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362. Argumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, 13. ed. rev. ¢ atual. por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 1991. . Ligdes de Direito Penal: parte especial, Vol. I. 10. ed. rev. e atual. Por Fernando Fragoso, Rio de Janeito: Forense, 1988. Ligdes de Direito Penal: parte especial. Vol. Il. Sto Paulo: José Bushatsky Editor, 1958. GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método I. Wahrtheit und methode. Trad. Flavio Paulo Meurer, rev. Enio Paulo Giachini, 9. ed. Petrépolis: ‘Vozes, Braganca Paulista: Editora Universidade Sao Francisco, 2008, HUNGRIA, Nelson. Comentarios ao Cédigo Penal. Vol. 1. Tomo VII. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1953. MARQUES, José Frederico, Tratado de Direito Penal: parte especial. Vol. IV, rev. e atual. Campinas: Milennium, 2002. MESTIERI, Joao. Teoria elementar do direito criminal: parte geral. Rio de Janeiro: J. Mestieri, 1990. PIRAGIBE, Vicente. 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O ACESSO A JUSTICA NAS ORGANIZACOES SOCIAIS COMPLEXAS COMO CONCRETIZACAO DO PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA THE ACCESS To JUSTICE IN SOCIAL ORGANIZATIONS AS COMPLEX IMPLEMENTATION, OF THE PRINCIPLE OF HUMAN DIGNITY ACCESO A LA JUSTICIA EN LAS ORGANIZACIONES SOCIALES APLICACION COMO COMPLEJO DEL PRINCIPIO DE LA DIGNIDAD HUMANA SUMARIO: Introdugio; 2. O surgimento das sociedades de massa e de rede e suas implicagbes sociais; 3. O perso- nalismo ético; 4. Os novos direitos e a necessidade de ‘um novo modelo constitucional; 5. O mito do judicia- rio € 0 efetivo acesso a justiga; Conclusao; Referencias Bibliograficas RESUMO: O presente artigo visa retratar a importancia dos métodos autocompositivos na sociedade contempora- nea, tendo em vista que concedem a pessoa a opor tunidade de refletir sobre 0 conflito de interesses € participar ativamente na solugéo do mesmo, propor- cionando uma verdadeira pacificagio social. Dentre os novos direitos provocados pela complexidade de rela- gies da sociedade de massa e rede, o principio da dig- nnidade da pessoa humana setve de fundamento para © Estado Democritico de Direito, gerando, também, a necessidade de garantir, por meio do acesso & jus- Argumenta Seoral Law Como cares aga UR. NUNES is. cexgmizgiessociis ‘xplzscomo canaetzagiodo ncpodacgnidade dpesoabumana Anarene Lawlhereanbo-PR Bradhn 2.936339 Dadesdmisio Ty0s01s Data despre: Suzan LRuktade &Driods Unidad de Tibos, 2.UniCESUMAR 364. Asgumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, tiga, 05 direitos fundamentais da pessoa. Aborda-se, de forma sucinta, a origem da sociedade de massa ¢ de rede, bem como algumas das suas implicagées sociais resultando, principalmente, na alienagao do ser hu- ‘mano, que por algumas décadas acreditou que o Poder Judiciério fosse 0 detentor do monopélio de solugio de conflitos. ABSTRACT: ‘This article aims at portraying the importance of ‘self-component methods in contemporary society in order to give the person the opportu- nity to reflect on the conflict of interest and actively participate in the so. lution, while providing a true social peace. Among the new rights caused by the complexity of the relations of mass and network society, the princi ple of human dignity is the basis of the democratic state, also emphasizing the need to ensure, through access to justice, the fundamental rights of the person. Itis briefly approached, the origin of mass and network society, as well as some of the social implications that mainly result in the alienation, of human beings, who believed for decades that the judiciary power was the holder of the monopoly of conflict resolution, RESUMEN: Este articulo tiene como objetivo describir la importancia de los mé todos autocompositivos en la sociedad contemporsnea, teniendo en cuen. ta que le dan a la persona la oportunidad de reflexionar sobre el contlicto de intereses y participar activamente en la solucién de la misma, propor- cionando una verdadera paz social. Entre los nuevos derechos causados por la complejidad de la sociedad de masas y de la red de las relaciones, l principio de la dignidad humana es la base del estado democratico de derecho, también conduce a la necesidad de garantizar, a través del ac ala justicia, los derechos humanos fundamentales. Cubre hasta, en pocas palabras, el origen de la sociedad de masas y de la red, asi como algunas de sus implicaciones sociales derivadas principalmente de la venta de los seres humanos, que desde hace unas décadas cree que el poder judicial era el titular del monopolio la resolucién de conflictos. eso PALAVRAS-CHAVE: ‘Acesso 8 jutiga. Princfpio da dignidade da pessoa humana, ADRs, Argomenta Journal Law n.22anjul 2015 365 KEYWORDS: Self-component Methods. Principle of Human Dignity. Mass and Network society. PALABRAS-CLAVE: Acceso a la Justicia, Principio de la dignidad humana, ADRs. INTRODUGAO Os séculos XIX e XX foram marcados pela profunda decadéncia axiolégica do ser humano, por isso aprouve aos Tratados Internacionais’" e Constituiges de varios paises*‘.” promover a pessoa como uma pessoa detentora de dignidade, a fim de que seus direitos naturais, humanos e fun damentais* fossem respeitados pelo Estado e pelas demais pessoas © pés-Segunda Guerra Mundial ¢ fim do Nazifascismo sao marca- dos por varios movimentos em prol da proteco da pessoa tais como 0 personalismo ético de Jackes Maritain, defensor do humanismo integral e colaborador no texto da Declaracao Universal de Direitos Humanos de 1948, Decorrente desses movimentos culturais, sociais ¢ filoséficos nasce © Estado Democritico de Direito’, no qual a participagao da sociedade € essencial, além de que nao visa apenas elencar direitos, mas, também, garanti-los de forma efetiva com a criagio de diversos instrumentos pro. cessuais ¢ constitucionais. Dessa forma, a sociedade passou a buscar no Estado a concretizagio de seus direitos fundamentais, tendo em vista 0 monopélio judicial esta- tal com a inibigao da aulotutela ~ prevista e permitida somente em casos excepcionais" - ¢ o principio da inafastabilidade do Poder Judicidrio (art 5°, inc, XXXV, CRF/88). Em meados da década de 50, em varios paises, aconteceram movi- mentos que visavam promover 0 acesso igualitirio ao Poder Judiciétio, denominados por Mauro Capelletti de “ondas” Eram ages ou programas estatais que objetivavam dar a todos um tratamento igualitirio de acesso ao Poder Judicidrio, tanto econémica quanto tecnicamente. Essas “ondas” ampliaram o acesso ao Poder Judiciério de forma que, atualmente, grande parte dos paises ocidentais tem, no Poder Judiciério, a morosidade ¢ 0 alto custo como caracteristicas das quais ndo conseguem 366. Asgumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, se desvencilhar em virtude do elevado e infindavel niimero de demandas. Lamentavelmente, 0 Poder Judiciério, com sua estrutura, nao estava preparado para a répida ¢ complexa evolugio das relagdes sociais, menos ainda para a cultura ltigiosa que se instaurow na sociedade, levando as, pessoas a cretem que é dever do Estado dar-Ihes solugao para todo tipo de conflito de interesses, A procura desenfreada pelo Poder Judiciério gerou uma crise mun- dial nesse setor, a qual inclui, em todo 0 mundo, a sobrecarga de processos nos tribunais, a morosidade do processo em fases nevrilgicas, a dificil efetividade do direito reconhecido, a burocratizacio dos juizes, a com- plicasao procedimental, o alto custo, etc. O problema da morosidade na entrega da prestacao jurisdicional ¢ assunto da pauta do dia, tanto para os, doutrinadores, quanto para o legislador, bem como para o proprio Poder Judiciario, Isso tanto ¢ verdade, que o tema ¢ recorrente na doutrina e, por consequéncia, nas obras jurfdicas, nao escapando, também, desse contex- to, as decisdes judiciais, Este caminho levou-nos, como sociedade, a uma nova realidade: a de que a pacificagao social nao pode ser encarada como um dever tinico € exclusivo do Estado, o qual nem sempre consegue proporcionar uma so- lugdo efetiva e satisfatéria ante a diversidade e complexidade das relagoes; ela deve ser proporcionada por um trabalho em conjunto com outros or ganismos da sociedade. E 0 que se pretende enfocar nesse estudo, como objetivo, Esta trajetéria tem resultado no retorno aos métodos autocom. positivos de solugao de conflitos de interesses, que, no