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RAYMOND WILLIAMS Como uma proposigao geral, essa é apenas uma énfase, mas Parece-me sugerir simultaneamente 0 ponto de ruptura e 0 Ponto de partida, no trabalho pritico e te6rico, dentro de uma tradicao cultural marxista ativa e autorrenovavel. MEIOS DE COMUNICAGAO COMO MEIOS DE PRODUCAO Como uma questdo de teoria geral, € Gil reconhecermos que ‘0s meios de comunicagao séo, eles mesmos, meios de produc. B verdade que os meios de comunicacao, das formas fisicas mais ‘simples da linguagem as formas mais avangadas da tecnologia da ‘omunicagao, s4o sempre social ¢ materialmente produzidos e, ‘bviamente, reproduzidos. Contudo, eles nao so apenas formas, Ws meios de producao, uma vez que a comunicagio os seus ios materiais so intrinsecos a todas as formas distintamente imanas de trabalho e de organizagio social, jim em elementos indispensveis tanto para as forcas produ- WS quanto para as relagdes sociais de produgao. ‘Além disso, os meios de comunicagio, tanto como produtos into como meios de producao, esto diretamente subordina- 0 desenvolvimento histérico. Isso porque, primeiramente, meios de comunicagao tém uma prod € sempre mais ou menos diretamente relacionada As fases iricas gerais da capacidade produtiva e técnica. E também jim, em segundo lugar, porque os meios de comunicagao, amente em transformacio, possuem relagies histéricas Weis com o complexo geral das forcas produtivas e com as ” vILLIAMS relagies sociais gerais, que sio por eles produzidas e que as for- «as produtivas gerais tanto produzem quanto reproduzem. Essas variagGes hist6ricas incluem tanto as homologias relativas entre e “mensagens” s de um de comunicagéo como “transmissores” ou problemsticos. As pessoas sio vistas, entio, como individuos abstratos que so representados de maneira grafica nos termos dessas fungoes abstratas ou, na melhor das hipdteses, ampla- mente caracterizados como (i) possuidores de uma social humana’) generalizada —a comunicagio como a *socializacao como possuidores de uma lade especifica, mas ainda abstrata — a comunicagio entre “membros” d cultural, sem referéncia iis dentro de cada aci nao especificados — a co mas implicando a recep¢: -MEIOS DE COMUNICAGAO COMO MEIOS DE PRODUGAQ, com “algo proprio a dizer”. Muitas pesquisas, sofisticadas sob ‘outros aspectos, sobre a teoria da informagao e da comunicagio hhaseiam-se ¢ frequentemente escondem essa primeira posicio ideol6gica profundamente burguesa, ama tentativa mais plausivel de reco- hecer alguns meios de comunicagao como meios de produgio, haseia-se em uma dist habitual entre os meios de s primeiros carac- ce negligenciados, como situagées “face a face”; os agrupados em volta de aparelhos mec: comunicacao desenvolvidos e entao geni mudanca ideol6gica particularmente visivel dos meios técni- os para as relagdes sociais abstratas — massa”. Essa posigao dominou um tural burguesa moderna, mas foi também, sob o mesmo titulo de “comunicacao de massa”, importada acriticamente por éreas importantes do pensamento socialista, sobretudo em suas f mais aplicadas. Isto € teoric: mero lugar, po fa pritica da esconde o fato incluem em ‘eomum do também a simulacao ‘comunicacao em geral si © grupamento de todos s¢letrdnicos como “comunicacao de massa” esconde (sob a cober- ira de uma formula tirada da pra “gudiéncia” ou um “piblico”, sempre socialmente espectfico e dliferenciado, é visto como um “mercado massificado” de opinidio ‘¢dle consumo) as variagdes radicais entre os diferentes tipos de Imeios mecdnicos e eletrOnicos. De fato, em suas divergéncias, n [RAYMOND WILLIAMS cles carregam necessariamente tanto relagdes varidveis com a “linguagem comum do dia a dia” e com “situagdes face a face” (c exemplo mais Sbvio comunicativa entre a imprensa e a televi 0), quanto relagbes variaveis entre as relagGes comunicativas especificas e outras € composigio varidvel do © a variabilidade das condigdes sociais de recepgio — © piblico reunido do cinema; a audiéncia televisiva com base nos lares; a leitura em grupo; a leitura isolada). Uma variante dessa segunda posicao