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O}ITRA A HERESIAESPÍRTTÁ
Livros de drientação Católlca sobre o pspiriüsrno:

As Fraudes Espírltas e os FenômenosMetapsíqarícos,


pelo P e. Carlos Here d ia , S .
J. I vol. br.
. 150I?10 mm, 36? pp. Cr$ 4O00.
^
EstudoCriticodas CiênciàóOcuÍtas.íoi Filipe Ma-
chado Carrion. I r. o l. -b r. l40x2l5 filn, FRer BoRvENruRn, O. F. lï1.
175 pp. Crg rS,00.

FOSIÇÃO CATÕLICA PERAI\TE


BANDA

p.Ci.tu=à EDITORA V,JZES


LIÀIITADA
Caìxa postat 2g _ peirOpofis,"'h:'l:..
õt 1954
Palavra telegráÌica. -
t EDITORA VOZES LIi\{tT.qDA, PETRóPOLIS, R..J.
RIO DE'JANEIRO-'SÃO PiLULO-
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Co}iTRAA HERESIAESPÍRITA

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EDITORA VOZES LIIúITADA, PETRÓPOLIS,R. J.
Rto DE JAr\iErRO- SÃO PAULO
Segundo ama puhlícação olicial da Confederação Espt-
rita Umbandista, exist'etmna drea do Dktrito Federsl e do
Estado do RÌo, "cerco de trinla mil tendas, centros e terrei-
ros" (Doutrinae Ritual de Umbanda,Rìo /951,p. 152).Cre-
mos haver exagerc na eslimativa. E, porém, inegavel a pro-
Iiferação verdadeìromente espantosa desses centros de sÍr-
perstição, Ieviand,ade,depravação, degradação morat e lou-
cura, em que se misturam prdticas fetichistas e ritos cató-
IÌcos, deuses alrimnos e santas nassos, doutrÌnas esplritas
e ensinamentoscotólícos, num sincretismo bdrbaro de ne-
cromonci.d,magia, paltteisnto, demonolatria e heresia. O co-
missário Rui A. Tenório, chefe da secçãode Tóxicos e Mis-
tificações da De[egatía de Costutnese Diuersõesdo Rio de
I M PRI ì TI AT U R laneiro, declarou no dia I de Abril de 1953 à Tribuna da
POR COI!ÍISSÃOESPECIAL DO EXMO, E
REVT{O. SR. DOÌI JV1ANUELPEDRO DA Imprensa que aquela secção já rcgÌstrara até aquela dcta
CUNHA CINTRÀ. BISPO DE PETR,ÓPOLIS. uzas seté mil tendas espíritas.Acentuamos: trata-se de 7.000
FREI LAURO OSTERIÌÍANN' O. F' M.
PETRÓPOLIS, 16.X-19ã4. tendas registradas e úpenÍs na maratilh.osa cidade de Sdo
Sebastiãodo Rio de laneìro! E cerÍo que exístem também
muitos terreíros não registrados, mas funcionand,opúblÌm-
mente e 'oulros rnuiÍos clandestinos.As údades flumínenses
de Coxias, São João de ilIeriti, Nova |gaaçu e outros su-
búrhios do Rio, poss$emcadtl unta, como sahemospor ín-
lormações pessaais,não dezefias, mas rcntenas de cenÍros
de Umbanda. E nã.osó no Rio. Estivenrssnr Sul, em Porto
Ategre, Pelotas, Rio Grande e outrüs cídadrc, onde o pro-
blema ë exatementeo mesmo e em qfi$se idênticas propor-
ções. Coisa ígual se poderd dizer do Norte, de Pernambuco,
da Baía e de outros Esfados da Federação.
E não julguemos qüe se trata de um movì.mentaapenas
entre a gente de cor. A absoltttx maíoría dos "chefes de ter-
reiros" são brancos e as tendas \ambëm são frequentadas
por pessoosque vão até td em tarrls de laxo ou com
chapa branca. Poder-se-ía pensar que, sendo o letíchísmo
unu relígído própria da clssse ínculía ou ignorante, haveria
TODOS OS DIREITOSRESERVADOS
CONFUSÃO NA UMBANDA.
Há muítos livros sobre a Umbanda. Temos diante de
nós mais de vinte, além de revistas e jornais. Emanuel Zes-
po (pseudônimode Paulo À,Íenezes),Oliveira À{agno, Lou-
rerrço Braga, Jayme Madruga, Alnrizio Fonienelle e Heraldo
Menezes são os autores principaís. Mas quem ler estes li-
vros todos para, afinal, saber o que é a Umbanda, ficará
decepcionado.Náo há unanimidade nem clarcza. Cada um
escrerrepor conta própria, persuadidode ter assistêncïaes-
pecial cle algum "guia" do além, O mais autorizado entre
èles confessa:"Até hoje, nada de claro ao público, em ma-
téria literária sobre Umbanda" (Emanuel Zespo, Codificação
da Lei de Umband.c, Parte Cientifjca,Rio 1g51,p. 16). Ou-
tro se lamenta: "Um autor contradiz o outro e vire-se em
Cr$ I. 98L000,00;a contrib$içãototal às entidadesumban' terrível confusão",'depois precisa; .,Os autores de Umbanda
dÌslas do Rio: CrÊ 7.202-000,00.. ' se coutradizema si próprios e não apenasa seus colegas',
Se sãa milhares os centros de Umbanda, milhões serão (Samuei Pônze, Lições de íJmbanrIt, Rio Ig54, p. 35). Não
seus frequentadores.Ffais de 90Yo dos brasileíros' oficíal- sòrnentecada autor, cada chefe de terreiro proclama:'A
mente perguntados sobre sua religião, responderamem i,950 Umbanda que aqui se pratica, é muito diferenterlessa Um-
que srÍo cttrjlitos, Não se.ráiniuríoso supor qüe muitos des- banda q,.le se pratica por aí afora',. pois: ,,lnúmerassão
ies "católìtos" r,ão sos Tetreiros, ds Cabanas e âs ?"endas' as contradiÇõesexistentes , entre os próprios praticantesda
Supomosque o fazem por [gnorância, por iatta de esclare' Umbanda" (Aluízio Fontenelle,O EspìritÌsmono Conceito das
úmento. htfro sabem o que i a Urnbanda. Rtrrss vezts otl Re/rgiõrs e n Lei de {lmbonda, Rio, p. 6g). ,,Caclaum pÍo-
talvez nutLcl recebersm orientação rl esss respeíto. Os pró' crtra Iazet umerLlnrbanclaa seu modo, e dentro do conceito
'prios Padres não podem informar, porqne desconftecem u que ele próprio inragina, de acorcio com a sua instrução,
lJmbanda. Estit,enosem pa-róquÌasonde hú rcnfenss desÍcs com a sua capacidadede imaginação,conr os seus conhe_
centros e onde o seü pastor imediato, o vigdrio, pergün'
tado por nós, confessounão saber sequer o que ë a Um-
banda. Não tonhecemosum itnico litro da parte calóIica
sobre o assunto.Eís a razão por que iulgamos necessdrioe
oportuno apresentar esfa "posição catóIÌca perante a Um-
bandq".
Alguns, não obsiante,conseguiramreunir grupos maio-
res. Formaram-seassirn a ConfederaçãoEspírita Umban-
e comete o bem ou o mal, segundo as boas intençõesou
a burrice de seus dirigentes', (S. põnze, obra citadã, p. 25).
- "Todos os dias nascem novos terreiros de Urnbanda
que são chefiadospor pessoasde parcos conhecimentos es-
piriiualistas,No geral são membrosde outros terreiros mais
antigos que se rebelam contra os caciquese saem para a
aventurado espiritualismoprático, sem armas de deÍesa,sem
uma formaçãosólida, sem uma longa experiência,'(E. Zespo,
Coúifì.caçãoda Lei de lJmbanda, parte prática, Rio 1g53,
p. 97). "Como então fundarn-seterreiros e mais terreiros

No meio de tanta confusão é evidente a dificulcladeem


dar uma orientaçãodefinitiva sobre a Umbanda e que sa-
tisiaça todos os umbandistas.Far€mos,entretanto,o possÍ-
vel para ,não sermos injustos ou injuriosos. Não nos pÍo-
pomospròpriamenteum estudode Etnografia.eueremosmos-
trar apenas aos ìrmãos na fé católica o que é este movi-
mento religioso que atualmente se alastra pelo Brasit afora
com o estranho nonre de Espiritismo de Umbanda, ou Lei
de Un:banda ou simplesmenteUmbancÍa.Não é, por conse-
guinte, intenção nossa Íazer um rnsaio sobre o Africanjs-
Íno no Brasil. Não investigamoso pa.ssarlo:procuramosco-
trhecero presente.Como organiza-ção, n movimentoumban-
dista é bastanterecente.Seus dirigeniesprocurarnaçanrbar-
guia oü de seus guias, sÓ DeLrsl" (p'2?)'
car, sob a bandeira de LÍnrbarrda,os mol'irnentospapulares
E por que tocla essa confusão,essa falta de ciareza' do Batuque (no Sul), da Mammhrr (no Rio) e do ,Ccndam-
de unanimidadee de tniáo? Os melhores e mais enten- blê (na Baia)). Nâo estu<laremos nenhuma deslas três de-
didos entre os umbandistassáo suÍicientementefrancos pa-
nominaçõesparticularmente:o que veÍ€mos é a sua con-
ra confessâlo. Eis aí algumas declaraçõesque convérnre- junçáo, unra espéciede superestruturaquer procurandocoor-
denar os elementosdo Batuque,da l\{acumbae do Candom'
blê, pretende oferecer-lhesuma Íachada mais atraente e
aceifáveltambém pâra o civilizado e o cristão. A isso dão
a exótica denominaçãode I|mbanda.

ô
\ã.
A PAEAYRA "UMBANDA'" Tudo isso, entretanto, não passa de devaneios+e fanta-
A cdnfusão já se manifesta na explicação da origem sias. O Dr. Artur Ramos já conhecea palavra, que é de
e do significadoda própria palavra "Urnbanda". origem africanissima,designandoo grão-sacerdotedo culto
No fascículo de Junho de 1954 o Iornal de Umbanda bântu ou o evocador dcs espíritos (cf. O Negro Brasileiro,
(Rio, p. 2) ainda lemos: "Há mil e uma interpretações sobre I vol. Etnografia Religiosa-,3o ed. p. 107 e 102). Por isso
também o recenteCstecismode Umbanda {Rio 1054) con-
a palavra Umbanda, Essa palavra é um constante e peÍ-
manente desafio aos estudiososdo assunto. Uns dizem que
cede despretensiosamente: "Umbanda é uma palavra africa-
.na, significandoora o sacerdote,oÍa o local onde se pra-
é Luz lrradiante, outros dízem que é Banda de Deus, há
os que dizern que é Corrente Espiritualista e vai por al ticava o culto" (p. 7).
afo'ra, porém tudo vago e indefinido, sem haver, entrètanto,
uma explicaçãocabal e convircente".A tendênciageral era UJUBANDA É ESPIRITISÀ{O.
de não admitir que seja de origem africana.O primeiro Con-
Existe grande desavençaentre os adeptos do Espiritis-
gresso 'de Espìritismo de Umbanda, realizado no Rio de Ja-
mo ldardecista(que aceita a doutrina codificada por Âllan
neiro em Outubro de i941, tinha a manifesta preocupação
Hardeci e os do Espiritismo Umbandista.Uns e outros fa-
de mostrar que a Umbanda é de origem antiquÍssima,vem
zem questão de dizer que são "esplritas". ,l\{asos primeiros
dos hindus, contemporâneados \'redas,que depois passoil
declaramque foi Allan Kardec quem criou e fixou o termo
à África, dondeveio paÍa o B'rasiL.Eis o teor das primeiras para designar especìficarnente o mor.imento espiritualista
duas conclusõesunânimementeaceitas pelo dito Congresso: por ele iniciado e que, poÍ coflseguinte,outros não podem
"1)'doO Espiritismode Umbanda é uma das maiorescor- usurpar a nesma designação pâra um movimento essen-
rentes pensamentohumano existentesna terra há mais cialmente diferente. E' a razlao por que reclamam o termo
de cem séòulos, cuia raiz pfovém das antigas relìgiões .e
filosofias da [ndia, fonte de inspiraçáode todas as demals "espírita" para si excÍusivamente.Nem por isso os umban-
doutrinas f ilosóficas do Ocidente". distas deixam de chamar-se "espíritas". Padem alegar em
Umbanda é, palavra sânskrita,quia signiïicação.em
"2)'idioma seu favor que a Umbanda de fato não e essencialmente di-
nosso pode 3er dada por qualque-{dos^ seguintes fererrte clo Kardecisrno.Em I'ista disso a Federação Espí-
conceitos:Priniípio Ditino, Luz Ìrradiante, Fonte Permanen- riia Brasiieira,que lidera entre nós o movimentokardecista,
te de lrida, Evolução Constante".
declarou oÌiciaimenfe: "Baseados em Kardec, é-nos líciio
Á.luisio Fontenelle,todat'ia, regolve que a palavra e.!n
rÌiretr Tado aquele qilr rië nas manifestaçõesdos Espi-
questáo vern da l]íblia, que originàriamenteteria sido es-
ritos é espírita; oÍa, o umbancÌlstanelas crê, logo a urn-
crita em língua "palli", donde teria sido vertida para o he'
bandisla é espírita... Assim, todo urnbandistaé espírita,
braico. E naquela língua a palavra "Umbanda" signífica: por{ìue aceita a manifestaçãorÍos Espíritos, mas nem todo
"Na Luz de Deus", ou Luz Divina (cf. Á Unbsnds atra'
espírita é umbandista,pcrqfie nem todo espirita aceita as
rds dos sécuÍas,Rio 1953, p. T7). Mas o autor 'do Evan'
prátÌcas cie Unbanda" {Rtí(Ìrffindor,órgão oficial da Fede-
gelho de Umítands (".r\ÍestreYokaanam") dirimiu a questão
raçáo Espírita Erasiieira,Julho de 1953,p.149).
sem maiorescomplicações:"Umbanda vem de Urn e Bandü"'
Entretanto,rnuitos kard-ecista.s
não se conformaramcorn
E depois esclatece:"Um signiÍica Deus, em linguagemsim-
plificada oriental, para não entrar em detalhes esotéricos; tão "iniempestii..adeclaração" e *- apesar de alardearem
e Bands significa Legião, exército"; logc Umbanda queÍ ilimitada tolerância- persistemem combatercom estranha
dizer "Legionário de Deus" (p. 44). Seria interessantesaber intransigênciao movimento untbanrÍista.Poderiamos,aliáq
qual é essa rnisteriosa"linguagem simplificada oriental"' - . acrescentarmais uma razã.o QuÊ, a flosso ver, justificaria

I
. plenamentea aspiraçãodos umbandistasquando teimam em
chamar-se"espíritas,':é que eles não apenascrêem nas carnações,na lei da el'olução das almas, aceita a revela-
ma_
nifestaçõesdos Espíritos (coisa que nós católicos iambém ião de Jesus Cristo. Dois pontos distinguemo umbandista
admitimoscomo possível),mas alern djsso praticam do kardecistar a) a ptática da comunicaçãocom os espí'
sua evo_ riios elementais; b) o ritual, muito complexo na lei de
cação e provocam suas manifestações(práìica, que nós
ca_ Umbanda, que é uma religião de culto exteÍío",
tólicos reputamosilícita e pecaminosaporque, como
vere_ já
mos, rigorosamentevedada por Deus). e 3) Emanuel Zespo (pseudônimode Paulo Àtlenezes),
ie que os nossos
kardecistasnão sentem dificurdadesóm quarificar
como es- consideradoem alguns meios "o codiÍicador de Umbanda",
píritas semethantesmovirnentosque, na Inglaterra ensina também que "o Espiritismo de Umbanda aceita in-
e Amé_
rica do Norte, se dedicam a evocaiao provocada
dos espË tegralmente a revelação kardeciana" (O gue ë a Umhanda,
'ritos,' muito embora não admitam á codificação kardeciana, Rio 1949, p. 4?) e, na p' 5l do mesmo livro, o autor es-
nem mesmo a reencarnação,pela mesma razão deveriam clarece: "Dos dit ersos tipos de espiritualistasexistentesno
eles
reconhecer também como verdadejros irmãos mundo, o umbandistaé dos que praticam a mediunidadees-
espíritas os
adeptos da Umbanda. piritualista,e, como os espírìtas,o umbandistacomunica-se
com oÍi desencarnados, aceita a lei das reencarnações, aceita
IDENTIDADE SUBSTANCIAL ENTRE UMBANDA a doutrina do Evangelho,e procura pratica,ra caridade co-
E AI-LAN
TMRDEC. iro a entendeu Kardec. Ora, dois pontos apenas' distan-
ciam a Umbanda de Kardec: 1) a prática da comunicação
Mas existe ainda com os eÍementais,os espíritos da nalweza; 2) a sua ri-
^outra r.azão muito nrais decisiva que
nos permite identificaf a umbanda com o Espiritismo.pois tualística. .,. A Umbanda aceitou a comunicaçãocom os
todos os umbandistasaceitam a doutrina ou'firosofia desencarnados, a terceira revelaçãokardeciana,absorvendo
kar-
decista da reencarnação.Como este ponto do Espiritismo todos os seus ensinanentos".
será de impor-
tâncÌa Íundamental para uma tomada que o Pri-
de posição .utOti.n 4) Em vista de tudo ìsso compreende-se
perante a Umbanda, é necessário
demonstrar nossa afir_ meiro Congressode Umbanda tenha aprovado com rtnani-
nativa. Àpresentamo.s ss seguintesclocumentos: midade esta quarta conclusão:"Sua doutrina (de Umbanda)

ill
lil
1) O já citacio Catecísmode Ltmbanda (Rio 19b4)
clara em seu prefácÌo querer e,\por apenas ,,o que
pela maioria dos umbandistas',(p. Si. Na p.
cilnì a seguintepergunta: '"Flá alguma diferenfa
de_
é áceito
66 damos
baseia-seno princípio da reencarnaçãodo Espirito em vidas
sucessivasna terÍa, conto etapas necessáriasà sua er"oltt-
ção planetária".
entre Uni- Destes,clocrtmentostotlos irtferiÍlos colï razão que exis-
banda e Kardecism'?" A respostaé inequívoca:.,Doutrinà- te ideniidadesubstancialentre a douirina kartlecistae a um-
iili riarrente, não há diferença, A cloutrina de
tnesma que a de Allan Kareìec.A sua base
Umbanda é a bandísta.Verificamosno ponto anterior que tambéni na prá-
é a evolução, tica da evocaçãoprovocada dos espíritos há igualdade es-
ct progresso espiritual, através cÍo soÍrimento, no sencialentre os dois. Não diferem, por consegúinte,em sua
oecoi.er
das reencarnações, sendo necessárÌaa prática da caridade essência,estes movimentos:baseadosambos substanciatmen-
paÍa apressa,r-se esse desenvolvimento',. te na ruesmaprática, procuram orientar seus adeptos com
2) Numa obra que se declara ,,aprovadae adotada uma doutrina essencialmente idêntica. Daí já se vê que a
ofi_
il ciaÍmentepela confederaçãoEspírita umbanrlista':
.aituã"
no Rio em lgsi sob o títuro Doutrina e Rituar ae ú^nonaì,
lemos à p. 68: *o umbandistaacredita na Iei
posição dos católicos perante a Umbanda não será muito
distinta da já conhecidaatitude frente ao Espiritismo kar-
decista. Todavia. devemos assinalar duas diferenças.
li,' 10
das reen-

ili, ll
UMBANDA, A QUARTA REVELAçÃO.
Aceiiando embora ,,integralmente nados, principalmentesob as f ormas de Pretos Velhos e
a revelaçãokardecia_
na", a Umbanda pretende,n-o entanto, Caboclos.
passáJa. para os umbanttistas aperfeiçoá_lae ultra_
Kardec d gru;;; -u*_ 2) Os kardecistassão moderadose sóbrios no rito evo-
banda é maior. Moisés trou rnÃ
cativo e desconhecem um cerimonial de culto; cs umban-
teio corn a segunda revela, distas, pelo contrário, apresentam urna exterioridade e um
usmo portador da terceira r ritualisrno exuberante,exótico e complicadopara a evocação
a última, a euarta Revelaçâ Ê incorporação dos vários tipos de espíritos, como, sobre-
e superou À,Íoisés,como Kar tudo, tambémtpara a sua veneraçãoe culto que, como adian-
assim a Umbanda julga pu: te se verá, degenerounum verdadeiro politeísmoe mesmo
e À{oisés.E' que etes, os r em demonolatria.
Se bem que estas diferençasentre Kardec e Umbanda
náo atinjam a essênciado Espiritismo como tal, em sua

