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SANTO. A DOUTRINA CRISTA exegese e formacio crista o PATRISTICA APRESENTACAO Surgiu, pelos anos 40, na Europa, especialmente na Franga, um movimento de interesse voltado para os anti 3 escrifores eristGos e suas obras conhecid nalmente, como “Padres da Igreja”, ou * Esse movimento, liderado por Daniélou, hhaje com mais de 400 tituios, alguns dos quais com varias edi 0 Coneilio Vaticano I, ativou-se em toda a Igreja 0 desejo e a necessidade de renovacao da litursia, da. exegese, da espiritualidade e «la teologia a partir das fontes primitivas, Surgiu a necessidade de “voltar as fon- tes” do cristianismo. ‘No Brasil, em termos de publicagao das obras destes autores antigos, pouco se fez. Paulus Editora procura, agora, preencher este vazio existente em lingua portugue- sa, Nunca é tarde ou fora de época pare rever as fontes da fé cristi, os fundamentos da doutrina da Igreja, especial- ‘mente no sentido de buscar nelas @ inspiragdo atuante, transformadora do presente. Nao se propée uma volta a0 pasado atranés da leitura e estudo dos textos primitivos como remédio ao saudosismo. Ao contrério, procura-se oferecer aquilo que constitui as “fontes” do cristianismo 2, as avalie e colha 0 essencial, oespirito que as produziu. Cabe ao leitor, portanto, a ta- refs do discernimento, Paulus Editora quer, assim, ofere cer ao puiblico de lingua portuguesa, leigos, clérigas, reli APRFSENTACAO josta pesquisa original se trad » despajada, pore cada obra terdo ipreensao do texto. O que retamente em contato ¢ feverd ter en de géneros literdrios, de est redigidas: cartas, se esforco de citagdes biblicas ow simp m-se ao fato que os Pa: dres ese? das maos. Tulgamos necess 2, patristica e padres ox pais da Igreja APRESENTAGAO hdlica” e da “tealogia ‘Padre ou Pai du Igreja” se refere @ escritor leigo, sacerdote ou bispo, da antig sv espere encontrar neles dl ava ainda el rodoxia é, po santida- ao, fer basta de. Parao se estende seno (675-749) Igreja” sao, portanto, agueles que, ao iros séculos, foram forjando, cons sal es, e os dogmas cristéos, decidindo, as da Igreja, Seus textos se tornaram fontes de discussies, ga, a antiguidade de S, Joao Dame Os “Pais a ‘Além de sua importancia no ambiente eclestastico, os Padres da Igreja ocupam lugar proeminente na literatu ra e, particularmente, na literature ana, Sao eles 08 tiltimos representantes da Antiguidade, cuja arte literéria, nei tha nitidan obras, tendo influenciado todas as literaturas posterio- res. Formados pelos melhores mestres da Antiguidade cléssica, poe lavras e seus escritos a servigo d pensamento "De tudo 0 que foi dito, esta é a suma: que se por certo, nao entenda ser a plenitude w o fim da Lei, como meira linha, literatos, e sim, arautos da doutrina e moral de toda a Escritura divina, 0 amor aquela cristas. A arte adquirida, nao obstante, vem a Coisa que sera 0 nosso gozo, ¢ 0 amor dos que eles meio para aleangar este fim. (...) Ha de se thes apro- podem partilhar conosco daquela fi nar o leitor com o coragao aberto, ch © bent disposto & vertade cristt. As obras dos Padres se Ihe reverterdo, assim, em fonte de luz, alegria e edificaciio espiritual” (B, Altaner; A. Stuiber, Patrologia, S. Paulo, Paulus, 1988, pp. 21-22) “Ser orante, an es de ser orador” AV, 15,32), ABaditora, TINTRODUCAO 1, Dados e ocasibo da obra Santo Agostinho comegou a eserever o D infeio de seu episcopado, en doctrina 17. Redi obra em 426 ou 427, anexando mais 13 capitulos ao ter © livro © compondo sin obra que levou trinta anos para ser completada! Ao se dedicar & revisao de sens escritos, no fim da vida, const tando essa obra inacabada, quis termind-la, Diz-nos tex- tnalmente, nas Retractationes: “Tendo encontrado inacabades og livres de sa preferi wgem onde ¢ lem 0 da mulher 426 ou no inicio de 427, porque em IV,24,50 0 autor faz alusdo a um sermao qu Cos: DUCA longa interrupedo, nao parece provavel que a tenha remanejado. Limitou-se a mesmoo dca. O que nao impediu a divalgacao do livro incom- mos; aque a passagem de A doutrina crista (II,40, fala dos egipcios despojados pelos hebreus por ordem de a jd rade do- Faustum 22,91). Portanto, 2 ob jo publico bb, Apreciagdes de alguns agostindlogos tinho no Diciondrio de teologia catolica,} afirma que 0 De doctrina christiana 6 verdadeiro tratado de exege mais titil monumento histérico para eonhecer o carter da exegese daquela época.” Outros estudiosos, porém, afirmam com vigor que nao se trata apenas de tratado de exegese on hermentu- 5 0 contetido ‘0s métodas de boa formagao com base biblica. Gustave Bardy" mostra como 0 argumento central é a Ytagdo de um conjun ajudam a en- pregacio ‘nos as preocupagses pastorais de Agostinho como bispo, Nao lhe foram suficientes os tra- balhos exegéticos de ordem tebrica. Logo em sei ros anos a frente da igreja de Hipona, esforgou-se px Tome istionnir de tho cat Portal, "Saint Avian 2, Paris 1894, co, 2800 FG. Bandy, Soon sngeetin home ot Foowore, Pars, 1988, p10, INTRODUG liear dois valiosos manuais de formagio: 0 De catechi- zandis rudibus' ¢ 0 De doctrina christian. Por qual moti vo ele parou bruscamente apés ter redigido a primeira parte, 56 vindo a finalizar a obra bem mais tarde, é dificil de ser explicado. Em todo easo, A doutrina crista ocupa lugar muito significativo na historia de santo Agostinho — na sua vida como na evolugio de seu espirite — para xo a estudarmos com o mais vivo interesse. E mo agostindlogo afirma alhures: hoje a esta obra grande impo do de retériea crista. Os trés primeiros livro grados A preparagio 10 ¢ ao estudo da Escritui eloquéncia propriamente dita e dé a esse respeito os m sdbios conselhos” + Por sua vez, 0 Pe. . ORSA, na Introduccién general as Obras de Santo Agostinho, pu- hlicadas pela Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), escreve com entusiasme sobre 0 De doctr istiana, Intitula-o: “Um manual de formacio cultural erista”, ¢ ‘corre sobre a grande influéncia que veio a exercer na histéria da cultura eclesistiea. Ali so dadas regras de religiosa para decifrar 0 pensamento divi- ervaneia de normas morais para aquisi- Gao das boas disposigies do aspirante & cultu- ios cientifi interpretagio ivros santos. No iiltimo livro, eneontram-se os melhores preceitos da oratéria antiga, cristianizados, tradusioem portugude fodoe cateeimence, para servir de hase a todo o desenvolvimento ulterior, de ordem téeniea, ‘Todo conher jento, expliea santo Ago tonde-se sobre as coisas ou sobre os sinais (de rebus aut servir, utilizar-se delas (rui aut wt meiro livro ¢ dedi essturdo das cH realidades a serem descobertas. Entre elas, a suprema — se assim pode ser chamada — é Deus Trindade. fruir por ele fruendam est propter seipsam) (5,5 ¢ 22,20). Das outras ente 6 0 homem. De tudo 0 4 lizar para chegar até ele, nosso termo nal e meta de nosso gozo. Agostinho estuda Deus como oria, imutivel e eterno, eentro de amor de toda eriatura racional (5-10). Mas para che- gar a Deus, o homem tem de purifie cessita de Jesus Cristo: Pi ma ad Deum via Christus (11-15), Por ele, se ha de yminhar sem se deter nas ecedoras. Bis, em esquema, as verdades dogmaticas apresentadas; Deus, a surrei 21). Se guem as verdades Livro Il — 86 0 grado é digno de ocupar 0 espirito do cristao verdadeiro, ja que eontém tudo o de que necessita seu fim. A Escritura um c os, isto 6, de palavras. E 's) que versa este segundo li niéneia de conhecormos 0s signos ¢ as garmos a esclarecer o senti vros inspirados, desse sentido, ha certas disposi as virtudes obtidas pelos m6, certae Quanto formacao eul- ‘ofpule comecara por se igdes de gra- matica a fi capacitar a ler 9 texto ia Estudard os tropos ou figuras de pensamento, para sa- as palavras ¢ expr: gurado. Come 0 ingua original do Novo 1,16). Deve-se acrescentar & gramatica outras ciéneias: a geografia, a historia natu- sstronomia — que € prec’ confundir com a astrologia — pois esta relaciona-se com as orstigdes, como, por exemp seopos (21,32-37). ‘Sao ainda recomendadas: as artes me .adialéticn, EXTRODUCAG 6 as matematicas que farao conhecer o significado sim lico dos mimeros, € a m dialética e a retériea, O exegeta & assim convida pto das Escrituras é apresentada nocritério de sua autenticidade (8.12.13). Agostinho trata também das distintas versées da Biblia: a tradueso grega dos Setenta, a qual considera altamente autori- zada (15,22). Como perseguidor da verdade que sempr obispo de Hipona recomenda que tudo o que for acha- do de certo nos autores pagdos seja incorporado ao acer- sa Verdade, como coisa que nos pertence 40,60.61), Termina o livro mostrando a grande diferen tre 03 Livros santos © os prof imensa superioridade dos primeiros (42,63). O Livro IIT dé-nos as regras da interp ensinar-nos a resolver as ambighidades da Eseritura. De inicio, aquelas que se encontram nos textos tom m sentido préprio Js complexas e que solieitam toxtos a serem tomados em sentido figu recurso & mbigilidades. Consiste em examinar 0 contexto, cote- jar as tradugées ou recorrer ao original, Na maior parte das vezes, a ambigiiidade decorre de tomar em sentido préprio ou literal 0 que deve ser entendido em sentido figurado (10). Uma série de prinejpios para a ajuda da interpretagao de tais textos 6 apresentada. E no ca: haver pluralidade de significagies, diio-se normas para a escolha do sentido exato ou do mais provavel (11-29). Santo Agostinho examina a seguir uma série de regras que o donatista exegeta Ticdnio propde para a descoberta do sentido real das Escrituras (30-37), Fax uma criti criteriosa dessa contribuigao, mas a ser adotada m cautela, Para concluir livro, ele exalta a necessida. de da oracao para o entendimento das Sagradas Es\ 56). Livro IV — Como jé foi bastante relevado, este livro osigio de pro- aproveitar-se m conta, po- ia do que com vencer (12,27). Para isso, estilo: simples, moderado e sublime, acomodando-os a0 tema ¢ ao objetivo (17,34). Apresentam-se virios exen plos tirados das Santas Rscrituras, especialmente de sao Paulo e dos Profetas (7 e 20), Igualmente, exemplos de dou- tores da Igreja, como so Cipriano e santo Ambrosio (21). Por fim, Agostinho ensina como misturar os estilos para sustentara atengao dos ouvintes, buscando sempre que e: tendam, deleitem-se e submetam-se a Deus (22-28). Sobre- tndo, que o orador nao se esquega acima de tudo haver de ser homem de oragdo, porque 86 Deus dé 0 incremento ao que foi plantado. O verdadeiro Mestre encontra-se no inte- rior (15,323:30,63). Que o pregador dé.o exemplo de sua pr pria vida e renda gragas pelo feliz éxito de sua pregacao. 4. O modo de composigao Henri-Irénée Marrou, na sua fundamental obra Saint Augustin et la fin de la culture antique,® faa andlise realis ta do modo de composigao de nosso grande doutor da Tgre- 2d, Bocca, Paris, 1898, 9p. 6, INTKOT 8 ja. Em resumo, eis algumas de suas constatagdes: santo ‘Agostinho compée mall, © nao nto a ord geral, & estrutura de conjunto, que parece entrar em cho- que com a nossa moderna eoneepeio da arte de compor: Por certo, ele nao hesita em propor explicitamente a divi sao do assunto e as distingdes a serem observadas, Uma desenvolvimentos fal- tamen Acontece-the tar ao mesmo tompo dois assuntos, entrelagando-os em vez de separé-los. O loitor chega assim a perder-se e es- quecer qual servagoes apresentaas por um mestre de eritiea lite Marron, porém, to: dizer ay que cle néo te, devido as exigencias mai génio e de sua sensibilidade. Ei porque possui lem: porque essas idéias nao possuem eontorno bem definido, niio si n eatalogadas. Sio realidades v que brotam tumultuosas umas sobre as outras. Agostinho, entretanto, é espirito eminentemente sintético ¢ intuitive, so gravita em tornode dessa da eomposigao. Dai a incapacidade radical de se submeter ‘a contornos precisos de plano defini le Cicero, estilo a que estava ). Dos seus 19 aos 28 anos — os nove anos em que permaneceu no m mntato com a Bi importaneia que nao pode ser olv rn breender as posites tomadas apis a sus conver tas maniquéias © par a verdad conq srenea aceita pela surard também abertamente interpretacao e EAgostinho cer nétodo er na interpretagao das ¢ método empregado do dia entre os letrados, no plano das obras profanas. Assim, a interpretagsio meta i valioso auxiliar de sua conversao. ainda que tendo ultrapassado 0 eurto pe- rfodo de incertezas vivido entre os &: caps, He, nyrRoDUt » de que 56 a Igreja eatéliea poderia Ihe garantir as verda- des a erer. A Biblia apre £ O grande amor pela Sagrada Escritura Agostinho atesta de m amor ivros santos. Nas Confissdes afirma desejar fazer vripturae ‘Toda a obra agostiniana deve a Palavra de Deus s ae e a medula de seus ossos. Eesa ima- is intima de s postos desde seu episcopado vom das divinas Bscrituras. De fato, com dificuldade encontrar-se-d homem que tenha sido mais profundamente penetrado pela Biblia do que 0 foi Agostinho. Origenes 6 o vidente erudito. Jerd- mo, 0 sibio conhecedor das trés Escritura com toda a fé. Desde 0s dias do retiro 6 a sua morte, viveu “na” Biblia.” Ninguém, como cle, explorou tao a fundo e com tan- to empenho e sutileza os profundos e obscuros recon: tos da Biblia, e nunca houve alguém que trouxesse de suas exploragdes tal abundaneia de preciosos achados Biblia Introduesion generat pasteur damon, «I, Pars, p. 108 03 misticos de todos os tempos Ihe deverao esplendidas huminagbes. Temos de ressaltar © lugar prodi da Biblia em suas obras. Cerca de um tergo delas Ihe estd expressamente reservado, sob forma de tratados exegéticos ou homiléticos. En aS itagdes biblicas vém semeadas em profusdo. Numero- sas S40 as coletinens feitas dessas citagdes. A resenha de De Lagarde, da Universidade de Gottingen, conta 42.816 citagées, sendo 13.276 do Antigo 'Testamento ¢ 29.540 do Novo.” g. Os trabalhos exegéticos Bis 0 elenco das obras exegéticas de santo Agosti nho:! A) Teoria da exegese + Adoutrina crista, em quatro livros. B) Comentarios sobre o Antigo Testamento ‘Trés comentérios sobre 0 Génesi * De Genesi contra manichavos, dois livros: No tido alegérico. * De Genesi ad litteram, liber imperfectus, um livro incompleto, * De Genesi ad litteram, doze livros. No sentido li- teral en- Eos trés tiltimos livros de Confissdes, em interpre tagiio alegériea, 30a! mneia popular, de ver- le inimitaveis.'* livros. De Quacstionum Ev .. Um so bre Mateus ¢ outro De Do noral de Jesus. 124 Tractatus in Ioannis Evangelium, obra magis: tral, 10 Tractatus in Kpistolam primam Ioannis, versa wretudo sobre a caridade e a unidade da Lgre) (ja traduzido em portugués, Paulus), D) Ensaios sobre as cartas de S. Paulo dade o fez desistir di + Expositio ad Galatas, verdadeiro comentario com cexplicagdes do sentido literal de h. sfulgamento eritico sobre ADE, Portalié, no seu extenso ¢ famoso ar 0 Dictionnaire de th mento de conjunte da desua te louvada, ow A pregaciio, que adota interpretacao mist a on alegoriea (In Tract. fonnem, In Psalmos, In L-Jo}, © nero ele é incomparavel; ou ainda refe: contramos no De Gen 03 Roi Contudo, é preciso reconhecer de Agostinho ndo se iguala nem pela extensio, nem pelo cient reunstincia: contributram para isso: a) Conhecimento insu! \guuas biblicas, Ele Tia o grego com embarago. Quanto ao hebraico, tudo 0 que se pode concluir, de estudos recentes, 6 que apenas .,e que era falado na Numidia pelo povo simples descendente dos fenicios. ‘mento, visadas por sua pregacio, levavam-no a taveis abusos do sentido alegérico 0t op TNTRODLGAO By ©) Enfim, na polémica, as duas grandes qualidades de seu génio: a paixao ardente do temperamento africa: no ea sutilidade prodigiosa de seu espirito nao Ihe deixa- rea calma| a santo precisdo, no sentido de um “biblicism da origem diving e, por conseguinte da inerrancia abso- luta do tieano IT reafirmou essa doutrina (ef. Dei Verbura IT1,11). Para compreender- bem a teoria agostiniana da Biblia, porém, é preciso levar em conta as restrigdes feitas por ele prop mitir nos autores sacros, esquecimentos € confusio de nomes. Os diseursos sio fi cia do px samento, mas podem-se encontrar divergéncias de ordem, ou expressio entre os evangelistas. Cf pecial 0 De consensu evangelistarum. B) O agostiniano Pe. Lope Cilleruelo, na magn Introdugao geral ao Tomo XV da BAC, consagrado ao De doctrina christiana e aos trés Comentarios do Génesis, discorre longamente sobre San Agustin.y la Biblia (pp. 46). Damos alguns t6picos: ‘Todos os entendidos 840 concordes em considerar a obra exegética de Agostinho da maior importancia. De fato, ele resolveu grande quantidade de dificuldades que até entdo haviam impedido a marcha progressiva dos problemas biblicos. Empregou termos tais, que as pre- missas langadas por cle facilitaram mais tarde o encon- tro de solugées. Fntretanto, sua linguagem oferece nao poucas dificuldades. Por exemplo, muitas expressdes nfo poderdo ser tormadas ao pé da letra, pois atribuem a Deus ogue é apenas obra mediata. Atribui a Providencia divi- na nao somente diversos sentidas literais e nao literais, ‘mas até opinives dos intérpretes e de simples leitores (ef. Além disso, suas tendéncias exortati jucas vezes do sentido herme: \0 estava a utilizar sua prodigiosa memoria para realizar coneordancias biblieas, as suas associagoes nao correspondem ao uso preciso e cientifico a que estamos acostumados em nossos dias. pela interpretacao alegérica o levou a to- de exeges ode sua carreira ste mais no alegorismo teérico e prético. Entende ‘turas estdo como que seladas e por vontade ina misteriosa. Nelas, Deus empregou esse método a excreitar-nos na busea e deleitar-nos na descoberta Catholicae 23) 0 mode nessa oped. Melhor do que ninguém, Agostinho compreendeu a necessidade de receber continuamente novas luzes. Con- signou os fracos de sua exegese e previu os instrumentos de trabalhos q Idade Moderna viria py Mais do que seus contemporaneos, compreendeu a ne- cessidade de investigar profundamente os chamados “gé- neros literarios” ¢ as “figuras de linguagem oriental”. Cada vez mais foi se firmando na diregio de interpretar a Biblia pela Biblia, isto 6, pelo confronto com passagens paralelas (ef. A doutr, cristd, [11,26,37 e 28,39). Enfim, obispo de Hipona ¢ filho de seu tempo. Jule lo severamente, & luz das normas moder tiga. A santo Agostinho se ha de julg de so Pauk r dentro das cir- ‘tos problemas de exegese. Foi pre- cursor de nossos dias. Advoga a naturalidade na ex! so ¢ a base tiea textual. Convém numea esquecer que a exegese atual serv de meios téenicos, instrumentos de t tas, escavagées, conhecimento de literaturas orientais, dos, generos literdrios do tempo, dos métodos utilizados anti- wente na com ue Agosti nao podia estar em condigdes de utilizar. i, A inspiragao biblica ‘Tradicionalmente, costuma-se empregar o termo “in: 15,8,1), Spiritu Sancte sunt (In Ps 62,11,1). ‘Tais formulas co- ro de Deus, carta que nosso P (In Pe 26,11,1)."0 Esp 0 dos homens” (D Di -a pelo dedo de Deus, ¢ por o Kspirito Santo, “Os KTR W368 (Un Ps 8,7), Ci. também Confissdes realga o fator divino, porque dese} re um homem que o faz em nome de nicando-nos as palavras de De rato, p tengies préprias e pessoais De civ. Dei 1 5,8,1). A contribuicao humana ¢ pi evidéncia em muitas passagens. ‘a Biblia para Agostinho é humana e Quen Deus, c ol XUL29,4 sera verdadeira a tua Escritu és verdadeiro, ou melhor j.A inspiracio verbal bal. Para melhor compreender a po mos de e' ivo que o lev candalizavam-se com certas palavras Agostinho faz a apologia dessas palav cial 9 Contra Faustum. Afirma que esses termos sa0 de autoria divina sem nenhuma distineao: “Deus quis usar uti voluit) (Contra ), Da mesma mane IwTRODUGAD 28 bo fez-se palavra humana antes de se fazer carne. do 0 evangelists escolhe uma p: tal escotha set atribuida a Deus” Pod er que algumas metéfor inianas sao exageradas, tais como: “os hagidgrafos sio méos de Cristo, escrevem sob o ditado de sua Cabega”. “Deus nos cura precisamente com esse jogo deleitoso das palavras biblicas obscuras” (A verdadeira religiao 50,98). Compreendemos assim a constante preocupagio de Agostinho pelos signos verbais, isto 6, pelas palavras en- quanto palavras. Sobretudo, leia-se, a esse respeito, 0 De Magistro (e om De doctrina christiana TI,2,3). Bl somente por meio dos signos chega-se ao pensamento @ a vontade do hagidgrafo e & de Deus (ibid,,11,5,6), Acomoda-se Deus a nossa linguagem, as nossas figur: bem ele que move os labios e a pena do eseritor saero.!