicos - Outros compostos organo-metálicos que não satisfaçam as

condições acima;

4. Sistemas catalíticos - Quando o catalisador objeto da patente é uma mistura de vários

compostos diferentes com o intuito de obter um resultado único;

5. Catalisadores complexos - Quando o catalisador em questão se constitui em

moléculas ou misturas de moléculas polifuncionais de estrutura complexa.

6. Outros catalisadores

De uma forma geral, a classe que tem maior freqüência de depósitos são os sistemas

catalíticos, que aparecem em 129 diferentes documentos, seguidos pelos metalocenos e os

organo-matálicos, que são citados em 124 e 123 patentes, respectivamente. Os catalisadores

complexos geraram 98 patentes e os catalisadores de Ziegler-Natta 88 diferentes documentos.

Apenas em 23 oportunidades surgiram compostos que não se enquadram nestas categorias, sendo

classificados como outros catalisadores.

16
A característica mais importante, contudo, surge ao se proceder a análise das séries

temporais de depósito de cada uma das classes de catalisadores estudadas. Há uma nítida

tendência de queda do patenteamento em todos os tipos de catalisadores, exceto os compostos

metalocênicos, que no início da década eram muito pouco explorados e se converteram na

principal tendência de depósito nos últimos anos, conforme pode ser observado no gráfico 1.

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

S is t e m a s M e t a lo c e n o Z ie g le r - N a tt a
O r g a n o - m e tá lic o C a t a lis a d o r

Gráfico 1: Tendência de depósito dos tipos de catalisador

2.3.2 Países de origem da tecnologia de catalisadores

O que se observa é que há uma grande concentração da origem das patentes em poucos

países, sendo que os cinco principais detém cerca de 90% dos documentos pesquisados.

Notadamente o país do qual provêm a maior parte das patentes são os Estados Unidos, do qual se

17
originaram 223 diferentes documentos, mais de 38% do total de patentes depositadas no período.

O Japão e a Alemanha aparecem com 98 e 96 patentes, respectivamente , enquanto que da Itália

originaram-se 66 patentes e da França 34. Outros 19 países são citados como origem de

tecnologias, porém, todos estes somados atingem 68 patentes. O gráfico 2 resume restes dados.

250

200

150

100

50

0
Estados Unidos Japão Alemanha Itália França Outros

Gráfico 2: Países de origem das tecnologias

No gráfico 3, observam-se as tendências de cada um dos principais países no

patenteamento de catalisadores. Observa-se que os Estados Unidos são fortes patenteadores em

sistemas catalísticos, metalocenos e organo-metálicos. A Alemanha é forte em catalisadores do

tipo Ziegler-Natta e os demais países não possuem uma tendência nítida de patenteamento.

18
60

50

40

30
US

JP
20
DE

OU
10
IT

0 FR

Sistemas Metaloceno Organo- Catalisador Ziegler-Natta Phillips


metálico

Gráfico 3: tendência de patenteamento dos principais países

2.3.3 Principais empresas detentoras de patentes em catalisadores

Um total de 57 empresas surgem como detentoras de patentes sobre catalisadores no

período considerado, sendo que, novamente, há uma grande concentração entre os principais

detentores, com as dez maiores depositárias detendo mais de 60% do total de documentos.

A empresa que possui maior número de patentes em catalisadores para poliolefinas é a

alemã Basf com 71 diferentes documentos e que tem como tendência o patenteamento de

catalisadores do tipo Ziegler-Natta. As empresas americanas Exxon e Union Carbide surgem em

segundo e terceiro lugar, com 54 e 42 patentes, respectivamente; estas duas empresas apresentam

a tendência de patentear em catalisadores do tipo metalocênico. As tendências destas dez maiores

empresas pode ser observada na tabela 1.

19
Tabela 1: tendência das principais empresas patenteadoras em catalisadores

Empresa No de documentos Tendência

Basf 71 Ziegler-Natta

Exxon 54 Metaloceno

Union Carbide 42 Metaloceno

Enichem 38 Complexos

Mitsui 37 Organo-metálico

Mobil Oil 25 Sistemas

Hoechst 24 Metaloceno

British Petroleum 23 Sistemas/Zieger-Natta

Montell 22 Metaloceno

Fina 16 Metaloceno

2.3.4 Correlação das tecnologias de catalisador com os indicadores tecnológicos

Um ponto importante é a compreensão da inserção das tecnologias de catalisadores nos

demais elos da cadeia de produção dos termoplásticos. Neste sentido, foram analisadas as

influências do tipo de catalisador sobre os demais indicadores tecnológicos levantados para o

setor, buscando identificar as possibilidades de desenvolvimento e/ou melhoria de produtos

motivados pela mudança no catalisador de polimerização.