t, Codilicação da Leì de Ilm_


"Tanto quanto Kardec não quis destruir o Evangelho
e apenas "esclar€cer"a obra de Jesus, nós não quefemos
. São,por consesuinte,
aoiÏï; inutilizar a obra de Kardec e sim acrescentarmais uns ca-
bandjstas jurgam córrigii i""?ïl em qre os um_ pftulos, outrora não escritos, ao Livro dos Espiritos e ao
. .r;;";' a codiÍicação karde_ Livro dos ÌlIëdíuns (de Allan Kardec). Ao observadorsu-
perficiai parecerá que Umbanda é. a retrogradaçãodo Es-
I i Segundoi{ardec todos piritismo; rnas ao espírita verdadeiramente
kardecista,e es-
os espíritosdo além são al_.
mas "desencarnadas',,não existindo outra orclem de tudioso consciente,a razão e a lógica afirmarão que, se a
espirituais (pelo que nega s€Íes obra do grancle druida foi a Tercei,ra Revelação,esta é
a exístênciade anjos e demô_ então, e põr justiça, a Quarta Revelaçáo!"(E- Zespo,CotIì-
dou.tr,ina cristã); mas a Unr_ licnçãoda l-eí de Urnbanda,Parte Científica,Rio 195i, p"31).
entes de espíritos flo além: E não é pouco. Os ur-iibandisias não são nloiiestos:"A
JaCes,que estudarernasmais Umbanda é a rinica religiác que sobre a f.aceda terra tent
ruins e per$efsos,denonina_ a autoridade suÍicientepara falar e tratar das coisas di-
c) os águns, que seriam os vinas" (,{. Fontenelle,Á Umbanda stravës dos sicalog Rio
por não reconheceremoutro 1953, p. 15). Pois: "Tanto quanto o Budismo aproveitou
êguns, ou os desencarnados. quase tudo do Brananismo,o Cristianismoconser\rouo me-
evocamoríxas e e.rÍI.se .rnão lhor cto À'Íosaísmo,assim a Umbanda aproveita, cons€rva
Influenciadospelo Espiritis_ e guarda o que de bom e aproveitár'elpode haver em to-
ue aliás em outros muitíssi_ das as religiõesdo passado.A Umbanda não é apenasuma
nitit a religião aÍricana,mor_ corrente religiosa: ela é o sincretismode todas as corren-
ocam também os tlesencar- tes religiosas,ela guarda os fundamentosde todas as teo-
t2 gonias e resume as bases de todas as filosofias" (E. Zes-

r3
O Espiritismo Kardecistaevoca os espíritos para deles
ter notícias,obter comunicações dcutrinárias,olr ainda, quan-
do se trata de espíritos atrasados,para inslruí-los; mas não
.os explora com o fim de fazer certos "trahalhos" a fayor
ou contra determinadaspessoas.Os kardecistas,por conse-
guinte, se limitam ao que antiganente era conhecidosob
o nome de "necromancia".A Umbanda, porém, r.ai bem maig
longe: veremosadiante,quando tratarmos do culto ao Exug
considerados"os agefltes mágicos universais", que estes es-
píritos são evocadospor meio de ritos, sinais cabalisticos
('ípontos riscadosì'),v€rsos evocativos ("pontos cantados")
e objetos (galos pretos, charutos, cachaça, velas, etc.) qüe
lhe são oferecidos ("presentes","deEpachos"),para conse-
guir que se ponham ao serviço do homem e façam ou des-
manchemdeterminados"trabalhos". E isso é magia no sen-
tido mais estrito da palavra.
,,.,'., . Ora, tanto a n€crornanciados kardecistas,como a ma-
,, gia dos umbandisias,foi rigoiosamenteinterdita por Deus.
i'*'' A magia, porém, foi proibida com pa,rticular severidade.
Deus ameaçoupunir a magia com os mais tremendoscasti-
' gÕs. Diz-nos a Sagrada Escritura qre pot'os intei,rosJoram
exterminadospoÍque praticavama magia. Eis alguns exem-
plos: Em Leu 20, 6 diz o Senhor: "A pessoa ql+e se di-
rigir a magos ou adivinhos e tiver comunicaçãocom eles,
p, 83), eu porei o meu rosto contra ela e a exterminarei do seu
povo". E outra vez recebemosa otdem terminanter"Não vos
UMBANDA É MAOIA. di'rijais aos magos, nen inierrogueisos adivinhos,para que
Todos os autoresunrbandistasque temos em rnão, quan- vos não contamineispor meio deles, Eu sou o Senhor vos-
do definemeste atual movirnentodenominadountbanda,con- so Deus" (Lev 19, 31). E temos,sobretudo,esta grave ad-
cordarnem coniessarque "é magia". Um exempLo:"Umban- moestação:"Ìr*ão se ache entre vós quefiÌ corrsulteadivinhos
d,a é, lazer magia por intermédio das forças invisiveis,ba- ou obserue sonhos e agouros, nem qllem use malefícios
seada nas Íorças astrais, com rituais, preceitos,sinais ca-

8s ecl. p- 12, traz idêntica definição)' O mesmo autor que


*'alqui-
dá esta definição,compara os umbandistascom os
mistas,feiticeiros,adivìnhos,profetase pitonisasdo passado"'

14 t5
i
i
I

il
Tambérnno Novo Testamentodamos com idênticasproì- feitamente irmanadas dentro do mesmo sentido, divergindo
apenas no que diz respeito à indumentária e certas práticas
bições.Temos ai o exenrplode um certo Simão "que pra- nà comunhão dos seus trabalhos espirituais. A Quimbanda
ticava a magia e iludia o povo"r "Toda a gente lhe dava continua no Jirme propósito de manter as antigas tradições
ouvidos, desde o menoÍ até ao maior, dizendo: Este é a dos seus ascendentesafricanos, ao passo que a Umbanda
procuÍa, pelo contrário, afastar completamenteesse sentido
virtude de Deus, que se chama grande. Aderiram-lhe,por-
incivilizado das suas práticas, devendo-se à influência do
que os fascinara,por largo tempo, com as suas artes má- homem branco, cujo grau de instrução, já nâo as admite"
gicas" (Át 8,9-11). De quanto babataôe "pai de santo" (A. Fontenelle,0 Espiritismo no Conceito das Religiõese a
dos nossostenreirosumbandistasse poderia dizer ainda hoje Lei de Umbanda, Rio, p. 8l).
o mesmo! Mais adiante, ainda nos Atos dos Apóstolos,en- E ainda gue, teòricamente, digam alguns umbandistas
contramosSão Paulo diante dum certo Élimas,que eÍa mago que eles quereÍn apenas a Magia BÍanca, (que, aliás, tam-
e feiticeiro; mas Paulo encaÍou-o Jirmementee disse: ítO' bém é proibida por Deus!), a realidade dos terreiros, to-
filho dc demônio,cheio de toda a falsidade e malícia, ini- davia, afirma bastas yezeso contrário. O Sr. Oliveira Magno;
migo de toda a justiça, não cessasde perverter os cami- em Prdtita de Umbsnds, Rio 1952, p, 7Q conheceumbandis-
nhos retos do Senhor? Eis que vem sobre ti a m-ao dc tas "que fazem, nos fundos da suas tendas ou terreiros,
Senhor; serás cego e não verás o sol por certo tempo" (At ou então, em suas residências,os mesmos trabalhos", isto
13, 10). Em Éfeso o grande Apóstolo das gentes,além de é: Fazem trabalhos "para obrigaÍ o namorado ou amante
il muitas conrre,rsões, conseguiu ainda o seguinte,resultado: a voltaÍ e se casar; paÍa amarfar o homem com a mulher;
"Outros muitos que tinham praticado artes mágicas,trouxe- para que o marido se conforme com a mulher ter o seu
ÍaÍn os seus livros e os queimaïamaos olhos de todos; cal- amante; paÍa uma mulher tirar o homem de outra; para
culou-seo valor deles em cinquentamil dracmas de prata" que o hornem só tenha potência para uma mulher; paÍa
(At 19, 19), se saber em sonho com queÍn vai casar5e; para amarraÍ
a vida e negócio dos outros e os arruinar; para obrigar
os outros a Ìazer o que não é justo; para castigar os ini-
UMBANDA E QUIIITBANDA.
rnigos, pô-los doentesou então os matar, etc.",
Querem alguns distinguir entre Umbanda e Quirnbanda, Também outro autor reconhecea existênciade muitos
dizendo qne ambos praticam a magia, sim, mas com a cli- umbandistas"que ainda procecÍemassim, aumentandoa ce-
ftrença de que em.Umbandaela é feita apenaspara o bem gueira e ignorância desses infelises irmãos, e pior ainda,
(e seria a À{agia Branca} e cn Quimbanda os trabalhos fazendo despachoscorn fins malér'olos,projetando falanges
maus (ii,lagiaNegra). A este rcspeito,
seriam exclusivaurente atrasadascontra irmãos encarnadosdesprevenidose incré-
contudo,o Sr. Aluísìo Fontenelle,que se diz 'isacerdotedos dulos, que na nraioria das vezes sofrem o efeito sem com-
diversos cultos de Umbanda", garaniindo ser "conhececLor preenderema origem do mal que estão padecendo,por des-
real de todas as práticas que se exeÍcemnos clir.ersoster- conhecerem a Umbandae a Quimbanda" (FlorisbelaM. Sou-
Íeiros", considerando-sepor isso "catedrático no assunto" sa Franco,Umbanda,Rio 1954,p. 131).
(ci. Exu, Rio 1952, p. 94), esoreveo seguinte: - Reconhecemos, todavia, a existência de terreiros de Um-
banda que "só querem lazer o bern", que fazem uso da
nagia e recorÍem aos serviços dos e.xÍts"apenas para obter
bons efeitos", ou para "desmanchar"os malefíciosda Quim-
banda. E', porém, inegável que também nestes meios, onde
Ìleresia5 - 2 t7
16
não negamos haver boa fé e excelentevontade, existe tre cula da divindade", iâ não é o homem cristão "que Deus
menda confusão religiosa, é praticada a evocação dos espÍ- criou do nada" (2 Macab 7, Ar.
ritos, é oferecido um r.erdadeiro culto aos eïüs, é pregada Mas o Deus dos cristãos não é apenas um Ser Intinito,
a heresia da reencarnaçãoe são identificados os Santos anterior ao mundo e dele essencialmentedistinto, Ele é tam-
Cristãos com deuses pagãos, como adiante se verá. bém um Ser subsistenteem Três Pessoas: Pai, Filho e Es-
pirito Santo. E' o augusto mìstério da SantÍssimaTrindade.
O PANTEISMO DOS UMBÀNDISTAS. E a fé cristã ainda nos ensina que Jesus Cristo é ver-
dadeiramente Deus igual ao Pai e ao Espírito Santo: a
No Primeiro Congresso de Umbanda foi aprovada a Segunda Pessoa da SantíssimaT.rindade.Ora, tudo isso náo
quinta conclusão, Íorrnulada nestes termos: "Sua filosofia é concebívelnum sistema de filosofia panteísta, qual o de
consiste no reconhecimento do ser humano como partícula Umbanda.Razão pela qual os urnbandistasapóiam os kar-
da divindade,dela emanadalímpida € pura, e nela finalmenÍe decistas na negação da Santissima Trindade e na contesta-
reintegrada ao fim do necessáriociclo evolutivo, no mesmo ção da Divindade de Nosso Senhor JesusCristo. A respeito
estado de limpidez e pureza, conquistado pelo seu próprio 'da natweza de Cristo transcrevemosaqui uma passagemdo
esforço e vontade", umbandista Lourenço Braga, Umbsnda e Quimbandd,8+ ed.,
AÍirma-se, pois, que nós (o "ser humano") somos "par- que é entre todas as obras sobre Umbanda a mais difun-
tícul'as da divíndade", que 'femanamos" de Deus. Tais ex- dida e serve como manual em numerosos terreiros. O tre-
pressõessão comuns na literatura umbandista: "A alma hu- cho que transcrevemospode set encontradona p. 45 s. Eí-lo:
mana é de essêneia'divina", ensina o livro oficial da Con-
federação Espírita Umbandista, Doutrìna e Ritual de IJm-
handa, Rio 1951, p. 70. Nesta mesma obra lemos expres-
sõeí'ainda mais fortes: "Deus é o Todo e eu Sua parte";
"Deus dorme no minetat, Ëonhano vegetal,despertano ani-
mal, é conscienteno homem, que, deste rnodo, pode atingir
a perfeição"; "o fim da evoluçãoé, para o homem,a com-
pÍeta realizaçãode sua divindade,a iclentificação
de seu ;rró-
prio ser coÍÌr a Realidadeúnica" (p. 40). Ínente, desenr.olvendoneie os rlons ntediúnicosque ele pos-
suía, em esi:irlrr Jatente,e ensinando-lheos mistérios da
Essa identificaçãoda criatura com o Criador evidente- Cabala e toda a filosoÌia da seita, da qual era o supremo
nrente despersonaliza Deus. O Deus panieísta de Umbanda chefe. Esse aprendizadodurou qtlas€ 18 anos, época em
já não é o Deus Pessoale Conscientedos cristãos.O Deus que lesus. afinal, atingiu a casa dos 30 anos de idade. Es-
umbandista do qual "emanam" todos os seres, náo é o fíritd miósionáriô ani"mandoum corpo carnal, inteiigência
privilegiada,alma boníssima,er.oluidobastantepelas inúme-
Deus cristão que "no princípio criou o céu e a terra" (Gên ras entarnaçõespor que passou e tendo recebido de Jose
1, 1). O Deus umbandista,identificadocom o Universo,não de Arimateia sábios ensinamentoscientíficose filosóficos e
é o Deus cristão anteríor a toda criatura, índependentedo
Ínundo, infinitamentesuperior ao universo limitado e mutá-
vel, SenhoÍ absoluto e Criador de todas as coisas existen-
tes fo.rà d'Ete, o Deus pessoal, individual e singular, de
I que nos falam as Escrituras.O homem umbandista,"parti-

l8 1S
te, ensina a existêncía e a eternid.adede am estado e lugar
do, ensinandoa sua doutrina' P de condenaçãosem lim chamado inlerno; contra o princípio
triirando os Povos dos-.Iugares reencarnacionistade expiação própria e do aperfeiçoamento
iïiil- *rãudêiros trabalhos de
'""'ï"Ílãm"s,
Portanto, um Jes' por méritos rigorosamentepessoais,ensina a nossãredençdo
pelu por Sua sagiada paixão e morte; contra o principio reencar-
espírito "evoluído bastante ^.-
qu" ìlï'"ttuàut Ciências ocultas' Maçonaria' nacionista de uma vida definitiva e puramente espiritual,
que passou" 9
ds Arimatéia" '
Esoterismo e Magia na Escola de José ensina a ressurreiçãofínat de todos os homens. São quatro
ensinamentosde Nosso Senhor, que se encontram não ape-
DOUTRINA REENCARNA'
FATAIS CONSEA;ÊNCIAS DA nas em um ou outro texto esporádicoou de significação
CIONISTA- duvidosa, mas que perfazem, por assim dizer, o cerne da
mensagemcristã. À,[as os espíritas, precisamentepor causa
,,Aumbanda,
como" u*',ïllïiï;.:iffi,iï ïXì"'"Ëï da filosofia reencarnacionistaque adotam, se viram for-
çados a riscar grande parte do Evangelho, cfpgando por
isso a negar a própria Bíblía, Endossando.# tefrja.'da reen-
carnação, os umbandisfasdevem tògicamente.iaCômpanhar os
kardecistasna triste negação de tantas úerdades evangéli- it.
cas e cristãs. Mas com isso mesmo og umbaÍrdistasÈe'co- 'i"
locam Jora do Cristianismo
.. a: |
:.... . ir,
r-
UMBANDA É A NEOAçÃO DO CRISTIANISftlç-;;r1+;n'*
muitas deverá passar,
tas vidas no passado.e por outras Já vimos que a Umbanda,em sua prática da evocação
mas através de numerosas
não apenas nesre plan'eta terra' quan- dos espíritose em seus trabalhos de magia (branca ou ne-
alcançar a perfeição final,
estrelas rnais perfeitas, até divindade' no mesmo gra, tanto faz) desobedecea Deus, revoltando-secontra uma
ã", tornará a reintegrar-sena ordem clara e repetidado Criador, determinaçãoque se elt-
que dela emanou' E esta
estado de limpídez e pur€za eÍn
-t*a", contra nc' Antigo e no Novo Testamento.Ve.rificamos que
conclusão do Congresso de
perfeição finat, ensin-aï ãuinta a Umbanda,em sua doutrina panteísta,contestae deve con-
"pelo seu próprio esÍorço
Urnbanda,o t o*.*"ã conquistara testar tcda uma longa série de r.erdadescrisiãs a respeito
e vontade"' de de Deus: nega o augusto mistério da SantissimaTrjndade;
Se analisarmos bèm a f ilosolia. teencarnacionista
-ttoàofoguda nega a existênciade urn Deus pessoale dístinto do mundo;
pelos umbandistas'veriÌi-
Kardec, integratmeritt nega a doutrina cristã a respeito da origem e a criação do
nestes quatro postulados: 1)
caremos que tf^ '" 'resume universo;nega a criaçáo da alma hurnana;n€ga â Divincla-
pluralidade das ex-istências terrestres' 2) progÍesso contí-
própria e evolução por de de Nosso Senhor Jesus Cristo; nega, consequentemente,
nuo depois Ou *oìi., U expiação novos corpos e' a À'laternidadeDivina de Maria Santíssima;etc. Apuramos
sempre
méritos rigorosamente'pessoa-is'.4) corpo material' Ora' também que a Umbaúda, endossandoo princípio kardecista
sem
atinal, viaa puranìtnì*"tpititual'
- para saber que Cristo' da reencarnação,deve contestar e de Íaio contesta mais
não é preciso àãnaË teólogo' outra sequênciade verdadesclararnenteensinadaspor Cris-
'*t da piuralidade das exis-
conira o princÍpio t"tnt*nutioniJta terrestre; contra o prin- to, nosso À{estreDivino: nega a nossa redençãopor Cristo;
da vÌda
tências, ensina o u'i'iaoat nega consequenternente a graça e toda a doutrina cristã
do progresso continuo depois da mor-
cípio ,reencarnacionista
2l
20
a doutrina cristã
do sobrenatu'ral; nega, por isso mello'
a unicidade da vida terrlll1.1
aceÍca d.os Sacram"nïot; nega
juízo particular depois da morte; nega a ressurÍerçao
;;;
" nega a existência do inÌerno;
f inal de todos os homens;
pala--vras,é a negação total da
etc. Tudo isso, em outras
Doutrina cristã e por isso do Cristianismo'
tt^U^-1*Ï"
Em alguns meios umbandistas se Professa
ao paganlsmo' A-sslmuts-'
uma maniÍóta tendênciade retorno Espi-
da ConÍederação
.iriu, pot exemplo, a otru oficial
ordem de Xangô-Agaiú
rita Umbandistar "Curnprindo uma
Íundou-se a Confeder-a-çáo Espírita Umbandista' coÍn a fina-
:u ttaAiião antiga' em torla *Ï" f::-
lidade d.e restabele..t 1
pureza primitiua" ( Doutrina e Rituat de llmbanda' Rio
ça e sar a reencarnação(4+ conclusão), o panteísmo (5e conclu-
sua obra Cabocíos na
1951, p. 152). Heraldo Menezes'em são), a auto-redenção(5n conciusão) e o tiberarismoreligioso
que "o Universo é um
I\mbanda (Rio), O+"i* de ponderaÍ (6t conclusão) - princípios que levam a uma interminável
harmonia"' levaflta a se-
aonlunto de deuses'em perÍnanente avas- série de conclusõestão contrárias à Doutrina Cris{ã, que
"Qual roio compressor' o cristianisrno'
;'ü;;';c;"çáo: gr€go e o romaflo' o do cristianismo nada sobrará - tem, todavia, a insoiência
saladoramente,destiuiu o politeismo pagãos"' Em de formular a 7G conclusão nestes termos: ..O reconheci-
e o egipcio,-togno*inando-os de cultos
;;; mento de Jesus Cristo como Chefe Supremo do Espiritismo
contra a lgreja e es-
ã"g"iau se d*iiige maii especialmente de Umbanda, a cujo serviço se encontramentidades alta_
po-r Pedro' no afã evan-
creve: "A igreja Íomana' fundada mente evoluídas,desempenhando
substituindo os funções de guias, instruto_
gelizador, p"n",runão poi invios continentes' res e trabalhadores invisíveis, sob a forma de caboclos e
católicas' criou o sin-
tetiches dos selvícolaspor imagens pretos velhos". Eis mais algumas declaraçõessemelhantes
ìgreia romana' um tanto dis-
cretismoreligioso (sicf)"['las' a possui as suas para a nossa documentação:
não
tante da f ilosofia de Cristo' também a id:lat:l:? ' "A Umbanda, tal
não fomenta como se apresentahoje ro Brasil,
lendas? A canonizaçãoAo* homens
cc,nsciência,porlentos aÌirmar Qilê' s-€^ é uma religião cristã" (Samuel ponze, Lìçõesde [Jmbanda,
fogo, .t sã 1Ì"':],t-
ril, os povcs ptimiti* Rio l!Ì54, p. 12).
bolos nos concluzemà SuprernaAscensão'
ìll de civilìzação'ado-
vos, apesaï o* *uu decaniaclaausência "A L]mbandano Brasit e do Brasil é francamenlecristã,,
i,i, estavain certos"
rando toda= u= forç"* vivas da Natureza' *O homem
ril
I
(; 3-4). À'tais adiante preconiza abertamente:
ìeta qu" voltar ao primitivismo"
(p' 35) "'
iil' Entretanto,tt""*t**osumbandistas'quepraticama sob
de proibidas poÍ Deus
ii' necromanciae a magia, apesaf
castigos'revoltando-se.as-
a cominaçãodos *uï* ittttndos
umbandistas' que contes-
sim ccntra Deus; esses mesmos
centraisda mensagemcris-
tam e ridìcularizamas verdades
itll tâ, rebelando-se desta maneira
contra Cristo; esses mes-