ver de processua- listas e juristas que se ocupam com o estudo da matéria, é uma das saidas para o “desalogamento’, 0 descongestionamento do Poder Judiciario ¢ para a efetividade do acesso a justiga 2.0 SURGIMENTO DAS SOCIEDADES DE MASSA E DE REDE E SUAS IMPLICAGOES SOCIAIS Segundo a antropologia, a sociedade contemporanea caracteriza-se, principalmente, pela complexidade de suas relacdes, diferenciando-se das sociedades simples (primitivas) e antigas (arcaicas), nao devendo ser con. fundida com o proprio Estado, embora seja utilizada muitas vezes como sinénimo. Assim, os padroes sociais estao intimamente ligados ao Dircito, Argomenta Journal Law n.22anjul 2015 367 pois sio eles que ditam as regras de convivéncia social. £ 0 direito visto, sob um aspecto sociolégico, como forma de ordenamento social. Para os autores Assis, Kumpel e Serafim: “Os padrdes sociais constituem, portan- to, modelos de comportamento resultantes do processo de construgio da realidade ¢ modelam ou padronizam as relagies que se estabelecem entre os individuos’" ‘As mudangas sociais, culturais ¢ econdmicas constroem o Direito conforme o conjunto de regras e de valores adotados pelas pessoas que compéem determinada sociedade, em determinado momento histérico, gerando um controle, também juridico. Desta forma, os sistemas juridicos sio padrées sociais de comportamento uma vez que incutem nas normas, rincipios e regras juridicas positivas ou negativas, os valores predomi nantes na sociedade, os quais devem ser seguidos por todos quando se vivencia um Estado de Direito.” ‘As décadas de 1950 ¢ 1990 sao marcadas por profundas mudangas decorrentes dos avangos da indistria e tecnologia, principalmente dos meios de comunicagao, gerando novos direitos ¢ a necessidade de novos instrumentos para garanti-los e dar-thes efetividade em uma sociedade de massa e de rede. A sociedade de massa origina-se a partir da Segunda Revolugio In dustrial, ocorrida entre 1850 a 1870, tendo em vista que a mesma pro. vocou a aceleraio do proceso de urbanizacio na Europa e nos EUA, gerando um grande crescimento populacional e das cidades. Dentre os varios fatores que aceleraram o crescimento urbano ¢ 0 éxodo rural, Fa- biana Scoleso aponta os seguintes”: a) Melhoria da alimentagao: perfodo em que houve uma expansio mundial das éteas agricolas, com a mecanizagao da agricultura e 0 uso de fertilizantes, que permitiram ampliar a produtividade do solo, Destaca-se, também, a ctiagéo das industrias de conservas, que foram decisivas para assegurar o abastecimento de populagdes cada vez mais numetosas; as ex- periéncias com conservas datam do Século XVIII, mas s6 no Século XIX essas experiéncias chegaram & industria; b) Industrializagao: foi o principal fator influenciador para o cres cimento populacional das cidades, gerando um esvaziamento do campo para. cidade, uma vez que as pessoas buscavam conforto ¢ oportunidade de trabalho; 368. Argumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, «) Avangos na area médica: ampliaram-se hospitais infantis ¢ ma- ternidades, assim como ocorreram a implantacio de politicas sanitirias e a descoberta da vacina contra variola, provocando a queda da mortalida- de, principalmente nos paises mais ricos; d) Migragées ultramarinas: entre os anos de 1815 ¢ 1915, aproxi- madamente 35 milhdes de pessoas deixaram a Europa para tentar a vida além-mar; ¢) Formagio do mercado: o ctescimento populacional e urbano aliado ao aumento do poder aquisitivo dos trabalhadores permitiu que industrias de bens de consumo ampliassem sua producio. corre que o grande desenvolvimento das inckistrias e o aumento da competitividade gerou a redugio dos lucros para os detentores do poder econdmico, que levados pela ambigao ¢ desejosos de aumentar a mais-va- lia, passaram a adotar varias estratégias para aumento dos lucros, as quais provocaram profundas consequéncias ¢ alteragdes sociais. Dentte as estratégias mais utilizadas pelos detentores do poder eco- némico, Joselita Matos Damasceno, destaca™ a) substituicdo da mao de obra masculina pela feminina ¢ infantil, utilizando-se criangas com idades inferiores a oito anos, a troco muitas vvezes de alojamento e comida; 'b) as maquinas passaram a ser utilizadas amplamente, ocasionando tum gradativo aperfeicoamento técnico e a exclusio do mercado de traba- Iho dos inaptos; ©) coma finalidade de aumentar a produtividade, pagava-se tao pou- co ao operario que o mesmo via-se obrigado a trabalhar durante toda a semana para obter uma renda minima para a sobrevivéncia, em condigdes precitias de trabalho, com jornadas médias de 14 horas por dia ¢ que, dependendo da época do ano, poderiam se estender até 19 horas. E sem quaisquer direitos trabalhistas; 4) ctiaram-se as workhouses, que eram “casas de trabalho’, Trata-se de um local piblico para onde eram encaminhados os desempregados que ficavam confinados 4 espera de trabalho. Essas pessoas eram disponi- bilizadas para os industriais como uma mao de obra baratissima, No final do Século XIX, estudiosos como M. Defleur e Sandra Ball Rokeach definiram a sociedade de massas como: Argomenta Journal Law n.22jan4jul 2015 369 relacionamento existente entre individuos e a ordem so- ial que os rodeia, na qual: 1) os individuos sto considerados numa situagdo de isolamento psicoldgico uns dos outros; 2) diz-se predominar a impessoalidade em suas interagées com outros; 3) sio considerados isentos das exigéncias de obriga- Ges sociais informais forcosas.* Hannah Arendt aborda a respeito da alienagao do Homem moder- no com relagao ao mundo e situagao do homem componente da grande ‘massa, expropriada da protesdo da familia e de seus bens, como o fazedor, fabricante: A grandeza da descoberta de Max Weber quanto as origens do capitalismo reside precisamente em sua demonstracao de que é possivel haver enorme atividade, estritamente munda. na, sem que haja grande preocupacao ow satisfagio com 0 mundo, atividade cuja motiva¢io mais profunda é, a0 con- trario, a preocupagao e 0 cuidado com o ego. O que distingue a era moderna é a alienagdo em relagao ao mundo ¢ nio, como pensava Marx, a alienasao com relagio ao ego."* [1 0 fato de que a moderna alienagao do mundo foi suficiente mente radical para estender-se até mesmo & mais mundana das atividades humanas, ao trabalho ¢ a reificacao, & fabrica- 40 de coisas e a construgio do mundo, distingue as atitudes € avaliagées modernas ainda mais nitidamente daquelas da tradi¢io que a mera inversio de posigdes entre a contem: placao e a agdo, entre a atividade de pensar e a atividade de agir, parece indicar. O rompimento com a contemplacao foi consumado néo com a promogio do homem fabricante posigao antes ocupada pelo homem contemplativo, mas com a introdugao do conceito de processo na atividade da fabri- cacao.” Assim, grande parte da populagao que migrou para as cidades pas- sou a trabalhar nas industrias e a viver em condigdes precérias, traba- Ihando muito, ganhando 0 minimo para sua subsisténcia ¢ sonhando em consumir 0 produto que produzia, nada tendo de direitos sociais", apenas a liberdade, direito fundamental nos Estados Liberais, e aqui, a liberdade para fabricar e aos grandes detentores do capital a liberdade de acumular 370. Acgumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, Fiquezas e explorar o pobre. Celso Lafer, ao estudar a obra A condigdo Humana, de Hannah Arendt, extrai preciosos esclarecimentos sobre as implicagées politicas do mundo moderno, as quais levam a pessoa a uma alienagao e fragilidade politica Pois bem: o que é que Hannah Arendt estava tentando com. preender em The Human Condition, dos problemas por ela suscitados em ‘The Origins of ‘Totalitarianism? As origens do isolamento e do desenraizamento, sem os quais nao se ins taura o totalitarismo, entendido como uma nova forma de governo e dominasio, baseado na organizacéo burocritica de massas, no terror e na ideologia. 