20
2.3.4.1 Correlação dos catalisadores com as etapas iniciais da cadeia de produção

Nas etapas iniciais da cadeia de produção dos polímeros, buscou-se correlacionar as

tecnologias de catalisadores com o monômero de origem e as características intrínsecas do

polímero.

No tocante ao monômero de origem, nota-se que os catalisadores complexos, os

metalocenos, os organo-metálicos e os sistemas catalíticos apresentam uma nítida tendência de

patenteamento em polietileno, ao passo que os catalisadores de Ziegler-Natta mostram uma

ligeira predominância de patenteamento em polipropileno.

Contudo, a característica que mais chama a atenção é o elevado percentual de patentes de

catalisadores complexos e metalocênicos que tratam tanto de polietileno quanto de polipropileno,

em oposição aos catalisadores de Ziegler-Natta e organo-metálicos, que não apresentam esta

característica de flexibilidade de processo. A tabela 2 mostra estes dados.

Tabela 2 – Correlação entre o tipo de catalisador e o monômero de origem

Tipo de catalisador Eteno Propeno Ambos

Complexo 42.7 29.2 28.1

Metaloceno 41.6 26.4 32.0

Organo-metálico 74.0 11.3 14.7

Sistema 56.9 20.0 23.0

Ziegler-Natta 43.1 48.9 8.0

Valores percentuais sobre o total de patentes referentes a cada tipo de catalisador

21
Quanto as características das moléculas produzidas, nota-se que a maioria das patentes de

catalisadores não estão diretamente relacionadas às propriedades do polímero produzido. Os

percentuais mais expressivos são encontrados nos catalisadores organo-metálicos, complexos e

metalocênicos, conforme pode ser visto na tabela 3.

A análise que fornece maiores subsídios neste campo são as características mais citadas

nas patentes dos diversos tipos de catalisador. As patentes de catalisadores complexos e

metalocênicos quando tratam de características da molécula apontam para a isometria, que vem a

ser o ordenamento espacial da molécula, característica que só pode ser obtida com catalisadores

mais modernos e que propiciam mecanismos de reação específicos e que permitem a utilização

do polímero resultante em aplicações mais nobres. Já no caso dos catalisadores organo-metálicos,

os de Ziegler-natta e os sistemas catalíticos, as características que predominam são o peso

molecular e as propriedades físico-químicas, pontos mais tradicionais e indicam o uso do

polímero em aplicações mais usuais e de menor valor agregado.

Tabela 3 – Correlação entre o tipo de catalisador e as características do polímero

Tipo de catalisador Não trata Trata Tendência

Complexo 70.4 29.6 Isometria

Metaloceno 58.7 41.3 Isometria

Organo-metálico 54.8 45.2 Peso molecular

Propriedades
Sistema 60.5 39.5
físico-químicas
Propriedades
Ziegler-Natta 77.2 22.7
físico-químicas
Valores percentuais sobre o total de patentes referentes a cada tipo de catalisador

22
2.3.4.2 Correlação dos catalisadores com as etapas finais da cadeia de produção

De uma forma geral, as patentes de catalisadores não estão muito relacionadas com as

etapas finais da cadeia produtiva, com poucas patentes relacionadas a estes itens. Em todos os

tipos de catalisador, as patentes estão mais relacionadas com os tipos de produto final do que com

as aplicações. Em todos os casos, não se observam tendências de patenteamento em algum tipo

específico de produto ou aplicação, somente se observa a tendência de não relacionamento com

as etapas da cadeia de produção. A tabela 4 resume estes dados.

