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Física
Fundamental
4.º
Período
Manaus 2007
FICHA TÉCNICA
Governador
Eduardo Braga
Vice–Governador
Omar Aziz
Reitora
Marilene Corrêa da Silva Freitas
Vice–Reitor
Carlos Eduardo S. Gonçalves
Pró–Reitor de Planejamento
Osail de Souza Medeiros
Pró–Reitor de Administração
Fares Franc Abinader Rodrigues
Pró–Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários
Rogélio Casado Marinho
Pró–Reitora de Ensino de Graduação
Edinea Mascarenhas Dias
Pró–Reitor de Pós–Graduação e Pesquisa
José Luiz de Souza Pio
Coordenador Geral do Curso de Matemática (Sistema Presencial Mediado)
Carlos Alberto Farias Jennings
Coordenador Pedagógico
Luciano Balbino dos Santos
NUPROM
Núcleo de Produção de Material
Coordenador Geral
João Batista Gomes
Editoração Eletrônica
Helcio Ferreira Junior
Revisão Técnico–gramatical
João Batista Gomes
SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
PERFIL DOS AUTORES
A intenção ao escrever estas Notas de Aulas é o de apresentar, em nível introdutório, os conceitos fundamentais da
Física Clássica como parte da preparação dos alunos para prosseguirem e se aprofundarem posteriormente nas demais
disciplinas de Física que compõem a matriz curricular do Curso de Licenciatura em Matemática. Estas Notas de Aulas,
portanto, constituem-se num material preparatório para o desenvolvimento de idéias e habilidades, que serão aplicadas
durante o estudo de tópicos específicos, desenvolvidos em outros cursos mais especializados.
Acreditamos que os conceitos e as ideias que constituem o conjunto de paradigmas da Física Clássica, ao tornarem-se
parte da sua vida profissional, irão, com toda a certeza, auxiliar na suas maneiras de compreender o Universo em que
vivemos. Quanto mais profundamente se dedicar a aprender, tanto mais fácil será o restante de seu curso de graduação
e de pós-graduação. Assim sendo, ao longo deste curso, abordaremos alguns problemas específicos e de fundamen-
tal importância em Física, como, por exemplo, as Leis do Movimento, as Leis de Conservação, as Leis da Óptica, as Leis
da Termodinamica, as interações fundamentais, os conceitos de campo e de entropia, tendo em vista não só o interesse
e a importância em relação à Física e ao seu valor instrutivo, como também por se constituírem a base conveniente para
se resolver a maioria dos problemas de Física Clássica.
Tendo esses objetivos em vista, ao abordarmos um determinado fenômeno, procuraremos, tanto quanto possível, inte-
grar a interpretação física com o tratamento matemático (cálculo e álgebra), de modo que o aluno possa averiguar se a
sua intuição corresponde ou se precisa ser corrigida apropriadamente.
Outra peculiaridade destas Notas de Aulas é a forma pela qual os temas a serem estudados estão estruturados.
Diferentemente da seqüência encontrada tradicionalmente nos livros-textos de Física, estas Notas de Aulas operam o
conhecimento por outro caminho, sem causar, no entanto, qualquer prejuízo aos conteúdos selecionados. Segue,
abaixo, um breve comentário sobre cada unidade.
A primeira unidade foi projetada com a modesta intenção de fornecer uma visão preliminar da relação da Física com
as outras Ciências, os limites da Física Classica que vai ser estudada. Procuraremos enfatizar, nesta unidade, a base
fundamental sobre a qual se ergue todo o Edifício da Física, de modo que o aluno possa compreender a relação entre
a Física e a Matemátca, a importância das atividades experimentais e a função dos modelos teóricos em Física.
Na segunda unidade, faremos uma bordagem relativamente simples das interações fundamentais existentes na
Natureza, suas aplicações e combinações, de modo que o aluno se familiarize com o conceito de vetor.
Na terceira unidade, faremos um análise fenomenológica dos movimentos, identificando seus elementos e suas carac-
terísticas principais. Chamando atenção principalmente para aplicação de modelos de partícula e de onda no estudo da
Física.
Na quarta unidade, centralizaremos nossos estudos naquela que se constituiu a mais duradoura compreensao do uni-
verso: a visao mecanicista da natureza. A ênfase recairá na Lei da Conservação do Momento Linear e na Lei da
Gravitação Universal e suas aplicações. Aqui, merecem ser destacadas formas para a determinação de campos devido
à distribuição de massas e cargas.
A quinta unidade focalizará as Leis de Newton e a sua extrema importância para o estudo de alguns Tópicos Especiais,
tais como: o lançamento de projétil, Movimento Circular e Uniforme, Sistemas de Referências Inercial (dado seu papel
primordial no desenvolvimento dos conceitos básicos e os princípios físicos envolvidos na Teoria da Relatividade Restrita
de Einstein) e Sistemas de Referencias Não-Inerciais (em razão do movimento da Terra).
Na sexta unidade, estudaremos o conceito de Trabalho com ênfase na Lei da Conservação da Energia, enfatizando sua
estreita ligação com as Leis da Termodinâmica e aplicação tecnológica no caso das máquinas térmicas.
Na sétima unidade, faremos o estudo da Lei da Conservação do Momento Angular, aplicando-a, particularmente, nos
problemas que tratam de rotação de corpos rígidos (enquanto sistemas de partículas) em torno de um eixo fixo.
UNIDADE I
Os Fundamentos da Física
Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
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UEA – Licenciatura em Matemática
troscópicas, é que se conseguiu entender o campo a outro dentro da própria Física, conti-
processo de emissão da luz pela matéria, a nuando dando bons frutos ao transitarmos pa-
composição química de uma substancia e até ra outros ramos da Árvore da Ciência.
mesmo o afastamento das galáxias. Apesar da robustez da Física e dos frutos nela
Nesse sentido, determinar uma lei é revelar a colhidos, é inútil tentar cutucar o solo e espe-
ordem pré-existente na arquitetura do Univer- cular sobre onde nascem as raízes da Árvore
so, é acreditar que todos os eventos e proces- da Ciência, pois não somos capazes de desco-
sos que ocorrem no Universo estão interco- brir a origem de certos conceitos. Certamente,
nectados. No século XVIII, Newton unificou a o que não deixa menor margem para dúvidas,
mecânica terrestre e celeste ao descobrir a Lei como escreveu o poeta, é que: “Nil posse cre-
da Gravitação Universal. No século XIX, Joule ari de nihilo”. Igualmente, as idéias físicas não
unificou a Mecânica com a Termodinâmica, e nasceram e operaram no vácuo social, como
Maxwell unificou os fenômenos elétricos e mag- se tivessem nascidas prontas e acabadas da
néticos, incorporando a Óptica nesse quadro. mente do cientista, ou cuja finalidade tenha
No século XX, Einstein passou parte da sua vi- sido essencialmente utilitaristas, enquanto pro-
da tentando formular uma teoria que unificasse duto pronto para ser usado.
a gravitação com a eletrodinâmica. Sua ante-
visão foi recompensada em 1968, quando os
físicos Steven Weinberg e Abdus Salam ganha-
ram o premio Nobel, por demostrarem a cone-
xão entre a força eletromagnética e a força
nuclear fraca, dando origem à força eletrofra- 1. Faça uma análise comparativa dos dois casos
ca. relacionados abaixo a respeito de como ocor-
Como se vê, em meio a mudanças existem car- rem a construção do conhecimento científico
acterísticas imutáveis, padrões fixos no Univer- dos fenômenos ocorridos na Natureza.
so. O que gera a ordem ao universo é o fato de I. Segundo contam, Arquimedes descobriu a Lei
podermos assegurar, com absoluta precisão, do Empuxo porque estava a serviço do rei, que
que determinadas coisas nunca acontecem. lhe solicitou que investigasse se a coroa era
Você, por exemplo, pode viver 10 bilhões de mesmo de ouro maciço.
anos, contudo nunca verá, na superfície da Ter- II. Sir Isaac Newton descobriu a Lei da Gravitação
ra, uma pedra “cair para cima”. É isso que os Universal devido à queda de uma maçã na sua
físicos denominam de ordem. cabeça, enquanto descansava no jardim de sua
Parece-nos estranho declarar que não é ver- mansão; isso despertou suas idéias para o
dade; o que realmente orienta a Física não é a referido tema.
descoberta do que acontece, mas a descober-
ta do que não acontece. A simples possibilida-
Sendo a atividade cientifica realizada por seres
de de que o Universo possa comportar-se de
humanos num ambiente impregnado de polari-
modo diferente de um dia para o outro tornaria
dades e antagonismos culturais, nenhum indi-
insegura a vida e, possivelmente, seria impos-
víduo, por maior que seja sua genialidade ou
sível a sobrevivência da espécie humana. No
por mais importante e fundamental que seja
entanto o que se constata é que existem deter- seu descobrimento, pode ser considerado isen-
minadas constantes no Universo que se repe- to das influências sociais, culturais, políticas e
tem e que conduzem ao mesmo resultado. econômicas que a sociedade vivencia num
Uma vez determinado qual é a propriedade físi- determinado momento histórico.
ca invariante, o ser humano passa a dispor de Muito do que atualmente se sabe dos estudos
uma poderosa ferramenta em suas mãos que o dos fluidos desenvolveu-se da grande necessi-
ajudará entender melhor a dinâmica do Univer- dade de abastecimento de água para irrigação
so. Daí as Leis de Conservação serem extre- dos campos, do controle de inundações e da
mamente importantes quando se passa de um seca. A construção de diques, represas e canais
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Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
é fruto dessa necessidade, que antecede a devem ter sido observados, registrados e de-
Arquimedes. Uma das primeiras aplicações dos sencadeados. Vêm, então, outra série de per-
fenômenos térmicos inventada pelo ser huma- guntas: como se forma o arco-íris? Por que
no foi a eolípila, desenvolvida por Heron de ocorrem os eclipses? O que é o raio? O que é
Alexandria. Eis aí o principio de funcionamento o fogo? O que fazer para mantê-lo aceso? O
de uma turbina a vapor muito rudimentar devi- que causa os terremotos? Por que o tronco de
do à força do vapor que escapa pelos tubos, uma árvore bóia e a pedra afunda? Por que os
fazendo girar o aparelho. Essa capacidade de corpos caem e a fumaça sobe? O que faz um
o vapor produzir trabalho foi aplicada no desen- magneto atrair um pedaço de ferro e não de
volvimento e no aperfeiçoamento das máqui- madeira? De onde ele retira esse poder ou vir-
nas para retirar água acumulada nas minas de tude? Como surgiu o universo e as coisas que
carvão; disso se originou a Revolução Indus- nele existem?
trial. Não há como não reconhecer, nessa protofísi-
A Física, enquanto atividade humana especial- ca, as raízes, por exemplo, dos conceitos, das
izada, não tem, portanto, existência indepen- leis, das teorias e dos princípios que se estu-
dente. Ela emergiu, cresceu e somente se con- dam até hoje na estática e na dinâmica. Todo o
solidou porque buscou satisfazer as necessi- desenvolvimento do eletromagnetismo deve-
se à estranha propriedade do âmbar (resina
dades básicas do Homem, seja explicando e
fóssil empregada na antiguidade, na fabrica-
elaborando processos de controle dos fenô-
ção de amuletos, jóias e bijuterias) e de certas
menos naturais, seja desenvolvendo técnicas
pedras magnéticas (óxido de ferro) que, mais
para aumentar a produção de bens e serviços,
tarde, receberam a denominação de ímãs.
seja como fonte de idéias para outros campos
de pesquisa, seja contribuindo para a segu- A capacidade e a habilidade do ser humano de
responder a essas e a muitas outras comple-
rança nacional por meio da criação de armas
xas questões geraram a Física – apenas um
de defesa e ataque, etc. Essas multifacetadas
dos ramos da Árvore da Ciência –, mas funda-
“impressões digitais” da Física são passíveis
mental para o entendimento do Universo em
de identificação ao longo da sua História, ainda
que vivemos. Certamente que esse desenvolvi-
que estranhamente irregulares, em zigueza-
mento não ocorreu por acaso, mas do esforço
gue, entrecortadas por descontinuidades. consciente e deliberado do trabalho de ho-
As tentativas de explicar o mundo físico não mens e mulheres para trazer à tona a parte
são algo recente. A própria Bíblia ensina-nos oculta do Iceberg Cósmico e, assim, conseguir
que o primeiro ato divino foi o de criar a Luz. prever e planejar suas ações para serem
Qual a razão para isso? Talvez tenha sido o capazes de sobreviver neste Planeta e, poste-
temor que os nossos ancestrais (e, ainda hoje, riormente, aventurar-se em frágeis jangadas,
muitos de nós) sentiam quando o sol desa- em expedição pelo Oceano Cósmico descon-
parecia, e a Terra escurecia. Ou seja, tanto hecido.
para os nossos ancestrais quanto para nós, O que conhecemos e o que ainda está sendo
uma noite de lua cheia constitui-se, ainda hoje, descoberto, nos dias de hoje, não teria sido
num fenômeno exuberante. possível se os nossos antecessores não tives-
sem assentado, com firmeza, os alicerces des-
Assim, no fim do dia, após uma jornada esta-
te grande edifício em constante construção,
fante, eles, como nós, ao admirarem o luar,
que é a Física, num terreno bastante sólido.
devem ter-se indagado sobre inúmeros por-
Portanto, quando se retrocede na História da
quês: por que a lua brilha? Será que a lua tem
Humanidade, verifica-se que as idéias físicas
luz própria ou será que a luz nasce dos olhos?
ressoam desde a aurora dos tempos, quando
O que é a luz? Quanto deve valer a velocidade
o ser humano lançou suas primeiras inquie-
da luz? Será que é finita ou infinita? Por que a
tações e curiosidades em relação aos fenô-
lua não cai? O que faz que ela se mantenha em menos naturais, e o quanto estes descobri-
sua órbita? Como ir da Terra à Lua? mentos foram decisivos e essenciais para o
Muitos outros fenômenos naturais também conhecimento atual da Natureza.
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
Terra (365 dias). Na Terra, a relação entre a compreensão do fenômeno ultrapassa a mera
duração do dia e a do ano é 1/365. No planeta descrição qualitativa e subjetiva das percep-
X, quanto corresponderá a mesma relação? ções sensoriais do ser humano. A partir de
agora, as qualidades das sensações fisiológi-
cas, tais como o som, a cor, a luz, o calor, o
Esta convicção de que a razão humana é
gosto, etc. constituem-se num conjunto de sím-
capaz de oferecer uma interpretação quantita-
bolos moldados por uma equação matemática.
tiva coerente dos fenômenos perceptíveis
O movimento, por exemplo, a questão do
pelos sentidos, com ajuda de engenhosas
equações matemáticas, constitui-se numa das tráfego, um dos graves problemas da vida real,
mais extraordinárias conquistas humanas de é resolvido por meio do cálculo diferencial.
importância para a ciência. O prêmio Nobel de Velocidade passa a ser, portanto, dx/dt. As
Física Max Planck, ao se referir aos trabalhos cores do arco-íris são determinadas pela fre-
de Maxwell, comentou que: qüência (µ) ou pelo comprimento de onda (λ)
da radiação. A sensação de calor que temos
“Maxwell, após diversos anos de pesquisa reser-
quando estamos fazendo um churrasco é dada
vada, alcançou um sucesso que deve ser conta-
por E = hµ. A intensidade do som da “Banda
do entre os maiores milagres do intelecto
humano. Ele conseguiu, pela razão pura, vislum-
do Mano” durante o carnaval é
brar segredos da natureza que somente
descrita por .
começaram a vir à luz depois de uma geração e,
ainda assim, por meio de experiências muito
laboriosas. Seria completamente inconcebível
que tal conquista fosse conseguida, se não reco-
nhecêssemos que há uma relação muito íntima
entre as leis da natureza e as do pensamento.”
A percepção de que matematização dos fenô- 1. No Laboratório de Física, um pesquisador ob-
menos físicos é a chave para decifrar os mis- serva atentamente um próton atravessar uma
térios do Universo é atribuída a Pitágoras, região na qual existe um campo elétrico e um
para quem, na natureza, “tudo é numero”. O campo magnético, sendo ambos uniformes.
trampolim para esta conexão entre a Física e a
Ao acompanhar o movimento do próton, ele
Matemática teria sido a descoberta da relação
constata que a trajetória da partícula depende
funcional entre o som que uma corda esticada
de como ela penetra na referida região. Na ten-
emite e o comprimento da corda. Posterior-
tativa de auxiliar esse pesquisador, qual instru-
mente, Arquimedes (séc. III a.C.), seguindo o
mento matemático você lhe aconselharia a
estilo empregado por Euclides, descobriu a lei
aplicar ao problema?
da alavanca e a lei do Empuxo, abrindo, de
forma convincente, o caminho para a mate-
matização da Natureza.
A matematização propicia, assim, uma econo-
mia de pensamento, pois, por meio da abs-
tração, não precisamos ficar presos aos deta-
lhes e às características desnecessárias de um
fenômeno. Em vez disso, procuramos selecio-
nar e concentrar-nos somente naquelas pro-
1. A quantidade de energia luminosa incidente
priedades que, no conjunto, são essenciais
por unidade de área, em iluminação normal,
para seu entendimento e que podem ser quan-
varia na razão inversa do quadrado da distân-
cia da superfície à fonte. Com base nessa infor- tificadas, mensuradas.
mação, estabeleça uma relação entre a quanti- Quando se analisa, por exemplo, o movimento
dade média de energia solar incidente entre o de queda livre de uma esfera, o que realmente
planeta Plutão e a Terra. importa é a relação entre a posição (X) e o
Assim, por meio da descrição matemática, a tempo de queda (t), a velocidade (V), etc.
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UEA – Licenciatura em Matemática
Ignora-se, por exemplo, propriedades como a Assim sendo, na investigação dos sistemas
cor, a textura e os detalhes da composição da físicos, é expressamente proibido que a deter-
esfera. Desse modo, a descoberta da relação minação das regras (leis, teorias, etc) das co-
nexões lógicas sejam feitas por um mero jogo
faz que a esfera deixe de ser uma
de palavras, produto da descrição qualitativa e
entidade individual, pois a expressão matemá- verbal empregada na linguagem cotidiana,
tica serve para qualquer esfera. No fim, a es- mas de forma precisa e quantitativa. Sendo as-
fera real fica completamente esquecida, e, em sim, não há nada que se impeça de descrever
seu lugar, fala-se de um de uma partícula, de o azul do céu ou as cores do arco-íris em ter-
uma entidade abstrata que se move no vácuo. mos matemáticos, em vez de expressar o fenô-
O eco dessa tradição pitagórica continuou a meno em termos de uma linguagem limitada e
reverberar intensamente no século XVII, po- imprecisa que estamos acostumados a empre-
dendo ser encontrado nas obras de Galileu, gar na vida diária.
que declara com toda a ênfase:
“A filosofia (atualmente, diríamos a Física) en-
contra-se escrita neste grande livro que conti-
nuamente se abre perante nossos olhos – quero
dizer, o Universo – que não se pode compreen-
1. Seja (N) o número de páginas que devem ser
der antes de entender a língua e conhecer os
lidas por um aluno durante a disciplina de Fí-
caracteres com os quais está escrito. Ele está
escrito em linguagem matemática, os carac-
sica Fundamental; (W) o número de semanas
teres são triângulos, circunferências e outras
de aula; (P) o número de páginas que deverão
figuras geométricas (teríamos que acrescentar
ser lidas durante uma semana. Com base no
agora outros símbolos matemáticos), sem cujos exposto, represente, matematicamente, a rela-
meios é impossível entender humanamente as ção entre N, W e P.
palavras; sem eles nós vagamos perdidos den-
tro de um obscuro labirinto.”
A busca de uma relação funcional correta é o
Armados com a concepção de que “tudo na
retrato da luta incessante da mente humana
natureza são números” ou ainda “Natureza
para que os fenômenos naturais possam ser
está escrita em caracteres matemáticos” (ou
representados matematicamente. Levada aos
formas geométricas), os físicos, por meio do
confins mais íntimos e extremos, a convicção
cálculo, deduzem a trajetória que, muitas ve-
de que a Natureza opera misteriosamente se-
zes, escapa à percepção visual. É bem conhe-
gundo princípios matemáticos fez que os físi-
cida, por exemplo, o episódio no qual Halley, o
cos, buscassem uma relação funcional entre
astrônomo real, pergunta a Newton: “qual a
determinados parâmetros físicos, na tentativa
curva descrita pelos planetas”, ao que Newton
de explicar o funcionamento do Universo.
respondeu sem hesitação: “Uma elipse”.
Surpreso, Halley replicou: “Como é que você Foi esse ideal que levou Ptolomeu, século II
sabe?”, ao qual Newton retrucou: “Ora, eu a d.C., a elaborar uma explicação para a Má-
calculei”. quina do Universo em termos de conceitos
geométricos altamente abstratos, tais como:
A resposta de Newton significa dizer que ele
círculos, deferentes epiciclos, equantes. O
ficara extremamente satisfeito em determinar e
mesmo aconteceu com Galileu, século XVII, ao
provar, matematicamente, que a causa do mo-
descrever a queda de um corpo por meio de
vimento era simplesmente uma equação ma-
temática. Indo mais além, utilizando seus cál- relação matemática entre os números ímpares.
culos matemáticos, demonstrou que essa “for- Newton, também, vai explicar a força de atra-
ça” era responsável pelas marés oceânicas, ção gravitacional que mantém a estabili-
pela periodicidade misteriosa dos cometas, dade das órbitas planetárias por .
etc.
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Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
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Para Einstein, o fato da Mecânica Quântica uti-
. Se essa relação for amplamente
lizar o conceito de probabilidade deve-se à nos-
confirmada pelos experimentos, pode-se dizer sa ignorância em compreender, de maneira
que temos agora uma Lei Física. São os casos, exata, como as coisas em nível microscópico
por exemplo, da lei da queda livre, das leis de acontecem; se soubéssemos exatamente co-
Newton, da lei de Ohm, as Lei de Kepler, etc. mo os eventos acontecem, por exemplo, a ma-
Além de resumir o conjunto de dados, a equa- neira como um conjunto de dados foi arremes-
ção pode ser usada como uma definição para sado e todos os detalhes da superfície onde
velocidade: v = a.t; como uma técnica para a rolam poderíamos, pelo menos em principio,
medição da aceleração; para prever todas as prever o resultado. Na defesa de seu ponto de
futuras observações e ir bem além das aparên- vista, dizia Einstein: “Deus é sutil, mas não é
cias, do imediato, estabelecendo relações de malicioso: Ele não joga dados!”
forma a colocar os fenômenos observados em
um novo e mais amplo contexto. OS CONCEITOS
Essa foi a maneira por meio da qual Maxwell, a Por mais refinada e perfeita que seja a lingua-
partir de um conjunto de equações, deduziu gem cotidiana, ela é extremamente limitada e
que a luz se desloca com a mesma velocidade indefinida para esclarecer certas relações con-
da luz e que, por conseguinte, a luz deve ser ceituais tão delicadas e precisas sobre o mun-
uma forma de radiação eletromagnética. Igual- do físico que nos cerca. Ainda que expressões
mente assim procedeu o físico inglês Paul do tipo: velocidade, espaço, gravidade, tempo,
Dirac, ao deduzir das suas equações a existên- aceleração, repouso, energia, massa, eletrici-
cia dos pósitrons (elétrons carregados positi- dade, calor e movimento sejam bastante fami-
vamente). liares e utilizadas diariamente, elas não são
A lei declara simplesmente a existência de um óbvias e nem evidentes.
padrão estável por trás de um evento e coisas, Seus significados soam misteriosamente, pois
mas é a teoria que assinala o mecanismo res- tais expressões não são da mesma natureza
ponsável por esse padrão. É a teoria que pos- que os conceitos lingüísticos (cerveja, dinhei-
sibilita ir além das aparências. ro, boi, canoa, barranco) empregados diaria-
Todavia o simples fato de que os fenômenos mente ou da mesma natureza que os concei-
naturais sejam simplesmente formulados e ex- tos matemáticos (número, grau, reta, epiciclo,
plicados matematicamente não é uma justifica- diferencial).
tiva aceitável capaz de determinar as causas,
pois não há como ter certeza de que aquela Lei
não é resultado fortuito de muitas causas dife-
rentes atuando independentemente, sem uma
verdadeira regularidade.
1. Durante um teste, quando perguntados sobre
Portanto é indispensável encontrar uma causa
única subjacente ao fenômeno. Newton, por o que significava em Física afirmar-se que: “os
exemplo, não conseguiu persuadir muito os sistemas conservativos são aqueles em que se
seus contemporâneos de que a formulação verifica a conservação da energia mecânica”,
algébrica da lei da gravitação, descoberta por quatro alunos responderam que tal afirmação:
ele, consistia, por si só, uma explicação acei- Aluno I – é uma constatação experimental.
tável, sem que houvesse a necessidade de Aluno II – é uma dedução.
quaisquer mecanismos físico.
Aluno III – é uma definição.
Atualmente, o que prevalece entre os físicos é,
basicamente, esse tipo de justificativa. Levan- Aluno IV – é um postulado.
do-se em conta tais fatos, pode-se compreen- Na sua opinião, qual(ais) aluno(s) está(ão) cor-
der com facilidade porque Einstein se opôs e reto(s)? Explique sua resposta.
enfrentou Bohr durante uma conferencia.
