You are on page 1of 5
PETER HABERLE Professor titular de Direito Pabico @ de | Filosofia do Direto da Universidade da Augsburg-RFA HERMENEUTICA CONSTITUCIONAL, A SOCIEDADE ABERTA DOS INTERPRETES DA | CONSTITUICAO: CONTRIBUICAO PARA A INTERPRETACAO PLURALISTA E “PROCEDIMENTAL" DA CONSTITUIGAO Tradugao de Gilmar Ferreira Mendes Doutor em Direito pela Universidade de Manster-RFA Professor da Universidade de Braslia ‘Sergio Antonio Fabris Editor Porto Alegre / 1997 Reimpressdo / 2002 © Peter Haberle Tieulo do original: Die offene Gesellchaft der Verfasungsinterpreten Ein Beitrag cur pluralstschen und ‘prozesualen” Verfissungsinterpretation ‘As caracteriticas grificas desta obra ¢ os direitos de publicaso, ‘oral ou parcial, em lingua poreuguesa, pertencem a0 editor. Exdicoragao eletrénica: Formato Artes Grificat Reservados todos os direitos de publicagio, ota ou parciah «| SERGIO ANTONIO FABRIS EDITOR. Rua Riachuelo, 1238 - Centro Fones (0xx51) 3227-5435 — 0800-516118 CEP 90010-273 ~ Porto Alegre ~ RS ee Rua Sano Amaro, 345 ~ Bela Vista Fones (Oxx1) 3101-5383/3101-7039 ~ 0800-7712421 CEP 01315-001 ~ Sio Paulo ~ SP SUMARIO Abreviaturas Apresentacio 1 SE FUNDAMENTAL, ESTAGIO DO PROBLEM 1A nal. 1. Situagio atual da teoria da interpretago constituci 2. Novo questionamento e tese... 3. Esclarecimento da tese e conceito de interpretagio IL OS PARTICIPANTES DO PROCESSO DE INTERPRETAGAO CONSTITUCIONAL 1, Consideragoes preliminares sobre © método 2. Catilogo sistematico. 'sclarecimento do catilogo sistematico IIL. APRECIAGAO DA ANALISE DI 1, Possiveis objegbes e criticas 2, Legitimagio do ponto de vista da teoria do direito, da teo- ria da norma ¢ da teoria da interpretagio 3. Legitimagio decorrente das reflexdes teorético-constitucio- 4. Reflexes sobre a Teoria da Democracia como Legitima- Gio. IV. CONSEQIIBNCIAS PARA A HERMENEUTICA CONSTITUCIONAL JURIDICA 1. Relativizagao da interpretagio juridica ~ novo entendimen to de suas tarefas uw 2 13 19 20 2B 30 33 36 a 2. Dimensio ¢ Intensidade do controle judicial ~ Diferencia- (cdo em face da medida de participagio 4 3. Conseqiiéncias para a conformacio € utilizagio do direito processual constitucional 46 V, NOVAS INDAGAGOES PARA A TEORIA CONSTITUCIONAL 1. Sobre a existéncia cle diferentes objetivos e utlizagio de dliversos métodos de interpretagio 51 Fungbes da teoria constitucional 33 ASR ABREVIATURAS Archiv des éffentlichen Rechts Bad- Gru. StGHG Gesetz des Baden-wirtembergerischen GH BRD BverfGE BverfG pov DYBL Gs Hess. SiGHG ie NI Nr Verw. Arch, WosikL Staatsgerichtshofs (Lei da Corte Constitucional do Estado de Baclen-Wiirttemberg) Bundesgerichtshof (Superior Tribunal de Justica) Bundesrepublik Deutschland (Reptblica Federal dda Alemania) Bundesverfassungsgerichtsentscheidungen (Decisdes da Corte Constitucional alema ~ 0 primeiro nGimero refere-se a0 volume, 0 segundo as paginas) Bundesverfassungspericht (Corte Constitucional alemay Die Offentliche Verwaltung Deutsches Verwaleungsblatt Festschrift (Estudos em Homenagem) Geedtchtnisschrift (Estudos em Meméria) Gesetz des Hessischen Staatsgerichishof (Lei Onginica da Conte Constnucional do Estado de Hessen) Juristenzeitung, Neue Juristische Wochenschrift Notas do Tradutor Verwaltungsarchiv Vereinigung der Deutschen Staatrechtslehrer (Assoclagao dos Professores alemaes de Direito Pablico) APRESENTACAO, Acredito que em boa hora decidiu o editor Sergio Fabris Publicar a traducdo de um dos textos mais instigantes do Direito Constitucional moderno, da lavra do Professor Peter Hiiberle, Trata-se de “A Sociedade aberta dos Intérpretes da Constituicio" (Die offene Gesellschaft der Verfissungsinterpreten), que, desde sua publicagio inaugural, em 1975, desperta grande interesse € discussao na literatura juridica, Como o leitor poderi apreender, Hiberle propugna pela adocio de uma hermenéutica constitucional adequada a socie- dade pluralista ou a chamada sociedade aberta. Tendo em vista 0 papel fundante da Constituicio para a sociedade e para 0 Estado, assenta Hiberle que todo aquele que vive a Constitucio é um seu lepftimo intérprete, 10 exige uma radical revisio da metodologia i