* 1 “A doutrina erista” ¢ 0 problema da cultura Dissemos, no inicio desta introduedo, que o presente livro nao é exclusivamente obra exegétiea, mas contém também todo um programa de formacao cultural com base Agostinho, 0 pedagogo de outrora, uma vez feito Mestre da Igreja, quer que a ciéncia seja conhecida e que se faga bom uso ‘ guém ser sabio, 416 em Cassie ciclopédica que dev ramos tradicionais d: Idade Média consti atar, com espirito cristo, os sete ‘ciéncia” de entao — tudo o que na is artes liberais. Naquela oca HCE, Pe, Lope Cillerucio, San Agustin x tr BACKY. 2» InTRODUGAO 0 neoconvertido nao conseguiu ir além de um trata Ritmo (De ‘ammatica Libe. pécrifo, O projeto ambicioso teve de ser abandonada devido a seus noves eneargos na Igreja. Com os anos, Agostinho ‘éncia erista”,o presente manual, especialmente no livra II, nos eaps. 16 a 41 Até entdo, a Igreja nao possuira nenhum trabalho desse género. Mt formagao de cultura elassica. Nao aconteceu que ale tenha recaleado stias origens, porque soube ultra~ ssim que se arvisea a tr: Ao, eujo objetivo deter jddade do plano. Retém do antigo saber s6 0 que Ihe poder a tranqiilamente de lado o que Julga ndo mais ser necessario. Assim como deveria exis: ta—a que esta a servigo da sa- nica € a da Biblia, com a arte de a compreender heme e de anunciar corretamente a verdade nela eontida. jstinho o ambiciona nao somente para la Igreja. A seus olhos 6 0 saber cris: sssencial na vida, Por ser a Biblia 1a tudo, e para todos, 0 0 livre de Deus, inspirade e ditado por seu Esp a confianga."* mpenhansen, Ls ire loins Trad. Doaleme, Stuttgart INTRODY © parecer de J. Daniélou eH. Marrou, na sua N de shristi na de santo Agostinho, onde se encontram as grandes li- nhas ¢ a originalidade da cult 6 os da Ie manual, no qual deparamos a eultura religios ‘Todos os Padres da Igreja foram eseritores e que vinha cional sobre a escrita Dani PROLOGO proveito aos que se dedi eles prog fades dos Livros da progredir, com os esels dara outros. Proponho-me comunicar essas nor s que desejam ¢ é osso De (0 reilito sobre elas, ponder aos que contestariio, ou tar, este n PROLOGO a Poderiam ser ostes levados a desdnimo paralisante, rarados, ‘Trés grupos de possiveis contestadores nu traballo ter servido, podem gener A terceira classe de opositores sera a daqueles que interpretam hem, ou imaginam interpretar muito hem, ‘Tais pessoas nada leram, até o pre- sente, sobre esse ganero de normas que agora determine! pul seu ponto de vis capa- zes de comentar os Livros santos. Pensam que tais nor- mas nfo so necessarias. Excla ‘dades das Sagradas Bscrituras eselarecem-se com a oragao, e consistem em puro dom divino. Resposta aos primeiros opositores 3. A todos responderei brevemente. Aos que nao enten- derem 0 que eserevo, digo: Nao me devem critiear pelo fato de nao entenderem 0 que esta exposto. Acontece tal como se desejassem con- templar a lua no inicio de sua fase ou ja no a minguante, ou talvez algum outro astro pouce luminoso estas normas, que certamente veem meu dedo, mas nao conseguem ver 3r meio dele, procuro ci Portanto, que uns ¢ outros deixem de me reprovar e gam a Deus luz. meu poder erguer meu dedo para assinalar-Ihes algo, nao ar-lhes os olhos com que contem- arao a minha prépria explieagao ou 6 que p monstrar Aos “iluminados” 4, Aos que se regozijam e se gloriam por ter recebido 0 dom divino da interpretagao dos Livros santos, sem as presuncio, grande dom de Deus, lembrem-si 10. Concordem que os supera o exemplo de Anto, monge do Egito, homem santo e perfeito. Conta-se que ; aprendeu de meméria as oscrituras Meditando-as, entendeu-as com sabedoria. E ainda, Jembrem-se da quem tivemos noticias por homens sérios e dignos de cré- dito, faz poueo tempo. Esse, igualmente, sem que nin- snas maos 0 eédice que Ihe entreg: panto de todos os que se encontravam presente inte, Educamo-nos uns 2 08 outros Nao vou discutir, easo alguém julgue falsos esses 6 com aquoles eristiins q\ legram de aprender 0 sontido das santas Bscrituras sem 0 auxt tolos, $6 com a ajuda do Espirito Santo, ficaram repletos dele ¢ falaram as linguas de todos 03 povos. Em conse- ia, aqua julguem cristaos ou, pelo menos, que duvidem de ter re~ cebido 0 Espirito Santo! Mas, muito pelo conta moestamos para que cada um aprenda humildemente de outra pessoa 0 que deve aprender. Eo que ensina a ou- ros, que comunique a seus diseipy orgulho nem inveja. Nao tentemos Aquele de quem rece- emos nossa f6. Que nao nos x pela maldade e astticia do inin PROLOGO ‘idarmos \graddo ou entao desprezarmos de escutar leitor ou o pregador. Que nao esperemos precisar ser- ‘mos arrebatados ao tereeiro ¢¢ ade! . Apéstolo, para ouvir palavras inefiiveis que nao ¢ licito ao homem repetir (2Cor 12,2-4) o Senhor Jesus Cristo e ouvir 0 evangelho de Valor da mediagao humana: ajuda muitua relacionamento com Deus® itemos tais tontagies che ho € perigos. p63 lo prostrado c ser instruido pela vor divinae celeste, foi enviado & um hom ‘eceber de foi encarregs recebeu nio somente os sacramentos, mas tam de um anjo. Se assim fosse, a condi¢ao humana teria xpansho da car cormais tra Cd 0 Neal 31, pp. 77-18 PROLOGO 38 esse templo sois vés" (1Cor 3, no seio desse templo humano, e somente se zesse ouvir do alto dos eéus proclam: stério 2 Ademais, se nada tiv que 08 une no vineulo da unidade nao poderia agir para fundir os coragies, Novos exemplos de mediae 7. Observamos que o apéstolo nao enviou aquele eunne, que nada entendia ao ler o profeta Isafas, a um anjo, Nem foi explicado por um anjo 0 que a sua mente io entendia, Ao contrério, sob a inspiragéo de Deus foi-lhe enviado Filipe, que conhecia bem 0 contetido da profecia de Isaias. Filipe sentou-se com 0 cunuco & ou-the, com linguagem e palavras humanas, 0 que se achava encoberto naqueles escritos (At Nao conversava Deus com Moisés? E entretanto, esse , muito sabio ¢ nada orgulhoso, recebeu de se sogro — sendo este homem simples e estrangeiro — 0 conselho de reger e governar aquele povo tao nume (Bx 18,14-26). Aquele varao sabia que de qualquer pes- soa de quem pro ho verdadeiro, nao viria dessa pessoa humana, mas sim daquele que 6a Verdade, isto 6, do Deus imutave Autojustificagao 8. _Enfim, quem quer que se glorie de entender por dom vino, sem auxilio de normas humanas, as obscuridades que se encontram nas Escrituras, eré com rai cor PROLOGO como se viesse de si pro io, mas ¢ poder doado por Deus. Assim jul in de Deus ¢ nao a sua propria, Mas nesse caso, quando lé ¢ entende sem expl de outros, por qual motivo procura explicar aos outros? , para que en- tendam também eles por si proprios? Deus os instruiria interiormente e nao por meio de homens. Resolver mito-me escrever niio somente as normas a serem ibservadas -que nin rar como propricdade sua bem algum, a mentira, Posto que tudo o que é verda- deiro procede daquele que disse: “Eu sou a verdade” (Jo 14,6), que 6 que possuimos que nao tenhamos recebido? Esse recebemos, por que haverfamos de nos ensoberbecer como se niio 0 tivéssemos recebido? (1Cor 4,7) » de Agostinho e proveito a ser tirado desta obra® itor que faz a leitura a ouvintes conhecedores , sem davida, exprime o que sabe. O professor ver, faz com que out das letr: LIVROI SOBRE AS VERDADES A SEREM DESCOBERTAS NAS ESCRITURAS A. PLANO, DEFINICOES, DISTINCOES cariTuLo 1 Finalidade geral da obra ‘a de descobrir o que ¢ para expor com propriedade 0 yaad © modo de ha esperanca de cle de quem na medita- me faltam quant concedeu. Possuir jo com os outros ni Senhor disse: “Aquele que tem lhe seré dad ndlo se esge 6 possuir como convém. O Mt 13,12) vo da obra 1) moe este deve sor expect, 'Agustin fomeve de manera inuguoen dp ob nse reliza a desesbrsa cn ven VERDADES A SERFM DESCOBERTAS 2 presente tarefu, aley dancia, 1uLO2 As coisas os sinais 2. Toda doutrina as 00 sinais, Mas as coisas sao conkecidas por meio dos sinais. Portanto, acabo de denominai tudo o estéer abjoto or exemplo, uma vara, uma pedra, um animal ou outro ‘logo. Nao vara da cordeiro que Abraao tmoleu ne Togar de seu filho (Gn Esses objetos, de fato, sfo coisas, mas nas 1m-se nais de outras coisas. Exist mas de outro género, cujo empreyo s¢ limita unieamente a significar algo, como € o caso das palavras {verba). Ninguém emprega as palavras @ nfo GOES, DISTINCOES ser para significar alguma coisa com elas. Dui se dedu2 se empreya para signi- que t 6 a0 mesmo tempo alguma coisa, visto que, se néo fosse entre coisas € wos de tal que, apy algumas poderem ser emprogadas como sinais de outras que nos propusemos, isto é, de falarmos primeiramente sobre as coisas, e depois sobre os sinais. Retenhamos fir- memente, por temos a considerar Classificacao das coisas & Entre dade e servem de apoio para chegarmos as que nos tor- nam felizes e nos permitem aderir melhor a elas.? ‘VERDADES A SEREM DESCOBERTAS a“ Nos, e fruir as que sao eg os gozar que se ha simplesmente de usar, perturbamos nossa ea- minhada e algumas nho. Atacados pelo amor das coisas inferiores, atrasa- mo-nos ou alienamo-nos da posse das coisas feitas para fruirmos ao possui-las CAPITULO 4 Fruire utilizar 4. Fruiréad E usar 6 alguma coisa por amor jeto de qt ap se faz uso para obter 0 objeto ao qual se ama, caso tal objeto mereca ser amado. de, o nome de ex per anndo ser em nossa patria. Sentindo-nos miserdveis na peregrinagio, suspiramos para que 0 in- € pos: voltar a patria, Para isso, seriam necessérios meios de conducao, terrestre ou md nho, 0 passeio ¢ a condugao nos deleitam, a ponto de nos 108 A feuigdo dessas cx desse mod regrinan mortal (2Cor 5,6). Se queremos voltar & patria, 14 onde Jeremos ser felizes, havemos de usar de: Ao fruirmos dele. Por meio a plemos as invisiveis de Deus (Rm 1,2 dos bens corporais e temporais, pr realidades espirituais e eternas. isto €, por meio mos conseguir as B. SINTESE DOGMATICA Deus Trindade 0 Filho e o Espirito Santo, isto é a ndade, una e suprema real a Coi ‘da, bem comum de todos.“ Se é que pode ser chamada Coisa e nao, de preferéncia, a causa de 0 se também puder ser chamada causa. Nao ¢ facil encon- para denominar de maneira adequada a Trindade. A nao ser que se diga que é um s6 Deus, de quem, por quem & (Rm 11,36). Assi Espirito Sant nesma cternidade, a jajestade, 0 mesmo poder. No P esma CAPITULO 6 De inefubilidade 6. Acaso dissemos alguma coisa e temos pronunciado algo den vel? B se fosse também n sido dito por mim, nao teria sido pronunciado. Em conseqiiéncia, {einetivel Teontetd deo com cio, mais do qu senso, Nao obstante, ainda que néo se possa dizer coi- sa alguma digna de Deus, ele admite 0 obséquio da voz le todos os que conhecem 0 latim, cle leva a pensar em certa natureza soberana ¢ imortal. VERDADES A SEREM ns “6 Deus: 0 mais excelente 7. Ao se representarem 0 tinieo Deus entre s homens que os deuses, além ig 1080, © grae inito ou dotado de uma forma E caso nao creiam na existéncia de um tnico Deus dos deuses, mas na existéncia de miiltiplos ¢ inumeraveis deuses da mes- ma ordem, representam-nos de tal modo em seu espirito, que Ihes atribuem 0 trago fisico que a cada um parega 0 mais excelente. Aqueles, por outro lado, que sao movidos pela intel tarem o que seja Deus, antepsem-no is naturezas vi sim, todos pensam de todas as coisas. sires Dogan capiruLos Deus vivo: a Sabedoria imutdvel 8 Todos os que refletem sobre Deus eoneebem-no como ser vivo. K dele s6 no pensam coisas indignas e ab- surdas aqueles que 0 concebem dotado de vida. qualquer seja a forma corporal que thes venha ao pensa- orem como viva ou inanimada —, antepuem a fornia viva & que nao € viva. Ba essa mesma forma viva corporal, por muita que seja a luz com que acima da matéria, a qual é por ela vivifiea Pois compreendem que uma coisa Ea matéria e ontra, a vida que a anima Aqueles que refletem sobre Deus prosseguem obser- vando a mesma vi vegetativa, sem sensac vida intelectiva, como é a do homem. Mas, ao vei aue este 6 mutavel, vezes sabia, mas que é sempre a mesma Sabedoria. Pois e aleangou a sabedoria, no era porém, nune sabia foi ignorante e jamais poderé vir a sé-lo, (Ora, se os homens de rnodo algum conseguissem dis- tinguir essa sabedoria, eles nunca anteporiam, com con- fianga absoluta, a vida sabia imutivel & vida mutavel. clamar que ¢ ela a melhor, os homens a véem imutavel, Mas nao a véem em parte alguma, sua propria natureza, j4 que se veem a si préprios mutaw gor de tanta claridade e luz, atuando em seus olhos, de luz, mas ain- n. Que stante da assim ofusca-se com ela, € porque tem 0 olhar da men- te enfermo pelo costume das sombras carnais, Pois os ho- mens de costumes perversos séo afastados de sua patria por ventos contrérios. Perseguem bens que sao inferiores capiruto.0 Necessidade da purificagdo interior para ver a Deus Portanto, como estar dessa Verdade que vive imutavel minhadae um navegar em diregao a patria. Nao nos apro- ximamos, porém, daquele que est presente em toda a parte, mudando de lugares, mas pelos s bons costumes, Avncarnagdo Ha, Ora, nés nao conseguiriamos nos purificar se a pré pria Sabedoria ndo se houvesse dignado adaptar-se & a fraqueza carnal, para tornar-se mo- amente fazendo-se homem, visto ser- delo de vida, pr a0 passo que agimos sabiamente quando nos da Sabedoria, ela, ao vir a nds, foi conside- ins soberbos, como realizadora de | ra, Enquanto nés nos fortificamos ao nos aproximar da Sabedor reali capituLo 12 O motivo da Sabedoria de Deus ter vindo a nds LLb. Se hom que a Sabedoria de Deus esteja presente om toda a parte aos olhos interiores puros e sdos, ela ignou-se também aparecer aos olhos carnais dos que a Deus, aprouve a ele, na sua Sabedoria di pela loucura da pregacdo, salvar os que créem (1Cor 1,21) Deus veio a nds, 10 veio percorrende espacos locais, aos homens em criatura, arrastados pela conc centregarem ao Criador, esses homens nao reconheceram a Sabedoria de Deus. Por isso diz.o evangelista: “On Em concluséo, o mundo néo pide conhecer a Deus Por q ele ve Eo Verbo de Deus se fez carne 12b. Como veio ele? *E 0 Verbo se fez carne e habitou 14). Assim como, ao falarmos, 0 pensamento de nossa inteligéneia torna-se som, isto é, palavra sensivel que 1s ouvidos eorporais racao e 6 eha- rio, revestindo a for- alavra de Deus, sem mudar habitar entre né ia shvrese DocMATICA vista da saudi plicado aos pecadores para os curar e devolver-Ihes ais foreas. E assim coma os médicos quando ft sobre as feridas nao o fazem de modo inabil 1s elementos eontrarias, como 0 frio contra 0 calor, 0 timido contra 0 seco, ou ainda serv de 1s de género semelhante. As- sim, vemos 0 médico empregar certos produtos que assemelham, ao m: ferida circular, alongado para uma chaga longa. Ele nao faz enfaixamento igual em todos os membros, mas ajusta 1s semelhantes (similem Ora, a Sabedoria divina nao age de mode diferente la do homem. Apresentou-se em pessoa para médi ‘uae pencamento a nds mesmo, Para pensar, agua dae a3 pop 0 ns ineriores, Orem s80J0%0, Cr al de que ex Deus a8 coisas 5 psy, Devs tama se diz una Palsvra? rompida de uma mulher entrou a venga. E do corpo integro de outra mulher veio a satide, A esse género de co cura de nossos vicios, gragas ao exemplo das virtudes Cristo. agora os remédios semelhant as a NOSsOs n ‘0s mortos. onomia da medicina crista pode apresentar ain- da muitos outros remédios tirados, seja ri cessidade de prosseguir o trabalho encetado. eapfruLo is A ressurreigdo, a ascenséio e os dons do Bs} 14. Acrescentemos a mais que crer na ressurrei¢do do Senkor de entre os mortos e em sua ascensio ao céu for. talece nossa fé com uma grande esperanca. Mostrou-nos por esses mistérios o quio livremente deu sua vida por ele que possufa o poder de retomé-la, Com quanta nga, pois, fortifica-se a esperanga dos que eréem s SIWTESE nele! Tanto mais ao considerarem que suportou tantos sofrimentos pelos homens, os quais sequer acreditavam nele, E pelo fato de ele ser esperado vindo do céu como tanto por meio de seu Espirito? Com efeito, gracas a esse Espirito temos nas adversidades desta vida confianga € para com aquole que io vemos, ‘Nao possuimos seus préprios dons distribuidos a cada um fi item cumprir o dever preserito nao somente sem murmurar, mas até com prazer ITULO 16 chamada sua esposa. Ora, a seu corpo, composto de mui- ‘os membros com diversas fungbes (Rm 12,4), Cristo 0 abraga com 0 vinculo da unida estivesse unido em salutar Hiame. Mas neste tempo presente, ele exercita e pa com certos males medicinais a sua esposa, a Igreja, para que, ao retira-la deste século, nidade, sem mane 525-27). \VERDADES A SHREM DFSCO! cal lor sto abriu-nos 0 cami para a. patria amos a caminho, Caminho nao locali- e que estava obst cCAPETULO 18 As chaves entregues & Igreja 17. Cristo deu as chaves & sua Igreja, em virtude das quais tudo o que ela ligar na terra sera 3s peeados Mas, ao conte ‘igido e pensa ser impossivel seus pecados Ike serem perdoados, pior do que era antes. S como se ao desconfiar do fruto de sua conversao nao The restasse recurso melhor do que se fixar no mal caPtruLo 19 A ressurreigéo dos corpos 18. ‘Tal como a remiincia a vida e costumes anteriores pela peniténeia é de certo modo morte da alma, assim a morte do corpo 6 a extingao do sopro vital anterior. B tal 1a ap 6s a peniténe 1s depravados de antes, t sssim 0 corpo, depois dessa sujeitos pe do pecado — n6s 0 cremos e espe ramos —no momento da ressurreicao, sera transforma- do para melhor, Por corto, nem a carne nem o sangue possuirso 0 Reino de Deus, 0 que é impossivel. Mas o corpo corrupt vel hai de revestir a incor rovestira a imortabilidade (1Cor 15,50.53), Ele nao cau: sar nenhum incémodo, pois no padecerd nenhuma ne- vivificado pela alma bem-aventurada e perfei- ta, numa suprema quietude. caver A vida eterna 19. Aquele cuja alma nao morre para este mundo e comega a se moldar pela ver numa morte mais grave que a do corpo. para se trans- formar num estado de bem-ave piar nos supl a alma nem o corpo do homem padecerao a destrui total. Mas os {mpios ressuscit a suportar penas s ¢ 08 justos para a vida eterna, C. SINTESE MORAL todas as coisas mpo gozar e usar deles. Com efste, um preceito nos clo: amar-nos mutuamente. Trata-se, porém, de sa ve a prio on por outro fim. Se for por ele proprio, nds gozamos dele, se for por outro motivo, n6s nos servimos dele. A ’im parece que el porque aquele a deve ser amado por si mesmo consti aventurada. Ainda que nfo possua- mos até entiio essa bem-aventuranca, contudo, sua espe- Escrituras 17,9). “Maldito o homem que confia no homem” ( *0 sive iquele que ama a Deus acima de tudo om preciso, ninguém deve gozar de , & perfeito 0 para a Vida imut: quanto o fato de avel e abraga-o, 6 mais perfeito do q se se sobre si proprio. Portanto, se nfo te deves amar a ti por ti mas por ai ue nenh por Deus. Porque a lei do amor as: Deus: “Amara ia, con: tua mente aquele de quem recebeste estes bens. Porque 1 coragao, de toda tua alma e de ma direcdo do retamente 0 seu proximo deve tratar que es também ame a Deus com todo 0 seu coracio, sua alia, com todo 0 seu espirito. Amando-0 assim. se ama asi proprio, referird todo o amor, prépr heio, naquela diregio do amor de Deus que nio tolera que se ext perea nenhum arroiozinho que v minuir seu impeto, yuelas que por icionam-se com Deus: 0 ho- mem € 0 anjo. Qu ainda, ao que unido a nés, como nosso le De Quatro 20 os objetos que devemos amar: o primeiro ade mos nbs préprios; 0 ter- cero o que s¢ acha a nosso lado; 0 quarto o que esta abai. x0 de nds. A respeito do segundo e do quarto nao foi ne- n dados preceitos. Pois, por muito que o homem se afaste da verdade, sempre Ihe ficard o amor a a luz imutavel que reina sobre todas as coisas, o faz para ser senhor desi mesmo e corpo. Por conseguin. te, nao pode deixar de amar-se a si mesmo e ao proprio corpo 0 falso amor de si proprio 23. Julga o homem conseguir grande triunfo quando chega a dominar outros homens, seus semelhantes. Por que é inato & alma, cheia de vicios, apetecer de mancira excessiva e exigir, como algo que Ihe é devido, o que é proprio unicamente de Deus. Esse amor desordenado de si prop para homem, com efeito, querer ser servido por aqueles SENTESE MORAL servir quem Ihe é superior. Muito corretamente foi dito’ ‘0 que ama a provém o motivo de a alma tornat trar tormentos em seu corpo mortal Essa sate da alma consiste em se apegar mui solida- mente a um bem superior, isto é, a Deus imutavel. 