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Cuiabá , 2011
Instituto de Física
Av. Fernando Correa da Costa, s/nº
Campus Universitário
Cuiabá, MT - CEP.: 78060-900
Tel.: (65) 3615-8737
www.fisica.ufmt.br/ead
A Te o r i a da A p r e n d i z ag e m
S i g n i f i c at i va e S e u s D e s d o b r a m e n t o s
na Dinâmica de Ensinar e Aprender
C i ê n c i as
Autores
Iramaia Jorge Cabral de Paulo
Corpo Editorial
• Denise Vargas
• Carlos Rinaldi
• Iramaia Jorge Cabral de Paulo
• Maria Lucia Cavalli Neder
FICHA CATALOGRÁFICA
P331t
Paulo, Iramaia Jorge Cabral de.
A Teoria da Aprendizagem Significativa e seus
Desdobramentos na Dinâmica de Ensinar e Aprender
Ciências./ Iramaia Jorge Cabral de Paulo; Célia Maria Soares
Gomes de Sousa – Cuiabá: UAB/UFMT, 2011.
1. A p r e s e n ta ç ã o
2 . E p o r fa l a r e m t e o r i as d e a p r e n d i z a g e m
3. U m p o u c o d e h i st ó r i a
4. A t e o r i a d a a p r e n d i z a g e m s i g n i f i c at i va
5. N o va k c o m p l e m e n ta n d o Ausubel
6. G o w i n c o m o e st r at é g i a pa r a Ausubel
7. Apr e n d iz ag em s i g n i f i c at i va c r í t i c a d o p r o f e ss o r Marco
Antonio Moreira
R e f e r ê n c i as B i b l i o g r á f i c as
UAB| Ciências Naturais e Matemática | A Teoria da Aprendizagem Significativa e Seus Desdobramentos na Dinâmica de Ensinar e Aprender Ciências | I X
1
A p r e s e n ta ç ã o
O conhecimento científico é, uma construção humana, está incorporado em nós como professores,
mas também como cidadãos. Em se tratando de uma abordagem em sala de aula, a base conceitual do co-
nhecimento específico das Ciências Naturais e da Matemática será alicerçada por experiências ou vivências
que o aprendiz capta da realidade na qual se insere, permeada de uma linguagem coloquial, que muitas
vezes reflete o senso comum. Contudo, o progresso da técnica experimental coloca atualmente ao alcance
da ciência novos aspectos da natureza que não podem ser descritos na forma de conceitos da vida diária.
Como educar um jovem que convive com informações sobre energia nuclear, celulares, microondas, medi-
cina nuclear, clonagem, genoma, mudanças climáticas, efeito estufa, transgênicos e tantas outras, de forma
que ele possa se posicionar, emitir opiniões ou juízos de valor, fazer escolhas, se não houver uma constru-
ção conceitual significativa que o permita fazê-lo? São dúvidas que permeiam nosso dia-a-dia profissional.
Somos desejosos que nosso aluno aprenda. Contudo, temos um sem-número de variáveis que pare-
cem dificultar ou impedir que a aprendizagem dos conceitos desta área do conhecimento se concretize de
forma significativa. Podemos rapidamente citar: extensa grade curricular e conseqüentemente, pouco tem-
po efetivo para “cumprí-la”, alunos desmotivados, salas de aulas cheias e desconfortáveis, falta de equipa-
mentos nos laboratório de ensino e ainda, às vezes nos sentimos despreparados para ensinar determinados
tópicos (principalmente especificidades da Física, Química, Matemática e Biologia), sem falar de questões
pertinentes a própria desvalorização do professor.
Nada disso é irrelevante, entretanto, somos profissionais, legitimamente responsáveis pelo ensino-
-aprendizagem dos conteúdos pertinentes a área de Ciências Naturais e Matemática, que por sua vez,
encerram conhecimentos importantes que determinaram e continuam determinando os rumos da huma-
nidade. Apresentam hoje, mais do que nunca, interfaces importantes com outras áreas do conhecimento,
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outros saberes. Precisamos pensar e decidir que professor de Ciências e/ou Matemática
queremos ser, que tipo de aprendizagem queremos promover em situações de ensino.
Cabe a cada um de nós refletir: Quero formar um cidadão crítico e reflexivo de fato ou
me alinho a esse discurso como uma ideal que jamais será atingido? Quero que meu
aluno apenas memorize fórmulas e definições, ou que ele construa conceitos de forma
não arbitrária e não literal? A segunda opção embora menos ortodoxa diante do ensino
que ocorre nas escolas, sem dúvida exigirá fundamentalmente duas coisas: profundo
domínio do conteúdo que me proponho a ministrar e uma opção teórica que deve
efetivamente refletir na minha prática do ensinar, com metodologias diversificadas,
escolhidas com critério e cuidado considerando a diversidade de perfis que os meus
alunos apresentam.
É recorrente na literatura educacional estudos sobre a importância de uma formação docente sólida,
contextualizada e atualizada, que permita ao professor desenvolver uma prática que contribua efetivamente
para a formação de cidadãos conscientes e capazes de assimilar criticamente os conhecimentos advindos
das constantes transformações em todos os campos de conhecimento no mundo atual.
Esses estudos, voltados para a formação do professor, diz respeito ao contexto, construído ao longo
das últimas três décadas, no qual é evidente a necessidade de ações que possibilitem a melhoria do pro-
cesso ensino – aprendizagem. Dentre os múltiplos fatores que influenciam e podem intervir nesse quadro,
aqueles relacionados ao professor são os mais frequentemente citados.
Reconhecendo as dificuldades inerentes ao processo de implementação das mudanças que se fazem
necessárias na sala de aula para promover a melhoria do ensino e da aprendizagem, trataremos aqui sobre
uma questão que acreditamos ser de vital importância para dar suporte ao professor, ao se engajar nesse
processo: a prática docente embasada em fundamentos teóricos já estabelecidos e reconhecidos.
