crianas, quando ainda atuava em sala de aula. Esse imaginrio fantstico e to rico na nossa cultura me fascina e me leva de volta infncia, onde as histrias mgicas parecem se misturar realidade: bicho papo, papa figo, caipora, cabra cabriola assombravam a todos. Mais tarde Monteiro Lobato, me transportou para o Stio do Pica Pau Amarelo a conviver com Cucas e Sacis. Mas foi lendo Cmara Cascudo, que tomei conhecimento de outros personagens. Um deles, o Labatut, habita a mente dos moradores das cidades e povoados da regio da Chapada do Apodi, nos estados do Cear e Rio Grande do Norte. A Chapada do Apodi uma formao montanhosa localizada na divisa dos estados do Rio Grande do Norte e Cear. No Rio Grande do Norte est distribuida em quetro municpios: Apodi, Barana, Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado. No Cear abrange cinco municpios: Alto Santo, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Quixer e Tabuleiro do Norte. E foi nessa regio, no alto serto nordestino, que um personagem da nossa histria virou lenda de assombrao. Segundo Cmara Cascudo a lenda uma reminiscncia do militar francs Pedro Labatut, que em 1831 veio para o Cear reprimir a Insurreio iniciada no serto cearense, conhecida como a Revolta de Pinto Madeira. O movimento era uma reao s mudanas polticas causadas pela abdicao de D.Pedro I. Dizia-se que o general Labatut era extremamente violento e cruel. Fuzilou muitos negros e surrou muitas pretas. Em virtude da sua incontrolvel crueldade acabou virando monstro na boca do povo.
General Pedro Labatut
O MONSTRO LABATUT Martins de Vasconcelos, no seu livro "Histrias do serto" escrito em 1918, relata o que ouviu do povo: "Labatut um bicho pior que o lobisomem, pior que a burrinha, pior que a caipora, e mais terrvel que o Co-Coxo. Ele mora, como dizem os velhos, no fim do mundo, e todas as noites percorre as cidades para saciar a fome, porque ele vive eternamente esfaimado. Anda a p. Os ps so redondos, as mos compridas, os cabelos longos e assanhados, corpo cabeludo,como o porco espinho, s tem um olho na testa como os cclopes da fbula e os dentes so como as presas do elefante! Ele gosta muito mais de meninos, porque so menos duro que os adultos! Ao sair a lua, ele que anda ligeiro, entrar pelas ruas num trote estugada, pairando s portas para ouvir quem fala, quem canta, quem assobia e quem ressonar alto e zs! Devorar!... Os ces do sinal. latindo-lhe atrs!"
Fontes: Cmara Cascudo - Dicionrio do Folclore Brasileiro -Ediouro Publicaes/SP Pesquisas Google: Wikipdia Fotos: Imagens Google