0 nar os que Pt yreza Ihe séio sto 6, a outros homens, é dominado por 0 intoleravel orgul capiTuLo% inguém odeia a propria carne odeia as odeia seu préprio corpo, e o que diz 0 Apéstolo é dade: “Ninguém jamais quis mal a sua 5,29). Logo, quando alguns dizem que prefeririam viver sem 0 corpo, engenam-se inteiramente. Porque a seu corpo, mas & corrupgio corporal ¢ seu pesado fardo que eles odeiam. Assim, 0 que eles quereriam, sem diivi- da, nio ¢ fiear sem corpo, mas té-lo incorruptivel feita O enguno procede de que pensam que qualidades 86 pertencem Quanto aos que parecém mortificar seu corpo com privagdes € trabalhos, se 0 fazem com reta intencdo sm para des po, mas sim para manté-lo sub- misso e disposto ao cumprimento do dev le, tanto mais a ay acar- ne resiste ao espirito levada pelo ddio, mas devide A forca suas forcas. Over audviro sentido das mortificagées 25. Os que fazern essas mortifiea requ 10 quanto a que tinh: carne. de, isso indomados da carne, contra os po, Fo bitos is 0 espirito Iuta, no no reclama a que niio nos esforca: nagbes da carne se , ensinar ao homem a medida de seu eira como deve amar-se a si pré- amor Ihe seja proveitoso. Duvidar de mem como deve ne cuidado dele, com ordem rpo yreciso tamb ‘orpo, para que ti © prudéncia, Porque o fato de 0 homem usar seu edesel tato 6 verdade by fosta. \VPRDADES 4 SH ESCOBERTAS a Guardemo-ns, porém, de dizer que ‘o homem nao ama a satide © a integridade do corpo, pelo de existi n que tenha amado mais outra coisa. Vemos que até 0 avarento, nheiro, niio deixa de comprar o seu pao. B 20 fazé-lo, gas- ta aquele dinheiro que muito ama é deseja aumentar. S6 que acima d da por aquele pao. Seria supérfluo de tanta evi O36 27. Nao houve necessidade de ser dado preceito ao ho- mem paral seu corpo. Isso porque 0 que somos ¢ 0 que esté posto abaixo de nés e em relago conosco, n aos animais (porque também os animais amam-se a sie a seu corpo). raltava portanto que recebéssemos preceitos de amar ‘o que est acima de nds ¢ 0 que nos é semelhante. Diz 0 evangelho: “Amards 0 Senhor teu Deus todo o coraedo, de toda a alma ¢ de todo o entendimento; € amaras 0 teu préximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei ¢ os Profeta: préximo Ora, se tu que nenhum nesses dois preceitos. si proprio’ bem }? Mas por certo, ao ser dito: : amar © que merece ser amado. Nem no amor aquilo que deve ser menos 1s ou mais, nem ama menos ou mais 0 que ‘VERDADESASEI BM DESCORRRTAS 66 2B os homens, cada um deve proprio. Dam do que & nosso corpo, porque todas as ¢ le ser Di ar de Deus conosco, a0 passe que Pois oc 2 € 6 por ela que gozaremos de Deus. de forma igual. No entan. apresentam, d 7 necessidade, seja por laco de amizade contigo, poderas fazer s sorte, aqual dos dois deves dar o que nao podes oferecer a ambos’ Acontece ignalmente com os homens em geral, a quem nao podes socorrer. Deves minado pela sorte o grau de proximidade de circunstancias temporais, te ligou a cada um deles, de modo mais estreito. un SINTESE MORAL, capATULD 2 Procurar que todos amem a Deus Intre os que podem gozar de De vorecemos; amamos outros que nos fa- ‘mesmo tempo aten 105 a certos a quem nao somos de nenhuma ui doles es; a alguma. Mas devemos querer acima de tudo que todos amem ajuda que Ihes dermos ou que deles recebermos seja oricntada p: finalidade Nos paleos da iniqii ; em especial, de um artista ¢ jul yremo, Igualmente, gosta de todos os que to. Nao por eausa desses admi- amor por aquele artista for ardente, tanto m esforgar-se-4, por ase fazer admirar por muitos e desejard exibi-lo a uma gran. alguém indiferente, estinuulé-| quanto pode, com elogios ao artista de su encontrar um que se oponha, aborrece-se veementemen- Por todos os meios, ‘a reparar esse descaso. E a nés, entao, 0 que nos convém fazer em relagao a is? C \der 0 seu amor, eujo goz0 consiste na felicidade; de quem todos que 0 amam recebem o proprio aquele que quer ser amado nao para auferir para si algu- ma vanti m der aos que o am RDADES A SEREM como préximo, visto que nao se ha de fazer 0 mal guém Ainda a caridade fraterna 38, Se com raz 6 chamado proximo aquele a quem de- ‘vemos pres de quem devemos receb nistério da miseriedrdia, esta claro que neste preceit pelo qual amemos ao proximo, estao incluidos também os santos anjos. Deles reechen s das divinas Wserituras, © proprio Deus e Senhor no: Pois 0 asi préprio sob os tragos da que socorreu 0 mimorto e abandonado pelos ladr De si prop 35,1). Entretanto, porque a natureza divina ¢ infinitamen- tesuperior & amar aD guido do preceito de amar ao proximo. Deus oferece-nos sua misericérdia por causa de sua tinica bondade; ao 05 outros por causa da bondade dele. Em outras pala- nés para nos fazer gozar dele, a0 pass que nés temos piedade uns dos outros para obtermos aquele go : “Bu mo por um irméo” (SL SINTESE MORAL ou para gozar de nés? Se fsa de nossa bondade? Tal conelu- que esta em nds, ou é cle proprio ou procede dele. E, pois, de do brilho dos seres mina com seus raios? 1roUo profeta expressamente: “Disse ao Senhor, nao tens necessidade dos meus bens” (S116 goza de nés, cle utiliza-se. esse go: cle poderia nos ar: CAPITULO 32 Como Deus utiliza-se do hon 35. Mas Deus nao usa de nds & nossa maneira. Nés usa- infinita de Deus. Ele, a0 contrario, usa de nés para manifestar essa bondade, De fato, € porque ele é bom que nés existi- Somos mats, n6s temos monos ser. Pois gomente possi o ser, sumo e pri- e que pide id \ViRDADES dizer em toda sim Ihes dirs: Aquele que 6 enviou-me a vos’ Portanto, todos os outro ai dom existir a nao ser por ele. E.s6 sao bons & medida que receberam o ser. Conseaiientemente, ouso que se diz De fi Quando no: seus interesse: mpadecemos de , nds o fazemos certamente p: dade, porque essa misericérdia, que exercemos para com um homem necessi Dens nao a deixa pensa, Ora, ess; que gozemos del prios, 04 no anjo, ¢ permanecemos parad ita dos h soberbos que do nos véem cansados e desejosos de repousar e deter-nos neles, reconfortam-nos em os bens que receberam para empregados em nosso favor, ou bens que receberam para si préprios. Esses bens, entretanto, nao procedem deles. E aps nos terem reconfortado, inci nos a prosseguir 0 caminho para a patria, onde seremos fi yzando com eles. Assim exclama 0 Apéstolo: “Paulo tora sido eruc cado em vosso favor? Ou fostes batizados em nome de Paulo?” (1G Lemos igualmente, noApocalipse, que o anjo, a quem um homem adorava, adverte-o: “Nao adores a mim, ado- intes a Deus, bai ambos somos seus servo: Deleitar-se em Deus m, irmdo, eu gozarci de tino Senhor” (Fm Se cle nao tivesse acrescentado “no Senhor” ¢ how: ito: “Gozarei de to nele a espe- te wente encontrar nela seu goz0. Porque quando est pre- sente um objeto do qu necessariamente isso 2 consigo certo deleite. see 00 delei- te, te referires Aquele em quem has de permanecer, en: (a0 usas do objeto amado e dir-se-4, $6 de modo abusivo, se aderes a esse objeto que amas ¢ rmaneces nele, pondo af o fim de tua alegria, entao, de, dir-se-4 que gozas dele. Ora, tal deve mente com a Trindade, isto é, 0 sumo ¢ imu: VERDADESAS! 1 Cristo, 0 caminho que 98. Notai o scguinte: a propria Verdade, oVerbe por quem se fea ea hal entre nos Uo 13.14) B, contudo, diz oApostolo:“Mesmo se conhecemos Cristo segu agora jd nao o 5,16). Por certo, ele quis nao somente dar-se como heranga aos que chegam & patria, hada para la. Ele proprio decidiu assumir nossa carne. Nesse sentido esti a palavra: “O Senhor m entender que, por Cristo, caminham os que querem che a Do Com efeito, oApéstolo, embora se encontrasse ainda em caminh sguisse jue 0 chamay iante, havia ja ultrapas- 3,12-14), Em outras pala- partida, por onde devem iniciar seu percurso todos os que dese. jam chegar A verdade e permanecer na vida eterna, F nesse sentido que o Senhor diz: “Eu sou o eami- sho, averdade oa vida" (Jo 14,6), isto é, por mim se ver, n efeito, 6 ehegar também 20 Pai, Pois per ele se co. me agle ee gyal a Fast Santo os ig, rr, nos agluti a fim de nos dar a possi dade de permanecermos unidos ao sumo e imutsvel Bem, Compreende-se por ai que eoisa alguma deve deter- nos na eaminhada, visto que o proprio Senbor, a medida que se dignou ser nosso eaminho, nie quis que nos d ar por fraqueza AS coisas tempo- rais, que ele empreendeu ¢ realizou em vista de wegar até aquele que do jugo das coisas tempor: ita do Pai assentou-a D. PRINCIPIOS BASICOS DE EXEGESE LO a 0 Amor: plenitude das Escrituras 89. De tndo 0 que fo ito ant te tratal sobre as coisas (de rebus), esta é a suma: que se entenda sera © 0 fim da Lei, como de toda a Eseritura divina, 9 amor aquela Coisa, que sera nosso gozo (Rm 10.¢ 17m 1 seo daquela amor dos que podem partilhar co- io, tal como estando em v lo ou nao importa em que outro meio de transporte que se possa nomear com maior pro- memos esses objetos que nos le- vam ao fim ultimo, por causa do mesn onde S0- mos levados. gem, num vei PRINCIPIOS BASICOS DR EXEGHSE capituto se A edificagéo da caridade 40. Se alg ou partesd aca pecer que nada entendcu. ‘Mas quem tira de seu entend a julga ter entendido as Bserituras divinas fas, mas se com esse entendimento nao edit 10, € preciso nento uma id nda que sem trazer 0 ha passagem cm estud icioso, nem diz pensamento proprio do autor, ousarei dizor que ngao de. Eis por que encontramos muitas pessoas que querem mentir, mas nenhuma que - porqu na de injustiga do que causé-la.a outros. Ora, todo aquele que mente co! te injustiga. E se alguém p pode ser, itil — o que ¢ impossivel —, ou bem a mentira nunca podera ser itil ve DES A SEREM DESCOLERTAS Corrigir o intérprete que se eng’ tas as suas p E pode acontecer que, amando mais seu proprio parecer, Je condene a Eseritura mita que esse mal se estenda, encont pria perdigio. Lembremo-nos de que “ fé, ¢ nao pela visio da verdade” (2Cor 5,7). O baleard se a qutoridade das Escrituras vacilar. E cam- dia, E juras enten- de de modo diferente ao do autor sagrado engana-se meio mesmo da verdade, 3 Eserituras ni que & para chegar ao ponto onde o pri que exista, Ao contrario, se a mesmo tempo, ele et ama, fazondo o bem e conformanda-se aos preceitos e bons demonstrar-lhe quanto é minho por receio que, tomando o habito de desviar, ele se toda a profecia, veja obrigado a ir por vias transver A posse superard o desejo A qual haveremos de chegar. Quanto & earidade, crescera sempre, ainda depois que d ras virtudes. Se apenas ao erer amamos 0 que ainda no vemos, Quanta diferenca entre as coisas temporais e as eter- nas! Um bem temporal é mais amado antes de ser pos- alma para a qual o eterno somente ¢ 0 verdadeire ¢ se- guro descanso. 0 bem etey PRINC LO tanto maior ardor ao ser possuido do que fora ao ser desejado. Pois a ninguém que adh inferior a idéia que dela se fizera. Por gi a ado, mais preciosa achard eira té-l das virtudes teologais 43. O homem qi peranca © na idade, ¢ que guarda inalteravelmente esas trés vir sita das Eserituras a nao ser para ins- 05 outros, Bis por que muitos, gracas m na solidao sem os manuseritos dos Livros santos. E o que me leva a pensar que cidncia, também de: esse bem perfeito, no preeisam buscar o que é pareial. Digo que eles pos- que é perfeito, mas s6 enquanto pode ser pos- suido nesta vida mortal, porque comparado & perfeigio ja vida futura, a do justo e santo neste mundo ¢ im- porfeita. Por tudo isso, diz.o Apéstolo: “Agora anca e earidade, esta: porém, ¢ a caridade” (1C Disposigdes para o estudo das Eserit que boa consciéneia”, em vista da es- le ma conseién- cia desespera de chegar ao que eré e ama. Por fim, 0 Apy hipocrisin”. Porque quand nossa fé est ao abrigo da mentira, nés amamos 0 que deve ser 1s vida reta ¢ esperamos que nas: sa esperanga nao seja defraudada de modo algum. E agora, depois de ter falado sobre as coisas (de rebus}, referentes a nossa fe, A medida que me pare suficiente pelas cireunstancias, ponho fim.a este livro que pode ser complementa s, por outros escritos por mim publicados ou por outros. Consagro 0 resto deste trabalho a tratar a respeito dos sinais (de signi luzes que Deus me con- coder: ma fé sem hipocr LIVRO I SOBRE OS SINAIS A SEREM INTERPRETADOS NAS ESCRITURAS A. PRECISOES PRELIMINARES capiru.o 1 Definigtio de sinal 1. Aveserevero procurei pre ro anterior sobre as coisas (De rebus), Agora, ao tratar sobre 0 (de signis), advirto que nfio se dé atencio 20 que as coisas sao em si, mas unic mente ao que significam, sinais de algo diferente. Osi sdio. que produz em nossos sentidos, faz com que nos ao pensamento outra idéia distinta. Assim, por exemplo, quando vemos uma pegada, pensamos que foi impressa por animal. Ao ver fumaca, percebemos que embaixo deve haver fogo. Ao ouvir a voz. de um se mado, damo-nos conta do estado de seu anime, Quando corneta, os soldados sabem se devem avancar, rn itendriag CB Brow SINAIS A SERRA INTERPRETADOS 86 retirar-se ov fazer alguma outra manobra, exigida pelo comb: ais naturais o nem desejo alg ncia, observando e comprovando as eoi- api ord fo Asse género de sinais pertence a pegada do animal passa. O resto de um homem irritado ou triste tra- 1 ele nao tivesse agdo ou tristeza, s jwalquer outro movi- mento da alma que € revelado e traduzido no rosto, sem que ni para o manifestar. Nao € meu propésito -a sobre esse tipo de sinais. Mas como pertencem a distingao que fizemos nde de modo algum deixa lencio. B suficiente, entretanto, o que até aqui foi esse respeito. capiruLo2 Sinais convencionais & Si signa) siio os que todos 0s seres vivos mutuamente se trocam para manifestar — © quanto isso Ihes é possivel — 0s movimentos de sua ima, tais sejam as sensagie: outra razdo para significar, isto é, para dar um sinal, a 8 PRECISORS PRELINENARES. E sobre esse tipo de sinais e no que se refere aos ns que determine: examinar e estudar aqui, E por que os sinais que nos foram comunicados por Deus, e que se do encontra achad corram a comer. E 0 pombo ym seu arr om ela chamado, Existem muitos outros sinais analogos que podem ¢ cos- tumam ser ob: pres plo, a expressai seguem espontaneamente 0 movimento da alma sem ne- nhuma inteneao de significar, ou sio dados expressan para serem sinais? Vamos suprimir tal questsio coi obra cariTuLos ais 4, Entre os sinais com que 0s homens comunicam en- tre si o que sentem, alguns pertencem ao sentido da vis- 0, bem poucos aos d aos olhos da pessoa a quem quere- mos comunicar a nossa vontade, ‘Com o movimento das mdos, allgumas pessoas expri mem a maior parte des mentos. Os ‘o movimento de todos os seus membros, dao certos sinais, NAISAS EM IN 88 espectadores ¢ como que falam a scus olhos. Os es tandartes e insignias militares declaram aos olhos a de- De modo que todos esses sinais séo com ém, os sinais 4 \amero € prine wras. Na verdad tencem mente cons- © principal lugar para 2 mentos, se manifesté-lo, Cort ‘és do olfato pelo perfume 123.7). Atra do sentido do paladar, também significou sua vontade pelo sacramento de seu corpo e sangue pregustados por ele um sinal atrav uum sinal, quando a muther, tocando a orla de sua veste, recebs a(ME 9,21), Contudo, a inumerdvel quantidade de sinais com que 6s homens demonstram seus pensamentos pelas palavras. Qualquer desses sinais acima te indicados podem certamente ser dados e conhecidos com ps rwras nao pi entender com aqueles sinais. cAPITULO 4 Origem da linguagem escrita 5. Ora, ao vibrar s palavras logo d zndo duram mais longamente do que ao ressoarem. Para se- em fixadas, 80 :OBS PRELIMINARES das letras. Assim, as palavras n a todos os povos. Isso por eausa da desi na que houve — «: tao grandes males da vontade humana, tendo sido ori nada de uma s6 lingua que the pet tunamente pel te, em diversidade de linguas, conforme os intérpretes, nao desejam encontrar nela mais do ade dos que a escreveram a vontade de Deus, segun- "ns compuseram, Utilidade das obscuridades da Biblia 1 ganam-se des, tomando um sentido por outro vencer orgutho do homem pelo esforgo e para premunir seu espirito do fastio, que ndo poucas vezes sobrevém aos grado do batismo e, erg inte do Espirito Santo, produzem o fruto do duplo amor —o de Deus ¢ 0 do proximo. pressio do C Ase diz para a lgreja,lowando-a como uma bela mulher “Os tens dentes silo como os rebanhos das - com dois cordeirinhos oss Che outra coisa do que ouvira 13 bem des} o duplo preceito do amor. E nen! santo fruto, O encanto das alegorias 8. Mas por qual razao parece-me vius) esta apresentacéio do que aquel ; € essa é outra questo. Basta fato de se aprender plicar espontaneamente de comparagies; © 4 's que se procuram de. Os homens que nao encontram logo 0 que procuram sentem fome, e os que, a contrario, muitas vezes, desfalecem de fastio. Ora, om outro, 6 preciso ovitar o langor. Para isso, o Espi icae ras santas, para que elas venham saciar a nossa fome has passagens mais obscuras. Mas, de, quase nada sobressai nessas obscuridades que nao esteja mais, SINAIS ASERE Graus na ascenséo espiritual O temor de Deus ¢ « piedade 9, Antes de toda e qualquer coisa, ¢ preciso converter-se temor de Deus para conhecer-Ihe a vontade, para (0 ordena busear ou reje) la pie: na. Seja ans de nossos vieios, seja quando, incompreendida, nés nos es de julgar e ensinar melhor do que muito melhor ¢ mais verdadeiro o que esti escrito ali, ainda que Aciéneia e a fortaleza 10. Depois desses dois graus do temor de Deus e da pieda- se ao tereeiro, o gran da ciéncta, justamente so- bre o qual eu me propus escrever nesta obra, Porque é nes- segrau que se hé de exercitar todo o estudioso das divinas rosa, emt Le caliiome do int Augustin, 22 93 PRECISOES PRELIMIN: ‘serituras, com a intengdo de nao encontrar nelas outra mais do que o dever de amar a Deus por Deus, e ac pré- ximo por amor de Deus. A este com todoo toda nnte; ao préxime como a si préprio ignifica que todo o amor no préxi de referir a Deus. Desses dois preceitas, tratamos no livro anterior, no qual falamos sobre as coisas (de rebus). ites de tudo, cada um verifique, ao estu- se se acha preso ao amor deste mund Deus e do préxim Bseritura Entio, na verdade, o temor que o faz pensar no jufzo qual nao se pode sendo crer € tar & autoridade dos Livros santos, obrigam-no a cho- rar sobre si propr Essa ciéneia que leva a santa esperanga nao torna 0 hhomem presungoso, mas antes ofaz su diligontes euplicas, a consolagae do auxilio divino, para que nao eaia no desespero, Desse da Bscrit aentrar no fortaleza, pela qual se tem fome e sede se de toda ale- 8 artando-se de- dirige-se ao amor dos bens eternos, isto 6, da vel Unidade que é a ‘Trindade, idéntica a ela prépt O consetho, a purificagdo interior ¢ a sabedoria .s ohomem — 0 quanto Ihe foi possiv etho, fundamen- das im inferiores. Ele se exercita espe que eles véem & Deus, a medida que morrem para este séeulo. Contudo, & medida que vivem para este séet divina comece jéa mostr: vel, mas também mais agr: preciso ai ode vé-lo “em enigma eer espelho” (1Cor 13,12) nto peregrinamos nesta vida, eaminhamos que nos sa conversacao seja com 0 céu ( Quem chegou aeste gi ficado, tao si e de agr homens, nem com o fim de evi- tar os mil aborrecimentos que tornam infeliz esta vida presente. sétimo € dltimo grau onde go: em paz.