0 isolamento destréi a capacidade politica, a faculdade de agit. E aquele <> O isola- mento, que é a base de toda tirania, nao atinge, no entanto, a esfera privada. O inédito, no totalitarismo, dada a ubiqui- dade de seu processo de dominacio, é que exige também o desenraizamento, que desagrega a vida privada e destréi as ramilicagdes sociais. << Nao ter raizes significa nio ter no mundo um lugar reconhecido e garantido pelos outros; ser suplérfluo significa nao pertencer ao mando de forma algu- ma. Esta conjugacao de isolamento, destruidor das capacida- des politicas, e desenraizamento, destruidor das capacidades de relacionamento social, que permite a dominagao totali- taria, se produz quando: << © homem isolado, que perdeu seu lugar no terreno politico da aco, é também abandonado pelo mundo das coisas, quando jé nao é reconhecido como homo faber, mas tratado como animal laborans, cujo neces- sério << metabolismo com a natureza>> nao é do interesse de ninguém.” A partir da década de 1990, as novas tecnologias de comunicagio transformaram a forma de comunicasao da sociedade de massas, prin. cipalmente, pela propagacao da internet para a populacao em geral, dei- xando de ser instrumento exclusivo do exército americano. Joselita Da- masceno Matos comenta que a comunicagao segmentada da sociedade de rede tem a particularidade de atingir um nimero menor de pessoas, se Argomenta Journal Lawn. 22 anol 2015 371 comparado aos meios de comunicacao da sociedade de massa, contudo, atinge grupos de pessoas mais especificos. A internet estabelece a conec- tividade dos individuos, sendo um meio que, ao mesmo tempo, propde o distanciamento fisico, mas, também, a proximidade subjetiva ¢ a mobili- dade das pessoas.” Segundo Pierre Lévy, citado por Joselita Damasceno Matos, a “raga humana esté se tornando um superorganismo a construir sua unidade através do ciberespago” (LEVY, 2000/p. 59). Ainda, segundo 0 filésofo, “o ciberespago ~ que é 0 espaco de comunicacio aberto pela interconexio global de computadores - ocasiona uma nova configuracao de larga escala de comunicagio ‘muitos para muitos" [Nessa sociedade, o individuo nao precisa locomover-se para manter contato com 0 mundo, tornando o contato presencial cada vez mais raro. £ por intermédio da Rede que o individuo se movimenta, busca e mantém relacionamentos, uma vez que procura por um ambiente que lhe seja in- teressante; ali, roca informagoes, conhecimentos ¢ mantém uma base de uma sociedade segmentada. Observa-se, contudo, que o ser humano in- serido no seu nicho, seja um blog, rede social - Orkut, Facebook, MySpace, ‘Twitter ~ continuara inserido na massa, pois todos esses nichos formam a sociedade.* Desta forma, nao ha tanta necessidade de contato fisico e muito me nos com a realidade, fazendo com que a pessoa va perdendo a nosao do tempo real se torne desejoso de consumir tudo 0 que puder, no menor tempo possivel; é um mundo onde tudo é descartivel: até mesmo o ser humano. Nesta sociedade, pode-se dizer que a informagio chega ao in- dividuo em tempo real ¢ atinge um mimero imenso de pessoas, as quais, logo passam a interagir, dando suas opinides e contribuigdes ~ positivas ou nao ~ para o desenvolvimento pacifico das relagdes sociais. Cumpre ressaltar que os valores se inverteram a tal ponto que se tor- now necessitio conter a agio humana contra a autodestruicao, ¢, neste aspecto, o Direito tem papel fundamental, agindo conjuntamente com a Filosofia, Sociologia, Biologia e outras areas que estudam o ser humano, seu comportamento e o ambiente em que vive. Assis, Kumpel e Serafim ressaltam a importancia da Sociologia para 6 Direito, especialmente quanto & estrutura social, a cultura e as institui qbes sociais, ¢ destacam o entendimento de Niklas Luhmann, a saber: 372. Asgumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, “Para Niklas Luhmann (1985), 0 Direito (normas) funcio- na como um mecanismo que neutraliza a contingéncia das agbes individuais, permitindo que cada ser humano possa esperar, com um minimo de garantia, o comportamento do outro e vice-versa. Para superar as contingencias que afetam as expectativas das partes, sao estabelecidas normas que da- rao as partes as garantias requeridas. As normas, entretanto, s6 garantem as expectativas, no 0 comportamento. (..) © Direito, na medida em que garante as expectativas sociais contra a contingéncia a que estao sujeitas, aparece como uma estrutura do sistema social que confere congruéncia & gene- ralizagao das expectativas comportamentais.”” Assim, a Sociologia tem contribuido para a melhoria do sistema ju- ridico, indicando as areas de conflito de interesses e as necessidades de mudanga social e estratificacéo social, pois quando a padronizacao das condutas ou o Direito sdo usados como instrumentos de gestio governa- mental, evitam-se relagdes conflituosas em larga escala.™* 3 O PERSONALISMO ETICO ‘Muitos fildsofos € pensadores lutaram contra a realidade cultural, moral ¢ social que vinha sendo instaurada pela sociedade de massa ¢, logo apés a crise de 1929, iniciaram-se movimentos em oposigéo ao absolu- tismo, a objetivacio do ser humano, a desigualdade social e 0 abuso de poder, Além de pensadores como Hannah Arendt, ja citada, o movimento filoséfico do personalismo teve como principal meio de difusao a Revista Sprit, fandada por Emmanuel Monier em 1932, na qual os filésofos mais, representativos na Franca, como G. Izard, P; Ricoeur, N. Berdjaev, J. Ma ritain, E, Mounier, M. Nedoncelle entre outros, publicavam suas teses. O fandamento do personalismo estava paulado na ideia de pessoa, consi- derada em sua nio objetivagio, inviolabilidade, criatividade, liberdade e responsabilidade - era a visio de uma pessoa encarnada em um corpo, situada na historia e constitutivamente comunitéria.* Emmanuel Mounier nasceu em 1905, em Grenoble, ¢ faleceu em 1950, em Paris, apés um infarto, Para o fil6sofo, o fim da crise de 1929 retratou no somente a crise econémica, mas, também, moral que vivia a ArgomentaJousnal Law n. 22 anol 2015 373 sociedade, gerando inquietagdes e angiistias a ponto de levar muitos indi- viduos a cometerem suicidio, Para Emmanuel Mounier, a pessoa nao pode set retratada em sua inteireza, pois pessoa nao coincide com personalida- dee, para que seja completa, feliz, deveria fazer pelo menos trés exercicios essenciais durante a sua vida: (a) buscar a prépria vocacao, (b) empenhar- -se em uma obra, como sinal da propria encarnagao e (¢) renunciar a si prdprio em favor dos outros, Prossegue defendendo um novo modelo de sociedade onde a pessoa assume responsabilidade por sua vida e tem 0 dever dos outros. Aqui, 0 Estado existe para a pessoa e nao a pessoa para o Estado, devendo ser formado por poderes divididos e contrapostos com a obrigagao de proteger a pessoa contra os abusos do préprio poder.* Outro filésofo de grande destaque no personalismo ético é Jacques Maritain, que inclusive discutiu a finalidade do direito nesta nova socie- dade, por meio da Teoria do Humanismo Integral” © fildsofo e letrado, Jackes Maritain, nasceu em Paris na data de 18.11.1882 ¢ faleceu em Toulouse em 28.04.1973; casou-se com Raissa, judia que se converteu ao catolicismo juntamente com 0 matido, Foi pto- fessor nas Universidades de Toronto (Canada), Columbia, Princeton ¢ Chicago e embaixador da Franga junto ao Vaticano e importante inspira- dor e um dos redatores da “Declaragao Universal de Direitos Humanos” (1948), da ONU2* Jackes Maritain considerava os valores cristéos de igualdade, fra ternidade ¢ liberdade como fundamentos para a democracia, os direitos hhumanos, a luta pela paz universal ¢ pela promosio do bem comum ¢ da dignidade da pessoa humana. £ considerado 0 expoente maximo do neotomismo” no Século XX, trazendo reflexes a respeito da situagéo da sociedade moderna, sua cultura, seus ideais, sua condicao moral, politica ¢ religiosa, Como fruto dessas reflexdes, nasceu a sua célebre teoria do humanismo integral, que alcangou ressonancia méxima no campo da fi- osofia politico-social.” © humanismo integral esti fundamentado sobre quatro pilares fun- damentais, quais sejam: (a) homem como pessoa, (b) lei natural, (c) direitos humanos e (4) bent comum. Como aspecto principal de sua teoria, Jackes ‘Maritain considera que ser humano é concebido com uma dignidade humana, ou seja, é uma pessoa, por ser dotado de racionalidade e von. tade, bem como de individualidade, isto é, forma um todo completo em 374. Asgumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, si, uma vez que possui valores humanos e um espirito digno de respeito e liberdade.” Jacques Maritain era contrério aos poderes absolutos e supremos, de- fendendo que todos os poderes devem prestar contas, assim como existe uma lei natural que deve ser respeitada por todos, em especial o direito do homem a existéncia, & liberdade pessoal ¢ & obtengao da perfeicéo da vida moral. Os filésofos do personalismo ético, assim como