Dentre as muitas contribuições existentes, que podem dar suporte à prática docente, encontram-se
as teorias de aprendizagem. Tais teorias, construídas sob os enfoques de diferentes filosofias, procuram
explicar o complexo fenômeno da aprendizagem humana e, no nosso entender, constituem uma das mais
importantes contribuições ao professor em sua prática de sala de aula, possibilitando que compreenda
o processo de aprendizagem podendo, assim, desenvolver a contento o papel de mediador no processo
ensino – aprendizagem.
Iremos aqui abordar a Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) de David Ausubel, que se enqua-
dra no enfoque construtivista/cognitivista e que, no nosso entender, fornece uma importante contribuição
no sentido de dar suporte ao professor em sua prática em sala de aula, como veremos a seguir.
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14 | Ciências Naturais e Matemática | UAB
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Um Pouco de H i st ó r i a
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A l g u m as o b r as
Pa r t i n d o dos P r e ss u p o st o s de D av i d A u s u b e l
A ideia básica que permeia a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel está contida na frase
de sua autoria (1980, p. viii):
Moreira (2006) apresenta sua interpretação para a ideia contida nessa proposição com respeito a suas
possíveis implicações para o ensino e a aprendizagem. Para ele, ao falar sobre “aquilo que o aprendiz já
conhece”, Ausubel está se referindo ao conteúdo total e à organização das idéias do indivíduo, à sua es-
trutura cognitiva. Ou seja, se o indivíduo deve aprender determinado assunto, “aquilo que ele já conhece”
seria, segundo Ausubel, o conteúdo e a organização das suas idéias já existentes, nessa área particular de
conhecimentos. Para que esse conhecimento preexistente influencie e facilite a aprendizagem de novos
conhecimentos, é necessário que ele tenha sido aprendido de forma significativa, ou seja, de maneira não
arbitrária e não literal. Quando ��������������������������������������������������������������������������
Ausubel fala sobre “aquilo que o aprendiz já conhece”, ele se refere a as-
pectos específicos dessa estrutura prévia de conhecimento que são relevantes para a aprendizagem da nova
informação. Aqui, não se trata simplesmente da idéia de pré-requisito, tal como se entende, por exemplo,
quando se propõe uma seqüência de disciplinas em um fluxo curricular de um curso e sim daqueles conhe-
cimentos específicos que vão influenciar a aprendizagem subseqüente.
“Descubra o que ele sabe” significa desvelar a estrutura de conhecimento preexistente, ou seja, os
conceitos, idéias, proposições disponíveis na mente do indivíduo, suas inter-relações e sua organização.
“Baseie nisso os seus ensinamentos” significa basear o ensino naquilo que o aprendiz já sabe, identificar os
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conceitos organizadores básicos do que vai ser ensinado e utilizar recursos e princípios
que facilitem a aprendizagem de maneira significativa (MOREIRA, 2006).
A seguir, serão apresentados os principais conceitos, idéias e proposições contidos
na Teoria da Aprendizagem Significativa e os possíveis desdobramentos dessa proposta
em sala de aula.
Antes de dar prosseguimento a apresentação da TAS, é necessário explicitar dois
conceitos fundamentais, que devem estar muito claros, para facilitar a compreensão
dessa proposta: estrutura cognitiva e subsunçor.
A estrutura cognitiva é entendida como o conteúdo total e a organização das
idéias do indivíduo, ou, no contexto da aprendizagem de um conteúdo em particular,
podemos entender como o conteúdo e a organização das idéias do indivíduo nessa área
particular de conhecimento (MOREIRA, 2006).
O subsunçor é uma idéia, um conceito, uma proposição, já existente na estrutura
cognitiva do aprendiz, capaz de “ancorar” uma nova informação de tal forma que esta
adquira significado para o aprendiz, ou seja, que ele tenha condições de atribuir sig-
nificados a essa nova informação (MOREIRA, 1999). Ë importante esclarecer que o
subsunçor é um conhecimento prévio, já existente na estrutura cognitiva do aprendiz
no momento da aprendizagem de um novo conhecimento. Mas não se trata de um
conhecimento prévio qualquer e sim de um conhecimento especificamente relevante
para a nova informação, o qual interage com ela em um processo que promove a apren-
dizagem significativa desse novo conhecimento.
O conceito central da teoria de Ausubel é o de aprendizagem significativa. Tra-
ta-se de um processo através do qual uma nova informação se relaciona, de maneira
não������������������������������������������������������������������������������������
arbitrária e não literal (ou substantiva), a um aspecto relevante da estrutura cog-
nitiva do indivíduo. Neste processo a nova informação interage com uma estrutura de
conhecimento específica, o subsunçor, já existente na estrutura cognitiva do aprendiz
(MOREIRA, 2006).
O q u e s i g n i f i c a d i z e r q u e a n o va i n f o r m a ç ã o s e r e l a c i o n a
d e m a n e i r a n ã o a r b i t r á r i a e n ã o l i t e r a l a u m as p e c t o
r e l e va n t e d a e st r u t u r a c o g n i t i va ?
A p r e n d i z a g e m S i g n i f i c at i va ou A p r e n d i z a g e m M e c â n i c a?
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cialmente mecânicas, mais significativas ou mais mecânicas. Além disso, cabe reforçar
que a aprendizagem é significativa desde a perspectiva do sujeito que aprende: o signifi-
cado está nas pessoas e não nas palavras ou outros signos. No processo de ensino, deve-
-se buscar facilitar a uma aprendizagem significativa, ou que se aproxime do extremo
correspondente do contínuo, com atribuição, construção, reconstrução, aquisição, de
significados compartilhados no contexto da matéria de ensino (MASINI; MOREI-
RA, 2008).
ênfase na ênfase na troca de
memorização signif icados e ref lexão
A prendizagem A prendizagem
Mecânica Significativa
At i v i d a d e
Uma outra distinção que Ausubel estabelece é aquela entre aprendizagem por
recepção e aprendizagem por descoberta. Segundo Ausubel, na aprendizagem por re-
cepção o que deve ser aprendido é apresentado ao aprendiz na sua forma final enquanto
que na aprendizagem por descoberta, o conteúdo principal a ser aprendido deve ser
descoberto pelo aprendiz. Para Ausubel, independentemente de ser por recepção ou
por descoberta, a aprendizagem só é significativa se o novo conteúdo de incorporar à
estrutura cognitiva do aprendiz de forma não arbitrária e não literal. Isso quer dizer
que tanto a aprendizagem por recepção quanto a aprendizagem por descoberta pode
ser significativa ou mecânica, dependendo da forma como a nova informação é incor-
porada à estrutura cognitiva do sujeito.