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Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
Como se vê, os conceitos físicos não desig- nos esqueçamos de que o conhecimento ma-
nam um fato bruto, mas sua representação pe- temático não é algo com o qual nascemos ou
lo pensamento, por meio de suas característi- que exista predeterminado na mente humana.
cas gerais. Um conceito é uma representação Devemos tomar cuidado para não imaginar
intelectual de um objeto físico. O conceito de que os axiomas e os teoremas matemáticos
linha de corrente, por exemplo, é uma repre- sejam entendidos ou confundidos como ver-
sentação das trajetórias seguidas pelas par- dades a priori ou enunciados exatos acerca do
tículas de um fluido que serve para descrever universo.
suas propriedades. Dessa maneira, o que denominamos de expe-
É desse jogo intelectual que nascem as enti- rimentação são observações que se efetuam
dades (conceitos) que inventamos e que irão em condições controladas, ou seja, fenôme-
povoar o Universo. Enquanto símbolos, eles nos que podem ser reproduzidos. Essa é uma
são extremamente úteis para exprimir as rela- das vantagens da experimentação, pois atra-
ções matemáticas: os quarks, fótons, ondas de vés dela, o fenômeno pode ser recriado, as
probabilidade, saltos quânticos, força, inércia, condições diversificadas ou simplificadas, os
energia, campo, etc. resultados aperfeiçoados, etc.
Outra particularidade relacionada ao conceito
é que um mesmo conceito pode reaparecer na
explicação de diversas situações. Os concei-
tos, por exemplo, de força, momento angular e
de átomo explicam inúmeras situações a partir
1. Com o objetivo de determinar o período de
das condições de validade de uma determina-
oscilação de um pêndulo simples, um aluno
da teoria física. Embora seja possível medir ou
listou 4 grandezas: comprimento do fio, massa
atribuir valores a certos conceitos, nem sempre
do pêndulo, aceleração da gravidade e o ângu-
é fácil defini-lo com palavras. Por exemplo, é
lo (amplitude) de oscilação. Como ele deve
muito difícil definir o conceito de energia, carga
proceder experimentalmente para excluir as
elétrica, temperatura, etc. Desse modo, um con-
grandezas que são irrelevantes na determi-
ceito pode ser expresso por um código gráfico
nação do período do pêndulo simples que exe-
ou matemático, ou por uma frase.
cuta pequenas oscilações?
Em resumo, numa ciência tão matematizada
como a Física, o simbolismo matemático para
ser aplicado à realidade deve ser interpretado A importância da experimentação é tamanha
pela mente humana. que, não há, na Física, campo no qual mais se
busque excelência do que no domínio experi-
A EXPERIMENTAÇÃO mental. O que não falta é motivação para obter
os melhores resultados possíveis em termos
Na elaboração convincente de uma teoria físi-
de precisão e significado teórico. A Física tem
ca, três fatores interconectam-se e influenciam
o compromisso com a verificação e não com a
mutuamente: a matemática, a experimentação
contemplação, de modo que devemos apelar
e a construção de modelos.
para a experiência em busca de uma resposta.
Entender a matemática como uma construção
De maneira sintética, pode-se dizer que exis-
humana ajuda-nos a melhor compreender, tam-
tem basicamente dois tipos de experimenta-
bém, outra característica fundamental da Físi-
ção: do tipo didático e do tipo de pesquisa. A
ca: a experimentação.
finalidade dos experimentos didáticos é fami-
Não importa quão bela seja a teoria ou a equa- liarizar o aluno com o manejos de técnicas, ti-
ção matemática obtida! Em Física, tais idéias rar medidas, proceder a tratamento dos
precisam necessariamente ser testadas expe- dados em função das limitações dos instru-
rimentalmente, de modo a assegurar seu do- mentos, traçar e interpretar gráficos, escrever
mínio de validade. É indispensável que não relatórios, etc.
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UEA – Licenciatura em Matemática
MECÂNICA
1. Realização de uma experiência de Galileu
com o objetivo de examinar a aplicabilida-
de e a determinação quantitativa da rela-
1. O filme “Guerra nas Estrelas” apresenta cenas
de explosões com estrondos impressionantes, ção de uma esfera que se move ao
além de efeitos luminosos espetaculares, tudo
longo de um plano inclinado.
isso acontecendo no espaço interplanetário.
Tais efeitos estão de acordo com as Leis da
Física? Justifique.
PROJETOS EXPERIMENTAIS
As atividades didático-experimentais aqui apre-
sentadas têm como principal objetivo propor-
cionar o contato do aluno com o fenômeno e,
2. Desenvolvimento e apresentação de uma
a partir daí, buscar sua compreensão pela ação
impressionante demonstração, procuran-
e pela integração do saber com o fazer, e da
do descobrir, por meio dos conceitos físi-
teoria com a prática.
cos, o que está por trás do recorde de pú-
A grande vantagem desse procedimento resi- blico durante sua exibição.
de no aprender a aprender compartilhado co-
letivamente entre professor-aluno, por meio:
1. do planejamento das atividades;
2. da escolha adequada dos procedimentos a
serem executadas;
3. da procura de solução própria para o prob-
lema;
4. da análise dos resultados e deduções con-
clusivas, etc.
Nesse estilo de condução, é fundamental o 3. Estabelecer o alcance máximo de um ob-
envolvimento e a cooperação entre os jeto uniforme maciço quando o fio no qual
20
Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
21
UEA – Licenciatura em Matemática
CÁLCULO DA MÉDIA.
Ligue a bobina e coloque o anel no núcleo. Ele
não cai, mas fica levitando em volta do núcleo. Será atribuída, para cada uma dessas ativi-
Desligue a bobina. O anel cai. Em seguida, ligue dades, uma nota de zero a dez.
novamente a bobina. O anel dá um violento sal- A nota final será a media aritmética desses dois
to, atingindo uma boa altura. momentos, que será atribuída a cada integran-
Para estudar esse experimento, lembre que a te da equipe.
corrente elétrica da rede é alternada. Como vo-
cê pode “ver” esse fato? Pesquise as leis de MODELOS FÍSICOS
Faraday e de Lenz. A compreensão dos mecanismos ocultos e/ou
Se você tiver outro anel, serre-o e repita o ex- desconhecidos da Natureza, visando tornar os
perimento. O que ocorre? Por quê? fenômenos previsíveis, ocorre por meio da cons-
trução de modelos teóricos: um esquema con-
ceitual ou um conjunto de idéias extremamente
abstratos que a mente livremente inventa ou pos-
tula com a finalidade de ser capaz de explicar
e predizer, quantitativamente, o que o Universo
esconde em seu interior.
Um modelo é, pois, uma espécie de guia que
existe apenas na imaginação do cientista, que
emprega tanto para o estabelecimento dos pres-
supostos fundamentais de uma teoria, quanto
para a fonte de sugestões que permitem ampli-
ar ou romper essa teoria. Para descrever, por
exemplo, a natureza interior da matéria, admi-
AVALIAÇÃO DO TRABALHO
te-se a existência dos quarks e, a partir daí,
Após a definição das equipes, estabeleça com constrói-se um modelo atômico para a matéria.
seu professor um planejamento para a exe-
Esse ideal de tentar explicar a realidade por
cução da atividade (os prazos, as metas, a
meio da construção de entidades imaginárias
construção de um calendário, o que estudar e
foi obra do filósofo grego Platão (séc.IV a.C.),
pesquisar, as formas de medição, etc.).
que propôs a seus discípulos que tentassem
Juntamente com os demais integrantes da equi- “salvar o fenômeno” do movimento retrógrado
pe, defina as atribuições de cada membro, a dos planetas admitindo, racionalmente, que eles
seleção dos materiais e os instrumentos de se movessem em círculos (ou como combina-
medidas, o local e a hora de trabalho e de estu- ção de vários movimentos circulares) em torno
do, etc. da Terra com velocidades constantes.
A avaliação constará de dois momentos, em Na tentativa de satisfazer essa condição, o ma-
datas a serem especificadas antecipadamente: temático Eudóxio de Cnido propôs um modelo
geocêntrico para o movimento planetário, con-
1. Entrega do relatório detalhando e compro-
stituído de 27 esferas homocêntricas. Posterior-
vando todo o processo de desenvolvimento
mente, Aristóteles e Calipo aperfeiçoaram o mo-
do trabalho, ao qual devem ser anexados: as
delo de Eudóxio, ampliando para um total de
etapas do planejamento e o calendário da
55 a quantidade de esferas cristalinas. Seguin-
execução das ações; o cronograma de pla-
do adiante, Cláudio Ptolomeu, séc. II d.C., de-
nejamento, as tabelas, os gráficos, as fotos,
senvolveu um modelo maravilhosamente edifi-
os vídeos, etc.
cado por meio das seguintes entidades geomé-
2. Exposição do trabalho na forma de apre- tricas: ciclos, epiciclos, deferentes e equantes.
sentação de seminário. Evidentemente que essas “rodas dentro de ro-
das” não existiam realmente no espaço, não
passavam de pura ficção matemática útil.
22
Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
o que mais presenciamos ao nosso redor, nos vezes, análise de casos bem particulares
coloca frente a frente com algumas das mais (queda livre) pode também ser um ponto de
profundas questões acerca do Universo. partida valioso para a discussão geral de uma
O mais extraordinário nessa busca é, por Lei Física, por exemplo, a Lei da Gravitação
exemplo, descobrirmos que o movimento de Universal. Muitos conceitos físicos podem tor-
nar-se familiares por meio da abordagem unidi-
uma pedra pode conter os segredos do movi-
mensional do problema em vez da análise ime-
mento planetário. Como acreditar que, por trás
diata em três dimensões; exemplo: o conceito
desse movimento tão simplório e corriqueiro,
de quantidade de movimento.
estejam envolvidos conceitos acerca da natu-
reza do espaço e do tempo? Apesar de toda essa importância e riqueza
conceitual da Mecânica Newtoniana, não po-
A aplicação dos conceitos da Mecânica, entre-
demos esquecer que todas as teorias físicas
tanto, não se reduzem apenas à compreensão
possuem um domínio de validade, isto é, são
de fenômenos do mundo físico cotidiano, eles
aplicáveis até um certo limite. Fora desse do-
são essenciais também para o entendimento de
mínio, não há garantia de sobrevivência, e a
fenômenos em escalas atômicas e cósmicas.
análise do fenômeno requer outro tratamento,
O conceito de energia, por exemplo, é essen- outra teoria, outros equipamentos experimen-
cial para o estudo da evolução do universo, tais, etc. O esquema abaixo, mostra, de forma
das propriedades das partículas elementares, quantitativa, os intervalos de validades para as
dos mecanismos que regem as reações bio- diversas áreas da Física.
químicas; é essencial também na análise do
crescimento das sociedades industriais, no DOMÍNIO NÃO-FÍSICO!?
“design” de construção de motores, etc.
Portanto qualquer Curso de Física Fundamen-
tal deve fornecer uma visão geral da estrutura
e dos métodos da Mecânica Newtoniana que
fizeram dela uma ciência tão bem-sucedida.
No entanto é um equivoco esperar que este
curso apresente adequada e rigorosamente to-
do o conteúdo abrangido pela Mecânica New-
toniana. Para que tenhamos um bom Curso de
Física Fundamental, vamos priorizar e enfatizar
os conceitos, as leis e as teorias básicas da
Mecânica Newtoniana. Na passagem de um domínio de estudo para a
Por fim, chamamos a atenção para o fato de que outro, embora as teorias físicas utilizem termos
comuns, seus significados são diferentes. Por
estas Notas de Aulas estão estruturadas e con-
exemplo, na análise dos movimentos com ve-
struídas diferentemente da tradição dominante.
locidades próximas à da luz (c = 3x108 m/s), os
Optamos pela apresentação de um tratamento
conceitos básicos da Mecânica Newtoniana re-
unificado e global da estrutura sobre a qual se
querem uma drástica modificação. Na Me-
assenta a Mecânica Newtoniana, dadas as suas
cânica Newtoniana, o espaço é absoluto e Eu-
similaridades conceituais e matemáticas.
clidiano, enquanto na teoria de Einstein, o
Para melhor compreender as idéias presentes espaço é curvo. Um extraordinário contraste,
nas teorias da Mecânica Newtoniana, tentare- não é mesmo?
mos abordá-las, sempre que possível, sob
Atente para este outro exemplo: de acordo
uma perspectiva histórica: como foram cons-
com a Teoria da Relatividade Geral, a matéria é
truídas, tomaram forma, rompem os obstácu-
um aspecto do espaço – tempo (que é contín-
los epistemológicos e desaparecem.
uo e determinista) enquanto na Mecânica
O conhecimento da evolução das idéias ajuda- Quântica, a matéria é descontínua ou particula-
nos, por exemplo, a compreender o ponto de da dotada de características ondulatória e fun-
vista aceito modernamente de inércia. Outras damentalmente não determinante.
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
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UEA – Licenciatura em Matemática
O ELETROMAGNETISMO
Como podemos perceber, a eletricidade e o TEMA 03
magnetismo eram tidos como questões distin-
tas. Possuíam ‘causas’ diferentes. Do século VI
OS ALICERCES DA MECÂNICA DOS FLUIDOS
a.C. até o fim do século XVI, nenhuma expli-
cação desses fenômenos havia sido dada.
Porém, mesmo assim, várias experiências ARISTÓTELES (384 – 322 a.C.) apresentou al-
obtiveram resultados práticos: Alessandro guns conceitos referentes ao movimento dos
Volta (1745-1827), cientista italiano e pesqui- projéteis e à resistência do ar, embora muita
sador experimental da eletricidade, descobre a coisa que ele pressupôs mostrou ser equivoca-
pilha, e a eletricidade, até então estática, passa da. Mas ele argumentou que os fluidos devem
a ser dinâmica, fluindo através dos condutores ser contínuos, isto é, por pequena que seja
e estabelecendo fenômenos magnéticos, calo- uma porção do fluido, mesmo assim ela é ainda
ríficos, químicos, etc. Esse advento marca nova divisível. Em geral, todas as suas concepções
etapa: a Corrente Elétrica. As pesquisas de físicas pressupunham a existência de um meio
André Marie Ampère (1775-1836) marcam os material em que os corpos se movem. Ele con-
estudos sobre o Campo Magnético da cor- siderava que, em ausência de um meio materi-
rente elétrica, explicando-os e estabelecendo al, o movimento de um corpo se daria com ve-
as leis que definem qualitativa e quantitativamen- locidade infinita (sabemos que isso não está
te o campo magnético da corrente. Em 1820, o correto). Pelos estudos de Aristóteles, verifica-
dinamarquês Hans Christian Oersted (1777- mos que ele estava envolvido com os primeiros
1851) mostrou uma conexão entre o efeito elé- passos da mecânica dos fluidos.
trico e o efeito magnético em um experimento
que possibilitou a construção dos motores elé- ARQUIMEDES viveu aproximadamente entre
tricos e do telefone. A partir de então, os cam- 287 a 212 a.C., na cidade de Siracusa, na Gré-
pos elétrico e magnético são inseparáveis e cia. Era matemático e engenheiro, fez seus es-
constituem o Eletromagnetismo. tudos em Alexandria. Podemos dizer que foi o
primeiro a examinar a estrutura interna dos
líquidos. Ele chegou a afirmar que os fluidos
não podem ter espaços vazios internamente,
significando que eles devem ser contínuos. Ele
teve também noção da pressão hidrostática de
um fluido e de sua transmissão em todos os
sentidos. No tratado de Arquimedes, intitulado
Sobre os Corpos Flutuantes, ele apresenta o
atualmente chamado de Princípio de Arquime-
des. Na realidade, o trabalho de Arquimedes é
conseqüência de várias proposições que ele
faz no tocante ao comportamento dos sólidos
em um fluido.
Seu estudo mais famoso consta de um proble-
ma apresentado pelo rei Hierão II: descobrir se
a coroa encomendada pelo soberano a um
ourives era de ouro maciço ou se o artesão
misturou prata em sua confecção. A solução
do problema ter-lhe-ia ocorrido por acaso, em
uma casa de banho, ao perceber que o volume
da água derramada da banheira cheia era o
próprio volume de seu corpo. A euforia pela
28
Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
descoberta fê-lo sair pelas ruas, sem roupa, tantes publicações: Princípios de estática, uma
gritando: Heureka! Heureka! Arquimedes mer- espécie de continuação dos trabalhos de Ar-
gulhou a coroa num recipiente com água e quimedes (teoria da alavanca, centro de gravi-
mediu o volume derramado; a seguir mergu- dade dos corpos, etc., e o teorema dos planos
lhou blocos de ouro maciço e de prata maciça inclinados), Aplicações de estática e Princípios
com pesos iguais ao da coroa, medindo os vo- de hidrostática, uma importante contribuição
lumes derramados. O volume derramado pela ao estudo da hidrostática, entre outros assun-
coroa, ficou entre os volumes derramados pe- tos, tratando sobre o deslocamento de corpos
los blocos de ouro e de prata, evidenciando a mergulhados em água e a explicação do
fraude do ouvires, que teria sido condenado à paradoxo da hidrostática – a pressão de um
morte por esse motivo. líquido independe da forma do recipiente,
depende apenas da altura da coluna líquida.
HERON DE ALEXANDRIA (viveu por volta do Influenciado pelas teorias de Da Vince,
século II d.C.) também deu contribuição para o pesquisou o comportamento hidrostático das
estudo aplicado da mecânica dos fluidos. pressões, divulgando o princípio do paralelo-
Descreveu diversos mecanismos, em que se gramo das forças.
utilizava ar aquecido ou ar comprimido e vapor. Embora preocupado com temas teóricos,
A Máquina de Heron é uma antepassada das Stevin era um homem de ação, não tendo aban-
turbinas modernas. Os romanos, apesar de te- donado nunca as questões de ordem prática.
rem criado algumas formidáveis obras de en- Tanto que se deve a ele a demonstração do
genharia, como os famosos aquedutos que fato de que um barco é mais estável quanto
abasteciam Roma. mais baixa a posição de seu centro de gravi-
dade. E também a demonstração de que o
LEONARDO DA VINCE (1425 – 1519) foi uma centro de gravidade do barco deve situar-se
mistura de cientista, engenheiro, inventor, filóso- mais abaixo que o centro de gravidade da
fo e artista, interessando-se por muitos assuntos. água deslocada pelo casco. A maior invenção
No que concerne aos rios, Leonardo disse exis- desse grande cientista foi um veículo construí-
tir uma lei geral: onde a corrente transporta uma do para Maurício de Nassau, em 1600, dentro
grande quantidade de água, a sua velocidade é do qual cabiam 28 pessoas e que nenhum ca-
maior e vice-versa. Em seus manuscritos, ele for- valo podia alcançar.
mula a mesma idéia de modo diferente: onde o
rio se torna mais estreito, a água flui mais de- GALILEU GALILEI (1564 – 1642), tentando
pressa. Por isso, Leonardo chegou à lei: entender o princípio de funcionamento do
vA = constante sifão, utiliza o conceito de velocidade virtual:
uma pequena massa de líquido (contida num
SIMON STEVIN viveu entre 1548 a 1620, era tubo estreito) pode ficar em equilíbrio com
matemático, pode ser considerado o pioneiro uma grande massa de líquido (contida num
no estudo do equilíbrio dos líquidos. No fim do grande recipiente), pois uma pequena descida
século XVI, a ciência italiana apresentou um do nível do líquido no recipiente corresponde
período de relativa estagnação; por isso, o a uma grande subida do líquido no tubo.
centro do movimento científico transferiu-se Essas observações e inferências permitiram a
para a Holanda, onde, em 1581, Simon Stevin Galileu apresentar uma nova abordagem para
estudava na Universidade de Leyden, tornando os conceitos da hidrostática de Arquimedes,
se um grande professor de Matemática. Além pois o próprio Arquimedes usara outro pro-
de realizar importantes trabalhos de Matemá- cedimento, ou seja, ele partiu de consider-
tica, Stevin deu uma grande contribuição ao ações estáticas, propriamente ditas, ao passo
desenvolvimento da mecânica, principalmente que Galileu, trabalhando com o conceito de
no que se refere à estática dos sólidos e dos lí- velocidade virtual, utiliza um raciocínio com
quidos. Na sua obra, destacam-se três impor- base na cinemática.
29
UEA – Licenciatura em Matemática
BENEDETTO CASTELLI (1577–1644) foi autor No campo da Física, sua tendência foi de va-
de um tratado sobre medições de água cor- lorizar a experimentação. Pascal preferiu de-
rente (Della misura dell’ácque correnti, 1628). dicar-se a experiências diretas, principalmente
Ele utiliza a lei de Leonardo da Vinci: porque havia decidido resolver alguns proble-
Av = constante. mas sobre os quais os cientistas discutiam há
bastante tempo, sem conseguir chegar a uma
EVANGELlSTA TORRICELLI viveu entre 1608 conclusão definitiva. Na hidrostática, ele esta-
–1647, físico italiano, foi discípulo de Galileu, beleceu que a pressão exercida em um ponto
tornando-se seu secretário nos últimos anos de de um líquido transmite-se a todos os outros
vida do notável cientista e sucedendo-o no car- pontos. Prosseguindo os estudos de Torricelli,
go de matemático na corte de Florença. Tam- Pascal usou o dispositivo criado pelo cientista
bém é conhecido como precursor de Newton e italiano como barômetro, comprovando, expe-
Leibniz no desenvolvimento do cálculo infini- rimentalmente, que a coluna de mercúrio dimi-
tesimal; foi ele o responsável pela compro- nui à medida que se escala uma montanha.
Concluiu, desse modo, que a pressão atmos-
vação do peso do ar.
férica diminui com o aumento da altitude.
Torricelli conseguiu resolver um problema que
foi proposto a Galileu pelo duque de Toscana. DANIEL BERNOULLI (1700–1782), em seu
Este mandou abrir poços muito profundos, com livro Hydrodynamica, publicado em 1738, estu-
cerca de 15m de profundidade, e a água só da a relação entre a pressão e a velocidade
conseguia subir, através de tubos, até a altura num líquido ideal (viscosidade nula e incom-
de 10m quando bombas aspiravam o ar dos pressível), ao longo de um tubo horizontal, que
tubos. A explicação dada por Torricelli foi de parte do fundo de um reservatório.
que a pressão exercida por uma coluna de
No entanto a “equação de Bernoulli”, que é
água de 10m de altura contrabalançava a pres-
conhecida hoje, não foi obtida diretamente por
são exercida pelo ar atmosférico. Estabeleceu Bernoulli, mas sim por Joseph Louis Lagrange
a idéia de pressão atmosférica e, para compro- (1736–1813), com base na integração das equa-
var sua teoria, realizou a famosa experiência ções diferenciais de Leonhard Euler (1707
com um tubo de mercúrio, em vez de água. –1783), utilizando uma matemática mais avan-
Como o mercúrio tem densidade 13,6 vezes çada. Euler foi o grande arquiteto da Mecânica
maior do que a da água, Torricelli concluiu que dos Fluidos. A equação de Bernoulli pode ser
a coluna de mercúrio que deveria contraba- considerada a equação fundamental da hidro-
lançar a pressão atmosférica deveria ter uma dinâmica dos escoamentos laminares de flui-
altura de 76cm; com essa experiência, compro- dos ideais não compressíveis.
vou suas hipóteses. Ocorreu-lhe ainda que a
pressão atmosférica deveria mudar com a alti- O físico italiano GIAMBATTISTA VENTURI
tude, o que foi comprovado posteriormente por (1746–1822) combinou as leis de Leonardo da
Pascal. Vince e de Bernoulli-Lagrange com o manôme-
tro de Torricelli, construindo um dispositivo
BLAISE PASCAL viveu entre 1623 e 1662; chamado tubo de Venturi, que serve como um
matemático, físico e filósofo francês, foi o autor dispositivo para medir a velocidade de escoa-
da famosa frase: “O coração tem razões que a mento do fluido.
própria razão desconhece”. Seus trabalhos em Em fins do século XVIII, a hidrodinâmica havia
Matemática e Física foram notáveis. Inventor chegado a um ponto a partir do qual qualquer
da primeira máquina de calcular, patenteada desenvolvimento posterior do assunto exigiria
com o nome de “La Pascaline”, tornou pratica- a introdução da viscosidade em suas equa-
mente possível a estrutura das modernas cal- ções. Com isso, a manipulação matemática do
culadoras. Deu uma contribuição para o estu- assunto ficou muito mais complicada, mas tor-
do do cálculo combinatório e para a teoria das nou-se necessário assim proceder. Esta será a
probabilidades. contribuição do século XIX e do século XX.
30
Física Fundamental – Os Fundamentos da Física
31
UNIDADE II
As Forças Fundamentais da Natureza
Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
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UEA – Licenciatura em Matemática
CENTRO DE GRAVIDADE.
Ao nos referirmos à Força Gravitacional (Peso),
verificamos que a gravidade puxa todas as par-
tículas do corpo para baixo. Como a gravidade 1. Suponha que o nosso Universo não tenha a
age de maneira diferente sobre cada partícula força gravitacional e que somente as forças
eletromagnéticas mantenham todas as partícu-
do corpo, o peso de um corpo, ou seja, a resul-
las unidas. Admita que a Terra tenha uma car-
tante de todas essas forças está aplicada num
ga elétrica de 1 Coulomb.
determinado ponto geométrico do corpo. Por-
tanto denominamos de CENTRO DE GRAVI- a) Qual deveria ser a ordem de grandeza da
DADE o ponto no qual o peso está aplicado. carga elétrica do Sol para que a Terra tives-
se exatamente a mesma trajetória do uni-
Nos sistemas macroscópicos, a interação ele-
verso real?
tromagnética de atração e de repulsão se can-
celam permanecendo, no entanto, a força gra- b) Se, neste estranho Universo, também não
vitacional. Por esta razão, a força gravitacional existisse a força eletromagnética, certa-
domina a Escala Cósmica do nosso Universo. mente não haveria nem o Sol e nem os pla-
netas. Explique por quê.
Inversamente, o Universo ao nosso redor é do-
minado pelas interações eletromagnéticas
pois, numa escala atômica, elas mais intensas As forças de interação nuclear (forte e fraca)
que as forças gravitacionais. As interações têm um curto alcance, importante somente em
eletromagnéticas são responsáveis pela a nível das distancias nucleares, da ordem de
estrutura dos átomos, moléculas, formas mais 10–15m. A força nuclear forte é a responsável
complexas de matéria e, também, pela a pela manutenção do núcleo atômico coeso.
existência da luz. Fora isso, seus efeitos são pouco perceptíveis
em nível dos fenômenos cotidiano.