outros que defen- deram as ideias de concretizacao da liberdade, igualdade, dignidade da pessoa humana, de respeito a pessoa acima do Estado, democracia, di- vulgados em contraposigao a crise moral e econémica da época, influen- ciaram o mundo para gerar as mudangas sociais e politicas do perfodo Pés-Segunda Guerra Mundial 4 OS NOVOS DIREITOS E A NI MODELO CONSTITUCIONAL, ‘SIDADE DE UM NOVO Em um primeiro momento, o constitucionalismo foi compreendi- do como uma técnica juridica de protegao das liberdades, reconhecida a partir do final do Século XVII, a qual, em especial, tem como marco a Revolucéo Francesa ocorrida em 1789, Segundo José Joaquim Gomes Canotilho, citado por Zulmar Fachin, © constitucionalismo antigo é conceituado como: “o conjunto de princi- pios escritos ou consuetudindrios alicergadores da existéncia de direitos estamentais perante o monarca e simultaneamente limitadores de seu po- der. Inicia-se no final da Idade Média e vai até 0 século XVII" A cultura da sociedade de massa e a inversao axiolégica sobre a pes- soa humana, os horrores da Segunda Guerra Mundial e do Nazifascismo, deixaram claro a0 mundo a necessidade de se reconhecer na pessoa um. valor maior ¢ antecedente a lei, um valor que Ihe fosse inerente, a fim de que seus atributos estivessem protegidos contra abusos do Estado ou de terceiros, Maria Paula Dallari Bucci explica que: “No século XIX, ao mesmo tempo que as lutas pela amplia- 40 do sufrigio e implantagao do regime democritico leva Argumenta Journal Law n vam essas questées a0 centro das ideias politicas, estava em curso a mais formidavel transformacio social da hist6ria, com os frutos da revolucéo industrial e a formagao do mo- vimento socialista. A consolidacao dos Estados nacionais, nesse periodo, resultou da interpenetraao das dimensies juridica e politica com questoes préprias da atividade eco- némica. A marca do século XX foi a explicitacao do poder econdmico - em movimentos de agio € reagdo com as re- sisténcias de inspiracao socialista - a0 mesmo tempo como parceiro e concorrente do Estado... © Estado segundo Max ‘Weber, detém nao apenas 0 monopilio do exercicio legitimo da violéncia, mas também os meios de gestao postos & dispo- sigao pela sociedade, os recursos financeiros, oriundos da ar- recadagao tributaria e do crédito puiblico e as estruturas per- manentes de atuacao, os organismos ¢ a burocracia publicos. Além disso, passou a deter poderes sobre comportamentos privados, diretamente ou por meio de incentivos ¢ mecanis- mos de indusdo. A medida que a sociedade se tornava mais complexa, também o Estado necessitou ampliar e diversificar seus modos de atuagao. Essa evolugao, no sentido de abran- ger um leque mais amplo de responsabilidades ¢ combinan- do modos de atuagao diversos, como a participagio na vida econdmica ou a sua regulacao, gerou novos problemas ¢ de- safios para o direito”™* Assim, apés 0 surgimento do proletariado, a sociedade passou a clamar por inclusdo na participagao das riquezas, contexto no qual era exigido do Estado, nao apenas uma abstenao A violagao de direitos indi- viduais, mas uma previsao e concretizagao dos direitos fundamentais. As primeiras constituigdes a preverem direitos sociais foram a mexicana, em 1917, ea alema de 1919, embrides do Estado Social de Direito ou Estado do Bem Estar (Welfare State) Como explica Zulmar Fachin, os direitos passaram a ser reivindi cados no decurso da histéria, sendo divididos pela maioria dos doutri- nadores em dimensées, de acordo com as conquistas de cada tempo, néo deixando de existir o direito j4 conquistado quando surge um novo di- reito. Confirmando este entendimento, o referido autor cita Ingo Sarlet, para quem “os direitos fundamentais sao, acima de tudo, fruto de reivin- dicagdes conctetas, gerada por situagdes de injustiga e/ou agressao a bens fundamentais e elementares do ser humano”* 376. Acgumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, ‘A decadéncia axiolégica do ser humano trouxe consigo a necessi- dade de se elevarem determinados direitos & categoria constitucional, co- nhecidos como de terceira, quarta quinta dimensdes, tendo em vista os avangos da ciéncia, tecnologia ¢ a complexidade das relagdes sociais. Segundo Zulmar Fachin, os direitos fundamentais esto assim divididos": a) Direitos de primeira dimensao: os quais correspondem aos di- reitos civis e politicos, essencialmente ligados as liberdades individuais, sendo reivindicados a partir de 1215, com a Carta Magna assinada pelo Rei Joao Sem-Terra, na Inglaterra; b) Direitos de segunda dimensao: abrangem os direitos sociais, cul turais e econémicos, assentados sobre a igualdade;, ©) Direitos de terceira dimensio: consubstanciados nos direitos metaindividuais, coletivos e difusos, esto vinculados & solidariedade ¢ podem refletir-se na paz, desenvolvimento, comunicacéo, ambiente eco- logicamente equilibrado ¢ patriménio comum da humanidade; 4) Direitos de quarta dimensao: estio elencados o direito a infor- magio verdadeira, & democracia ¢ o pluralismo; ¢) Direitos de quinta dimensao: decortem da incerteza ¢ inse- guranga gerada em todo 0 mundo, tendo em vista os exterminios em massa, de vidas humanas, ocorridos no Século XX, como genocidios, guerras mundiais, bombas atomicas, atos terroristas, apartheid, limpe zas étnicas; sendo assim, a paz seria o precioso bem a ser resguardado nesta dimensao; £) Direitos de sexta dimensio: em virtude da escassez e por serum bbem essencial & vida, é necessério clevar-se o direito & agua potivel. Note-se que o Constitucionalismo Antigo, que previa sobre a organi- zagao do poder estatal e impunha um Estado de Direito, tornou-se impo- tente frente as demandas da sociedade ¢ 0 surgimento de novos direitos. ‘A sua tutela era limitada ¢ nao realizava a desejada transformagao social e redugao das desigualdades; almejava-se uma protegao mais ampla, efe- tiva e democritica, que melhor integralizasse as massas, que é 0 que se busca com a formagio do Estado Democritico de Direito e 0 Constitu- cionalismo Moderno. ‘A partir do Século XVII nasce 0 Constitucionalismo Moderno, como um movimento politico, social e cultural questionador do domi. nio politico tradicional, eivado de sentimento nacional, limitador do Argumenta Journal Law n poder do Estado e garantidor das liberdades fundamentais da pessoa humana, Encontram representantes nos movimentos inglés, americano e francés.” A ideia central da democracia de Lincoln, expressa, em 1863, na frase “governo do povo, pelo povo e para o povo’ significa que o povo deve deixar de ser objeto para tornar-se sujeito do governo democritico, refletindo nos conceitos de soberania popular, igualdade e autogoverno, caracterizando-se pelo voto ~ que define os modos de transmissio do po- der dos eleitores aos representantes - como pressuposto da igualdade juridica.” A democracia consagrou a supremacia do Parlamento e da lei, © funcionamento do Poder Judiciério e os mecanismos de controle do poder pelo poder* Assis, Kumpel e Serafim comentam que © acesso a justiga & um problema antigo que se acentuou no perfodo de pés-guerra, quando a consagragao constitucional de novos direitos econémicos e sociais transformou o direito a0 acesso efetivo & justiga num direito cuja denegagio com- prometeria todos os demais, ou seja, sem acesso a justica os novos direitos sociais e econémicos seriam simplesmente meras declaragdes politicas, de contetido ¢ fungao mistifica- dores.*! © Constitucionalismo Moderno necessita de um sistema juridico efetivo e eficaz, e, para tanto, foram disseminadas formas de controle con- centrado de constitucionalidade, as quais desencadearam uma ampliagio da fungao judicial, com a criagdo e funcionamento dos Tribunais e Conselhos Constitucionais; assim como as Cortes de Direitos Huma. nos e, consequentemente, modificacio do papel da Constituicio, que assumiu definitivamente o sentido de norma juridica ~ nao mais mero pacto politico ~ 0 que repercute sobre a aplicagao do Direito quando se desce verticalmente pela hierarquia normativa.