Ao contrário do que se possa imaginar, por influência de certo senso comum com
relação a esses dois tipos de aprendizagem, Ausubel não valoriza mais um ou outro
dentre esses dois tipos de aprendizagem. Ele simplesmente afirma que, em termos de
aprendizagem de conteúdo, o conhecimento que for descoberto se torna significativo
da mesma forma que o conhecimento que for apresentado ao aprendiz em sua forma
final, na aprendizagem por recepção.
De acordo com o que foi apresentado até aqui, ficou evidente que a ocorrência da
aprendizagem significativa implica na preexistência de significados claros e estáveis,
os subsunçores relevantes, na estrutura cognitiva de quem aprende. Então, a pergunta
que surge é: como se inicia esse processo? Como são adquiridos os significados iniciais
que permitem a ocorrência da aprendizagem significativa e a aquisição de novos sig-
nificados?
De o n d e v ê m o s p r i m e i r o s s u b - s u n ç o r e s?
Moreira (2006) coloca que a resposta é que a aquisição de significados para sig-
nos ou símbolos de conceitos ocorre de maneira gradual e idiossincrática, em cada
indivíduo. Em crianças pequenas, conceitos são adquiridos, principalmente, através
do processo de formação de conceitos, que é um tipo de aprendizagem por descoberta,
envolvendo geração e testagem de hipóteses e generalizações, a partir de instâncias
específicas. Ao atingir a idade escolar, a maioria das crianças já possui um conjunto
adequado de conceitos que permite a ocorrência da aprendizagem significativa por
recepção. Ou seja, após a aquisição de uma certa quantidade de conceitos pelo proces-
so de formação de conceitos, a diferenciação desses conceitos e a aquisição de outros
novos ocorre, principalmente, através da assimilação de conceitos, que envolve interação
com o conhecimento relevante preexistentes na estrutura cognitiva, os subsunçores.
Então, os primeiros subsunçores são adquiridos por formação de conceitos, criando,
dessa forma, condições para a assimilação de conceitos, que passa a predominar no
processo de aprendizagem de crianças mais velhas e adultos. Segundo Ausubel (1978,
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apud MOREIRA, 2006):
“Uma vez que significados iniciais são estabelecidos para signos ou
símbolos de conceitos, através do processo de formação de conceitos,
novas aprendizagens significativas darão significados adicionais a
esses signos ou símbolos, e novas relações, entre os conceitos anterior-
mente adquiridos, serão estabelecidas.”
Mas, existem situações nas quais o aprendiz tem a maturidade intelectual para
aprender por recepção, mas não dispões dos subsunçores necessários para aprender
significativamente em um certo corpo de conhecimento.
O q u e fa z e r q u a n d o n ã o e x i st e m o s s u b s u n ç o r e s ?
a A A’ a’
Logo, a assimilação ocorre quando um conceito ou proposição, potencialmente
significativo, a é assimilado sob uma idéia ou conceito mais inclusivo A, um subsun-
çor, já existente na estrutura cognitiva, como um exemplo, extensão, elaboração ou
qualificação do mesmo. Quando a é relacionado e interage com A, emerge um novo
significado, a’. Como conseqüência dessa interação o conceito subsunçor A também se
modifica transformando-se em A’. Além disso, os dois produtos da interação, a’ e A’,
permanecem relacionados entre si como co-membros de uma nova unidade A’a’.
O verdadeiro produto do processo interacional que caracteriza a aprendizagem
significativa não é apenas o novo significado a’, mas também inclui a idéia-âncora mo-
dificada A’, sendo, conseqüentemente, o significado composto de A’a’.
Ausubel sugere que a assimilação provavelmente tenha um efeito facilitador na
retenção. Para explicar como novas informações recém assimiladas permanecem dis-
poníveis, ele admite que, por um período de tempo variável durante o processo de re-
tenção, a unidade A’a’ é dissociável em unidades individuais A’ e a’, tal como o esquema
a seguir.
A’ a’ A’ + a’
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Ou seja, enquanto o subsunçor e a informação relevante originais são dissociáveis,
o resultado da assimilação – subsunçor e informação modificados – fazem parte de um
todo. Essa etapa é denominada de fase de retenção, uma vez que a nova informação pode
ser recuperada com características que a identificam e a distinguem da idéia-âncora.
Segundo Ausubel, embora a retenção de significados recentemente adquiridos au-
mente pela ancoragem a conceitos relevantes preestabelecidos na estrutura cognitiva, os
subsunçores, este conhecimento está sujeito à influência de uma tendência reducionista
da organização cognitiva. Para ele, é mais econômico e mais fácil reter os conceitos e
proposições âncora, mais estáveis, do que lembrar as novas idéias assimiladas por elas.
Dessa forma, com o passar do tempo, os significados das novas informações tendem a
ser reduzidos aos significados mais estáveis das idéias âncora.
É importante destacar o fato de que descrever o processo de assimilação em termos
de uma única interação é uma simplificação, pois de maneira geral a nova informação
interage também com outros subsunçores e o grau de assimilação, nestes casos, vai
depender do grau de relevância destes subsunçores para a aprendizagem da nova in-
formação.