* Deus graul se ha de chegar a sabedoria. caPiTULos Os livros candnicos 12. Voltemos a consideragao do terceiro grau (a qual me propus tratar especialmente, conforme as luzes seri, em primeiro Ingar, oqueas tiv tegralmente ¢ delas tomado conheci nento, se ndo quanto ao sentido pleno, pelo menos quan- se, bem entendido, dos livros chamados candnicos. Porque os outros, cle os ler s instruido na f da verdade. Evitard assim que esses escritos se apode- rem de seu espitito débil, prejudicando-o com perigosas falsidades e trazendo-lhe idéi ‘compreensio. Quanto As Eserituras candnieas, siga da maioria das igrejas catélicas, entre as quais, sem dii- ida, se contam as que mereceram ser sede dos apdstolos e receber cartas deles Eis o método que se hi de observar no discernimento Escrituras candnicas: os livros que sao aceito aceitos por algumas. Por outro lado, entre os livros que Igumas igrejas nao admitem, prefi para tdos us eutzes done SINAIS A SERE! A lista dos livros candnicos 13. O cdnon completo das Sagradus Bscrituras, se referom as consider vwro de desus, filho de Nave (Josué) e um dos Juizes; livrinho intitulado Rute, o qual parece perteneer ao come- coda historia dos Reis; segu -a gue contém o desenvolvimento das n dos acontecime tras hist6- rias de tipo diferente que 1 ordlem dos acontecimentos anteriores, nem se relacionam entre si, como os livros de «6, de Tobias, de Est Judite, os dois livros dos Macabeus ¢ os dois de tes parecem seguir antes aquela histéria que suspensa com os livros dos Reis ¢ dos P os Profetas, os Salmos, tres de Sa um Ga Sabedoria e 0 outr Ao atribuidos a Salomao por certa semelhanga com, , como mereceram atoridade (candnica), devem ser con: icos. Os livros restantes ente chamados dos Profetas. Doze sao esses, vros, correpondendo cada qui conexos e nunca foram separados, sa0 contados como um 6 livro. Eis © nome dos profetas: OsGias, Jot i 5, AgeU, ¢ Malaquias. Em seguida, os quatro livros dos 9 Evangelho segundo so Ma- teus, sdo Marcos, sfo Lucas e so Joao; as quatorze car- na aos Romanos, tos, uma aos Gdlatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, salonicenses, uma aos ( , uma a Tito, uma a Filémon € uma aos Hebreus; ossenses, duns a B, NECESSIDADE DE CONHECER AS LINGUAS Directivas para o esi 14, Bm todos esses live mens tementes a Deus, ¢ ap a vontade de Deus. A primeira observagao a ser feita quanto a essa resa €, como ja di mento dos Livros santos. Se, a pri apreender 0 sentic nfiar a memi forma, nunca ignorar por com vras. De tod abundantemente, quanto maior for a abertura do en- tendimento de quem busea, visto que nas passagens que a Escritura oferece com clareza encontran dos os preceitos referentes ranga a caris ro livro. oeerta fami scrituras, devemos prose; obscuras em vista de as esela- 1d tomando exemplos de tex 5 4 de se desaparccer Em todo esse trabalho, a meméria é de grande valor pois, se ela falta capt O obstéculo dos signos ignorados 0% animal que se costuma chamar por esse nome e, disso, entenderemos que se alude ao pregad informe Necessidade do 16. Para 0 grande remédio é 0 eo cedores da lingua latina, a quem pretendemos instruir icdes latinas Thes traga alguma divida. Na verdade, encontramos muitas vezes nos Livro santos palavras hebraicas nfo traduzidas. Por exemplo: , aleluia, raca, hosana © muitas outras. Algumas or certo, ser tradu: 4 autoridade muito santa, foram conser- ido as expressoes acima citadas: raca ¢ grito de indignagao © hosana grito de ale Nt DE DE CONHECER AS LINGUAS. Com efeito, podem ser contados os eseritores que tra- anairam a5 Bs grego. Contudo, sao ncontaveis os que as traduziram do grego para o latim. Isso porque, nos prime s da fé, qualquer un que tivesse em msios um eédiee grego e presumisse pos- hecimento de uma lingua e outra atr capimuLo 2 Ges, contudo, tem sido mais ajuda do que obstdeulo A compreensdo do texto, isso a0 se igentes. De fato, 0 exame de nuitos oddices, com freqtiéncia, esclarcee certas frases obscuras. Por exemplo, um tradutor do profets, ‘Nao desprezes s de tua casa, nascidos de tua raga” (Is 58,7), enquanto outro diz: "Nao desprezes a tua carne”, Os dois ¢ um se expli- cando pelo outro. Porque a palavra “carne” podera ser cada um se jul- lado, poder-se-ia tomar a expressao: “os membros de tua figuradoe, dois tradutores, o pensamento mais provavel a nos vir ao espirito serd de af estar um preeeito que nos manda » ‘prezarmos 08 irmsos d nossa raga, tomado no sentido préprio, Assim, se referit- mos as palavras “membros de tua casi, naseidos de tua se ado os nossos irmaos de raga que se apresentarao a nosso espitito. SINAISA SEREM INT ETAL 103 NECESSIDADE DE CONHECER AS Tal é também, a meu parecer, o sentido desta ssse eu de carne, pi sto ¢, para que eles préprios tenham tam- do salve engana-se também, 2 maior parte das riginal. Por cer bem uma expressao, ele a traduz dando: 10 judeus de “sua earne’ te frase do me por um hagid compreendereis” e por Bis ainda outro erro tendo a mesma origem. ee kos signifien novilho, Algans preenderam que m intagoes” e nao “rebanhos". Esse erro invadiu tantes eddices, que se en« Apa siste na visAo sempiter nta como. ci ite, nesta espécie do berco minha outro modo. E contudo, o sentido é cla ciao contexto. De fato: “As planta carao profundas raizes” (Sb 4,3) é mais convenientemen- tedito do que “rebanhos”, que andam com suas patas sobre , a tradu a visdio de que ela nao passard, mas qu eternamente. $6 quand purificada é que a nossa s ® por isso que um tradutor disse: “Se nao crerdes, ndo compreend “Se nao crerdes, no permanecereis” "tse texto o6 ce encanta na verzo dos ve qu entide de uma, mesma passagem quando muitos autores intentam inter- ¢ discernimento. Seria preciso cotejar com 0 proprio original a sentenca tanto, para conhecer 0 sentido exato é preciso nde foi traduzido para ol igurada a ater-se & Muitas vezes, , para o latim, caso se queira conservar costume dos antigos oradores latinos. ‘Tais gies, por vez0s, so traduzidas de modo a nao ser m gua com auto Assim, por exemplo, aquele que procura o real conhecimento das coisas, nada interessa que se diga rismo, a nao ser o fato de escrever uma palave com las de modo diferente do os que antes de palavra longo ignoscere (perdoar), se a pemiltima silal ou ¢ breve, cessiban dos erros de linguagem 20. Entretanto, os homens mostram-se tanta mais cho- cados (sobre ess i quanto mais sio ignorantes, E sdo tanto mais ignorantes, q no orgulho, submete 0 espirito ao jugo do Senhor ie mal faz para quem a compreende, que esta frase (do livro dos Numeros 13,20, sobre os aa) assim esteja redigida: tam?” tencer a uma lingua estranha do que t roti Ha também uma palavra e antes per- duzir u rar da, n floriet sansctificatit ntidade) (Sl 132,19). * por “florebit " conjugagdo) néio altera nada o sentido. Entretanto, um ouvinte instruido pre que o termo fosse corrigido e que nao se di Ora, tal correcao dos eantores Por outro li siderados despreziveis p ‘Ag pensamento. ‘Nao sucedi smo com aquela passagem do Apés- tolo: (Cor 1,26) (0 que 6 loucura de Deus é os homens, ¢ 0 que é fraqqueza de Deus é mais forte do ue os homens, Se quisessem conservar a construgdo gre- 1 atencdio do leitor vigilante certamente iria a verdade 3S que nao querem ser infiéis SUNAIS A SEREM INTERPRETADOS 308 Ula idéia. Seria dito: “Quod stu! hominum et quod infi est Dei fi (no genitivo plural). Contudo, um espirito mai 10 compreenderia evisa aly errada. Porque tal construcao nao somente é erronea em é tio grande a forga do habito que, mas presta-se : da a0 se tratar de aprender, gue a loucura ea za dos homens sao mais sabias : 8 8 s de mulas profanas © con: ‘do quo diante de certas expressées que escutam nas Es. capiruLo as ras e expressdes desconhecidas Sobre os signos a ‘Tratamos, por enquanto, dos signos desconheeidos, os tradugdes para o latim, a fala ha de to, 0 que faz vacilar um leitor é uma palavra ou uma ex- ser preferida as demais, porque é a mais precisa nas pa- pressdo ignorada, Se pertencerem a u1 ia estran- lavrase an se bre is clara nas sentencas, ‘gir qualquer versio lati vershes gregas, entre as quais, se ha de re- 20 aso tenham tempo e capaeidade para tanto. Resta ainda Antigo Testamento, goza de 0 recurso de confrontar as versdes dos varios tradutores. dos Setenta.” Se, porém, as palavras e expressoes desconhecidas fo- rem d reconhecé-las pelo habito de ouvielas ou lé-las. Essas pala vras ¢ expresses devem ser, mais doque quaisquer outras, confiadas com cuidado & memdria. Isso, a SINAISASEREM INTERPRBTADOS Jé € tradigao nas igeejas mais eélebres, mse atreveria a com- post tho em comum para chegar & unanimidade de pensamento ¢ expressées, seria eonveniente 4 tro intérprete sozinho, qualquer fosse sua ha- bilidade, tentasse reformar 0 consenso de tantos veisdautores? Port que nos exemplares hebraicos se encontre algo distinto do que os exereve jalgo que se dev: soja por motivo religioso, seja por inveja. Portanto, pode ‘a tenham traduzido do modo como o Espirito Santo julgou convenient para isso 0s moveu e fez. de todos eles uma s6 boca, Entretanto, como ja disse anteriorment é instil, por v ra esclareeer 0 sentido, a confronta- ao com aqueles tradutores que firmemente se apegaram averter ao pé d ‘Assim, os e6dices latinos do Antigo Testamento, como bi dito no inicio, devem ser corrigidl houver algo duvidoso nas diferentes verses latinas, nao ine devem ceder aos exemplares gregos © obretudo aos que se encontram nas igrejas mais doutas capine Vantagem do conhecimento dk 23, do al, ou pelo estudo das lin- natureza das coisas (cf Senhor mandow lavar 0 1s com 0 lode feito e sinua mistério profundo (09,7. gua deseonhecida (Siloé si grande significagao teria fieado na sombra, Igualmente sucede com muitos outros nomes di no foram explicados pelos autores dos se deve duvidar d 's, seria de grande valor e serviria de ajuda aprecivel para serem resolvidos enigmas das Bs- crituras. sINaIS. asi C, UTILIDADE DO CONHECIMEN' DAS CIBNCIAS, ARTES E INSTITUIGOES air Conhecor a natureza das coisas ‘Senhor ao nos mandar ser prudentes como a serpent Isto 6, de or que nos perseguem, de p1 Assim, nao deixar morrer ei ‘TO tel (Mt pO aos 8 expor nossa cabe dades da serpente nos esclarece muitas comparacées que sticas de outros igualmente faz mengao, m entend € produzido pela ignorancia portas a compreensio. Lcompreent pela pomba em seu regresso & area (Gi a paz perpétua, ao estudarmos que 0 contato or | Arvore da oliveira esta quido estranho e que a prépria sempre coberta de follias, conhecerem 0 hissopo, nem a virtu de que ele posse ficar os pulmdes pelo fato de se ar ser erva mitidae rasteira, so pazes de eompreender por que esta dito: “Tu me borrifa- hissop 1 O simbolismo dos niimeros 25. A ignorancia dos ntimeros também impede com: perguntar o significado do fato de Maisés 0 Senhor terem jejuado por quarenta dias (Bx 24,18; IRs 19,8; Mt 4,2). Ora, esse acontecimento ps bblema simbslico que 86 6 resolvido por exa atento des: bas crENCLAS: fimero 40 quatro vezes 10 e, como que envolve 0 conhecimento de todas as coi cluidas no tempo. Pois 6 num ritmo quaterndrio ‘ossegue o curso do dia e Div espacos horarios da manha -dia, da tarde e da © proprio curso do tempo ensina-nos a menosprezar ot a desejar a eternidade, Por outro lado, o mtimero 10 a o conhecimento do Criador e da criatura, pois lore 7, a criatura, conside- corpo. Com efeito, na a 1s que levam a amar a Deus de todo 0 a alms rrito (Mt nie, este miimero move-nos @ cadéncia do tempo. Isto é, voltando quatro ivermos na castidade e na con vezes, adverte-nos para tinéncia, desapegadk creve-nos jejuar quarenta dias. Eis 0 que nos exp munho da Lei e dos Profetas, entre esas duas personagens, sob os ollios dos tré pulos tomados de espanto (Mt 17, Em seguida, pode-se perguntar, do mesmo modo, como do miimero quarenta vem o mimero cinquenta, emi costes (At 2). B ainda, como esse ntimero eingiienta mul- cado por trés por causa das trés époeas: aquela antes , a época sob a lei e a sob a graca; e somando de inente a mesma Trindade, refere-se dak modo ainda mais e e cinguienta Senhor, sA0 recolhi 24,1. B assim que por vai figuras que, devidk traveis aos leitores. ignordncia de muitos, fi e véu, De fato, acitara, ut guma lei musical que obrigue o saltério constar de dez ordas, esse tao grande nimero de cordas! Ora, na ausén- cia dessa lei, hecer nesse nsimero di com os dez a, seja com acima, sobre 9 numero preceitos que as consideragies que ¢ Quanto a0 msimero relatado pelo Evangelho que de a duragao do templo, isto 6, o nimero quarenta e seis nele nao sei que tonalidade musical. Apl do corpo do Senhor, a propSsito do qual foi feita a 20 templo recons- truido, esse niimero obrigou certos hereges « rec rem que o Filho de Deus revestiu niio um corpo ficticio, rm corpo real e humano. "Bim algarismes: 0x2 160 + 8163, mendou a trés artistas que fizesse, cada qual, trés esta- wra serem postas como oferenda no te plo de Apolo. A condi¢ao era que o artista criador das ido e haveriam de as c, para fazer dom ao ter acrescenta que, mais tarde, 0 poeta anto, nao foi Jupiter que de Apolo. E Varrao jodo hes deu um nome. Por gerou as nove musas. Poram trés artistas que as modela- Tam em grupos de trés. Essa cidade, alias, con rés estitua ti em sonho, nem por terem aparecido em nimero de trés 0s olhos de algum dos moradores, mas porque — e ¢ facil de ser notado — todo som que constitui a base da miisic tem, por sua natureza, trés modalidades: ou bem ¢ emiti- do pela voz, como o emitem os que cantam com a gargan- ta, sem instrumento nenhum; ou bem 0 som é produzido por sopro, como o das trombetas ¢ flautas; ou bem é efeito -a5, tarbores ¢ todo outro instrumento que Se torna sonoro ao ser percutido. SINAISASEREM INTEE Onde how 28. Ques ao 0 que Varrao estamos constrangidos pk mos constrangidos a adotar as vas ¢ ws coisas espirituais. Se assim nao fosse, sequer de veriamos aprender as letras, ja que pretendem ser Mer pagsios dedi 5A Justica ca Virtude, e pr riram adorar nas pedras 0 que er no Cora cao, dev , ac a Virtu. de. Bem ao contrar € verdadeiro cristo hii de saber que a Verdade, em qualquer parte onde se en. contre, é propriedad « da e professada, o fara rejeitar des supers- ticiosas que se encontram até nos Livros sagrados. O bom, eristdio deve lamentar e evitar os homens “que tendo co- nhecide a Deus nao 0 honraram como Deus, renderam gragas. Pelo contrério, perderam-se em vaos arrazoados @ seu coragio insensato fixou-se nas trevas. Tactando-se de possuir a sabedoria, tornaram-s trocaram a gloria do Deus incorruptivel por imagens do homem eorraptiv UTTLIDADE DO CONHECIMENTO DAs CIENCIAS cAPtruLo 20 egorias de eléne 29, Para melhor explicar a passagem do capitulo ante- rior, que é de maxima importancia, diremos que existem jorias de c A Outraé das coisas que eles consideram ja ten tituidas ou que o tenham sido pr Compreende duas de qualquer como as encontrados em formulas magicas, Essas alian- ga rato, cos! mais evoear do que en dar, como exemplo, as argolas dé orelhas; os anéis de osso de av do quedar uma bofetada na crianea inocente que, em sua corrida, jogou-se entre dois amiges que pas- 10 6 mau, entretanto, q 20s, sejam vingadas pelos eachorros. Isso porque, frequen temento, eertas pessoas sio tdi sas que no h jorro que passou entre elas, Nao o fazem, porém, impunemente, pois 0 cachorro » NTO DAS sspirrou ao se cale: plo, que 0 ratos roeram s que, tendo sido consultado por certo ho- jem que desejava conhecer 0 ae tos roido augtirio, sé-lo-ia se, a0 invés, os rates tivessem sido dos pelas polainas, ia da astr @ cimento, gando a posie cada um, esforcando-se por deduzir disso nossas aces 08 oventos de nossa vid cometem grande erro e p barato, penosa eseravidao, Realmente, todo homem que vai eonsultar os tai wo de Marte, Venus, ow qui A estes astros, os primeiros que se ded uiram-lhes nomes de animais, por causa de alguma semelhanca, ou para h homens. Assim, nao é de se admirar quando em tempos intentaram dedicar a gldria e ao nome de Cé que chamamos de estrela-dalva. F talver, tivessem con- seguido que essa denominacdo passasse caso Venus, sua av6, ja ni nome por nenhum dire a seus herdeiros, porque no o poss pedira possut hemos, com efeito, que quando se descobria no eéu 1 ria de algum antigo her6i, apressavam-se, como era tradi- Augusto? € bem facil compreender que, andes de poder régio ou da préj de qualquer forma que venham a dos, permanecem astros criados, \dos e queri por Deus, cujo movimento fixo serve para distinguir & minar 9 tempo. E moviment dia do nascimento de cada pessoa, estabelecendo a res- lagdo, segundo as regras que os astrélogos des- a Escritura reprovou-o “Se puderam chegar a tanta eiéncia para che- adeterminar o tempo, por que nao fam 0 Se shoe?” Sb 19,9), caviruno 2 Vacuidade dos horéscopos 33, Querer predizer os costumes, atos ¢ eventos, basi do-se sobre esses tipos de observagdes, é grande erro e desvario. Alias, pode-se refutar essa s a08 pré- prios olhos dos que a assimilaram ca transmitem. O que sao, por exemplo, a8 suas “constelagbes"a nao ser 0 as- pecto @ a situagao dos astros no momento do naseiment de uma erianea, sobre cuja sorte sao consultades esses infelizes por outras pessoas ainda mais infelizes? Ocorre- ri, por exemplo, que dois gémeos saiam do ventre ma- a um do outro, que r intervalo de tempo para fixa poucos gemeos nascem sob a mesma e identica constela- cao. Ora, as suas agies e os seus eventos na vida sao 0 quando n . 