FORÇA (OU INTERAÇÃO) ELETROMAGNÉ-
TICA deve-se à existência de cargas elétricas A força nuclear forte apresenta as seguintes
em repouso ou em movimento. Apresenta as características :
seguintes características :
1. Tem alcance reduzido da ordem de 10-15m,
1. Pode ser atrativa se as cargas tiverem sinais o que corresponde ao diâmetro do núcleo.
contrários, ou repulsivas se as cargas tive- 2. Existe unicamente entre certa classe de par-
rem os mesmos sinais. tículas, conhecidas como HÁDRONS, que
2. Varia, também, com o inverso do quadrado se subdividem em:
da distância. i) MÉSONS – partículas ligeiras:
3. É a responsável pelas chamadas forças de
contato, que se manifestam todas as vezes
em que dois corpos são comprimidos um so-
bre o outro. Por exemplo, um livro sobre uma ii) BÁRIONS – partículas pesadas:
mesa.
4. Leva em conta atrito, tensão superficial, vis-
cosidade. A força nuclear fraca desempenha uma função
5. É a responsável pela rigidez e pela força elás- fundamental para o entendimento dos fenôme-
tica dos materiais, a chamada “força de nos radioativos, mas somente pode ser detecta-
tração”, que se manifesta nos fios, nas cor- da por meio de complexos experimentos. Ela é
das, nos cabos, nas correntes. menos conhecida e não muito bem compreen-
dida. Apresenta as seguintes características :
1. Apresenta um alcance muito reduzido, de
ordem 10–17m.
36
Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
Grosso modo, podemos dizer que, num objeto, O atrito é outro exemplo inescapável da força
os átomos mantém-se juntos devido a forças produzida pela eletricidade. Ainda que superfí-
interatômicas que tendem a mantê-los afasta- cies extremamente polidas possam parecer
dos de uma certa distância finita, denominada lisas, quando examinadas por meio de micros-
de distância de equilíbrio. Assim, quando você cópios elas aparecem rugosas, repletas de sa-
puxa um fio por uma de suas extremidades, liências e incontáveis irregularidades. Assim,
cada átomo puxa vigorosamente o seu vizinho, quando dois objetos são colocados em conta-
de modo que o puxão se transmite à outra to, essas saliências microscópicas tendem a
extremidade, tal como ocorre com os elos de entrelaçar-se ou mesmo soldar-se devido às
uma corrente. A resultante de todas essas for- forças elétricas, dificultando o movimento rela-
ças elétricas atuando sobre os átomos aparece tivo das superfícies em contato.
sob a forma de uma força macroscópica, a Desse modo, quando um objeto desliza sobre
37
UEA – Licenciatura em Matemática
outro, esses pequenos pontos de solda conti- Outros exemplos de forças de contato incluem
nuamente estão quebrando-se e recompondo- as forças existentes numa mola, numa corda,
se. Além disso, os obstáculos entrelaçados pre- numa vara, a viscosidade.
cisam ser superados por deformação ou abra-
Uma das grandes realizações do século XX foi
são. O resultado dessas complexas causas é a
a de os físicos terem explicado as descobertas
o atrito, ou seja, uma força paralela à superfície
empíricas dos cientistas do séculos anteriores
que se opõe ao movimento do objeto.
em termos das propriedades atômicas da ma-
Desde que a quantidade desses pontos téria.
microoscópicos de soldas seja proporcional à
pressão do objeto sobre a superfície, a força
1.2 APLICAÇÃO DAS FORÇAS DE CONTATO
de atrito é proporcional à força normal sobre o
objeto. Como examinamos acima, apesar do notável
avanço na compreensão das forças fundamen-
Observando-se o comportamento da força in-
tais, ainda hoje a dedução quantitativa das for-
teratômica entre dois átomos, pode-se obser-
ças de contato, a partir das forças fundamen-
var imediatamente o quanto ele é diferente da
tais, permanece difícil, e as velhas regras empí-
Lei de Coulomb. Enquanto a Lei de Coulomb
ricas continuam sendo usadas. Elas foram de-
cai com 1/r2, a força interatômica varia com
1/r–7. duzidas pelos cientistas do século XVIII, que
não tinham nenhum conhecimentos das forças
Estudos sobre a natureza microscópica da
fundamentais da natureza. Essas regras empí-
matéria indicam que a atração a longo alcance
ricas não passavam de simples sumários dos
é resultado do cancelamento entre as atrações
seus resultados experimentais.
e as repulsões entre os elétrons e os núcleos
de dois átomos; a repulsão, de curto alcance, é Um exemplo de Força de Contato é aquela que
governada por efeitos quânticos que tendem a exercemos quando empurramos um objeto com
manter os elétrons dos dois átomos afastados. as mãos, ou chutamos uma bola. Tal força é o
resultado do contato direto do objeto com a
mão ou com o pé.
FORÇA ELÁSTICA
Outra força de grande utilidade no estudo da
Mecânica é a Força Elástica. Ela resulta da de-
formação facilmente observada, por exemplo,
numa mola. Assim, quando se aplica uma for-
ça (F) à extremidade de uma mola, ela se esti-
Na ausência de perturbações externas na dis- ca de um determinado comprimento (x). Ces-
tância de equilíbrio (rO), a força elétrica é nula. sando a aplicação da força, a mola retorna ao
As grandes separações, como ocorre quando seu comprimento inicial. Dada essa proprie-
um fio é puxado por uma de suas extremida- dade, dizemos que a Força Elástica é uma for-
des, são resistidas por forças atrativas de lon- ça restauradora. Podemos, portanto, medir a
go alcance, o que fornece a tensão. Inversa- intensidade da força a partir da deformação da
mente, as pequenas separações, como ocorre mola. Experimentalmente, a Força Elástica (F)
nas compressões, são resistidas por forças é diretamente proporcional à deformação (x)
repulsivas de curto alcance, que originam a que ela produz. Em termos matemáticos, essa
força normal. relação é conhecida como Lei de Hooke: F =
O fundamento microscópico para a Lei de K.x, onde K é uma constante que depende da
Hooke pode ser explicado pelo comporta- qualidade da mola. Dada essa propriedade, a
mento linear (reta tangente à curva) entre Força Elástica pode ser empregada na confec-
força e deslocamento em torno do ponto de ção de dinamômetros (balança de mola), ins-
equilíbrio (rO). trumento utilizado para medir forças.
38
Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
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Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
2. Um corpo eletrizado cedeu 1,0 x 1020 elétrons. uma terceira categoria, denominada de semi-
a) O corpo possui carga elétrica positiva ou condutores, ou seja, materiais que podem se
negativa? comportar como condutores ou como isolan-
tes. Esses materiais estão no meio da faixa de
b) Qual a quantidade de carga elétrica adquiri-
resistividade elétrica.
da pelo corpo?
Em resumo, podemos dizer que, nos materiais
3. Se você esfregar vigorosamente uma moeda condutores, os elétrons estão fracamente liga-
entre seus dedos, ela não parecerá carregar-se dos aos núcleos e podem, em geral, mover-se
pelo atrito. Por quê? pelo metal livremente; esses elétrons são
chamados “elétrons livres” ou “de condução”.
Diferentemente, em um material isolante, os
2.3 CONDUTORES E ISOLANTES elétrons estão fortemente ligados aos núcleos.
Ou seja, nos metais, há muitos elétrons livres;
Do ponto de vista da eletrostática, os materiais
nos semicondutores, poucos; e nos isolantes,
possuem dois comportamentos: condutores de
quase nenhum.
eletricidade e isolantes ou dielétricos. Os con-
dutores são aqueles que apresentam cargas A capacidade de os materiais transportarem
elétricas móveis em sua estrutura. No caso dos eletricidade de um ponto a outro é descrita por
metais, que contêm um grande número de por- uma propriedade chamada “condutividade elé-
tadores de carga livres, os elétrons mais exter- trica”.
nos dos átomos são influenciados pelos out- Sob esse novo olhar, podemos dizer que um
ros átomos próximos, de forma que ficam material isolante oferece grande resistência ao
livres dentro da estrutura do metal, formando fluxo de carga elétrica, ao passo que os mate-
uma nuvem eletrônica, ou seja, respondem a riais condutores oferecem pouca resistência.
campos elétricos quase infinitesimais e contin- Mas, a temperaturas suficientemente baixas,
uam a se mover enquanto estão sob a ação de alguns materiais possuem condutividade infini-
um campo. Tais portadores livres conduzirão a ta, ou seja, resistência nula. A esses materiais
corrente elétrica quando um campo esta- chamamos supercondutores.
cionário for mantido no condutor por uma
Nos séculos XVIII e XIX, as técnicas em Física
fonte externa de energia.
experimental alcançaram um alto grau de pre-
Além dos metais, também as soluções iônicas cisão, possibilitando experiências rigorosas
(eletrolíticas), tais como soluções de sais e áci- sobre as interações elétricas entre cargas elé-
dos, são condutores. Nesse tipo de condutor, as tricas. Essas experiências foram imprescin-
cargas móveis ou portadores são os íons po- díveis para a compreensão das leis básicas do
sitivos e negativos. eletromagnetismo, e só foram possíveis dada a
Os gases rarefeitos podem-se tornar também enorme diferença na condutividade dos mate-
condutores sob certas condições, como no ca- riais, e continua sendo o fenômeno mais im-
so dos tubos de iluminação. Nos gases ioniza- portante para a eletrotécnica e a eletrônica,
dos, os portadores são os elétrons e os íons. pois se sabe que a eletricidade flui nos objetos
Os materiais isolantes são aqueles nos quais de forma extremamente sensível à composição
não existem cargas móveis, por exemplo: a deles. Por exemplo, um fio de cobre é capaz
borracha, o vidro, a madeira, o plástico, etc. de conduzir a eletricidade gerada em uma usi-
Dielétricas (isolantes) são substâncias em que na por milhares de quilômetros, enquanto que
todas as partículas carregadas estão ligadas uma fina camada de esmalte recobrindo esses
fortemente às moléculas constituintes. As par- fios é capaz de impedir que ela se transfira
tículas podem até mudar sua posição em res- para seu exterior.
posta a um campo elétrico, porém não se afas-
tam da vizinhança de suas moléculas.
Devemos ressaltar que mesmo os isolantes con-
duzem eletricidade, porém muito lentamente. 1. Uma solução de sulfato de cobre é um condu-
Existem alguns materiais, como, por exemplo, tor. Que partículas servem como as portadoras
o silício, o carbono e o germânio que estão em de carga nesse caso?
43
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44
Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
1. Sabendo que a densidade do ouro é de Nos dois casos, a força aplicada é a mesma,
19,3 g/cm3, determine: porém os resultados obtidos no trabalho são
diferentes. Isso acontece por que o efeito do
• O volume de uma barra de ouro de massa
“polimento” depende não apenas da força que
igual a 100 gramas.
a mão exerce sobre o carro, mas também da
Solução: área de aplicação.
Da definição de densidade, temos o volume: A grandeza dada pela relação entre a intensi-
dade da força F que atua perpendicularmente
= 193cm3 e a área A em que a mesma se distribui é
denominada pressão p (veja a Figura 1).
• A massa de uma esfera de ouro de raio
igual a 1cm.
19,3g/cm3 = 80,8 g
45
UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
mada à forca peso devido ao volume de água atmosférica é de 105Pa. Sendo g = 9,8m/s2, cal-
dentro do cilindro. Ou seja, como a massa do cule a pressão absoluta exercida no mergu-
fluido é dada por ρAh, obtém-se que: lhador.
F2 – F1 = (ρAh)g Solução:
h = 5m
Dividindo a equação pelo valor da área das ba-
ses, obtém-se que a pressão nos pontos 1 e 2
ρ = 1g/cm3 = 103kg/m3
patm = 105Pa
estão relacionadas pela diferença de altura en-
g = 9,8m/s2
tre os dois pontos.
Cálculo da pressão:
p = patm + gρh = 105 + 9,8 x 103 x 5 = 1,49 x
105Pa
p2 = p1 + ρgh
2. A figura mostra dois líquidos não-miscíveis en-
A pressão em um ponto situado à profundidade
tre si, sendo um deles a água, em equilíbrio
h, no interior de um líquido em equilíbrio, é dada num tubo. Calcule a densidade do líquido des-
pela pressão na superfície, exercida pelo ar, de- conhecido, sabendo que a densidade da água
nominada pressão atmosférica, mais a pressão é 1g/cm3, a altura da água é hB = 0,6cm e a
devida à coluna de líquido situada acima do pon-
to e expressa pelo produto ρAh: altura do líquido desconhecido é hA = 0,8cm.
p = patm + ρgh,
expressão que traduz o teorema de Stevin.
Solução:
.A .B .C Na linha que separa os dois líquidos, a pressão
hidrostática é a mesma, portanto:
pA = pB
gρA hA = gρB hB
ρA hA = ρBhB
.A .B .C 1 x 0,6 = ρB 0,8
A densidade do líquido desconhecido é,
Figura 3. Como conseqüência do ρB= 0,75 x 103 g/cm3
teorema de Stevin, pa = pb = pc
Atenção – A pressão efetiva depende somente 1. Uma bailarina de 49kg apóia-se sobre a ponta
da densidade do fluido, da sua altura acima do de uma de suas sapatilhas, cuja área de conta-
ponto e da aceleração gravitacional, e inde- to com o piso é de 6cm2. Calcule a pressão em
pende do formato e do tamanho do recipiente. pascal que a bailarina exerce sobre o piso.
2. Um recipiente contém um líquido homogêneo,
de densidade 0,8g/cm3. Adotando g = 9,8m/s2,
calcule:
a) a pressão efetiva a 0,6m de profundidade;
1. Um mergulhador está a 5m de profundidade, b) a diferença de pressão entre dois pontos que
num lago de densidade 1g/cm3. A pressão estão a profundidades de 0,7 e 0,5m.
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Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
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UEA – Licenciatura em Matemática
No caso de três ou mais forças, aplica-se, rei- A direção da força resultante F pode ser obtida
teradamente, a regra do paralelogramo, ou en-
pela seguinte relação:
tão se constrói o polígono das forças, e o vetor
resultante pode ser ainda encontrado da mes-
ma maneira que foi feito acima, ou seja, adicio-
4.2 O TORQUE
nando a resultante F’ das forças F1 e F2 à ter-
ceira força F3 que, por sua vez, fornece outro O estado de equilíbrio de um corpo não signifi-
vetor resultante F’’ que é somado à força F4, ca necessariamente repouso. Freqüentemen-
que produz outro vetor resultante F’’’, e assim te, encontram-se casos nos quais mesmo que
sucessivamente. a resultante das forças externas seja nula, o cor-
po tende a girar. É o que acontece, por exem-
Suponhamos que sobre um corpo atuem duas
plo, numa gangorra, onde duas crianças A e B,
forças F1 e F2, que formam entre si um ângulo
de mesmo peso, estão sentadas em diferentes
è. Podemos determinar vetorialmente a força
pontos da barra. Como se pode facilmente cons-
resultante utilizando a Lei dos Co-senos. Pode-
tatar, ainda que as forças aplicadas (os pesos
mos determinar a intensidade de
das crianças) em suas extremidades sejam
iguais e opostas, a gangorra gira em torno do
,
ponto de apoio (eixo de rotação).
enquanto a direção de F vale: Nessas situações, para que um o corpo fique
em completo equilíbrio, tem-se de evitar as
Outra maneira bastante simples de se encontrar rotações, mas para isso é necessário especi-
a força resultante F, para qualquer quantidade de ficar algumas condições. No caso da gangorra,
forças atuando sobre a partícula, é decompor a tendência para que ela gire depende não
cada uma das forças em suas componentes apenas do peso da criança, mas também da
retangulares ao longo dos eixos, cartesianos. distancia que se encontra a criança ao ponto
Para ilustrar esse método, vamos supor que de apoio.
queiramos determinar a força resultante de um Para expressar essa tendência de uma força
sistema submetido à ação de três forças F1, F2 produzir uma rotação, definimos uma grande-
e F3, que todas estejam no mesmo plano e que za denominada de Torque (τ), determinada
formem com os eixos cartesianos os ângulos pelo produto da força pela distância ao eixo
α, β e θ respectivamente. de rotação. Matematicamente, o torque é o
Sabendo-se que a força resultante F é dada produto vetorial de r e F: τ = r x F, isto é, o
pela soma de suas componentes FX e FY, isto Torque é um vetor perpendicular ao plano de
→
é, , basta que determinemos os r e F, ou, em outras palavras, ao longo do
valores de FX e FY. Assim, para determinar a eixo de rotação.
intensidade da componente FX e FY, decom- Para impedir que o objeto entre em rotação, é
põe-se cada força ao longo dos eixos cartesi-
necessário que a soma dos momentos ou tor-
anos X e Y e, em seguida, somam-se os va-
que de todas as forças aplicada ao corpo seja
lores encontrados em cada um dos eixos, de
nula: Σ τ = 0.
tal modo que:
ΣFX = F1 coss α + F2 coss β + F3 coss θ
ΣFY = F1 sen α + F2 sen β + F3 sen θ
Reescrevendo as relações acima de forma abre-
viada, temos:
ΣFX = ΣFi.coss θ’; onde θ’ é o ângulo que a
força faz com o eixo do X
ΣFY = ΣFi.sen θ’; onde θ’ é o ângulo que a →
→
50
Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
→
Por definição, a direção do vetor torque (τ ) é
perpendicular ao plano formado por r e F, ou
seja, na direção do eixo de rotação.
Quanto à intensidade ou ao módulo do torque,
este é dado por τ = r. F.senθ ou τ = F. r.senθ,
em que o ângulo θ é o ângulo entre os vetores
r e F.
Ocorre que r . senθ é a distância perpendicular
entre a linha de ação da força e o eixo de rota-
ção, distância comumente denominada, de “bra-
ço da alavanca”.
Portanto, para que o torque se torna mais efe-
tivo, a força deve ser perpendicular ao “braço
da alavanca”.
Eis a razão por que um borracheiro, quando se
depara com um parafuso da roda de um carro
emperrado, acrescenta um cano à chave de ro-
τ=F.D da para aumentar o efeito de rotação sobre o
τ = F . r. sen θ parafuso.
Essa expressão pode ser reescrita como: Retornando ao caso da gangorra, podemos ve-
τ = r. F. sem θ, onde o vetor r é denominado de rificar agora que a condição de equilíbrio
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UEA – Licenciatura em Matemática
2. Numa obra, um bloco de concreto de 100N é 6. Três esferas X, Y, e Z, cujos pesos são 1ON, 15N
e 8N respectivamente, estão suspensas por
mantido parado sobre uma rampa de 3m de
um arame extremamente fino.
altura por 5m de comprimento por meio de
uma parede. Determine a força exercida pelo a) Identifique, num esquema, as forças que
loco sobre o plano e sobre a parede. atuam sobre cada esfera.
R = 80N e 60N. b) A intensidade da força que o fio suporta
entre X e Y.
52
Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
53
UEA – Licenciatura em Matemática
A balança de torção é constituída por uma didas igualmente entre as esferas (lei da con-
caixa de vidro cilíndrica fechada por uma tam- servação das cargas). Assim, ele obtinha uma
pa, também de vidro, aonde se acopla um tubo carga igual à metade da carga inicial, um quar-
com um disco metálico na extremidade opos- to da carga inicial, e assim por diante. Então,
ta. Um fio suspenso no centro do disco metáli- ele verificou que a força elétrica entre as duas
co atravessa o interior do tubo, sustentando cargas q1e q2 é proporcional a cada uma das
uma agulha horizontal. Essa agulha tem, numa cargas e, portanto proporcional ao produto (q1.
das extremidades, um pequeno disco vertical q2) das duas cargas.
de latão e, na outra, uma esfera de medula de Dessa maneira, Coulomb estabeleceu, em 1785,
sabugueiro. A altura da agulha é regulada por a denominada lei de Coulomb, enunciada a
meio de uma manivela, que faz girar um eixo seguir:
horizontal, onde o fio está enrolado. Esse eixo
O módulo da força elétrica (as forças de
está montado sobre um disco giratório, em
atração e repulsão elétricas) entre duas cargas
que há uma escala dividida em graus. Essa
puntiformes é diretamente proporcional ao pro-
escala avança em relação a uma marca de
duto das cargas e inversamente proporcionais
referência, fixa na coluna do vidro, de modo
ao quadrado da distância entre elas.
que se possam medir os deslocamentos angu-
lares. A marca zero do aparelho é obtida pelo A relação matemática que descreve a intera-
alinhamento visual do fio com o zero da escala. ção elétrica ou força eletrostática, entre duas
cargas pontuais q1 e q2, separadas por uma
Balança semelhante foi usada treze anos mais
distância r, o módulo da força que qualquer
tarde por Cavendish para estudar a força de
uma das cargas exerce sobre a outra é dada
interação gravitacional, que é muito mais fraca
pela relação:
do que a elétrica. Cavendish substituiu as es-
feras carregadas por massas.
Coulomb verificou que, eletrizando as esferas
com cargas iguais, a esfera móvel afasta-se da Onde k é uma constante de proporcionalidade
fixa de um determinado ângulo, dando uma denominada constante eletrostática, cujo valor
torção no fio, que aplica uma força restaurado- no SI é 8,98 x 109N.m²/C².
ra tentando fazer que a agulha volte à posição As barras verticais que indicam valor absoluto
inicial. Pode-se concluir que a força restau- são justificadas porque as cargas q1 e q2
radora é proporcional ao ângulo no qual a podem ser positivas ou negativas, enquanto o
agulha da balança de torção gira. Coulomb fez módulo da força F é sempre positivo.
assim a comparação entre a força de torção e
A direção das forças que qualquer uma das
o ângulo de desvio. Repetiu a experiência com
cargas exerce sobre a outra é sempre ao longo
cargas diferentes e ainda, variando as distân-
da reta que passa pelas cargas. As duas forças
cias entre elas, o que permitiu estabelecer as
obedecem à terceira lei de Newton: possuem
regularidades que determinaram a lei quantita-
sempre o mesmo módulo e sentidos contrá-
tiva da força elétrica. Para cargas puntiformes,
rios, mesmo quando as cargas não são iguais.
Coulomb verificou que a força elétrica entre
eles é proporcional a 1/r² . Ou seja, quando a Escrevendo a lei de Coulomb em termos da
distância r dobra, a força se reduz a 1/4 do seu unidade de corrente elétrica (carga por unida-
valor inicial; quando a distância se reduz à de de tempo), ou seja, o ampère, que é igual a
metade, a força se torna quatro vezes maior um coulomb por segundo, escreve-se:
que seu valor inicial.
A força elétrica entre dois corpos depende da
carga existente em cada corpo, que chamare- As constantes:
mos q ou Q. Coulomb dividiu uma carga em epsilon zero (ε0) = 8,854 x 10(–12)C²/N.m²
duas partes iguais, colocando um pequeno e
condutor esférico carregado de outro idêntico
= k = 8,988 x 109 N.m²/C².
descarregado; por simetria, as cargas são divi-
54
Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
Como já dissemos, a unidade mais fundamen- a) da força elétrica que q1 exerce sobre q2;
tal de carga elétrica é o módulo da carga de b) da força elétrica que q2 exerce sobre q1.
um próton ou de um elétron, que será designa-
do por e, cujo valor é: 2. Se os elétrons, em um metal como o cobre,
e = 1,60217733 x 10–19C, são livres para vagar, devem, com freqüência,
encontrar-se a caminho da superfície do metal.
1 (um) coulomb é o módulo da carga elétrica Por que eles não continuam e deixam o metal?
equivalente à carga total existente aproximada-
mente em 6 x 1018 elétrons. Por exemplo, cerca 3. Explique o significado da afirmação de que as
de 1019 elétrons passam através do filamento forças eletrostáticas obedecem ao principio da
luminoso de uma lâmpada incandescente a superposição.
cada segundo.
4. Que semelhanças existem entre a força elétrica
EXEMPLO e a força gravitacional? Quais são as diferen-
ças mais relevantes entre essas forças?
1. Uma partícula á (alfa) o núcleo do átomo de
hélio. Ela possui massa m = 6,64 x 10–27kg e
carga q = +2e = 3,2 x 10–19C. Compare a força
5.2 FORÇA MAGNÉTICA
de repulsão elétrica entre duas partículas α
com a força de atração gravitacional entre elas. Para calcularmos a intensidade do campo mag-
nético, vamos retomar alguns conceitos bási-
Solução:
cos estudados em campo elétrico:
O módulo F da força de repulsão elétrica é da-
• Cargas elétricas em repouso criam um cam-
do pela equação: →
po elétrico E no espaço à sua volta.
→ →
Fe = , • O campo elétrico provoca uma força F = q. E
sobre qualquer carga q imersa no campo.
e o módulo F da força gravitacional é dado pe- Fazendo uma analogia, podemos conceituar as
la equação: interações magnéticas:
• Cargas elétricas móveis ou uma corrente
.
elétrica criam, além do campo elétrico, um
campo magnético em suas vizinhanças.
Para comparar os módulos, dividimos membro →
a membro as duas relações anteriores: • O campo magnético provoca uma força F
sobre qualquer outra corrente ou carga que
se mova no interior do campo.
Então, a força magnética atua específica e so-
mente sobre uma partícula carregada e em
movimento, com uma velocidade v. Como cam-
Esse número mostra o quanto a força gravita- po magnético é uma grandeza vetorial, asso-
cional é ínfima em relação à força elétrica ciada a cada ponto do espaço, a relação entre
→
quando se trata de interações entre partículas a intensidade do campo magnético B , com a
→
atômicas e subatômicas. intensidade da força magnética F mag, que atua
sobre a partícula de carga elétrica q, movimen-
tando-se com velocidade v, é dada por:
55
UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
Em torno da Terra, há uma camada de ar de- Patm = ρ. g . h = 13,6 . 103(kg/m3) . 9,8(m/s2) . 0,76 (m)
nominada atmosfera. Ela é constituída por uma logo Patm = 1,013 . 105N/m2
mistura gasosa cujos principais componentes
Então, por convenção, dizemos que:
são o oxigênio e o nitrogênio. Aproximadamen-
1atm = 1,013 . 105Pa = 760 mmHg
te 90% de todo o ar existente encontra-se abai-
xo de 18 000 metros.