Tabela 4 – Correlação entre as patentes de catalisadores e as etapas finais da cadeia

Tipo de Tipo de produto Aplicação

catalisador Sim Não Sim Não

Complexo 14.6 85.4 2.1 97.9

Metaloceno 19.7 80.3 8.8 91.2

Organo-metálico 8.2 91.8 1.7 98.3

Sistema 5.4 94.6 0.8 99.2

Ziegler-Natta 13.3 86.7 4.5 94.5

Valores percentuais sobre o total de patentes referentes a cada tipo de catalisador

O estudo de caso apresentado acima demonstra o quanto a gestão de informação associada

ao tratamento e padronização dos conteúdos informacionais são peças fundamentais ao processo

de análise, monitoração e prospecção tecnológica. Com as exigências ora vividas de

hiperinformação e hipercompetição esse processo deve acolher cada vez mais metodologias e

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ferramentas que o otimizem e o tornem ágeis o bastante para atendimento das demandas de

informação em tempo real. Assim, serão apresentadas a seguir, a título de ilustração, ferramentas

de tratamento automático de informação que objetivam a geração de mapas de conhecimento tais

como os apresentados no item anterior porém, que agregam algoritmos capazes de construir

matrizes e fornecer diferentes índices estatísticos, de forma a permitir que os analistas tenham

subsídios suficientes para suas análises e projeções, em tempo real.

3 AS FERRAMENTAS DE IC E SUAS APLICAÇÕES

Dentre as ferramentas de Inteligência Competitiva, algumas são baseadas na bibliometria

como método matemático e estatístico5. Seguindo a concepção de bibliometria de Rostaing,

“aplicação de métodos estatísticos ou matemáticos sobre conjuntos de referências bibliográficas,

para comparação e compreensão” (ROSTAING,1993:9-10 ), abre-se a perspectiva de que a partir

de um conjunto de referências bibliográficas registradas em bases de dados, é possível proceder a

comparação e visualização do comportamento de temas de interesse na monitoração de

indicadores de crescimento e inovação.

O conhecimento bilbiométrico permitiu, portanto, o desenvolvimento de ferramentas

específicas que possibilitam desde a reformatação dos dados até a pré-análise, com possibilidades

de representações gráficas diversas. As ferramentas Arrowsmith, Bibliometrics Toolbox, Patent

Trend Analysis, Info-Detector/Intelligent Mining, Herodoc/Ndoc/Neurodoc, Tetralogie,

TOAK/TOAS e Infotrans/Dataview, são apresentadas a seguir, bem como alguns exemplos de

estudos que demonstram suas aplicações no âmbito da Inteligência Competitiva.

24
O software ARROWSMITH6 produzido pela University of Chicago – EUA, foi

desenvolvido especialmente para a realização de tratamento bibliométrico na base de dados

MEDLINE. E o Bibliometrics Toolbox7, desenvolvido pela Terrence Brooks teve seu escopo

delineado para tratamento bibliométrico em bases de dados jurídicas. Using the "Semantic

Distance Model" of relevance assessment, this research seeks to identify quantitative methods for

testing the effectiveness of index and thesaurus construction. Já o Patent Trend Analysis,

desenvolvido pela Battelle Europe8, tem seus aplicativos direcionados ao tratamento

bibliométrico em bases de dados de patentes, como a WPIL e US Patents.

Os softwares Info-Detector e Intelligent Mining foram desenvolvidos por pesquisadores

em parceria entre IBM e CINECA9, Centro de Estudos e Cálculos Avançados, de Bolonha, Itália.

São ferramentas de tratamento automático utilizadas no processo de data mining. Como exemplo,

pode-se citar a análise do mercado de multimídia na indústria de telecomunicações, realizada

para a Telecom Itália, em 1997, onde a base de dados pesquisada foi a WPIL - Word Patents

Index. Esta análise permitiu o mapeamento dos competidores (nome e nacionalidade), bem como

das atividades que não estão mais em curso nessas companhias, e das novas áreas de atuação em

que se concentram. Outro dado interessante desse estudo foi o mapeamento dos sinais fracos

sobre novas tendências tecnológicas, além da identificação de novos entrantes. Como um dos

resultados, a Telecom Itália pôde visualizar a possibilidade de expansão de mercado e participou

do processo licitatório referente à privatização das telecomunicações brasileiras (CABENA

(1997: 27).