Logo após a prendizagem significativa, cujo resultado é o produto interacional
A a , começa um segundo estágio da assimilação, a assimilação obliteradora. Nesse
’ ’
Retomando o que dissemos até aqui sobre o princípio de assimilação, vale salien-
tar que a aprendizagem significativa requer tempo para se efetivar, porque trata-se de
construção conceitual e se dá de forma processual. O processo de aprendizagem, para
Ausubel, consiste da fase em que há a relação não arbitrária e não-literal de uma idéia
potencialmente significativa com um subsunçor. Desta interação decorre a geração de
um produto interacional que modifica tanto a idea nova quanto a idéia prévia. Nesta
fase é que ocorre a transição de significado lógico para psicológico. Importante ressaltar
aqui, que a modificação das idéias é o que distingue os processos de aprendizagem sig-
nificativa dos de aprendizagem puramente mecânica. Até dado limite, as ideias (nova e
prévia) permanecem dissociáveis na estrutura cognitiva. A próxima etapa do processo
de assimilação é a obliteração, até porque, aprendemos e retemos idéias. Contudo, a
cognição adota um procedimento econômico de redução gradual das idéias adquiridas:
a estrutura cognitiva vai reduzindo os significados das mais específicas e diferenciadas
aos significados das ideas mais gerais que as ancoram para permitir ao indivíduo que
I m p o r ta n t e !
A ss i m i l a ç ã o : A u s u b e l ou P i a g e t?
Faz-se necessário, nesse momento, chamar a atenção para a diferença entre as
idéias de assimilação propostas por Piaget e por Ausubel. Na perspectiva de Piaget,
o desenvolvimento cognitivo pressupõe a construção e a utilização de esquemas de
assimilação para abordar as situações conhecidas e a acomodação para dar conta das
situações novas. Na perspectiva de Ausubel, a ideia de assimilação tem a ver com
uma crescente integração e diferenciação de conceitos e de conhecimentos à estrutura
cognitiva, de um modo geral (MASINI; MOREIRA, 2008).
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A aprendizagem combinatória é a aprendizagem de proposições e de conceitos
que não aguardam uma relação de subordinação ou de superordenação com proposi-
ções ou conceitos específicos e sim com conteúdo amplo, relevante de uma maneira
geral, existente na estrutura cognitiva do sujeito. Isto é, a nova proposição não pode
ser assimilada por outras já estabelecidas na estrutura cognitiva�����������������������
e nem é capaz de assi-
milá-las. Esta situação dá origem ao aparecimento de significados combinatórios, ou à
aprendizagem combinatória (MOREIRA, 2006).
Segundo Ausubel (1978, apud MOREIRA, 2006), a aprendizagem de muitas
novas proposições, e conceitos, leva a esse tipo de significado. Eles são potencialmente
significativos porque consistem de combinações, que fazem sentido, de idéias previa-
mente aprendidas que podem ser relacionadas, de maneira não-arbitrária, a um “fundo
amplo” de conteúdo, “relevante de uma maneira geral”, existente na estrutura cognitiva
em razão de uma “congruência geral”, com esse conteúdo como um todo. É como se
a nova informação fosse potencialmente significativa por ser relacionável à estrutura
cognitiva como um todo, de uma maneira geral, e não com aspectos específicos dessa
estrutura, capazes de se ancorar no conhecimento já existente e, portanto, pelo menos
no relevantes específicos para a aprendizagem significativa.
A p r át i c a d o c e n t e c o m b as e n a Te o r i a da Apr e n d iz ag em
S i g n i f i c at i va
• Como não poderia deixar de ser, o primeiro ponto a ser tratado diz respeito ao
papel do professor nessa abordagem.
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2. Identificar quais os subsunçores relevantes para a aprendizagem do conteúdo
a ser ensinado que o aluno deveria ter em sua estrutura cognitiva para poder
aprender significativamente esse conteúdo. Em outras palavras, o professor
deve identificar os conceitos, proposições e idéias claras, precisas e estáveis re-
levantes para a aprendizagem significativa do conhecimento em questão. Não
estamos aqui falando da idéia de pré-requisito, tal como a conhecemos no jar-
gão escolar e sim de identificar conceitos, idéias e proposições especificamente
relevantes para a aprendizagem significativa do conteúdo que vai ser ensinado.
3. Diagnosticar o que o aluno já sabe. Identificar dentre os subsunçores especi-
ficamente relevantes para da matéria de ensino, quais os que estão disponíveis
na estrutura cognitiva do aluno. É necessário tentar “identificar a estrutura
cognitiva do aluno” antes da instrução e, para isso, utilizar o instrumento per-
tinente (pré-teste, entrevista, etc...). Não é uma tarefa fácil, mas é indispen-
sável cumpri-la, pois não considerar a necessidade desse diagnóstico e supor
que o aluno tem o conhecimento prévio relevante é, segundo Moreira (2006),
trabalhar sobre bases desconhecidas, frágeis ou inexistentes, cujos resultados são por
demais conhecidos (e desanimadores)...”.
4. Ensinar utilizando recursos e princípios que facilitem a passagem da estrutura
conceitual da matéria de ensino para a estrutura cognitiva do aluno de manei-
ra significativa. Aqui, a tarefa do professor é a de auxiliar o aluno a organizar
a sua estrutura cognitiva na área de conhecimento em questão, assimilando a
estrutura dessa matéria de ensino, através da aquisição de significados claros,
estáveis e transferíveis. Para isso é preciso levar em conta tanto a estrutura
conceitual da matéria de ensino, tanto a estrutura cognitiva do aluno no início
da instrução e, se essa não for adequada, tomar as providências cabíveis, utili-
zando os recursos adequados (MOREIRA, 2006).
É importante destacar, tal com Moreira (2006) o faz, que não se trata de impor ao
aluno determinada estrutura conceitual, e sim de facilitar a aquisição de uma estrutura
conceitual de forma significativa, o que implica atribuição, por parte do aluno, de sig-
nificados psicológicos a essa estrutura. A estrutura conceitual da matéria de ensino tal
como estabelecida pelos especialistas dessa matéria ou pelo professor, tem significado
lógico. O significado psicológico é atribuído pelo aluno e, portanto, tem também sig-
nificados pessoais. Podemos dizer que o ensino pode ser interpretado como uma troca,
ou uma “negociação” de significados entre professor e aluno, até que compartilhem
significados comuns, sobre determinado conhecimento. Tais significados compartilha-
dos permitem a incorporação da estrutura conceitual da matéria de ensino à estrutura
cognitiva do aluno sem o caráter de imposição.
Estando consciente do seu papel no processo de promoção da aprendizagem sig-
nificativa, o professor deve ter clareza sobre alguns pressupostos da TAS diretamente
relacionados à sua prática, como veremos a seguir.