fadicional, que, como assinala Hiberle, esteve muito vinculada ao modelo de uma sociedade fechada. A interpre- tagio constitucional dos juizes, ainda que relevante, nao & (nem deve ser) a nica. Ao revés, cidadldos e grupos de inte- esse, drpios estatais, 0 sistema publico e a opiniao publica constituiriam forcas produtivas de interpretagio, atuando, elo menos, como préintérpretes (Vorinterpectcn) do. com- plexo normativo constitucional Em outro trabalho, jé havia anotado Hiberle que nfo existe orma juridica, sendio norma juridica interpretada (Es gibt keine Rechtsnormen, es gibt nur interpretierte Rechtsnormen)*, res- * HHaberte, Peter, Zeit und Verfssing, in: Dreier, RalfSchwesmann, Frisch, Probleme dee Verfassungsinterpretation,p. 293 (313) saltando que interpretar um ato normative nada mais € do {que coloci-lo no tempo ou integré-lo na realidade publica (Einen Rechssaz “auslegen” bedeutet, ihn in die Zeit, dh. in die 6ffencliche Wirklichkeit stellen - um seiner Wirksamkeit willen)*. ‘Assim, se se reconhece que a norma nio & uma decisio prévia, simples ¢ acabada, tem-se, necessariamente, de indagar sobre os participantes no seu desenvolvimento funcional sobre as forcas ativas da law in public action. A ampliagio do circulo de intérpretes constituiria para Hiberle apenas uma conseqiiéncia da necessidade de integracio da realidacle no processo de interpretagio. Evidentemente, essa abordagem tem conseqiiéncias para 0 proprio processo constitucional. Haberle enfatiza que os instru- mentos de informagio dos juizes constitucionais devem ser am pliados © aperfeigoados, especialmente no referente as formas gradativas de participagio © 4 prépria possibilidade de inter- retagio no processo constitucional (notadamente nas au- diéncias € nas “intervengdes”), Impée-se, pois, para Haberle, um refinamento do processo constitucional, de modo a se estabe- ecer uma comunicacio efetiva entre os participantes desse pro- cesso amplo de interpretagio. Portanto, o processo constitucional tornase parte do direito de participagio demoeritica, Essas_breves notas servem para demonstrar o peculiar significado da proposta de Hiiberle para uma democratizagao da interpretagio constitucional, ou, se se quiser, para uma herme- néutica constitucional da sociedade aberta Esperamos que a presente obra suscite uma proficua discussio sobre a hermenéutica constitucional entre nés, conteibuindo tam- bém para uma reflexio mais aprofundada sobre o afwzer dos érgiios integrantes da jurisdi¢lo constitucional € sobre a necessidade de modernizagio do proprio direito processual-constitucional. Gilmar Ferreira Mendes Brasilia, fevereiro de 1997 * Hberle, Zeit und Verfassung. in: Dreier/Schwepmann, Prohleme der Verfassungsinterpretation, it., p- 293 (03), 10 1 TESE FUNDAMENTAL, ESTAGIO DO PROBLEMA. da interpretacao constitucional A teoria da interpretacdo constitucional tem colocado até aqui duas questoes essenciais — a indagagio sobre as tarefas e os objetivos da interpre- tagio constitucional’, e - a indagagio sobre 0s métodos (processo da interpre! io constitucional) (regras de interpretagio)* Nao se conferiu até aqui maior significado & questio relati- va ao contexto sistemitico em que se coloca um terceiro (novo) problema relativo aos participantes da interpretacio, qui que, cumpre ressaltar, provoca a prixis em geral. Uma a genérica demonstra que existe um circulo muito amplo de participantes do processo de interpretagdo pluralista, processo este que se mostra muitas vezes difuso, Isto jf seria razio Como tres devern ser menconads:justig, ede, equlirio de imereses, ‘esullados sstsitérias, emonblidade (ef, por exemple, BVefGE 3, 269 (257 5) (2 1975, 662,665, ver minha not scbre Kubler), praticablidade, jusica material (Gachgerechthe, segueanga jurdica, previsblidade, ransparénci, capacidade de consenso, clarezt'metedolgcs, abertira, formagio de enidde (Scheuner WDSIRL 20 (1963), p.125),forga normativa da Const funonal protesio ceva cl Khe, gui soci order publ vada pra maniac CE, a propesito, fndamentalmente, Hesse, Grundelige des Verfasungsrechts der ‘te BRD, Ta ecg, 1974p. 208, u

You might also like