Essa massa de ar exerce pressões sobre todos
Contribuição da experiência de Torricelli
os corpos no seu interior, pressão esta deno-
minada atmosférica. Observe os exemplos que
comprovam a existência dessa pressão.
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Logo,
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Física Fundamental – As Forças Fundamentais da Natureza
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UEA – Licenciatura em Matemática
2. DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DE UM
CORPO
O objetivo desta atividade é determinar a den-
sidade de um corpo sólido.
Suspenda uma mola de constante elástica
conhecida em um suporte (Fig.16). Meça o
comprimento de equilíbrio da mola (y0).
Suspenda o corpo cuja densidade deseja
determinar na outra extremidade da mola e
meça o comprimento de equilíbrio (y1). Encha
uma proveta com água e mergulhe o corpo em
questão no líquido. Quando o equilíbrio for
atingido, meça o comprimento da mola (y2).
60
UNIDADE III
O Estudo dos Movimentos
Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
1. A Galáxia mais próxima da Terra é a Galáxia de corre uma distancia de 100km em 2 horas, a
Andrômeda, que dista cerca 1,8 x 109km. velocidade média desenvolvida foi de 50km/h.
Suponha que um observatório em Andrômeda Resultado, evidentemente, extremamente impre-
tenha tirado uma fotografia desta Galáxia e ciso, pois informa muito pouco sobre o que
tenha remetido a Terra com a velocidade da aconteceu durante aquele percurso. O carro
luz. Há quantos anos corresponderia o aspec-
pode ter parado durante o trajeto, em alguns
to da Galáxia de Andrômeda nesta foto?
intervalo de tempo, a velocidade ter sido bas-
(Considere que um ano tenha 3 x 107s.)
tante superior, etc.
2. Um velocista consegue fazer 100m finais de Uma maneira concisa, bastante eficiente de
uma corrida em 10s. se durante esse tempo visualizar o movimento é através do gráfico da
ele deu passadas constantes de 2,0m, qual foi posição (X) em função do tempo (t). O gráfico
a freqüência de suas passadas? retrata resultado do movimento descrito acima.
65
UEA – Licenciatura em Matemática
Analisando o gráfico podemos tirar algumas Entretanto, o modo como vai percorrer distancia
conclusões: de 100km será, com certeza, completamente di-
ferente do caso anterior. O motorista pode, por
1 – o móvel percorreu distâncias iguais (∆X)
exemplo, após ter percorrido 40km em 15 minu-
em tempos iguais (∆t) ou seja: sempre 50
tos, tirar uma soneca de 20 minutos. Depois, de
Km em 1,0 hora.
voltar a dirigir 30km em 30min, resolver parar 45
2 – a razão pode ser medida pela tangente minutos para almoçar. Voltar a dirigir, ininterrup-
tamente, e, ainda, chegar ao seu destino no
do ângulo θ. tempo previsto. Certamente, que as velocidades
3 – a velocidade média permaneceu constante. médias desenvolvidas nas duas situações foram
idênticas, mas o que aconteceu durante o mes-
Deste modo que a expressão
mo intervalo de tempo difere completamente
pode ser rescrita como: ∆X = V.∆t ou nos dois casos.
X = X0 + V.t Como se pode verificar, o simples cálculo da
4 – a partir do gráfico da posição (X) podemos velocidade escalar média não nos fornece
encontrar o gráfico da velocidade (V) em todos os detalhes do movimento como conse-
função do tempo (t). qüência, a qualidade da informação obtida fica
extremamente comprometida.
A velocidade escalar média é, pois um cálculo
estimativo para o movimento admitindo-se
que, durante todo o trajeto, o móvel mantenha
a velocidade constante.
Caso queiramos obter uma precisão do que
acontece realmente durante todo o movimen-
to, isto é, a maneira pela qual a posição do
móvel mudou com o tempo é indispensável
5 – a partir do gráfico da velocidade pode-se definir o conceito de velocidade instantânea.
obter a distância percorrida pelo móvel.
Uma maneira de representar o complexo movi-
Para isso utiliza-se a área da figura entre o
mento do carro sem cometer erro em demasia, é
eixo do tempo e a curva obtida.
fragmentando o trajeto percorrido em pequenos
trechos e, em seguida, determinar a velocidade
média em cada um deles.
Analisando-se a tabela 1 abaixo constata-se
que no limite, quando o intervalo de tempo
torna-se extremamente pequeno, tendendo a
zero, a velocidade média se estabiliza em torno
de um determinado valor.
Fica claro pela tabela que, a medida que a rela-
Observe que a figura obtida é um retângulo, de
modo que: ção tende para um valor limite de 7,1 cm/s.
∆X = área do retângulo
∆X = base X altura. Esta técnica de tornar razão extremamente
Substituindo os valores da base e da altura,
pequeno corresponde ao processo matemático
temos que:
denominado de “passagem ao limite”, que
∆X = 2,0 h X 50 km/h. Portanto: implica em calcular a taxa de variação da
∆X = 100 km. posição com relação ao tempo.
Evidentemente que outro veículo pode fazer o Matematicamente, representa-se esta “pas-
mesmo percurso no mesmo tempo de 2,0 horas. sagem ao limite” por:
66
Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
TABELA 1
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UEA – Licenciatura em Matemática
a seguinte expressão:
68
Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
do ângulo θ.
3. a aceleração escalar média permaneceu
constante. Deste modo que a expressão Uma situação que frequentemente ocorre na
Cinemática é a determinação da variação da
am = pode ser rescrita como:
posição (∆X) a partir da velocidade instan-
∆V = a.∆t. Deste modo a relação fica: tânea. A partir do gráfico da velocidade pode-
Vf = Vi + a.t se obter a distância percorrida pelo móvel.
Para isso utiliza-se a área da figura entre o eixo
4. a partir do gráfico da velocidade (V)
do tempo e a curva obtida.
podemos encontrar o gráfico da aceleração
(a) em função do tempo (t).
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
ser a distancia mínima que você dirigindo Compreender e explicar a queda de um corpo
seu carro a 108 Km/h deve manter-se afas- com a percepção armada por outro ponto de
tado de um caminhão que vai a sua frente? vista, exige uma profunda alteração nas expli-
b) Mesmo que seu reflexo seja extremamente cações e nas imagens mentais retratada cos-
ágil (≈0,50s) demonstre que, caso você tumeiramente segundo o quadro prevalecente
esteja afastado 10 m do caminhão, você do Universo. Este desafio e a luta intelectual
não conseguirá evitar a colisão. necessitava do desenvolvimento radical da
abstração humana, sem a qual, a nova visão
5. Um automóvel parte do repouso com uma de mundo não se impunha.
aceleração constante de 9m/s2 em um percur- Nesta caminhada, que se inicia na Grécia antiga
so de 72m. Depois, seu movimento passa a ser com Aristóteles e nos leva até Einstein, não foram
uniforme durante 20s, após o que é freado em poucos aqueles e, nem pequenos, seus trabalhos
3s. Qual a aceleração media de freamento e a na tentativa de tentar encontrar uma explicação
distancia percorrida ate o inicio da freada? para o problema da queda de um corpo nas prox-
imidades da superfície da Terra em movimento.
6. Uma partícula parte do repouso e percorre
uma trajetória retilínea, de tal forma que, em
cada intervalo de tempo de 1 s, a distancia por
ela percorrida é igual ao dobro da percorrida
no segundo anterior. Sabe-se que, a contar do
inicio do movimento, a partícula leva 4 s para
percorrer 30 m. 1. Por volta de 150 dC, Cláudio Ptolomeu de
a) Qual a velocidade media da partícula entre Alexandria, seguindo os ensinamentos de
os instantes t=2s e t=3s Aristóteles, reforçou a crença de que a Terra
encontra-se imóvel no centro do Universo. Se-
b) pode-se afirmar que a partícula está em
gundo Ptolomeu. se a Terra girasse, as nuvens,
MRUV? Por que?
as aves e todos os objetos no ar seriam deixa-
dos para trás.
7. Admita que você inicia uma corrida de bicicle-
ta a partir do repouso, acelerando 0.50m/s2. Comente este argumento de Ptolomeu.
Nesse instante passa por você, no mesmo sen- Justifique sua posição.
tido, outro ciclista com velocidade constante
de 5,0 m/s.
a) Quanto tempo, após a largada você Para Aristóteles, a variável fundamental na queda
alcançara o outro competidor. de um corpo era o peso. A observação cotidiana
b) No momento da ultrapassagem, quanto demonstra que quanto maior o peso de um
valerá sua velocidade? corpo mais rápido atinge o solo. Evidentemente
que, ainda no Mundo Antigo, alguns discor-
davam desta explicação, entre os quais,
podemos citar João Filoponos, no século VI.
1.5 O ESTUDO DA QUEDA LIVRE Com o passar dos anos outras explicações
Dentre os movimentos que a humanidade foram aparecendo fazendo com que a propos-
levou séculos para resolver, o problema da ta original de Aristóteles perdesse um pouco
queda de um corpo, se constitui num dos mais da sua força. Por volta do século XIV, surgiram
importante. Ele está ligado concepção cos- as primeiras tentativas de geometrizar o prob-
mológica do Universo. O Modelo Copernicano lema e a empregar, a partir do século XV, anti-
(heliocêntrico), gera sérias e marcantes ques- gas e bem conhecidas regras numéricas para
tionamentos na explicação do movimento da explicar a variação da posição durante a queda
queda de um corpo numa Terra imóvel. de um corpo.
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
Armado com suas descobertas astronômicas, ção repetida de uma mesma parcela” em iguais
Galileo passou a se dedicar em estabelecer intervalos de tempo, ocorrerá o mesmo efeito.
novos princípios gerais para o movimento a A partir dessa premissa Galileu parte para o estu-
partir do estudo do comportamento dos cor- do quantitativo do movimento uniformemente
pos caindo sobre uma Terra em movimento. acelerado, definindo que: “um objeto é dito ser
Isto o levou a meditar sobre os seguintes prob- uniformemente acelerado quando, partindo do
lemas profundamente interligadas: elaboração repouso, sua velocidade recebe iguais incre-
das leis da queda livre, sistemas de referencias mentos em intervalos de tempos iguais”. Em ou-
e inércia para a explicação dos movimentos tras palavras: ∆V ∞ ∆t; ou ∆V = a. ∆t.
em uma Terra em movimento.
Prosseguindo, Galileu aplica uma conhecidíssi-
Com relação ao problema da queda livre ma a regra geométrica que trata o movimento
Galileo havia apreendido que o núcleo da expli- uniformemente acelerado como se fosse um
cação da queda dos corpos residia na veloci- movimento uniforme. Galileu, chega a con-
dade. Isso vai deslocar o foco da explicação clusão que as distancias percorridas durante o
para o papel da aceleração do movimento. mesmo intervalo de tempo é proporcional a
seqüência dos números primos (1,3, 5, 7, 9, ...).
O golpe de mestre de Galileu foi ter compreen-
dido que a queda dos corpos era a chave para
a consolidação da nova cosmologia coperni-
cana. Embora todos parecessem concordar
1. O desenho abaixo representa as posições
que a queda de uma pedra sobre uma Terra
sucessivas de uma partícula, a partir do em movimento, comportava-se exatamente da
repouso, livre de forças dissipativas. mesma maneira quando ela caia do mastro de
um navio em movimento.
O que se viu, entretanto, com o desenrolar da
Apoiado na análise dessa figura, você pode afir- história de vida de Galileu, foi algo completamente
diferente. Ele foi condenado, morto e sepultado
mar com segurança que o movimento da partícu-
por tentar ajudar a suportar tamanha “heresia”.
la é de Queda Livre? Justifique sua resposta.
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
1.7 VELOCIDADE E ACELERAÇÃO VETORIAL No caso do MCU, a velocidade (V) pode ser
Até agora, temos considerado apenas o papel expressa em função da velocidade de rotação
da direção da velocidade, o que fica bastante (ω), denominada de velocidade angular, dada
evidenciado na analise dos movimentos curvilí- por V = ωr. A velocidade angular, também esta
neos. Um caso típico, por exemplo, é o caso do associada a um vetor na mesma direção do
movimento circular uniforme, onde a partícula, eixo de rotação cujo sentido é dado pela regra
embora se move sempre com a mesmo valor da mão direita.
para a velocidade, a direção muda constante-
mente. Como a velocidade instantânea é repre-
sentada geometricamente por uma tangente, a
analise do MCU revela que no ponto A direção
da tangente é horizontal, no ponto B é vertical e
no C é inclinada, o que demonstra que a
direção da velocidade esta mudando.
1. Dois atletas percorrem uma pista de corrida cir-
cular, de raio R, no mesmo sentido, com veloci-
dades tangenciais constantes iguais a V e 3V.
Quanto tempo decorre entre dois encontros
sucessivos entre eles?
instantânea: ou ainda,
75
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→
direção e o sentido de E no ponto considera-
do. O valor do campo é maior onde houver
TEMA 02
maior concentração das linhas de campo e,
consequentemente menor, nos locais onde
CAMPOS
estiverem mais espaçadas.
2.1 LINHAS DE FORÇA DO CAMPO ELÉTRICO
2.2 CAMPO ELÉTRICO
Linha de força do campo elétrico é uma linha
reta ou curva imaginária de maneira que sua Na Mecânica, ao falarmos sobre campo gravita-
tangente, em cada um de seus pontos, forneça cional dizemos que a região do espaço que
a direção e o sentido do vetor representativo envolve cada planeta sofre uma alteração, pois
do campo. Quando as linhas de força são retas nele surge um campo de força gravitacional e
e paralelas o campo é dito uniforme. Por con- que qualquer corpo que possui massa, colocado
venção as linhas de força saem dos corpos nessa região, fica sujeito a uma força de atração
positivamente eletrizados e em caso contrário, exercida pelo planeta. Essa é a propriedade fun-
convergem para ele. damental dos campos gravitacionais.
Por exemplo, a evidência mais comum do
campo gravitacional é a força peso. Se tomar-
mos um objeto qualquer, seu peso próximo ao
chão, no alto de um edifício ou dentro de um
avião será o mesmo, o que sugere que o
campo é uniforme em todos os pontos e ele
existe independentemente de haver ou não
corpos ocupando um determinado espaço.
Por analogia, em Eletrostática, podemos afir-
mar que o espaço que envolve uma carga
elétrica também está modificado, pois surge
nele um campo de forças elétrico, o que com-
preende que qualquer partícula eletrizada que
for inserida nessa região, fica sujeita a uma
força elétrica de atração ou de repulsão, depen-
dendo dos sinais das cargas em questão.
Estas, não são forças de contato, mas forças
que atuam a distância.
O mecanismo dessas forças foi explicado por
Michael Faraday, no início do século XIX, intro-
duzindo o conceito de campo. No caso dos
corpos celestes, é a idéia de campo de gravi-
dade onde esses corpos interagem e, no caso
As imagens mostram as formas das linhas de da eletrostática, surgiu a idéia de um campo
força elétrica (a) de uma placa carregada - lin- elétrico envolvendo a partícula eletrizada.
has de força paralelas e (b) dos fios com car-
gas iguais e opostas.
O conjunto das linhas de força que atravessam
uma determinada área, constitui o fluxo de força.
Podemos concluir que as linhas de campo
elétrico fornecem uma representação gráfica
do campo elétrico. A tangente à linha, fornece Compare estas figuras para uma melhor com-
em qualquer ponto de uma linha de campo, a preensão das representações de linhas de
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
força de um campo elétrico. Temos linhas de Usando unidades SI, para as quais a unidade
força do campo elétrico entre duas cargas de força é 1N e a unidade de carga é 1C, então
elétricas de sinais contrários e ação de um ímã a unidade de campo é:
sobre limalha de ferro (campo magnético).
É importante observarmos que comparação
entre os campos gravitacional e elétrico nos foi O sinal da carga Q, geradora do campo elétri-
conveniente ante a necessidade de compreen- co, é quem defini o sentido do campo, por
são do que é campo. No entanto, além da definição:
natureza diferente, a interação gravitacional é
• Se Q < 0 (negativa), o sentido converge, de
apenas atrativa enquanto que a interação elétri-
fora para dentro.
ca vem a ser atrativa e repulsiva. Em comum,
podemos dizer que os dois campos são regiões • Se Q > 0 (positiva), o sentido diverge, de
em que se produzem interações que variam dentro para fora da carga.
com o quadrado da distância entre os corpos
sob influência mútua. Ou seja, em torno de uma
carga elétrica sempre haverá um campo elétrico
e para detectar a existência de um campo elétri-
co em uma região do espaço, basta colocarmos
nela uma carga de prova, que significa uma
carga com um valor minúsculo o suficiente para
que sua presença não desloque as cargas cujo
campo está sendo medido.
É importante esclarecer que, o campo gravita-
cional atua sobre a massa do corpo de prova,
ao passo que o campo elétrico atua sobre a →
Falando em termos da força F :
carga elétrica do corpo de prova. →
• quando Q > 0 (positiva), a força F que atua
No campo gravitacional assim como no campo →
sobre a carga terá o mesmo sentido de E;
elétrico, quer o corpo de prova esteja em → →
repouso ou em movimento, surgirá nele uma • quando Q < 0 (negativa), F e E terão sen-
→
força de campo E. tidos contrários.
A força é uma grandeza vetorial, assim sendo Para cálculos práticos da força elétrica e do
o campo também é. Logo, ela deve ser carac- campo elétrico, se colocar uma carga teste
terizada por uma intensidade, uma direção e pequena q no ponto do campo P a uma distân-
um sentido e todas as operações com o vetor cia r do ponto da fonte, o módulo F será dado
campo devem seguir as regras vetoriais. A pela lei de Coulomb:
direção é a mesma da força elétrica que age
sobre a carga de prova. A intensidade é inver-
samente proporcional à distância, ou seja, e da equação do campo elétrico, o módulo E
aumenta nas proximidades da carga e diminui no ponto P é dado por:
à medida que dela se afasta.
→
definimos o campo elétrico E em um ponto
→
como a força elétrica F que atua sobre uma
Outra situação fácil de se encontrar o campo
carga q nesse ponto, dividida pela carga q.
elétrico é o caso do interior de um condutor.
Então o campo elétrico em um dado ponto é
Caso existisse campo elétrico no interior de um
igual à força elétrica por unidade de carga que
condutor, o campo exerceria uma força sobre
atua sobre uma carga situada nesse ponto:
cada carga existente em seu interior, o que pro-
duziria um movimento das cargas livres. Por
definição não há movimento efetivo em uma
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situação eletrostática. De onde se conclui que belecido a partir das medições precisas das
na eletrostática o campo elétrico deve ser igual forças magnéticas feitas por André Marie Ampère
a zero em todos os pontos do interior de um que descobriu o magnetismo criado por uma cor-
condutor. rente elétrica e a influência que esta sofre por essa
magnetização. Essa influência foi descrita por
EXEMPLO Michael Faraday como “linhas de forças”, estas
Calcule o módulo do campo elétrico de uma saiam do pólo norte de um ímã em direção ao seu
carga puntiforme q = 4,0nC em um ponto do pólo sul. E assim, surgiu a idéia de campo. Com
campo situado a uma distância de 2,0m da essa “novidade”, as explicações da maneira
carga (a carga puntiforme pode ser qualquer como as forças eletromagnéticas podem atuar a
objeto pequeno carregado com a carga q, longas distâncias ganharam consistência.
desde que as dimensões do objeto sejam Até aqui estudamos alguns tópicos básicos
muito pequenas em comparação com a distân- sobre eletricidade e forças elétricas, agora estu-
cia entre o objeto e ao ponto do campo.). daremos as forças magnéticas e para isso vere-
Solução: mos alguns conceitos básicos sobre o magnet-
ismo, que estuda os fenômenos associados aos
Usando a equação para o módulo do campo
ímãs, e sobre o eletromagnetismo, que estuda os
elétrico de uma carga puntiforme:
fenômenos causados pelas correntes elétricas.
= A propriedade de alguns corpos atraírem o
ferro foi observada, há muito tempo, com um
minério da região de Magnésia, na Ásia, con-
hecido como óxido magnético de ferro (Fe3O4);
daí o nome magnetita dado ao minério e de
magnetismo a propriedade nele observada.
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
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→ →
braços do U em que as linhas de campo são vetor área A forma com B um ângulo de 60° e
quase paralelas. Isso significa que, em toda essa que o fluxo magnético através da área é igual a
→
região, o vetor B tem, aproximadamente, a 0,90 mWb, calcule o módulo do campo mag-
mesma direção e o mesmo sentido. Se as linhas nético e determine a direção e o sentido do
estiverem exatamente paralelas, definimos o vetor área.
campo como uniforme e neste caso, todos os
→
ponto do campo B possui a mesma intensidade. 3. Raios cósmicos são partículas de grande veloci-
Quando submetemos um ímã em forma de barra dade que, provenientes do espaço, atingem a
a uma região com campo uniforme, o ímã fica Terra de todas as direções. Sua origem é, atual-
→
sujeito a duas forças de mesma intensidade F e mente, objeto de estudos. A Terá possui um
→
– F. A resultante das forças é nula. Isso significa campo magnético semelhante ao criado por um
que o ímã não será acelerado para nenhum dos ímã em forma de uma barra cilíndrica, cujo eixo
lados, podendo apenas girar (posição de equi- coincide com o eixo magnético da Terra. Uma
líbrio), enquanto que se submetido a um campo partícula cósmica P com carga elétrica positiva,
não uniforme, as forças em cada pólo são difer- quando ainda longe da Terra, aproxima-se per-
entes, logo a resultante será diferente de zero, correndo uma reta que coincide com o eixo
podendo provocar uma aceleração do ímã. magnético da Terra.
Desprezando a atração gravitacional, podemos
afirmar que a partícula, ao se aproximar da Terra:
a) Aumenta sua velocidade e não se desvia de
sua trajetória retilínea.
b) Diminui sua velocidade e não se desvia de
sua trajetória retilínea.
c) Tem sua trajetória desviada para o leste.
d) Tem sua trajetória desviada para o oeste.
e) Não altera sua velocidade nem se desvia de
sua trajetória.
80
Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
b) Escoamento incompressível:
TEMA 03 Tal como foi admitido no estudo do equi-
líbrio de fluidos, é suposto que o escoa-
mento de um fluido ideal seja incompressí-
FLUIDOS EM MOVIMENTO
vel, ou seja, sua densidade permanece
sempre constante.
3.1 INTRODUÇÃO AO MOVIMENTO DE UM FLUIDO c) Escoamento ideal:
A hidrodinâmica trata dos problemas rela- A viscosidade num fluido é semelhante ao
cionados a fluidos (líquidos e gases) em movi- atrito de um sólido. Em ambos os casos, a
mento, tais como o escoamento da água ao energia cinética do corpo que se move pode
longo de um tubo ou de um rio, o sangue que transformar-se em energia térmica. Na
circula nas veias de uma, a fumaça de uma ausência de atrito, um objeto movendo-se
chaminé ou de um cigarro. no seio de um fluido ideal (sem viscosidade)
O movimento de um fluido real é complicado e não deve sofrer a ação de nenhuma força de
ainda não é bem compreendido, e um dos arraste devido ao atrito viscoso.
modos de descrever o movimento de um fluido d) Escoamento irrotacional:
é dividi-lo em elementos de volume infinitesi-
Neste tipo de escoamento, um corpo de
mais, que podem ser chamados de partículas
teste colocado dentro do fluido não gira em
do fluido, e acompanhar o movimento de cada
torno de nenhum eixo passando pelo seu
partícula. Conhecendo-se as forças que atuam
centro de massa.
sobre cada uma das partículas pode-se, em
princípio, obter as velocidades e as coorde-
3.2 LINHAS DE CORRENTE E A EQUAÇÃO DA
nadas em função do tempo. Este método, que
CONTINUIDADE
é uma generalização direta da mecânica da
partícula, foi desenvolvido por Joseph Louis
Lagrange (1736-1813). Como o número de
partículas do fluido é em geral grande, o uso
deste método implica a resolução de um prob-
lema matemático de enorme complexidade.
Existe um tratamento diferente desenvolvido por
Leonhard Euler (1707-1783), que é mais conve-
niente para muitas aplicações. Ao utilizar este
método, não é necessário especificar a trajetória Figura 9. Um tubo de escoamento é definido
pelas linhas de corrente que delimitam suas
de cada partícula do fluido e sim, especificar a fronteiras. A vazão do fluido deve ser a mesma em
densidade e a velocidade do fluido em cada todas as seções retas do tubo de escoamento.
ponto do espaço e em cada instante. Este é o
método que será utilizado aqui. Além disso, será A Figura 9 mostra duas seções transversais de
discutido o movimento de um fluido ideal que é áreas A1 e A2 ao longo de um tubo de escoa-
mais simples de tratar matematicamente. Apesar mento fino. Observando num intervalo de
dos resultados não concordarem totalmente com tempo t o movimento do fluido em P tem-se
o comportamento dos fluidos reais, a diferença é que uma partícula do fluido percorrerá uma
desprezível em algumas situações práticas. distância v1t varrendo um volume de fluido V
a) Escoamento estacionário: dado por:
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Solução: Solução:
Aplicando a equação da continuidade, temos D = 0,30 m
A1 . v1 = A2 . v2 A = 6,5 cm2 = 6,5 x 10–4 m2
3 x 10–2 x 3 = 1,4 x 10–2 v2 Vamos usar a Equação de Bernoulli, para
A velocidade na seção 2 é 6,4 m/s2. encontrar a velocidade com que á água sai no
buraco do fundo do tanque:
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
1. DETERMINAR A VAZÃO
O objetivo desta atividade é determinar a vazão
de um líquido.