ideol6gica, parti- cularmente associada a McLuhan, reconhece as diferengas especificas entre “meios”, mas ent4o sucumbe em um deter- minismo tecnolégico k izado, no qual usos e relages sociais sao determinados tecnicamente pelas propriedades de meios diversos, desconsiderando 0 todo complexo das forgas produti- vas e relagdes sociais dentro das quais eles sao desenv empregados. Assim, os meios de comunicagao sao reconhecidos como meios de produgio, mas de modo abstrato, e so de fato projetados ideologicamente como os tinicos meios de producao nos quais sera produzida a “retribalizagao”, a suposta restaura- superficial dessa pos abstrato da sofisticagao de sua midia, apoia-se no isolamento caracteristico ret6rico da “comunicagao de massa” e do desen- volvimento histérico complexo dos meios de comunicagio partes intrinsecas, relacionadas e determinadas de todo 0 pro- .m terceiro lugar, a posicao ideolégica que se dis- seminou em algumas variantes do marxismo e que permite certa acomodagdo ao conceito burgués de “comunicagao de massa”. uma separagio abstrata e aprioristica entre os de comunicagio e os meios de produgao. Relaciona- lente, a0 uso especializado do termo “producdo”, ‘omo se suas tinicas formas fossem producao capitalista ~ quer MEIOS DE COMUN CAGAO COMO MEIOS DE PRODUGAO B dizer, a produgio de mercadorias ou, de forma geral, producao “para o mercado”, na qual tudo o que é produzido ganha a forma Ae objetosisolaveis © dspenséiveis. Dentro do marxismo, essa Me Sicas da base e da uperestutita, nas quais 0 papel ine. rente dos meios de comunicagio em toda a forma de producao, omunicagao. se torna um processo de segunda ordem ou uma segunda etapa, que entra no processo apenas apés estabelecerem-se das relages produtivas ¢ sociomateriais decisivas. Essa posigfo herdada deve ser amplamente corrigida para que a formas varidveis, dinamicas e contradit6ria da “base” quanto da “superestrutura” possam ser vistas historicamente ~ ¢ ino subsumidas, algo habitual no pensamento burgués -, como formas e relagées necessariamente 1 Nas sociedades do século XX, essa posicio requer também uma correc! tempordnea particularmente aguda, uma vez que os meios de de produgio — e, em relagio a {iso a produgio dos préprios meios de com importincia nova dentro da caracte sone jcagiio — assumi- tativamente diferente em sua relagao &~ mais Mritamente, em proporcao a — produgdo em geral. Além disso, dlesenwolvimento eminente ainda est em uma fase Le, sobretudo na indistria de eletrOnicos, certamente muito além. O fracasso em reconhecer essa mudanga quali- va nfo apenas adia as corregies das formulagées mecdnicas “hase” e “superestrutura’, mas também impede ou desloca Anilise das relagGes significativas entre os meios e processos winicacionais para as crises e os problemas das sociedades listas avancadas e — aparentemente — para as diversas iva- "4 [RAYMOND WILLIAMS crises ¢ dificuldades das sociedades socialistas industriais tam- bem avancadas. Para uma histéria da “produg4o comunicativa” Uma énfase tedrica nos meios de comunicagio como mi de produgdo dentro de um complexo de forgas socioprodutivas gerais deveria permitir € encorajar novas abordagens para a histéria dos proprios meios de comunicagao. Essa histéria € ainda relativamente pouco desenvolvida, embora em algumas Dentro das posigdes como a nova “midia” ~ da escrita ao alfabeto e es, a0 radio e a televisdo. Muitos detalhes idos nessa hist6ria especializada, mas so, em geral, mente isolados da histéria do desenvolvimento da for- s gerais ¢ das ordens e relacdes sociais. Um outro ial de “audiéncias” e novamente contendo detalhes indispensveis, mas usualmente tomados dentro de uma perspectiva do “consumo” que € incapaz de desenvolver as relagies sempre significativas, € por vezes decisivas, entre os modos de consumo, que também so, em geral, formas de uma organizagao social mais ampla, ¢ cs modos especificos de produgiio, que so a0 mesmo tempo tecnolégicos e sociais. O principal resultado de uma posigio te6rica reformulada deveria ser uma investigagéo hist6rica embasada sobre a his- t6ria geral do desenvolvimento dos meios de comunicagio