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- O senhor costuma dizer que os intelectuais, ao contrrio dos letrados - definidos como
aqueles que no so capazes de ampliar e aplicar o conhecimento apreendido -, esto
cada vez mais raros. De que forma o sistema universitrio estaria contribuindo para a
profuso de letrados?
- Por que?
- Ela no abandonou sua misso. O que ocorre que, no atual contexto, ela apenas ficou
menos capaz de cumpri-la.
- Sei que no ser nada fcil reverter o processo de burocratizao. A universidade vive
um debate que se refere ao outro, quando deveria se voltar para suas prprias questes.
Embora esteja temeroso e preocupado, acredito que os movimentos de fundo da
sociedade, que passavam despercebidos, esto explodindo na superfcie e demandando
mudanas de atitude. Isso o resultado do processo social, que vai exigir que a
universidade amplie seu universo de preocupaes. J existe em muitos grupos a
esperana de mudana.
- O caldo de cultura que baliza a vida j violento em si. A globalizao exige de todos
os atores, de todos os nveis e em todas as circunstncias, que sejam competitivos. Esse
processo exige que empresas, instituies, igrejas sejam competitivas. A competio
estimula a violncia porque a regra que vigora a regra do resultado. No existe tica.
Quando, por exemplo, se privilegia, no ensino secundrio, a formao tcnica, sem
nenhum contedo humanstico, est se criando mais um caldo de cultura que estimula
atitudes violentas.
- Quais so eles?
- O desencanto com o resultado do esforo, depois que se descobre que os espertos so
os vitoriosos. A desesperana de um trabalho regular, o incitamento ao consumo - que
tambm desagregador -, a falta de certeza na justia social. Se vive hoje em um mundo
de temores e incertezas que conduz a um estado de permanncia.