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Notícia digital – em busca da identidade

Ricardo Nunes∗

“News will never be that simple again” sources and techniques are constantly being
Peter Zollman developed, new software comes out that re-
quires some time to understand”.2
Inscrita na vasta galáxia electrónica, a A reacção dos media ao paradigma emer-
notícia entronca-se com as mais variadas gente, acabou por se revelar, inicialmente,
fontes e recursos, num renovado paradigma precipitada e desajustada face à nova reali-
comunicacional. As várias mediamorfoses dade. A ausência de uma noção clara de
registadas permitem afirmar que “The inter- quais eram as novas regras do jogo, condu-
net has the potential to change the way news ziram o fenómeno jornalístico a uma expe-
is made”.1 A forma explosiva como influ- rimentação superficial do novo meio, desa-
enciou todas as áreas do saber e da actividade proveitando todas as potencialidades laten-
humana, e no caso concreto, a actividade jor- tes. A mera transposição de conteúdos jor-
nalística, valida a ideia de que, a Rede se nalísticos para a rede - shovelware - como se
impõe de forma esmagadora, influenciando fosse um suporte de papel, foi a prova evi-
tudo em seu redor, contaminando-o com as dente que faltou consciência e conhecimento
suas regras e procedimentos. Os impactos para dominar o desafio electrónico. Este
sentidos na informação são prova de que esta é ainda um problema que persiste, “(...)the
influência se instala, progressivamente, alte- ink isn’t dry yet” como faz questão de notar
rando o modo como se pensam e fazem as Jeff Boulter, mas há, no entanto, sinais cla-
notícias. Sendo um período de experimen- ros que jornalistas e redacções têm consoli-
talismos, no qual investigadores, jornalistas, dado a construção das notícia aos pressupo-
entre muitos outros, procuram encontrar ba- stos multimédia..
ses sólidas de trabalho, poder-se-á afirmar A variedade de contributos e a multipli-
que este é um momento feito de buscas e se- cidade de opiniões e experiências permitem
dimentações. Como refere Nora Paul, “(...) estabelecer o que se poderia designar como
Understand that the Internet is here to stay, os fundamentos operacionais da linguagem
but the sands are constantly shifting. New re- multimédia.
∗ 2
Mestre em Ciências da Comunicação – ESE- PAUL, Nora, “Computer- Assisted Re-
Setúbal search - A guide to tapping on-line infor-
1 mation”, Bonus Books, Aug./Spt., 1999,
BOULTER, Jeff, On line publishing: the past,
present, and future of electronic distribution, 1995 <http://www.poynter.org/research/newcar/index.html>
<http://www.nepressence.com/boulter/jeff/on- (17/06/00)
linepub.html> (18.5.95)
2 Ricardo Nunes

As rotinas que se instalam na prática pro- consumo. Hellen Hume afirma claramente
fissional permitem falar num radical novo “It is time for a new model for news”, Angéle
jornalismo, que vai beber aos modelos clás- Murad também frisou “O que está aí já não
sicos, mas que terá que contar com os mais basta”. Admitindo como certo que as águas
recentes desafios e conquistas. Daí que se ainda se encontram agitadas e que vai de-
registem alterações em todo o processo de morar algum tempo até se conciliarem as
construção da notícia que contemplam a pes- propostas dos vários protagonistas envolvi-
quisa, o tratamento e a apresentação da infor- dos neste processo, apresenta-se, com carác-
mação. E se quiséssemos avaliar as questões ter de urgência, a instauração de um modelo
da recepção, também diríamos que também para a escrita digital. No caso concreto da
a este nível se manifestam alterações de notícia digital, é preciso encontrar a bússola,
grande impacto tecnológico (interactividade, ou a carta de marear que permita aos faze-
personalização, recursos multimédia: inter- dores de informação electrónica despirem a
net, sms, etc.) pele de aprendizes de feiticeiro. Só dessa
A aposta fundamental deste trabalho vi- forma, como reconhece Tim Berners Lee,
sou uma avaliação da linguagem multimé- será possível usar a mesma moeda nas tran-
dia e dos impactos provocados na notícia on- sações.
line, ou seja, como se trata e apresenta a notí-
cia multimédia. Sintetizemos algumas ideias • Escrever on-line significa aplicar os
centrais: conceitos multimédia