Os organizadores prévios
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diz tem a maturidade intelectual para aprender por recepção, mas não dispões dos
subsunçores necessários para aprender significativamente em um novo conhecimento
Segundo Novak (1977, apud MOREIRA, 2006), a aprendizagem mecânica será
sempre necessária quando um indivíduo adquire novas informações em uma área de
conhecimento completamente nova para ele. Ou seja, ocorre aprendizagem mecânica
até que alguns elementos de conhecimento nessa área, relevantes para novas informa-
ções na mesma área, existam na estrutura cognitiva do indivíduo e possam servir de
subsunçores, mesmo que ainda pouco elaborados. Na medida em que a aprendizagem
começa a se tornar significativa, esses subsunçores vão ficando mais elaborados e mais
capazes de servir de ancoradouro para novas informações.
Ausubel (1980) propõe que, nesses casos, se faça uso dos organizadores prévios
como estratégia para, deliberadamente, manipular a estrutura cognitiva, a fim de fa-
cilitar a aprendizagem significativa. Esses organizadores prévios serviriam de ancora-
douros para o novo conhecimento e levariam ao desenvolvimento de subsunçores que
facilitem a aprendizagem subseqüente
Organizadores prévios são materiais introduzidos antes do próprio material de
aprendizagem e apresentados em um nível mais alto de abstração, generalidade e inclu-
sividade. Eles não devem ser confundidos com sumários e introduções que são escritos
no mesmo nível de abstração, generalidade e inclusividade do material de aprendiza-
gem em si, simplesmente destacando alguns pontos do assunto.
Em resumo, a principal função do organizador prévio é servir de ponte entre o
que o aprendiz já sabe e o que ele precisa saber, para que possa aprender com sucesso
(significativamente) o novo material (AUSUBEL, 1978). O organizador deve fornecer
uma ancoragem ideacional para a retenção e incorporação estável do material mais de-
talhado e diferenciado que vem em seguida e também aumentar a discriminabilidade
entre esse material e as idéias similares ou ostensivamente contraditórias existentes na
estrutura cognitiva.
No caso do novo material ser totalmente não familiar ao aprendiz, um organizador
“expositivo” deve ser usado para fornecer subsunçores relevantes. Estes subsunçores
sustentam uma relação superordenada com o novo material e fornecem, principalmen-
te, uma ancoragem ideacional em termos do que já é familiar ao aprendiz. No caso do
material de aprendizagem ser relativamente familiar, um organizador “comparativo”
é usado para integrar novas idéias com conceitos basicamente similares existentes na
estrutura cognitiva do aprendiz e também para aumentar a discriminabilidade entre as
idéias novas e as já existentes que possam parecer similares a ponto de confundir.
É importante registrar que os organizadores prévios não precisam ser
necessariamente textos escritos. Um filme, um vídeo, uma discussão podem funcionar
como organizador, dependendo da situação de aprendizagem.
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unidades obedece também a ordem decrescente de inclusividade. Para promover a re-
conciliação integrativa o organizador deve apontar, explicitamente, de que forma as
iseias previamente aprendidas e disponíveis na estrutura cognitiva são essencialmente
similares ou diferentes das novas idéias a serem aprendidas
O princípio da organização seqüencial contemplado na programação do conteú-
do consiste em colocar os tópicos ou unidades de estudo em seqüência, obedecendo aos
princípios de diferenciação progressiva e de reconciliação integrativa, de maneira tão
coerente quanto possível com as relações de dependência naturalmente existentes entre
eles na matéria de ensino. Para Ausubel, a disponibilidade de idéias âncora relevantes
para a aprendizagem significativa e para a retenção pode ser maximizada tirando-se
proveito das dependências seqüenciais naturais existentes em uma disciplina e do fato
de que a compreensão de um dado tópico, frequentemente pressupõe o entendimento
prévio de algum outro tópico relacionado (MOREIRA, 2006).
Para Ausubel, insistir na consolidação, ou mestria (domínio) do que está sendo
estudado antes de introduzir novos materiais assegura contínua prontidão na matéria
de ensino e sucesso na aprendizagem seqüencialmente organizada. Esse tipo de apren-
dizagem pressupõe que o tópico ou unidade precedente seja aprendido de maneira
clara, estável e organizada. O novo material na seqüência não deve ser introduzido sem
que o precedente tenha sido dominado pelo aluno (MOREIRA,2006).
E v i d ê n c i as d a a p r e n d i z a g e m s i g n i f i c at i va
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5
N o va k C o m p l e m e n ta n d o A u s u b e l
Quem é J o s e p h D. N o va k
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Universidade de Minnesota. Sua tese de doutoramento centrava-se na resolução de
problemas de botânica em nível universitário, baseando-se em um modelo cibernético
de processamento de informação.
Tornou-se professor de biologia na Kansas State Teachers College, em Emporia
1957-1959, e ministrou cursos de formação de professores na Universidade de Purdue
1959-1967. De 1967 a 1995, foi Professor de Educação e Ciências Biológicas na Uni-
versidade de Cornell. Desde 1998 é também cientista visitante sênior , na Universi-
dade do oeste da Flórida. Trabalhou com a NASA, Marinha, CIA. Além disso, ele
tem dado consultoria a mais de 400 escolas, universidades e corporações, incluindo o
trabalho mais recente com a Procter and Gamble – empresa multinacional que fabrica
aqui no Brasil, fraudas Pampers, Vick e seus derivados antigripais, Hipoglós, shampoo
Pantene e milhares de outros produtos. Recebeu vários prêmios e honrarias, incluindo
um doutorado honorário 1998 da Universidade de Comahue, Neuquén, Argentina,
Doutor Honoris Causa, Universidade Pública de Navarra, Pamplona, Espanha , 2002,
Doutor Honoris Causa da Universidade de Urbino em 2006.
Sua pesquisa centrou-se na aprendizagem humana , estudos educacionais , cons-
trução e representação do conhecimento. Ele desenvolveu uma teoria de educação
para orientar a investigação e instrução, publicado pela primeira vez em 1977 e atuali-
zado em 1998. Contudo, é professor de Ciências Biológicas e Ciências da Educação.