5
Ver a respeito URBIZAGÁSTEGUI ALVARADO (1984); PRITCHARD e WHITE, Howard D. e MCCAIN apud MILANI Jr
(1998), p. 43-44.
6
Ver detalhes em http://kiwi.uchicago.edu/index.html
7
Maiores informações no site http://depts.washington.edu/~slis/faculty/brooks.html
8
http://crrm.univ-mrs.fr/commercial/software/dataview/dataview.html
9
Endereço Web: http://www.cineca.it

25
O INIST/CNRS10 (Instituto de Informação Científica e Técnica/ Centro Nacional de

Investigação Científica), em Nancy, França, desenvolveu as ferramentas Henoch, Ndoc e

Neurodoc para tratamento, reformatação e análise das bases de dados Pascal e Francis,

produzidas por aquele Instituto. Uma das pesquisas realizadas foi a identificação de ferramentas

de pesquisa documentária para tomada de decisão, considerando os registros da base Pascal. A

partir do uso de bibliometria e teoria de clusters, analisou-se cerca de 300 referências

bibliográficas, pesquisando 948 palavras-chave. Realizou-se, assim, o mapeamento das revistas e

artigos sobre o assunto e suas redes de correlação, seja por país, por co-ocorrência de palavras-

chave ou por clusters. O resultado alcançado permitiu verificar quais revistas indexadas na base

continham a informação de interesse, e ainda que a maioria delas são revistas em inglês. Foi

possível também identificar que 226 referências apresentaram pelo menos a co-ocorrência de

duas das palavras-chave analisadas. E que 199 documentos estão presentes em 21 clusters, que

correspondem a 21 temas relevantes de pesquisa na área (INIST/CNRS, 1993:44-49).

A equipe SIG do IRIT11, Toulouse, França, sob a coordenação de Dkaki & Dousset,

desenvolveu o software Tetralogie para extração, tratamento e análise de dados e informações

extraídas de bases de dados. Um exemplo de aplicação desse software foi a identificação e

análise da rede de colaboração de pesquisa científica na área de Medicina, usando as bases de

dados Medline e Inserm. Foram recuperadas cerca de 3.000 referências bibliográficas e extraídos

5.600 pesquisadores/autores dos trabalhos publicados. Após reformatação, eliminação de

duplicatas, padronização dos nomes dos autores e eliminação de todos os atores que publicaram

apenas uma vez, reduziu-se a amostra para uma rede de 1.400 autores. A visualização da rede de

colaboração, identificação daqueles grupos mais atuantes na área, construção das diferentes

10
Endereço Web: http://www.inist.fr

26
matrizes nos subtemas, localizando os principais pesquisadores da área, foi possível devido aos

recursos dessa ferramenta. Além disso, desenhou-se a matriz de correlação entre as redes,

resultando na identificação de 4 grandes grupos de colaboração, evidenciando, assim, as

cooperações entre países.

Não se pode deixar de mencionar o trabalho de pesquisa da equipe do Instituto Georgia

Tech12, Estados Unidos, no campo de prospecção tecnológica e inovação, que para tanto,

desenvolveu e vem aperfeiçoando ferramentas de tratamento bibliométrico conhecida como

TOAK/TOAS (Technology Opportunity Analysis Knowbot). Recentemente, trabalho de

prospecção do tema tecnologia sustentável em 6 áreas de pesquisa (proteção ambiental, impacto

ambiental; reciclagem; design de produtos; resíduos e custos) foi realizado, pesquisando-se na

base de dados Engineering Index (mais conhecida como EI Compendex).

Foram analisadas 2730 referências bibliográficas, o que permitiu o mapeamento dos

países e instituições que publicaram mais sobre o tema; dos pesquisadores e grupos cooperativos,

apontando a atuação diferenciada de governo, indústria ou academia; da tendência de publicação

anual; bem como da terminologia mais empregada na área. Previu-se crescente evolução da área

de tecnologia sustentável em termos de pesquisa, por vários anos ainda, com participação dos

diferentes atores (PORTER, 1998).

O software Infotrans13, produzido pela IuK - Information und Kommunikation, da

Alemanha, permite a limpeza e reformatação de dados. O software Dataview14, por sua vez,

desenvolvido pelo CRRM (Centre de Recherche Restrospective de Marseille), da França, permite

11
Endereço Web: http://atlas.irit.fr
12
Endereço Web: http://tpac.gcatt.gatech.edu/toa/toa-abs.html
13
Endereço Web: http://www.rieth.de/Deutsch/infotrns.htm
14
Endereço Web: http://www.crrm.univ-mrs.fr/commercial/software.software.html