• Um modelo para a escrita digital Tendo em conta que a linguagem mul-


timédia radica a sua estrutura em pressupo-
A emergência de um novo paradigma da stos de interactividade, hipertextualidade, in-
comunicação terá, forçosamente de ser en- stantaneidade, personalização e multiplici-
quadrado num corpo teórico que lhe dê sub- dade de recursos, será coerente admitir que
strato, consistência e firmeza. Assiste-se à as características enunciadas se apliquem à
emergência de um modelo que inscreve ca- nova formatação da notícia electrónica. É
racterísticas do seu antecessor mas que se da complexidade dos elementos que a envol-
afirma com forte individualidade. O meio vem que nasce uma geração de notícias, que
interactivo, é também um medium para as absorve a clássica escrita dos modelos tra-
massas, mas não radica na comunicação de dicionais e lhe acrescenta níveis de profun-
massa o seu pressuposto teórico e prático. O didade. Será porventura esta uma das mar-
que vem lá no fundo é o contorno de um self- cas do jornalismo contemporâneo, a de es-
media que permita ao utilizador escolher, op- tender a matéria jornalística a planos e di-
tar, seleccionar, criticar, ordenar, em suma, mensões que outrora o suporte técnico não
tomar o comando daquilo que lhe interessa. permitia. Se as regras convencionais da es-
Se o produto disponível on-line perde o seu crita jornalística continuam a aplicar-se ao
determinismo e o seu carácter estático, então formato digital, é porque na essência o tipo
é porque algo de profundo acontece no reino de jornalismo radica nos pressupostos que há
digital e que influencia as várias esferas de séculos são aperfeiçoados. A mudança de

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meio, confere-lhe valor acrescentado, pelas também na aproximação entre os vários in-
virtualidades de expansão que nela podem terlocutores presentes neste processo. Em
estar contidas, ou melhor dizendo, que nela última instância, o leitor surge como co-
podem estar sugeridas. Os níveis de pro- editor da notícia já que fará dela o recorte
fundidade referidos, representam a possibi- e a versão que lhe interessar.
lidade de ler a notícia de modo sequencial, Na personalização reside outra das vanta-
ou explorá-la pelos vários caminhos que a gens da informação on-line já que os media
mesma permitir. Na última opção inscreve- digitais tendem a oferecer um modelo que
se uma abordagem revolucionária que a me- permite alcançar, exclusivamente, as temáti-
stria dos homens tratará de burilar. A arti- cas previamente definidas entre leitor e meio.
culação de elementos, a conjugação de inter- As experiências realizadas pelo MIT e os
faces, a optimização do triângulo meio, pro- contributos de vários profissionais do sector
duto, leitor, constituem desafios fundamen- editorial, permitem identificar esta caracterí-
tais. stica como uma forte possibilidade na espe-
cialização da informação on-line. Através
• Em busca da identidade da notícia de agentes inteligentes, de programação in-
on-line formática baseada nas técnicas de push news
e pull news, será possível talhar o jornal à
A afirmação de identidade constitui um medida de quem pretende receber determi-
desafio universal que também atinge a notí- nado figurino informativo. J.D. Lasica iden-
cia on-line nos seus pressupostos teóricos e tifica esta como uma mais valia, tendo em
na sua concretização quotidiana. É possível conta que se trata da satisfação de um alvo
identificar alguns traços que fazem dela um muito preciso “to be micro-targeted to indi-
conceito singular na história do jornalismo viduals”. O testemunho de Nora Paul evi-
mundial. A notícia multimédia reveste-se, dencia, de modo metafórico, a busca de in-
ou tende a revestir-se, da mesma roupa- formação como se de um mergulho para cap-
gem da linguagem multimédia. Tem o seu turar pérolas se tratasse - “I like to think of
trunfo decisivo na capacidade de interagir using the Internet as pearl-diving, being tar-
com o leitor, proporcionando um diálogo geted and focused on your goal and develo-
efectivo entre “fonte-redacção; redacção- ping the skill to dive down to where you need
leitores; leitores-anunciantes: leitores, leito- to go”3
res” como referem Pérez Luque e Foronda. Completando o quadro normativo da notí-
A interactividade patente através de re- cia on-line, é imperioso sublinhar a neces-
cursos vários (ligações, e-mail, formulários, sidade de actualizar a informação de forma
sondagens, chat, grupos de discussão, sms, permanente. Sam Ladner interroga a dada al-
etc.) altera a estrutura do proceso comuni-
3
cacional, tendo em conta que a sequencia- PAUL, Nora, “Computer- Assisted Re-
search - A guide to tapping on-line infor-
lidade da informação, se complementa com mation”, Bonus Books, Aug./Spt., 1999,
a leitura não-linear. Este recurso técnico irá <http://www.poynter.org/research/newcar/index.html>
traduzir-se, não só na renovação dos mo- (17/06/00)
dos de leitura e selecção de informação, mas