® Com efeito, os Tribunais ¢ Cortes deveriam ser instrumentos para concretizagao dos direitos fundamentais, vex que 0 acesso a justiga pas- sow a ser pautado na dignidade da pessoa humana, pois o Poder Judicis- rio era, até entao, 0 meio mais eficaz para a pessoa alcangar o direito ou fazer cessar a violagdo ou ameaca a direito seu. Atualmente, os direitos 378. Asgumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, fundamentais também sao concretizados por meio de politicas puiblicas, ¢, ainda, extrajudicialmente, por métodos alternativos, dentre eles, des- tacam-se os autocompositivos, que buscam trazer uma solugio justa aos, conflitos de interesses, sejam individuais ou sociais; portanto, o Poder Judiciario nao deve mais ser visto como o nico meio para concretizagao de direitos e, sobretudos, de direitos fundamentais 5 0 MITO DO JUDICIARIO E 0 EFETIVO ACESSO A JUSTIGA ‘Todas estas transformagées, que culminaram no surgimento dos Es tados Modernos, exigiram, a principio, um Estado centralizado e forte, principalmente apés 0 surgimento do capitalismo mercantil ea superagio do modo de producao feudal durante os Séculos XIV, XV e XVI, trazen- do valor & agao exclusiva do Estado ~ na figura do Poder Judiciério ~ na solugdo dos conflitos de interesses. Com a democratizagao, o Estado nio poderia mais se escusar de cumprir tal tarefa de forma igualitéria Nese novo contexto mundial, a dignidade da pessoa humana adquire contornos de prestagao positiva por intermédio do dever de tutela, juridi- cae jurisdicional, de direitos pelo Estado, O texto constitucional brasileiro enumera, como um dos fundamentos do presente Estado Democritico de Direito, a dignidade da pessoa humana, conforme previsto no art. 1°, inc II da CRE/88. Dada sua vital importancia, este principio deve ser interpretado, no ordenamento juridico pétrio, da maneira mais ampla possivel, devendo 0 Estado brasileiro prover de todos os meios possiveis para assegurar sua efetivacdo, nao apenas por intermédio de garantias constitucionais de ca- réter individual, mas, também, pela defesa de interesses coletivos, difusos ¢ metaindividuais, Nesse contexto, ou seja, de uma interpretagao mais ampla possfvel, 0s principios, como espécies de normas juridicas, esto no plano genérico € do abstrato, enquanto as regras atuam no plano da realidade, Mas isso nnio significa que o principio nao venha a ter incidéncia no caso concre- to. Os principios integram o sistema juridico e, dese modo, quando da aplicagao do Direito, numa interpretaco do sistema, deve o intérprete levé-los em consideragio. Assim, a interpretagao de um texto legal, nos dias atuais, néo pode mais ser feita com base exclusivamente nesse texto, Argomenta Journal Law n.22anjul 2015 379 utilizando-se dos métodos mais antigos (histérico, gramatical, teleolégi- co, légico-sistemitico, etc.). A interpretacao deve ter tal extensio, a fim de abarcar o sistema juridico em sua estrutura global. Daf a relevancia de enfocar o texto da Constituigao como ponto de partida de toda e qualquer interpretacao. £ partindo da Constituigao ¢ descendo as demais regras, juridicas, perpassando todo 0 ordenamento juridico, que o intéxprete fard ‘uma interpretagio mais adequada e correta. A interpretagao, nesses mol- des, & de suma importincia, mormente quando se aborda o principio da dignidade da pessoa humana, Na listo de Luiz. Anténio Rizzatto Nunes, a interpretagio “(..) ‘conforme & Constituigao’ busca apontar as opgoes valorativas basicas do Texto Maximo, os principios tornam-se importan- tissimos no trabalho do intérprete, nao s6 porque sio, de fato, superiores s normas, ainda que constitucionais, mas especialmente porque, a0 con- Urario das normas, que ao se chocarem geram antinomias, eles sio com- patibilizaveis. E claro que, mesmo assim, essa compatibilizacao devera por em relevo aquele princ{pio mais influente no contexto analisado - como, da mesma forma, deve-se dar sempre maior importancia aos principios ‘mais fundamentais, como, por exemplo, o da dignidade da pessoa huma- nae Assim, a ideia de que a tutela do Estado, por meio da jurisdiao, seria a melhor solusdo para os conflitos de interesses, tendo em vista a garantia, de imparcialidade, do contraditério, da ampla defesa e a responsabilidade de dar efetivo acesso a todos, como preceitua o inciso XXXY, do art. 5* da CE foi sendo propagado, desde a consolidacao do Estado democratico de direito* Nas palavras de Petronio Calmon, o sentimento de exaltagao da jus- Liga estatal é fruto do mito da justia, ou seja, a crenca de que o proceso garantird a independéncia ¢ imparcialidade do juiz, tendo em vista a mo- tivagao das decisées, da iniciativa por um sujeito diverso do julgador, da patidade de armas, contraditério, ampla defesa e definitividade de suas decisdes, em que, para as partes, somente um juiz pode dar uma decisio correta e justa. A orientagio teérica da Escola do Direito Livre, com Ehrlich, Kan- torowich, e a jurisprudéncia sociolégica, de Roscoe Pound, jé no inicio do Século XX, criaram as pré-condigses tedricas da transicdo para uma nova visio sociolégica focada nas dimensées processuais, institucionais ¢ 380. Argumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, organizacionais do direito.” ‘A cultura litigiosa, desencadeada pela crenga de que o Poder Judi- ciario, até entao, era a forma mais justa de se solucionar os conflitos de interesses, instaurou-se em todo o mundo ocidental, criando uma crise generalizada do Poder Judiciério e obstaculos infindaveis ao efetivo aces- so A justiga, Segundo Ada Pelegrini Grinover, os principais fatores para essa crise sao, “a sobrecarga dos tribunais, a morosidade dos processos, seu custo, a burocratizagao da Justiga, certa complicagio proce- dimental, a mentalidade do juiz. que deixa de fazer uso dos poderes que os cédigos Ihe airibuem, a falta de informacio e de orientagao para os detentores dos interesses em conflito ¢ as deficiéncias do patrocinio gratuito” Atualmente, verifica-se que as barreiras para o acesso & justica sio de ordem econémica, cultural e social. Segundo Ada Pellegrini Grino. ver, citada por Petronio Calmon, o processo judicial tradicional no est adequado para a solucéo dos conflitos de interesses emergentes em uma sociedade de massa, em que despontam interesses metaindividuais e inte resses economicamente menores.?” ‘As solugdes para a crise do Poder Judicisrio, segundo socidlogos ¢ processualistas, estéo centradas em dois aspectos: o jurisdicional e 0 ex- trajudicial. Assim, a vertente jurisdicional defende a descomplicagao do proprio processo, tornando-o mais égil, mais répido, mais direto, mais acessivel. Com relagao a essa caracteristica almejada, Ada Pelegrini Gri- nover trata como deformalizagio do processo. F, a vertente extrajudicial, por meio da qual se busca a desformalizacao das controvérsias, pelos equi- valentes jurisdicionais, como vias alternativas ao processo, encaixando-se aqui a conciliagiio e a mediagao ~ métodos autocompositivos -, ea arbitra gem - método heterocompositivo.” Os movimentos feitos, em todo o mundo, para reformas ¢ implan- tagdo de mecanismos com objetivo de dar efetivo acesso & justiga, foram chamados por Mauro Capelletti ¢ Bryan Garth de “ondas’. A primeira “onda” ampliou 0 acesso ao Poder Judicidrio para os menos abastados, tanto com relagao a custas e despesas processuais quanto em relagdo aos honorérios advocaticios. No Brasil, é de se ressaltar 0 texto constitucional Argomenta Journal Lawn. 22jan jul 2015 381 quando, no Titulo que trata Dos direitos ¢ garantias fundamentais, direi- tos individuais e coletivos, prevé no inc. LXXIV, do art. 5°, a assisténcia Juridica, bem como a Defensoria Pilblica, como fungdo essencial d justiga, revista no art, 134%, do mesmo texto legal. Cumpre ressaltar que a abertura econdmica do Poder Judiciério de- sencadeou uma sobrecarga de processos, tendo em vista a quantidade de ages e processos em trimite e a impossibilidade de atender a demanda existente, tanto pela complexidade dos conflitos de interesses quanto pela sua quantidade, tornando o processo lento, moroso e custoso, ou seja, al gumas das solusées, inevitavelmente, trouxeram novos problemas para 0 servico do Poder Judicisrio. Embora sejam iniimeras as causas originadoras da crise do Poder Ju: diciério, os doutrinadores, estrangeiros e nacionais, concordam que 0 ex- cessivo mimero de processos que chegam ao Poder Judiciério anualmente ~ demonstrando uma cultura litigiosa - é uma das principais agravantes para o congestionamento existente e, consequentemente, para a restrigao ao acesso A Justiga Pode-se afitmar que foi a partir da década de 1960 que se intensi- ficaram os estudos sobre meios extrajudiciais de solugio de conflitos de interesses, como a conciliagio ¢ a mediacao, a partir de