,ti:
itl
mos umbandistas,que apregoam

22
a necessidadede retornar

23

i'l
Ìil
Cristo pregou sobre a Íace da terra, surgirá límpida e pura, o que o Cristianjsmo afi,rma. São dois polos opostos.
Se_
em toda a sua finalidader€dentora" (ib p. 83). gue daí que i impossível ser ao mesmo tempo
umbandista
São palavras apenas; palavras impugnadas eloquente- e católico. Todo aquete,portanto, que aderir às práticas
e
mente pela prática da necromanciae da magia em todas às doutrinas de Umbanda,sai da lgreja, exclui_sea
si mes_
as tendas e terreiros de Umbanda e contraditadaspela dou- mo da comunidadedos fiéis ae criito, deixa de ser
catórico
trina da reencarnação, do panteísmoe do mais crasso paga- ê renuncia ao direito de receber seus meios de santif
ica-
nismo em todos os livros de Umbanda e Quimbanda, ção: Em outras palavras: o umbandistajá fez tudo para
desl{gar-seda lgreja e as autoridades eclesiásticas
*ao up*_
nâs consequentes com aquilo gue ele mesmo voluntàriamàn_
POSrçÃO CATÓLICA PERANTE A UIIIBANDA. te escolheu,quando o considerade fato desligado,
isto é:
Já, a esta 4ltura, é fácil compreendere precisaÍ a po- extomungado.Com isso o umbandistaperdeu
o direito de
sição catolica perante a Umbanda.Para sêrmos claros, pro- assistir à santa ,\{issa (mas não é necessário
expuisá_lo,
cuÍâremossintetizar esta posição nos seguintespontos: quando entrar na igreja: apenas não pode
reclamar para
si o direíío de assistir); perdeu o direito de receber
1) A primeira e máxima obrigação do homern é amar o* .un_
tos Sacramentos:na Confissãonão pode
a Deus de todo o seu coração,de toda a sua alnta, de toda receber a Absol_
*içã0, na mesa da comunhão não pode receber
a sua mente e com todas as suas forças (Mt 23, 37-38)' a Eucaris-
tia, etc.; perdeu o direito de tomar parte nas indulgên_
Entretanto, disse Crisio, "se me arnais,guardai os meus man-
cias, nos sufrágios e nas orações pribúcas da tgre;a.'
damentos" (Jo t4, 14); "quern guarda os meus mandarnen-
tos e os obseÍva,esse é que me ama" (Jo 14,2l); "vós 4) Verificamose provamosque a Umbanda se
identifi-
sois tneus amigos, se tizerdes o que vos mando" (Jo 15, ca substancialmente com o Espiritismo: é, a razáo peta quat
14); "a caridade consisteem I'ivermos segundo os manda- vale para os umbandistaso que os Bispos do Brasil
decla_
mentosde Deus" (cf.2 Jo 6).Ora, Deus mandou que não taïam recentementea respeito dos espíritas:
são e d.evem
i{ evocássemosos espíritos, ordenou que não praticássemos
a magia. Já vimos os textos, que são insoÍismàvelmente cla-
ser tratados tomo hereges. por ísso devem_se
bém aos unibandistasas seguintesdeterminaç*Ori'-'-'
aplicar tam_

ros. À'las é manifesto qtte todo o movimento umbandista se _. não podem ser adrnitidosà recepção
dos Sacramen-
llr apóia na evocaçãodos espíritose Ía prática tla magia, sen-
1,]r, ainda
qLre os peçam de boa fé, sem que atrjurem
il do portanto um mot'inrentode declarada ciesobediência
ao homent, neste
e
esiado,
Umbanda e renovenìa profissão de fé católica:
a

revolta contra Deus, E' irnpossível não podem manda.r batizar na lgreja seus filhos
ü cumprir sua máxima ubrigação: amar a Deus sobre todas menores. a não ser que estejarn em imirente perigo
de
as coisas. E' por isso que o católico de maneira rcenhuma rnorte ou ofereÇamgarantias suficientesde que receberão
fl pode ader[r d UmLtanda.
2) Sendo o exercicio da evocaçãodos mortos e da ma-
uma educaçâocatólica;
- não podernser convidadosou adrnÌtidoscomo padri_
ii gia pecado grave de desobediência,
ou
é tambérnvedado for-
assistir a elas' Donde se
nhcs ou madrinhas de Batisn:o ou .de Crisma.

ïl mentar as
infere qae ë
práticas
pecado
de Umbanda
mortal assrsíir
ou
rÌs sessdes
terreiras
espíriÍcs e ris
de Umbanda.
- quando falecerem,sem dar sinal de arrependimento,
ficam privados da encomendação
pública por sua alma.
e da cerebraçãode Jrv[issa
praticas da magia nas tendas nos
i1i 3) Já foi demonstradaa oposição frontal entre a Dou- 5) Visto que a Umbandanão é apenasdesobediente em
rj'i trina Cristã e a Doutrina Umbandista. Nega a Umbanda suas práticas e herético em suas doutrinas, mas quer tam_
lrl
24 25
,ill
JI
lrprlr lonstituir üma religião particular, com hieraÍquia, ritos ..l) lncorporaÍo espiritodo Dono do terreiro,isto é. clo
e errllo próprios, seus adeptosdevem ser consideradoscomo esprÍlto sob cuja proteção se fazem os trabalhos do teirei-
duma seita religiosa acatólicae existe,por conse-
tfltsfrfl)ros
s que se manifestam:
Êulttl(, impedimento matrimoniat entre umbaniistas e cató- rráticas mágicas necessáriasà
l f r rl r
, das imagõns dos orixás que
ti) Já que os livros urnbandistaspropugnaÍna heresia
Ício de trabalhos;
r, rrrsinamou recomendama superstição;o sortilégio,a adi- 5) explicar a doutrina,
vftrlt;rção,a evocaçãoe a magia' sua leitura é interdita aos ,fazendo prédicas, em sessões
que sejam dedicadasa tra6alhos de tiemanda:
Iutúlìcos sob pena de pecado mortal e sob a censurade ies de' caridade;
'
,t\t t ì m unhã. o. Çâs, empregandoas ervas no
; e inimizadesenire os sócios
A IIIERARQUIA EM UMBANDA.
dos médiunse dos auxiliares
E' intpossíve!dar ao leitor informaçílesmais ou menos
l)rr'(isas a respeito do ritualismo umbandista'"Temos visi- l0) Conhecera arte cle adiuinhaçãopor meio
dos búzios,
llrrl,r inúmeroslerreiros no Brasil - escreveEmanuel Zespo saber cartomâneiae leitura das nrâo*
e não eneontra.mos a uniÌormizaçãode ritual tão dese- 2) A seguir venì os ogsns, homensque auxiliam direta_
ilrtlrr por alguns. VeriÍicamosque cada terreiro, cada centro, mente o baba[aô,tratam do ceiimonial,dirigem os trabalhos
$egue,no getal, a orientaçãodada pelos seus próprios guias de incorporaçãodos médiuns,enÍoam os pontos cantados
e
c caciques" {Codificação da Lei de Umbanda, Parte Prática, zelam pela perfeita ordem do terreiro; conhecerna força das
Iìirr tdSg, p. 44).Apenas para a orientaçãodos leitores, ervas, os segredose os efeitosdos pontos.riscados,a comida
dirremos no final, em apêndice,um exemplo do ritual um- dos Santos e sabem manejar a laça para sacrificar os
ani_
llairdisia. mais (Doutrina e Rítuat de IJmbanda, Rio 1951, p. l0O).
A extrema complexidadedos ritos para a evocaçãomá- Quando mulheres,têm o nome de jabonan,.iibonanou ..,\{ãe
gica dos orixas, exils e êgutts,ou païa outros "ttabalhos pequena",que são encarregadastambérn de dirigir as
dan_
r:spirituaisde caric!ade",reclama nunìerosopessoal,suficien- ças e devem ocupar-secoÍrì as nrulheres.
temrrrteiustruídoe hatiilitado.Para consegui|tnos a necessá-
tomar cotthe- 3) Vein então os cttÍttbones,i.smlrcrrcsou caniband.os e
ri;r oricntaçãosoltre ulrrhanda,é cottvettietttc
se tlsa tirua terrni- as samlrss.'lodos são "Filhus ou Filhas cle Santo',.São au_
cìmerrio clos rromes (pais em ulntrarrr-Ía
xiliares, cornpetinclo-llies
abrir o terrei,r'c,receber qualquer
noiogia pariicular) e das atrib"riçõesdos r'áIios graus cÍa
hierarquiaumtrandista: baboínô,enxugar cr rcsto dcs médiuns,er.i1"aÍ. que se machu-
qnem, sccorrê-losquando em transe, ajudar nas clançase
1) O chefe principal, ou o chantadochefe clo terreiro, é
cantar ilara as grandescerimijlÌas.Os wmbonts prestam as-
cienominado geralmente"Pai de Santo" (traduçãoììteral de
sistênciaaos homens,as sambtç às mulheres.
bubnlorixd: babd=pai, orixo=santo) ou babalaô, baba[oxd,
babaluê,ou ainda: cacique,principe de Umbanda,senhor de 4) Seguem,aÌinal, os médiuns,julgados em condições
Olcruut. chefe de rebanho; quando f or mulher. é "À'Iãe de de incorporar ou receber os Grixtis hlenoret Na Umbanda
Santo", ou simplesmentebabd' O Cateúsmo de Untbando, quando incorporados,são chamadostambém
esses rnÉcliuns,
Rio, p. 69 S, resumeas funçõesde babalortxdnos segLrinJes cavalos, aparelhos, moleqttes, etc. A respeito da expressão
pontos: cav&Io,o Sr. Samuel Ponze, Li.çõesde [Jmbanda,Rio 1g54.

26
p. 27, tem a seguinte explicação: "Cal'alo é uma expÍessão bos pretos, galos vermelhos ou pretos, sangue de boi, fa-
aparentementebrutal, porém bem judiciosa, O médium é rofa de Íarinha de mandioca,bebidas, cervejas,várias es-
realmente o cavalo de que se serve o cavaleiro (o guia, pécies de vinhos, marala (cachaça), azeite de dendê, mel
espirito ou orixá) pata perconrer o caminho dessa nova de abelha, pólvora, carvão, enxofre em pedta ou pó, perfu-
espécie de apostolado: ensinar aos filhos de Umbanda a mes e essências,etc. Casashá, especialistasem vender ,.ervas
I'ereda da luz. Todo o cavalo, depois de domado, tem o medicinaiq defumadores,raízes, rasuras, resinas, cascas,fo-
seu car.aleiro; assim todo o cavalo de Umbanda, depois de lhas, fiores, frutas, óleos, sucos, qtc,',, onde se podem com-
desenvolçido,tem seu guia, seu cavaleiro de Aruanda" pÍar ídolos, símbolos de Santos, punhais para riscar os
Muito embora não haia ainda, como vimos, unidade no pontos, pembas em diversas òores, orações fortes e toda a
rito, ele obedececontudo a certas regras' que o Catecísmode sorte de defumadores.Assim, por exemplo, Ienos num jor-
Umbanda,.Rio 1954,p. 39 s. resumiu nos seguintestraços: nal de hoje mesmo (22-8-1954r,do Rio, O Dia, p. lI, um
anúncio da "Casa de Umbanda", que vendej .,Estatuetasde
caboclos,índios e pretos velhos; ferramentas e material para
terreiro; imagens e artigos religiosos; artigos da Baía, bone-
cos e colares; livros especializados; artigos indígenas,velas
e artigos de cera; especialidadespara as cerimôniasde Um-
banda; depósitodo defumadorCaboclo; fantasias,cerâmica,
artigos de barro e variedades;defumadoÍesem todas as qua-
lidades". A casa está no Largo da Lapa. Na mesma página
deste jornal damos com outro anúncio que apregoa o De-
lumador Sete Flechas: "Seja mais um entre os milhares de
consumidorespreferindo a proteção do Sete Flechas de Um-
banda para seu progresso e proteção. O Defumador Sete
Flechas é usado e recomendadopela ConfederaçáoEspíri-
ta de Umbanda". Em outro jornal lemos o anúncio do Sa-
bonete de Defesa Pai Jacó, que "foi depois de longos es-
tudos na prática e nos trabalhos espirituais,selecionadocom
TNSTRUMENTOSDA TiÀAÜIAUMBANDISTA. o extrato de I espéciesde ervas atrativas: Arruda, Cuiné,
Está em uso uma infinita variedadede instr'umentos na Álecrim, Fumo, Comigo-ninguem-pode, Abre-caminho,Des-
Umbanda, païa a prática da ÀÍagia: Vestimentas as mais mancha-tudo,Palma benta e Bern-com-Deus. Este sabonete
variadas, tambores, chocalhos,pembas de todas âs cores, foi lançado ao pfrblico,com o fim de substituir os banhos
ponteiros (punhais de aço), coités (envólucro de coco ba- de plantas tão antiquadose incômodos de preparar; pois
bassú,cortado ao meio e polido), rnoringuesde barro, velas era necessáriofener as plantas e depois de haverem torna-
I
de cera, fitas de seda, barbante (linha crua), otás (pedras do o banho precisavamjogar as ervas utilizadas em água
ti dos rios ou seixos roladds), conchas marinhas, estrelas do corrente, fato est€ que nem todos poderiam LazeÍ".
ft mar, defumadoresde todas as espécies,bodoques,f lechas, Demos a palavra aos umbandistas,para que nos eluci-
capacetes de penas (cocares), guias (colares de contas), dem a razão de ser de alguns destes instrumentos de ma-
plantas e raízes, charutos e cachimbos,fumo de rolo, pom- gia, a fim de podermosconhecermelhor sua mentalidadee
l,
28
ü
suas curiosas práticas, algumas das quais já muito difun- Ao terminar a defumacáo_
gada pela porta fora'diíer
didas até mesmo nos meios que se dizem católicos'
ll O defumodor ocupa lugar de destaqueno ritualismo
umbandista.O Catecìsmode Umbanda, Rio 1954, p' 43, en-
tend.e assim sua finalidade: "O defumador serve para dois
fins. o primeiro é que a essênciado defurnador,deslazendo-
se no ambiente,isto é, misturando-secom o éter atmosférico,
vai ser sentida pelos espíritos. A outra utilidade do de-
fumador é que o seu perfume desperta alguns centros ner-
vosos dos médiuns, fazendo esses centros vibrarem de acor-
do com as irradiaçõesfluidicas do Protetor"- LourençoBra- mar, para que me deis naz-
ga ainda conhece uma terceira finalidade: "Admite-se o meu ideal. Estou confiarite'í.
defumador pelo aroma que desprendemas ervas químicas, Nota: Alguns umbandistas(p. ex., E. Zespo,
O qae é
cujo cheiro exerce grande ação sobre os sentidos das pes- a Umbanda?Rio 1941,p. 60) querem identificar
o defuma-
soas" (Umbando e Quimbanda, 8q ed. p. 31). Os charutos dcr com o incensoque os padres usam na igreja
' durante
e o cachimáo, prod.uzindofumaça, têm c mesmo efeito (cf' algumas cerimônias solenes. Convém, todavia,
E. Zespo, O que é a lJmbanda,p' 621. O Sr. Oliveira À{agno, I ãbr*ruu, qu*
na lgreja o incenso tem apenas um sentido estritamente
sim-
em Prdtica de I|mbanda, Rio 1952, nas páginas 21 atê 42, bólico: assim como o aÍoma rlo incenso se levanta
da terra
apÍegoa neste sentido numerosasfórmulas ou receitas: De- paÍa o céu, do mesmo modo subam as nossas
orações,.,como
fumador de d.escargade casas e de pessoaspresentes,De- um odor agradável',,a Deus. A lgreja não
emprega o in_
fumador de descarga Agum-À{egê,Defumador de descarga censo paÍa afugentar os maus espíritos.
Caboclo, Defumador pata atrair prosperidade,Defumador 2) A pólvora é outro elemenio cle muito uso. Lourenço
de Cosme e Damião, Defumador para atrair prosperidade Braga, Umbanda e euÌmbanda.,Bf ed., p. 32 s justifica
seu
pará casas comerciais,Defumador para descarregaruma pes- uso com as seguintespalavras:
soâ, Defumador Santa Luzia, Defirrnadorde lixo do mar,
. "Eu explico a grancle utilidarle clela (da póI,-ora) para
etc. Para amostra segue a fórmula "de descarga'de casas a. descargade amhiéntesou deslocarnentos ae'camacásïtrii-
e de pessoaspresentes": {ircas, d€nsas, pesailas,en volta de uma criatura. dentro
qe uma casa, em um-a localidade qualquer. 'espíritos
Nós.
Aloés,escamacle Peixe,figatio de Peixe seco' A deÌunta- ree'carnados, somos impcrÌeitos, pc'camôsoiariãi"e"tË'iiãr
porta da rua, com um copo
ção se faz dos Ìundos Para a otrras, por palar.ras e poÍ pensamentos;os nossos maus
iom água na mão esquerdae d deÌumadorna nrão direita. pensamenrosformam
.camadas que se cbnaensàú-.ooi--oÀ
À'las antes disso é necessárioacendertrês velas e fazer três fluidcs dos espiritos inferiores, iiweJ-d;-;;Ë;ï;;,lìïË'
pr e c e s , s e n d o u m a a o An j o G overnante do di a e outra à atraíclospor nós mesÍnose, debsi'iòirà, tornam *ãã
ãntiãã"- qrã exeCuta o díto trabalho trabalho e. a terceira
e .a Deus
terceira a Deus muitas ve-
úffiõ Sen'hor,pedindo licença' Em seguida se canta o pon-
to seguinte:
lïÍestrre LuÍs chegcu
oi llestre Luílc balxou,,
Mestre LuIs chegou nos causam, o uso da oól_
prâ lerar .todos males
;'zefio" com stra Eonga- . tais práticassão sempreau_
ãe-*uí .
'itos bem intencionados,que
pàra ã funtlo do mar, ê, ê. (Bis).