Recentemente se aposentou-se da Universidade de Cornell, Joseph Novak é um dos
investigadores que disseminaram a pesquisa em idéias das crianças na ciência. Ele é o
autor de livros fundamentais para quem quer de enveredar pelo investigação em ensino
de ciência é também o criador dos mapas conceituais como ferramentas facilitadoras
da aprendizagem significativa.
P r i n c i pa i s o b r as d e J o s e p h D. N o va k
Novak, J. D., Learning, creating, and using knowledge: concept maps as facili-
tative tools in schools and corporations.
C o g n i t i v i s m o H u m a n o ?!
Parece-nos que a teoria de Novak estabelece uma ponte suave entre a teoria cog-
nitivista de Ausubel e as teorias humanistas. Quando Ausubel enfatiza que para que
ocorra a aprendizagem significativa é fundamental que o aprendiz se disponha a apren-
UAB| Ciências Naturais e Matemática | A Teoria da Aprendizagem Significativa e Seus Desdobramentos na Dinâmica de Ensinar e Aprender Ciências| 37
M a pas C o n c e i t u a i s
... A qualidade acima da quantidade, significado acima da memorização e
a compreensão acima do conhecimento
J.D.Novak
interação
interação interação
SER ES V IVOS ENERGI A M ATÉR I A
co inf
dinamiza
desenvolvem
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mudanças
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produz
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exerce
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a r ia ição duz a fe
v o s
p
com
PR ESSÃO
CONTA M INAÇÃO
Mapa conceitual para o núcleo interdisciplinar do primeiro ano, elaborado pelos professores
Hugo Fernandez, Marta Ramirez e Ana Schnersch em um “workshop” sobre mapas conceituais
realizado em Bariloche, Argentina, 1994. Extraído de Moreira 2005.
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LEITE
como de como
Vaca O vel ha Cabra Ég ua Soja Leite Iog ur te Queijo Manteiga Coa l hada Nata
Condensado
é um faz bem
tipo de
Doces
Saúde
util iza
Chocolates Sor vetes Fr utas Ossos Dentes
Mapa conceitual elaborado por uma professora da educacaçao infantil, sobre o tema “Leite” extraído do artigo O uso
de mapas conceituais com crianças: instrumento para aprendizagem de ciências. Autores: Márcio Roberto Machado da
Silva e Marlise Geller encontrado em: http://www.fae.ufmg.br/abrapec/viempec/viempec/CR2/p17.pdf.
tem a mesma
LUZ Elétrons Elétrons Elétrons
nat ureza
Experimentos
Mapa conceitual sobre natureza da luz elaborado por um grupo de 3 alunos do 2º. Ano do ensino médio em uma esco-
la da rede particuar de ensino em Cuiabá, Mt durante a aula de Física ministrada por uma das autoras deste material.
~
A p o t e n c i a l i d a d e ava l i at i va d o MC
Cabe ao professor estabelecer seus próprios critérios para validar
qualitativa e também quantitativamente os MC. Entretanto, parece-
-nos que sua percepção tanto dos processos de construção quanto da
hierarquia de
relevância do produto final em função dos objetivos propostos é que
conceitos
devem permitir mais seguramente uma quantificação dos mesmos. O
evento educativo é cheio de peculiaridades e talvez só o professor te-
nha consciência de como o processo foi conduzido e qual é, de fato, o
produto final obtido, se cumpre ou não os objetivos propostos a serem
atingidos; então, na utilização dos mapas, os critérios podem e devem
~
diferenciacao progressiva
variar de acordo com as prioridades estabelecidas.
~
A elaboração de um mapa conceitual é uma atividade educativa
desafiadora para o aluno, requer o exercício de criatividade e reflexão na
medida em que solicita que se externalize conceitos e as relações entre
os mesmos através de proposições que se estabelecem na própria estru- tura do The Queen of the Butterflies
Autor: Salvador Dali, 1951
mapa. Novas relações e novos significados são construídos, elaborados e reelabora-
dos. Portanto, é uma atividade que seguramente envolve não apenas conceitos prévios,
já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz, como também a habilidade de criar e
recriar conexões, possibilidades de novas percepções sobre as relações conceituais.
Diante de todas essas alternativas, a utilização dos mapas como instrumentos
de avaliação requer uma clareza sobre a potencialidade dos mesmos, uma crença acerca
do valor dessa atividade para a construção de dado conhecimento, uma postura que
difere muitas vezes da usual. Vale lembrar, que no dia a dia como professores, mediante
a grande quantidade de tarefas a cumprir, de aulas a ministrar, muitas vezes acabamos
caindo no lugar comum das avaliações tradicionais, como momento conclusivo de au-
las onde fizemos excelentes exposições orais, os alunos, ouviram, copiaram (na melhor
das hipóteses) - mas que pouco ou nada colaboram para promover uma aprendizagem
significativa.
A idéia principal é avaliar o que o aluno já sabe em termos conceituais, como ele
estrutura, hierarquiza, diferencia, relaciona, discrimina e integra conceitos (Moreira,
2000). Considerando a avaliação como um processo, é possível detectar, durante a ela-
boração dos mapas, aspectos, como: interação com o material didático, interação com
o grupo de trabalho, professor e alunos, processo auto-reflexivo, que constituem etapas
necessárias à troca de significados e que promovem a aprendizagem significativa. Esses
fatores têm uma relevância qualitativa que exige habilidade, sensibilidade e bom senso
do professor para uma análise criteriosa que permita percebê-los.
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cognitivo acerca do que deve ser a organização cognitiva que resulta da aprendizagem
significativa:
1. Organização hierárquica – No mapa, conceitos e proposições menos inclusi-
vas, mais específicas devem estar subordinadas a conceitos e proposições mais
abrangentes. Deve mostrar o conjunto de relações hierárquicas entre um con-
ceito e outros subordinados a ele. Sugerir a diferenciação de conceitos através
de inter-relações conceituais específicas, porque o significado que é dado a
um conceito depende do número de relações relevantes que percebemos e de
como hierarquizamos. Enfim, os MC devem apresentar boa organização e
boa estruturação hierárquica, o que facilitará ao professor uma avaliação e a
quantificação.