1 que segurava com a méozinha o ealeanhar do irméo, Certamente nao diversos os costumes deles, suas agos éxitos, natural, inclusive por causa da velocidade altissima dos 1 tenha tanto va. gue ack ue Poder atibuir tanto a Jac como a0 irméo — que Portanto, inclusive as opiniges que se presumiram duzive guns sinais reais sio para se computa: vem no rol dos ajustes ¢ aliancas com os deménios. Razdo do reptidio dos horéscopos 35. Porque, por oculto designio divino, acontece que os nens cuipi donados ao esearnio ¢ ao ludibrio, como merece sua von- tade: esearnecem deles os enganam os anjos preva- coisas, foi entregue, por leis providenciais, esta parte mais baixa do universo, B pelos seus es nos, a neste plano de adivinha ciosas e perniciosas os astrélogos anunciem muitos even 5, 08 qu dizem. Sao fatos que se desenrolam segundo as obser- te nos adverte que fujamos desses atos culpados, como fruto dos professores de mentiras, mas vai até dizer: “Ainda que aconteca 0 que eles vos anuneiaram, nao ereiais neles” (Dt 13,1-3). A sombra do defunto Samuel s6 profetizou coisas verdadeiras ao rei Saul (Sm 28,14-20; Eclo 46,20). Contudo, devem-se exeerar as paginas sacrflegas com que a Pitonisa evocou a ap a0 daquela imagem, E a mulher ventriloqua deu teste- munko certo em favor dos apéstolos do Senhor, confor- 1e narram 08 Atos dos apéstolos. Contudo, lé-se que 0 apdstolo Paulo nao poupou o espirito que nela falava, e corrigir e expulsar od yurificando a mulher (At 16,16-18) ps vu DE DO CONHECIMENTO DAS CIENCIAS Os pactos com o demdnio 86. O evistao deve ropudiar e fugir complotament a supersti¢do mal baseada sobre entre homens ¢ deménios. felici 6 quase no engano. Disse 0 a. Mas quero que entrois ménins” (1Cor 10,19.20). O que o 10s e dos sacrificios ofe isso mesmo se hai de imo; fun: dos bens temporais vatrinas deste género, sociedade com os de. \eipe, 0 diabo, nao buseam outra ¢ fechar e obstruir a estrada de 0 retorno, Mas nao é somente aos astros oriados e dirigidos 10 Senhor que os homens emprestaram essas vas iraram também de diversas operacoes natureza e acont: tos rares permitidos pela divina Providéncia, Quiseram até em seus escrites submeter a tais fendmenos extraordinarios de que yram testemunhas, como o fato de uma m um objeto ou uma pess: a ter pari- +r sido fulminada por JINAIS A SEREM INTERPRETADOS 14 c O valor dos sinais magicos 87. No fundo, todos esses sinais valem o que a pretensao fir sao observados por possuirem em si préprios alum va: lor magico, mas porque os h es de ngiio e atribuiram. sa significagao, e desse modo eles ad- aquiriram tal valor. Apresentam-se diversamente 0p soas di as suas opi ntencio le 10), e ou- 100). Iss0 nao plos: a letra X, que se que lhe assinal I significado, Port e as duas, se quiser dar a entender algo a ‘um grego, nao usaré a letra X com a mesma significagdo de uma letra, enquanto para os Edo mesmo modo, quando digt sgrego com essas duas silabas e outra o latino. ‘Logo, todas essas signifi forme a convengio dada pela sociedade de cada um. E por ser diversa a convengao, elas motivam diversamente E note-se que os vem porque esses si- nais tenham valor de significagdo, mas porque foram eles 2 UTILIADE D0 CONHECIMENTO DAs CIENCIAS qa tece com os sina gai com os quais ge estabelece un ns ritos dos agou de se curvarem & sua observancia, ou depois de os terem observade, nao se preocupam mais com cles. Por exem- seus gritos. E que esses doo CAPITULO 26 As instituigées humanas 38. Apés ter cort superstigaes, 6 preciso examinar as instituigdes huma- nas ndo-supersticiosas, isto 6, as que no estio estabele- cidas em pacto con Com efeito, todas as instituigdes que tem algum va- Realmente, as m dangar nao teriam sentido por sua prépria natureza, mas o tem pela convengao e eonsentimento dos homens. Outeo- +a, em Cartago, quando um pantomime daagava, sm apre- s lembram-se ainda desse por imos contar. B neles devemos erer, significado dos Restos dos atores. Se alguém entrar no is manciras, tais s tre os homens sentido determinado, se nao lhes for dado nan ido. Contudo, todas essas instituigses humanas sao supérfluas, a nao ser que um interesse s pelo motivo, lugar ou tem- po ou ainda pel De igual modo, em relacao as mil fébulas também sao instituigoes humanas. Na verdade, n: ha de julgar mais préprio A natureza do homem do que esas f Ha, os homens a plo, as vestes e os eas dignidades T e so vantajosas e necessiirias. Por exem- dornos, visando a di contam, tu nimeras categorias de signos expressivos s os quais a sociedade humana nao poderia om absoluto, ou dificilmente, ter relaci Aeresconte 05 signos préprios a cada cidade e povo, em tudo o que se parte de instituigoes humanas que so con- venientes para as necessidades da v E m ao con: a medida de suas precisies, dedicar-se a seu cu! primento e aprendé-las captreto at 40. Algumas deasas instituigdes, é verd tar e detestar ‘A essa categoria pertencem também os signos que valeram aos que os aprende- ‘Todos esses conhe- ieito adquiri-los. Bles na i cam jevam ao relaxamento pelo luxo. ‘Todavia, sob a condi¢ao de que nos entretenham sem tra- os bens su quais cles devern ajudar-nos a adquirir deradas como tencem aos si mas por is, outras ao entendimento, om 42. Todos chamada histéria nos ofereve sobre o sucedido nos tempos passados nos sio de grande ajuda para e: da autoridade dos evangelhos, que quando Jesus foi bati- zado tink a menos trinta anos (Le 3,23), Mas em . qhantos anos ele viveu neste munda, s6 pode. mos estabelecer pela seqiiénein de seus atos. Mas para Aparecerd entao que n quarenta e seis anos. Isso ole se referir & disposicao secreta 0 humano do qu 0 Filho unico de. de Plato. F 0, pois nao se pode negar que Plat estudado a histe oes, constatou que Platdo, contemporaneode Jeremias, ti momento em como mat sido instruido em nossas Escrituras por Jeremi nsinar e eserever as coisas que com jus teza se louvam em seus escritos. De fato, anterior aos livros do povo hebrew nos quais resplandec anto, ex; 1 que Plato e Pitégoras to- SINAIS 4 SEREM INTERPRETADOS maram de nossos livros tudo 0 que de bom e verdadeiro o ter tomade de hor Jesus Cristo , seria lou A historia ane de instituican h 44. Ainda quando na narragao histérica se discorra tam- bém acerea das instituicoes humanas passa a entre as, oes humanas. Isso porque as eo das na ordem dos tempos, dos quais Deus é 0 criador e 0 proveitosamente os fatos, Os livros dos ardspices, capiTuLo a0 @ feitigos e propriedades naturais que faz, conhecer ao das mas as presentes. A esse género pertence tudo o que is. JA tratamos anteriormente nero de conhecimentos, e ensinamos que ele aju- da a resolver as dificuldades das Escrituras, que tal conhec médios ou instrumentos de supersticao. Ja distinguimos ar vm DANE DO CONHECINENTO DAS CIFNCIAS © emprego supersticioso deste outro a que me refiro ago erva triturada nao teras doves abdominais. E outra coisa ue 6 dizer: Si a feitigos, invocagies ¢ signos mégicos, pode-se muitas ve- zes duvidar Se lo de os remédios serem ligado o corpo ma ligadura anto maior cut sante é verificar-se a intengio com que cada um os em: ega, Se a. Por certo, muitas pessoas conhecem o curso da Tua que serve para determinar a celebragio solene do aniversério da paixao do Senhor. Mas nao se dé o mes- m 0s outros astros. Poucas pessoas conhecom, ex tamente e sem erro, o despontar ou o declinar deles, ou rutro movimento de pr- prio, esse conhecimento, se bem que nao implique ne- mhuma superstigtio, 6 de ajuda pequena ou quase nula SINAIS A SERE “AOS bam) \itil fonsae do esp' ‘tém estreito relacionamento com 0 té-la como menos Contudo, al agao das coisas presen- tes, a astronomia tem certa similitude com a narracio das coisas pa Isso p io me mento atuais dos astros, pode-se chegar sem vacilaedo as suas fases precedentes. A astronomia em tais pro delirios, mas reservar esse es! sa ciéncia, a astronomia, no que se refere a seu emprego, As artes mecén 47. Existem também outras 2 bricagao de alguns objetos, Em casos, tal objeto sub- siste depois do trabalho do © caso, por exemplo, de uma casa, um baneo, um vaso e de outras muitas coisas 's que tom por meta a fa cmmnanr INTO DAS CHENCIAS, semelhantes. Em outros casos, o operador serve de instru. mento & ago divina, E 0 easo da n agricultura sm outros casos, todo o efeito reduz-se & acao B preciso, portanto, no curso desta vida, tom nhecimento dessas artes ligeira ¢ rapidamente, nao para as pratiear, a menos que algum dever nos obrigue a isso —nesse respeito nao tral neste momento scid-las € nao ignorar por completo o que a Bscritura pretende insinuar quando se serve de ¢ iscorrermos sobre os conhet ‘vos nao aos sentidos do corpo, mas & razdo ou poténcia intelectiva da alma, entre as quais reina a ciéneia do ra- jo. Aciéneia do raciocinio ¢ de muitissimo valor para penetrar e resolver toda espécie de dificuldades que se apresentam nos Livros santos, S6 que se ha de evitar 0 desejo de s (libido rizandi) ¢ certa ostentagao pueril de enganar 0 adversario. Com efeito, hit muitos ra hamados sofismas em que se tiram conclusdes falsas, tao parecidas com as verdadeiras que, na maioria das vezes, enganam ndo 30- fem que estat cada 6 odios Pode ser considerado sofisticado um discur- 80, ainda que no pretend 1s que procura as de expressiio mais do que a gravidade do pensa- usa de linguagem sofisti- mento. mo modo, ha conelasdes | deduzidas de um rac’ as quais nfo neipio pronun 1. Entretanto, um home: risto ressuscitou, existir a ress: conclusdes por serem falsas, a conseqiléncia s e entr conclusdes verdadeiras, mas também entre fei posta em formulas por eles, para poderem aprendé- turalista que nos faz ver a situagao das regides ou a na- tureza dos anim: e das pedras nao nos ssereve algo feito por ele ou por outros homens, O astré- rnomo que nos fala sobre os astros ¢ seus movimentos nao nos de ad . di-se o mesmo com quem diz: “Quando o conseqtiente € falso, 6 necessario que o antecedente 0 seja”. Diz o foi ele quem assim estabele: cou. Contenta-se em constatar, cedente ¢: aqueles cujo e wsequente suscitou”, Ora, esse conseqiiente sendo falso, 0 ante- “Os mortos ‘inio de Paulo: “Se nao ressurteic&o dos mortos, o proprio Cristo, néo ressu: mesma das sentengas. conelusdo. Contudo, em proposigoes falsas, a justeza do civcinio pode seguir a forma seguinte: suponhamos ue alguém accite esta proposiga 6 ani al, possui voz". A proposi¢ao estando admitida, ¢ me-se 0 conseqiente. Isso leva A supressao do anteceden- Fssa cone admitida. Aretido dew passo que a verdade de um raciocinio depende de quem er@ ou do que admite o interlocutor. sa é deduzida em um raciocinio justo. Tss0 serve para alertar do erro a quem queremos vorrigir. Qu le 5 deve ser rejeitado, como acabamos de ver. sentencas falsas Por certo, tod UTILIADE DO col ENCIAS Portanto, é fa , que de -adas conclusoes verdadei- FAS ©, po tiradas con nos que alguém tenha e1 needido, nao 0 €. Isso porque, Se a supress quente implica necessariamente a su dente e, cont sao do antecedente esta: "Ora, ele nao é 0 Je ndio é homem". cari aprende-se 0 qt camente eo que repugna a razao. A dedugaio logi- Se ele é homem, 6 orador”. E a dedugao que repugna & o: “Se ele € homem, é quadriipede”. Até aqui, ju silogismo). Ago sobre a veracidade das sen- lengas ¢ por elas préprias e nao por seu que é preciso julgar. Contudo, quando sentengas incertas estiio ligadas em um justo racioefnio SINAIS ASRREM IN’ 138 ‘ariamente elas se tornai verdadeiras e certas, neces também certas. ha pessoa va a ldgica com retidao, come se vozes 86 8 veracidade das sentengas, queixam-se sem ra- de ignorarem as leis do racioeinio. Entretanto, vale vristo nfo ressuseitou” ressurreigao do: istinguir dizendo: Ha duas e cies de falso. Uma corresponde as coisas que absoluta- entretanto poderia existir. Dizer com efeito: ;cIMENTO D ra ser. Mas dizer: “Choveu nas calendas Apesar das tituigao dos homens que uma exposi¢do agraddvel arraste o ouvinte; que uma nar ragio breve e clara insimue f 1elos homens preceitos verdadeiros em prios, ernas verdadeiras, a medida q) desejé-lo ou, a0 contrario, eviti capfruvo 38 Pouca utilidade das regras da retérica © da dialética 55. Ao aprender a retorica é presstio do que se entende preender oque se igmora. No entanto, SINAISASI MNTE que ensinam as regras das conclusdes, definigdes e clas: ajuda poderosa pi porém, sob a condicao de afastar o erro pelo qual os ho- s regras jd esto de as quais aprenderam tais normas do que entenderem essas normas complicadas ¢ fastidiosas. KB coma se al gue se 4 ons andam mais facilmente fazendo esses movimentos do que se dando conta, ao fazé-lo, ou entendendo as regras explicadas. Quanto aos que nao podem andar, cles se preo- pam menos ai m. esses prinefpios, 0s qua tom possibilidade de aplicar. Assim, um espirito arguto vé freatientemente mais depressa 0 erro de uma conclu- siio do que per raciocinio. O mais lento nao pereebe a falsidade da conelusio, mas, muito menos aind 5 a esse respeito. Em todas essas artes, pois, o espetaculo d deleita-nos mais do que nos ajuda na diseussdo ou no julgamento. As regras ‘ea podem, 6 verdade, tor- nar 0s espiritos mais exercitados, a ndo ser que nao os faca também mais maldosos e orgulhosos, isto 6, levados oso que os to e inocentes. a supe 's outros homens, bons Mi UTTLIDADE DO CONHECHMENTO DAS CIENCIAS caPITULo a9 56. Quantoa ciéneia dos nui s espiritos, inclusive os mai prazer, fazer que trés vezes trés 5: que nove nao possa formar um quadrade; que esse mimero conte um numero inteiro, ja que os ntimeros da geometria, \s sempre tem regras imutaveis, que nao foram de modo algum inven: ens, mas sin descobertas pela sagacida- de de espiritos engenh Ser sdbio é tudo dirigir ao louvor de Deus quem ama essas ciéncias na intencao de se vangloriar diante dos ignoran- tes, em vez de procurar de onde procede a verdade das ede onde proce- de nao somente essa verdade mas ainda a imutabilidade algumas d le chegou a compreender se- rem imutaveis, fodo aquele que subindo, assim, do mero aspecto dos corpos a inteligéncia da mente ao encontrar: S.A SEREM INTERPRI Dos i nte mutivel — pois por vezes ignorante —mas que entretanto est a de imutavel que se encontra ai as coisas mutaveis que se encontram abaixo, esse ir todas ¢ de quem percebeu que procedem todas as coisas — poder parecer douto, mas de modo algum s la € douta e por vezes captruLo.0 Sintese das recomendagdes ao intelectual cristéo 58. Pel exposto, arrisquem sob o pre se dediquem temerar das que se pr examinem com esmero e diligénci alguma doutrina de inst vido a varias intengdes de seus promotores, ¢ ademais pouco eonhecidas por ea viam, ¢ sobretudo se encontrarem ess nas asso- ciadas aos deménios por meio de uma espécie de pacto ou convengdes fundamen ropudis-las e detesta-las por completo. Que se afastem também do estudo das doutrinas institufdas pelos homens se forem supérfluas ou de puro luxo. Quanto as doutrinas estabelecidas pelos homens, que servem para a convivéneia da sociedade, que nfo se exigir a necessidade d Em referéncia as demais ciéneias que se encontram ent us UEILIDADE DO CONHECIOENTO DAS CIENCIAS Apologia das nomenclaturas . Alguns eseritores tr 0s termas e nomes proprios hebraic qualquer , sirios, egipeios & ngua que puderam encontrar nas Sagra- interpretacdo. B 0 que fez Historia, para resolver as dificuldades esenta vvros. Assim o fize nalidade de que o eristao nao se visse obrigado a ros campos, caso para esse empreendi- lago em um volume, com a explicagao 20 tua, Alguns desses trabalhos, ou quase todos, ja se en- pela multidao de displicentes, seja de invejosos, estao bm fica SINAIS A SEREM INTERPRETADOS quais falaremos mais adiante, de preferéncia a thes dar conhecer os signos a respeito dos quais tratamos pre- sentemente CAPITULO A Pertence aos cristdios tudo 0 que os pagtaos disseram de bom e reivindiquemos essas verdades para nosso uso, como 16m que retoma seus bens a possuidores injuste De fato, verificamos que os egipeios nao apenas pos m pesados hebreu devia abominar e fugir, mas sos € ornaments de ouro € prata, assim como quanti- \de de vestes. Ora, o povo hebre ro Pegi apropriou-se, sem alarde, dessas riquezas (Ex 3,22), na (Bx 12.85.86) E 0s egipeis Ik » esses bens, dl Ora, dé-se 0 mesmo em rel uso, lacdo a todas as doutrinas horror, Mas 10s, deve rejeitar e evitar cor eles possuem, igualmente, artes liberais, bi das ao uso da verd ale muito titeis. E quanto av culto do tramos nos pagiios algumas coisas ver es, Nao foram os pagos que os serviga do deménio, Quan pela inteligéncia, dessa do-se tornado cristao, deve aprov , em justo uso wvel sociedade paga, ten- ar-se dessas verda tho. Quanto belecidas pe as As necessidades de uma so amana, da qual no podemos ser pri- vados nesta vida, ser permitido ao cristao tomd-las ¢ Exemplo dos santos Padres da Igreja 5, que outra coisa fizeram muitos de nossos bons s sobrecarregado com ouro, prata, ve tiradas do Egito, Cipriano, esse doutor suaviss no & beatissimo martir? Com que quantidade, Lactancio? E. sem citar os que vivem ainda Victorino, Optato, Hi SINAIS A SFREM INTERPREM em primeire lugar, o elias +, Moisés, instr is cioso dos gentivs, sobretudo no tempo em que, repelindo 0 jugo de Cr scxguia os tos, nao teria nunea dado, para que tossem das por todos estes homens, as douti vam que esses dons passariam. fato narrado no Exodo é, sem ditv simbs isso impeca, lor ou taivez ainda gue alguém, preparado desse tudo das divinas Bserituras, comega a pers- crutéclas mais a fundo, hé de co rito @ recomendagao do Apéstolo: “A. ifiea” (1Cor 8,1), porque sentir qu sar de ter saido do Rgito, se nao celobra poderd se salvar. Nossa Péscoa é Cristo imolado. Bessa imolagao de Cristo nos ensina o que ele préprio nos diz em alta voz, como a homens que vé penar no Bgite sob 0 Jugo dos farads; *Vinde a mim todos os que estais eansa. dos sob 0 peso do vosso fardo € eu vos darei deseanso, ut UTITIDADE 0 CONHECIMENLO DAS CIENCIAS ‘Yomi sobre vos o meu jugo © aprendei de mim, porque areis desi isos e humildes de coragao, aos quais a -a? Que se lembrem 2 po celebravam a Pasco: imagem ¢ sombras. Quando receberam ordem de marear sangue do mareados com o hissopo estendidas. Por eomprimento, entende-se o que v. |, onde a partir das mos 0 corpo todo e subindo da transversal parte que, plantada na terra, est escondida, Neste sinal da cruz, encerra-se todo o programa de ago do wer o bem, em ranea, esperar os bens celestes e nao profanar os sacra- ments. imento, por eu o Pai, ele por quem tudo foi feito, para que “sejamos plenificados com toda a plenitude de Deus” (FF 3,19). Possui ainda o hissopo forga purificadora que impe- de o pulmo inchado de inspirar orgulhosamente entu- Dizo Salmo; “Tu me borrifards com o hissopoe me torna- iza a purifica regorijar-se-a CAPITULO 43 Aimensa superioridade da Ese LIVRO IT SOBRE AS DIFICULDADES A SEREM DISSIPADAS NAS ESCRITURAS A. COMO RESOLVER AS AMBIGUIDADES EM TEXTOS TOMADOS: EM SENTIDO PROPRIO quanto puder ser instruido por mim — que toda am- bigitidade da Escritura provém seja dos termos toma. | sentido figurado, Sobre essa vro I istingao jé falamos no Li piFtcu Orecw 2 Q Bseritura, a pri tai Ambigi a uma pont: so dis Regras de fé ea Ik juan torna ambigua a ificar se nao es: fencdo, se ainda apareeo inecrto ao estu- pontuar o: ie dois sentidos, ou todos eles, «: resultarem ambi eesti 1rsos sentidos que se mais se harmoniza. omelhor idades di idas é falsa pontuagao remos alguns exemplos. o prim In princpio erat Verbum et Verbum erat apud De Deus erat. O panto tral. Ot & colocado muda o sentido da frase. Porque a conti- pnet hrs da Te rind de da te modo: Et De WD. ignoro: compelior autem ex duobus, co tiam habens dissolv magis optimum: mane FL 1,23-24 A div lados tenho veomente desejo”, ou: “sou solicitado de am: bos os lados”. De maneira que seja acrescentado: “tenho veemente desejo de partir ee sio Paulo prossegue dizendo: “porque isso é em mu claramente que ele diz. que tin! se melhor. De sorte que ao set ambos cessidade: © lade com Cristo © a ne de permanecer na came. Essa ambigtidade resolve-se porque” (enim) que com a simples palavra que segue: 0 se a no texto. Os traduti DIFICULDADES A SEREM DISSIPADAS palavra o fizeram levados antes pela idéia de que a sen- tenga mostrasse que o Apostolo nao somente se sentia solicitado por ambos os ‘mas também senti vejo-me solicitado de ambos os coisas? Porque a necessidade impoe exprime io para Casos de pontuagao facultative