Deixe escorrer na proveta um certo volume de
líquido, anotando o tempo correspondente. A
razão entre o volume acumulado e o intervalo
de tempo é a vazão. Usando a equação da
continuidade, calcule a velocidade da água na
mangueira.
2. SOPRO SOBRE UMA FOLHA DE PAPEL
Segure uma folha de papel na posição horizon-
tal, na altura da boca, e sopre fortemente sobre
a folha. Observe e tente explicar o ocorrido.
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TEMA 04
Determine:
a) O módulo da aceleração adquirida pelo tijo-
lo ao longo do telhado.
b) As componentes da velocidade do tijolo no
instante em queixa o beiral (ponto C)
c) A velocidade com que o tijolo atinge o solo
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
Deste modo podemos determinar a Velocidade Apesar destas idéias serem consideradas,
Limite ou Velocidade Terminal (VL) quando atualmente, muito estranhas para quem estuda
fvis = Peso, donde se obtém a seguinte expressão Física, elas não as foram para Kepler. Sua ado-
para velocidade terminal: VL = P/FViscoso. ração, por exemplo, pelo o Sol forneceu-lhe,
em grande medida, a motivação de sua vida,
do seu trabalho e, as razões pelas quais ado-
tou a teoria de Copérnico quando raros eram
aqueles que tinham suficiente coragem para
defender esta teoria, vindo a se tornar, em seu
coração, partidário da nova astronomia
O seu entusiasmo pelo copernicismo, também
esta arraigada ao apego de Kepler a tradição
platônica-pitagórica, o levaram em 1602, a desco-
berta da Lei correta, conhecida como a Segunda
Lei de Kepler, embora tivesse sido a primeira!!
Além de verificar que a órbita de Marte não é
circular, Kepler também percebeu também que
o movimento do planeta ao longo da órbita não
é uniforme ou seja: a velocidade é maior quan-
do ele está mais próximo do Sol.
1. Uma conseqüência superinteressante da
velocidade terminal ser proporcional ao peso A Segunda Lei de Kepler, conhecida como Lei
do objeto, se relaciona com a explicação de das Áreas, demonstra que um planeta quando
Aristóteles de que os corpos mais pesados está mais próximo do sol a área é mais curta e
caem mais rápido que os mais leve. Sendo larga, e quando se encontra longe, a área é
assim, o nosso mundo é, então, Aristotélico?! mais comprida e estreita. Entretanto, as duas
Por sua vez, se em nosso mundo a resistência áreas, para um mesmo intervalo de tempo, são
do ar está sempre presente, porque Galileu surpreendentemente iguais.
preferiu ignorar no seu estudo da queda livre. Lei Áreas: “O raio vetor que liga um planeta ao
Sol descreve áreas iguais em tempos iguais”.
2. Uma gota de chuva de 0,05 g cai com veloci-
dade constante de 2 m/s. qual a força retar-
dadora que age sobre a gota?
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Lei das Órbitas : As órbitas descritas pelos los de tempos iguais. Vamos explorar esse tipo
planetas em redor do Sol são elipses com o de movimento, para o caso de uma partícula
Sol num dos focos. que descreve um movimento circular uniforme
Se a é o semi-eixo maior de uma elipse e c a no plano vertical.
semi-distância focal (vide a figura abaixo), a Um boa aproximação deste movimento é dada
razão e = c/a chama-se excentricidade da pelo movimento de vai-e-vem da sombra da
elipse. Para e = 0, a elipse degenera num círcu- partícula que se repete periodicamente ao
lo; quanto maior for e, mais “achatada” a elipse. longo do eixo X. Um objeto que se move numa
mesma trajetória num movimento harmônico,
dizemos que ele está oscilando. Muitos efeitos
na Natureza são periódicos; por exemplo: as
batidas cardíacas, as estações do ano, as
oscilações de um pendulo simples, as
vibrações dos átomos num sólido, a corrente
elétrica numa lâmpada; as oscilações das
moléculas do ar numa onda sonora, etc.
Existe uma relação básica entre o MHS e o MCU,
F e F’= focos; P = planeta
que pode ser visualizado de maneira bem sim-
Entretanto, essas duas Leis não o acalmaram e ples pelo movimento de uma partícula se move
nem o satisfaziam plenamente, faltava-lhe numa trajetória circular de raio (A), ao redor de
descobrir a ordem pelo qual Deus organizou o um eixo vertical que passa pelo centro do circu-
Mundo. Kepler, acreditava e perseguia obses- lo, com uma velocidade angular (w) em rad/seg.
sivamente desde a juventude, a Harmonia que
Se nos concentrarmos na sombra da partícula
deveria existir no universo.
ao longo de um plano horizontal verificaremos
Finalmente, em 1619, Kepler, descobre a Lei que ela se move para frente e para trás.
Harmônica. Esta lei relaciona o período de Podemos, portanto, considerar a projeção do
movimento de cada planeta em relação a sua movimento de uma partícula em M.C.U. execu-
distancia médias ao sol. tando um M.H.S.
Lei dos Períodos, estabelece que: “Os
quadrados dos períodos de revolução de
dois planetas quaisquer estão entre si como
os cubos de suas distâncias médias ao Sol”.
Se T1 e T2 são períodos de revolução de dois
planetas cujas órbitas têm raios médios R1 e
R2 respectivamente, a 3ª lei afirma que
(T1/ T2)2 = (R1/R2)3
86
Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
possibilidade que um oscilador possa ser usado O conceito de onda permeia todo o universo:
como um cronômetro. escutamos onda, vemos onda, sentimos onda e,
quando descrevemos átomos e moléculas,
Nestes casos, pode-se empregar o período do
imaginamos ondas. A característica mais extra-
movimento de um pêndulo simples pode ser
ordinária de um movimento ondulatório: seja
facilmente determinado por: . Por- qual for as circunstâncias uma onda transporta
energia, quantidade de movimento e informação
tanto, num dado planeta, a freqüência de um a uma hiper-longínqua região sem transportar o
pendulo simples não depende da massa mas meio e com poucas perdas. Um terremoto ou
somente de seu comprimento. um tsunami (ondas de grande amplitude, uma
pororoca gigantesca) pode se propagar por
quilômetros destruindo tudo que encontra pela
frente. O sol emite radiação (ondas) eletromag-
nética responsável pelo clima da Terra.
, que quando comparada com Assim, podemos dizer que uma onda se forma
a partir de uma série de pulsos, distúrbios
que se propagam através de um meio, sem
a = (–ω2).X, obtém-se . que haja transporte de matéria.
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
Quanto a velocidade da luz os antigos também se eclipsou. Enquanto isso, o observador situ-
acreditavam que a luz se propagava instan- ado em T3, acompanha o transito do satélite
táneamente. Entretanto, está parece não ter (S3) na frente do planeta.
sido a opinião do sábio árabe Ibn al Haytam,
Para Roemer, o que interessava era observar o
conhecido pelo nome latinizado de Alhazen
eclipse, daí ter se interessado em acompanhar
(965 - 1039), o primeiro a sustentar que a luz se
durante o eclipse o movimento de Io (o satélite
movia com uma enorme velocidade, mas finita.
de Júpiter mais interno). Roemer descobriu
Todavia, o que prevalecia até o século XVII,
que o período entre dois eclipses sucessivos
entre a grande maioria dos cientistas, era uma
era cerca de 42,5 h. entretanto, quando fazia
disputa quanto à velocidade da luz: se era fini-
as medições um semestre depois o período
ta ou infinita. Cada grupo buscando encontrar
apresentava uma diferença de 15 segundos
um experimento que confirmasse suas idéias.
em relação ao tempo esperado. Roemer
Galileu tentou elucidar essa questão, utilizando atribuiu esta discrepância como prova de que
dois homens posicionados no alto de duas col- a velocidade da luz não era infinita, pois neces-
inas, cada qual com uma lanterna e um sitava de mais tempo (exatamente os 15
anteparo para servia para cobrir e descobri-la, segundos) para percorrer uma distância igual
assim que cada um deles visse a luz emitida ao diâmetro da órbita da Terra. Apesar de não
pelo outro. Infelizmente Galileu não conseguiu
ter conseguido determinar o valor, Roemer
determinar, por meio desta experiência, qual-
chega a conclusão de que a velocidade da luz
quer valor para a velocidade da luz.
é finita ou seja, ela não se propaga instanta-
Seu contemporâneo, Descartes, sugeriu que atra- neamente como muitos acreditavam.
vés de observações astronômicas do eclipses da
Lua, o experimento poderia se tornar exeqüível.
A criação do Observatório de Paris proporcio-
nou ao físico dinamarquês Ole Römer ou
Roemer (1644-1710) estruturar uma maneira
de determinar a velocidade da luz através do
eclipse dos satélites de Júpiter, que haviam
sido descobertos por Galileu.
1. Posição da Terra um semestre depois. Observe que a
O eclipse ocorre quando um dos satélites de distancia L’ aumentou um diâmetro da órbita terrestre.
Júpiter cruza o plano da órbita do planeta, se De modo que o tempo decorrido para que o obser-
vador veja o eclipse vai, também, aumen-
ocultando. Neste caso, é possível determinar com
precisão o momento em que começa e termina o tar de .
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
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Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
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UEA – Licenciatura em Matemática
incidência desses raios aumentam, os respec- mente, apesar de um deles sempre ser mais evi-
tivos ângulos de refração aumentam propor- dente. Por exemplo, em uma piscina, num dia de
cionalmente até atingirem seu valor máximo de sol, temos os raios paralelos; vemos a água da
90°. Ou seja, quando i = 90°, o valor de r é o piscina, reflexão difusa; vemos nossa imagem na
maior possível para o ângulo de refração, água, reflexa;, também podemos ver objetos ou
denominado ângulo limite de refração (L). pessoas dentro (imersas) da água, refração; e ao
Para um ângulo de incidência maior que o mergulhar na água, senti-la aquecida, absorção.
ângulo limite, o raio luminoso sofrerá reflexão
total , quando o raio volta para o mesmo meio. 6.6 DIFRAÇÃO
Um exemplo de aplicação da reflexão total é o Quando a luz emitida por uma fonte luminosa
caso das fibras ópticas, usadas na tecnologia puntiforme passa pelo orifício de um anteparo,
moderna. As fibras ópticas são tubos finíssimos observamos a propagação em linha reta da luz,
de materiais transparentes e dielétricos, capazes de maneira que passado o anteparo vemos um
de conduzir luz por sucessivas reflexões em seu feixe de luz (cônico) com vértice na fonte.
interior por centenas de quilômetros sem que
haja necessidade de se regenerar o sinal.
Considerações importantes:
• O raio incidente, o raio refletido, o raio
refratado e a normal à superfície estão
sobre o mesmo plano.
• O ângulo de reflexão é igual ao ângulo de
incidência para todos os comprimentos de Contudo, se esse orifício é muito pequeno, os
onda e para qualquer par de materiais. raios de luz sofrem um desvio ao passarem pelo
r =^
^ i ou θ = θr (lei da reflexão)
a orifício, e então, a luz “invade” a região fora do
• Para luz monocromática e para um dado cone. A esse fenômeno chamamos Difração.
par de materiais, a e b, separados pela
interface, a razão entre o seno do ângulo θa
e o seno do ângulo θb, onde esses ângulos
são medidos a partir da normal à superfície,
é igual ao inverso da razão entre os dois
índices de refração:
, (lei da refração ou lei de Snell).
96
Física Fundamental – O Estudo dos Movimentos
97
UNIDADE IV
Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
Física Fundamental – Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
101
UEA – Licenciatura em Matemática
1. A tabela abaixo apresenta os módulos das Entretanto, devemos nos acautelar quanto essa
velocidades V, em diversos instantes de definição de massa, pois será que ela serve
tempo t, dos corpos I, II, III, e IV, todos de também para descrever o movimento de obje-
massas constantes e iguais. Os corpos se tos nas proximidades da superfície da Terra? De
movem sobre linhas retas, todos na mesma acordo com a experiência realizada por Galileu,
direção e sentido. quando deixamos cair dois corpos de massas
102
Física Fundamental – Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
1.3 IMPULSO
Quando duas partículas colidem, cada uma
103
UEA – Licenciatura em Matemática
stante de 1,0m/s em relação a um referencial plo, o do jogador de tênis que para transmitir o
inercial. Necessitando parar, o centro de cont- máximo de quantidade de movimento a bola,
role decide acionar um dos motores auxiliares, ele a impulsiona com um movimento do corpo.
que fornece uma força constante de 200N na Pode acontecer, também de o intervalo de
mesma direção, mas em sentido contrario ao tempo da colisão ser extremamente curto e a
do movimento. Este motor deverá ser progra-
força ser bastante intensa. Este é o caso, por
mado para funcionar durante quanto tempo?
exemplo, do que ocorre quando uma pessoa
chuta uma bola, causando um considerável
4. Uma metralhadora dispara (n) balas por
impulso a bola.
segundo. Cada bala tem uma massa (m) e
uma velocidade escalar (V). As balas atingem O mesmo acontece quando um lutador de
um alvo fixo, onde ficam encravadas. Qual a caratê quebra uma pilha de tijolos com a mão.
força média exercida sobre o alvo? Ele procura atingir os tijolos com uma grande
velocidade, de modo que a sua mão não pare
na superfície, mas em algum dentro da telha.
Sendo o impulso igual a variação da quanti- Sendo o tempo de contato extremamente
dade de movimento de cada bala, que vale curto, a força torna-se extremamente intensa.
exatamente m.V, ou seja, cada bala exerce um Portanto, durante uma colisão para que a força
impulso m.V sobre o alvo. Como o numero de exercida sobre um objeto torne-se máxima, de
balas que atinge o alvo igual a n.∆t, o impulso modo a criar uma variação de momento linear
total exercido é I = Numerototaldebalas . ∆p = n∆tmV. máximo, é necessário tornar o intervalo de
Sendo I = F.∆t, temos que a força média será: tempo o mais curto possível.
F = nmV, que pelo principio da ação e reação,
Estas são as razões pelas quais, os modernos
corresponde a intensidade da força media
automóveis são construídos com materiais que
exercido pelas balas sobre a arma durante o
possam ser facilmente deformáveis, aumen-
disparo. A figura abaixo ilustra a diferença
tando o intervalo de tempo de colisão, de
entre a força instantânea e a força média exer-
modo a reduzir ao máximo a força de impacto
cidas pelas balas.
e a desaceleração.
Algumas vezes, no entanto, ocorre de quer-
ermos variar o momento linear de um objeto
com uma força pequena. Por exemplo, quando
você pula de um muro/janela. Instintivamente,
dobramos o joelho ao tocarmos o chão.
Este simples ato aumenta o tempo de colisão
entre o corpo e o solo, reduzindo a força exer-
cida sobre você pelo solo.
Porque os lutadores de boxe procuram movi-
mentar a cabeça ao longo do soco.
Este movimento estende o tempo de contato
1. Num intervalo de 1,0 segundo, 300 partículas, com a luva do adversário, reduzindo a força de
cada uma de 10 g e com velocidade de 10m/s, impacto necessário para parar o soco, evitan-
colidem elasticamente e perpendicularmente do que o maxilar quebre.
contra uma parede de área igual a 1m2. Qual a
pressão media exercida na parede durante 1.4 LEI DA CONSERVAÇÃO DO MOMENTO LI-
esse intervalo de tempo. NEAR
Na analise da colisão entre duas partículas cada
Este resultado simples, pode ser ilustrado por um dos corpos exerce uma força externa sobre
números exemplos cotidianos como, por exem- o outro, num intervalo de tempo tão pequeno.
104
Física Fundamental – Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
Assim, se durante uma colisão unidimensional, da colisão entre duas esferas de massa de
→
a partícula 1 exerce uma força (F 12) sobre a vidraceiro. Quando (0<e<1) a colisão era con-
partícula 2 esta, por sua vez, exerce uma força siderada parcialmente elástica.
→
(F21) sobre a partícula 1 (vide figura abaixo). Ainda que tenhamos considerado a Lei da
Conservação da Quantidade de Movimento
para duas partículas, ela é validada, também,
para um numero qualquer de partículas que
constituem um sistema isolado, isto é vale para
→ →
Sendo F 12 = –F21 e, como estas forças tem a partículas sujeitas apenas as interações mutuas,
→ →
mesma duração, obtemos que: ∆p 1 = –∆p 2 ou sem interações com outras partes do Universo.
→ →
seja: ∆p 1 + ∆p 2 = 0 que expressa a Lei da Portanto em sua forma geral, a Lei da
Conservação da Quantidade de Movimento. Conservação da Quantidade de Movimento
→ →
Generalizando a expressão ∆p 1 + ∆p 2 = 0 tem o seguinte enunciado: “num sistema físi-
→ → → →
temos que: p 1i + p 2i = p 1f + p 2f, onde os índices co isolado a quantidade de movimento é
→ →
105
UEA – Licenciatura em Matemática
4. Durante as compras num supermercado, Ângelo Considere, por exemplo, a seguinte situação: uma
empurra um carrinho de 10Kg, contendo 15Kg de esfera se move horizontalmente e, após colidir
mercadorias, com velocidade constante de 0,1 contra outra esfera em repouso, se observa que
suas trajetórias se desviam de um ângulo α e β.
m/s, num piso horizontal, com atrito desprezível.
Em dado momento, Ângelo esquece o carro que A determinação do comportamento final das
continua seu MRU. Sua mãe, preocupada com a duas esferas, pode ser esclarecida utilizando-
→ → → →
situação retira, verticalmente, do carrinho um pa- se a equação vetorial p 1i + p 2i = p 1f + p 2f con-
cote de açúcar de 5Kg. Qual a velocidade do car- forme mostra a figura abaixo.
rinho após a mãe ter retirado o pacote de açúcar?
106
Física Fundamental – Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
A figura abaixo é uma fotografia na qual uma 1º CASO: Partículas de mesmas massas
partícula alfa (núcleo de hélio) incidindo contra (m1 = m2) com velocidades iniciais.
um átomo de hidrogênio, inicialmente em Após a colisão as partículas trocam de veloci-
repouso. A fotografia mostra que a partícula dades. A velocidade final de uma e a veloci-
alfa é desviada da sua direção original e o dade inicial da outra.
átomo de hidrogênio é posto em movimento.
2º CASO: A partícula-alvo (m2) está em
Por meio do diagrama das quantidades de
repouso e é muito maior que a partícula-projétil
movimento é possível determinar, por exemplo,
(m1), ou seja: m2>>m1.
o ângulo de espalhamento entre as partículas.
Após a colisão a velocidade da partícula leve
1.7 COLISÃO: CASO GERAL se inverte e a partícula-alvo se mantém pratica-
mente em repouso.
No capitulo anterior apresentamos a aplicação
da Lei da Conservação da Quantidade de 3º CASO: A partícula-projétil (m1) é muito mais
Movimento para vários tipos de colisões, o que maciça que a partícula-alvo (m2), isto é: m1<<m2.
implica em se conhecer as massas e as veloci- Após a colisão, a partícula-alvo passa a ter o
dades envolvidas, antes e após a colisão. dobro da velocidade da partícula-projétil.
Dada a diversidade de variáveis envolvidas, a Quanto a partícula-projétil, mantém pratica-
aplicação sozinha da relação acima não con- mente sua velocidade inicial.
segue oferecer uma resposta completa ao
problema. Neste caso, é indispensável que se
estabeleça outra relação entre as velocidade
através da Energia Cinética.
107
UEA – Licenciatura em Matemática
108
Física Fundamental – Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
1. Em que difere a concepção de força conjec- 1. Qual a idéia central da Teoria de Newton ? Em
turada por Kepler com a de Newton? que ela difere da de Descartes?
109
UEA – Licenciatura em Matemática
O golpe de mestre de Newton consistiu em ter Centrípeta para qualquer força que esteja dirigi-
se conscientizado de que a gravidade estende- da para o centro da curva descrita pelo objeto.
se até órbita da lua. De modo que guiado por Fundamentado na 3ª Lei de Kepler, Newton
esta idéia comparou a distancias percorridas deduziu que a Lei da Atração Gravitacional,
pela maçã e pela “queda” da lua ao afastar-se além de variar na razão inversa do quadrado
de seu movimento inercial em 1,0 segundo, da distancia deveria ser proporcional à massa
Newton constatou que a relação era de . do planeta. Newton, foi assim levado à con-
clusão que não somente a Terra atrai uma
Sabedor de que a Lua está 60 vezes mais maçã e também a Lua, mas que qualquer
longe do centro da Terra que uma maçã, seus corpo do universo atrai todos os outros.
cálculos revelavam maravilhosamente que a
Esta descoberta era apenas o começo, pois os
força era proporcional o inverso do quadrado
da distancia. Newton demonstra, portanto, que problemas teóricos que ele precisava vencer
a força que mantém a lua em órbita é a mesma eram enormes. Se comparar-mos o período da
que atua sobre uma maça puxando para a descoberta, por volta de 1665 e a publicação
Terra. Força da Gravidade. da sua obra cientifica, o Principia, publicado
em 1687, verificaremos que mais de 20 anos
Foi esta arrojada e brilhante conjectura que lhe
se passaram. O que teria levado Newton a
permitiu unificar os movimentos dos corpos
aguardar tantos anos antes de publicar os
próximos à superfície terrestre e os movimen-
seus resultados?
tos celestes.
A dificuldade principal residia em encontrar
Em resumo, foi em termos da força centrípeta,
resposta matematicamente correta e convincente
em conjunto, com as Leis de Kepler que Newton
a suposição de que o cálculo da força de atração
constituiu o núcleo central de sua Teoria da
que a Terra exerce sobre um corpúsculo situado
Gravitação Universal.
fora dela, podia ser feito admitindo que toda a
Conforme ele mesmo fez questão de contar, massa da Terra estava concentrada no seu cen-
esta descoberta foi realizada, em 1665, aos 23 tro. Esta conjectura audaciosa foi o que levou
anos, durante os anos da Peste Negra que Newton a criar um instrumento matemático que
assolou Londres. Como a Universidade foi ele não dispunha na época: o cálculo integral.
fechada, Newton refugio-se em sua casa,
A construção e o desenvolvimento destas idéias
levando em sua bagagem um caderno onde
serve como parâmetro para avaliar a capacidade
constavam 22 questões que havia proposto a
intelectual de Newton. Foi, portanto, a elabo-
si mesmo que ia desde as descobertas de
ração das demonstrações matemáticas que jus-
Galileu da queda dos corpos e das leis do
tificassem aquela suposição que levaram mais
movimento planetário estabelecido por Kepler.
de vinte anos. Somente por volta de 1685 é que
Newton sabia que para a Lua se manter em Newton conseguiu demonstrar que, para uma
órbita, alguma coisa tinha que atrair a Lua, pois força central inversamente proporcional ao
de acordo com o Principio da Inércia ela tende- quadrado da distância (aliás, isto só vale para
ria a se mover em MRU. Dispondo dos valores uma tal força!), a atração exercida por uma
da excentricidade da órbita elíptica para diver- esfera por uma partícula externa é como se toda
sos planetas, como se pode constatar pela a massa da esfera estivesse concentrada em seu
tabela 1, considerou como uma aproximação centro, o que está muito longe de ser óbvio.
muito boa que o movimento orbital da lua
fosse um MCU e, se perguntou, então, como
age a força que atua sobre a lua?
Sabendo que num MCU a aceleração é centrípe-
ta e, uma vez entendido que a força que mantém
a Lua na sua órbita é a mesma que faz uma 1. Demonstre a seguinte proposição de Newton:
maçã cair, Newton cunhou a expressão Força “... que um corpúsculo situado fora de uma esfera
110
Física Fundamental – Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
111
UEA – Licenciatura em Matemática
i) Está dirigida segundo a linha que liga a puxe a maçã para baixo com uma força de 0,80
partícula a um ponto fixo, chamado centro N. Então, a maçã deve atrair a Terra para cima
de forças. com uma força de mesmo módulo, que vamos
considerar no centro do planeta. Embora
ii) O valor da força só depende da distância r
sejam iguais em módulo, essas forças pro-
ao centro de forças. Logo, o valor de F tem
duzem acelerações diferentes, quando deix-
o mesmo valor em todos os pontos de uma
amos a maçã cair. Para a maça, a aceleração é
esfera de raio r.
cerca de 9,8 m/s2, a conhecida aceleração da
gravidade perto da superfície da Terra.
2.1 O VALOR DE G e a MASSA DA TERRA
Deve-se evitar confundir a constante G, que Este resultado nos leva a três implicações cru-
não é uma constante universal, com a aceler- ciais:
ação da gravidade (g), cujo valor depende do I. a de que, desprezando-se a resistência do
local onde deve ser determinadas. Newton, ar, a aceleração adquirida por todos os
tentou obtê-la no “Principia”, através da densi- objetos, independente de suas massas (m)
dade media (ρT) da Terra. ou de seus pesos (P) caem livremente,
O problema técnico da determinação do valor próximo a superfície da Terra, é constante.
de G foi resolvido por Henry Cavendish, após Tal como postulada por Galileu.
71 anos após a morte de Newton, que utilizan- Como se pode verificar, o valor desta acel-
do uma balança de torção, obteve um valor eração (g) depende essencialmente das
para Gque é bastante próximo do valor atual-
características do planeta: sua massa, raio,
mente aceito:
constante gravitacional G, volume, constitu-
G = 6,67x10–11N.m2/kg2. Esta experiencia ição física, etc.
Cavendish denominou de “pesagem da Terra”.
Em particular, na superfície da Terra, próxi-
mo ao nível do mar a uma latitude de 45º e,
desprezando-se a resistência do ar, o valor
calculada para aceleração da gravidade (g)
vale: g = 9,8665 m/s2
1. Empregando a Força de Atração Gravitacional II. A segunda conseqüência é a de que, den-
dada acima, determine o valor da aceleração tro da mecânica newtoniana a equivalência
da gravidade (g) de uma massa (m) na super- entre a massa inercial e a massa gravita-
fície da Terra. Sendo M massa da Terra. cional é uma pura coincidência experimen-
tal, conforme ele mesmo expressou.