2. Diferenciação progressiva - Os MC devem apresentar idéias e conceitos mais
gerais e inclusivos do conteúdo ensinado no topo (ou no centro, dependendo
da estrutura hierárquica do mapa) e progressivamente desdobrar-se em outros
conceitos mais específicos; isto porque, no processo de aprender significativa-
mente, a organização de um corpo de conhecimentos na mente do aprendiz
corresponde a uma estrutura hierárquica em que as idéias mais inclusivas estão
relacionadas a proposições e conceitos menos inclusivos e mais diferenciados.
3. Reconciliação integradora – Os MC devem revelar, nas relações entre con-
ceitos e proposições, suas diferenças e semelhanças, reintegrando-os aos mais
inclusivos e reconciliando inconsistências reais ou aparentes.
Entretanto, devemos considerar que qualquer tentativa de pontuação tem gradu-
ações diferentes de subjetividade e arbitrariedade inerente, como qualquer outro ins-
trumento de avaliação. Vamos sugerir os critérios específicos estabelecidos por Novak
e Gowin (1884 ) para a pontuação dos mapas conceituais:
• Proposições: Os autores sugerem que a relação de significados entre dois con-
ceitos deve ser indicada pela linha que os une e pelas palavras de ligação.
Atribui-se 1 ponto para cada proposição válida e significativa.
• Hierarquia: Cada conceito subordinado deve ser mais específico e menos ge-
ral que o conceito escrito acima dele, considerando o ponto de vista sob o qual
se constrói o mapa. Atribui-se 5 pontos para cada nível hierárquico válido.
• Ligações cruzadas: O mapa conceitual deve apresentar ligações significativas
entre um segmento da hierarquia conceitual e outro segmento. Essa relação de ser
válida e significativa. Para cada ligação atribui-se 10 pontos e soma-se nesta
etapa, mais 2 pontos para cada ligação cruzada que seja válida, mas não tra-
duza qualquer síntese entre grupos de proposições ou conceitos relacionados.
• Exemplos: Os acontecimentos ou objetos concretos que sejam exemplos válidos do
que designam os termos conceituais podem valer 1 ponto cada.
Cada um destes critérios corresponderia a um determinado número máximo ou
mínimo de pontos.
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At i v i d a d e
Itens a t e r e m c o n ta q u a n d o s e ava l i a u m m a pa d e c o n c e i t o s ( m i c r o m a pa ).
1. O mapa tem cinco conceitos-base fornecidos pelo instrutor?
2. Todas as ligações entre os conceitos estão bem feitas?
3. O mapa tem alguma ligação cruzada legendada?
4. O mapa tem exemplos (de preferência novos)?
5. O mapa é em forma de árvore (dendrítico), em vez de alinhado (linear)?
6. O conceito superordenado é a melhor escolha, dado o modo como estão ar-
ranjados os outros conceitos?
7. Os exemplos incluídos são apropriados?
8. O mapa tem qualidade científica apropriada?
9. Quem fez o mapa usou símbolos adequados dos mapas e seguiu as convenções
padrão para fazer mapas?
10. O mapa é limitado a paroximadamente 12 elementos?
Extraído de Ensinando ciência para a compreensão - uma visão construtivista.
Novak, J. D. Wandersee, J.H. Mintzes, J.J. (2000). Lisboa: Plántano Edições Técnicas
Dados sobre
Geólogos Esferas o eixo de
de Harvard concêntricas simetria
c om
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e de ed
e
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ão
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Descoberta Rotação
Mapa conceitual 1 científica Geodínamo
mais rápida
importante
Núcleo Núcleo
Crusta Manto exterior interior
líquido sólido
“Planeta
1971 7000oF dentro de Ferro
um planeta”
Rotação
mais rápida Geodínamo
Mapa conceitual 2
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46 | Ciências Naturais e Matemática | UAB
6
G o w i n C o m o E st r at é g i a
Pa r a A u s u b e l
Quem é B o b G o w i n?
O que sabemos sobre o Dr. D. Bob Gowin é que foi Professor Emérito da
Universidade de Cornell, (1961-1990); obteve seu doutorado na Universidade de
Yale (1956) e foi nomeado pós-doutorado em Filosofia na mesma universidade,
1958. Foi professor assistente na Universidade de Chicago (1958-1961), Pro-
fessor Visitante Associado da Universidade de Stanford, 1970, onde introduziu
o primeiro seminário de Filosofia e Pesquisa em Educação, que lhe rendeu um
prêmio por excelência no ensino. Em 1991, aposentou-se na Universidade de
Cornell e voltou para Stanford, ensinando “Amadurecimento de mentes após
os cinquenta”, no Programa de Estudos Continuados. Foi eleito Presidente da
Sociedade de Filosofia da Educação (1969-1970), e da Associação de Filosofia
no processo de Educação, 1992-1993. Bob Gowin
A l g u m as o b r as
Gowin, D.B. and Avrez, M.C.2005. The Art of Educating with V Diagrams.
New York: Cambridge University Press.
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A l u n o - P r o f e ss o r – M at e r i a l E d u c a c i o n a l
Gowin propõe uma relação triádica bastante interessante entre professor, mate-
riais educativos e aluno. Este cuidado em dar relevância ao material corrobora a idéia
de aprendizagem significativa.