que abarcasse aquela fase hist6rica particularmente ativa que inclui desenvolvimentos atuais em nossa propria sociedade. MEIOS DE COMUNICAGAO COMO MEIOS DE PRODUCAO 6 Esses avancos consideraveis ja im a atengao do leitor, obviamente, as crises ¢ dificuldades dos sistemas de comunica- do modernos. Mas, em geral, dentro dos termos de uma ou de Outra das posicse: tendem a ser tratadas de forma estatica ou ‘eros efeitos de outros sistemas € desenvo ist6ricos: ‘acabados (ou, com frequéncia, totalmente compreendidos). Em poucas Areas da realidade social contemporinea ha tamanl falta de entendimento histérico. A popularidade de aplicagses deol6gicas e superficiais de outras historias e de outros métodos € termos analiticos é uma consequéncia direta e prejudicial dessa falta. O trabalho necessério, tio imenso em escopo e variedade, sera colaborativo e relativamente longo. O que € vive fazer ‘agora, em uma intervengao tedrica, é indicar algumas das dire- licarmos teoricamente, ao considerarmos (95 meios de comunicago como meios de producao, os limites ‘entre os meios técnicos diversos que, ao serem esbocados, apon- tum para diferencas bisicas nos préprios modos de comunicagao. Deveria também ser possivel levantar as questées principais sobre as relagdes desses modos com modos produtivos mais {gerais, com tipos diferentes de ordens sociais e (que em nosso periodo sio cruciais) entre as questdes bésicas das hal a capitalizagao e do controle. E Gtil, primeiramente, distinguir os modos de comunica- glo que dependem dos recursos ffsicos humanos imediatos daqueles que dependem da transformagao, pelo trabalho, de ‘Material ndo humano. Os primeiros, evidentemente, nao podem 4er abstraidos como As linguas faladas e a rica Brea dos atos comunic: comumente gene- falizados como “comunicagio nao verbal”, sao elas mesmas, Inevitavelmente, formas de produgao social: desenvolvimentos {ualitativos © dinamicos fundamentais dos recursos humanos ‘evolucionsrios; desenvolvimentos que, além disso, nao so apenas 6 RAYMOND WILLIAMS pés-evolucionsrios, mas que foram processos cruciais na prépria evolucao humana. Todas essas formas ocorreram cedo na histéri humana, mas a sua centralidade nao diminuiu durante as etapas posteriores notaveis nas quais, pel homens desenvolveram as ¢ imagindveis, a fala fisica e a com Finguagem do corpo") mantém-se como meios E, entao, possivel distinguir ti relacio a essa centralidade direta persistente. Isso pede uma tipologia diversa da indicada pela simples sucesso cronoligica, Hé trés tipos principais de tal uso ou transformagio: (i) amplifi- duravel (armazenamento); e (iii) alternativo. Alguns a essa classi comunicagao direta, o tipo amplificador abrange desde aparelhos simples, como 0 megafone, até tecnologias avangadas de trans- recursos fisicos diretos, é, em geral, um desenvolvimento com- parativamente recente; alguns tipos de comunicagao nao verbal mas a fala, com importante da transmisso oral pela . ganhou dura exces repeticaio (c¢ invengio da gravacio do som. O tipo altemativo ocorreu comparativamente cedo na histéria h transformacéio convencior o desenvo grificos e dos mei Essa tipologia, embo para a sua reproducao. nda abstrata, foca centralmente as questdes das relag ordem social dentro do processo comunicativo. Dess ro plano de genera- lidade, tanto o tipo amplificador quanto o duravel podem ser MEIOS DE diferenciados socialmente do alternativo. Ao menos em cada polo do amplificador e da maioria dos processos duriveis, as habilidades envolvidas — e entio o potencial geral para 0 acesso ‘social — so de um tipo ja desenvolvido na comunicagao soci: priméria: falar, ouvir, gesticular, observar e interpretar. Muitos blocos sobrevém, mesmo em um primeiro plano, como nas lin- guagens diversas e sistemas gestuais em sociedades diferentes, mas dentro do prdprio proceso comunicativo ndo h uma dife- renciagao social a priori. Problemas de ordem e relagao sociai esses processos destacam questdes de controle e de acesso para ‘9s meios de amplificacao e de duragdo desenvolvidos. Esses sai por sua propria caracteristica, de interesse direto para a classe