31
(Pontos cantados) exige naturalmenteum processode cura apropriado. Riem-
Írcodem à nossa chamada pelos cânticos se por isso dos métodos da "medicina legal,'. procuremos
r. pelos pcntos riscados no cháo, com a Pembabtanca"-
conhecer também neste ponto a mentalidade dos umban-
distas. Pois estamosaqui diante do fator de maior atração
popular que a propaganda espírita e umbandista apresenta.
l\{uitos vão ao Espiritismo e à Umbanda por esta causa.
Vejamos primeiramente como explicam eles as doenças.
1) A atuação dos espiritos müus ou sofredores:
"Os espíritos malfazejos atuam primeiramente sobre o
guns trabalhos de magia"- perispírito de qualquer criatura e em seguida sobre o sis-
4) l\Ías o instrumento mais usado é talvez a Pemba, iát tema nervoso. Depois de provocaÍ o descontroledesse, pas-
giz e com sam a ter maior influência sobre a vítima, sendo-lhesassim
diversas vezes Ínencionada.Trata-se de simples mais fácit dirigir a projeção fluídica sobre determinado ór-
ele sáo riscados os sinais evocativos dos espíritos. Segundo
gão do corpo humano, provocandonele a moléstia que de-
espírito possui seu próprio sinal ca-
os umbandistascada sejarem, ou então valem-se de um espírito ainda sofredor,
ponto riscado' Temos em mão um exem- o quaL eles, os malfazejos conscientes,obrigam a fkar en-
balístico, denorninado
plar da pemba branca, "legltima aÍricana, expoÍtada direta- costado ao paciente provocando no m€smo as moléstias de
de que €ra portador quando ainda em vida, na Terra. A ação
mente oã Átrica por Ali-Bem-ltah, descendentelegítimo dos fluidos de um espírito sofredor ou trevoso sobre o or-
Li-U-Thab, da tribo de Umbanda", que foi feita "poÍ moças ganismo hurnano é idêntico à ação que produzem os raios
que
virgens em completo iejum, presididas pelo Sacerdote' solares, através de uma lente, sobre a nossa epiderme; eles,
não pode tomar alimento de espécie pela atuação constante, destróem os tecidos mais delicados
auiante a fabricação do nosso organismo, provocando molésiias diversas. Embora
cachimbo
alguma nem beber água, apenas lumando o seu sejam eles retirados de junto das vítimas, ficam essas em
Durante três dias e três noites
quï e consideradosalrado' estado tal, que só com um tratamento médico espiritual, pro-
a Pemba, acompanhada po.r longado, poderão recobrar a saúde" (Lourenço Braga, Um-
à" u"r"* mais, é tiabalhada
"rnúsica do Congo, as virgens cantam sern cessar preces a banda e Quimbanda,8s ed. p. 42 s).
suas vir- "Os espíritasobsessoresatuam de difererrtesmodos. An-
virgem Pemba, para que esta transmita todas as tes de atuarem, eles fazem pelo astral ,um exame da aura
Lourenço Braga nos elu-
tud"esà que estão fabricando'" '" da pessoae se utilieam de qualquer pontc fraco da aura,
pemba branca Serve para Íir-
cida seu funcionamento:"A parâ poÍ aí exercerema slla influência"Os vícios permitem
das diferentes falanges' utilizadas o assaltodos obsessores, principalmenteo álcool, os excessos
mar no chão os pontos'
nosso peÍrsa-
em qualqtter irabalho; tais desenhosferem o
uma corrente fluídica magnética'
*lntà neles, estabeiecendo
poi **io áu qual, eles, os espíritos, fazem os trabalhos
qu* desejarem, projeção, descarga ou afastamento de ob-
8s ed' p' 32)'
sìssores" (IJmbunda e Quimbanda'

A DTAGNOSE EiI[ UMBANDA'


píritos sofredorestambém podem pela sua aproximaçãopro-
os es-
Persuadiram-Feos umbandistas- e aliás todos vocar doenças,não poÍque queiram, porque esses espíritos
mais co-
píritas vivem nesta convicção- de que a causa sofredores não são rnaus. .l\'laso seu sofrimento se irradia
além' lsso sob a forma de rnaus fluídos, qlle enyenename enfraquecem
mum de todas as doençasestá nos espíritos do
lleresia 5 - 3 33
32
a auÍa das criaturas" (Catecismo de Umbanda, Rio 1954, cador' lr{esmo certos desastres,acidenresou outras
ocorrên-
p, 60 s). cias irnprevistasdevem ser justiÍicados pela .,lei
n'encostodo".A idéia popula'r mais comum da KaÍ64,,,
2) O espirito que funciona de modo inexorável, como
as demaís leis fí-
é a de um espírito soÍredor que está "encostado" na p€ssoa sicas.
doente e que precisa de ser retirado por meios mágicos. Os
textos citados já aludem a estes espiritos encostadores-Para A TERAPÊUTICA UMBANDISTA.
maior elucidação,leiamos mais este passo:
Portanto, segundo o modo de ver dos umbandistas,
_ a
doença pode ter sua origem nas seguintes
causas;
l) Ou há por aí algurn espirito maléfico
e trevoso agin_
do no doente ou sobre o doente, e €ste
mau espírito veio
ou atraído por marefíciosde outrem (quirnbandeito,
t"iti.ui-
Ío, batuqïeiro, maclmbeiro, etc.), ou' por
más disposições
anteriores do próprio enfermo;
citada, p. 25). 2) ou imiscuiu-sena vida do doente
algum espírito so_
3) O quebranto ofl o mau olhado é outra explicação fredor, nele encostado,e que lhe transmite
a mesma doença,
muito popular e tìpicamenteumbandista para interpretar uma espÍrito que ai se encostouou pofqu€
tem afinidade imediata
série de doenças.Eis como justificam seu modo de ver: com a pessoaem questão,ou porque
foi trazido por outros
espíritos maus;
3) ou a pessoaé vítima dos maus pensaÍnentos
ou do
mau olhado de outro indivíduo humano, que
assim laz ou
por inveja ou por real ou suposta
inimizãde;
4) ou então ela sofre um justo castigo por crimes
co-
metidos em vidas anteriores.
Neste últirno caso não há cura, nem remécÌio.Nos
cu_
ttos, o remédio ,dependeclo diagnósticodo médium
ou do
babalaô."üs mérliunsvidentes,cle UmbanCa,podem
ver qual
é a cansa da moléstia, se há espíríto maléfico ou
aigunr
da e Ocultismo,Rio 1953, p. 47 s). sofredor, 1;roduzindoa doerrça,se se trata de uma põ"",
4) O casÍigo.A mentalidadereencarnacionista é mais nm o que é que c doente deve fazer para livrar_se do mal,,
fator que explica outra série de doenças: segundo eles, jâ (Catecismo de Umbanda, Rio lgb4, p. 62), Também os
ba_
vivemos muitas existênciasterrestres e nelas pecamos e co- balsôs dispõem de meios mágicos para diagnosticar.se for
metemos crimes; e como cada um deve expiar e r€parar espírito mailr um bom defumador poderá,,íalvez, aÍastá_lo;
por seus próprios esforçose sofrimentosos pecadoscome- se f or o resul,tadodum malefício, é preciso ,,desmanchar
*'está
tidos (pois negam a nossa redençãopor Cristo!), ele o trabalho", neutÌalizandoa ação do espírito pela interven-
sujeito a sofrer os castigosna próxima encarnação.Isso, se- ção de outros espíritcs, recorrendo eventuarmenteà pórvora;
gundo eles, é fatal e inevitável e nem Deus pode intervir, se for espírito sofredor encostado,às vezes pode recorrer-
uma vez que a iustiça divina não pode perdoar o pecado se à surra, mas também certos defumadorese banhos ,.de_
sem que preceda rigorosa expiação feita pelo próprio pe- sencostam"o espírito; se for por inveja ou mau olhado,
é
34 35
De qualquer modo, é preciso recorrer ao babalaô, que en- lo, por curiosidadeou inadvertência,atrairá. para si os ma_
contrãrá um jeito. Em última análise, se não. houver possi- les que simbòlicamente ali se encontramfe o verdadeirodono
bilidade de cura, paciência: será um castigo de pecados co- ficará livre detes" (4, Alcântata, Ilmbanda em
metidos em vidas anteriores: é a "lei do Karma" que está lulgtmento,
Rio 1949,p- 141). outras vez€sprocuram transferir a doen-
a exigir justiça...
ça para algum aninal. Eis ccmo se faz:

I
preces" (ib. p. 62).
Sobte os despachose presentesteremos que Íalar mais
adiante, quando tratarmos dos e.lrÍÍs.Faltam ainda trreves
esclarecimentossobre a famosa água fluídica, o ritua[ da
"troca de cabeça" e os célebres banhos ern tJmbanda.
1) lt dgua Ítuídica. "Os espíritos adiantadospodem, pe-
la ação fluídica,aumentaro efeitc medicamentoso de qualquer
3) Também os banÍtossãrr importantíssímos, não só pa-
remédio. Podem mais ainda, pelos seus fluidos cornbinados
ra a terapêutica,como também para todo o ritual de Um-
no fluido univereal e com os ftrridos de um rnédium de
banda e outros efeitos mágicos. FIá banhos para i.udo. Há
efeitos físicos ou curador, tornar a simples dgua em ótì-
banhos de mar, banhos de cachoeira,banhos de rio e so-
mo medicamento"(L. Braga, Umbanda e QuÌmbanda,8+ ed. bretudo banhos conì as mais variadas espéciesde ervas e
p. 43). Pela simples concentraçãoirradiam certos médiuns outros ingredientes,às vezes incrír'eis...Os banhos de mar
ou babalaôs seus fluidos curadores, combinados com os in-
e de cachoeirasão usadoscomo descargade fluidos que se
tensos desejos do paciente,para um recepientede ág,uapura
acharem impregnadosnas criaturas; servem também paÍa
e ela se transformará,sem mais, em mfuaculosoremédio...
Íortalecer as guias, colares e rosários. Os banhos de eryas
2) O ritual da trom de cabeça- E' um processo muito é sabido que têm ação terapêutica,sendo que o arruda, o
usado na medicina mágica. Procura-se transferir a doença guiné, o sal grosso e o furno, além disso, exercem ação
36 g7
(L. Braga, Umbanda e doença, sobre o êxito de certos negócios,inclusive para re-
disimpregnatizante sobre o paciente" soiver problemaspolíticos. "Búzios" otr .'buzos" são peque-
31). E corn toda a seriedade pr€ore-
Quimbandq, 8+ ed. P' nas conchasmarinhas.por meio das quais os üaóaÍads se
vem poÍ vezes banhos simptesmente repugnantes. Eis aí, por
exernplo, um tiPo de banho "pata titar qualquer PÍâga ou
maldição":

Orixd" (Catecismode {Imbanda, Rio 1954, p. 7Z).Entre os


umbandistas"o jogo dos búzios é uma decisão espiritual
sernelhanteao' julgamentode um tribunal livre', (Doutrina e
Rituat 'de Umbanda, Rio lg5t, p. l3g). A comunicaçãoé
feita do seguinte modo:

Rio 1953, p. 289).


A tíiulo de arnostra, apresentamos mais outro exemplo,
tirado do mesmo livro, à p. 28ô. Trata-se de um tipo de
banho de descarga:
l.

a água estiver morna tomar o banho e depois esperar- urn


pouc'o e, logo a seguir, tomar o banho com água e__sabão,
rl
üsando toalha limpã e mudando de roupa limpa. Ern se-
guida, põe o que puder apanhar da água do banho junta-
mente com o pano com as fezes do Boi Preto, dentro da
lata que cozinhou, deixando a mesme na encruzilhada: pe-
dir ao Exu do Boi Preto qne leve todas as cargas de fei-
tiçaria, maus olhados (maus olhos), prâgas, etc, etc.".
I
o JoGoDos Búztos.
À,Iuiiosvão ao ierreiro pedir ao "Pai de Santo" que "bo-
te os búzios", isto é, que interrogue os espíritossobre de-
lerminado problema,sobre a natueza de alguma aflição ou
'ri

39
dh suarda. Esse procedimento acarretará graves' prejuízcs reiro Francisco de Assis", "Centro Santo Expedito", ,,Ten-
ao b"abalaô".A intèrpretaçáodos búzios iogados é uma d-as da Santa Rita de Cássia", etc., para não mencionaros
grandes mirongas (spgredos) dp Umbanda, "e .o seu comple- ínfinitos centros dedicatÍosa São Jorge. Na sala do centro
t% conheciment"onão ãstá aô aicance mesmo de umbatrdistas
iniciados"(ib. p, 137). há verdacleirosaltares, com grande variedadede crucifixos,
,t
estátuase imagensde Santos nossos.E, a confusão.E con-
fusão intencionaímente,pensadamente,acintosarnente, man-
ORIXAS DE UMBANDA E SANTOS CATOLTCOS Í
tida, Íavorecida e explorada pelos dirigentes de Umbanda.
No Espiritismo de Umbanda encorrtramosuma parti' E' o grande meio para atrair o povo. E o povo vai. Vai
cularidade que precisa de ser denunciadae desmascarada para a Tenda Sâo Jorge, como vai para a igreja de São
com toda a energia. E' vezo comum a todos os espíritas Jorge; leva seus filhos para serem ,,batizados"no terreiro,
do Brasil apresentaruma f achada cristã. Poder-se-iapen- como os apresentaao primeiro vigário que enconÍrare que
saÍ que o Espiritismo db Umbanda, que, como vimos, PÍ€- também os batiza, senr nraioresindagaçe,es, na dcce ilusão
tende reintroduzirno Brasil um terdadeiro politeismopagão, de que todo brasileirc é catóíico; comemoraa festa de São
não encontrariajeito de encobrir seus intentos "sob pele Cosme e São Damião em alguma igreja católica, para ir
de ovelha". ÀÍas como, infelizmente,por falta de suficiente depoisao terreiro pagão; vai praticar a magia na tlmbanda
instrução religiosa (que, por sua vez, tem süa causa na e vai confessarna igreja... Pois a Doutrina e Ritual de
absoluta escassezde padres, graças às perniciosasativida- Umbsnda, Rio tg5l, p. 148, escrev€: .,Os umbandistas,em
des da Maçonaria no século passado),o nosso povo geral- ''Ë, Sua maioria também católicos,vão (durante a SemanaSan-
rnente não está compenetradodo verdadeiro espírito da men- t. ta) às igrejas, conlessando-se e pedindo perdão dos seus
sagem cristã e conhecedo Catolicismoapenas suas mani- pecados"; e na p. 127 pÍescÍeve: ..As crianças, vestidas de
ïestaçõesexternas,ou a fachada,cultivando ainda uma de- iilr azul e rosa, vão assistir, no templo católico, à missa de
rf
voção quase supersticiosaaos Santos, no que, por vezes, e São Cosme e São Damião. De volta, inicia-se a cerirnônia
populares,ain- ;
em certos Santuários,ou outras manifestações no rituaL africano..."
cla é corroboradopor Irmaúdadese mesmo por atguns pa-
dres, por isso os dirigentes de Umbanda encontraramum
I E' preciso abrir os olhos clos caiólicos.Urge desmas-
tarar a Umbanda e mostrar que atrás de toda essa fachada
meio tácil de dissimularseu politeismopagão sob a fachada católica não há nem vestígio de Cristianismo..,À[as por
popular clc Catolicisrno.As nossas festas mais populares rjentra são lobos - não, leões * vorazes!" Atrás de cacia
(clc Senhor do Bonfim, de Nossa Senlrora,cle 5ão Jorge, Santo (cristão) está um cìeuspagão. Os rtirigentËïA* Urn-
São Cosrne e São Damiâo, Santo Atrtônio, São Sebastião, handa apreseniamo Senhor do Bonfim, na realidade,porém,
etc.), são oportunidadesextraordinárias,explcradaspelo Es- querem prestar um culto a Oxald ou Obatald, ,,Chefe Su-
piritismo de Umbanda, para apresentarsua f achada cató- premo da Corte Celestial"; aparentam ven€raÍ a Virgem
Iica e propagar seu politeÍsmopagão, com todo o cortejo Nossa Senhora (da Conceição,do Rosário, dos Navegantes,
de magias e superstições. Na última festa de São Jorge pu- da Glória, etc., conforme a devoção .de cada localidade),
demos obseÍvar uma procissão de Umbanda,com estátua de mas na verdade intencionamoferecer sacrifíciosa Iemanjá.,
São Jorge, acompanhada pela banda miliiar e que, para a deusa da água e do mar; simulam o culto a Sáo Jorge,
gente menos instruída, apresentava as características das ,ü entretanto pensam em Ogum, deus da gueÍra; fingem ve-
manifestaçõespopulares católicas. Os terreiros, aÊ tendas nerar São Cosme e São Damião, quando de faio cultuam
e os centros de Umbanda têm quase sempÍe nomes cató- Ibejì, deus protetor das crianças; etc. Se os urnbandistas
licos: "Centro Santa Bâtbara"r "Tenda São Jerônimo", "Tei- se apresentassem como são - magos e politeístas- pou-

40 4r
cos seriam seug sequazes.Bem o sabem eles. Por isso ocul- de angola), gaio vermelho; vesÍes..encarnada, com putsei-
tam a rnagia sob o rnanto cristão da caridade e disfarçam ras verdes e brancas, de estanho_ ou bronze; dja; Ter{a-Fei-
o politeísmo com a devoção cristã aos Santos, para então ra; .Sazfos.'São, Jorge no Sul, Santo Antônio na Baiâ, Sáo
Paulo em ReciÍe.
gritar a plenos pulmões peto Brasil afora: "Nós também Oxgssi (ou Oxóce): deus da. caça, rei e senhor da ilo-
somos cristãost" E milhões de brasileiros, inctusive gente testa. FeÍiche: arco e flecha, frigideira de barro; insígruias;
branca e chíc, vão para lá. flecha; comids: carne de carneiro, galo, milho verde e ãmen-
doim; uesÍe.'verde;dia; Quinta-Fei-ra;'grito:latido como de
Note-se, porém, que não há unidade no disfarce' Ogum cachorro. Santo: Sáo Sebastião no Sut, São Jorge na Baía.
é São Jorge no Sul, é Santo Antônio na Baía, é São Paulo Omulu (ou Omulum, Xapanã, Ototó): peste.
Ototó'j: deus da peste,
em Recife (e é São Pedro em Cuba, único país do mundo prineipalmente
inalmente da .variola.
variola. _F caveira. piaçava
Füiche:: caveira,.oiacava com bti-
hri-
em que, fora do Brasil, existe a mesma confusão); Ox.rÍssi zios, .enxada^;
"ïã'üâ insígnias;. lança; comida: bõde, gato preto,
é São Sebastiãono S,ul, é São Jorge na Baía (e Santo Al- .",f ã'.ãïra, ;;.fr' ã'eiteãà'oe"ae,-óipoïï''"3Ëà;
í;;i;l
amatela e^preta, com pulseiras de contas pretas, de chum-
berto em Cuba); Omutu é São Lâzarc no Sul e São Bento
("Santo da cobra") na Baía; Xangô é São À'liguel no Sul,
São Jerônimo na Baía e Santo Antônio em Recife; e assim
por diante.
Cada um dessesdeuses (ou orixás maiores) tem o seu
rI
I
I
bo; dia: Segunda-Feiraigriío: hã, SanÍosi São'Lázaro no
Sul, São Bento na Baía.-

fetiche, suas insígnias ("pontos riscados", sinais cabalís- i


-B
ticos), sua comida predileta (que eles chamam de amald), ï
suas vestes especiais,seus dias preferidos e seus gritos ca- i Iansan: deusa do vento, da tempestade,deusa da vin-
I gança. Fetiche: meteoríto; insígnias:espadae raio; comida:
racterísticos.Eis aí uma lista, colhida em r'árias obras: I
bode, galinha; veste: vermelha, v€rde, com pulseiras ver-
I melhas, de cobre ou latãrí; dia: Quarta-Feira; grito: ei-i-i
It ("mais suave do que o de Xangô"). Sanfa: Santa Bárbara.
Oxun (ou Osum, Axum): deus dos raios e da água
.i fresca. Fetíche: pedrinhasraladas; ìnsignias:leque, pequeno
sino, espelho; comids: tainha, cabra, galinha, feijão Ìra-
dinho; reste: azÍl e branca, com pulseiras da mesma cor,
de prata; dla: Sâbado; grito: hmm-hmm.Santa: Nossa Se-
nhora da Corceição no Rio, dos Prazeres no Recife, de
Lourdes na Baia (e em alguns centros Ca Baía também
Sant'Ana).
Iheii (ou Dô-ít,
Dô-ú, Dois-Dors,
Dois-Dors,Beíjinho):
Beíjinho): deus protetor
protetor das
tlas
Fetithe: três.
lças. Fetithe:
crianças. garotos; comida:
três. garotos; comida: bombons, balas e
doces; vesÍcs.' Íosa e branca, com pulseil
selÍ as oe YaÍ las coÍ es:
dÌa: ingo. SanÍo.'
dja: Dominco. SanÍo.' São
São Cosme São Damião (ern alguns
Cosme e São
terreiros da Baía também São Crispim e São Crispiniaio).

sob o qual é dissimulado; São Jerônimo


corresponclertte, O MOTIVO DE TANTA CONFUSÃO.
(ou Santa Bárbara) na Baía, Sâo À'Iiguelno Sul e Santo
Antônio em Recile. Por que tão vergonhosodisfarce?Por que toda essa fa-
Ogum (ou Ogun-iiÍegê,
- Ogu.n.Rompe_-illato):deus .da
chada católica?Por que Santos cristãosnos terreiros pagãcs
guerra] chefe das demandasespirituais.Fetiche: pá, Ìoice,
fança, bigorna, malho, enxacia; insignias: lança e espada; de Umbanda? Por que a imitação de nossos altares, com
comÌda: õarne de bode, cabeça de boi, galinhola (galitrha quadros e estátuas de Santos catolicíssimos?

