As TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), a mudança das
práticas e a Inovação Educacional
Ao longo da História, todas as fases tiveram técnicas próprias que se
afirmaram como produto e também como factor de mudança social. O uso da pedra, o domínio do fogo e a linguagem constituíram as tecnologias basilares aliadas ao desenvolvimento da espécie humana há muitos milhares de anos. Actualmente as tecnologias de informação e comunicação (TIC), desempenham uma força determinante do processo de mudança social, surgindo como pilar de um novo tipo de sociedade, a sociedade da informação. As interacções humanas têm sido influenciadas pelas TIC, mais concretamente desde o aparecimento da Internet. Ao falar em sociedade de informação, não posso deixar de referir a ligação em rede de computadores e redes à escala global, facultando o acesso directo a todo o tipo de serviços e informação. As TIC têm dado origem a uma autêntica revolução em diversas profissões e actividades na investigação científica, na concepção e gestão de projectos, no jornalismo, na medicina, nas empresas, na administração pública, na arte e na escola. A implementação das TIC na escola não tem sido fácil. Desde o uso das TIC como ensino assistido por computador, que veio implementar os programas tutoriais, funcionando como um livro onde as páginas de papel foram substituídas por sucessivos ecrãs de computadores sendo prescindível o professor e interacção social na sala de aula, veio transformar o computador num manual escolar e num livro de exercícios electrónico, desprezando o papel imprescindível que o professor tem no processo ensino – aprendizagem, não só pela relação afectiva e emocional que estabelece com os alunos, mas também pela constante negociação de significados que vai tendo com eles, ou seja, aqui as TIC assumem papéis de suportes educativos tradicionais. Outra perspectiva de utilização das TIC na escola foi a alfabetização informática. Fazer do computador um objecto de estudo, sendo estudado como uma matéria especifica, fazendo das TIC a base de uma nova disciplina escolar cuja avaliação decorre de forma mais ou menos tradicional. A técnica foi transformada em objecto de estudo à maneira livresca. Outra abordagem, é as TIC serem usadas na escola como ferramentas de trabalho. Aqui as novas tecnologias surgem como instrumentos para serem usados livre e criativamente por professores e alunos, na produção de actividades diversas. O uso das novas tecnologias como ferramenta conduz ao seu domínio instrumental, mas ficam na sombra os propósitos e as condições fundamentais da sua plena integração na actividade humana. Nenhuma destas perspectivas vingou verdadeiramente, porém o seu uso como ferramenta seja o que mais se afirmou nos espaços educativos. Contudo, nenhuma delas nos diz qual é verdadeiramente o papel das TIC na educação. Para tal, teremos de dar resposta a várias questões: - Para que serve a escola? Será que é para levar os alunos a adquirir competências e conhecimentos ou para os ajudar a outro tipo de capacidades? Não se pode analisar isoladamente o papel que as TIC ocupam na escola, é preciso analisar também os desafios de natureza mais ampla que se colocam à escola, ou seja, o seu futuro como instituição. Há quem partilhe da opinião de que a escola terá o seu fim eminente, sendo substituída pela Internet. Porém eu sou de opinião de que a escola continuará a ser uma instituição social fundamental para a formação pessoal, social e cultural das novas gerações, porém terá de mudar inevitavelmente, contemplando ainda de forma mais marcante do que actualmente, a interacção social como elemento fundamental da construção do conhecimento e na definição das identidades sociais e individuais. As TIC poderão ajudar na aprendizagem de conteúdos através das possibilidades acrescidas de criação de espaços de interacção e comunicação e também pelas possibilidades alternativas que fornecem de expressão criativa, de realização de projectos e de reflexão crítica. Para tal acontecer terá de haver um vasto acesso às TIC pela sociedade e os professores assumirão o protagonismo de agentes educativos fundamentais. Trata-se de um problema de gestão de recursos e de política educativa. Os professores terão de mudar o seu papel, para além da utilização da inovação tecnológica, terão de acima de tudo recorrer à inovação educacional, procurando métodos inovadores para promoverem a aprendizagem dos alunos. As TIC vêm facultar um novo tipo de relação entre os vários agentes educativos com o saber, entre professores e alunos, uma nova forma de integração na organização escolar e na comunidade profissional. Os professores passam a ser co- aprendentes com os alunos e colegas. Hoje em dia a educação encara a formação que associa as possibilidades multifacetadas das TIC com as exigências de uma pedagogia centrada na actividade exploratória, na interacção, na investigação e na realização de projectos. Surge assim um novo espaço pedagógico, com as TIC e o ciberespaço, proporcionando grandes desafios cognitivos, afectivos e sociais. Deixo um apelo aos alunos e professores: não devem apenas consumir, mas também produzir e interagir. Para que as TIC ocupem na educação o lugar que lhes cabe é preciso promovê-las e criticá-las. O grande desafio é usar plenamente as tecnologias sem nos deixarmos deslumbrar, consumir e produzi-las criticamente, levando a escola a contribuir para uma nova forma de humanidade, onde a tecnologia está fortemente presente e faz parte do quotidiano, sem que isso signifique submissão à tecnologia. O professor terá um papel fulcral na dinamização destas actividades, não por ensinar novos conteúdos de literacia informática, mas porque se deve envolver de forma activa e dinâmica no processo ensino/aprendizagem com os seus alunos e colegas, tornando-se promotor da aprendizagem e simultaneamente aprendiz. Na minha opinião, as TIC são um factor de inovação pedagógica nos processos de aprendizagem, proporcionando novas práticas de trabalho e partilhando com a escola a transmissão, exploração dos saberes, proporcionando aos alunos os meios necessários para aprender a obter a informação, para construir o conhecimento e adquirir competências.