dominante; todos os tipos de controle e de restrigao de acesso vio repetidamente praticados. Mas qualquer classe excluida precisa percorrer um caminho mais curto para conseguir um uso ‘a0 menos parcial desses meios do que no caso dos meios alterna- tivos. Nestes priméria crucial ~ por exemplo, a esc: também ser dominada. O problema da ordem social nao pode ser considerado como um problema de simples diferenciagao de classe. Ha uma relagao razoavelmente direta e importante entre os poderes relativos de amplificagio e de duracao e a quantidade de capital em sua ‘ou a leitura — deve contradigdes hist6ricas O cariter direto do acesso em cada ah do processo permite lima flexibilidade considerdvel. O receptor de ondas curtas de niidio, e especialmente o radio transistor, permitem que muitos dle nds ougamos vozes além de nosso proprio sistema social. ‘A fase crucial do desen Ineluindo 0 controle ca ® io centralizadas, também abarcou o desen- de aparelhos como os radios transistores € 08 gravadores, que foram construfdos para os canais comuns de consumo capit: os envolvendo ‘meios limitados para a fala, a escuta e a gravagao alternativa, bem como para certa produgao auténoma direta. Essa ainda ‘marginal em comparagao com os sistemas cen- tralizados imensos de amplificago e gravagao baseados em graus de controle ¢ selegio variados, mas sempre relevantes para os de uma ordem social central. Contudo, embora mar- insignificante na vida politica contemporanea. icos que, dentro do pro- primeira vez na histéria humana, eles poderiam estabelecer uma cortespondéncia potencial plena entre os recursos comunicativos fisicos primérios e as formas de criago de trabalho da ampl cagio e da duracao. Além disso, esse ato profundo de libera social seria ele mesmo um desenvolvimento qualitativo dos recur- retos existentes. E nessa perspectiva que podemos e modo razodvel e pritico, o sentido dado por Marx a producao da forma mesma da seres humanos integrais. no insuperav BIOS DE COMUNICAGAO COMO MEIOS DE PRODUCAO » tecnologia das comuni ronicas € que, chegando muito tarde na historia humana do que as tecno ¢ da impressio, ela possui uma correspondéncia de mod: muito mais préxima (ha certas excegdes criticas que ainda dis- cutiremos) com as formas comunicativas fisicas dit escuta, a gesticulagao, a observacio. Isso significa que ha, de poucos obsticulos para a aboligio da divisio técnica do trabalho dentro desse modo geral. Os problemas da abol revolucionaria — da divisao social e econémica do trabal obviamente, comuns a todas as modalidades, mas em outras reas da produgio, diferengas técnicas s que, mesmo dentro de uma sociedade revolucio menos o timing para a abolicdo pratica dessas divisbes. primeito fato sobre os modos comunicativ ue eles requerem, para o seu funcionamento, habil nais aquelas desenvolvidas nas formas mais basicas de interagao industriais avangadas, para nao falar das sociedades pré-indus- triais ou em processo de industrializagio, é evidentemente um cages. Os progra so entio bisicos dentro de qualquer perspec 0 seu sucesso, que € essencial, chega ape sgado dentro dos processos que h4 entao acesso potencii Os pr ainda sem solug! {40 controle e selegao pela classe e pelo Estado, e da economia da distribuigao geral. Teoricamente esses problemas sik ‘todas as formas alternativas podem afeta significativamente a0 menos o timing de sua solucio. x RAYMOND WILLIAMS Também aq aangos técnicos tornam mais simples certos tipos de acesso comum. Formas mecanicas e ele- trOnicas de impressio e de reprodugio esto agora disponiveis ivamente baixos. Além delas, hi uma computador a digitag! Ivez isso esteja ainda um tanto distante, ao inte nico direto entre vor € texto ~, ha hoje alteragdes nos meios produgao de comunicagao que tanto afetam as relagdes de classe dentro dos processos quanto conduzem a alteragdes ~ umn rapido crescimento, a0 menos na primeira fase ~ no nivel necessério de capitalizagao. Assim, a relagdo entre a escrita e a impressio, desenvolvida na tecnologia tradicional, tem sido uma instdncia eminente do que é uma divisio técnica e social do trabalho, na qual