questionamentos evantados por Frank Sander, discipulo de Roscoe Pound, na Pound Con: {erence, realizada em Minedpolis no ano de 1976, quando utilizou pela primeira vez 0 termo ADR - Alternative Dispute Resolution.” Dessa forma, a Antropologia Social também trouxe varias contri- buigdes para esclarecimentos sobre a administracao da justica por meio de outros mecanismos de resolucéo, conforme explicam Assis, Kumpel e Serafim: “Os antropélogos, 20 investigar as sociedades simples, mos traram formas de direito ¢ padrdes de vida jurfdica total- mente diferentes dos existentes nas sociedades complexas, tais como: a) direitos com baixo grau de abstragio e apenas discerniveis na solugio concreta de litigios; b) direitos com pouca especializagao em relacdo 4s restantes atividades so Ciais; c) mecanismos de resolucao de litigios caracterizados pela informalidade, rapidez, participagao da comunidade, conciliagio ou mediaco entre as partes através de discurso 382. Argumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, jurfdico retérico e persuasivo, assente na linguagem comum; 4) existéncia, numa mesma sociedade, de uma pluralidade de direitos convivendo e interagindo de diferentes formas’ A desenfreada busca pelo acesso & justica por meio da prestagio ju risdicional e a sua crise, desencadeou, assim, a necessidade de se encon. trar outros caminhos, inclusive por métodos autocompositivos, que asse- gurem uma resposta realmente justa, pois o conceito de justiga nao pode comportar uma decisio tardia e sem efeito pratico, ou alé insatisfatéria as partes, Alids, j& foi dito que Justiga tardia equivale a injustiga; Justiga tarda ¢ Justica desmoralizada A respeito, Petronio Calmon explica que, em verdade, o Poder Ju- diciério nao evoluiu simplesmente da autotutela, como defendem muitos processualistas, mas que a autotutela e a autocomposicdo sempre coexisti- ram como meio de solugao de conflitos, antes mesmo da criagio do Poder Judiciério® Isso tanto é verdadeiro, que na Biblia Sagrada, em Mateus, Capitulo 5, versiculos 21 a 25 esté escrito: “21 “Voces ouviram 0 que foi dito aos seus antepassados: “Nao matards, e (quem matar estard sujeito a julgamento. 22 Mas eu digo a vocés que qualquer que se irar contra seu irmio estard sujeito a julgamento, Também, qualquer que disser a seu irmao: ‘Raci, sera levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco, corre o risco de ir para o fogo do inferno, 23 “Portanto, se vocé estiver apresentando sua oferta diante do altar ¢ ali se lembrar de que seu irmao tem algo contra 24 deixe sua oferta ali, diante do altar, ¢ vi primeiro recon- ciliar-se com seu irmao; depois volte e apresente sua oferta 25 “Entre em acordo depressa com seu adversirio que pre- tende levi-lo ao tribunal. Faga isso enquanto ainda estiver com ele a caminho, pois, caso contrério, ele podera entre- gi-lo ao juiz, ¢ 0 juiz 20 guarda, e vocé poderd ser jogado na Prisio” ‘Também o Pensador Confiicio afirmava: “Aja antes de falar e, por- tanto, fale de acordo com os seus ato Na atualidade, j4 se comprovou que a decisdo judicial, tanto pelo Argomenta Journal Law n. 22 janjul 2015 383 procedimento prolongado e burocritico, moroso, custoso, como pela ex- pectativa das partes, j& ndo traz uma satisfagio plena as mesmas - por vvezes, nem mesmo & parte vencedora, Iniimeros estudos indicam que @ satisfagao dos usuarios do sistema judicial esta fortemente relacionada & percepgao de que o procedimento foi justo € na possibilidade das partes envolverem-se dietamente na escolha dos procedimentos usados para solucionar 0 conflite.“ Enfim, o sentimento de justica deixou, hi muito, de ser suprido pela prestacdo jurisdicional, a cargo do Estado-juiz, desmistificando 0 Poder Judiciério como a tinica forma garantidora de uma decisio imparcial e justa, fundamentada no principio da dignidade da pessoa humana; a0 ‘mesmo tempo, a cultura litigiosa instaurada por décadas, tornou os in. dividuos impotentes para resolverem suas préprias questées por meio da autocomposicao. Portanto, conclui-se que a jurisdi¢ao nao é, em tese, “melhor” nem “pior” que outros métodos de solugao de conflitos de inte- resses; assim, nao se deve falar em um mecanismo mais eficiente, mas na- quele mais funcional para dada situagdo concreta, ou seja, a funcionalida- de do instrumental e da metodologia de gestio de conflitos de interesses, disputas e problemas, implica adequagao da via possivel eassimilivel pelo contexto conflitivo®” Destarte, objetiva-se elencar os principais métodos de solugio de conflitos de interesses, sob a dtica de métodos auxiliares e eficazes paraa_mudanga de mentalidade da sociedade, do jurisdiciona- do, com a obtengio do escopo magno da jurisdigéo que ¢ a pacificacao social, ¢, consequentemente, a diminuicao do mimero de processos ¢ 0 afastamento da morosidade do Poder Judiciério. Deve-se observar que no Brasil, desde o Império, jd se reconhecia, ainda que timidamente, a importincia da conciliagio, como método au- tocompositivo, o qual tinha previsio nas Ordenagées Filipinas, Livro IIL, ‘Titulo XX, § 19, a saber: "No coméco da demanda diré o juiz a ambas as partes, que antes que facam despesas, ¢ se sigam entre elas 0 ddio e dis- senssoes, se devem concordar, e ndo gastarem suas fazendas por seguirem suas vontades, porque 0 convencimento da causa sempre é duvidoso’* A conciliasdo sofreu varias mudangas no decorrer da histéria bra: sileira, chegando a ser prevista como um requisito pré-processual a ser tentada pelas partes, diante dos juizes de paz, sendo conhecida como con- ciliagdo prévia. Contudo, retornou ao seu status quo de facultatividade 384. Argumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, com 0 Decreto 359, 26 de abril de 1890, o qual revogou as leis que exigiam a tentativa de conciliacao prévia.” Atualmente, a conciliagao esté prevista em praticamente todos os ritos procedimentais: amplamente, na esfera civel, trabalhista e juizados especiais civeis, estaduais ¢ federais, sendo obrigatéria, a sua tentativa, no inicio da demanda ow facultativa no decotrer de todo o processo (art. 1254 ine, IV, do CPC/1973), em qualquer fase processual, inclusive, em segunda instancia. ‘A arbitragem também possui tradicdo em nosso direito, embora ndo seja tdo utilizada como a conciliagao, eis que teve previsio nas Constitui goes de 1824, 1934 e 1937; as demais, inchuindo a Constituigdo Cidada de 1988, nada previram a respeito, havendo, todavia, previsio infracons. titucional para utilizagao da mesma." Atualmente, a arbitragem esté re- gulamentada pela Lei federal n. 9.307/96 ¢ pode ser utilizada apenas em situagbes que envolvam direitos patrimoniais disponiveis. Mas, & de se ressaltar que grande parte da doutrina brasileira entende que na Arbitra- gem, apesar de método alternativo de solucao de conflitos de interesses, estd presente o exercicio da jurisdigao.* Entretanto, nem mesmo a obrigatoriedade da conciliagio no proces- so judicial ea publicagio da Lei federal n. 9307/96 foram suficientes para auxiliar, de forma efetiva, na pacificagao social e diminuicdo do ajuiza- mento de processos no pais. Tal constataydo observa-se, primeiramente, pelo desvio das técnicas de conciliagao que eram aplicadas por servidores ou estudantes de direito, totalmente despreparados para tanto, bem como, no caso da arbitragem, por tratar de matéria bastante limitada e ser, ainda, de custo elevado para a maioria da populasao. Em decorréncia da necessidade de outras solugdes ou da aplicagao efetiva dos métodos autocompositivos, 0 Conselho Nacional de Justiga (CNJ) aprovou a Resolugao sob on, 125/2010, proposta por Kazuo Wata- nabe, instituindo no Brasil a Politica Publica de Tratamento Adequado de Conflitos. A referida Resolucao propés obrigacdes aos Entes Federados, Orgios Piblicos e Privados, trazendo em seu bojo a obrigatoriedade da criago dos Micleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solugao de Conflitos pelos Tribunais Nacionais, conforme previsio do art. 7* da Re solusao n, 125/2010 e a instauracao de Centros Judiciérios nas comarcas, respectivas, a fim de prestar servigos de mediagao, conciliacao e informa- Argomenta Journal Lawn. 22anjul 2015 385 «ao gratuitamente a populacio. ‘A novidade da Resolucio ¢ a tentativa de implantar a mediacdo no Brasil, assim como exigit dos mediadores e conciliadores extrajudiciais a capacitacéo em curso fornecido pelos préprios tribunais ¢ padronizado segundo 0 