42 43
A esie respeito um umbandista mais sincero, que se
ocultou sob o pseudônimocie "Yonóti", conhecendode perto I

a Umbanda e certas íntensõesmenos correias de seus co-


legas propagandistas,as denunciou vigorosamentenos se-
guintes termos: -I

Um outro senhorr.que se diz membro da União Espi-


ritista de Umbanda, começa por confessar singelamenteo
seguinte: "Em verdade, temos nos nossos altares as vene-
randas imagens de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Nossa
Senhcrada Conceição,dos SantosJerônimo,Jorge,Sebastião,
Benedito, Antônio, À,iiguel,Cosme e Damião, das Santas Ca-
tarina e Bárbara, sendo mesrno as Írossas Tendas registra-
das no Registro de Titutos e Documentoscom os nomesdos
Santos Católicos" ([ornal de I]mbunda, Junho de 1954, Rio,
p. 1).Está, porém,alarmadocom a seguinteidéia: que "a
Igreja de Roma poderá lembrar-sede mol.er contra nós uma
ação (tal como fez com bispo de JìIaura), com o ohjetivo
de nos privar, pelo menos por algum tempo, da prática
do nosso culto, obtendo da Justiça a proibiçãode exibirmos
nos nosscs aliares os santos por ela consagraclos, e dos
quais pensa ser senhota absoluta,Diante do fato consuma-
do, grandes seriam os nossos prejuízos,não só de ordem
espiritual, conro material, poís, obrigados a acatat qualquer
decisão judicial, pelo menos enquanto se discutisse,tería-
mos que nos privar, por atgum tempo, da pÍesença dos
nossosaltares, das figuras que representamas máximas en-
tìdades"quepresidemos destinosda Umbanda".Para evitar
táo desastrosoacontecimentoe para previnir táo inaudita

45
44

l'
n -l ,,::tri,
E nâo se diga que o culto ao Exu ê, exclusivo da Quim-
banda, da À'tacurnba,do Candomblê ou do Batuque. "Na
Umbanda os Exus são constantementeinvocados e trabalho
algum é oorneçadosem que sejam salvadas (isto é: reve-
renciadas) essas entidades" (A, Fontenelle,O EspÍritismo e
a Lei de Umbanda,Rio, p. l2); ..nenhumtrabalho de Um-
banda pode fazer-se sem antes ser riscado o ponto de se_
guÍança, chamado porteira, puxando-se,um ponto (canto)
adequado,dando-sealgumas vezes uÍn presentea Exu, quan-
do se trata de um trabalho importante,' (Catecismode IJm-
banda, Rio Í954, p. 30).

AO DEMÕNIO.
OS EXUS DE UTïIBANDAE O CULTO O Sr. Aluísio Fontenelle,ern uüta obra de 2?2 páginas,
conr o tÍtrilo de Exu (Rio, 1952) dìz de si nresmor"OrÌen-
tado ern grande parte pelos mer,rsCuias Espirituais, pelos
próprios Exus e ainda: aliado ao profundoconhecimento so-
bre Magizr,como sacer"cloÍe que sou dos diversos cultos de
Umbanda; aiém de conhecedorreal de todas as práticas
que se exercemnos diversos terreiros onde se praticam os
Baíuques, Condomblês, Cangerês, etc., posso perÍeitamente
como catedráticono assunto,mostrar-lheso que é verdadeira-
tnente um Exu" (p. 94).
Pois bem, este autor, como, aliás, também outros dou-
trinadores de Umbanda,identifica sem mais os sf,Ís com o
que nós católicosdenominamos "demônios"(p, 93, 103-116:

ü
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Tudo e o Tranca Ruas) fazem qualquer "serviço". Outros
têm especialidades: alguns possuemqualidadesespeciaispa-
ra transmitír doenças,outros para produzir desastres,ou-
tros para matar, outros para seduzir moças,separar casais,
etc. "Enfim - escÍeve Oliveira ìllagno, Ilmbanda e Oca!-
tíímo, Rio 1953, p. 32 - há Exu para tudo, para todos
os fins e atos da vida, por exemplo: Se o leitor quer en-
ganar uma pessoa,pode se pegar com Exu Enganador; se
quer seduzir uma moça, pode chamar por Exu Sedutor; se
uma mulher quer prender ou amarrar um homem,pode cha-
mar pelo Exu AmarradoÍ". E há .,comidas"prediletas,que
lhes são olerecidas:uns gostam de poico, bode, galinha pre-
ta, outros de charutos,outros preferemcachaça(,'marafo,'),
pipoca, pimenta, dinheiro, velas, etc. Geralnentequerem vá-
errado e é pâra isso que eles existem" (p' 101)' "Sendo o rias iguarias ao mesmo tempo. E tudo isso deve ser pre-
ele
Exu o dono principal das Ruas e Encruzilhadas,é a parado dentro dum bem determinadoe complicado ritual
quem primeiro devemos salvaf, pois é sòmente com a eua mágico, acompanhadode "pontos riscados" (sinais cabalís-
Iicença'quepodemosdirigir um trabalho de Magia, pelo fa- ticos), traçados com pemba branca e "pontos cantados" (es-
ro de ser ainda ele o elementomágico univefsal" (p. too). pécie de hìnos)^ Esses sacriïíciosdel'em ser depois coloca-
Pensamos umbandistasque Deus é bcm e não faz nem dos em determinadoslugares, de acordo com a f inalidade
pode fazer mal" Ele é o Pai bondoso de todos e tem obri- e a qualidadedo Exu; uns são levadosà margem dum rio,
gaçâo de cuidar de seue filhos. Não precisamos por isso
-estar outros ao cemitério, outros à entrada da casa onde mora
ãe pedíndoÍavores a Deus. Pedir a Deus seria até um a pessoa em favor ou contra a qual se faz o despacho,a
sinal de desconÍiança'À'Iaso Eru é ruim, sempre pronto a maioria vai parar nas encruzilhadas,nos descampados, no
Íazer das suas, a nos prejudicar e fazer o mal' Todavia, alto de moÍros, ern pedreiras.. .
querendo,o Extt também nos pode Íavorecer e servir para Tipo de um despachoa Exu Tranca Ruas:"Numa Ëncru-
o bem. E' por isso que precisarnosesforçar-ncspor estar zilhada de quatro caruinlics ou nas ruas, coloca-se lÌrna
bem com ele. Daí a necessidadede cultuá-lo, de oferecer- toalha quadrada tendo urn metro de cada laduo sendo essa
lhe sacrificiose presentes"Então ele se pôe às nossas or- toalha de cor vermelha,de preferênciaSetim. Deverá ter a
dens e faz o bern {ou o mal) que lhe pedimos.Os Erus toalha, em toda a sua extensão,ftanjas de seda preta com
cinco centímetrosde largura. No centro da toalha deve ir
são numerosíssimos, Têm os nomes mais extravagantes:Exu bordado o ponto de Tranca Ruas, ponto esseriscado na ir-
Tranca Ruas, Exu Quebra Galho, Exu das 7 Poeiras, Exu radiaçáo do irabalho païa a respectivaÍÌnalidade,pcssuindo
das ? Portas, Exu Tranca Tudo, Exu Cheiroso,Exu da Capa ainda esse ponto 49 centímetrosde circunferência.Estende.
Exu Calunga, Exu Morcego, etc' Cada se a toalha de preferênciano centro da encruzilhada,e so-
Preta, Exu Tiriri, bre ela, em cada um dos cantos,duas velas cruzadase aÍnaÍ-
um deles lem a seu serviço flumefosos subalternos.Eles di-
radas com fitas de seda preta e r.errnelha.No centro da toa-
vidiram entre si o mundo, de que são os senhoresimediatos,
com liberdadesem restrições: uns mandam nos rios, outros
nas matas, outros nas estradasr nas montanhas, nos cemité-
rios, nas soleiras das casas, etc' Vários deles (como Tranca

48 H e r e si a5 - 4 4g
I
Exu Veludo.' tem o "poder de proteger ou castigar os
I inimigos daquelesque recorrem aos seus incalculáveisbe-
nefícios" (p. 149).
Exu Tiriri: companheiro de Tranca Ruas. "E' grande-
mente evocado na prática de trabalhos a serem despacha-
dos. nas encruzilhadas,nos campos, nos rios, bem corno nos
A: LI$TA MACABRA DOS EXUS'
Damos a seguir a Íetação de alguns Eras, sempre guia-
i
I
çeniitérios".
Exu Quebra Gslho: mancla principalmenteuas matas.
"Exerce ainda Íorte domínio sobre as mulheres e rnoças,in-
citando-asà perversãoe ao abandonodo Iar (quando ca-
do pelo "cafedrático no assunto", o Sr. Fontenelle(a pa' I
I sadas). E grandementeevocado na prática da lVlagia Ne-
gínação se refere à obra intitulada Era, Rio lgSZ). gÍa, paÍa a separaçãoe união ilícita de casais,e todos os
Exu-Rei ou trIaioratr ldentificado com Lúcifer (p' 103 I trabalhos nos quais se amarÍam bonecosde madeira, etc.,
e tt8). O Catecismode Umbanda, Rio 1954,p. 22, pergunta" t. são entreguesa essa poderosaentidade" (p. 158).
"Queú é Exu Rei?" Resposta:"E' o maioral dos Exus,-con- Exu Pomba Cira.' "Representaa maldadeem figura de
siderado corno Lúcifer õu Satanás do Cristianismo".Pros- mulher". "Encarrega-seda vingança,pactuandocom as mu-
begueFontenelle:"Apresenta-secomo figura de altos conhe- lheres feiticeiras contra as suas inimigas. Todcs os traba-
ciõentos, tratando-noscorn grandes cieüaçãode sociabilida- ihos inerentesa ca$osde amor, nos quais a mulher se sente
de, prometendo-noseste muìdo e outro, exigindo táo sò- prejudicada,ou então pretende realizar qualquer união, são
mente que por nós seja tratado por: À.iajestade, Raramente entreguesa Pomba Cira, e os seus resultadossão de fato
vem a um terreiro, preferindo apena$ aproximar-se dos lu- surpteendentes"(p. 159).
gares onde se professemaltos estudosde Àlagia Astral, para Exu d.as7 Cruzes: encarregadode zelar a entrada dos
com os poderes de que é irnbuído, e usando de uma estra- cemitéríos.'A essa entidade é entregue todo o 'trabalho
gédia toda especial, procurar abalar ou captar' os que se que se pretendelazer para que uÍna pessoamoÍra por aci-
julgam portadoresda Fé e que, não taramente,leva a me- dente, assassinada, ou outra qualquer espéciede morte, des-
lhor, pois pode produzir maravilhas de modo imediato" (p. de que não seja natutal" (p.162ì.
103). "E' mais conhecidocomo possuidor de belíssimacapa Exu Tronqueìra: é o encarregadodas tronqueiras ou
preta, forrada de verrnelho tendo no alto da cabeça dois entradas de portas. "A essa entidade é que devemossalvar
cornos; tem as feiçõeslinas e o seu gesto é de um perfeito (saudar, oferecendodespachos)quando se jniciam quaisquer
cavaleiro" (p, I 19). "Deì,e ser tratado como rei" (ib.) "Pro- trabalhos ou sessóesde Umbanda, paÍa que essestrabalhos
tege todos quantos buscam rÌos malefícios prejudicar os logrem o seu devido êxito" (p. 1ô3 s). "Ao penetrarmosen
incautosque inconscientemente se atiram de mil formas nas um terreiro de alta magia, bem como, em qualquer terreiro
práticas da .lllagia Negra" (p. 1lg). de Umbanda, depararernosna maioria das vezes, coiocado
Eru Rei das 7 EncritzÌlhadas; Um dos rnais invocados à esquerdaou à direita.de quernentra, com algo de estranhon
que iogo nos despertaa atençâc.Trata-se do ponto de sau-
dação ao Poyo de Exn, o qual colocadomuitas das vezes
dentro de uma pequenacasinhola,traz as seguintescarac-
terísticas: Duas velas cruzadas com as duas-pontas quei-
madase apagadas,dispostasem X, tendo no vértice inferior,
uma Cuité (cuia) contendomarafo (cachaça)e ainda, no fun-
do, riscado no solo com pemba branca ou preta e que em
geral está representadopor um ponto, sendo esse ponto
apresentado.na forma de dais garÍos tridentes, cru.za4os,e
também uma ou mais cruzes riscadas, que repÍesentamcabalìsfica-
o mais mente a Linha das Almas. A isto é o que se denorninade
a ele Exd de Exu, ou ainda: a salya dessa entidade" (p. gg: cf,
encruzi- tambémDoutrina e Ritual de Umbanda,Rio 1951,p. ttZ s;.
Exu das 7 Portas (tambémchamadoExu das Z chaves):
Ãl
51
Exu Pagão: "Seu trabalho se prende ao que comumente

Exu Ì+Iorcego:"Trabalha principalmentedepois da rneia-


noite". "Tem o poder de transmitir toda e qualquer espé-
cie de moléstia". E' a ele que se fazem as reeas no gado
atacado de bicheiras,verm€s, etc., (p.173).
Exu Tranca Tudo: Seu despacho deve conter: "Galo
pr.eto, farinha misturada ao azeite de dendê, ovos cozidos
è marafo". Seja colocado de preferência nas encruzilhadas;
mas qualqueroutro lugar também seÍve. Ele ajuda em tudo: Exu Ganga: "Seus trabalhos são feitos exclusivamente
Tranca Tudol A ele "é entreguetodo e qualquer trabalho
nos cemitérios-".
no quai se deseja a morte de pessoas,ou também a cura
de enfermoscompletamente desenganados; pois ele tanto cura
como mata qualquerindivíduo" (p, 225).
Exu Quirimód.' "Suas atividades maléÍicas são de rnolde
a prejudicar simplesmenteas mocinhas,induzindo-asa pÍa-
ticarem atos indecorosos,induzindo-asao caminho da pros-
tituição" (p. 229). Despacho:marafo e sangue de galinha.
Exu Br'qsa:"E' o provocadordas incêndiose dornina o
reino do Íogo, tendo a facilidadede concederaos pratican-
cipalmente de jamelão.
i-
J
tes da rlvlagiaNegra o dom de caminhar entre chamassem
queirnar-se"(p. 123 s).

COMO FAZEITI OS "DE$PACHOS'.


"E! muito comum hoje em dia, mesmo entre os ele-
mentos da alta sociedade,verem-secasos de larga ptocura
{es de terreiros". (p. 183). aos Quimbandeiros,para que estes realizem trabalhos de
Exu Caveira.' à serviço de Omulum, rei dos cemitérios. macumbas,feitiçarias, despachos,etc., com a Íinalidade de
Costa de bife cru ou de caÍne de porco, com farofa e
azeite de dendê; é amigo também de marafo, r'inagre e azei- conseguirem desmanchesde casamentos,aproximações de
te doce. "Nunca se deve deixar de acender pelo amantes,eniim, uma série de trabalhos próprios dos Exus,
-tem menos 7
velas, quando o presente para Exu Caveira que se{ num cÍescer constantede maldade, perversidadee falta de
entregue no cemitério" (p. 200). Os despachosdevem ser bom-senso"(4. Fontenelle,Exu, Rio 1952,p. 98). Em vista
feitos depois de meia-noite.
desta enorme difusão, mormente nas grandes cidades, deste
"Ensina a falar de um modo ime-
Exu da {Ií.eía-nuoite:
diato qualquer língua e tem o poder de decifrar qualquer recurso aos Exus, para melhor alertar os católicos e paÍa
enigma" (p. 203).-Foi eie quem deu a São Cipriano as-fa- dar-lhes oportunidade de conheceremrnais de perio esta pe-

52 53
I

Íigosa e condenávelprática da magia, transcrevemosdo Ii- Salr.e tá tá, Pomba-Gira


Exu .muÌher,' -
SaÌvo
vro de Oliveira r\{agno, Prdtica de Umbanda, Rio 1952, mais Ela É na encrr.izilhada
À que Íaz tudo q que quer. (Bis)
algumas amostras e receitas.
E terminar dizendo: "Assim como na encruzilhadatu Laz
l) Para sottar e desamarrar negócios;-- "Em uma Bex- tudo o que queÍes,assim tambémseja feitc o que eu quero.
ta-feira à rneia-noiteir a uma encruzilhada,leyandoum galo Estou confiante" - Nota: Se for rnulher que deseja ser
preto vivo e amarrado com uma f ita preta e outra ver- beneficiada,deve ir eff companhiade um homem, pois os
melha; uma garrafa de cachaça; um charuto e uma caixa trabalhos de Exu Pomba-Gira obedecemà lei do sexo".
de fósforos. Chegando na encruzilhada,pedir licença; em
seguida abrir a garrafa e salvar os quatro cantos da en* 3) Para resoher-setodos os cosos: - "Em uma noite
cruzilhada,um pouco de cachaçaem cada um; porém que de segunda-ïeirapÍocuraÍ sete encruzilhadaslevando sete
fique ainda bastante cachaça na gartaïa, a quai deve ser vrlas, sete clrarutos, sete caixas de fósforos, e acenclendo
posta no centro da mesma encruãilhada cora a caixa de uma das velas em cada encruzilhadae pcndo a seu lado
Íósforos aberta e o charuto ao seu lado; depois disto fel- um dos charutos e uma das caixas de fósforos aberta e,
to cantar'o ponto seguinte: na rhltima encruzilhadapôr iambém uma garrata de ca-
Exu Tirirl, chaça aberta, e dizer: "Eu vos oÌereço, ó Grande Rei das
Trabalhador da encruzÌlha.da" encruzilhadas, para que os meus caminhcssejam iluminados,
Tloma conta ,e presta contag abertos e desembaraçados, païa que tenha prcsperidadee
Ào ,romper da rnadrugada, (Bts) os meus desejos seiam realizados.Estou confiante".
,l) Para se livrar do desânimr.' -"Quem estiver desa-
nimaclo, triste, sem fé e esperança,é ïazer o seguinte: Em
uma quinta-feira,ir a nrna mata levando uma vela, um t'i-

Firma o ponto,
Âcerta q Fasso,
Para trlxu d.a encruzilhada cantar o ponto seguinic:
Não há .embarago. (Bis)
Ver:r, ó caboclo,
Dcpois disto, pedir licença para retirar e termínar dizerdo: Vem, pena hranc.a,
"EBtou conÍiante". Ven Lrabalhar,
Yenr dar â, esFerançâ. íBis)
2) Trabúhos pnra diversos lins: - "Em uma sexta- És o cabcclo
feira da Iua crescentee próximo à meia-noite,ir a uÍrlã Dâ Íé e esFì!átàÌlqã,
encruzilhadafêmea (dais caminhos que f echam em fornra Da lnz vihrante,
de T) e Ìeuar: Unta Ìarofa arnareia dentro rle uÍn al- Ifa fc'v(a brarrca, (Eis)
guidareinhode barro, uma garrafa de cachaça,uflr charuto E ternrinar rlizerrclo: "O' sublinte caboclo, cülïl a graça dc
€ umËìcaixa de fósforos; pedir licença e cantar o ponta Deus. dai-tne ânimo, fé, esperançae alegria de t'ir-er,E que
seguinte: Deus Pai permita que assint seja".
Que hela noite, 5) Paro resolveruffi casodÌiicil: - "Primeiramentecha-
Que linrÌo luar, rnamos a atençáo que qualquer trabalho cru oÌerta .que se
Exu Pomba-Glra pedreiras,cachoeiras,
Vem trabalha;r. (Bis) r.ai Jazrr no mato, mar, enciuzilhaclas,
,rios, cemitérios,etc,, a primeira coìsa a fazer é saivar e
Em seguida,pôr- no centro da encruzilhadaa farofa, a gar- pedir licença;frincìpalmentenos cemiteriosnão se deve fa-
rafa aberta, o charuto e a caixa de fósforos,também a6er- zer nenhum trabalho sem prìmeiramentepedir Iicença ao
ta, e dizer: "Eu vos ofereço para que meus caminhosse- dono do cemitério (Omulu) e acendertrês ou sete uelas tto
jam ,e desembaraçadosê os úeus desejossejam rea- cruzeiro cnr henefíciodas almas"crrjos corpos foram aí en-
-ab.ertos
Iizados". E logo a seguii cantar este ponto: terradrs c rezaÍ Pai-Nossoe Ave-IÍaria. Depois disto feito,
54 5s