III. Finalmente, como dissemos acima, a 2ª lei
de Kepler, desvela a existência do conceito,
até então insuspeito, associado ao movi-
mento rotacional, de Momento Angular e
sua conservação.
112
Física Fundamental – Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
havia três pequenas estrelinhas, pequenas, 6. Pretende-se colocar, a uma altitude de 800km aci-
mas muito brilhantes ...” ma da superfície, um satélite artificial de 1,0 tone-
Tendo por base unicamente estas infor- lada em órbita circular ao redor da Terra. Determi-
mações, qual(ais) da(s) medida(s) abaixo pode ne: (a) A velocidade tangencial para se obter a ór-
ser determinada? Justifique sua resposta. bita desejada. (b) O numero de voltas que o saté-
lite dará por dia em volta da Terra. (c) O peso do
a) a massa de Júpiter
satélite naquela altura. (d) A Energia total do saté-
b) o valor g para numa das “luas”
lite em função da sua distancia ao centro da Terra.
c) o valor de na superfície de Júpiter
d) a força gravitacional sobre uma das “luas”. Considere:
G = 6,67 x 10–11N.m2.kg–2
2. Analise e comente a seguinte afirmação: “a
M = 6,67 x 1024kg
força com que o Sol atrai a Terra e a força
que faz um pedaço de pão cair no chão são R = 6,67 x 103km
de mesma natureza”
7. Suponha que exista um planeta que tem o trip-
3. A massa do Sol é cerca de 27.000.000 vezes lo da massa da Terra e o seu raio é o dobro do
maior que a da Lua; o Sol está cerca de 400 raio da Terra. Quanto valerá, na superfície deste
vezes mais distante da Terra que da Lua. planeta, o peso de uma massa de 20Kg?
Compare as forças gravitacionais exercida
pelo sol e pela Lua sobre a Terra. 8. Suponha que a velocidade de rotação da Terra
aumentasse até que o peso de um objeto
4. Júpiter, o maior planeta do sistema solar, tem sobre o equador ficasse nulo. De quanto deve-
diâmetro 11 vezes maior do que a Terra e massa ria ser o período de rotação da Terra em torno
320 vezes maior que a terrestre. Sabendo-se de seu próprio eixo? (Considere o raio da Terra
que na Terra o peso de um astronauta com todo de 6 400Km e g = 10m/s2)
o seu equipamento é de 120 N, quanto ele cor-
responderá na superfície de Júpiter? 9. Antes do astronauta entrar na nave espacial que
o conduzirá até Júpiter, seu peso é de 1000N.
5. Devido a rotação da Terra em torno de seu Sabendo-se que o raio de Júpiter é 11 vezes
eixo, o peso de um corpo é diferente nos diver- maior que o da Terra e que sua massa 320
sos pontos da Terra. Considere a Terra como vezes maior que a da Terra (a) quanto valerá a
uma esfera de raio R e, como se a sua massa massa e o peso do astronauta em Júpiter?
M fosse homogênea. Indique a direção das
forças que atuam sobre o seu corpo no 10. Duas estrelas duplas, de massas M e 2M, sep-
Equador e no Pólo Norte da Terra. Estabeleça aradas por uma distancia D executam movi-
para esses casos uma relação para a intensi- mentos circulares em torno do centro de
dade da aceleração da gravidade local massa comum. Nessas condições, qual a mín-
ima quantidade de energia necessária para
6. Quando você está assistindo um programa de TV separar completamente as duas estrelas?
isto só é possível, porque os satélites artificiais
usados em telecomunicação, capta o sinal eletro- 11. Na sua opinião, porque a Lua não de encontro
magnético da estação transmissora, amplifica e a Terra?
emite para o local que deve receber a transmis-
são. Este satélites geralmente são colocados em 12. Afrânio cresceu tomando banho no cacimbão
órbita circulares no plano equatorial da Terra. pulando do galho de uma mangueira de 6,0 m
a) porque estes satélites são denominados de de altura. Após concluir seu curso de
Estacionários ? matemática, virou astronauta e foi pular no Mar
b) porque eles não caem sobre a Terra? da Tranqüilidade na Lua. De que altura Afrânio
c) Qual a relação entre a velocidade angular e deve cair na Lua para adquirir a mesma veloci-
a velocidade tangencial do satélite? dade com que atingia a água do cacimbão?
113
UEA – Licenciatura em Matemática
Φtotal = Ei∆Si
114
Física Fundamental – Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
descrevê-la assim:
No entanto, a lei de Gauss nos diz que o fluxo
“o fluxo total do campo elétrico através de uma
total através de qualquer superfície fechada é
superfície fechada é proporcional às cargas
igual ao valor da carga elétrica total no interior
elétricas situadas no interior dessa superfície
da superfície, dividido por ε0.
dividida por ε0”.
Sendo assim:
A lei de Gauss nos dá uma nova visão para os
campos e para as cargas elétricas. Uma con- • a superfície A engloba a carga positiva;
seqüência dessa lei é a constatação de que as então, Q = +q;
cargas de um condutor se distribuem sobre • a superfície B engloba a carga negativa;
sua superfície e não em seu interior.
então, Q = –q;
Bem, se pararmos para pensar em algumas apli-
• a superfície C engloba ambas as carga;
cações tecnológicas que derivam das forças
então, Q = +q +(–q)=0;
elétricas, podemos nos lembrar do tubo de raios
catódicos de uma televisão; monitores de com- • a superfície D não possui nenhuma carga
putador; osciloscópio, que mostra a variação de em seu interior; então, Q = 0.
um sinal elétrico em um dado intervalo de tempo
através de visualização gráfica (também usado Com esse artifício fica claro a conveniência em
no diagnóstico de peças defeituosas em equipa- aplicar a lei de Gauss. E podemos concluir que
mentos eletrônicos, regulagem de equipamentos
• o fluxo elétrico total para a superfície A é
de som, etc.). E se tomarmos como exemplo a
luz que vem de uma estrela distante, veremos dado por ΦE = +
que o conceito de campo elétrico não é mera-
mente ilustrativo. O campo elétrico é uma enti- • o fluxo elétrico total para a superfície B é
dade física real, o que fica bem evidente ao anal-
dado por ΦE = –
isarmos as ondas eletromagnéticas (será estuda-
do mais adiante, aguardem!). O campo elétrico
transportado pela onda é capaz de carregar ener- • o fluxo elétrico total para as superfícies C e
gia, momento linear e momento angular. D é dado por ΦE = 0.
115
UEA – Licenciatura em Matemática
Observe que esses resultados só dependem 3.2 CAMPO ELÉTRICO NUMA ESFERA OCA E
das cargas existentes no interior da superfície MACIÇA
gaussiana. A lei de Gauss e a lei de Coulomb são formas di-
ferentes de abordar o mesmo problema. Portanto,
o cálculo do campo elétrico para determinada dis-
tribuição de carga fornece o mesmo resultado,
quer seja realizado através de uma ou outra lei.
Então, quando e por que usar uma ou outra
1. Pode-se afirmar que, numa placa condutora plana
lei? Como regra, o uso de uma ou outra lei é
infinita e eletricamente carregada, as cargas elétri-
determinado pelas seguintes circunstâncias:
cas se distribuem uniformemente por simetria.
• Distribuição de cargas com alta simetria
Como conseqüência a densidade superficial de
carga é uniforme, as linhas de força são perpen- Lei de Gauss
diculares à superfície e o vetor campo elétrico ge- • Distribuição de cargas com baixa simetria
rado por essa carga é constante em qualquer
Lei de Coulomb
ponto. Podemos considerar a placa infinita ao re-
lacionar a distancia do ponto à placa como muito
CAMPO DE UMA CARGA PUNTIFORME
menor que a área da placa que esta a sua volta.
Supondo que a placa esteja carregada positi-
vamente.
116
Física Fundamental – Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
117
UEA – Licenciatura em Matemática
r
O material condutor que constitui a gaiola de Fa-
raday pode assumir as mais variadas formas geo-
A variação do campo, em função do raio, é
métricas. Se essa forma for esférica, a distribuição
representada na figura abaixo.
de carga em sua superfície é uniforme. Se não for
esférica, a distribuição de carga elétrica não é uni-
forme e se acumula nos vértices (ou nas protube-
râncias) do condutor por se repelirem mutuamen-
te para essa posição. Neste ultimo caso, o campo
elétrico junto às pontas do condutor e distribuição
de carga, é muito maior do que no restante do
condutor, dando origem a um fenômeno conheci-
do como poder das pontas. Esse fenômeno foi
Veja que a variação para r > R é válida para utilizado na construção dos pára-raios.
qualquer distribuição de cargas de simetria
esférica, enquanto que a variação para r < R é
válida apenas para uma distribuição uniforme.
118
Física Fundamental – Universo Mecânico: o Universo como uma máquina
119
UNIDADE V
As Leis do Movimento
Física Fundamental – As Leis do Movimento
123
UEA – Licenciatura em Matemática
124
Física Fundamental – As Leis do Movimento
mento de um objeto, na ausência de influen- axiomas, etc. Estes axiomas são os seguintes:
cias externas era, hipoteticamente, de contin- I. “Cada corpo continua em seu estado de
uar seu movimento, a análise de Newton se repouso, ou de movimento uniforme numa
volta para a definição de Inércia. linha reta, a menos que seja compelido a
“A força inata da matéria, é um poder de resis- modificar tais estados por forças impressas
tir, mediante a qual cada corpo, no que nele”
depende dele, continua em seu estado pre- II. “A mudança de movimento é proporcional a
sente, quer seja este de repouso ou de movi-
força motriz impressa; e é feita na direção
mento uniforme para frente em linha reta”.
da linha reta na qual a força é imprimida.
Por esta definição, a inércia de um corpo é a
III. “A cada ação existe sempre oposta uma
sua tendência de continuar em seu estado de
reação igual; ou, a ação mutua de dois cor-
repouso ou de movimento retilíneo uniforme e
pos, um sobre o outro, é sempre igual e
é proporcional a sua massa.
dirigido para as partes contrarias.”
Dando mais um passo na determinação das
Vamos examinar cada um destas “Leis” sepa-
Leis do Movimento, Newton define outro con-
radamente.
ceito fundamental: o de força
“Uma força aplicada é uma ação exercida 1.2 A LEI DA INÉRCIA
sobre um corpo a fim de modificar seu estado,
O conceito de movimento persistente, chamado
quer seja de repouso ou de movimento uni-
de Inércia, não foi inventado por Newton. Como
forme em linha reta.”.
temos ressaltado, tal idéia vinha sendo amadure-
No entanto, segundo Newton, uma força cida e retrabalhada por muitos pensadores antes
“Consiste somente na ação, e não permanece dele. Contrariamente a concepção de que o
no corpo quando termina a ação. Porque um repouso é o estado natural dos corpos e o movi-
corpo mantém cada novo estado que adquire, mento algo passageiro, Newton inverte este
devido somente a sua inércia” raciocínio, justificando que tanto o repouso,
quanto o movimento, são estados dinâmicos.
Este 1ª axioma pode ser considerado como
um critério para se verificar se existe ou não
uma força resultante externa atuando sobre um
corpo. Portanto, contrário a concepção de
Galileo, para quem o movimento orbital de um
planeta era considerado natural, para Newton,
qualquer corpo que se mova num círculo,
exige a presença constante de uma força exter-
na atuando sobre o mesmo.
Quanto aos tipos de forças que podem ser apli- Observa-se também, que o enunciado da Lei
cadas ao corpo Newton assinala as seguintes: da Inércia, pressupõe obviamente a existência
“O choque, pressão, força centrípeta”. de um sistema de referencia em relação ao
Entretanto, ele define somente a ultima, uma vez qual a mesma se mantenha válida. Tais referen-
que as duas primeiras são bem conhecidas. ciais, são denominados de Referenciais
Percebe-se pois, por essas definições, como Inerciais ou seja, sistemas de referencia que
Newton, antes de semear foi preparando o ter- estão em repouso ou que se movem em MRU,
reno para o desenvolvimento e fortalecimento um em relação a outro.
de suas idéias, de maneira que suas Leis para
o movimento se encadeassem e se encaixas- O LANÇAMENTO DE PROJÉTIL
sem perfeitamente bem numa estrutura lógica, O interesse despertado por este problema
consistente com este conjunto de definições, nasceu, também, da necessidade de Galileo
125
UEA – Licenciatura em Matemática
rebater os argumentos lançados contra ele pelos projeteis atingiam o solo. Sabendo que Ângelo
opositores da teoria copernicana. Em defesa da fez três disparos:
Teoria de Copérnico, Galileo, estrategicamente, O primeiro horizontalmente, com velocidade
contra-atacava seus adversários com as mes- inicial V.
mas armas argumentos que lançavam.
O segundo horizontalmente, com velocidade
inicial 3V.
O terceiro obliquamente para cima com veloci-
dade V formando um ângulo de 30° com a hor-
izontal
Desprezando a resistência do ar, você concor-
da que o tempo encontrado pelo Aroldo foi o
mesmo nos três lançamentos? Se você discor-
dar, indique o que está errado e explique
porque?
126
Física Fundamental – As Leis do Movimento
eles tinham compreendido. Três alunos força motriz impressa; e é feita na direção da
forneceram, então, as seguintes explicações: linha reta na qual a força é imprimida.”
I – Se nenhuma força externa atuar sobre um Segundo a terminologia atual, o que Newton
ponto material, com certeza ele estará m está indicando é que a “taxa de variação da
equilíbrio estático ou dinâmico. quantidade de movimento” deve ser propor-
II – Só é possível a um ponto material estar em cional à força motriz impressa, ou seja:
equilíbrio se ele estiver em estado de repouso.
ou, melhor dizendo .
III – A inércia é a propriedade da matéria de
resistir à variação de seu estado de repouso Assim, uma vez admitida a existência de uma
ou movimento. força resultante atuando sobre o objeto,
Com base nestas explicações qual(ais) você podemos determinar a intensidade desta força
considera correta? Justifique sua resposta. a partir dos efeitos observados na variação da
Euler
127
UEA – Licenciatura em Matemática
128
Física Fundamental – As Leis do Movimento
força centrípeta havia se convertido num con- ta é fornecida pela força de atrito entre os
ceito de extrema importância para suas idéias pneus e a pista.
a respeito do movimento planetário. Tanto que, Ainda assim, a força de atrito é incapaz de
ao exemplificar, por exemplo, alguns tipos de manter, por exemplo, um carro de corrida
forças, Newton preferiu se preocupar em presa a curva se a pista estiver molhada.
definir apenas a força centrípeta, da seguinte
Para evitar que o carro venha a se desgov-
maneira:
ernar, os engenheiros para aumentar a segu-
“Uma força centrípeta é aquela devido a qual rança, inclinam a curva para dentro. A incli-
os corpos são atraídos ou impelidos, ou de nação da estrada é escolhida de tal modo que,
alguma maneira tendem para um ponto como
obedecendo-se à velocidade escalar para qual
para um centro.”
foi projetada, não haja necessidade de o carro
ter atrito com o piso para efetuar a curva.
Demonstre que este ângulo de inclinação é
dado por .
129
UEA – Licenciatura em Matemática
de uma montanha pela força da pólvora com uma 2. Consiga duas apostilas e as coloque uma
velocidade dada em direção paralela ao horizonte, sobre a outra e, em seguida, as apóie sobre a
se move ao longo de uma curva ate cair no solo a palma da sua mão. Em seguida, movimente-as
uma distancia de duas milhas, se não existisse a verticalmente para cima, a partir do repouso.
resistência do ar e se a sua velocidade se duplicas- Admita que cada apostila tenha em media 500g
se ou se decuplicasse, recorreria uma distancia e que a aceleração tenha sido de 1,0m/s2.
dupla ou dez vezes maior. E aumentando a veloci- a) Qual a intensidade da força que a palma da
dade poderíamos aumentar a distancia quanto mão exerceu sobre a apostila que está em
quiséssemos, e diminuir a curvatura da linha que contato com ela.
poderia descrever, de modo que por último pode- b) Qual a intensidade da força que uma apos-
ria cair a distancia de 10, 30 ou 90 graus, ou ainda tila exerce sobre a outra.
poderia dar uma volta ao redor da terra antes de
cair, ou, finalmente, podia não voltar jamais a cair a 3. Uma pessoa está pescando com uma linha
terra, mas que se moveria para os espaços celesti- que pode suportar no máximo 40N. Ela fisga
ais e prosseguiria seu movimento in infinitum.” um peixe de 2Kg que pode exercer uma força
de 60N durante alguns segundos. Qual a acel-
eração mínima com que ela deve soltar a linha,
durante esse intervalo de tempo, para que a
linha não arrebente?
130
Física Fundamental – As Leis do Movimento
131
UEA – Licenciatura em Matemática
1. Há milhões de anos atrás, quando os bichos 3. Uma das mais interessante aplicação da Lei da
falavam, um fazendeiro “pediu” para um cavalo Ação e Reação é o sistema de propulsão de
puxar sua carroça, mas o cavalo recusou lhe um foguete. Um foguete ejeta numa direção
atender. Em sua defesa, se apoiou na 3ª Lei de uma massa de gás em altíssima velocidade, e
Newton: “se eu puxar a carroça, a carroça vai é acelerado de pela reação na direção oposta.
me puxar igualmente para trás. Desse modo Considere a velocidade dos gases em relação
nunca nos movimentaremos. Além disso, jamais ao foguete sendo Vr e (v – Vr) em relação a
poderei exercer uma força tão intensa sobre a Terra e admita que em vez do foguete emitir
carroça que ela não possa exercer sobre mim. continuamente gás sobre um determinado
Portanto, sinto muito, mas não posso atender período de tempo, o gás seja emitido que nem
seu pedido. Estou impedido pela lei da Física as balas de uma arma de fogo.
de iniciar o movimento da carroça”.
a) Mostre a relação que existe entre massa ini-
Baseados nos seus conhecimentos das Leis de cial (m0) e a massa final mf do foguete, para
Newton, que conselhos você daria ao fazen- que sua velocidade passe de v0 à vf.
deiro para que ele se defenda destes argumen-
b) Determine a velocidade do foguete em
tos e convença o cavalo a puxar a carroça?
função do tempo e da massa.
132
Física Fundamental – As Leis do Movimento
133
UEA – Licenciatura em Matemática
responder a velha questão sobre qual a ver- o importante não era a altura em o quanto rap-
dadeira medida de uma força, por meio de idamente o objeto se movimenta (cai ou
seus estudos da colisão entre corpo, defend- sobe). Por conseguinte, passou a defender
eu a idéia de que a chave do problema é a que a medida da força era o peso do corpo e
quantidade de movimento,que se mantém a sua velocidade. Em resumo, para Leibniz a
constante. “vis viva” (“força viva”), que expressava pela
Leibniz contesta esta explicação ao defender relação m.v2, era uma qualidade intrínseca de
que o que se conservava no movimento era a um corpo que lhe permitia causar dano a
‘vis viva” (força viva), pois é ela que expressa outro objeto.
a capacidade de movimento de um objeto. A As controvérsias sobre a medida da força em
partir daí, como não poderia deixar de ser, termos de mv (Descartes) ou mv² (Leibniz) per-
desencadeia uma briga entre eles e seus par- maneceu mesmo após a publicação do tratado
tidários por mais de meio século que, no sobre a dinâmica de D’Alembert (1743), de
entanto, foi crucial para o desenvolvimento maneira que até a metade do século XIX, o
dos conceitos de energia cinética e potencial. termo “kraft” (força) era usado para o conceito
Antes de prosseguir, é preciso que se escla- de energia.
reça que, na linguagem do século XVII, o ter-
A expressão ENERGIA, foi proposta em 1807,
mo vis era comumente empregado no sentido
o médico e físico inglês, Thomas Young para a
de resistência, força, vigor.
descrição dos fenômenos originalmente
Ao analisar as experiências de queda livre real- atribuído a “vis viva” (mv²). Este termo, que
izada por Galileu, nas quais todos os corpos originariamente em grego significa Trabalho,
caem com a mesma velocidade, não importan- ficou imortalizada no vocabulário técnico–cien-
do o tamanho ou o peso que possam ter, tífico devido principalmente os trabalhos de
Leibniz se perguntava sobre qual dos corpos William Thomson (Lord Kelvin) e Rankine. A
produziria maior estrago ao atingir o solo: um partir, de então, passou-se a identificar a força
de 100 gramas ou de uma tonelada? como o agente que transporta, através de uma
Para tanto, Leibniz realiza uma demonstração certa distância, energia.
na qual compara a força necessária para Para facilitar a compreensão do conceito de
erguer dois corpos, um de 4 varas e outro de 1 Energia, retornemos a experiência realizada
varas (aproximadamente 1,10cm), sendo que por Galileo mencionada acima. Ele observou
um dos corpos é quatro vezes maior que o que independente da inclinação dos planos,
outro. Leibniz mostra que a força necessária é a bola alcançava uma posição momentânea
a mesma. Entretanto, a força de depende de de repouso, sempre na mesma altura que
dois fatores: o peso e a altura da queda. A con- havia sido solta do primeiro plano (vide a
jugação destas duas grandezas, segundo figura acima)
Leibniz, poderia servir perfeitamente bem para
Em seguida, utilizando um pêndulo simples o
medir a força.
procedimento era análogo ao movimento no
Pressionado por outros sábios a responder plano inclinado. Mesmo quando colocava um
onde entra a altura quando um corpo se movi- obstáculo na trajetória do pendulo, a experiên-
menta num plano horizontal, Leibniz realiza cia confirmar suas suspeitas de que a massa
outra demonstração, na qual um corpo caindo deixada cai de uma mesma altura adquiria uma
de uma dada altura, adquire “força” suficiente velocidade suficiente para levar-lhe de novo
para retornar a mesma altura. Empregando os para cima, ainda que durante seu movimento
resultados da 1ª demonstração, mostra que as encontrasse um obstáculo. Esta descoberta
“forças” são iguais, no entanto, a quantidade parecia-lhe bastante intrigante, pois lhe parecia
de movimentos é diferente. que a bola parecia ser dotada de uma certa
Em face destes novos resultados, Leibniz “memória”, pois ela sempre se lembrava de
muda sua explicação e passa argumentar que que altura havia sido largada.
134
Física Fundamental – As Leis do Movimento
TEMA 02
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – As Leis do Movimento
cujo a forma exata vai depender da velocidade equação acima é que um corpo, quando
com que os sistemas de referencia que estão se observado movendo-se com velocidade em
movendo relativamente um em relação a outro. relação a outro Sistema de Referencia Inercial,
Uma importante característica das Transfor- sua velocidade ainda é constante. Assim, para
mações de Galileo é a de que o tempo é um obtermos as transformações da aceleração,
parâmetro invariante, ou seja: o intervalo de basta lembrarmos que, sendo a velocidade
tempo gasto no evento é o mesmo em qualquer constante, qualquer mudança de velocidade,
sistema de referencia ou seja, o tempo é inde- implicara numa mesma variação para ambos
pendente do sistema de referência escolhido. observadores.
Consequentemente, as medidas feitas simul-
Um dispositivo empregado nos Laboratórios de
taneamente pelos observadores serão idênti-
Física consiste de um carrinho que contem no
cas: a=a’. Deste modo que cada um dos “pom-
seu centro uma cavidade na qual uma esfera de
binhos” mede a mesma aceleração a’ = a.
aço mantém comprimida uma mola. Quando a
mola é liberada, ela impulsiona a esfera vertical- Portanto, a passagem de um referencial para
mente para cima em relação ao carro. outro referencial em translação retilínea e uni-
forme em relação ao primeiro, as posições e as
A experiência consiste em colocar o carrinho
velocidades podem mudar, mas as aceler-
em movimento com velocidade Vx sobre um
ações não se alteram.
trilho horizontal constante quando, depois de
alguns segundo, a mola é liberada e a bola é
projetada em seu movimento. Utilizando as
Transformações de Coordenadas de Galileo,
determine matematicamente a forma da tra-
jetória da bolinha para um observador localiza-
do no Laboratório. 1. Por exemplo, considere um carrinho que con-
tem um dispositivo que atira bolas vertical-
A adição clássica das velocidades é outra con-
mente para cima. Quando carro encontra-se
seqüência direta das transformações de
parado em relação ao solo, dispara-se a bolin-
Galileu. Caso desejarmos determinar a veloci-
ha. O mesmo ocorre quando o carro move-se
dade (V’) de um corpo, num determinado
horizontalmente com velocidade constante
instante (t), em relação a ambos sistema de ref-
para a direita. Determine o movimento da bola
erencia, obteremos: V’ = U – V. Onde (V’) é a
quando vista por dois observadores (a) um
medida da velocidade do evento no referencial
postado carro e (b) outro localizado no solo.
S’ que se move com velocidade (V), enquanto
(U) é a medida da velocidade no referencial S.
137
UEA – Licenciatura em Matemática
ar durante a experiência, tanto faz deixar cair um perguntou sobre o que aconteceria se pudesse
corpo em relação a Terra, quanto a um barco acompanhar o movimento de um raio luminoso.
em MRU, eles caem com a mesma aceleração.
Na Mecânica Clássica, a massa também, não é
afetada pelo movimento do sistema de referen-
cia, por conseguinte, o produto (m.a) será o
mesmo para todos os observadores inerciais.