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tura “So, no deadlines, constant deadlines?”. e de conhecimento que de outro modo, difi-
A resposta surge de imediato: “No deadli- cilmente seriam explorados de forma inten-
nes, yeah. But always deadlines”. Significa cional.
isto que estamos perante novos timings in- Há um outro aspecto na notícia que me-
formativos, ou no limite, a internet derrubou rece ser destacado, dada a riqueza de inter-
o muro temporal para o incluir, permanen- pretação que sugere. Quando Pierre Levy
temente, nas lógicas de produção informa- aproxima a escrita hipertextual à montagem
tiva. Trata-se do efeito de cronomentalidade de um grande espectáculo, de facto, recon-
referido por Philip Schlesinger, que sustenta hece que o colectivo de especialistas que são
o espartilho constante do tempo, da veloci- convocadas para a sua produção, os meios a
dade, da produção de conteúdos, da tirania que recorre e o modo como apresenta a in-
do relógio, ou do contra relógio. A nova ló- formação, reveste-se de uma complexidade
gica de produção surge sustentada na triolo- digna de um palco e holofotes. De outro
gia que reúne o carácter recente e imediato modo, a notícia multimédia é fruto dessa un-
da informação e a necessária circulação da idade global de contaminações e mestiça-
mesma no palco dos factos e na rede elec- gens, apresentada como um todo orgânico,
trónica dos acontecimentos. Doravante esta- em que cada um dos seus componentes re-
mos perante a múltipla conjugação de várias spira e vive em função do elemento ao qual
temporalidades: passado (arquivo), presente está associado.
(directo) futuro (antecipado), e arriscaria di-
zer o tempo permanente (contínuo da infor- • Re-avaliação do conceito de notícia
mação/actualidade).
Para que fiquem sintetizadas as caracterí- Do ponto de vista clássico, é notícia a in-
sticas determinantes da notícia on-line, é im- formação que se baseia na actualidade, novi-
prescindível condensar aquela que vai explo- dade, veracidade, periodicidade e interesse
rar as vantagens da ligação hipertextual. A público. As premissas básicas do conceito
documentação, como sugerem Pérez Luque mantêm-se válidas, mas apenas do ponto de
e Foronda, constitui esse imenso espaço de vista formal, pois um olhar mais criterioso
abrangência por onde a notícia se vai alar- terá que interrogar cada um dos seus com-
gar, requerendo as técnicas, os recursos e ponentes. Daí que seja necessário dar aber-
as profundidades que estiverem ao alcance. tura e dimensão ao conceito complemen-
Esse conjunto de ligações pelo (quase) infi- tando o lado convencional da definição com
nito, vai permitir não só, a possibilidade de o elemento electrónico, proporcionando uma
um background permanente, recorrendo ao constante articulação entre ambos.
que tem a ver com a história de determinada Vejamos, a actualidade e a novidade de
notícia, como a confluência de imagens, gra- uma notícia são características universal-
fismos, sons, fotografias, documentos inte- mente aceites, no entanto, quando estes com-
grais, referências a sites vários, etc., etc., ponentes são confrontados com a notícia di-
etc.. Através deste recurso técnico é possí- gital sofrem uma alteração substancial. Dá-
vel estender a notícia, enquanto referência se aqui um fenómeno de acréscimo à tem-
inicial de leitura a patamares de informação poralidade da notícia, uma vez que esta