,#L
então é que se pode fazer qualquer trabalho. Enfim, para ta nlaopode ser sem mais um sim ou não. A nosso vez exis-
que uma pessoaresolva qualquercaso difícil, há o seguinte: tern verdadeiros casos de magia. Não nos foi possível con-
Sete velas, sete caixas de fósioros, sete charutos, uma gar-
rafa de cachaça e em uma sexta-feira das 23 e meia às testar a realidade de certos efeitos examinadospessoalmente.
24 horas percorrer sete encruzilhadaspondo em cada uma Se Deus proibiu a prática da magia sob pena de morte, não
1 vela acesa,I charuto e I caixa de fósforos aberta; e na o fez sem motivos. Mas para que se compreendaperfeita-
última encruzilhada entregar também aberta a garraÍ.a de mente a posição cristã, é necessário recordar alguns ensi-
cachaçadizendo o que quer conseguir.No sábado seguinte namentos da Sagrada Escritura a respeito da existência e
levar 7 velas em um cemitério e acender no cruzeiro re-
zando 7 Pai-Nossos e 7 Ave-Marias em benefício das al- das atividades dos "espíritos das trevas". Abramos, pois,
mas cujos corpos foram a1 enterrados para qu€ se con- um parêntese necessárjoe muito útil.
siga o que se pretende,No domingo seguintelevar sete ve-
las em sete igrejas (católicas!) e acender úma em cada
igreja rezando um Pai-Nossoe uma Ave-Maria para que ter- rt A EXISTÊNCIA E AS ATTVIDADES DO DEMÔNIO.
mine se realizandoo que deseja.Por exemplo:Queresser vi-
totioso em uma demandaou luta, que a última igreja seia Para sermos conciso numa questão que, talvez, mere-
a de São Jorge. Queres ser feliz no casamento, que a úl- ceria longa exposição,compendiaremoso ensino cristão te-
'fizer
tima igreja seja a de São José. Quem este ttabalho lativo ao demônio nos seguintes pontos:
à risca, isio é. comoletosem nada faltar. oode ter a c€r-
teza dé realizai c que pretende, pois não'sb é a ação das I ) E' doutrina revelada por Deus, e portanto verdadç
forças como também dá uÍna prova de fé, coragem e força de fé, que existem espíritos maus. São seres espirituais, in-
de vontade" (este último exemplofoi tirado do liÍro do mes- teligentese livres (portanto: pessaas),criaturas de Deus que
mo autor: Umbanda e Ocuttiimo, Rio 1953, p. 66 s). se revoltaram contra o Criador e foram condenadosao in-
ferno. Pouco importa seu nome: demônio, satanás, diabo ou
.OS DESPACHOS PECAM IITESÀ{O?''
exa. Jesus Cristo preieriu estas primeiras três denominações.
Paremos um instante. Fechemosesseslivros de necÍo- Mas tambémo chamoude "pai da mentira" (Jo 8, M), "prín-
manciâ, magia, politeísmo,demonolatriae heresia.Para de- cipe deste mundo" (Jo 72, 31; 14, 30), "homicida desde
senfoxicar-nos,tomemosos sagradoslivros do Evangelhode o começo" (Jo 8, 44), "inimigo" (Mt 13, 39), "o forte" (Mt
Cristo. Refliiamos, Façamos algumas consideraçõescf íticas 12, 29), "espírito imundo", "impuro" (l\{c 3, 3O), etc.
do ponto de vista cristão. Pois somos muitas vezes inter- 2) Há entre eles certa ordem e hierarquia,sendo Lú-
rogado se o despachoou o maletíciotem os efeitosapÍegoa- cífer o chefe. Cristo fala do "demônio e seus anjos" (Mt
dos e garantidos pelos autcres de Umbanda. Muita gente 25, 4l ), referindo-seexplicitamenteao "reino de satanás"
tem um pavor medonlic dos despachose malefícios.Nem que está unido (l/lt 12, 26). Também o Apocalipsenos re-
queÍem passar por perto. E se anranhecemcon üm despa- corda o "dtagão e seus anjos" (12,7) e São Paulo tembra
cho destesà porta da casa, é uma calamidade.Os babalaôs aos efésios"que temos que lutar contra os principados,coÍÌ:
e os chefes de Umbanda não raro imperam e se impõem tra as potestades,contra os príncipesdas trevas deste sé-
corn semelhantesameaças.Encontramospessoasque gosta-
culo, contra as hosles espirituais da maldade" (6, l2l'
riam de desligar-sede Umbanda,mas temem e tremem dian-
te dos poderesmisteriososda À'1agia.E contam casos reais 3) Em certo e limiiado sentido podemosdizer que sa-
de vingançastremendas.Ficam assim presos nos laços do tanás é como que o rei deste mundo; Já vimos a expres-
terrorismo umbandista. são de Cristo que o chama de "princípe deste mundo" (J0
Quantas vezes já nos foi feita esta pergunta: "Os des- 14,30). Sáo Paulo declara que é o "principe no reino dos
pachos pegam mesmo?" Pensamossinceramenteque a respos- aÍes, que opera no$ Íilhos da desobediência"(Ef 2,2), alé

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ì' ,lmgsmo que é o I'deus deste século" (2 Cor 4, 4). Os
'diz "Mau grado seu grande poder e obstinação - escrëve o
B€rvos ou filhos de satanás e os súditos de seu reino são Catecismo Romano, ed. Vozes, p. 589 - e seü ódio rnortal
tbdos os'pecadores,ptihcipalmente os que combatem a ver- contra o gênero humano, o demônio não pode tentar-nos
dade (cf. Jo 8, M; At 13, 10). São João escreveu:"Quem e importunar-nos,com a Íorça ou pelo tempo que ele queira,
comete pecado é.filho do demônio" (1 Jo 3, 8). pois toda a sua inftuênciaé regulada pela vontade e peÍ-
4) O reino de Cristo não é deste mundo (Jo 18, 36). missão de Deus. Disso temos em Job o exemplo mais conhe-
Mas Jesus frisa: "Eu sou rei" (Jo 18,37). Não é sirn- cido. Não tiyesseDeus djto ao diabo a s€u respeito: "Tudo
ples rei entre outros, mâs o "Rei dos reis e o Senhor dos quanto ele possui está em tuas mãos", não poderia sata-
senhores" (Apoc 19, 10), de tal modo -que tudo lhe foi nás tocar em nada' que fosse dele. Todavia, se o Senhor
entregue:"Todo o poder me foi dado no céu e na teÍÍa" não tivesse acrescentado:"Só não estendastuas mãos con-
'(Àít 28, 18). Ele é também o "príncipe dos reis da terra" tra a sua pessoa",um único golpe do demônioo teria ful-
(Apoc 1, 5). A Cristo e seu reino pertencemtodos os que minado, juntamentecom seus filhos e todos os cabedáis.A
Íoram artancados do poder das trevas pela Redençâo (Col tal ponto está ligado o poder dos demônios,que sem per-
, I,3 s). A missãode Cristo é a de'.destruir as obras do missão de Deus não poderiam sequeÍ entrar nos poÍcos,
demônio" (1 Jo 3, ü1 e que "todo o que nele crer não pe- de que falam os Evangelistas",
reça mas tenha a vida eterna" (Jo 3, lb), 8) Insistimos:é relatil'a e limitada a liberdade do de-
5) Assim temos de fato, nesta terra de lutas e pro- É mônio em hostilizar os homens. Satanásnão independede
vocações,dois reinos opostos, inimigos um do outro. Sa- Deus, Os espÍritosmaus nos podem tentar ou insidiar ape-
tanás e seus anjos tentam com todo o empenho destruil nas dentro dos limites deterrninadospoï Deus para cada
o reino de Deus. Pertenceao plano da providênciadivina pessoa humana e de acordo com suas forças. O demônio
que o homem mostre sua virtude e constânciana luta, n4s nos hostiliza de duas maneiras: ou direta, imediata e sen-
adversidadese nas tentações.E' esta a razão mais proÍun- sìvelmente,ou indireta, mediata e imperceptìvelmente.O mo-
da por que Deus concedeuao demônio certa liberdade de do mais comum é o indireto, quando satanás,permanecendo
movimento: para pÍovocar a luta, as adversidadese as ele mesmoescondido,se serve de outros meios (maus livros
tentações. cu revÍstas, Íilmes pornográficos, bailes impudicos,homens
6i À,las''apâreceua benignidadee ,o amor humanitário perversos,etc,), para solicitar-nos ao mal. Pode-se dizer
de Deus, nosso Salvador" (f ito 3, 4) : Cristo veio "a fim que é este o meio ltormal e ordinário. Extraordinàriamente.
cle aniquiÍar pela nrorte aquele que imperava pela morte, todavia, o demôniopode importttnar-nostambén:de utn nto-
o demônio" (flb 2, l4). E Cristo venc€u e quebrou seu do imediato, sendo diretamenÍeperceptír,elsua intervenção.
poder. Depois cle Jesus,Satanásde fato já não é o senhor Parece, porérn, que devemosdizer que neste caso satanás de-
imediato e absoluto deste rnundo. ve obter uma perrnissãoespecialde Deus, E o Criador pode
7) Contudo, o demônio,mesmo depois de Cristo, con- dar esta licença oü para provaÍ ou para castigar o homem.
tinuou com relativa liberdadepara hostilizar os homens,até Garante-nos,todavÍa,a doutrina cristã que Deus jamais per-
o f im do nrundo. Por isso admoestaSão Pedro: "IÍmãos, mite sejamosprovadosacima de nos$aslorças. Só cai no po*
sede sòbrios e vigiÌantes,porque o demônio,vosso âdyersá- der do demônioquem livre e espontâneamente a ele se entre-
rio, anda em derredoÍ como um leão a rugir, procurandoa ga. Este, sim, é muitas vezestentado além de suas Íorças;
quenr devorar; resisti-lhefirmes na fé" (l Ped 5, S). Po- mas a culpa não é de Deus: é dele mesmo,que voluntària-
rém, e isso é nuito irnportanie:ele não pode agir à vontade! mente foi ao encontrodo inimigo, brincou e pactuoucom ele.
58 59
9) Como vencer o demônio? Respondeo Catecismo Ro_ permissão divina e Deus pode permiti-lo ou para provar os
múno (p. 594): "O demônio, naÍuralmente, não é vencido
bons ou para castigar os maus e revoltosos.
7) E' exageÍo e m€smo falso dizer que o demônio, in-
dependentemente de Deus, obedece aos caprichos e aos de-
sejos de certos homens su babalaôs.
8) E' falso dizer que em certas coisas nós homens
cair em tentação, mas livrai-nos do mal (ou malignot)". dependemosdos espíritos maus.
São estes os princípios que nos perrnitirão responder à 9) E' falso dizer que é lícito ao homem chamar os
pergunta "se os despachospegam mesmo,,. espíritos maus: é sempÍe pecaminosoe revoltante qualquer
tentativa de evocar os €rils ou demônios,Ínesmo paÍa "pra-
ticar o bem'f.
VOLTANDO AOS DESPACHOS E À MAGIA.
l0) E' totalmente falso e arbitrário dizer que certos
Em vista do que acabarnosde expor, podemos agora espíritos mandam nas encruzilhadas,nos cemitérios,nos rios,
assumir uma atitude cristã frente à douirina e às práticas nos bosques, etc., pois não existe para isso absolutamente
umbandistase quimbandeirasem torno dos exrs. Há algu_ nenhuma base na RevelaçãoDivina.
mas verdades, vários exageÍos e muitas farsidades e arbi- 11) E' falso e arbitrário dizer que os espíritos maus
trariedades que convém assinatar: preferem trabalhar de noite ou em deterrninadashoras.
I ) Ef verdade que existern numerosos espíritos maus, 12, E' falso e arbitrário dizer que são necessáriosde-
que não foram assim criados por Deus, mas por própria terminados ritos ou objetos para chamar ou evocar os de-
' e livre vontade se reyoltaram cohtra o Criador; pouco irn_ mônios.
porta o nome que lhes demos: demônio,satanáso\ exu; e 13) E' pura e condenávelidolatria, ou melhor de'mono-
há entre eles certa organizaçãoou hierarquia. latrÌa, oierecer a satanás presentese sacrifícios ou dirigír-
2) E' verdade que estes espírifos rnaus receberam de lhe cçrtas orações e petições.
Deus uma relativa liberdade de agir neste mundo e hosti- Suponhamosagora que algum babalaô, ou por iniciativa
lizar os homens. própria ou a pedido, faça, segundotodos os requisitos do
3) E' verdade qrre o homem, abusandode seu livre ar- rituatismo, urn presenteou despachocontra Fulano, peciin-
bítrio, pode pactuar com os espiritos maus e entregar-se do a Extt Vetudo que castigue Fulano corn um desastre
a eles. qualquer. O que acontecerá?Respondemos:En si e como
4) E' verdade que Deus pode permitir ao demônío in- tal o despachonão terá eJeito nenhutrn,pois, ccmo virnos,
tervenhade um modo direto e sensívelna vida do homem, o demônio (ou Exu) só pode imiscuir-sede modo direto
aparecendo mesmo sob alguma forma visível. e sensível na vida do homem coÍn permissão especial de
Deus. Pode, no entanio, ser que Fulano seja, também ele,
5) Mas é um formidár'elexagero dos teóricos de Um-
arnigo do demônio (ou vivendo habitualmenteem estado
banda dizer que os espíritosmaus são os senhoresimediatos
de pecado mortal e, portanto, de inimizade com Deus, ou
e absolutos deste mundo: Cristo yenceu e quebrou o poder
praticando também ele a demonolatria,a necromancia'ou
de satanás.
â magia, proibidas rigorosamentepor Deus, sob a comi-
6) E' outro grande exagero dizer que os espíritos rnaus naçáoldos mais graves castigos) e neste caso é passÍue'Ique
aBarec€mà vontade do homem: só o podem fazer ,com
Deus, Wta castigar Fulano, aproveitando a oportunidade,
60 6t

'TT.ïT"{:'TP.*'"*".TW. i il
ças rituais, rodopiando 48 horas sem parar, fumando ca-
chimbose charutos ou comendoos bichos mais nojentos...
O umbandistaLourenço Braga escÍeye que viu "muitos espí-
ritos úiolentosjogarem o médium no chão, darem socos na
mesa, darem urÍos ou gritos Íofies, furar o corpo com a
ponta de punhal, pisar em brasas, mastigar vidro, estra-.
çalhar uma galinha nos dentes para beber o sangue', e o
médium a "gritar, sapatear,bater com as mãos na mesa ou
ficar corno se estivessesuÍocado" (Umbanda e euimbanda,
8+ ed. p. 37).
O melhor e mais eficaz meio paÍa nos torharmos imu-
nes contra toda a sorte de despachose malefícios,é conser-
de Deus que permite ao demônio uma atuação no caso, var-nos na amizade de Deus, na graça santificante, E esta
e do esiado de alma (gfaça santificanteou pecado mortal) vida sobËiratural da graça deve ser conservada,aurnenta-
da pessoa visada. Obserree-se,
entretanto, que não queÍemos da e alimentadapela frequente recepçãodo Pão Eucarístico,
com isso dizer que todo despachoou "trabalho', feitô contra que é o "Pão dos fortes": "Em verdade,em verdade vos
digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não
beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vôs, euern
come a minha carne e bebe o meu sangue terá a vida
eterna e eu o ressuscitareino último dia.., euem come
a minha car,nee bebe o meu sangue fica em mim e eu
nele, . . Quem come este pão viverá eternamente" (Jo 6,
53-58).

pachos licam sem efeito. Mas, como cristão e dentro da SATANÁS E AS DOENçAS.
mentalidadecristã, não nos surpreendemcertas histórias es-
tranhas e extraordinárias, que se narram nos meios onde lâ que estamos a estudar as possÍveisinfluênciasdo
demônio sohre o homem, será interessantesalientar mais
é praticada a magia e a demonotafriae onde os homens
um printo. trIimos que os espírìtas e umbanclistasatrjLruem
põem à disposiçãorio demônio portas escancaradas e carta mujtas cÍoençasà aluaçã,odos espíritos atrasadose mau$ e,
branca, oferecendo-lheaté presentese verdadeirossacrifÍ- conseqnenternente, proruram a €ura pelo afastamentodestes
agentesimportunos.E parece que à-svezes conseguemreal-
mente eïeitos extraordínários. E' a tazã,o por que rnuita
gente vai ao Espiritismoe procura os terreiros de Umbanda.
Qual é a posição cristã perante sernelhantesteorias e
em transe, inteiramentetomados por algum espírito, que os ptor'ár'eis fatos?
faz pronunciat palavras sem nexo e agitar_se e* rnovi*un- Percorrendoas páginas do Evangelho,encontramosreal-
tos alucinados,parecendoos pés não mais tocar o solo a
mente casos em que o demônio parece ser a única causa
e a cabeça balançando doidamente ern todas as direções,
sobre urn pescoço desarticurado,chegando a executar dan- f
l
de certas enfermidadese a cura é obtida pela simples ex-
pulsão do demônio.Vejamos esses casos:
I

62
63
Em lVIt 9, 32-33 lemos: .,ApÍesentaiam-lhe (a Jesus) um
homem mudo, possessodo demônio.E, expulso o demônio, espiritos maus. Talvez eles exageremo número dessasdo-
falou o mudo..." enças. Pois em casos concÍetos será difícil saber se esta-
Em À{t 12, 22: "Então trouxeram-lheum endemoninhado, mos ou não diante dum efeito causado diretamentepelo de-
cego e mudo e ele (Cristo) o curou, de sorte que falava mônio, ou diante duma simplesdoença,uma vez que a ma-
e viat'. nifestaçãoexterna é a mesma, l\{uitas vezes nem mesmo se*
'Mt rá possível sabê-lo. Pois a paralisia ou surdez tanto po-
17, 14-20:é o caso do meninoepiléptico...Jesus amea- deria ser simples doença, como também pura atuação do
çou o demônio,e este saiu do jovem, o quaÍ desde aquele demônio,Há certos doentes que parecemtotalmenteincurá-
mornenfo ficou curado" (v. 17).
veis, apesar de repetidos esforços dos mais competentes
Lc 13, l0-13: cuïa da mulher paralítica, .,que estava médicos. Esta incurabilicladeseria talvez um indício para
possessade um espírito que a tinha doente havia dezoito concluir que s€ trata da atuação diabólica?
anos, e andava encurvada,e não podia absolutamente olhar Cristo mostïa seu domínio sobre o dentônio,expulsando-o,
para cirna. lesus, vendo-a,chamou-a a si e disqç-lhe: Mu-
Temos numerosíssimos exemplosnos Evangelhos.Jesus con-
lher estás livre de tua enÍermidade.E impôs-lhea mão e
feriu também aos Apóstolos o poder de expulsar o espí-
imediatamente ficou direita". Àtais adiante,em discussãocom
rito mau. Os Apóstolos por sua ïez transrnitirameste po-
os fariseus,o próprio Jesusesclareceque ,,satanása lrl.azia
presa já por dezoito anos'' (v. l6). der de exorcismo.Na lgreja sempïe houve exorcistas.Ain-
da hoje todo sacerdoterecebe este poder. E no Ritual da
Façamosprimeiramentealgumas considerações sobre es- Igreja encontramosbênçãos sobre os enfermos que encer-
tes fatos narrados e garantidos pelos Evangelhos.
rarn verdadeiroexorcismo.Leia-se este exemplo:
Ernbora estas doenças (surdez, cegueira-mudez, epitep-
sia e paralisia parcial) tenham, segundo o texto sagrado, Orstio et benedictiosuper aegrotum. - Per tuam maxi-
origem diabólica,o dernônio,todavia, não parece dar outro mam misericordiam,per tuam summam bonitatem,per tuam
amplissimamcatitatem, per Domini nostri Iesu Christi -pas-
sinal de sua presença,a nâo seÍ apenas a doença.E esta sionem et crucem, oer merita et intercessionem beatissimae
enferrnidadeé curada coÍn a simples expulsão do demônio. Virginis et Omnium Sanctorum,in nomine lesu et sanctae
Temos, portanto, que o próprio Evangelho,e ern um caso Ecclesiae,ego, indignissimusservus tuus, rogo te pro lioc Ò
famulo tüo ïnÍirmo,"ut ipsi patientiam,constaitiam ei veram
Jesus pessoalmente,airibui certas doenças ao demônio e consolationempraebeaset augeas,et, si ad animae salutem
sua cura é obtida pela expulsão do rnau espírito, l\{as Je- prodest, restitue eam ad salutem.Si autem tu, nefande dia-
sus não atribui todas as doenças ao demônio. Temos flo bole hoc malum causastiueI auxisti, trgo indignissÌmusser-
Evangelhoinúmeroscasos de doentescurados que nenhuma tus Dei, imperotibi, r;f recedasa.LiÍroc farnuloDei et tallas
relação tinham com satanás. por outro lado encontramos onrne noxiurn,quod causastir,ei auxisti, et nuntqttarnredire
audeas.Non nobis, Domine, non nobis, sed Nomini trro da
nas mesmas sagradas páginas casos €m que a possessão gloriam. BenedictÌoDei Omnipolentis,Patris et FiliÌ ei Spi-
não se manifestava por meio de doenças, iitus Sancti descenriatsuper te et maneat semper, Amen.
Jesus, pois, dis_
tingue nìtidarnenteentre dcençassimplesmente, doençascau- Eis aí uma tradução nossa (não oficial!) desta oração:
sadas pelo demônioe possessão.No caso da mulher encuÍ_
vada é o próprio Jesusquem chama a atenção para a atua_
ção do demônìo,E a expressãoaté é estranha:,'Satanás
a Eazia presa já por dezoito anos',.
Devemos, pois, dar razão aos espíritas e umbandistas
quando dizem que certas enfermidadessâo causadaspelos