Todavia, sendo a relação (m.a) é tomado como
a definição de força, cada observador obtém a
mesma medida para cada força, ou seja: F’ = F
em todos os sistemas inerciais. Deste modo,
Einstein
um observador em qualquer sistema de refer-
Foi por meio desta experiência mental, que
encia inercial deduz sempre as mesmas Leis
Einstein, se deu conta que algo devia estar, de
do movimento.
alguma forma, errado com as explicações
Uma importante conseqüência da invariança eletromagnéticas.
das Leis da Física é a de que nenhum experi-
Entretanto, foram precisos 10 anos para que
mento mecânico, realizado inteiramente num
Einstein conseguisse resolver estes paradoxos.
sistema inercial, pode dizer ao observador qual
o movimento daquele sistema em relação a
2.2 FORÇAS EM SISTEMA DE REFERÊNCIA
qualquer outro sistema inercial.
NÃO-INERCIAL.
Assim, imaginemos que o “curumim” se mude
Existem situações nas quais o sistema de ref-
para um caminhão-baú que tem suas paredes
erencia move-se com aceleração. Neste caso
perfeitamente isolada visualmente, acusticamente
como ficam as leis de Newton? Nestes casos
e dos mais contatos com o mundo exterior. Para
será que elas ainda continuam valendo?
o “curumim”, que trafega por uma rua ideal, sem
saber que está em MRU, vê uma bola, também, Para que possamos examinar o entendimento
mover-se em MRU pelo o assoalho do veículo. da natureza física da força, da aceleração e
das Leis da Física, é conveniente, portanto, uti-
Apenas observando o movimento da bola, o
lizar Sistemas de Referência Não-Inercial.
“curumim” nada pode dizer sobre o movimen-
to do caminhão-baú com relação ao solo pois Vamos admitir que tenhamos um sistema de
nenhum sistema inercial é preferido sobre qual- referência não-inercial que translada em movi-
quer outro. Não há como dizer se o “curumim” mento uniformemente acelerado com respeito
está se movendo uniformemente ou parado. a um sistema inercial.
138
Física Fundamental – As Leis do Movimento
Vamos supor também, que o sistema (S’’) Ângelo, pendurou no teto um pendulo. Ele
tenha uma aceleração (a’) em relação a um constatou que quando o carro acelera o pen-
sistema inercial (S). dulo sofre uma inclinação de 45º. (a) Indique
Neste caso, teremos: a’’ = a – a’ (1), onde a’ é as forças que atuam no pendulo vista por
aceleração de S’’, medida a partir de S Ângelo e por sua amiga, Ariane, que se encon-
tra sentada na calçada. (b) A intensidade da
De acordo com a 2ª Lei de Newton, a força
aceleração do carro
experimentada pelo corpo em relação a S é
F= ma enquanto que no sistema acelerado a
5. Admita que uma bola seja lançada no piso ho-
força aparente é: F’’=m.a’’.
rizontal de um avião perpendicularmente à
Substituindo o valor de a’’, obtemos: direção do movimento do avião. Caso o avião
F’’ = ma – ma’. (2) esteja sendo acelerado faça um esboço de
como será a trajetória da bola.
Onde (–ma’) é denominada de força de inércia
ou fictícia.
Assim: Fficticia = –ma’ (3), cuja origem da força
fictícia se deve, pois a aceleração do sistema
de referencia e não a interação entre os cor-
pos, como acontece com a força gravitacional.
Portanto a equação (2) torna-se F’’ = ma + 6. Enquanto andava de skate, André, querendo
Fficticia, ou seja: testar o Principio da Relatividade de Galileu
F’’aparente = Freal + Fficticia. De maneira que, lançou cerca de 80 cm uma laranja vertical-
quando a”=0, a F’’aparente = Freal mente para cima e apanhou na volta e exam-
inou o que acontecia em três situações.
I – situação: com o skate parado em relação a
seu irmão, Adelino Jr, que se encontrava
sentado na calçada o tempo de permanên-
cia no ar da laranja era de 0,8 s e a forma da
trajetória era uma linha reta.
1. Um corpo cai dentro de um carro-baú em II – situação: com o skate em MRU com uma
MRUV. Descreva como será a trajetória do velocidade de 2,5 m/s, André não mais con-
corpo para um observador localizado dentro seguia apanhar a laranja, no entanto a tra-
do carro-baú e para um observador inercial. jetória da laranja para seu irmão continuava
uma linha reta.
2. Um elevador de massa M sobe com uma acel-
III – situação: André e Adelino Jr, ambos se
eração constante (a0). Dentro do elevador, uma
movendo em MRU com a mesma veloci-
pessoa de massa m, se encontra em pé sobre
dade de 2,5 m/s. A diferença e´que o skate
sob uma balança de molas colocada no piso
do Adelino Jr se move no sentido oposto ao
do elevador. Qual a força aparente que reg-
de André. Neste caso, eles não observavam
istrada pela balança?
mais o movimento da laranja. Para ambos
os irmão, a laranja parecia ficar parada no
3. Admita que sua massa seja de 60Kg e que
ar, como se flutuasse.
você esteja em pé sobre uma balança, dentro
de um elevador. (a) Se a indicação que você lê Desprezando a resistência do ar, você concor-
na balança for de 420N, o que você pode dizer da com os resultados das experiências real-
a respeito do movimento do elevador? (b) izadas por André? Se você discordar, indique o
Caso você leia 600N o que você pode dizer a que está errado e explique porque?
respeito do movimento do elevador?
7. Uma balança de braços iguais está presa ao
4. Para determinar a aceleração de um carro, teto de um elevador. Quando o elevador está
139
UEA – Licenciatura em Matemática
parado, a balança fica equilibrada indicando 2.3 OS EFEITOS DA ROTAÇÃO NUM SISTEMA
um valor P para o peso de um objeto. Caso o DE REFERENCIA EM M.C.U.
elevador desça com aceleração constante (a) Um importante caso de forças inercial ocorre
que peso a balança indicará? quando o Sistema de Referencia gira em MCU
em relação a um Sistema de Referencia
Inercial. Exemplos desse tipo, incluem a Terra,
carrossel, e muitos outros sistemas familiares.
Em tais sistemas, o observador tem a sen-
sação de que uma força lhe empurra radial-
mente para fora do círculo. A esta força
denominamos de Força Centrífuga.
Uma importante conseqüência devido ao efeito
de rotação da Terra e o desvio da trajetória de
um móvel que cai verticalmente em razão da
presença da Força de Coriolis. Esta força se
deve ao fato da partícula está se deslocando
com uma velocidade relativamente ao
Denominamos, pois de Peso Aparente, a Referencial Não-Inercial.
força de reação normal exercida para cima De maneira que, neste referencial, como a
pela balança. Caso o elevador estivesse em Terra, a trajetória de um móvel seguirá uma tra-
queda livre, ele experimentaria uma aceleração jetória curva, no sentido contrario ao da
a0 = g relativa ao referencial inercial. Desse rotação do referencial Do ponto de vista de um
modo, a força F’’ que atua sobre o corpo em Sistema de Referencia Inercial, o desvio deve-
relação ao elevador será nula ou seja, o corpo se a presença da Força de Coriolis, de inten-
não teria peso em relação ao elevador. sidade é dado por FCORIOLIS = 2mwv
Esta falta de peso (ou imponderabilidade)
não ocorre apenas dentro de um elevador em
queda livre, mas também dentro de uma nave
espacial em órbita.
Num sistema de referencia localizada dentro
da nave espacial, os astronautas e tudo mais 1. Cite alguns efeitos devidos à rotação da Terra.
que estiver dentro dela estão sem peso. Este
efeito da ausência de peso aparente, dá-se de
forma concreta ao visualizarmos astronautas,
canetas, maçãs “flutuado” dentro da nave.
Entretanto, em relação a um sistema de refer-
encia localizado na Terra, tanto o astronauta
como tudo que vai dentro dela tem peso.
Para observadores situados na Terra, o astro-
nauta, canetas, maçãs que parecem “flutua-
do” dentro da nave porque eles estão caindo
na mesma taxa que a nave espacial durante a
sua órbita. Caso o astronauta desejasse medir
o seu peso aparente, ele não conseguiria; pois
ele não exercer nenhuma força de com-
pressão sobre a balança, uma vez que ela tam-
bém esta caindo em direção a Terra. Desse
modo, a balança registraria zero.
140
Física Fundamental – As Leis do Movimento
141
UEA – Licenciatura em Matemática
142
UNIDADE VI
Lei da Conservação da Energia
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
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UEA – Licenciatura em Matemática
O mesmo processo de funcionamento da pela qual se ergue o peso entre dois andar de
“máquina humana” ocorre num automóvel. Para uma construção: se, por uma polia; por através
movimentá-lo, precisamos abastece-lo com um de uma rampa; por meio de um pêndulo ou
determinado combustível (gasolina, óleo Diesel através de uma escada.
ou álcool). Caso o gás de cozinha acaba e você
ainda pode dispor de lenha ou de carvão, para
preparar o “peteco” (feijão com arroz”), cozinhar
os outros os alimentos ou fazer aquele churras-
co. Mais ainda, se todas as luzes de nossas
casas se apagam repentinamente, a primeira 1. Suponha que sua mochila pese 80N e que
coisa que imediatamente procuramos saber é você esteja transportando ela presa às suas
porque é que “a luz foi embora”? Rápido desco- costas. Ao tentar subir ao 4º andar de um pré-
brimos que para que uma residência “tenha luz” dio, você dispõe de três alternativas:
é preciso que as lâmpadas (e as tomadas) dis-
I - uma escada
ponham de uma quantidade de energia elétrica
II –uma rampa
proveniente ou do combustível, ou do nível
III – um elevador
d’água da represa de Balbina, ou que a “conta
da luz” tenha sido paga. Calcule o trabalho realizado por você para
cada uma dessas opções. Explique porque as
A “Energia é, portanto, uma espécie de
pessoas preferem ir de elevador.
moeda Universal” com a qual pagamos as
coisas que desejamos realizar. Cada gota de
suor, de gasolina ou de álcool; cada m3 de
gás, cada Kwh de eletricidade; cada “colhera-
da” de comida representam de uma forma ou
de outra aquilo que é necessário para realizar
o que chamamos de TRABALHO.
O objetivo neste capitulo, é bastante modesto,
pois resume-se em entender cuidadosamente,
analisar e aplicar o conceito de Energia
Mecânica a fenômenos físicos e situações
cotidianas. Partiremos da compreensão intuiti-
va e dos argumentos experimentais apresenta-
do por Galileu, de modo que possamos analis-
ar as grandezas cruciais envolvidas no con- CONCLUSÃO:
ceito de ENERGIA.
146
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
relação admitindo-se que a força aplicada (F) Lembrando que um objeto em movimento pos-
realizou um trabalho sobre o objeto ou, alterna- sui determinada quantidade de Energia Cinética
tivamente, que a força realizou um trabalho podendo realizar trabalho, isto se expressa por
contra a força da gravidade. Em síntese, o que Ec= τ.
tem que ficar claro, é que o trabalho, como já
Reescrevendo essa relação na forma Ec= F.d,
foi dito, representa uma transferência da ener-
obtém-se a seguinte relação: (τba = ECf – E Ci );
gia armazenada no ouriço que pode vir ser
resultado que é conhecido pela denominação
usada em qualquer instante.
de Teorema do Trabalho-Energia.
Esta energia devido a sua posição, em relação
Igualmente, podemos obter uma relação entre
ao chão, é o que se denomina de ENERGIA
POTENCIAL (Ep). Portanto, W = Ep = m.g.h o trabalho e a Energia Potencial, que se
expressa por τba = – (E pi – Epf ) = –∆Ep
Como a Energia Potencial depende da altura, o
seu valor sempre depende da escolha de um
nível de referência escolhido arbitrariamente.
Na prática, o nível escolhido é aquele no qual
a força resultante é nula. Neste nível a energia
potencial é nula.
1. Um carrinho de mão, cheio de pedras, inicial-
mente em repouso, tem aproximadamente
120Kg. Para que o carrinho se mova um operário
aplica uma força constante horizontal de 240N.
Desprezando-se os atritos, qual a energia cinéti-
1. Um helicóptero é usado para recolher, por ca do carrinho após ter percorrido 5,0 m?
meio de um cabo inextensível e de massa
desprezível, um astronauta de 72kg, através de
15m, verticalmente, a partir da superfície do
oceano. Suponha que, num determinado Até agora, temos definido o conceito de trabalho
instante, a tensão no cabo seja de 1200N. a partir de situações cotidianas bem simples
a) Determine, neste instante, o sentido e o onde, por exemplo, a força gravitacional (o Peso)
modulo do vetor aceleração era constante para pequenas variações de altura.
b) É possível saber se, neste instante, o heli- Uma expressiva classe de problemas em
cóptero esta subindo ou descendo? Justifi- Física envolve situações onde a força que atua
que sua resposta. sobre a partícula varia tanto em direção quan-
c) Qual o trabalho realizado pelo helicóptero to em intensidade. Desse modo para calcular o
sobre o astronauta? trabalho devemos conhecer como a força varia
d) Qual o trabalho realizado pela força gravita- em função do tempo, ao longo da trajetória da
cional sobre o astronauta? partícula (vide a figura abaixo).
e) Qual a energia cinética e a velocidade do
astronauta, imediatamente antes, de chegar
ao helicóptero?
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UEA – Licenciatura em Matemática
148
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
Nos casos onde a Força é Conservativa é pos- velocidade de 40 m/s. sabendo-se que a acel-
sível sempre associar uma Energia Potencial. eração da gravidade e a força de resistência do
Como as interações fundamentais em Física ar são praticamente constante, qual o trabalho
dependem da posição podemos associar a realizado pela força de resistência do ar?
cada força desse tipo uma energia armazena-
da no sistema que pode vir, ao ser liberada, 2. De acordo com o depoimento de um certo
realizar um determinado trabalho. Por exemp- nadador, numa prova de 100m, se dispende
lo, pregar um prego, disparar uma flecha, etc . cerca de 280000J em 60 segundos. Admitamos
No caso da força gravitacional associa-se uma que 3/4 desta energia sejam liberados, direta-
ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL, en- mente, sob forma de calor, e o restante seja dis-
quanto que no caso de uma mola, associa-se sipado por suas mãos e pernas em trabalho
a força elástica uma ENERGIA POTENCIAL mecânico. Com base nestas informações qual a
ELÁSTICA. força media que se opõe a seu movimento?
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
6. Um pendulo, inicialmente, em repouso é posto 10. Um objeto de 8,0 kg e volume 1,0 litro imerso
para oscilar entre os pontos A e B. Indique as num grande recipiente contendo água deslo-
forças que atuam sobre ele, no instante em ca-se para baixo com velocidade constante de
que passa pelo pontos X, Y, e Z. Demonstre 0,2 m/s.
que a a intensidade da força aplicada no fio a) identifique as forças que atuam sobre o
quando o pendulo passa pela posição Y é o objeto
triplo do que quando ele está em repouso.
b) qual a quantidade de energia transformada
em calor no sistema objeto + água?
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
Em que β é o coeficiente de dilatação super- A dilatação real do líquido é dada pela soma da
ficial do material que constitui a placa, e é dilatação aparente do líquido e da dilatação
igual ao dobro do coeficiente de dilatação lin- volumétrica sofrida pelo recipiente.
ear, isto é: β = 2α
Dilatação Volumétrica: é aquela em que
ocorre quando existe variação das três dimen-
sões de um corpo: comprimento, largura e
espessura. Com o aumento da temperatura, o
volume da figura sofre um aumento, tal que:
3.3.2 Dilatação dos Líquidos 2. Um homem usa uma aliança de ouro, de 1,5
cm de diâmetro. Ao tirar sua aliança, ela escor-
Como os líquidos não apresentam forma
rega e cai dentro de uma panela de água fer-
própria, ao estudar a dilatação dos líquidos
vendo. Admitindo que a aliança estava em
tem de se levar em conta a dilatação do recip-
equilíbrio térmico com o corpo do homem, cal-
iente sólido que o contém. De maneira geral, cule a variação no seu diâmetro em virtude do
os líquidos dilatam-se sempre mais que os sóli- aquecimento. Dado: αouro = 1,4.10–5oC–1.
dos ao serem igualmente aquecidos.
3. Num posto de gasolina comprou 20000 litros
No aquecimento de um líquido contido
num recipiente, o líquido irá, ao dilatar-se desse combustível. O caminhão que trans-
juntamente com o recipiente, ocupar parte portava a gasolina sofreu um aquecimento
da dilatação sofrida pelo recipiente, além devido à incidência de raios solares sobre seu
de mostrar uma dilatação própria, chama- tanque. Assim, a temperatura do combustível,
da dilatação aparente. ao ser colocado no depósito do posto, era de
25oC. No depósito, ele sofreu novo aquecimen-
A dilatação aparente é aquela diretamente
to e, quando foi vendido, estava a 27oC.
observada e a dilatação real é aquela que o
Sabendo que a gasolina foi vendida nesta tem-
líquido sofre realmente.
peratura e que seu coeficiente de dilatação
Consideremos um recipiente totalmente cheio volumétrica é de 11.10–4oC–1, determine o lucro,
de um líquido à temperatura inicial T0. Aumen- em litros, que o dono do posto obteve.
tando a temperatura do conjunto (recipiente +
líquido) até uma temperatura T, nota-se um 4. Um recipiente de vidro contém 400cm3 de mer-
extravasamento do líquido, pois este se dilata cúrio a 20oC. Determinar a dilatação real e a
mais que o recipiente. A dilatação aparente do aparente do mercúrio quando a temperatura
líquido é igual ao volume que foi extravasado. for 35oC.
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UEA – Licenciatura em Matemática
TEMA 04
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Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
UA – UB=
V= ⇔
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
Portanto: Solução:
τAB = q. VA – q. VB ⇒ τAB = q.( VA – VB), esse Usaremos a equação e
será o trabalho efetuado pela carga
Considerações importantes: q1 = q2 = 1,6 x 10–19C,
e ainda que
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
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UEA – Licenciatura em Matemática
Na posição “verão”,
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Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
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UEA – Licenciatura em Matemática
Campo de uma espira circular (fio em forma 2. Observando a figura a seguir, o que você pode di-
de circunferência): zer a respeito do sentido de movimento da corrente
elétrica através das quatro regiões do fio de cobre?
Se o comprimento do solenóide predomina em Use uma pilha alcalina grande para ligar os ter-
relação ao diâmetro do cilindro, o campo mag- minais para formar um circuito. Em seguida
nético em seu interior é praticamente uniforme feche o circuito e observe a deflexão da agulha.
e no seu exterior, nulo. Aplicando a regra da 1. o que você pode medir qualitativamente
mão direita temos:
com esse aparelho?
, onde l é o comprimento do solenóide. 2. Para obter um resultado quantitativo, use
um amperímetro para efetuar as medidas,
meça a intensidade da corrente, com esse
valor você pode calcular a intensidade do
vetor campo magnético terrestre. Para isso
use µ0 = 4π.10–7m/A para permeabilidade
1. Considere os condutores cilíndricos de cobre magnética do ar.
da figura. Indique, em ordem decrescente, o
valor da intensidade da corrente elétrica que
percorre esses condutores quando submeti-
dos a uma mesma diferença de potencial.
164
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
TEMA 06
165
UEA – Licenciatura em Matemática
Essa expressão constitui a lei de Biot-Savart. A Pode-se calcular o campo magnético resultante
direção do vetor B é perpendicular ao plano de em um ponto devido a qualquer distribuição de
i∆l e r e o sentido é dado pela regra da mão corrente através da lei de Biot-Savart. Mas se
direita. Assim como o módulo do campo elétri- houver nessa distribuição, uma certa simetria, é
co, o módulo do campo magnético depende possível aplicar a lei de Ampère.
do inverso do quadrado da distância: 1/r² .
Considere qualquer que seja a distribuição de
O campo magnético produzido por um condu- corrente elétrica (I = i1 + i2 +...+in). No campo
tor finito, será a soma de todas as con-
magnético dessas correntes, imaginemos uma
tribuições devidas aos elementos de corrente
linha de força que envolva todas elas (uma
que compõe o condutor.
linha fechada), dividida em um grande número
Como exemplo de aplicação da lei de Biot- de segmentos (elementos de comprimento) ?l,
Savart, vamos calcular o campo magnético no pequeno o bastante para que , sobre cada um
centro de uma espira circular.
deles o campo magnético B seja constante.
, sendo sen 90° = 1, temos A lei de Ampère permite determinar o módulo
→
do vetor B num ponto P à distancia r de um
condutor retilíneo de comprimento infinito, per-
corrido por uma corrente contínua de intensi-
dade i. A expressão de B, nessas condições é
Mas, para obtermos o campo total, somaremos
todas as parcelas de B. todos os vetores de B
têm mesma direção, perpendicular ao eixo da
espira, portanto somaremos seus módulos: A direção e o sentido do vetor campo magnéti-
co são dados pela regra da mão direita e o
→
vetor B é tangente à superfície descrita em volta
Vamos colocar em evidência a constante : do condutor.
A lei de Ampère afirma que, assim como na lei de
Biot-Savart, a soma dos produtos B. ∆l ao longo
da linha inteira é proporcional a corrente total
Como a corrente é a mesma em todos os ele- ΣB.∆l = µ0I
mentos de área e estão a mesma distância
a constante µ0 é chamada permeabilidade
r = R em relação ao centro da espira. Logo,
magnética do vácuo. No SI, vale:
é constante e pode ser posto em evidência:
166
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
tem um sentido que contraria a causa que a numa resistência que demandará a realiza-
provocou; em outros termos, a corrente induzida ção de trabalho.
opõe-se à variação do fluxo indutor (fem). É exatamente por isso que um gerador con-
Portanto, se o fluxo indutor nasce ou cresce, o some tanto mais energia mecânica quanto
fluxo induzido (fem induzida) tem sentido con- mais energia elétrica ele produz e, nem esta-
trário ao aparecimento ou aumento do fluxo mos levando em conta a energia dissipda pelo
indutor (fem) e vice-verso. O fenômeno se atrito e pelo efeito Joule.
assemelha a inércia, de maneira que para
gerar uma corrente induzida é preciso gastar
uma determinada quantidade de energia.
Considere, por exemplo, um circuito fecha-
do na forma de uma espira retangular imer-
so num campo magnético uniforme. Se
1. A direção do campo elétrico, E, é definida
deslocarmos a espira para a direita, o fluxo
como a direção da força elétrica aplicada
magnético que ela intercepta aumentará,
sobre uma carga positiva. Por que não
gerando uma corrente induzida nessa espi-
podemos definir a direção do campo magnéti-
ra. O sentido da corrente induzida na espira
co, B, da mesma forma?
é anti-horária de modo que o campo mag-
nético criado por ela tende a deter a aproxi- a) porque sobre uma carga em repouso a
mação da espira. força magnética é diferente de zero.
b) porque sobre uma carga em repouso a
força magnética é sempre zero.
c) porque em uma carga positiva a direção da
força magnética depende do vetor veloci-
dade, v, da carga.
d) Porque o sentido da força magnética
No caso da espira se afastar o número de lin-
sobre uma carga positiva ou negativa é o
has de campo que atravessam a espira
mesmo.
diminiu. O sentido da corrente induzida é
horário, criando um campo magnético que
2. O biomagnetismo trata de medir os campos
procura impedir o afastamento da espira.
magnéticos gerados por seres vivos, com o
Como se pode verificar para se obter, segun- objetivo de obter informações a cerca dos sis-
do a lei de Lenz, uma corrente elétrica temas biofísicos, a realizar diagnósticos clíni-
induzida na espira, tem que realizar trabalho. cos e a criar novas terapias com grandes pos-
O que implica dizer que na espira temos a sibilidades de aplicações em medicina. Os
transformação de energia mecânica em campos magnéticos gerados pelo organismo
energia elétrica. humano são tênues e para medi-los, sem sofr-
Esta última análise é compatível com o er interferência de outros campos magnéticos,
princípio da conservação de energia, pois se inclusive o da Terra, milhares de vezes mais
o circuito é aberto e não há fluxo de corrente, intensos são necessários equipamentos sele-
não há dissipação de energia pelo efeito tivos. A figura é um modelo do gradiômetro
Joule. Por este motivo não há uma força de magnético, constituído de duas espiras para-
reação à variação do campo magnético e o lelas e de mesmo raio, capaz de detectar sele-
movimento do magneto ou do circuito não tivamente campos magnéticos, e um ímã em
realiza trabalho (força nula x movimento = forma de barra que se move perpendicular-
zero). Todavia, caso exista corrente circulan- mente aos planos das espiras, afastando-se
do no circuito (com dissipação de energia), a delas, numa direção que passa pelo centro
variação do campo magnético resultará das espiras.
167
UEA – Licenciatura em Matemática
TEMA 07
168
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
169
UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
alência entre trabalho e calor, em maio de 1842, sistema de pesos, permitia realizar trabalho
um ano e meio antes da publicação de Joule. sobre a água. A água aquecia à medida que as
Em 1843, o físico inglês James Prescott Joule pás iam rodando e, portanto, o trabalho
convenceu os céticos de que o calor não era mecânico era equivalente ao calor. Ao medir o
uma substância, finalizando com a Teoria do trabalho fornecido à água e a temperatura final,
Calórico e conduzindo à Teoria Mecânica do calculou o equivalente mecânico do calor .