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parte da marca presente da actualidade, po- odicidade jornalística vê-se agora articulada
derá estender-se para o passado em busca com os ponteiros do relógio, já que a cada
de contextualizações importantes, e, even- segundo, nalgum meio de comunicação do
tualmente, abrir caminhos para eventuais mundo se dão a conhecer as notícias que
cenários, caso recorra a comentários, ou a não precisam de esperar pela hora formal de
factos de agenda que poderão trazer mais va- edição. Característica que perdeu muito da
lias à notícia. Neste sentido, embora a notí- sua razão de ser.
cia parta da actualidade e da novidade, terá Definir a notícia pelo prisma do interesse
que jogar, a partir de agora, com os vários público passa a ser uma tarefa infinitamente
ciclos (políticos, económicos, sociais, etc..) relativizada. No jornalismo on-line a possi-
de modo a enriquecer a leitura mais exigente. bilidade de satisfação do leitor corresponde
A veracidade da notícia é uma das ca- ao mecanismo de personalização de infor-
racterísticas sagradas, e que na edição on- mação que esteja disponível por determinado
line mais dúvidas suscita aos profissionais e site ou portal. O interesse público cede lugar
teóricos da comunicação. A perda de sobera- ao interesse individual, pois a preocupação
nia por parte do jornalista em apresentar uni- dos servidores de conteúdos, passa, essen-
vocamente a informação, o acesso facilitado cialmente, pela satisfação das necessidades
às fontes, a proliferação de portais que, pon- de cada utilizador e já não do público em
tualmente, misturam interesses publicitários massa. A convergência tecnológica, que per-
e notícias, as possibillidade de comentário mite a enxertia de meios e recursos na con-
num “acrescento” à notícia, a pressão dos strução da notícia e do jornal digital, gera ela
blogues, entre outros, são exemplos que de- própria a divergência dos públicos, orienta-
vem ser equacionados de modo a fazer deste dos agora para nichos de mercado, cada vez
princípio um dos santuários a preservar. A mais exigentes. É na satisfação destes micro
função de watchdog atribuída aos jornalistas, públicos que residirá o sucesso das edições
fica relativizada com o acesso directo conse- on-line, ou porventura, o atestado de óbito
guido pelo público em geral, ficando igual- prematuro...
mente afectada a sua incumbência de ser o Uma eventual reavaliação da abordagem
filtro da actualidade, ou seja, o gatekeeper conceptual de notícia poderia contemplar o
entre matéria prima (factos) e consumidores. suporte em que a mesma é formatada e di-
A questão da periodicidade, vê reforçados fundida. Deste modo, às características da
os elementos que até agora estavam descritos notícia que a definem pela actualidade, novi-
nos manuais de jornalismo. Jornais matuti- dade, veracidade, periodicidade e interesse
nos e vespertinos, diários e semanais, noti- público, poderia acrescentar-se a particulari-
ciários horários ou com intervalos de tempo dade do meio através da qual é difundida.
mais reduzidos, são características associa-
• A técnica, o texto e a supremacia da
das à imprensa escrita, televisão e rádio da
qualidade
era pré-internet. Com a inclusão do jorna-
lismo na rede, foram estilhaçados os timings É a alavanca tecnológica que motiva a
de edição, pois, o fecho da hora é constante, actualização dos paradigmas da comuni-
permanente, ininterupto, continuo. A peri- cação, fazendo da aventura digital, uma das

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mais fantásticas e complexas experiências absorvem as imagens e os grafismos da pá-


na história da humanidade. Aperfeiçoam-se gina electrónica. Paul Saffo, investigador do
os esquemas de modo a apresentar a infor- Instituto para o Futuro (Califórnia), entende
mação mais rápida e apetecível, reúnem-se “Hoje, o texto se tornou tão pioneiro quanto
fórmulas que dão ao mundo notícias, quase, a mais inebriante novidade da mídia eletrô-
em tempo real. Mas o fascínio que a técnica nica”5 .
desenvolve não deve ofuscar, nem secunda- A conjugação da técnica apurada com a
rizar o que verdadeiramente está em causa valorização do texto, terá que se saldar por
- o texto e a qualidade da sua produção. Pa- uma escrita de qualidade. Embora não se
rece consensual a defesa da tese de que “Não inscrevam, no âmbito deste texto, consi-
adianta um computador Macintosh permitir derações qualitativas sobre os conteúdos dos
a elaboração de uma página maravilhosa se a media digitais, no entanto, a experiência da
reportagem é fraca”4 . Esta é, seguramente, comunicação social on-line permite identi-
uma das questões decisivas no que toca à ficar alguns traços diferenciadores: capaci-
edição digital e que se desdobra no fortale- dade de resposta, veloz, factual, descritiva,
cimento da palavra e do texto através da lin- vacila entre a síntese telegráfica e alonga-
guagem informática e por outro lado, na ne- dos desenvolvimentos, vacila entre o sho-
cessidade de apresentar conteúdos de recon- velware e a produção multimédia. Há no
hecida qualidade. entanto um outro factor, que propositada-
Senão vejamos, o próprio conceito de hi- mente surge destacado, a ausência de notícia
pertexto, estabelecendo diálogos entre ele- enquanto estória do quotidiano e a sua sub-
mentos de natureza diversa, radica a sua ori- stituição pelo relato do despacho de agên-
ginalidade no estabelecimento de links atra- cia noticiosa. Neste particular, a notícia on-
vés de hot words, que por sua vez colocam line, terá que encontrar o ponto de equilí-
todo o texto em conjugação efectiva. A in- brio entre o texto que narra factos sobre o
ternet é texto electrónico em potência, que maremoto no sudeste asiático (prejuízos, vi-
imprime dinâmica ao texto fixado por Guten- timas, extensão afectada, etc) e as estórias
berg, agora reabilitado no turbilhão do uni- de quem viu arrastadas pelas águas o pouco
verso numérico. Esta particularidade é re- que amealhara uma vida inteira, ou, os caso
forçada pela importância dada ao texto pe- que correm mundo, de vitimas encontradas
los leitores das edições on-line. De acordo vários dias depois da tragédia. Tal como é re-
com as investigações do Poynter Institute da ferenciado no corpo teórico da presente dis-
Universidade de Stanford, é nele que as pes- sertação, quando a notícia se aproxima do
soas centram o olhar quando fazem a desco- conceito de estória, o seu impacto e eficácia
berta da notícia multimédia, e só depois se aumentam extraordinariamente. São os ro-
4
stos que traduzem os números, são os episó-
Ideia defendida pelo professor de ética,
Carlos Alberto di Franco, num painel sobre dios que tornam compreensível o sofrimento
Tecnologia, integrado num Encontro Mun- humano.
dial de Entidades Jornalísticas no Brasil, 5
<http://www.zerohora.com.br/caderno/cultura/
<http://www.zerohora.com.br/caderno/cultura/pagina
pagina17.htm> (16.03.97)
27.htm> (16.03.97)