Nas passagens onde nem a Regra a ambigiiidade, ito, levando ao ter mo a santificagdo no temor de Deus. Acolhei-nos. Nés a \dido” (2Cor 7,1-2). Por certo, nao se ibe como ler: “Purifiquemo-nos de toda mancha da carne e do espirito”, concordando com aquela sentenca quemo-nos de toda mancha da carne”, a nova sentenca com outro sentido: “Levando ao termo a santificagio do espirito no temor de Deus, acolhei-nos”, Quanto a tais ambigiidades de pontuacao, o leitor julgar melhor. ambigitidades devidas A p cia do | contexto, tor, pela Regra de fé 01 ‘No caso, porém, de nenhum de: @ que nos faz que Deus nao se levantaré © nem Cristo promun oseleitos de Deus tio parecerd exigir a resposta que segue afirmativa: “Deus Assim também com a segunda pergunta "hd riseo do ser respondido: “Je- oeamulo n a seguinte per trem questi ogagdo esta diferenca: & questo, percontatio, podem-se dar miltiplas respostas sscolhides de 1s?” A resposta deve ser dada em tom interrogative Jous que os justifica?”, com posta: “Nao!” Do mesmo cond jguntar-se-4: “Cristo Jesus que morreu! ou melhor: “Que ressuscitou? que est A destra do Pai e modo aquela questo: “Quem acusard os De p qu 38.34) inten técita de ser respondido: "Nao Pi agem oncle o Apéstolo diz: “Que diremos, pois? Que os gentios, sem procurar a justica, aleangaram a justiga!”, se a resposta niio for afirmativa, queneia do texto falta 31). No entanto, com qualquer tonalidade de voz com que se pronuneiem as palavras inael: “De porventura sair coisa que seja boa?” (Jo 1,46) afirmativo, pondo a interroga¢o unicamente nas palavras: De Nazaré?” se pronunc’ da, em tom interrogativo, eu nado vejo como distinguix, por- gue nem um nem outro sentido contr Casos de pronincia duvidosa 7. Podem-se dar também ambigtidades vindas da emis- séo ambigua das silabas e, portanto, igualmente referen- tes A proniineia. Por exemplo, acontece nesta frase da Eseritura: “Co- nheces até meu ser: meu oso que fizeste, em segred itor deve pronuneiar 8 p breve ou como silaba longa. Seele a pi é para se entender a palavra como o singular de ossa @e 09,0 laba lon- investigagao da lin- gus original. No texto grego ndo vem stoma, boca, mas esta posto: osteon, osso. F assim que, na maioria das ve- a linguagem corrente vulgar & nar 0s objetos do que um vocabuldrio literario, Eu prefe- riria que esse versfculo do salmo 138 viesse assim: Non est absconditum a te ossum meum. Cometer-se-ia um bar- a uma palavra vizinha per cente ao mesmo periodo, K ocaso tas palavras doApés- tolo: “... eu vos previno, como ji vos, 08 que possuirao 0 reino de Deus” (GI 5,21). Se séio Paulo se tivesse contentado em dizer: quae praedico vobis, sem acreseentar: sieut praedixi, néo po- ‘ecorrer ao texto original, se no ver bo praedico, a silaba do meio seria breve ou longa ro que é preciso considers-la breve (eu previno), por: cle nao diz a seguir: sicut praedicavi, mas sicut capiruLo4 Ambigitidades devidas & maneira de expressao 8 Dev inadas por este método nao somen- te as ambiguidades jé assinaladas, mas tambés outras que ndo provém da pontuagao ou da prom Vojamos stolo aos Tessalonicenses: Propterea co) in vohis "Por isso, n se 6 preciso entend hos fratres, no acusativo. Por certo, ne 1 Paraiso, fs digam of mesma ortografia para o vocativo eo acusativo. Por Pres évocativo, Ese otradutor houv' da carta aos frat ( precedente). B. COMO RESOLVER AMBIGUIDADES EM TEXTOS TOMADOS EM SENTIDO FIGURADO. seqiténcias de tomar expressées simbélicas da letra , 6 preciso pr 1a expressto figurada. A lados e dos frutos da ter Na realidade, € p ICULDADES A SEREM DISSIPADAS erguer 0 61 1, a fim de enché-lo da luz eterna. des espirituais, ignorando o que esses signos represe: ham gravado em sua alma que corn tal servidao agradavam a0 tinico Deus noad a um pedagogo apegavama com obsti portar o Senhor Jesus que menosprezava esses signos, ter chegado o tempo de revelar o sentido del que se m compensacao, 08 servancia desses signos, que equivalia a estarem sob a toridade gogo. E essa a finalidade dos sig- nos: terem sido impostos temporariamente aos servos. Servin para sujeitar ao culto do tinico Deus, criador do AMIBIGUIDADES... BM SENTID bens e depositar aes pés dos Ay buidos aos indigentes. Consa De imagem terrestre. Lo. Serv a signos initeis LL, Nao esta escrito que alguma igreja dos gentios te isa, [880 porque os get tido por deuses as estaituas feitas por mios dos homens, nao se encontravam tao perto da verdade Se, de vez los pretenderam c derar as suas estétuas apenas como signos, entretanto sempre as destinavam ao culto de alguma efeito, de que serve, por exemp! todo, e até de to 8 que brotam das fontes? As sim desereveu nestes termos — go tenho boa memoria — ‘um dos poctas pagiios’ m sob 0 mar bravio, de tua barba perene corre st 0 vasto oceano, e promanam os rios de tua cabeleira” (autor desconhecido). fina choeal to néio dos hy mar e hon um s6 Deus, eriador de todos os seres. Sa0 0s pagaos que vener: ns ou como signos & ws de deuses. Se, pois, 6 servidao carnal tomar um signo instituido na fh ignifi n ngar d propria realidade, quanto mais o ser tomar sinais de pela propri is, ainda que os ificados com as coisas que signi- ficam ¢ 0 espirito obrigado a prestar-lhes culto, este nao deixaria por isso de carregar nga se nem escaparia ao véu que encobre a realidade. CAPITULO A libertagao dos judeus ea dos genti 1A que ela en. controu submetidos a sinais titeis, mas que, por assim dizer, estavam perto da verdade. Ao interpretar esses si nais, essa verdade elevou-os em diregao a inteligéncia dos mistérios que significavam. Tendo-os libertado, foram coisa simbélica sem aber 0 que ela do tempo da servidao do Antigo Testamenti \da nao era conveniente ser desvend desses signos a espiritos e: estar submetidos a tal jugo. Portanto, ‘as ¢ todas as personagens do povo © Espirito Sant sscrituras, Em nos ‘isto que deviam eles de Israel por q auxilio e consolo das do pela ressurreigio de sr-nos aqueles signos pri ADES A SHAEM DISSIPADAS mitivos, porque agora os entendemos, Poi hor e os ensinamentos d nao mais uma multidao de sinais, mas um mime evlebradas, de ex- limidade a serem compreendidos, ea seri -agao do corpo e alguém os recebe, bem inst 108 com liber- Sen que se referem e, por c erialmente de que signifi- denota debilidade servil; do mesmo modo, interpre tar va e inutilmente os simb cioso. Por ¢ sob 0 jugo da servid desconhecidos sao de sentido propri de nao sentido propris nem a verdade da fé, esta 08 an BS... EM SENT D0 dito que devemos tomar em sentido figurado. A hones tid stumes tem por fim o amor de Deus ¢ do proximo; a verdade da fé visa ao conhecimento de Deus € do proxime, Quanto a esperanca, cada um a tem di creve um ato que repugna ao habite dos ouvintes, ow 08 costumes dos 8 Tgualmente acontece que, quando o espirito jé pos- sui preconceitos e opiniges erroneas, qualquer outra opi- ja Eseritu srada pelos homens, como expresso figurada. Ora, a Bscritura 56 afirma a fé catdlica em todas as coisas passadas, futuras ou presen- tes, E todo esse ensino s6 tem uma finalidade: fortalecer a propria caridade e extinguir a eupidez, JPADES A SEREM DISSIPADAS io de julgamento: a caridade vencendo nento da alma cujo fim é a .€ a fruigao de si dem do tempo. E quando a ignom nae areduzem a certo grau de indigencia que a alm comete delitos. B comete-os para en tos que se opdem aos préprios vicios ou para conseguir Quanto mais for destrufdo o reino da concupiseén- tanto mais aumentara o da caridade ceapirtto 1. Pri da coneupise 0 prinetpio: ¢ 17. Fas € por assim dizer de duro nas palavras ¢ nas ages postas nas santas Eserituras, por conta de Deus ¢ de seus santos, SRVTIDO FIGURADO. ras: a vida eterna para lugar, mas também para o gre Todas essas palavras neupiseéneia, porque ndo qui- Entretanto, quando o reino da concupisca truido no homem em inar, o Apéstolo lhe diz. “Os que sao de Cristo Jes rucificaram a carne com suas paixies e seus desejos (G1 5,24) nessas passagens alguns termos empro- ados metafbricamente, como: a in ne”. Mas nao sao tao numer como esto emprogadas niio chegam a esconder 0 senti- em a constituir alegoria ou enigma, ae que chamo ipriamente de expresso figurada, Quanto a estas palavras dirigi ituo neste dia sobre as u: ios para arrancare is a Jeremias: *V ie8 e sobre os rei mara destruires, para extermina- © para demolires” (Jr 1,10), sem diivida alguma, sao \das elas inteiramente figuradas e devem ser rel as a finalidade que acabamos de explicar. /ADES A SEREN DISSIPADAS: 188 lo prinetpio: vorificar com qi 6 realizada a aga gato 18. Devem ser tomadas ¢ ses figu lavras © agoes pretens leradas pelos igno- antes como inigitidades em referencia a Deus ou a ho- agdes encerram segredos que precisam agio da caridade. o penitente on su- persti¢ioso quando se serve dos bens passageiros com moderagio maior do qu ss com quem convive. B, por outro lado, quem se serve desses bens passageiros sando os limites do habitual das pessoas honestas com quem convive, 6 considerado vicia- do, a ndo ser que estoja a manifestar algo sim| E esses casos, verifi no uso das coisas, e sim na pai delas se nntre as poss como cost Tuxuriosos e corrompidos nos banguetes lascivos, coisa que cai pelas obras di caminhar nos tragos de Cristo, derramando, por assim ybre seus pés 0 mais pre jim, um ato que realizado por outras pessoas é na maioria das vezes ignominia, torna-se na pessoa de Deus do um profeta sinal de valor. Certamente, uma coisa ¢ a unido com uma mulher se entre itu acho dk da, e outra coisa a pregagdo do profeta Oséias ( 169 AMBIGUIDADES... EAC SEN CURADO, alto prego Se Senhor (Le 24,43), do que lentilhas Abrado (Gn 25,34), ou cevada a maneira dos jumentos. A maioria dos animais, stemy nds, pelo fato de se nutrirem de alimentos mais simples ‘mos, ocasionaré que nossos atos sejam aprovaveis ou con- siderados maus. Compreender os costumes permitidos no Antigo Testamento 20, Os justos de antigamente imaginavam 0 te contempla ter modo, A necessidade de ter posteridade isentava de cul- pa nem mesmo tempo (Gn 16,3; 25,1; 28m 5,13). Mas pelo fato de € do proximo, seja 0 de ambos ao mesmo temp Outrora, entre os antigos romanos, trazer ca longa de mangas compridas era coisa conside tiiniea 6 uma vergonha, Esta af uma prova de que, em todos os demai: fazomos das ¢ e abusa perversa- mos e que também fazendo aparecer de modo vergonhoso e manifesto as con. capiro1o 1 Critério justo para a acao 21. Assim, tudo o que da ociedade em que temos de viver neste mundo, quer por necessidade, quer por aceitarmos livremente tal convi ia regrado por homens de alta virtude em vista da utilidade e do proveito do povo. Que isso se dé m AMBIGULDADES.. EM SENTIDG ADO mo convém em nosso caso, ou em figura, ido aos profetas eaPEULO Us nsam nao har justica subsistente pessoas, 4 1 costumes diferen. tes dus seus, Iéem cortos fatos, julgam-nos torpoxas, @ nao ser que sejam instru ra, Essas pessoas nao sao capazes de tomar consciéneia ue to om ao propre mad devo ensament, bn ade , 805 que vive- intoiramente possi n despertar para a luz da sabedoria, em face da inumerdvel variedade de eostumes, julgaram nao poder e nite para cada nagdo seus préprios costumes seriam os jus- como os castumes sio diferentes em cada po a deve ser invaridvel, pareceu-lhes evidente no uma: “Nao facas a outro o que ndo queres que te fagam” (Db 4,16; Mt 6,12), que nfo pode variar em absoluto, por Inde das nak aguent-se ao referencial do amor de Deus; todos os delitos desaparecem ao referencial €o amor do proximo. Por certo, ninguém quer que sua mo- rada seja deteriorada, Que nao deteriore, pois, a morada ASEREM DISSIPADAS: capiTuLo 15 do reino da caridade Terceiro pri depois . que rei do amor de Deus por causa de Deus, e imo por amor de Deus. Por isso, eis a regra a ser vada nas expressbes figuradas: é preciso e obser 1 pelo critério da caridade expressiio que proibe seja ou, por outro lado, que ou de utilidade, essa ta em sentido figurado. *Se nao comerdes a carne do F beberdes 0 seu sangue, nio teres a Aqui, parece ser ordenada uma ignoménia ou delito. Mas ai se encontra expressio simbiliea que nos presereve mungar da paixio do Senhor e guardar, no mais profun- do de n6s préprios, doce e salutar lembranca de sua car- ne erucificada e cobe as por nds A Uscritura diz: “Se teu inimigo tiver fome, dé-lhe > (Pr 25,21), mma dtivida, presereve ato de de comer, se tiver sede, da] Tal preseri sem ni denevoléncia. Mas o que segue: “Porque assim amontoa- (Pr 25,22; Rm 12, vas sobre a sua cal em dizer qu 4 uma formula figurada. Poder verdade, dar dupla interpretagao: esta proscrito, por um ar dano, © pr outro de prest - por caridade e pretacao de benevoléncia. Desse modo, compreenderas os quais se cura o orgu nfeliz, aflito por ter sido inimigo daquele que lhe aliviou a miséria, z Quem an sa om: le a ea impede de busear os bens eternos. Foi es 20 misericordioso © ni pecad A segunda parte desta frase “nao protejas o pecador” parece proibir a benevoléncia. ¥ para “aos be Lembrar que nem a todos se pede « mesma coi 25. Eis o que acontece muitas vezes: quem se encontra ‘on pensa se encontrar em um grau superior de vida espiritual julga que os preceitos dados para os graus pn WPS A SERUM DISSIPADAS feriores foram formulados em sentid Bose alguém abra L fez eunuco poramor pretende ser pr rado, todas as pres- guiar sua esposa. E se alguém so saber que certos pre so comuns a todos € ou- 3 lares a classes diferentes de pess para que o remédio da do se estenda somente ao est ie sadde moral, mas também & docne: épria de cada membro. Por cert do proprio quem nao pode ser elevado a est: Isso caPerULO 18 nta os cost 1es da época 26. 14 outro perigo a ser ev de pensar talvez que se possa transferir a nosso tempo atual, para © uso ssa vida, 0 que no Antigo Testamento, e! condigao daqueles tempos, nao era nem ignoi delito, ainda que nao se tome a expresso em sentido fi- gurado, mas no proprio. Na verdade, ningu desse modo, nd dominado pela concupis- 5. Mt GOIDADES.. 8 INO FIGURADO E justamente a Eseritura, que for feita para destruir o de nos homens que posstvem tt salutarmente que os costumes, que eles reprovam, po- dem ter bom uso, ¢ 0s que eles abragam podem is. So dia caridade aqueles costumes, e estes estarem co pela paixio. Op ma da poligamia no Antigo Testamento 27. Se 6 verdade que, em razao das circunstancias, um grau mais, scens > que as homens que, embora tendo diversas esposas, tinham unieamente em vista, em seu relacionamento com elas, ‘nga le filhos. Ass mse por ai com beber © no comer, tem unieamente om vista a satide do corpo. B por es tivessem vivido DIFICULDADES A SEREM DISSIPADAS 16 do Senhor, quando “nao era tempo 3,5), eles ter-se-iam logo 1 86 ha culdade na privacdo qu concup posse Por certo, esses homens sabiam que — inclusive quanto as suas esposas (Pb 8,7-9). (Os sensuais na 28. Os que ot adultério em adultério; ou e nda me hos nas relagoes com a propr uta, de inumana intemperanga, mm im servil, tais homens nao eréem ser possi- vel que os justos antigos pudessom ser eapazes de r ticat a sua tiniea esposa, presas que es- lagos da sensualidade, cles julgam que te: sido totalmente impossivel ser prati¢ado com muitas mulheres. ainda os faz colidir contra a racha dos delitos. Que eles possam constatar quanto é Arduo e dificil nao se deixar levar pelo engodo das lisonjas, nem se deixar atravessar pelo dardo das palavras injuriosas! tros pelo seu proprio. car LO Os justos nao conkeceram a tirania da sensualidade s tenta- «Ges Ihes faltou, pois se viam cumulados de elogios pelos erentes € cobertos de seus perseguidores. Assim como eles se serviram desis provacdes, conforme as cireunstancias, sem se corromper, do mesmo modo os justos antigos, segundo o uso d avamse com as mulheres para a procriagao, sem sofrer a tirania da sensualidade, da qual sao escravos os que néio eréem nessa idade. DIFICULDADES 4 SEREM DISSIPADAS 8 . E por esse motivo que nada podia reter a ira im- placavel por seus filhos, vinham a lado alguma de suas 1 fato se tivesse pro- duzido. O caso do rei Davi 30b. Contudo, de seus 501 suportou essa inst , mas ainda chorou a sua morte (25m 19,1). Com efeito, Davi nao se sentia 0 que 0 perturb: porque anteriormente, siu-se durante a enf morte. idade, mas alegrou-se pela 31, Eis um fato que mostra claramente com que modera- do e com que tem 9s justos antigos usavam de suas esposas, O mesmo rei D: pel sua idade a prosperidade de sua situacao material, arremeteu-se ilegitimamente 0 do mais, ordenou que matassem o marido dela. Foi, en- tao, censurado pelo profeta (25m 12,188), que vindo a ele para o convencer do pecado, Ihe pos sob os olhios um e 19 AMBIGUIDADES. . EM SENTIDO FIGURADO andlogo. Um pobre possufa apenas uma ovelha, ao passo tendo recebido a visita de um héspede, ofereceu-lhe & re- fei relha de seu pabre vizinho, em vez de uma das suas. Davi, indignado contra tal homem, orde- ssem ¢ que dessem 20 pobre quatro no tada e que o castigo di nu peca do pela peniténcia. Cumpre notar que, nesta parabola, nte é refe cometido contra uma $6, Portanto, nese homer a pai xo imoderada nao era habitual, mas passageira. Porisso, © profeta chama a essa paixdo ilicita de “héspede”. Eu ‘no disse, com efeito, que o rico tinha servido a seu rei a ovelha do vizinho, mas que a tinha (28m 12, Bem ao contrario, com Salomao, 0 filho de Day cala a respeito disso, pois o culpa de excessivo amor pe- las mulhores (1Rs 11,1), Assim, depois de ter consegui- doa sabedoria pelo amor espiritual, perdeu-a pelo amor carnal, ILDADESA\ REM DISSIPADAS 180 (APETULO 22 Quinto prineépio: nao imitar atualmente os costumes An 82. Logo, ainda que quase todos os feitos relatados no Ani mento ent n sentit estes incompativeis com os costumes dos homens de bem, desde a vinda de Senhor capiruno 23 sto principio: desculpar con as faltus dos antigos ode, 6 cer te ligdo: de modo algum, ter a ousadia dese vangloriar de suas boas ages, nem, gragas Asus prépria reli, con- s envoltos em tempestades que devem ser evitadas, ou em nautriigios inteiramente lamentaveis. Alids, 08 pe- cad fo atad ser para tornar ‘temido, em toda parte, este pensamento do Apdstolo: “As: ca estar em pé, tome cuidado para wet AMHIGUIDADES... BM SENTIDO FIGURADO caPETULo 24 neipio geral: discernir se a expressio é prépria rade Bda. Portanto, 0 que mais nos interessa é investigar se a sxpressiio que se deseja entender esta em senti ‘owem sentido figurado. Quando se descobre que ela é figu- torna-se facil, gracas As regras que expres I, ao tratar das (Der todos os lados até chegar a seu verdadeiro sentido. Isso vier dar maior forga. uma expresso é propria ou iclusao, co- igurada ob- capiTuLo 26 nao de sentido figurado, verifiear-se-do as palavras que a constit termo figurado signifique em toda parte o que, por analo. gnifica em deter a passagem, Por ox ‘cnhor emprega a palavra “fermento” no sentido de cen- as nto dos farises a0 dizer: “O Reino dos capiTuLo 28 Distinguir os varios sentidos de termos ide 36, Essa variedade de sentidos, ao ser observada, apre- senta-se sob duas fd coisa pode si diferente, de modo contrério, ou apenas de modo diverso. 6 objeto 6 tomade rao bem, ora para om: ibamos de falar. Igualmente acon- we designa Cristo na p: que 0 leao da tribo de J analogicamente, ora de qu a palavra modo, a palavr tido em: “Sede prudentes como as serpentes” (Mt 10,16), com mau s asticia” (2Cor 11,3). 