escritores nao imprimem, mas isto é visto como uma questo meramente técnica, e, crucialmente, os tipégrafos nao escrevem, issio da escrita para outros. As relagées de classe dentro dos jornais, por exemplo ~ entre editores ¢ jornalistas, que tém algo a dizer € 0 escrevem, e uma gama de profissionais que produzem e reprodu- zem tecnicamente as palavras daqueles -, sio Gbvias e aguc imprensa afirmam sua presenga como mais do qi recusando a imprimir 0 que outros escreveram ou, mais rar mente, se oferecendo também para escrever. Isso 6 denunciad dentro da ideologia burguesa, como uma ameaca A ‘mas os termos nos permitem ver como essa defi- em uma hhumano (0s que tém algo a dizer e os que ndo tém) Contudo, agora, 2OMO MEIOS DE PRODUGAO 81 is estéio ame: hé um tipo imitados, mas em qualquer sociedade pré-revolucionaria os limites sio uma basica do trabalho. Em e arealidade do acesso estars em relagao direta com as formas de controle do capital e com a ordem social geral a elas relacionada. Mesmo onde essas formas se democratizaram, hé ainda uma gama de questdes sobre os custos reais desse acesso em midias diversas. Muito da tecnologia avancada esta se desenvolvendo dentro de relacdes sociais firmemente capitalistas, e 0 investimento, embora de forma varidvel, é direcionado dentro de uma pers- pectiva de reproducdo capitalista, tanto em termos imediatos {quanto em termos mais gerais. No momento, parece mais pro- vavel que icaco autoadministraveis, formas de acesso universal que genuinamente transcenderam as, aivisdes do trabalho cultuais herdadas, chegario mais rapida- mente aos sistemas de voz d continuario a ter v s de impressio, ¢ importantes. Comunicagao “direta” e “indireta” Até 0 momento, fizemos uma comparacio apet primeiro plano entre, por um lado, os sistemas amp! dlurdveis e, por outro, os sistemas alternativos. Essa comparagao janga bastante em dirego ao problema, mas h um importante segundo plano comparativo ao qual devemos agora nos vol As formas técnicas que sao, primeiramente, duraveis incluem, como vimos, certas cond tvingem suas definicdes abstratas de disponibilidade geral em pode ser, e quase sempre é, altamente seletiva; apenas a vozes so amplificadas. A duragio é radicalmente afetada por 1 processos seletivos. Mas o que deve entio ser teoricamente & uma diferenga qualitativa, dentr io como meios de produgio, entre © em menor duraivel) ¢ 0s sistemas alter- ‘que hoje incluem nao apenas modos como a escrita e a impressfio, mas modos que, em alguns de seus usos, parecem apenas amplificadores ou dursvei ‘Assim, no radio e na televisio, podem existir tecnicamente ‘no momento, os processos poderosos de con- transmissio e a recepgio direta de meios generalizados: a fala e os gestos. Mas muito —e essa tendéncia € necessariamente for- em questo ~ envolve um trabalho posterior de um tipo transformador ou parcialmente transformador. Os processos de edicao, em seu sentido amplo — do corte ¢ reordenagio até a composigio de novas sequéncias deli sdo q sistemas plenamente alternativos. Contudo, isso € muito difici ser percebido, porque o que é ent transmitido tem a aparé da transmissio e recepgio direta dos meios de comunicagao generalizados. Ouvimos um homem falando com a sua prépri vvoz,e ele “aparece como ele mesmo” na tela. Contudo, de fato sendo ca 6 um modo no qual os recursos primeiramente formados — normalmente por processos que avras retiradas niio podem ser ouvidas ~ por um MEIOS DE COMUNICACAO COMO MEIOS DE pUCAO 8 processos de reorganizacao e justaposigao, e isso pode ser verdade mesmo nos casos pouco usuais diariamente gravado -, ha uma variagao dessa posigao ger € 0 ato comunicativo central € habitualmente tomado c precisamente, essa composigdo na qual os processos comur cativos primérios de alguns, com ou sem diregdo especifica, si ‘matéria-prima para a transformagao da comunicagao por outrc Ennesse sentido que o radio e a televisio, em todas as formas diversas da transmissio direta mais simples (e entio 0 video ¢ © filme), devem ser vistos como modos alternatives ao invés de modos simplesmente amplificadores ou duraveis. Mesmo festantes é