64
H e r e s i a5 - 5 65
solação e, se lJre for Jayorável paÍa a sah,ação da al_ Não nos deixemosiludir por semethantes prodígios! Foi
ma, lhe restítuais a sa.úde.Se, po'rem, tu, ãemôirï; pür"Ë* seguramentepor isso que Jesus acrescentou:"Eis que vos
so,. causasteou aumentasteeste-mal, -eu,'mui indisno sãi- ponho de sobreaviso!"
vidor de.Deus, te ordeno que abanãìi,.J-Lt[ã-i.ii:J'",ià"oïï*
e leves todo b mal èausasteou u,iri!-ntãïË" Se forem reais as mil histórias de curas maravilhosas
ousgs a ele retOrnar. -que
J i"","ãïi
t I 1t.,I3o^L,19l, Sgn
rro
Não a nó^s- Spnhnr a
nãn ; ,ãr_
a nÁc ;4 âïó_C
dr,\-t^ que os espíritas e umbandistas ros contam, muito embora
*11.r
mas _il,91.
gtória .':1^o 1 .n 9 f
.seja_aovosú llãmìr E'ï Éê"iã"'d""'oür*"'Ëiïj não acreditemosem todas elas e muitas delas possam seÍ
potente,Pai, e Fitho e,Espírito
maneça paÍa sempÍe. Assim seja.,Santõ,ãõiçã-roïï""üï
desça sobre ti e Ëï:
per- explicadasperfeitamentepor rneios naturais (sugestão,hip-
noiirrno, remédiosverdadeiros- de homeopatial- que eles
também administram),não sentimosmaiores diÍiculdadesem
OS PSEUDO.MILAGRESDO DEIï{ÕNIO. por meios mágicos: tra-
admitir também curas incontestáveis
ta-se, entáo,de pseudo-milagres do próprio demônioque des'
ta maneira procuÍa prestigiar a doutrina espírita (reencar-
naçlao,panteismo, negação da SantíssimaTrindade, da Di-
vindade-de Crísto, etc.), frontalmentecontrária à doutrina
crístã.
A este respeito possuimos tambérn interessantesdecla-
rações e testemunhosde santos escritoresdos primeiros sé-
'I cuios. Assim, poÍ exemplo, escreve São Cipriano, Bispo de
1l Cartago, no terceiro século:
lr tira e serem entregues ao juízo todos os que não deram
il crédito à verdade,mas antes se comprazeramna iniquidade,,
(2 Tess 2, g ss).
Ora, verificamosque, segundo o Evangelho,€m alguns
' casosr satanás é a causa exclusiva de certas enfermidádes
(vimos o exemplo da surdez, cegueira,mudez, epilepsia
ril paralisia; nada obsta a admitir também outras doenças)
e

h' e a retirada do demônio significa a cura do doente. Não



repugna n€m é anticristão p€nsar que o diatro se retire
E diz aÍnda o uirtttosoe heróica Bisno e rnártir da fé:

66 5r 67

.9
que
O notáveloradbr romano Tertuliano,do segundoséculo, srande parte, toda razáo, Somos daqueles qtle ach.am
escreveuna sua Apologia, dirigida aos imperadores,que a ãuËm náo qúiser tomar a coisa a sério, no EspirÌtismo ou
obra dos demônios,que os pagãos adoÍavam, iinha como quem
n'ãumuan'ã, nuot'1u".$",tfi8
objetivo a destruiçâoe o aniquilamentoda humanidade...Com
5: i,ì,tJfrtï"frË'"'áü"ï1,:{
rita oï ao Terreiio de Urnbanda"
esse intento, diz ele, causam moléstias e certas deformida_ ta Leí de Llnúanda, Parte Ci-
des dolorosas do coÍpor assim como os abalos súbitos e
horrìveÍmente intensos da alma". TertuÍiano admite como do o comPletodQmínio do es-
subconsciente grandementeen-
ilusões certos processosempregadosno tratamento das mo- ou outro qua-lquetÍenômeno,
)mar fàcilmentepelo espírito obces-
sor. iamais retornará esse elementoao seu próprio estado,
um elementoperigoso,que, tomado pela obces-
toríra"ndo-se
são é quase sempre levarló à 1o-!rcura,ç-om!en1 pou.caspro-
ÉãUitiouhesde ôura..." (4. Fontenelle,O EspirÌtismoe
a Lei de lJmbanda,Rio, p. 24)- Na p-.9l escreveo Ínesmo
mo autor que essa fraude do espíritc mau, oculto por trás ãutoi: "A Umbanda, pôr- se tratar de uma religião puÍa-
dos mortos, se descobremuitas vezes pelo exorcisrnoquando encontra
mentefetichista, i";1ï1ï o*ï#.0.t3;h_;i
"'.',fid#J
o esp{rito diz ser o pai ou a rnãe do possesso,ou outra
e acontecer no Íuturo, entre-
pessoa qualquer. ientes, sem de leve Perceberem
um erÍo gravissimo,devido-ao
poÍtanto.,Ë.ujeitos.a'.urna série
OS PERTCOSDA UÀTBANDA. t invariàr'elmente à loucura ou

2) O perígo da ìmoralidade:
"Nenhuma das religiões
leviandadee dePravaçõescon
dium não Íor controladoe não
pre a gramáfica deles.. . de bom caráter, ânimo Íorte
1) O perígo de doença ou loucura. cão, ruirá Por terra, e se ar:
tamâ Oa inconsciència" (A- Fo
-"PodeinosRio, P. 91)'
de IJmbanda,
atírmar iu., soh -a capa de. Espiritismo e
'ahLrsos.Casasde toierânciadisfar-
UmtanãËmo,lrá muiios
.ïil;ï;';iid i;i.io.* com algurnasimagens de Santos e ca-
Èïiiàr"ïontìãu.'ïã' cabocioslFalsos ry_éd_luns fingem recebcr
;iiãï; ì.óitãJ-e exploranros incautos.ì\Íulheresbonitas,usan-
,,guias",,.r'ivem nababescamente. Há terreiros sir
do-ãotarese 'que
ãó sïãniino$, áli rleixam coniribuiçõe.s.
.l_n.t-
;'iluióres desencaminham 'ultosas de boa fé" (Dou-
;;o'"Ë;; -gente
irí,íí-i--nitual de Í.Jmbanda,Rio 1951, p. 153)'
as macumbas,os batuques,os candom-
naÍa a derroóadamoral iner,'itár'el.Ho-
los descambavam Para a baixa
anismo,a magia cio mal, e, até
condiçãode rpais" ou "mães"
com os resPdctivosf ilhos otl
68 69
filhas de santo. Conhecemosr'ários casos desta ordem e
viÍnos, nas chamadasmacumbas,coisas de aterrorizar;, qBma-
nuel Zespo,'p.Codiiicação da Lei de ümbanda, partè pìítica,
Rio Í953, 52j.

PROTEçÃO E EXPLORAçÃO POLICIAI.


Pelo que vimos, n-aoé preciso falar em nome de Deus,
n€m em nome de Cristo, flem em nome da Igreja ou mes-
nlo da Religião, para condenar as práticas de Umbanda,
Basta apelar pata a razão e o bon senso do homem. Não
obstante,o movimentocïescede modo extraordinário.E cres-
ce, protegido e amparadopeÍa polícia e pelos políticos.Para
conseguir os votos do povc, os políticos prometem tudo:
em nome da "liberdadede crença" garantemproteger e fa-
vorecer o funcionamentodos terreiros e declará-los"de uti-
lidade pública", a f im de isentá-los dos impostos. i\'Ias o
capitulo mais triste é o da polícia. Saberuospor informa-
ção passoal,constatadain loco, que, no Estado do Rio, o
sistema do protecionismopolicial à Unrbanda f unciona da
seguinte maneira:
1) O terreiro, por iirtermédiodo delegadoregional,pre-
'. , .9g/o dos dirigentes dessesCentros não yisam ou-
tra coisa a nãa ser a glória efêmera de serem adorados cisa requereÍ Iicença de Ìuncionamentoà SSP (Secretarla
por outros cegos,iguais a eÍes prôprios, ou apÍoveiiarem-se de SegurançaPirblica) de Niterói, Iicença qu edeve ser re-
tìl da igncrânciae da dor aÍheia,para extorquir-lheo dinheiro'' novada attualmente,custando sempre Cr$ 2'000,00.
(Yonóri, Lmbands. lndusÍria Rcndosa,Rio 1954, Ê.35i.
"... leÌ'amosa nossa orisadia ao cíunrrlode ciéclârarmós
I

tos ritos de Umbanda).


pirblico' o
glória ou dinheiro" (idem, p,70). 3) Por ser contrário à ordem e ao sossego
. "Quanto às curas fantásticas,conhecerneles aÍsuns ru- delegadoiamais pode concederalvará para bater tambores
dimentos de medicina e receitaú rernéclioscaseiros-óu Ou até ãtta madrugada;permite-o,no entanto,verbalmente,me-
a
flora, acertandoalgumasvezes, falhando outras. Os fracas- diante uma "gratificaçãozinha"(Cr$ 100,00 para cima),
sos são esquecidos,mas os êxitos são berrados aos quatro
ser dada Para cada vez.
70 7l
-
4) Por ocasião das grandeë festas do ierreiro, é pre_ 2) Perante a Umbanda como doutrina, a atitude do ca-
cjso enyiar ao delegado um convite especial, acompanhado 'tólico é de franca e total condenação.De modo nenhum
de algurn "pÍesente" (Cr$ 2OO,OO até 500,00). pode o iiel seguidor de Cristo aprovar a teoria da reen-
5) Há muito terreiro não registrado na SSp e isso carnação e a filosofia do panteísmo apregoadas pela Um-
com o conhecimentodo delegadolocal, que entã,o,mediante banda, doutrinas que se. opõem frontalmente à Mensagem
"entrada" particular, os registra na própria delegacia, pas- Cristã.
sando a receber uma contribuiçãomensal,para dar licença 3) Perante a umhanda como prútita, a atitude do ca-
iúrl verbal. "Soubemos- escreyeum umbandista_ por infor- tólico é de enérgica e declarada repulsa. E inconcebívelque
iI
mação que nos parece fidedigna, que somenteen urn Ínu_ alguém ame verdadeiramentea Deus ê ao mesrno tempo

til nicÍpio perto do Distrito Federal, a coleta mensal das .,li-


cenças verbais" para funcionamento de terreiros é de
Cr$ 58.000,00" (Freitas-pinto, Âs Mirongas de llmbanda,
pratique a evocaçâo dos espíritos, a magia, o politeísmo,
a idolatria e a demonolatria.Jamais pode o católico ser
sócio de quaisquer grupos, confederações,sociedades,uniões,
Rio 1954, p, ?E). fraternidadesou centrosde Umbanda.Quem o fizer, não obs-
Por aí s€ compreendeo interesseda polícia em manter, tante, deve ser afastado da recepção dos Sacramentos.
protegere aurnentaros terreiros... 4) Perante as sessõesde Umbanda, a atitude do católico
é de completa abstenção. Nem m€smo "apenas para ver"
irá participaÍ em afos de tão manifesta revolta contra as
NORII{AS DE UMA ATITUDE PRÁTICA PERANTE A claras determinações de Deus que proibiu rigorosamente a
UMBANDA. necromancia,a magia, o politeísmo e a demonolatria.Assis-
I) Perante os ambandjsfas,isto é: perante as pessoas tir a uma sessãode Umbanda ou de Espiritismo,seria pe-
que trabalham ,na Urnbanda,ou a ela aderiram frequentan_ cado grave de desobediênciacontra o Criador. Pior seria
do suas sessões,consultandoseus oráculosou para ela con- ainda este pecado,se o catóiico,ele mesmo,mandasseevo-
tribuindo com mensalidades, car um determinadoespírito ou alma de pessoa falecida.
a atitude do católico é de res-
peito cristão e de prudentediscrição.Em vista do perigo de 5) Perante os /Írros de Umbanda,a atitude do católico
contágio, não convém ao católico pÍocurar ou fomentar ami- é de desaprovaçãoe censura sem restrição. Livros que pÍo-
zades ou intimidadesnaqueresmeios. E' aconserháver pugnam tanta negaçãodas doutrinas fundamentaisde nossa
aÍas- santa Íé cristã, livros que recomendama politeísmoe a de-
tar a infância inexperientee a juventudeaventureiradcr con-
nronolatria,livros repletosde superstições e receitasmágicas
tacto habitual com estas pessoas.cerarmente é supérfluo
devem ir ao fogo. O católico qlle, sem a devida licenca do
e tempo perdido discutir com eles sobre questõesrelìgiosas.
Bispo, ler, guardar, vender ou propagar semetrhante literatu-
O melhor ato de caridadeque podemosfazer em favãr
de_ ra, comete pecado grave e incorre sem mais na pena de
excomunhão,
S) Perante a dÌagnose umbandista, a atitude do cató-
lico é de absoluta res€rva, Quando doente, o católico não
há de consultar pitonisas,babalaôsou pais de santos, nem
mandar jogar os búzios ou recorrer a outras artes divina-
tórias em uso na Umbanda (ou fora da Umbanda), como
a cartomânciaou coisas afins. São práticas que, se não
forem simples exploraçõese mistiÍicações,incluem a evoca-
72 Heresia5 - 6 73
ção de espíritos. Comete pecado grave de conivência com gor, O católico admite a existênciado dernônioe sua rela-
a Umbanda e de desobediênciacontra Deus, quem recorrer tiva liberdade para nos hostilizar. Porém jamais brincará
a senrelhantesÍneios. "Não se ache entre vós - diz o Se- ou pactuará com ele, nem muito menos lhe acenderávelas
nhor ._ quem con$ulte adivinhos ou observe os sonhos e ou lhe ofurecerá quaisquespresentes ou sacrifícios. Satanás
agouÍos, nem quem use malefícios nem quem seia encanta_ será sempre nosso inimigo, mesmo quando se mostra "ami-
dor, nem quem consulte pitões ou adivinhos, nem quem in_ go". Não é possível acender ao mesmo tempo uma vela a
dague dos mortos a verdade. porque o Senhor abomina Deus e outra ao demônio. Serig querer servit a dois Se-
todas estas coisas" (Deut lB,12-13). nhores. Isso não pode ser. "Ninguém pode servir a dois
7) Perante a Íerapêutica umbandista, a atitude dos ca- Senhores" disse Cristo (Mt ô, ?AJ. A Igreja de Cristo nos
tóticos é de repúdio integral. Não usará nem defumadores, oferecemeios suficientespara nos defendere proteger con-
nem 1'desmanches", nem fará uso da "lei do retorno',, nem tra as insídias e os ataques de satanás: são os Sacramentos
do passes, nem de água fluidica, nem das ..oraçõesfortes,, e os sacramentais. Absoluta e incondicional f idelidade a
ou de coisas ou práticas análogas. l\{as a chamada .,ho- Deus!, eís o lema constantedo verdadeirocatólico, mesmo
meopatia" pode ser usada, porque é apenas explorada pe- nas mais diÍíceis siiuações e provações da vida,
los espíritas e umbandistase nada tern de comum com a
l0) Perante os despochog a atitude do católico é de
rnagia ou a necÍomancia.Vimos que algumas yezes as do-
soberanodesdém.Vimos que em si e como ial o despacho
enças podem ter sua origem numa atuaçáo do demônio.
não "pega". Conservando-sena amizade de Deus e na gra-
Mesmo nestes casos, porém, o cristão não pode Íecorref
,aos amigos do demônio, mas deve dirigir-se àqueles aos ça divina, o católico não teme ,nem malefícios nem despa-
quais Cristo deu o poder de expulsar os demônioss€m pac_ chos ou práticas parecidas. Quando se encontra com des-
tuar nern negocïar com eles: aos sacerdotesda Nova Lei. pachos, mesmo diante da porta de sua casa, o católico mu-
Recqrra, pois, o católico, corn fé e confiança, às bênçãos ne-se com o sinal da Q,ruz (pois está diante dum objeto
"consagrado"ao Inimìgol), e remove-otranquilamehte, poden-
e aos exorcisrnosda lgreja.
8) Perante o culío aos Orixás, a atitude do católico é do serr.ir-se sem escrúpulos das coisas úteis que porven-
de decidida reprovação."Vede que sou Eu só e que não tura aí encontrar (galinha, cerveja, charutos, fósforos, di-
há outro Deus fora de mim" (Deut SZ, 3S). .{ idolatria e nheiro, alguidar, pratos, etc-).
dos pecadosmais gïaves que o homen pode cometer con- 11) Perante os demais meíos supersliciososde defesa
tra fleus. A fé cristã nos ensina que úo céu existem anjos contra a atuação dos maus espíi'itos,os amuletos,as figttÌ-
e santos, mas todos eles são criaturas de Deus corno nós. nhas, a ferr.adura,a pemlsa,a ortfida, o guínë,a espado de
inclusive J\'ÍariasaniÍssima. EIes m€Íecem a nossa o*n.r"- São lorge, etc. etc., a atitude do católico é de siÌnplesdes-
e, respeito, jamais, porém, nosso culto de adoração. prezo. Não recorre a eles em hipótesenenhuma,nern deles
lão
O católico protestarásempre contra a identificaÇão
dos an_ se utiliza para Íins de decoraçãoou enfeite,a fim de evitar
jos e santos com os deusespagãos.podemos possíveisescândalosotl maus exemplos.Ac católico verria-
rezar aos san_
tos, podemos recorreÍ a eles, podemos até fazer_lhespro_ deiro e praticante basta Deus e cis meios que Cristo, por
mes-sas'mas sempre dentro dos limites do culto de sua Igreja, lhe oÍerece.
vàne-
lagão indicados por Deus e determinadospela lgreja de
Cristo.
' S) perante o culÍo aos exus, a atitude do católico é
de santo horror e ele o repelirá ,.*pr" com apostólico
vi-
7A 6È
APÊNDICE: RITUAL DE UMBANDA.

Não há unanimidadeentre os umbandistas.Já vimos


isso. Nem muito menos há uniformidade no ritual. Ceralmen-
te cada chefe de terreiro taz o que e como bem entende.
As váriae tentativas de uniformização não deram resultado
até hoje. O movimento umbandista rnelhor organizado e
mais comedido é a tlnião Espírita de Umbanda do Êrasit,
que possui um bom periódico mensal (Jornal de Umbanda,
Rio), com a tiragem de 12.000 exemplares.O ritual desta
União, embora mujto incompleto ainda, é o mais claro e
o menos Íantástico.Mas evidencia bem o caráter religioso
de Umbanda. A Umbanda pretende ser religião própria, a
"religião do Brasil". E' necessárioacentuar este pontó. Tra-
ta-se, evidentemenÍe,'de uma organização religiosa acotó-
lica. Será por isso útil mnhecer este Ritual. Reproduzirno-
lo tal como foi publicado na p. 6 do fascículo de Agosto
de 1954 do mencionadojornal:

l) Seesão de Carldade (púbHca):


Abertura!