0 pao ¢ tomado em bom sentido Eu sou o pio vivo descido do céu” (Jo 6,51), e em mau (Pr 9,17). B assim em muitos outros lugares. Todas essas 183 AMBI SS. EM SENTIDO FIGURADO \s citadas passag renhum significado duvide 0 podem sendo ser evi- ermos, ser tomado. ha mistura}" (s designa 2 edlera de Deus indo até As eseor um lado para 0 razao de sua te servancias, ; jue a mesma coi esta empregada em sentido contrério, mas apenas em sentido diverso, Kis um exemplo: A agua lado 0 povo, como lemos no Apocalipse (Ap 17,15 e 19, © por outro Indo o Es sagem: “Des damente ¢ que comportam cada um nao .s significagdes diferentes, mas por vezes Elucidar as passagens obseuras pelas claras 37b. Nas passagens mais elaras se ha de aprender o modo ntender as obscuras. Nao se sabe en- Toma as tuas u socorro” (Sl DIFICULDADES ASFREM DISSIPADAS 184 tecdio, nao 6 para entender como se designasse unicamente a boa vontade de Deus. Porque também fo sempre o escudo da f8, eom 0 tinguir os dardos inflamados do m: devemos, sa espécie, atr em outro lugar revestidos da ja Eseritura sto tira. los —ain- que o autor adotar qualquer de- Sob a eondigao, porém, de poder most tenha em vista — nao hé perigo en les. ‘combina com a verdade, divinos eloguia) dev c por chegar ao pensamento do autor, por eujo intermédio o Espirito Santo redigin a Es- critura, Q\ pureza da fé, que ele tenha como testermunha qualquer outra passagem dos divinos ordculos. Pode bem ser, alids, que o autor das palavras que pret eselar ‘© mesmo px que nds eneontramos. Por certo, o Espirito Santo, do qual gh temunho concorde da Eseritura, ‘ture 39. Quando se choga a um sentido, euja certeza nao pode ns seguras da Bscrituras, resta-nos esclareeé-la por p ainda que o aut ies a0 seguir as Quando clas estao obscurecidas por expressdes metafori cas, que intentamos eserutar, é pr terpretaao que n prestar a isso, limitar a os tropos 40. Sabem os que nossos autores usaram de todos os modos de expresso chamados pelos gramaticos com a palavra grega “tropos”. Bles os empregaram com maior freqiéncia do que podem pensar ou erer os que 10 conhecem. ram de outra maneira, Conindo, os que estudaram os tropos encontram-nos nos Livros santos ¢ esse eonheci to Ihes 6 a rantes, para nile parecer que estou a Thes ensi gramatica, Aconselho que aprendam em outro lugar, como ja adverti anteriormente no Livro Il, q declarado de alguns deles, tais como: alegoria, enigma, pardbola, Adcmais, quase todos esses tropos, que se pretende aprender nos estid guagem comum dos q netafora. “Quem nao diz Outros tropos: a iron 41, Seria muito 1¢ de outros tropos. A linguagem popular chega até a usar as figuras de pensamento mais curiosas, quando nder 0 con’ lo que foi dito. Tais sao os tropos chamados ironia e antifrase. A ironia indica, pelo ‘mos, por excmplo, a um homem que agiu mal: “Que belo feito!” A antifiase, ao contrario, no recorre ao tom da voz para fazer entender o inverso. Ou ela emprega ter- exemplo, denomina um bosque sagrado: lucus (de luce luz ‘acer de luz, Ou bem, diz sim, , também, ao pedirmos um objeto onde nao existe nenhum da espécie, respondem-nos: Abundat! (Ha em mas com que se entenda o contrério do que dissemos. Por plo: Cuidado com esse home: rante que nao fale assim, ainda que ignore em absoluto o que sejam 0s tropos ¢ como sao de- os? O reco doles 6 necessiirio para resolver as ambigiidades da Escritura. Isso porque se— 10 tomar as p: no sentido proprio — o sentido tornar-se absurdo, s¢ deve investigar se acaso 0 que nao centendemos nao a gens que eram obscuras. C. CONSIDERACOES SOBRE AS REGRAS DE TICONIO cal O autor Ticénio e seu livro “As Regras* Ticdnio, que escreveu inf tas, apesar de ser ele proprio donatista —e nisso a su estranha cegueira por no querer sepa- rar-se por completo deles lado As 10 CONSIDERAGOES SOBRE AS REGHAS DE TICONIO, nin hor e seu ‘Senhor considerado em suas duas partes”. A terceira: “As promessas ea Lei”. Aqui ‘Os tempos”. A “A recapitulacio”. A sétima: “O deménio e seu corpo Essas regras, no ai esto oxpost cor- tamente a penetrar as obscuridades dos divinos oréeculos Entretanto, nem tudo 0 que se encontra na reer muitos outros meios que Ticdnio sete regras. A t oferecem alguma relagio com elas. E assim que no Apo- calipse de siio Joao (1, io pergunta-se co so entender a respeito dos sete anjos das lzrejas aos qua 0 Apéstolo reeebe a ordem d nto, rm sa disserta- suas regras. B, contudo, a qui tao tratada ali é obscurissima. Limito-me a esse exemplo. Soria muito longo ¢ laborioso recall ins cuja ol para que se possa recorrer a essas sete regras de Ticénio, Critica geral da obra ao, atribui a elas valor tao grande a ponto de afirmar npreendesse -0: “Nada me pa- reveu mais assim dizer, efeito, ha regras mis! 03 membros da Le descol gras for reeehido com a me: 0s tes teria dito a verdade borada im possi induzido a falsa esperanca o leitor e conhecedor Julguei ser bom fazer essa observagio para convidar, por um lado, os estudiosos a lerem esse livro, da muitissimo a compreender as Eserituras. Também, por nutro la a 0 maior do que a oferecida. Em todo cago, ¢ preciso ler com, precaueao nao somente devido a eertos pontos em que cle quanto homem, ibretudo devide a cer- tas idéias que emitiu, como donatista herético, ir, exporet brevemente os en nessas sete regras: mntos con: car Primeira regra: “O Senhor e seu Corpo” 44, A primeira regra trata sobre “O Senhor e sew Cor- po". Sabomos por ela que algumas vezes é dito: “Cabega” © “Corpo”, isto 6, Cristo e a Igreja, como uma s6 pessoa, oH PONIO) (Com efvito, nao em vao foi dito aos figis: “Vés sois des cendéncia de Al (G18,291, se b haja a .ao ser um descendente de Abraao, Cristo). Nao é estranhar quando, em alguma passagi passa-se da Cabega ao Corpo, ¢ do Cor deixar de se r tulos convém & Cabeca e qual con que se refere a Cristo capi Segunda regra: "O Corpo bipartido do Senhor' 45. A segunda regra 6: “O Corpo do Senhor dividido em nie nao deveria ter em: pregado essa formula, pois nao é Corpo do Senhor o que ternidade. “O Corpo do Senhor verdadeiro e 0 misto”. Ou entao: “O Corpo do Senhor verdadeiro e o si- ue esteja com & enquanto se dirige ainda primeira, como se ambas as partes constituissem um s6 corpo, devido istura terra cA sua comum rarticipagao dos mesmos sacramentos. DIFICCLOADES 4 SEREM DI PADAS se A isso se aplica o versieulo do Cantico dos cfnticos: morena mas formosa, como as tendas de Cedar e os av 5}. O te morena como as tendas de Cedar, ¢ formosa come os pa- Salomao”. Mt causa da unidade que, no tempo, constituem os peixes bons e lentro de uma sé rede (Mt 13,48). As tendas de 1m efeito, designam Isma conhecem ¢ fé-los-ei andar por veredas que ignoram; mud nte deles as trevas em luze os caminhos ti ‘tuos0s em direitos; farei isto em favor deles e nao os de- sampararei” (Is 42,16.17). Deus apres: centar a respeito da porcao ma, misturada & bya: “Esses voltardio para tras” (id., ibid.), designando j4 por essas palavras quais os bons. Mas como as duas porgoes tum s6 enquanto na terra, parece ser dito para a segunda oquese sempre misturados. O mau serv gelho é a prova formal: “Quando seu Senhor vier, ele o “a da porgao d ish critas” (Mt 24,51). a: “As promessas ¢ a Lei” A terceira regra trata a respeito das promessas e da ia ser dado outro titulo: “Sobre o es} tra’, como eu proprio o fiz ao escrever um livro sobre esse nto. Pe ido: “A graga eo man- AS REGRAS DE TICONIO mento”. O problema tratado parece-me mais importan- te do que a regra recomenda Iver ter entendido o problema que os pelagianos inventaram sua heresia, agravando a questo. a mesma fé é de tal modo nossa, que recebemos de Deus. Ele nao den ateneao, pois, ao que .s¢ 0 Apdstolo: “Aos irméios, paz, amor ¢ fé da parte 6,23). E que ele ndo teve a experiéneia da he tempo e que -andes trabalhos para defer der contra ela a graca de Deus, transmitida por nosso Jesus Cristo, E conforme a do Ay que se tornem n comprovados” (1Cor lantes ¢ di tornou-nos mais, rirmos nas santas Es- menos atento, e men in. Como em e amento que foi dito a alguns: “Foi co cedido, em nome de Cristo, a graca nao s6 de crerdes nele, mas também de sof {F11,29). Quem pode- 4, pois, duvidar de que esse duplo dom vem de Deus, isto é, entender com fé e inteligencia que ambas (a fé ¢ as ? Mui demonstram-no; mas nao é 0 momento de tratar desta questdo, pois jé o fizemos freqlientes ve |ADES A SEREM DISSIPADAS is Quarta sara: “A espe ta regra de ‘a sobre a espécie ¢ 0 a intengiio que se entenda por “espécie” a parte; e pord “ do qual é parte a espécie. Por exemplo, cada cidade & nente a uma cidade, mas a eada pr no. Assim, nfo 6 86.a propésito de J cidade dos yentios como Tiro, Babil ra nomeada nas santas Escrituras, quer outra nagio na dads, Bssas mags pois, © , coisas que ultrapas- sait! seus limites ¢ convém antes a todo o univer qual constituem uma parte. Como Ticdnio as nomeia, referem-se ao géncro, do qual a par spée Esse modo de nomear, por certo, ja chegou. cimento do povo. Assim, até os mais ignorantes sabem discernir 0 que ha de especial e o que hi de geral em qualquer édito do imperador respeito dos homens. as ditas sobre Salomao ultrapas- Por exemplo, as pa quiel: “Os da casa de Isracl habitaram na su contaminar dos; seu cam menstruad: minha indignacao sobre derramaram sobre a terr m, é facil entender essas pala- le Israel, da qual diz que 0 profeta comeg ‘Eu santificarei 0 meu grande nome, que foi p entre as nacoes, 0 qual vés desonrastes no meio delas; e as nagies saberio que eu sou tor deve ai prestar atengao sobre a maneira como a prossegue com estas palavras: “Porque eu vos tirarei den- tre as nagdes, vos congregarei de todos os paises e vos trarei para a vossa te pivic DADES ASEIREN pura, sereis purificados de todas as vossas imun los vossa carne 0 cora¢ao de pedra ¢ dar-vos-ei coragdo de ito na terra que d serei vosso Deus. Pu 26,23-29), vOSS05 P ficar-vos-ei de (86 pertence uma porgo daquele povo, do qual foi dito em outro lugar: “Porg} 6 Israel, fosse to numeroso como a 2 bém pertencem todas as de metidas a seus pais, que também sio nossos pais. Isso nao traz nenbuma diivida para quem quer que o banho de regeneragio prometida por essas palavras esteja con- codido agora — nés 0 vemos — a todas as nacoes. Quanto a palav: tabuas de carne, nos corace vé claramente que esse texto ¢ extraido da passagem em que o profeta Ezequiel diz: "“Dar-vos-ei um coracéo novo porei um novo espirito no meio de vos, tirarei da vossa arne 0 coral ae dar-vos-ci um coracdio de car- ne”, Ble quis no coracao de pedra discernir 0 coragio de carne, donde as palaveas do Apéstolo: “nas tabuas de car- ne, nos coragdes”, designando, por ai, a vida espiritual. Assim, o Israel espiritual compoe-se nfo de uma 86 de todas, porque clas foram prometidas a nossos pais, em seu descendente que é Cristo. 197 con! SS SOURE AS REGRAS D 49, Esse Israel espiritual distingue-se, pois, do Israel carnal que compreende uma s6 nado, nao pela nobreza da as pela novidade da graga, nao pela raca mas pelo espirito, Mas quando 0 profeta, com espirito ele- vado, fala dau passa ao novo Israel e, quando jé esta falando deste ou a este, parece que continua falando daquele ou com aque le. O pr fa. isso como inimigo invejoso e hosti ‘que se opde ao entendimento da Escritw citar salutarmente a nossa inteligén: Portanto, nesta palavra de Ezequi arei para a vossa terra” € pouco depois esta outra, que é por assim dizer a € terra que eu dei a vossos pais”, nés nao devemos tomé-la num sen- tido carnal, como se aplicasse ao Israel carnal, mas num sentido espiritual. Porque a Igreja sem manchas ¢ sem rugas ¢ formada pela reuniao de todas as nacbes ¢ desti nada a rei n Cristo que é preciso entender como “dada a nossos pais”, the foi prot vel de Deus. De fato, ela jé The fora dada pela prépria Se bem que acreditassem que ela Ihes seria dada no tem- po. Af esta signi ‘ada a graca dada aos santos, conforme nos salvou e nos chamou com uma vocacao santa, nao em virtude de nossas obras, mas em virtude do seu préprio designio e graca. E la. em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, foi manifestada agora pela aparieao de nosso Salvador, 0 Cristo Jesus” (2m 1,9-10). © Apéstolo diz. que a graca foi dada num momento em qu ficiados sequer existiam ainda. E que no plano da predestinacao divina o que deve se produzir no ISSIPADAS 19s 199 c foi manifestado”, como diz o Apéstolo, ja es- Todavia, as palavras de Ezequiel poderiam se enté der também da terra do séento fituro, quando hav 9 dia em que cle como um dia inteiro, isto 6, nao se noite precedente, e se a wascitou nao for eontada como um wurora do, ar os trés dias acrescenta a te em em dia inte’ dia dominieal, outros que um leiter atento fay Na maioria das vezes, esses niimeros sao tomat lugar de um espago de tempo indefi SS por dia” (SI 119,164) nao tem o: fou louvor estara sempre bre os 's. Essa regra permite muilas brir, ou pelo menos conjecturar, as espa aas manciras, ou pelo trope chamado sinédoque ou pelos némer s. O tropo sinédoque di a enten. der 0 todo pela parte ¢ a parte pelo todo. Exe s depois", ¢ outro que “foi tecentos. O que permite tomar espiritual pr ta anos predites por Je 111), pelo tempo todo do nas trés diseipulos, o rosto de Cristo resplandeceu como exilio da Igreja aqui no mu © sol ¢ as sas vestes tornaram-se brancas como a neve Go os miémeros so multiplieados por eles proprios. Por (Mt 17,1-2; Le 9,28; Me 9,1 afirma: exemplo, dez por der, que da por doze, que goes ndo podem ser verdadeiras a nao ser na seguinte cento e quarenta ¢ quatro, mimero que no Apocalip: hipdtese: o primeiro evangelisia, ao dizer: “oita dias de | ica a totalidade dos santos (Ap 7,4). Por onde do dia em que Cristo predisse 0 acontecimento, ea com esses ntimeros a questo do tempo, mas também que fou. O segundo seus signi ldo maior e se ramit evangel ias depois”, cam em muitos sentidos. Assim, 0 algari toe qua- conta todos 08 considera renta ¢ quatro nao se refere s6 a0 tempo, mas ainda ao ompletos. ntimero de pessoas. i jontos; ao passo que, s a acontecimentos anteri que fo gragas a essa regra, pode-se ser leva’ 4o do Genesis: “O Senhor Deus 1raiso de delicias, no qual pds o homem que luziu da terra todaa comer” (Gn 2,858 parece dizer que a criagdo do homem por Deus foi anterior & criagao do paraiso. Sendo evocados brevementi Deus ou 0 paraiso © que ai pos 0 a de frutos bons para comer. F prossegui a seguir diz: “e no meio, ¢ a arvore da ciéncia do regava 0 paraiso, dividia-se em quatro bragos. Ora, todo esse conjunto pertence a formagio de paraiso, Termina- 4 havin dito Bo Se- em @ colocou-o no paraiso”. De ‘o homem foi colocado nese lugar ap a5 cringSes, como a ordem agora enio antes delas, as primeiras linhas da narracao poderiam dar a (CONSIDERACOHS SOBRE AS REGRAS DE TICONIO ai cernisse atentamente uma recapitulacao, pela qual 0 igraf voltou sobre os fatos pente, no mesmo Livro do Genesis, quande a am, sogundo suas tribos, Hnguas regives e Gn 10,20). Di indo 08 lhos de Sem: “Estes sao os fillhos de Sem, segundo suas linguas, regides e nacdes” (Gn 10,31). B em seguida, a resp todos: “Estas sio as terra tinha uma s6 boca e todos os homens 32;11,1). Essa frase complementar: “e toda a ter esta em contradi ecedentes, om que esta dito: “segundo as tribos, as linguas”. Nao se teria dito com efeito que as tribos, constituidas, tivessem cada ‘uma sua lingua propria, se de fato elas tivessem uma sé lingua comum. Bis por que ¢ por uma recapitulacdo que tou: “Toda a ter todlos os homens uma mesma vo2”, AEs de modo dissimulado seu relato anterior para contar eomo se explica que os homens, depois de terem falado uma s6 lingua comum a todos, formaram-se em diversas nagdes E logo apés, a Escritura narra a construgao da famo- sa torre, onde foi imposto, por julgamento divino, o casti- Iho. Depois desse fat saram-se pela terra conforme suas I{nguas, pietc )ADES.A SEREM DISSIPADAS 54, Essa recapitulagao faz-se em textos ainda mais obs- neira regra ” & prociso itura fala de uma tinica ¢ dito, por vezes, e a0 contrario, a seu corpo. Trata-se, entao, da mulher de 16” (Le 17, no momento em 4 r ossas ainda de homens que, ao mesmo ts esto misturados por um tempo na Igreja, que Isto €, quando a for separada do gro, na eira (Le 3,17). Quanti avra di “Como eaiu do eéu Leifer, astro brilhante, que ao n (Is 14,12) ¢ as tes, que sob a pessoa centendemse elaramente como refe a, esta outra palavra do mesm por terra aquele que envia mensageiros a todas as nacées! nao convém totalmente s6 a \dnio envie seus anjos ber a recompensa pelos mandamentos foi dito: “Naquela deménio. cro dar. La, on esta o clamor taco pertence a esta mesma hora, julgamento” (Rm 2,5313,11) cAPITULO ST | ma regra: *O deméni seu corpo” 55. A sétima e altima regra de Ticdnio 6 a chamada: deménio ¢ seu corpo”. O deméni regras na 86, a que tem como titulo “As promessas ¢ a Lei”, servem para a coisa por outra distinta, o que é proprio da expresso metafirica, Isso, a meu ver, m do que pode ser encerrado em regra geral. Porque em que eo seu reino e da gloria eterna (Bf 1,2: DESASE qualquer parte que se diga uma coisa para fazer enten- der outra, af est uma expr osse tropo nao sc encontre nos tratados de retéri- tender uma coisa por outra, F até o presente bastante abundantemente, conforme agora aconselhar, aos que s so, a examinarem com a guardarem redial importancia e menos no que se refere as palavras. Resta-me tratar da maneira de exprimir o pensa ei no proximo LIVRO IV SOBRE A MANEIRA DE ENSINAR ADOUTRINA A. PRINCIPIOS FUNDAMENIAIS: DAARTE ORATORLA. mente importantes na exposicao das Hserituras: maneira de descabr MANEIRA, que talver, supor ret6rica que aprendi a comunicar nas esc preceitos sejam s: sera preciso apr parte, jempo neeessir a tal, Nao o pecam, contudo, a mim, quer nesta obra, quer Necessidade da pritiea da arte oratoria E-um fato, que pe suadir o que 6 verdadei 14, pois, afirmar quo a verdade deve enfrentar a mentira com. di arte da retdrica é possivel per- clareza, de mai mento: futar a mentira? Aqueles, estimulando e conveneendo por wintes ao erro, os aterrorizariam, os contristariam, os divertiriam, exortando-os com ardor, e 1m adormecidos, ios 90 servigo da verdade? Quem seria tao insensato para assim pensar? suas palavras os PRINCLPIOS FUNDAMENTAIS DAARTE ORATORIA, por qual razao as pessoas honestas ndo poriam seu zelo a adquiri-la em vista de la verdade? Os capirutoa Como e em que idade realizar 0 aprendizado 4, Bis o que constitui o talento da palavra ou da elo- qiéncia: os principios e preceitos dessa arte 0 ‘mprego engenhoso da linguagem, especialmente exerci- tada a realgar a © do estilo. Os que podem desde logo aprender t: 7 faze-lo obra, E ponham nesse estudo 0 tempo que dispoem ou que seja eon 2. OS préprios principes da clogiiéneia romana nao recearam esta arte nao for aprendida desde cedo, nunea podera ser conhecida completamente (Cicero, De oratore), Ma perguntaremos se isso é ver- dade? Pois ainda supondo que o: a ‘a adquirir tal arte, no me inclino muito a impor esse estudo a eles. Basta que os jovens (adulescentuli) dedi- quem-se a ela, E ainda assim, nem todos mos instruir para o scrvigo da Igreja, Que o seja apens polos que ainda nao esto oeup ros trabalhos mais urgentes. Pois, quem possui um espirito vivo e ar- dente pode assim escutando 0s bons seus preceitos altam obras eelesidstieas — sem contar as Es- crituras candnicas, salutarmente colocadas no apice da AN INARA NA autoridade — por cuja leitura um homen sicdes para esse exercivio fizerem falta, tampouco sera possivel perceber os preceitos da retérica. B se essa pes que para n mesmo tempo que falam, nas regras ncia. Ser para temer, que escapem da mente aquelas idéias que eram explicitadas, devid shom ites, 03 