27
o tratamento automático e análises estatísticas. Essas duas ferramentas se complementam,

permitindo a padronização dos dados e a criação de uma base de trabalho bibliométrica, para a

geração de mapas de conhecimento e matrizes de correlação. Dentre vários exemplos de sua

aplicação, pode-se citar o monitoramento da família de produtos alkylpolyglucosides

(BARETTA, A.; SANTOS, R. N. M.; DOU, H.; LOIGETOT, J., 1997), pesquisa realizada nas

bases de dados Chemical Abstracts e World Patent Index. Foram mapeados produtos e derivados,

tecnologias correlacionadas, grupos de pesquisadores, empresas detentoras de patentes e países

onde estas estão depositadas. Como resultado, foram extraídas informações estratégicas,

indicando, por exemplo, as tendências em termos de P&D; o conhecimento do mercado

internacional e os domínios de aplicação desses produtos.

Assim sendo, o uso da bibliometria como base das ferramentas que permitem a

exploração de bases de dados para produção de informação com valor agregado tem se mostrado

uma técnica potente para monitoração, prospecção, cenarização e insumos para tomada de

decisão.

CONCLUSÕES

A dinâmica competitiva que se apresenta para o século XXI exige das empresas a busca

incessante pelo aprimoramento tecnológico, assim como exige também uma maior racionalização

nos gastos, inclusive em P&D. Neste cenário, o direcionamento tecnológico das empresas deve

ser guiado por sua visão de mercado e por suas perspectivas de crescimento futuro.

28
Contudo, entre a decisão estratégica de investir e a apropriação dos ganhos de

competitividade resultantes, há um grande número de etapas, nas quais a tônica é a incerteza.

Para minimizar estes riscos o conhecimento dos mecanismos de competição e das tendências

tecnológicas da indústria é fundamental. Vindo ao encontro desta necessidade, as ferramentas de

inteligência competitiva se convertem em uma poderosa arma de planejamento, pois permitem

visualizar, de forma rápida e concisa, a estrutura e o ambiente competitivo no qual a empresa está

inserida.

Neste artigo, buscou-se apresentar as potencialidades da metodologia de Inteligência

Competitiva e Gestão da Informação na prospecção do patenteamento de catalisadores em um

dos setores mais competitivos do complexo químico, o setor de termoplásticos. Tendo em vista o

crescimento da função de Inteligência Competitiva, um novo mercado está emergindo no que se

refere ao desenvolvimento de ferramentas de gestão do conhecimento e tratamento automático de

informação para apoio à tomada de decisão.

Neste trabalho, duas conclusões se mostram como as mais importantes, no tocante à

indústria destes polímeros. A primeira, se relaciona com a tendência dos principais depositantes,

sejam países de origem ou empresas. A segunda é a possibilidade de inferir as estratégias de

competição (ao menos as tendências futuras) do setor, visto que a análise do comportamento

quanto ao patenteamento permite inferir sobre as suas possíveis atitudes no mercado.

Obviamente, estas inferências se configuram como tendências dos movimentos de P&D

das empresas - que reflete diretamente o patenteamento de novas tecnologias - mas apontam para

um cenário futuro completamente exeqüível.

29
A conclusão final fica por conta da metodologia. A análise lógica e racional das

informações disponíveis - e patentes são documentos públicos - traz grandes vantagens para as

empresas, pois permite uma boa visualização do mercado, permitindo um excelente nível de

resumo das informações relevantes, sem perder ao mesmo tempo a profundidade e a fidelidade ao

mundo exterior.

30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BARETTA, A.; SANTOS, R. N. M.; DOU, H.; LIGETOT, J. Intelligence économique et

traitments bibliometriques en chemie: les alkylpolyglucosides. São Paulo: IPT, 1997;

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Índice de figuras, gráficos e tabelas:

Figura 1 –Ciclo da Inteligência Competitiva Página 8

Figura 2 – Elaboração de produtos para divulgação de resultados Página 9

Gráfico 1: Tendência de depósito dos tipos de catalisador Página 17

Gráfico 2: Países de origem das tecnologias Página 18

Gráfico 3: tendência de patenteamento dos principais países Página 20

Tabela 1: Tendência das principais empresas patenteadoras em catalisadores Página 20

Tabela 2 – Correlação entre o tipo de catalisador e o monômero de origem Página 21

Tabela 3 – Correlação entre o tipo de catalisador e as características do polímero Página 22

Tabela 4 – Correlação entre as patentes de catalisadores e as etapas finais da cadeia Página 23

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