Conselho Nacional de Justica Como método autocompositive, a mediagao tem a vantagem de preocupar-se com 0 empoderamento das partes ¢ a solugio do conflito intersubjetivo, ou seja, visa muito mais a pacificagdo social que qualquer outro método até entio utilizado, pois vai além das posigdes demonstra das pelas partes, alcancando seus reais interesses e necessidades. Sao métodos realmente mais baratos que o processo judicial, alm de mais céleres e de trazerem maior satisfacio as partes envolvidas no conflito de interesses. Contudo, o que se teme é a forma de implantagao e aplicagao de lais métodos, que venham a ser tratados com o mesmo des- caso com que a conciliagao judicial tem sido tratada hé décadas no pais. ‘Tal fato constata-se, facilmente, na observincia das pautas de audiéncias, em que é comum a marcagdo de prazo de cinco minutos entre uma e outra audiéncia, para sua realizagao. As barreiras para implantaggo adequada dos métodos autocomposi- tivos pelos CEJUSC’s jé podem ser vishumbrados por qualquer pessoa, a comesar pela falta de investimento em prédios separados do Poder Judi- ciario, desvinculando a sua imagem da fungio jurisdicional, Tal fator tem importancia quando se analisam os principios norteadores da mediacio, ver que exige um ambiente sigiloso e tranquilo, que nao remeta as par- tes A oposicio existente no processo judicial. Em que pese tais verdades, contudo, 0 foco do presente artigo, nao é criticar a forma de implantacao destes métodos no pais, © que seré objeto de outro estudo, mas demons- trar a importéncia da autocomposigéo na sociedade de massa ¢ de rede, ‘vex que concedem as pessoas condigoes de refletir sobre o conflito de in- teresses ¢ participar na sua resolugao, tirando o ser humano da posigao de conformismo e alienagio de homem massificado e concretizando um dos principios basilares de todos os demais que lhe sao inerentes, CONCLUSAO ‘A dignidade da pessoa humana, como principio universal é, atual- 386 Argumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, mente, o fundamento para que o Poder Piblico preste um servigo juris- dicional eficiente e igualitério, No Estado Democratico de Direito, nao se concebe mais a ideia de que a pessoa nao tenha o seu direito ¢ garantia fundamental concretizado por abstéculos econdmicos, sociais e culturais. Lamentavelmente, vive-se, ainda, a cultura da objetivagao do ser hu- ‘mano, tendo em vista que a cada dia os relacionamentos fisicos so menos importantes na sociedade de rede, pois nesta, a pessoa se movimenta e re- laciona por intermédio da internet. A pessoa massificada ¢ alienada, ma- nipulada pelos detentores do Poder, e tem o consumo como uma de suas, prioridades, até mesmo para ser aceito em seu nicho, fazendo disso 0 alvo principal da sua vida, onde tudo se torna objeto de compra ~ inclusive os atributos da prépria personalidade. Desta forma, para que a pessoa néo se autodestrua, é necessario que o sistema juridico, por meio de pensadores do Direito, fildsofos, sociélo- gos etc., caminhe de forma a conter a objetivagao do ser humano, tratan- do-o como um ser que merece ser respeitado por sua natureza humana e que deve respeitar os demais seres vivos, em especial, o outro ser humano com quem convive. Nem mesmo 0 Estado pode violar a dignidade da pessoa humana, mas, a0 contrario, deve lutar para que seus direitos e garantias fundamen- tais sejam protegidos e concretizados, também, por meio do Poder Ju diciério, concedendo-lhe acesso efetivo ao processo, bem como a outros eios de solugio de conflitos de interesses tao eficazes quanto, ou até mais satisfatérios, que a propria decisio judicial O processualista, desde a década de 1970, vem identificando a ne- cessidade de incentivar os meios autocompositivos, jé existentes antes da mitificagao do Poder Judiciério ¢ do seu aparente monopélio para solu- Gao dos conflitos de interesses, derrubada pela crise mundial do mesmo © agora fundamentada no principio da dignidade da pessoa humana, que reconhece 0 direito ao acesso efetivo a justiga Notes 1 autor 2 autora 3. _ Confirase o artigo 1° da Declarasio Universal ds Direitos do Homem: “Artigo 1+. Todos 0s sees humanos nascem livres eiguais em dignidade em direitos. Dotados, de razo e de consciéncia, devem agir uns para com os outros em espirto de fraterni- dade” Argomenta Journal Law n.22anjul 2015 387 4 Confira-se o art. 1", mimeros 1 ¢ 2, do Pacto de Sao José da Costa Rica, apsovads pelo Bra, pot fore do Decgtom 678, de 6 de novembo de 1983, Bromilgy » Convencio Americana sobre Dirsitos Homanos (Pacto de Sto José da Costa Rica), com o seguinte teor: ARIIGO 5 Dielto a Integridade Bessa! Toda peace tem o det de de se fspito nitude fe psiguica e moral 2. Ninguém deve ser submetido a tortaras, nein apenas ou Enos crus, desumanos ot degradantes, Toda pessoa privads da Rberdade gegen eta com o repel emo dgniade neta a ser humane 5A CONSTITUICAO DA REPUBLICA PORTUGUESA, nos Principios fundamentals, no Anigo 1 (Republica Portuguesa), estabelace: “Principios fundamentals Anigo 1° (Republica Portuguesa) Portugal & uma Reptblica Soberana, baseada ha dignidade da pessoa humana ena vontade popular ¢ tmpenhede na constugio de uma sociedae lire, jstaesoldars"™ 6 Video art. 3, da COSTITUZIONE DELLA REPUBBLICA ITALIANA. “art.3 Tut cttadin hanno pai dignil sociae e sono oguali davant alla leg” ge, senra distinrione di sesso dirazFa, i lingua, dielgione, di opinion pol Fixe dh condiziont personallesociall £ compito dlls Repubblica imugvere gli ostacoli di ordine economico e sociale che, imitando ce fatto fa iberta la gaglanra det citadinsnppedaconopueno supp dela person una e feifétiva partecipazione di tat i lavoratonsallongunizzazion politica, cco. homiea e sociale dl Pace: 7 Confir-se props, oar. inc Il, da Constiuigdo da Repblica Federative do Bras de 198, quando do atamenlo Dos Principio Fundamentis in verti: “Ar 1 A Replica Fodratia do Brasil, formada pele ido indssolivel das Estados ¢ Manieiplose So Disttio ede, consttavem Etude Democriben de Dieioe tem come fendamentos[-]If=a dgidads da pesos hua 4 Acetea ds Drei HumanoseDirios Fundamentals Origens, conceiuagtes¢ tisngoes,fandameniagio, conse BEZERRA, Cosa Santo, tema tui de die tos fundamenais ed revisadae anplieds liéusEdts/UESC, 2007.13 050 $._ Este modelo de Estado foi adotado pelo Brasil, conforme se vé do Preim- bulo da Consttugao da Republica Federative do Bras de 1988 & paricu- larmente, pelo art I> caput, inserto no Titalo gue tata DOS DIREITOS FUNDAMENTATS, Conira-se: PREAMBULO Nos, representantes do povo braaleizo, reunidos em Assembléia Nacional Constuinte para insituir um Eide Bemozaca destnado a axegrar exerci ds dion sole individuats a iberdade, a seguranga, obem-estar,o desenvolvimento, agua. dade eu futtica como valores rupremos dena socicdade fraterna, plaralista © Sem preconceitos, Fundada na harmonia socal ecomprometid, na ordem in. tcina c internacional com a solugio paclica das controversias, promulgamos, soba protccuo dz Deas a Sepuinte CONSTIIUICAO DA RESUBLI DERATIVA DO BRASIL. TIFULO [DOS PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS Art 1. A Republica Pederativa do Brasil formada pela unido indissolivel dos Estados e Maniipios edo Distrito Federal, const-se em Estado Democrs- tio de Ditetoe fem corso fundamentos I-a soberanig -s edadani, I “dignidade ds pessoa hamans; IV os valores sociis do trabalho. da lvze iniciauva; Vo pluralismo politico, Pagrafo unico. Todo 0 poder emana dd povo, que o exerce por meio de representantes eletts ou diretamente, nos termhos desta Constiyao™ (orginal fem os ttlicos). 10 Contre, por exenplo at 1210, 1, do Cgo Civil baie de 2002, in verbs: “Art {-210, © possudor tem dietors ser mantdo na posse em caso de turbagio, restiuide no de esbulho, e segurado de violéncia Eiinenfe, se uver justo reecio de ser molestao, § 1770 possurdor turbado, ou 388. Argumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, esbulado, poderd manter-se ou restituse por sue propria fore, conta que 0 fara logo; os atos de defesa, ou de desforco, nao podem ir aera do indi Pensdvel & manutengdo, ou restituieao da posse. § 2°. Nao obsta a manuteneo Su reintcgragdo na posse a alegagio de propriedade, ou de outro direito sobre coisa”, (original sem os italicos). 