preceitos d iéncia encontram-se aplicados. Esses oradores nao pei aram neles, nem para compor seus disettrsos nem pa O metodo espontineo da imitagéo de bons modelos 5. Se écerto que as criangas 36 se poem a falar escutan- do as palavras das pessoas que poderia tornar elogiiente sem receber nogio alguma da arte oratéria, contentando-se em ler, em escutar e, a me- dida do possivel, em imitar os bons oradores? E, além do mais, nfo temos exemplas que provem tal? De fato, co- matiea que ensina a lingua crescer @ viver entre pessoas 6. Escrituras. Como def sobre o que deve ser ouvintes benévelos, a os preciso esclareeer os ouvintes, que faga a exposi houver dtividas, que ele convenga, por racioc dos em pro lido ow PRINCIPIOS FUNDA omaronta ANS DAI n que se tenha tornado escutado os disem ignorando expressbes erroneas, ouy Eo que fazemos ies, inclusive os incultos, a0 corrigir nodo de falar dos que vémn do meio rural nediante o discurso ensinar et nformar o ignorante ntrar erro, de tonha assim conquistado, devera prosseguir seu dis 50 como pedem as circunsténcias. Caso a questo a ser tr F oportuno dar & sua exposi¢ao maior MANEIRA DR ENSINAR A DOUTRINA, oe coeréneia com as idéias reconhecidas como verdadeiras. At, com efeito, sao miovimentos vivos, reprimendas e todo outro procedi capaz de comover 0s coragies Na verdi calidad atividade oratéria, nao deixa de agir dessa maneira Vale mais falar com sabedoria do que com el 7. Acontece que uns oradores agem sem vigor, sem for- ‘ma, sem calor. Outros, com fineza, elegineia e veemén- d cia. B preciso que o orador, cap: de falar — se nao com eloatiéneia, ao menos com sabedoria — de que tratan vista de aseus ouvintes, Ainda que seja menos til do que elogiiéneia. Ao contra- rio, 0 orador que exorbita numa elogtiéncia sem sabedo- ria deve ser tanto mais evitado quanto mais os ouvintes sentem expor inutilidades. Pois podem vagio nao es ss que julgavam outro- ra a elogiiéncia dever scr ensinada. Reconheceram, com efeito, que a sabedoria sem elogiiéncia foi pouco stil as cidades, mas, em trova, a elogiiéneia sem sabedoria Ihes foi frequentemente bastante nociva e nunea stil (Cicero, De inventione, liber 1,1) Se, pois, os professores de elogiiéncia nos livros onde expuseram seus preceitas viram-se forgados a reconhe- cer isso, sob a pressio da verdade, ainda que ignorando a verdadeira Sabedoria que desce do Deus das luzes, om quanto maior razdo devemos nés nao pensar de ( RING INDAMENTAIS DA ARTE ORATORIA outro modo, nés, os filhos e dispensadores dessa Sabe- doi Um homem fala com tanto maior sabedoria, quanto maior ou menor progresso faz na ciéncia das santas E: crituras. B eu nao me refiro ao progresso que consiste em ler bastante as Escrituras, ou aprendé-las de cor, mas do progresso que consiste preendé-las bem e pr rar diligentemente o seu sentido. Ha pessoas que as léem ¢ nao as aprofundam. Léem dam de as entender, Sem dtivida, de longe é preferivel que retenham menos de ‘com 08 olhos do co! Contudo, ainda superior a ambas so as outras pes- de cor, o quanto querem, ts compreendem também o quanto convérm Prov 0 de falar co E, pois, de toda necessidade para o orador —que tem 0 dever de fazé-lo com elogiiéneia — ser ras, Pois quanto mais ele se reconhece pobre quanto as 18s proprias palavras, mais convém sentir quan- to aquelas outras palavras, Justificard, desse modo, o que disser com as shas proprins palavras. Assim, quem era menor por seu proprio vocabulirio crescera pelo teste- munho das magnificas palavras da Eseritura, Ele agra dard, certamente, ao provar com citagdes escriturist que pode desagradar com suas palavras pessoais. Entretanto, o orador que desejar falar, nao somente ‘abedoria, mas também com eloqiiéneia, seré mais Litil se puder empregar essas duas coisas. Aconselho-o— oi s sores de re 8 380, Jores, que cle Ié ou escuta, sejam condigao de que os o louvados com raze, zer e os que fa Escritura diz: nao 6 a multidao dos elogiientes “mas a multidao dos sabios que constitui a sabedoria do univer- ido se procurar num discurso a suavidade mai mente se tirara proveito da sua salubridad homens da Igroja que interpretaram os divinos oracu rao somente com sabed O tem les no sejam suficientes para o estudo dos que tém tem- po de as que deles compreendo bem, nada me parece PUNDAMPAVIATS DA ARTR ORATORLA ouso afirmar: todo sabio nem mais cloquente, hhomem que compreenda suas mesmo tempo que nao Ihe convinha exprimi modo. Assim como ha uma elogiténeia pr6} dee outs nao devia mais tra: com a personalida certo, me impressiona .0s. Entretanto, nao duvido de que ela é a mesma que pri idade estar mist sssos benfazejos. Encanto da elogit 10. Poderia eu, por certo, se tivesse tempo, mostrar nos livros sagrados postos a nossa wstruir e nos faz da bem-aventuranea etern das as qualidades de que se orgulham 03 deza do que pelo orgulho — autores. O que me enc: ferem— menos pela gran- sua linguagem a de nossos nta na elogtiéncia de nossos hagio- ades grafbs, it MANEIRA DE ENSINAR. NA 26 D dar um lugar sem deixar, eontud dela com ostentacio. Se a tiv ela Ihes teria feito falt: sem rejeitado, por certo, nas poderiam pensar que ti- B. ESTUDO DAARTE ORATORIA M TEXTOS ESCRITURISTICOS Elogiién 11, Quem nao percebe 0 que o Apéstolo quis dizer, e quao abiamente se exprimiu ao confessar: -Nés nos gloriamos também nas tribulagdes, saben- do ssperanga, de De Santo que nos foi dado” (Rm 5,3-5). dizer, pretendesse que o Apéstolo seguiu nessa passagk tos da retoriea, bs pree douto ou ignoran- e nao o , neontra a figura chamada em grego climax, ¢ em latim gradatio (graducgao), por alguns que nai viram chamé-la de seala (escada). Bum tropo ou figura de p que as palavras como as idéias se sucedem grau a grau, mos a paciéncia ou perseveranga estreitamento ligada & tribulacdo; & virtude comprovada pela paciéncia; A espe TRINA r m que oul desses trés membros que precedem o periodo, o primeiro “a trl veranca”; perseveranga uma vi aprovada”; e 0 terceiro: virtude comprovada a esperanga”, Depois do que se ene: ‘2 esperanga nao decepeiona”, 0 segundo: Deus fe iiéncia tenha acompanhado a sabedoria. Beleza do texto paulino: 2Cor 11,16-30 12. Ni cortos pseudoprofetas or lavam mal dele. Obrigado a fazer intios, sa0 Pi meio judaico, “Ropito: que ning entao, suportai-me como i cou me poss conforme o Senhor, mas como insensato, certo que estou e ter motivo de me gloriar, Vist. ios se gloriam e seus titulos humanos, também eu me gloriarei. De boa AEM TENTOS Ei ITURESTIGOS insensatos, vos que josensatos! ue vi que vos we vos trate com soberba. Que vos esbo. feteiem. Digo-o para vergo nos bem fracos. ‘os outros ousam apresentar — fa -za que me gloriarei” (2Cor 11,16 ras; 08 MANEIRA Dit ENSINAW A DOUTRINA, comove, até aos ignorantes, texto citado eomeca por uma série de periodos. A primeira série deles, a mais curta, is mem- bros. De fato, um perfodo nao pode ter menos do que 1rd ter mais. 0 primeiro period 6 pois: “Repitol / que ninguém me considere segundo possui trés membros: “Ou ent como i a fim de que também en me possa ¢lo- riar um pouco”. O terceiro possui quatro: “O que vou izer / no 0 direi conforme 0 Senhor / mas como insen- sato / certo que estou de ter moti 0 quarto possui dois: “Visto que muitos im de seus: titulos humanos / tam rei”. O quinto também possui dois: “De boa vontade suportais os sensatos / vos que sois to sensatos!” O sexto também possui dois: “Suportais / que vos escravizem», Em se- guida vém trés oragGes cortadas: “Que vos devorem / que 1”, Depois, trés membros: "Que vos esbofeteiem. / Digo-o para vergonha nossa. / Fomos bem fracos”, Aqui se acreseenta um pe- riodo de trés membros: e trés frases cor- tadas, cada uma com uma questao, as quais trés ora- a resposta: “Sao hebreus? / Também eu. Sao descendentes de Abra? / ‘Também eu, Sao israelitas? /‘Pambém eu”. A quarta fra- se cortada, de forma igualmente interrogativa, a res- posta é dada, nao por iwrecortada, mas por uum membro: “Sao ministros de Cristo? / Como insensa- to digo: / muito mais eu”. As quatro frases cortadas se- guintes replicam de modo muito acertado a interroga- , pelas fadi uito mais pelas pr finitamente mais pelos acoites. / Muitas vezes perigo de morte”. A seguir, o Apéstolo interea- la um perfodo curto que deve ser distinguido pela sus- 1co vezes reeebi dos judeus” ¢ um membro ao qual se liga 0 seguinte: “quarenta golpes menos um”, Volta em seguida as frases cortadas. Ha tres vez aped TTrés veres naufraguei”, Segue um membro: “Passel um, noite em alto mar”, Depois do que sucedem-se quatorze frases cortadas: “Fiz numerosas fri perigos nos rios / perigos por parte dos ladrdes / peri- dos meus irmaos de raga / perigo por parte dos gentios / perigos na cidade / perigos no deserto / pe- merosas vi ‘Quem fraquej Quem cai sem eu me sbrasar?” Enfim, toda essa passagem, por assim dizer, ofegante, termina por um dois membros: “Se iar-se / 6 de \quoza que me gloriarei Realmente, como 6 apaziguante, de certo modo, essa tuosa. Como repousa o ouvinte, que beleza, que encanto possui! Nao se poderia dizer bastante a esse respeito. Eo Apdstolo prossegue com estas palavras:“O Deus e Pai do brevemente como passou por s todos graves perigos e como esea; texto supe textos d se eu tivesse desejado relevar as figuras d coisa sobre a 6 de rosas figur: ssbes metafér estima, paga-se bom prego pi a De eu préprio receio espalhar 0 mau odor, se tratasse a q Jo como professor da matéria. Mas sinto que dev Devo, porém, apres obrigue a ex maneira com que as idéias Iherei, entre todas, \gemn ito que foi pastor ou gua dessa fangao, foi enviady por Deus a profetizar junto ao Am 7,14.15). Nao 0 tomarei entretante da dos Setenta, os quais certame: mas que parecem ter-se 1 expresso, em diversos lugares, de modo 10 do texto i ginal. Isso para tornar 0 ow 1ais atento em escru- tual. Dai, encontrarem-se nu despreziveis os nossos aut wqiientes, mas porqu cia tii exaltada nas o te o que traduziu a Escritura do hebi . perito que era numa lingua corintios (2Cor 11,6 nao 0 sou no saber”. Parece cl que seja imperito no falar gamento como verdadeizo, Se ele tivesse dito, a0 contrario, “Sim, sou certame ni a iber”, nao se poderia de mod Estudo do texto de més 6,1-6 16. Esse profeta, eamponés ou filho de camponés, denun- 8 ciand “orgulhosos, luxuriosos e assim negligen- Certamente, se nds propomos alguns de seus textos como tissimos na pratica da caridade fraterna, exelamou: i mani 24 todas as coisas, e os que viveis sem nenhum ree nte de de vos, 6 grande: entrais com fausto na casa de Isra ide de 1s mais formosos reinos qu tas cidades; vede se o seu territéri ho eos mais escolhidos novilhos ério e julgais imit por pessoas insensatas? 17. Com idem desejar de melhor do que estas paginas os ouvides refinados? Ne yr surge, como para de que viveis em Siao na abun- dancia de todas as coisas, e 03 que viveis 8 receiono , 0 grandes, chefes do povo, que entrais com fausto na casa de Israel!” Depois, para por sob seus olhos a ingratidio para com os bi 15 de Deus que Ihes dera tao vastos rei- nos, pois estavam Seguros no monte cialmente consagrado ao culto dos idol 0 profeta diz: 22) ESTUDO DA ARTE ORATORIAEM TEX 1S ESCRITURISTICOS “Passai a Calane e contemplai: ide de ki a grande Emat; dependem destas cidades; vede se o seu territorio 6 mais © voss0”. se sucedem com a mais feliz variedade: opul Hi, transite, ite, descendite. m os malefivios da luxiria: “Vés que tos de marfim ¢ vos entregais a moleza nos Por certo, se cle tivesse se exprimido desse modo, se- ria belo ver ess frases advirem uma por wm: mesmo pronome repetido, ¢ relevar-se no m vor do orador. Mas é ainda mais belo ver essas frases uni- vendo trés frases. A primeira anuncia, com antecedéncia, o cativeiro: ‘Vés que dormis em leitos de marfim e vos ‘NEIRA DF ENSINAR A. 2 intemperanga: hi periodos de dois membros ead: Depois de ter dito: "Vo fisica pode ser pr \ginais Mas apos ter jasos — eles de- ter instrumentos a essos judeus a frase 4 r essus tras frases 6 neiros membros ixar cair a voz no tereeiro, ded 1 esta passagem: “sem vos com> pode-se pronuneiar, seja em um jato con seja mais mente, suspendendo a voz depois de “sem vos da eloqiiéncia ensinada nas escol impressions os lit , maior numero de jos da elagiieneia, Mas vincento, em voz alta, E que ess elogiiéneia. emo puderam constatar © dizer © 16 ¢ bastante perspicazes, ¢ regras que se aprendem como parte da arte orat seriam observadas, notadas ¢ redigidas em dou o tivessem sido Be atural dos oradores. O que pois de admirar, se as en- nios? Reconhecamos, pois, so, na verdade, nao somente sabios, mas elogiientes, ¢ elo IANEIRA DE ENSINARA DOUTRINA uLo8 toxtos dentre os som dificuldade. Nao devemos, contudo, erer que € preci- so imitar esses escritores nas passagens onde se expri me uw Ainda que curidade te: nha sido util e salutar em vista de exereitar e, de certo 2. Bl também em vista de eliminar 0 tédio e agi zelo dos que desejam estudar as Eserituras. 0 ssconder essas passagens qual é conseqiiéncia. Seus camentadores, portanto, no se exprimem com autoridade igual & sua, a0 se tare ais claro possivel. De maneit ‘to muito lento nao os compreenda, ou, fas que nao seja por culpa de seu modo de comentar. ESTUDO DA ARTE ORATORIA EM TEXTOS RSCRITURESTI CAPITULO uldades 23. De fato, ha questies que ou nao sao entendidas ou so muito poueo, por e repitam os esforgos, por mais que seja o talento da p As- sim, ndo se deve tratar dessas questoes diante do povo, a a serom abordadas. Ei bem diferente o que acontece em relagio aos livros, Os escritores que possuem talento bas- onder — prestar esse servigo. Devem mesmo complementar a obra em conversas com pessoas capacitadas, Por mais dificeis sejam as verdad temos certo eonhecimento, nao devem ério ou interlocutor, desejoso de aprender iptido intelectual que o permita perecher as verdades exposta: seja, Ado nos preoeupemos no ensino com o grau de eloguén- is sim com a elareza na exposigao, as quais i 10s poupar esforco caPfroLo 10 Tereeira conclusdo: falar com elareza 24. O desejo diligente de ser claro leva, as vezes, a negli- socupar com frases bem soantes. Procurar sobretudo ser claro e dar a conhecer a verdade a que se visa apresentar. Foi o que levoua dizer um critico, falando a respeito desse modo fazer com m pod ma dar demonstraga endeu. Até que assim manifestem, é (Nao ot tar ag assunto, variande as ¢ SL 16, maneiras. Isso, contudo, ndo parado de antemao e apres Pois, assim como se agrada ao ues hheeidas, assim se é cansativo a0 insistir em questdes muito conhe: uv atencao estava intciramente suspe: diante da dificuldad © expor também idéi ida, ainda assim aj tes. Dato fato wrente q © préprio orador, seja um leitor. Porque, g de expresses menos corretas. Sob a condigao, eontudo, haa ss Jo ve ainda pelos que jé 0 conheciam e ainda ni esqueceram. B 1m, por outro lado, 0 mmecido, sera instrufdo ao se recordar dele, I neste respeito do modo 1. Falo do modo de ensinar aos que querem qual quem escuta nao sé ouve a verdad E quando se tive par di mais tempo. Contentar-se, quando for 0 « Jo para gravar n a medida certa para nao acontecer de levar recimento, reonseguido isso, eAPEFULD 11 Quarta concluséo: falar gradava, nem para fazer ser cumprido o que repugnava, que estava obseuro. ‘Toda via, se se fala de maneira pouco agradavel, o fruto nio é aleangado a no ser para uns poucos esforeadissimos, desejosos de co expressas em estilo incultoe trivial. Uma vez perecbidas verdade. cante dos bons espiritos: amar nas fo as préprias palavras. Para que sejamos? No que € prejudicial uma chave de madeira, se la pode abrir? Para nés, 86 i chado. Contudo, como ha certa tos, nao se pode viver. FE DOS ESTILOS ORATORIA certo orador —e disse a verdade — que é pre ast Depois, acrescontou: Instruir 6 uma nm uum prazer; convencer, uma vitéria”? relacion: tros, del mo as expo mos. Em conseqiiéncia, ao visar A instrugao, 0 orador enquanto nao for compreendide, deve julgar que ainda nae disse o que pretendia di ja ver instruido. Porque, ainda que ele diga o que com preendeu, nai dito a quem ainda nao entendeu. Ao contrario, se esse algué ce, Se YO: de que o ameagas; se odiar 0 que reprovas; se abracar 0 ‘0 deplorar o que excitas a sgria com 0 que anuncias ser ses efeitos ¢ todas os outros que exigem grande eloguién- nfio tém a nfo ser tniea finalidade: f tes nfo para saber etm de fazer, mas para que se doterminem a cumprir 0 que jé sabem ser de seu dever Instruir &0 principal objetivo 28, Contudo, se os ou jue fazer, 6 preci conveneé-los. Talve: pelos recursos maiores da elogiién se isso for necessirio, é preciso resolver-se a fazé- vem fazer 0 ssim, conveneer nfo ¢ uma necessidade, pois nao é sempre necesssiria, sob a eondi- ‘ao de que os ouvintes déem seu consentimento a0 ora- dor que se terecire? Alids, agradar nem sen € para da a expressao, F por elas préprias, e por serem jas, que as idéias posta: dam. Bis p ntam, quando sao 13 Jonvencer, por vezes, € indispensével 29, Ora, devido aqueles a quem a verdade causa desgos- wel, foi dai na elogiiéncia, arte 0s espiritos endurcei .endido, nem se terem deleitado com a palavra do orador. De fato, que vantagem existe para um homem, sconhecer a verdade ¢ cobt ele nao der seu Esse, ao persuadir, cuida atentament ideias que expie. que basta crer, nao sera o fato de lhes ter sido dado logo 0 consentimento, proclamar a sta verd se 6 ensinado um dever a cumprir € justamente 6 ensinado para ser eumprid vinte 6 persuadic da idéia apresentada, em MANBIRA DR RNSINAIA DOUTRINA, vao ele encontra prazer na maneira de expresso, se nao se determinat efeito, sendo um meio para levar 0 ouvinte a dar seu con- sentimento: 0 de convencer pelo poder da elogiiéneia, no caso em que a demonstragao da verdade unida ao encan- to da expressdo ndo conseguiu fazé-lo. caprun.ois Agradar é sempre til, quando nao oposto & verdade e seriedade 30. Os homens tém consagrado esforgos ingentes para weyar & finalidade de agradar, Assim, conseguiram pe mente maus ¢ desonestos, de tantas vilanias e ss quais dever Ora, que Deus afaste de sua Igreja estas censuras que o profeta J a sinagoga dos judeus: Sma coisa horri profetas profetizam mentiras, os sacerdotes procuram, E meu povo gosta disto! Mas que fareis quan- do chegar o fim?” Gr 5,30.31) cloquéneia, tanto mais terrivel quanto mais pura! ‘Tanto mais veemente quanto mais lida! E como um mar- tolo que arrebenta as rochas! (Jr 23,29). Ora, semelhante essa arma é palayra de Deus a nds dirigida pelos san- tos profetas e pronunciada pelo proprio Deus (Jr 46,22). Portanto, esteja bem longe de nds, sim, bem longe de nis, 0 fato de sacerdotes irom discursos iniquos e > firm? Por certo, ainda que as verdades ditas pelos sacer- es 1s agradsy ‘menos coavineentes, contudo, que Sejam ditas! Que se eseutem com agrado as i Ora, essas nao serao escutadas 5 com aeorto. n oxpressas BI, Numa assembléia séria, como aquela em que 0 assem emprega pomposa se tratar de bons sélidos e duraveis. Encontra-se um pouco desse defeito numa carta do bem-aventurado Cipriano. Penso que cle a escreveu em posteridade de que tipo de doutrina crista pode se depurar ao dancia da retorica de outrora, para se submeter & disci- plina de uma elogiiéncia mais séria e sébria, Pois é justa- mente essa clogiiéncia que se ama com serenidade em seus eseritos posteriores. E ela que procuramos com pie- dade ¢ que conseguimos reproduzir com grande dificu dade. Com efeito Cipriano diz. em eerto lugar: , galhos vagabundos caem enlagados, suspensos , revestindo tal

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