1) Cinco minutos pelo menos, antes da hora (20 ou


20,30 horas) do início dos trabalhos, os médiuns devem es-
tar no terreiro, concentradosern silêncio.
2) preparo do ambiente poÍ intermédio do defumddor,
com ponto cantado, que devb ser um dos trës constantes
do anexo,
3) prece (proferida pelo Diretor de AssistênciaEspiri-
tual, ou- por alguém credenciado para tal).
4\ continuação do preparo do ambiente, por meio de
explanação.doutrinária, Íilosófica, sobre prática de Urnban-
da ou ile'moral. (Cerca de 15 mi'nutosde duração).
5) declaraçãode abertura dos trabalhos, em nome de
Deus-ou Zambi, de Oxalá ou Jesus, do Patrono da Casa,
do Guia-chefe da Casa e de todos os Trabalhadores in-
visíveis de Umbanda.
n
Par{grafo único. Em dias de Íesta de Santo, a aber- 2 - Não será perrnitido o receituário de remédios,me-
tura dev'eser feita em nome de Zambi, de Oxalá, do Santo zjnha1.9u.ir1{igg.eõesde ervas. Nas Tendas em que hóuver
do dia, do Patrono da Casa, do Guia-chefe da Casa e de uonsurtôno /r{edico, os doentes serão encaminhadbsa esse
todos os Trabalhadores invisíveis da Umbanda. departamento.
6) Ponto de Oxalá (cantado) (o Ponto deve ser 3 - E' perrnitido nessasSessõeso uso do fumo. ásua
um dos constantes do anexo). Os médiuns de joelhos ou flores, velas, e indicação de banhos de descarga, '
deitados, conforme a otganizáção da Casa.
4 - As bebìdas,_ pelas quais serão responsáveisos mé-
7) saudação ao Patrono da Casa (ponto-prece) como diuns,_emqualquer descontrole,só serão pérmitidasem ses-
no n, 6. sões de-emtrabalhos com número predetermÌnadode assisten-
Parágrafo único. Em dias de Íesta de Santo, deve ser tes ou dias de Festividadesgrandes.
antes, saudado o Santo do dia.
5 -_ A Pemba é objeto de ritual secreto e por isso não
deve aparec€r nas SessõesPúblicas.
6 - E' aconselháveluma mesa de médiuns Dara se-
gurança dos trabalhos e descargade obcessores.

9) saudaçãoao Cuia-chefeda Casa, de acordo com a 2l Sessões de desenvolvimento mediúnico (privativas):


organizaç-aode cada Tenda.
A Sessãode desenvolvimento mediúnicocompreende:
. l0) Ponto (cantado) de chamada dos üuias que vão
trabalhar. a) instrução doutrinária, f ilosófica e moral;
b) desenvolvimentodas diversas Íaculdades mediúnicas
do indivíduo.
Qganto à letra "Ã"

1 - O médium antes de começar o desenvolvimentode-


Encerramenio ye conrpareceràs Sessões,sern tomar parte efetiva, a fim
1) Ponto de subida dos Guias (menos o Guia-cheÍe) de recebera instruçáo doutrinária necesSária.
depois de serern atendidosos assistentgs,
ou terminadosos 2 - As aulas deverão levar pelo menos meia hora e
trabalhos. se destinam aos principiantêse aos mais adiantados.
2) saudaçãoao Cuia-chefeda Casa, de acordo com a 3 - Quando o iniciante começa a ter noção da sua
organizaçãode cada Tenda. função de médium deve ser submetido a testes de mediuni-
3) Ponto de subicla do Cuia-chefe. dade, isto é, a experimentação que venha a determinarse é
4) Ponto-precede despedidaque der-eser cantado com medium de incorporaçãoou de outras faculdades(audição,vi-
gs médiuns a-ioelhadosou deitadós, conforrrie a praxe da dência,ìntuição,transporte,efeitosfísicog psicográficos,etc.).
Casa. 4 -- Do r esultado dessa veriÍicação será o aspirante
desenyotuidodentro de sua especialidade.
q$ãnto à letra l'8"

I - O médium antes de começar o desenvolvimento de-


ve ccmparecer às Sessões, sem tomar parte efetiva, a fim
Coaslderaçõessobre as Sessões de Cartdade de receber a instrução doutrinária.
.. I - As Sessõesde Caridade constarãode passescom 2 - Devem ser orientados de modo a quando fizerem
oDlefivo de eliminaçãode f luidos que estejam perturbando uso do fumo, da bebida, não cuspirem. O cuspir é material
f:11,o$p{cientes, oe conïóìtros-aóìãiãtei orientador para os que e o fumo e a bebida são elementos de precipitação Íluidica
se acham em aÍlição, etc. e, portanto, sáo elementos espirituais.
?8
7g
3) Cedmonlal de Firmeza das Sessões: 4) - Uma vez incorporado o Guia-chefe da Casa a
ele compete a direção espiritual dos trabalhos. disposicão
Há vários sistemasde se fazer a firmeza dos trabalhos: dos médiuns,cambonos,ogás, etc., sendo igualniente'sua.a
a) E' Ieito o ritual na "porteira" antes do início dos responsabilidadepelo que ocorrer durante õs trabalhos.
trabalhos, acendendo-seuma I'ela e fazendo-se oÍerenda 5 - O Ouia-chefe-serásempre,o primeiro a incorporar
de "marafo" ao Povo da Encruzilhada.sendo no final le- e o último a subir, 'não podendo haver mais nenhumà in-
vantado o ponto. corpolaçãono Terreiro após a sua subida.
b) São cantados três pontos para Exu, logo depois da
i
ô. _. Em dias de festa no Terreiro, são oermitidas as
entrada dos médiuns no teireiro e- decorridó o "tempti deter- roupas de cores, segundo a organizaçâo de'cada Tenda,
minado no 'n. I do ritual, seguindo-seentão o ,.deiumããoì" não signiÍicandotal permissãoque sejam permitidas fanta-
e o mais. No final, também sãã cantados três pontos Uè-Ëiì. sias de caboclo ou semelhantes.
7 - Não é permitida a cobrançapor qualquerÍrabalho
. ç) A lirmeza é feita por mentalização, sem nenhum ou obrigação.E' sempre aconselhávelquando houver neces-
ritual externo. I

sidade de material para qualquer espéciede trabalho que


. Há. ainda os que adotam conjuntarnenteos sistemaspre- sejam os próprios interessadosque compÍem o que ior de-
conizadosnas letras ú e b, sendb também comum cantarem terminado pelo Cuia.
somente um ponto em que são chamadasdiversas entidadei
da encruzilhada.
4) Sessõespara as crianças:
1 - As criançasnão devem ser admitidasnas sessões
de trabalhosou de magia.
2 - Nas sessõesde caridade podem assistir e tomar
passet.
3 - Também nas sessóesde desenvolvimentopodem as-
Essas sessõessão rcalizadas no princípio ou no fim de sistir, principalmenteà parte doutrinária.
cada mês e não devem.ter assistêncìa,dôvenão éãtai prã_ I 4 - Ressalvamosentretanto que o desenvolvimentome-
sentes sòmente os mediuns,_os^ ogãs, bs cambonoJ, os'âì_ diúnico sòmentedeve ser iniciado na idade adulta.
retores, enfim, a corrente da Casã.
5 - Aconselhamos, de preferênciaa criação de sessões
Em todas as festividades,e comum a invocaçãodesses especiais para as crianças, onde as mesmas tomem passes
trabalhadores,que vão assim'se integrandodentro Oas õói- e recebem orientação religiosa.
rentes fraternais da Umbanda.
ô - E' de todo o'interesse que comeceda infância a
Consiilerações Qerak orientaçãodoutrinária daquelesque serão futuramenteos um-
bandistase que poderãoassim seguir uma diretriz firme sem
1 -. Todos os médiuns, cambonos,cgãs, dirigentes e confusõesnem influênciasestranhasadquiridas na frequên-
mais mernbros da corrente espiritual, devõm apre5entar-se cia de aulas de outras religiões.
com irriforme e sapatos de fênis brancos,de tecidc de al-
godão, podendo variar de tenda para tenda, mas devendo 5) O Batierno e a Confirmação:
spmpre^seÍ o mesmo para cada organização,Mesmo quan-
do. o Guia trabalhar dèscalçodeve õ médíum entrar no ter- a) do Ballsmo
reiro de sa-patosde tênis, iudo muito limpo, tanto o corpo
como o uniforme de modo a ser dada a-melhor impressão I -- O batismo na religiáo de Umbanda é o primeiro
aos que assistemà sessão. contaeto do recém-nascidocom os Guias espirituais. e por
E' .permitidoo uso do fumo (cachimboou charuto) issò aeu. ser realizado dentro do primeiro mês do nascimento.
^.._-1- solicitados
quando pelos Guias 2 - As tendas devem ter um dia rnarcado em cada
oara essa cerimônia,de preferênciaem dia em que náo
mês 'outra
permitidasaos Guias as saudaçõesrecíprocas haia s€ssão,podendoser escolhidoo domi'ngoà tarde,
^,,-J^ ;-!ão
quanqo Incorporados,de acordo com o estiló e hierãrquia
coin a presençados médiuns,cambonose ogãs uniformizado,s,
ce cada um,-segundo insftïõ€Ë
ãã"A-uia_ctrefe
da Casa. sendo ieito o ritual comum das sessõesaté o n. 10, quando
80
8I
il

então o Guia-chefe ou seu preposto faria a cerimônja do


batismo que o Íaria com água' aã -cactroeirã ã- iã--- ' 5 - Efetuado o casamento,Íar-se-á, suprindo o ponto
3--..O.padrinho assjstirìaao ato com uma vela acesa l, o ritual de encerramento.
f. na mão direíta e a madrinha ficaria com a crìançã-no 6 - À diretoria da Tenda, dentro das possibilidades,
,ll l cão. poderá oferecer uma mesa de doces e refrigerantes,.para
4 O ritual de abertura poderá ser reduziâo-"oni'u
gu.prpssão. -prece dar maior realce ao ato.
do ponto 5,. se_ndoqde ã
ll e a pa*e ããu-
trinária- (ponto-s3 e 4) cevem'iõr ]eitas de acordo 7 - Antes da realização do ato será exigida a apÍe-
lil objetivo iia reunião. com o sentação da certidão do ato civíI.
rl
5 - terminado o I - Do ato será fornecida certidão e comunicado à
.ato, far_se_áo enceÍramento,de acordo
a abertura, istc é, União, que criará os registros necessários,
lom sô_naqueú Ì"í-iuÈiímìãJ ó ìls,--,i*.:t.
se começaÍá do númeio 2. 9 - Nada será cobrado pelo ato, nem pela certidão,
devendo as despesasque porventura tenham de ser feitas
b) da Conflrmação ser custeadasdiretamentepelos noivos.
I - A confirmação deve ser feita na idade de T anos, 7') Considerações Gemis:
pode.ndoSer aproveitada uma data de ida ao Rio óu a Òu_
choeira, devendoo banho ser de corpo inieiro. Todos os membrosda corrente (médiuns,carnbonos,ogãs,
.. 2 - Os padrinhos,que podem ser os mesmosdo ba_
Ilslno .or1 outros, levarão velas e flores, sendo oficiante o
uuta-cnete ou seu preposto.
3 - Se.rá seguido o mesmo ritual de abertura e en- Ir
cerramento da cerimônia do batismo, feita a aaaptíça; ;;_
cessária.
_ 4
sef,
-, A criança deverá estar vestída toda de branco
enxuta após a cerimônia com umâ toarha urãnii-não. e nozelo ou pelo menos até a metade da barriga da perna.
E' preciso notar que essas variações acabadasde ser
. q - Tanto do ba-tismocomo da confirrnaçao
r.egistro na Tenda e forneciãã:ï*u certidão àã; sera ieito
ì;Ë.*;;_
indicadab,não são para que numa mesma tenda cada um
-
dos e feita uma comunicaçãoã---únÌào que criará o seu use um u,niforme déntre os apontados, Ínas pelo contrário
registro próprio. deve haver em cada Casa uniÍormidade absoluta de Íno-
6 - Nada será cobrado pelos afos, nem pelas certi_ delo de uniforme.
9{.*, devendo as despesasqu.i porvãntura tenham de ser
feitas ser custeadasdiretamente Ëetos inieier;;ã;,

6) O Casamento:
I -- O casamentoé ato de suma ìmportânciapois ern
sua base é construídoo lar e a família é constiturdu.no,
isso cie'e ser dadc realce especialà cerimôniacom áftr?** Sl O OÍício dos Desercarnados:
iluminados e enfeitados de 'Ílores, e com a presenca da
|| corrente toda uniformizada,inrÍo a noi'a de vestído úì'ánco
ìl r'éuegrinalda. ' '
I 2 . ! ritu.alpreparatórioserá o de abertura,suprimido
q ponto 5, sendo que a prece (3) e a parte aóúi'.i"âïiâ"'iì:
oevem ser tettas de acordo com o objetivo do ato.
3 Será oficiante o Guia-chefeinõorporad.o,ou no s€u adotado o seguinte ritual:
-
impedimento o Substituto.
4 - As aliancasserão cruzadaspelo Cuia, devendoos 2 - Será constituícÍatlma mesa de segurançae. de des-
padrinhos e madriirhas tomar parte na cerimônia carsa. constituidapor médiuns,sob a direção do diretor de
vela acesa durantê o tempo tõdo que dúãi-;-"to,
com uma iËï;t'ê;#"'ËËôïiìtíàr, ou por um doutrinãdor de sua con-
fiança.
82 sI
o

3 -: A abertura será a do ritual comurn às sessões


de caridade, s.endoque os. pontoi i ã-+
ÌbËË dff;Jàï
serão orÍentadosde-acordo com ã oojetìïo'ìu'.ï;.ïüláá
"
dos espíritos debencarnados.
4 - Na forma habituar, feita a abertura.
orientará os trabalhos. o cuia-chefe
5 - Findo o oJicio ou ofícios., será feito VT':.IRULÁRIO UMBAIìIDISTA"
mento dentro o encerra_
do ritr uà"'ïËiJi;."guindo-sesempÍe
ã;"p;d;"; "oüË,iïi' na paite
Abacô, cozinheira que PrêPa.' . .*4 alta.r.
ra as comidas de ta,nto. CuriaÌ, cit;L:i , i+*ber-
g) O Sinat dt
Cruz: Aoaeró, bolo de milho. Cfrrimba, d,ança.
Á'gô, licença- Ilemanda, questão, luta,
O sinal da cïuz, símbolo do cristianismo, Âgõtê, clai-me licença. Du.m.ba, mulher,
com as seguintespaÍavras: será f eito
Aló, dossel no terreiro, debai- Ebó, milho branco preparado
, Ao tocar a mão direita à frente: xo do qua.l se serYem 8,s cqm azeiLe-
(em nome do pai) (em noÍne de Em nome de Deus
Zambi|. cornidas de santo. Egum, espírito de pessoa fa-
Ao focar a mão direita no coração: A-ura,lí, comida de' santo. lecida"
sus (em nome de Oxaiá). Em nome de Je_ Aparolho, médium ern função. EEbé, sacrifício de animal.
Ata,beque, tsmbor. T'.rn.hamda,, rne'nsageiro, porta-
,Á , mão_direita cruzando os ombror esquerda para Babalaô, chefe de teueiro, pal voz,
a direitai"e,ïi'ïïï"" do Anjo oa cuaitaala de santo. Ebó, comiCa de santo,
, Pode seï feito:- EH..^lgf* de Deus Bqba,lorlxÉ, o mesmo que ba- Epó, aaeite.
(ou do pai), de
Jesus e do Anjo da Cuarda. balaô. Exr4 espírito mau, demônio.
Em nome de Zambì, de Oxalá e Batuque, sapateado a,fricano, FïIho do Santo, méclium em
do Anjo da Guarda. Burro, médium em trause, que se incolpora um orixá.
Búzio, concha marinha, Gâ,- Ganga, chefe de terneiro.
racol. Gongá, altar, santuário, local
Clanllr,rbu., vasilha, de trabalho'
Calunilo, espírito protetor das Guia, pulseira.
parturientes. Ia,Dsan, orixá feminino do
Oalunga', cemitério. vento, mulher de Xa,ngô, Pa-
Ca,lunga grau.tle, rnar. trona das mulheres livres.
Cambirô, amuleto para ser en- Santa BÉrbara.
terra.do, {beji, orixás gêmeos. São Gos-
Ca,rnbono, auxilia-r nos traba- me c São Damião.
Ihos do terreiro. Iema,r$rí, orixá femÌnino clo
Ca,rnbonrr colofg snxiliar nas ma.r. Ì{ossa Senhora.
cerimônias de iniciaçã.o. Jabonanr, mãe do terreÍro, de
Ca:rdomblô, reuniáo de mé- segiunda categoria,
diuns e pessoas eom aP€/ I{atungun espelho,
trechos apropriados Para fa.- Karungao rrrar.
zerem canjerê. Macurrba, vara, de iPê ou
Ca,njerê, despacho ou trabalho bambu, cheio de dentcs,
resultante dos candomblês' com laços de fits em ums.
Ca.njira, Ìocal de dança. das pontas, ,na qual um in-
Caraun comida de santo. diúduo, com duas varinhas
Can'alo, médium em transe. finas e resistentes, fa-z o
Goitó, vasilha" cuia, atrito sobre oe de'ntea, ten-

85
:'.'1,:: do um.a,_da,spontas da va,ra Oxun, orixá, fernjnlno doa rios.
:r,:. : encqstada na hAnriga e ou- Nosse SenhOra.
..,., tra-enooetada_ no pa.neae. pegl, attar.
.,rr ffe'nafal aguarrclente, paratÍ. 1'e'úu+ ;iz, para riscar os
i:' }Itrqrga, ,rnistério.
Iftrcamtan mulher auxiliar do -ontos.
' ,," fÃtU.o, punhal.
r. tenelro,
:'' Polto INDICE
Ìrúú8lar-
'pa.ra
pipoca poeparaoa ,cantado, hlno, canto
.,,. ó ritút aa-t"õ.* au -evocativo'
cabeça. I:onto rlnoado, stnêl cabatísti-
Nunangar vestes certmoaiats, co evoca,tivo. lntrodução 3
.
Ob$ céu. Saarrb4 mulher auxilian Confusãona Umbanda . .. . c
da
Ogan, babalaô de segunda ca. mã.e de salrto. Umbandae Espiritismo.... I
teE:oria-- SsüS,rrg vtnho. ÌdentidadesubstancialentÍe Umbanda e Allan Kardec . . " 10
' ogum, or{xÁ- das demandas. Sararf, saudação,
São-Jorge (no Rio)- e San- cumpri- i .Urnbanda,a quarta Revelaçáo 12
nnentq .,sa.lvei,, 14
to Ántônio (na Baía). Umbanda é rnagia
IIb4 cesca de d,ryore.
orulq orixá da urorte, das Umbandae Quimbanda... . 16
pestes. São La,saro. ;fr be@ "caboclo", chefe d.e
- t O panteísmodos umbandistas 18
eecuadár'la, i Fatais consequências da doutrina Íe€ncarnacionista
... ,, 20
'
lffi'"rfgaf;. ",ïrffil"Lrimônia, rúnebre, Umbanda e a negaçãodo Cristianismo 2l
Ot6,,- fetiche, imagem do um depois da rnorte de um pai ;
-
: ,t: _ orixá,. de. santo ou de um baba_ f
! Posiçãocatólicaperantea Umbanda u
OIÈ14
f A hierarquia ern Umbanda 26
chefe dos orixás. espírito d" ;;;". i:

Cristo- Xa,ngô, orixá


Instrumentosda magia umbandista 28
aos iJL, a*
Oxóaol, orÍxá da.s matas, da te,rnpestades. São Jerôni.mo.
A diagnose em Umbanda 32
ca4a. São Sebastião (no Znnobt, Deus A terapêuticaumbandista J3
Rio), São Jortle (na srÍ"i zGüf chefe, ret. O jogo dos búzios 38
Orixás de Umbanda e santos católicos 40
O motivo de tanta confusão 43
O exus de Umbandae o culto do demônio 46
A lista macabra dos exus 50
Como fazem os "despachos".. 53
"Os despachospegam mesmo?" 56
A existênciae as ativicladesdo dernônio 3/
\Íoltando aos despachose à magia 60
Satanáse as doenças.. .. OJ
Os pseudo-rnìlagresdo demônio 66
Os perigosda Umbanda .... 68
Proteção e exploraçãoPolicial 7l
Normasde uma atitudepráticaperantea Umbanda'.... 72
Apêndice:Ritual de Umbanda.... 76
Vocabulário umbandista 84

B7

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