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• Notícia - o novo ingrediente da econo- O conjunto de considerações que têm sido


mia digital exploradas remetem a presente temática para
novos patamares de reflexão, constituindo
A questão é devidamente colocada por cada um deles, um possível campo para in-
Katherine Fulton, “The main event isn’t vestigações aprofundadas. O caminho per-
technology. It’s economic and social corrido representa um esforço de sistemati-
6
change” . Ao defender que as notícias nem zação, e porque não dizer de fixação de um
sempre são jornalismo, a autora coloca o fenómeno (multimedia), e de um conceito
acento tónico numa questão fundamental - (notícia) caracterizados pela volatilidade e
a notícia é um conteúdo mais que alimenta permanente actualização. Para o derradeiro
a poderosa cadeia de informação mundial. ponto final parágrafo, regista-se uma ideia
Esta realidade tende, no entender da autora, a que deve martelar os espíritos mais cépti-
reduzir o jornalismo a uma pequena parcela cos. Para que ninguém fique ultrapassado
em todo este processo - “(...)journalism will pela voragem do tempo e pela complexidade
become a smaller and smaller part of an ever- da tecnologia, Michael Chrichton, o autor do
expanding global media and communicati- best-seller “Parque Jurássico”, lança o repto
ons system”.7 As mega fusões empresariais aos que têm a responsabilidade de escrever
entre grupos estratégicos que reúnem suporte notícias em formato digital: “Change your
tecnológico e conteúdos vários, representam news culture, or become fossils. Adapt to
a face visível de um mundo de alta finança the new digital realities, or become museum
que dá passos de gigante de modo a contro- relics”9
lar grossas fatias de mercado. Essa engenha-
ria financeira, também se faz com as notícias
do mundo, um dos produtos de maior des-
gaste, mas por isso mesmo de procura mais
intensa por parte dos públicos mais variados.
O rumo estratégico está perfeitamente enun-
ciado ““Media” will be where we get news,
get entertained, get educated, and get mo-
ney”8 . Tão rica como os barris de crude, a
notícia, e a informação em geral, têm lugar
cativo na alta roda da finança mundial.
6
FULTON, Katherine, “News isn’t always jour-
nalism”, Julho/Agosto de 2000, <http://www.cjr.org/
year/00/2/fulton.asp>, (28.07.00)
7
FULTON, Katherine, “News isn’t always jour-
nalism”, Julho/Agosto de 2000, <http://www.cjr.org/
year/00/2/fulton.asp>, (28.07.00)
8
FULTON, Katherine, “News isn’t always jour-
nalism”, Julho/Agosto de 2000, <http://www.cjr.org/ 9
CRICHTON, Michael, “Whose News?”, Ame-
year/00/2/fulton.asp>, (28.07.00) rican Journalism Review, 9 de Maio de 2000,
<http://www.ajr.newslink.org/> (09.06.00)

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