11 ASSIS, Ana Elisa 8. Queiroz. ASSIS, Olney Queiroz. Kump, Vitor Frederico, SERAFIM, Antonio de Padua. Nog8es Gerais de Direto eformagao Hlumanistica.Sio Paulo: Saraiva, 2012, p. 360, 12 Idem, p. 361 13. SCOLESO, Fabiana. O surgimento da sociedade de massas. Disponivel e htp:/salal9.wordpress.com/2009/05/30/aula-o-surgimento-da-socidade-de-mas- sas? Acesto em 21.08.14, 1M MATOS, Joselta Damaseeno, A sociedade de massa na era da cibercultura: a informag%o segmentada, Disponivel em http:/idmatos.wordpress.com/2011/07/1Tia- “foviedade-de-massa-na-era-da-ciberculturaa-informacao-sepmentada/ Aces¢o etm 20 de agosto de 2014 15M. DEFLEUR- Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed, 1993 apud in MATOS, Joselita Damasceno, A sociedade de massa na era da cibercultura: a mformagdo segmentada, Disponivel em hitp:/jématos.wordpress.com/2011/07/17/asociedade-e-massa-na-e- ra-da-cibercultura-a-informacae-segmentadal Acesso em 20 de agosto de 2014, 16 ARENDT, Hannah. Tradugdo de Roberto Raposo. A condiso Humana, 10.04, Rio de Jancito: Forense Universitria, 2007, p. 266, 47 Tbidem, p. 314 18 _Ataslmente, no Brasil, acerca dos direitos sociais, consultem-se 08 ars. 6° @ 11, «da Consticuisao da Repablica Federativa da Brasil do 1988, em especial oat. 6, coma ‘edagio dada pela Fmenda Constitucionaln, 64, de 2010: “Art. 6, Sio direitos sociais 8 educapio, a sald, a alimentagdo, o trabalho, a moradia, o lazer, a seguranga, a pre- vidnci social, a protegdo a maternidade ea infincia, a assisténcia aos desamparados, na forma desta Cansttuigdo" 19. LAFER, Celso. A politica ¢ a condigio Humana. Apud in ARENDT, Hannah, ‘Tradugio de Roberto Reposo. A condigio Humana. 10, ed., Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2007, p. 347 20. MATOS, Joselita Damaseeno, A sociedade de massa na era da cibercultura: a informagao segmentada, Disponivel em htp/idmatos.wordpress.com/2011/07/1T/a- ociedade-de-massa-na-era-da-civercultura-a-informacao-segmentadal Acesso emi 20, de agosto de 2014 21 Tbidem, 22. MATOS, Joselta Damaseeno, A sociedade de massa na era da cibercultura: informagao segmentada, Disponivel em http:/idmatos.wordpress.com/2011/07/17ia- “ociedade-de-massa-na-era-da-ciberculturaa-informacao-sepmentada/ Acesso em 20 de agosto de 2014 23 ASSIS, Ans Flisa S. Queiroz. ASSIS, Olney Queiroz. Kumpel, Vitor Frederico. SERAFIM, Antonio de Padua. NogSes Gerais de Direito eformagio Humanistica, Sao Paulo: Saraiva, 2012, p. 365, 24 Ibidem,p. 367. 25 REALE, Giovanni. ANTISERI, Dario, Historia da ilosofia. 6: de Nietzshoe & escola de Frankfurt, Sgo Paulo: Paulus, 2008. p. 399. 26 Ibidem, p. 400-403. 27 QUEIROZ, Alvaro, Jacques Maritain e o Human intspulturageralsal Argomenta Journal Lawn. 22janjul 2015 389 nismo-inigral Acesso em 20.08.14 28 Instituto Jackes Maritain do Brasil. Biografia de Jacques Maritain. Disponivel em htpste13 75985351 hospedagemdesites wsste/-insituto/quem-somos! Acesso em: 2008.14, 29 Ressurgimento da filosofia de Tomas de Aquino 30 QUEIROZ, Alvaro, Jacques Maritain e 0 Humaaismo integral. Di hitp/culturageralsaibamais.wordpress.com/2011/04/28/jacques-marit integral Acesso em 20.08.14 31 Tbidem, 32. REALE, Giovanni, ANTISERI, Dario, Historia da filosofia, 6: de Nictshee & escola de Frankfurt. S30 Paulo: Pauls, 2005, p. 393. 33. FACHIN, Zulmar. Curso de Direito Constitucional. 6, ed, rev. ¢ atual. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 227 34 _ BUCCI, Maria Pauls Dallari Fundamentos para uma teria juridica das politicas pilblicas. Sao Paulo: Saraiva, 2013, p.90. 35. FACHIN, Zulmar. Curso de Direito Constitucional 6, ed, rev. € atual. Rio de Janeito: Forense, 2013, p. 227 36 Idem, ps. 222-229, 37 Zulmar Fachin, Curso de ro; Forense, 2013, p. 36-41. 38 _E alids, o que consta do pardgrafo tinico, do,art, 1*, da Constituigio da Kepibliea Federative do Bras de 1988 in verbs“ Parigrafo nic Todo 9 poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou difctamente, nos tefmoe desta Constitulgao™ " 39 Ibidem, p87. 40 Ihidem, p. 89. 41__ ASSIS, Ana Elisa S. Queiroz. ASSIS, Olney Queitoz. Kumpel, Vitor Frederico, SERAFIM, Antonio de Pidua Nocies Gerais de Direitoeformagao Htumanistica. So Paulo: Saraiva, 2012, p43. 42, BUCCI, Maria Paula Dallri Fundamentos ps piibica. Séo Paulo: Saraiva, 2013, p95. 43 _ NUNES, Luiz Antonio Rizzatto, O principio constitucional de dignidade da pes- Soa humana : Joutrinae jurisprudéncia, S00 Paulo: Saraiva, 2002, p.38 44 Consulle-se, ainda, Flademir Jrénimo Belinati Martins: “4. Os prinfpios fun- damentas, a menos do ponto de vista material, so dotados de superioridade em re- lagdo aos demais prinepios constitucionais,sendo alicdveis a todo o sistema juriico constituional. Em outos termos, dirlamos que os prinepios fundamentais confor ‘mam, orientam e imitam erticamente ainterpretaeZo de todo o ordenamento. Assim, Concluimos que o principio fundamental éa dignidade da pessoa humana, enquanto expressdo positiva do valor fonts do ordenamento eonstitucional brasileiro, acaba por funcionar Gomo um operador desntico especial, pois, mesmo quando nfo estejadieta- ‘mente envolvido na solugdo juriica do caso cancreto, 0 Valor que cle traduz sera ch mado a conformar, orientate limitar a oppo realizada. Dessa forma, ainda que 0 c3s0 onereto sja posto em termos em que no se exija a imeditaincidénca do principio da dignidade da pessoa humana, ufo se deve olvidar que, na qualidade de operador deénrico especial,» dignidade da pessoa humana sempre devers conforma, oricatar ¢ limitarcrticamente a opg0 realizada”. (MARTINS, Flademir Jeronimo Belinat. 1a Dignidede da pessoa humana: principio constitucional fundamental. Curitiba: Jur, 2008, p. 126-127) nivel em: uma to Constitucional. 6, ed, rev. ealual Rio de Jane uma teria juriea das politicas 390. Asgumenta Journal Lawn, 22 jan-jul 2015, 45 CINTRA, Antonio Carlos de Araujo. GRINOVER, Ada Pelegrini. DINAMAR- CO, Cindido Rangel, Teoria Geral da Processo, 23. ed, SYo Paulo: Malheiros, 2007, p. 40, 45. CALMON, Peronio. Fidamentos de medias ed coneilngo. 2. e.Brsl, DF: Gazeialrica,2013,p. 34 47. ASSIS, Ana Ela S, Queso. ASSIS, Olney Queiroe, Kunpel, Vitor Frederico. SERAFIM, Antonio de Padus, Noes Gaais de Dri formageo Humanistic, Sto Paulo: Serva, 2012, p 450. 48 CALMON, Petdai, Fundamentos da matingio c da concilingta 2. cd. Brasiin Dr: Gazeia Trica, 2013,p. 39 49 Thidem,p.39. $0 SENA, Adkima Goulart de. Formas de rescued de conflios © aceaso & js tiga, Disponivel em: hip! wt jus briescoladownioadrvisaley, 76/ASra- Sena pub Acco em 16.08 2014 51 “Art, 5, Todos so igus perante ae, ern dist de qualquer nature- #4 garantindoste aos bral aoe evirangtos redentes no Ps avi fabdidade do direito 4 vida, A Hberdade a igealdade, a seguranga e propre. ldutasriogterrioe sequaten: (2) LEXIV“c Estade prestart snistactayuridica integral gratuita S86 que coraprovarem insuicleeca de recursog [Tt 52. “Art 134, A Defensoria Pablia é nstivuisio permanente, essencal fan- Gio jurisdiional do Estado, incumbindo The, como expresso e instrumento dloregime democritico, fondamentalmente, a oientartojoridics, «promocio dos direitos humanos ea defesa,em todos os graus, judicial e extrajudicial dos direitos individuaisecoletivos, de forma integral e gratuita as necessitados, ta forma do inlso LXAIV do-art 5" desta Cousthufo Federa $3 _ SANDER, FraikE, A Varieties of Dispute Processing In: The Pound Conference 30 Federal Rules Decisions 1976 p11 54 ASSIS, Ana Bisa S. 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Tider, p. 193 6 “At 1250 ji igo proceso conform as doses deste C- 0, competindo-ihe:[.-]1V— tent, a qualquer tempo, eonlliar as partes 61" Tider, p. 190 $e, por todos, NERY JUNIOR, Nelson rincipios do process na Cons- Proceso civil, pale administrative 9. ere. amp. eal. com =) oom sobre sell da coun julgad, Sto Paulo: Revista dos Tibunas, 2009, p.133 4135 Argomenta Journal Lawn. 22 jan jul 2015 391 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Agencia CNJ de noticias. Pais tem quase 90 milhdes de processos em tramitagio na Justiga. Disponivel em: hitp://www.en} jus.br/not cias/9783-pais-tem-quase-90-milhoes-de-processos-em-tramitacao-na- justica> Acesso 29 ago. 2013. ARENDT, Hannah, Tradugdo de Roberto Raposo, A condigio Humana. 10. ed., Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 2007. ASSIS, Ana Elisa S. Queiroz, ASSIS, Olney Queiroz. Kumpel, Vitor Fred- erico, SERAFIM, Antonio de Padua, Nogdes Gerais de Direito e formagio Humanfstica, Sao Paulo: Saraiva, 2012 AZEVEDO, André Gomma (org.) 2013. 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