Calor. A partir de um grande número de exper-
iências, Joule chegou à mesma conclusão que
Mayer, de que o mesmo efeito podia ser con-
seguido quer fornecendo calor quer fornecendo
trabalho. Com todo o seu trabalho Joule verifi-
cou que o equivalente mecânico do calor é 4,154
J. Ao comparar o valor do equivalente mecânico
do calor conhecido atualmente e o obtido por
Joule, verificamos que o erro experimental de
Joule é de aproximadamente 1%. Em sua hom-
enagem a unidade do sistema internacional (SI) Joule
171
UEA – Licenciatura em Matemática
172
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
cal/gºC o calor específico do ferro, calcule: si até atingirem o equilíbrio térmico. A equação
a) a quantidade de calor que a barra deve que representa esse princípio é:
receber; Q1 + Q2 + Q3 + ... + Qn = 0
b) a sua capacidade calorífica. Ainda podemos dizer que, a quantidade de
calor recebida por uns é igual à quantidade de
3. Quanta caloria perderá um quilograma de calor cedida pelos outros.
água, quando sua temperatura variar de 80ºC Por exemplo, quando colocamos água quente
para 10ºC? em um recipiente, a água perde calor e o recip-
iente ganha até que a água e o recipiente
fiquem com a mesma temperatura, isto é, até
que atinjam o equilíbrio térmico. Se não hou-
8.3.3 Mudanças de fase - Calor de transfor-
vesse troca de calor com a ambiente, a quanti-
mação dade de calor cedida pela água deveria ser
Vimos que quando cedemos calor a um corpo, igual à quantidade de calor recebida pelo
este aumentará sua tem temperatura. Porém recipiente. Havendo troca de calor com o
esse calor pode ser utilizado para não aumen- ambiente, a quantidade de calor cedida pela
tar a temperatura e sim para modificar o esta- água é igual à soma das quantidades de calor
do físico do corpo. absorvidas pelo recipiente e pelo ambiente.
A mudança de estado pode ser: Os recipientes utilizados para estudar a troca
de calor entre dois ou mais corpos são denom-
inados calorímetros. Os calorímetros não per-
mitem perdas de calor para o meio externo,
isto é, são recipientes termicamente isolados.
173
UEA – Licenciatura em Matemática
Resolução: Condução:
Quando há contato entre dois materiais, existe
uma tendência para a troca de energias. Esta
troca, quando ocorre via contato direto dos
materiais, chama-se condução. A troca de
energia, ou calor, ocorre através de uma trans-
Qfe + Qgelo + Qgelo(fusão) + Qágua = 0 missão de vibração de uma partícula para a
x . 0,114 (30º – 180º) + 200 . 0,55(0º + 15º) + seguinte, e assim sucessivamente.
200 . 79,5 + 200 . 1 (30º – 0º) = 0 Uma situação que ocorre um processo de
–17,1x + 1650 + 15900 + 6000 = 0 transmissão de calor por condução, é através
de uma barra metálica. Neste processo, os áto-
17,1x = 23550
mos do metal que estão em contato coma
x = 1377,19 g
fonte térmica recebem calor desta fonte e
A massa de ferro é de 1374,27 g. aumentam sua agitação térmica. Devido a isto,
colidem com os átomos vizinhos, transmitindo-
lhes agitação térmica. Assim, de partícula para
partícula, a energia térmica flui ao longo da
barra,aquecendo-a por inteiro.
174
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
• Irradiação
A irradiação é a transmissão de energia
através de ondas eletromagnéticas. A
1. Caso não tenha meio material, há transmissão energia é emitida por um corpo e se propa-
de energia por condução?
ga até o outro, através do espaço que os
Na ausência de um meio material, como no separa. Este espaço não precisa de
vácuo, por exemplo, não ocorre troca de calor matéria, ou seja, a irradiação ocorre no
por condução. Entretanto, é possível transmitir vácuo, além dos meios materiais.
energia através do vácuo, através do processo
Dois corpos em temperatura diferentes ten-
de irradiação.
dem ao equilíbrio térmico, mesmo que
entre eles não haja nenhum meio material.
• Convecção: Ex.: Sol esquentando a Terra (existe vácuo
O fenômeno de convecção ocorre em fluidos entre eles).
(líquidos e gases), e independe do meio ser Estufa: Numa estufa, a radiação luminosa
bom ou mal condutor de calor. Está associado do sol atravessa o vidro e é absorvida pelos
ao movimento de massas, devido à diferença objetos que estão no interior, aquecendo-
de densidades. Quando existe um corpo os. Em seguida, os objetos emitem radi-
quente, este troca calor com o meio fluido, que ação do infravermelho, mas este é barrado
tende a subir. O calor sobe, forçando o ar que pelo vidro. Assim, é pelo fato de o vidro ser
estava em cima a descer. É interessante men- transparente à radiação luminosa e opaco
cionar que este é um dos fenômenos que cau- ao infravermelho que as estufas conservam
sa os ventos na atmosfera. A convecção não
uma temperatura superior à do meio exter-
ocorre na ausência de meio material (vácuo),
no. (O mesmo fenômeno ocorre quando
pois depende do movimento de matéria.
um automóvel, com os vidros fechados, fica
Há dois tipos de convecção: exposto ao sol.)
Natural: quando ocorre devido à diferença
de densidade da matéria, ocasionada pela
diferença de temperatura do meio.
Forçada: quando é provocada por venti-
ladores e bombas.
Exemplo: No Congelador na parte de cima
da geladeira faz com que haja uma trans-
missão de energia por convecção, o ar Exemplo de transmissão de energia por irradiação
quente é menos denso que o ar frio, portan-
to ele tende a subir devido a pressão. Efeito Estufa: De dia a radiação solar aque-
ce a Terra, que, à noite, é resfriada pela
emissão da radiação do infravermelho. Esse
resfriamento é prejudicado quando há
excesso de gás; carbônico (CO2) na atmos-
fera, pois o CO2 é transparente à luz, mas
opaco ao infravermelho.
Nos últimos anos, a quantidade de gás car-
bônico na atmosfera tem aumentado; con-
Exemplo de transmissão por convecção
sideravelmente em razão da queima de
combustíveis fósseis (petróleo e carvão). Se
Os recipientes adiabáticos são aqueles que essa demanda continuar crescendo no
não deixam o calor se propagar, por exem- ritmo atual, em meados do século XXI a
plo: garrafa térmica, isopor, etc. quantidade de CO2 na atmosfera, além de
175
UEA – Licenciatura em Matemática
Efeito estufa
A garrafa térmica
176
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
177
UEA – Licenciatura em Matemática
pipoca preparada em uma panela com tampa. potencial devido as interações entre o sistema e a
Quando a panela é colocada sobre a chama vizinhança. Por exemplo, se colocarmos um co-
de um fogão, ocorre transferência de calor por po com água em uma prateleira, sua energia po-
condução para o milho de pipoca e a medida tencial devido a interação com a terra aumentará,
que o milho começa a estalar e se expandir, no entanto, a não acarretará mudanças na ener-
realiza um trabalho sobre a tampa da panela, gia potencial decorrente a interação das molécu-
que sofre um deslocamento. O estado do las de modo que a energia interna não variará.
milho mudou neste processo variaram, uma Usaremos a letra U para representar a energia
vez que o volume, a temperatura e a pressão interna. Durante uma mudança de estado de um
do milho variaram quando ele começou a esta- sistema a energia cinética pode variar de um
lar. Um processo como este, em que ocorrem estado inicial para um estado final, ∆U = Uf – Ui.
variações no estado do sistema termodinâmi- A primeira lei da termodinâmica nos dá uma
co, denomina-se processo termodinâmico. relação para encontrar ∆U a partir do calor
Além do exemplo da pipoca, a termodinâmica transferido e do trabalho realizado, com isso, é
possui raízes em muitos problemas práticos, tais possível definir um valor específico de U para
como o motor de um automóvel e o motor a jato um estado de referência e dessa forma encon-
de um avião usam o calor de combustão dos res- trar a energia em qualquer outro estado.
pectivos combustíveis para impulsionar o veículo.
9.4 TRABALHO EM UM SISTEMA
O tecido muscular de um organismo vivo
Um gás no interior de um cilindro com um pistão
metaboliza a energia química provenientes de
móvel é um exemplo simples de um sistema ter-
alimentos para realizar um trabalho mecânico
modinâmico. Tais como, o motor de combustão
sobre suas vizinhanças.
interna, um motor a vapor, os compressores dos
Um motor de vapor ou uma turbina a vapor usa condicionadores de ar e refrigeradores. Por esse
o calor de combustão do carvão ou de outro motivo, usaremos o sistema do gás no interior
combustível para realizar um trabalho mecâni- de um cilindro para estudar diversos processos
co tal como mover um gerador elétrico ou envolvendo transformação de energia.
impulsionar um trem.
Consideremos um gás contido num cilindro
Neste tema, iremos abordar a primeira lei da ter- provido de êmbolo. Ao se expandir, o gás
modinâmica, discutir alguns processos termod- exerce uma força no êmbolo que se desloca
inâmicos a partir da primeira lei e aplicar isso em no sentido da força. Veja a figura abaixo:
situações práticas. Este estudo é importantíssi-
mo para o entendimento de máquinas térmicas,
como será visto mais adiante.
178
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
A=W
9.5 PRIMEIRO PRINCÍPIO DA TERMODINÂMICA
(1A LEI DA TERMODINÂMICA)
De acordo com o princípio da Conservação da
Energia, a energia não pode ser criada nem
destruída, mas somente transformada de uma
espécie em outra. O primeiro princípio da ter-
modinâmica estabelece uma equivalência
entre o trabalho e o calor trocados entre um
sistema e seu meio exterior.
179
UEA – Licenciatura em Matemática
180
Física Fundamental – Lei da Conservação da Energia
Todo o calor trocado com o meio externo é 200 cal em forma de calor. Determinar em
transformado em variação da energia inter- joules:
na. Assim, se o calor é adicionado ao sis-
a) o trabalho trocado com o meio, numa trans-
tema (isto é, se Q > 0), a energia interna do
formação isotérmica.
sistema aumenta (U > 0). Reciprocamente,
se calor é removido durante o processo b) a variação da energia interna numa transfor-
(isto é, se Q < 0), a energia interna do sis- mação isométrica.
tema deve diminuir (U < 0). Resolução:
c) Transformação isobárica: a) Numa expansão isotérmica, a temperatura
Numa transformação onde a pressão per- permanece constante (U = 0), o gás ao
manece constante, a temperatura e o vol- receber calor aumenta de volume e realiza
ume são diretamente proporcionais, ou trabalho Q = 200 cal transformando: Q =
seja, quando a temperatura aumenta o vol- 200 . 4,186 = 837,2 J.
ume também aumenta.
Como U = 0 Q = W
U > 0 ⇒ temperatura aumenta.
W = 837,2 J
W > 0 ⇒ volume aumenta.
b) Numa transformação isométrica, o volume
Parte do calor que o sistema troca com o permanece constante (V = 0), o calor rece-
meio externo está relacionado com o trabal- bido é transformado em variação da ener-
ho realizado e o restante com a variação da gia interna.
energia interna do sistema.
Q = 200 cal = 200 . 4,186 = 837,2 J.
d) Transformação adiabática:
Como V = 0 Q = U
Nessa transformação, o sistema não troca
calor com o meio externo, o trabalho real- U = 837,2 J
izado é graças à variação de energia inter-
na. Da primeira lei da termodinâmica, com Transformação Cíclica:
Q = 0, temos Denomina-se transformação cíclica ou ciclo de
W = –U um sistema o conjunto de transformações
Exemplo: sofridas pelo sistema de tal forma que seus
estados final e inicial são iguais.
Numa expansão adiabática, o sistema real-
iza trabalho sobre o meio e a energia inter- Como a temperatura final é igual à temperatu-
na diminui. ra inicial, a energia interna do sistema não varia
(U), havendo uma igualdade entre o calor e o
trabalho trocados em cada ciclo.
Figura 16: Expansão adiabática ocorre um abaixamen-
Q=W
to de temperatura.
Num diagrama P x V uma transformação cíclica
Durante a compressão adiabática, o meio é representada por uma curva fechada. A área
realiza trabalho sobre o sistema e a energia interna do ciclo é numericamente igual ao tra-
interna aumenta. balho total trocado com o meio exterior.
181
UEA – Licenciatura em Matemática
182
UNIDADE VII
Lei da Conservação do Momento Angular
Física Fundamental – Lei da Conservação do Momento Angular
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Lei da Conservação do Momento Angular
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UEA – Licenciatura em Matemática
das minas de carvão inglesas, que se tornavam primeira vez em locomotivas e, em 1841,
cada vez mais profundas, a máquina a vapor empregada nas máquinas agrícolas, acionando
impulsionou uma grande transformação social, as debulhadoras. Alguns anos mais tarde, foi
econômica e tecnológica, historicamente usada como motor de tração em automóveis.
chamada de primeira revolução industrial. Seu papel é importante até mesmo nos dias de
Das vários pessoas que deram contribuição hoje, pois são aproveitadas nas usinas ter-
para o desenvolvimento da máquina térmica, moelétricas para gerar eletricidade. No caso
vamos citar os seguintes: específico da máquina a vapor que utiliza car-
vão mineral como combustível, parte da ener-
Thomas Newcomen (1663-1729), em 1712,
gia química do carvão é transformada em ener-
desenvolveu juntamente com seus colabo-
gia interna do vapor de água, outra parte, em
radores, um novo conceito: o uso de um con-
energia de movimento.
junto cilindro-pistão para o bombeamento de
água e constitui o que hoje entendemos ser a
primeira máquina térmica, pois seu funciona-
1.3.2 Máquinas frigoríficas:
mento era cíclico. A máquina era conhecida
como a "máquina atmosférica" pois combinava Numa máquina frigorífica, ou bomba de calor,
um vácuo e a pressão atmosférica para o fluido de trabalho realiza um ciclo de sentido
fornecer o curso de potência. A máquina de contrário, retirando calor Q2 de uma fonte fria e
Newcomen foi um sucesso instantâneo. cedendo calor Q1 a uma fonte quente.
Obviamente essa passagem de calor de uma
James Watt (1736-1819), engenheiro escocês,
fonte fria para uma fonte quente não é espon-
interessou-se por melhorar a performance dos
tânea, visto que se realiza à custa de um trabal-
motores a vapor após ter sido chamado, em
ho externo; portanto não viola a segunda lei da
1763, revolucionou a aplicação das máquinas
termodinâmica.
térmicas. Watt surpreendeu-se com a quanti-
dade de vapor que o pequeno motor consumia. O diagrama abaixo representa esquematica-
ele conseguiu descobrir que, para melhorar seu mente uma máquina frigorífica, na qual ocorre
funcionamento, era necessário elevar a temper- conversão de trabalho em calor.
atura do vapor, resfriando-o depois brusca-
mente durante a expansão. Acrescentou então
o condensador de vapor e outros artifícios des-
tinados a melhorar o rendimento do engenho.
Foi ajudado por Joseph Black, o descobridor
do calor latente do vapor e quem mais con-
hecia vapor que estava na mesma
A geladeira doméstica, por exemplo, é uma
Universidade que ele. A primeira patente de
máquina frigorífica na qual a fonte fria é o con-
Watt envolveu não só o uso de um conden-
gelador, a fonte quente é o meio ambiente e o
sador separado mas também de uma bomba
trabalho é realizado pelo compressor.
de ar para o condensador, do isolamento do
cilindro, e outros.
Primeiramente operada em 1775 para se
bombear água, sua máquina representou a
primeira de uma grande seqüência de
máquinas, cada uma com novas melhorias, 1. Assinale a alternativa que explica, com base na
maiores potências e em pouco tempo, a termodinâmica, um ciclo do funcionamento de
máquina a vapor foi utilizada na indústria de um refrigerador:
tecelagem e de aço, nos barcos e embar- a) Remove uma quantidade de calor Q1 de
cações e até mesmo na impressão dos jornais. uma fonte térmica quente à temperatura T1,
Em 1820, a máquina térmica, foi utilizada pela realiza um trabalho externo W e rejeita uma
188
Física Fundamental – Lei da Conservação do Momento Angular
b) O trabalho realizado em cada ciclo é: A primeira lei utiliza a energia interna para iden-
tificar as mudanças permitidas; a segunda lei
⇒ W = 1806 J utiliza a entropia para identificar as mudanças
espontâneas entre aquelas permitidas.
c) A quantidade de calor rejeitada para a fonte A segunda lei da termodinâmica pode ser
fria é dada por: expressa em temos de entropia:
W = Q1 – Q2 ⇒ Q2 = 2394 J A entropia de um sistema isolado cresce no
189
UEA – Licenciatura em Matemática
sentido da mudança espontânea, termodinami- ciclo teórico que traz seu nome hoje. Seu ciclo
camente, os processos irreversíveis (como o propõe o contato térmico das fontes quente e
resfriamento à mesma temperatura das vizin- fria com corpos sempre a mesma temperatura.
hanças e a expansão livre dos gases) são Publicou em 1824 seu único livro: “ Reflexões
processos espontâneos, e assim devem ser sobre a potência motriz do fogo”, no qual
acompanhados de um aumento na entropia. procurou as bases da conversão de calor em
trabalho, indicando que o agente térmico era o
1.3.1 Definição Termodinâmica da Entropia calórico e não o vapor (devido a falta de outra
A definição termodinâmica da entropia con- teoria para o calor precisou empregar a teoria
centra-se na variação de entropia, que ocorre calórica nas suas deduções, suas conclusões
como resultado de uma mudança física o estão corretas pois a segunda Lei da
química (normalmente, um "processo"). Termodinâmica independe da primeira Lei ou
de qualquer outra teoria de calor).
A definição é motivada pela idéia de que uma
Estabeleceu que a eficiência térmica do ciclo
mudança no contexto onde a energia é disper-
proposto é proporcional à diferença das tem-
sada em uma maneira desordenada depende
peraturas entre as fontes e que ele é menor
da quantidade de energia transferida como
quando a temperatura da fonte é mais elevada.
calor. Como já explanado, o calor estimula o
movimento desordenada das vizinhanças. O Quando seu trabalho foi publicado, muitas
trabalho, que estimula o movimento uniforme pessoas pensaram que suas conclusões eram
dos átomos das vizinhanças, não muda o grau dependentes da teoria calórica, por inúmeras
de desordem, e portanto não afeta a entropia. razões, inclusive a falta de rigor em seu texto,
sua obra passa despercebida até 1834, quan-
do Clayperon, lhe acrescenta uma formaliza-
“Qualquer processo implicará ou em nen- ção algébrica e dá uma representação gráfica
huma mudança da entropia do universo dos ciclos de funcionamento.
ou no aumento da entropia do universo”.
É a partir deste trabalho que Rudolf Clausius e
Lord Kelvin mostraram a total independência
Como todos os processos naturais são irrever- da segunda Lei com a teoria calórica.
síveis, o que sempre resulta é o aumento da des- Em 1850, o físico alemão Rudolf Julius
ordem do universo. Processos idealizados, rever- Emmanuel Clausius (1822-1888) afirmou que
síveis, mantêm a entropia do universo constante. a produção de trabalho nas máquinas térmicas
A 1a e a 2a Leis da Termodinâmica podem ser não resultava meramente do deslocamento do
resumidas da seguinte maneira: calor da fonte quente para a fonte fria e sim,
também, por consumo de calor. Afirmou mais
A energia do Universo permanece ainda que o calor poderia ser produzido à
constante; a entropia do custa do trabalho mecânico e que, portanto,
Universo sempre aumenta. era impossível realizar um processo cíclico
cujo único efeito seja o de transferir calor de
um corpo mais frio para um corpo mais quente.
Essas afirmações se constituem na primeira
idéia do que hoje se conhece como Segunda
Lei da Termodinâmica.
190
Física Fundamental – Lei da Conservação do Momento Angular
em trabalho) deveria ser compensado pela Maxwell por William Thomson), contém um gás
conservação de trabalho em calor, de modo a uma determinada temperatura. Através
que o calor deveria fluir do corpo frio para o dessa janela, o porteiro deixaria passar partícu-
corpo quente. Desse modo, Clausius introduz- las que tivessem velocidade alta e impediria a
iu o conceito de valor de equivalência de uma passagem das partículas que tivessem veloci-
transformação térmica e que era medido pela dade baixa, já que, segundo a sua distribuição
relação entre a quantidade de calor (∆Q) e a de velocidades, num gás em equilíbrio, as
temperatura (T) na qual ocorre a transfor- partículas distribuem-se com as mais variadas
mação. Por intermédio desse novo conceito velocidades.”
físico, Clausius pôde fazer a distinção entre Assim, depois de um certo tempo, um lado do
processos reversíveis e irreversíveis. Assim, recipiente estaria mais quente que o outro,
assumindo arbitrariamente que a transfor- mostrando, assim, que o fluxo de calor poderia
mação de calor de um corpo quente para um ocorrer em dois sentidos, e não em apenas
frio tivesse um "valor de equivalência" positivo, um, conforme indicava a segunda Lei da
ele apresentou uma nova versão para a Termodinâmica.
Segunda Lei da Termodinâmica: A soma
O físico austríaco Ludwig Edward Boltzmann
algébrica de todas as transformações ocorren-
introduziu, em 1872, a interpretação estatística
do em um processo circular somente pode ser
da entropia. A entropia do sistema ( S ) é rela-
positiva.
cionada com a constante de Boltzmann ( k ) e
Foi somente em 1865 que Clausius propôs o com o número de diferentes meios de dis-
termo entropia (do grego, que significa trans- tribuição de átomos e moléculas da amostra e
formação), denotando-o por S, em lugar do que podem dar origem à mesma energia ( W ).
termo valor de equivalência. Nesse trabalho,
S = k . ln W
ao retomar suas idéias sobre esse novo con-
ceito físico, Clausius considerou um ciclo qual- De acordo com essa concepção, um litro de
quer como constituído de uma sucessão de gasolina representa um estado organizado de
ciclos infinitesimais de Carnot. moléculas na forma de energia química e os
gases resultantes de sua queima no interior do
Ainda nesse trabalho, Clausius resumiu as Leis
cilindro indicam a transformação para um esta-
da Termodinâmica nas expressões:
do muito mais desorganizado de tais molécu-
Primeira Lei da Termodinâmica - A energia do las. A esse estado de maior desorganização
Universo é constante; correspondia um aumento da entropia. Ainda
Segunda Lei da Termodinâmica - A entropia segundo esta concepção, a desordem máxima
do Universo tende para um máximo. corresponderia a uma regularidade uniforme e
Apesar da origem termodinâmica da entropia, indiferenciada de todas as partes que formam
ser introduzida por Clausius, atualmente utiliza- um determinado sistema.
se muito a interpretação estatística. Os É oportuno observar que, embora essa
primeiros passos na direção da interpretação expressão esteja gravada no túmulo de
estatística da Termodinâmica foram dados pelo Boltzmann, no Cemitério Central de Viena, ela
físico e matemático escocês James Clerk só foi escrita dessa maneira pelo físico alemão
Maxwell, em 1860, através do estudo da dis- Max Karl Ernst Planck (1858-1947) que, por sua
tribuição das velocidades das moléculas de vez, introduziu k, denominada por ele de con-
um gás. Em 1867, Maxwell escreveu uma carta stante de Boltzmann, pela primeira vez em sua
na qual apresentou o caráter probabilístico da célebre fórmula de 1900, sobre a distribuição
segunda Lei da Termodinâmica, através do de equilíbrio térmico da radiação do corpo
seguinte exemplo: negro, que considera a energia quantizada.
“Um recipiente que possui uma parede no
meio com uma janela que poderá ser manipu-
lada por um porteiro (denominado Demónio de
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UEA – Licenciatura em Matemática
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Física Fundamental – Lei da Conservação do Momento Angular
→ → →
que é o mesmo que escrever L = r Xp = r.m(V.senθ) = m.V(r.senθ)= mV.r⊥
Assim, segundo equação L = mv.r⊥, a partícu-
→ →
onde m. = V = p . la continua a se mover em linha reta enquanto
que a componente de r perpendicular a veloci-
Assim a taxa de variação desta área é: dade, permanece igual a r⊥.
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UEA – Licenciatura em Matemática
, onde ( ) é a
aceleração angular.
No caso de um conjunto de partículas situadas Da mesma maneira pelo qual a 2ª Lei de
a diferentes distâncias do eixo de rotação, o Newton esta relacionada ao momento linear
momento de inércia é dado por: I = Σmir2i.
( ), o Momento Angular se relaciona
A tabela a seguir fornece o Momento de Inércia
para alguns corpos de densidades uniformes
com o torque pela relação .
com o eixo de rotação passando pelo centro.
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Física Fundamental – Lei da Conservação do Momento Angular
Mesmo que um torque externo seja aplicado ao se retira a tampa. Como cada pequena quanti-
sistema, o sistema reage exercendo um torque dade de água move-se em direção ao ralo,
no sentido contrario. Um exemplo clássico bas- suas distancias ao eixo de rotação diminui,
tante comum é a demonstração de um aluno fazendo com que a velocidade aumente para
que gira sentado sobre um banco segurando que haja a conservação do momento angular.
numa das mãos dois pesos no plano horizontal. Consequentemente, quando a água se aproxi-
Quando o estudante aplica um torque sobre o ma do fim, inicia-se um redemoinho. A água
aro, este aplica um torque no sentido contrario move-se numa espiral em torno do eixo que
sobre o estudante. Neste caso, nem o momen- passa pelo ralo.
to angular do banco e do estudante se conser- SALTO ORNAMENTAL
vam individualmente, mas sim, o momento
angular do sistema (banco, aluno e aro).
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UEA – Licenciatura em Matemática
Massa: 6 x 1024 kg
Distancia media ao Sol: 1,5 x 1011m
Raio: 6,4 x 106m Considere que as calotas polares tem cerca de
2,3 x 1019kg de gelo. Se elas entrarem num
Momento de Inércia: processo de derretimento, de modo que o
nível de água se distribua uniformemente pela
Com base nestes valores faça uma estimativa do superfície do planeta, faça uma estimativa de
momento angular da Terra, levando em conta: quanto vai variar a duração do dia.
a) Seu movimento de rotação em torno do seu
eixo. 5. Explique a razão de um helicóptero ter dois
rotores: o principal e um outro menor, localiza-
b) Seu movimento de rotação em torno do sol.
do na cauda cujo eixo é horizontal.
3. Segundo Galileo, a velocidade alcançada por um
objeto se deslocando por um plano inclinado era
, enquanto que a aceleração era:
a = g sem
Este resultado foi muito importante para ele,
pois lhe permitiu fazer deduções sobre a
queda livre observando o movimento de um
objeto rolando por um plano inclinado com O que acontece com o helicóptero se o rotor
uma ligeira inclinação. menor falhar?
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