inte colocada (como ocorre com tanta frequéncia) atras da policia ou, como pod diferente, pparciais com ambos. O que visto” no que parece ser uma forma n: mente alternativos nos quais a aparéncia da cor a foi, de fato, produzida por processos especificos de trabalho técnico. de Marx, s qual a comunicacdo universal moderna pode ser subordinada a RAYMOND W! MS por individuos apenas se for subordinada por todos eles, levanta lestes de um a serem adicionadas aos problemas |quer transformagao social desse tipo. Podemos prever um estgio do desenvolvimento social no qual apropriagao geral dos meios de produgo comunicativa pode amente atingida, com movimentos integrados de revo- lucdo social e de utilizagdo de novas capacidades técnicas. Por exemplo, a le sistemas de radiocomunitdria democriticos, autGnomos € autoadministrados ja est ao nosso aleance, para incluir ndo apenas a “radioteledifusio” em seus termos tradicio- is, mas também modos interativos variados bastante flexiveis € complexos, que podem nos levar além da transmissio “repre- sentativa” e seletiva para uma comunicagao direta de pessoa para pessoa ou de pessoas para pessoas. Sistemas similares, embora talvez mais caros, podem ser previstos para o teletexto, em que hé uma ampla érea para a apropriacao geral dos meios de produgao comunicativa, sobretudo os duraiveis. Contudo, a0 mesmo tempo, dentro de outros sistemas alternativos modernos, que incluem uitos dos atos e processos comunicativos mais valiosos, hé pro- blemas nas modalidades de qualquer apropriagio que seja de um tipo menos manipulavel, E fato que modos de gestdo comunitaria avangarao consideravelmente, conforme os processos transformativos intrinsecos, para a alterago do carter geral existente de tais produgdes. Mas enquanto nos modos mais simples e diretos hé formas prontamente acessiveis de apropriagio verdadeiramente gerais (universais) — pelo acesso direto a uma tecnologia que utiliza apenas recursos comunicativos primérios ¢ jf distribuidos —, nos processos que dependem de transform: ‘Ges, deve por um longo tempo ser 0 caso de uma apropriacio abstrata relativa set mais prética e, dessa forma, mais provével do que a apropriaggo mais substancial ~ geral e universal — dos meios de produgdo detalhados que tais sistemas necessariamente empregam. A discussio e demonstraco embasada dos processos transformadores inerentes envolvidos, por exemplo, na televisio GAO 85 de importincia fundamental nesse terreno necessario para uma transigio efetiva. Os “naturalizacao” desses meios de produgio comuni sitam ser co ados, pois eles so de fato t0 pod aideias da alienagao cl) dentro dos termos de uma lar, como parte da educacao normal nesse processo de tral transformador; a pritica na pr ede construcio de sequénc ‘na composicio autnoma direta. Talver jé tenhamos entrado em um novo mundo so quando rmeios e siste direta sob nosso proprio controle direto e geral ‘Mos transformado-os de suas fungdes contempot fem mercadoria ou em elementos de uma estrutura de poder. Podemos ter resgatado esses elementos centrais de nossa pro- socialismo nfo é apenas sobre a “recuperacai dos meios de produg: 8% RAYMOND WILLIAMS possa incluéla), a redescoberta de uma integridade e comuni- dade “primitiva”. Mesmo nos modos diretos, deveria prevalecer muito mais a instituigio do que a recuperacao, pois eles teraio de incluir os elementos transformadores do acesso e extensio em ‘uma ampla gama social e intercultural sem precedentes. ‘Nisso, mas muito mais nos modos de comunicagao avanga- dos indiretos, 0 so« ismo é, entdo, nao apenas a “recuperagao” geral de capacidades humanas especificamente alienadas, mas também, e de modo muito mais decisivo, a instituigio necesséria para capacidades e relagies de comunicacio novas e bastante complexas. Ele é, sobretudo, uma produgo de novos meios (novas forcas e novas relagées) de produgdo em uma parte central do processo material social; e por esses novos meios de produgio, é uma realizagéo mais avancada e mais complexa das relagdes produtivas decisivas entre comunicagio e comunidade,

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