Aluno
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Significados
Professor Materias
Educativos
O VÊ DE GOWIN
Domínio Domínio
Consiste em uma estratégia ou ferra- Conceitual Questões centrais Metodológico
menta de ensino-aprendizagem facilitado- pensar fazer
sentir
ra da aprendizagem significativa. Vamos
Filosofias Questões básicas ou Asserções de valor
entender porque, na medida em que formos Ideias gerais, preten- perguntas gerais, que Valor do resultado da
sões (maneira de ver o junto ao trabalho, investidação – novas
conhecendo melhor. mundo explorado) possibilidades e generalizações
Também conhecido como Diagrama interesses, orientam
a definição de
V, permite-nos visualizar atividades cien- Teorias um problema de Asserções cognitivas
Subsidiarão as pesquisas investigação Conclusões tiradas das
tíficas reais porque passa pela clarificação transformações
dos fenômenos estudados, pela coleta de Princípios
dados, transformação dos dados coletados, Determinados pelas teorias Transformações
subjacentes (pelo 1 para cada Tratamento dos dados aos
culminando a emissão de juízos acerca do teoria) registros: análises, tabelas,
estatísticas, gráficos...
conhecimento construído (juízos cogni-
tivos) e finalmente a formulação de juízos Conceitos
Domínio conceitual necessário Registros
de valor sobre o trabalho como um todo. É para aplicação dos princípios Extraídos dos acontecimentos da
teóricos da investigação ação sobre a amostra
muito útil para planejar e consolidar uma
pesquisa ou projeto de investigação. Como
Acontecimentos
veremos adiante, no lado esquerdo desen- Caracterizam a amostra
volvemos todo o conhecimento teórico ne-
cessário para subsidiar o trabalho (pensar)
e no direito, vamos desenvolvendo a pesquisa através de metodologia adequada, coleta
de dados, análise e apresentação dos mesmos, e finalmente as conclusões (fazer). Este
lado ativo/metodológico é como um “espelho” que reflete o lado epistemológico/teóri-
co.
Como podemos observar na figura acima, o lado teórico, inclui principais con-
ceitos, princípios, teorias, leis, filosofias e visões de mundo que conduzem o estudo.
No centro do V, está a questão central que pode ser acompanhada de outras questões
periféricas associadas. Note que o vértice, aponta para a amostra ou seleção de objetos,
eventos ou acontecimentos que serão estudados.
Um olhar científico sobre a amostra sugere que dados sejam extraídos e registrados
no lado direito em local apropriado para os registros, seguidamente, o que fazer com os
dados? Tratá-los parece-nos ser natural. Significa, portanto que devemos analisá-los e
para isso construímos gráficos, tabelas, análises descritivas e outros recursos que facili-
UAB| Ciências Naturais e Matemática | A Teoria da Aprendizagem Significativa e Seus Desdobramentos na Dinâmica de Ensinar e Aprender Ciências| 49
sentir
tarão nossas conclusões. Finalmente, olhando nossas transforma-
ções e pensando sobre elas, vamos emitir nossas conclusões, que
refletirão o conhecimento construído através da nossa pesquisa,
p f decorrendo daí, quase imediatamente, nosso juízo de valor sobre
e a a relevância do que foi feito.
n z O lado esquerdo (pensar), portanto, subsidia o lado direito
s e (fazer).
a r Enquanto ferramenta facilitadora de aprendizagem signifi-
r cativa, a análise de um Vê revela várias coisas sobre processo de
investigação ou estudos:
1. Se está clara a questão a ser investigada.
2. Possíveis desencontros entre a coleta de dados e as trans-
formações dos mesmos – ou seja, se os dados coletados foram bem
conhecer aproveitados nas transformações.
3. Se faltam dados para apoiar os juízos cognitivos e de
The Madonna of Port Lligat.
Autor: Salvador Dali,1950. valor, ou seja, se as conclusões são alinhadas aos dados considerados.
4. As teorias de fato estão embasando a investigação.
5. Se existem falhas teóricas ou faltam peças no estudo de investigação que po-
dem levar a um resultado mal fundamentado.
6. Explicita-nos a visão de mundo e a construção conceitual do aluno ou da
equipe que o elaborou.
Pode ser utilizado para guiar e relatar trabalhos de laboratório, explicar uma pes-
quisa, planejar uma dissertação ou tese e uma vez já completa, apresentar a banca ava-
liadora. Ou seja, tem-se a partir de então, uma visão clara e global de todo o estudo em
pauta. Além de ser uma ótima oportunidade para a troca de significados entre os pares
envolvidos no evento educativo.
Tudo bem que a princípio pode ser meio trabalhoso e aborrecido construir um
diagrama Vê, porque é necessário que se identifique todos os elementos de uma investi-
gação. Contudo, considerando que de uma maneira ou de outra, esses mesmos elemen-
tos terão que ser explicitados para que se faça um bom trabalho... ... vale o um esforço!
Primeiras orientações para dar conta de construir um Vê e conseqüentemente uma
boa investigação:
1. Comece pela questão central.
2. Decida quais os fatos quer ou precisa estudar para responder a questão central.
3. Pergunte-se: como fazer para responder a questão central ? Elabore o lado
metodológico (fazer) do seu estudo. Aqui, vai surgir a necessidade de selecio-
nar um evento ou amostra a ser investigada.
4. A seguir, desenvolva o lado teórico da investigação (pensar). Ou seja busque o
conhecimento já existente, para fundamentar seu estudo. Nessa etapa, poderá
analisar ainda melhor como é que o fazer, a prática investigativa afeta a teoria
e também como a teoria afeta e às vezes muda a prática.
Acontecimentos
500 alunos da 4a,5a,8a, ensino fundamental e 2o e 3o anos do ensino médio de uma escola estadual, Cuiabá – MT
Acontecimentos
Aquecimento de uma mistura de água e sal congelada a 0oC
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laboratório de ciências. Neste exemplo, bem como no anterior, note que acres-
centamos o verbo sentir, como motivador da questão central. Na verdade, alguns
professores e investigadores entendem, que qualquer pergunta que suscite uma pes-
quisa tem a ver com um sentimento desafiador e nós concordamos com esse ponto
de vista.
Outro ponto que merece cuidadosa observação é a inter-relação entre o domínio
conceitual e o metodológico. Lembrando que existe então, como Gowin propões
originalmente uma correspondência entre os dois domínios.
At i v i d a d e
Quem é o p r o f e ss o r M o r e i r a?
O Professor Moreira é o precursor do Ensino de Física no Brasil, seu currículo é
uma mostra do quanto tem trabalhado para a consolidação de um ensino de quali-
dade no nosso país. Licenciado em Física pela Faculdade de Filosofia da UFRGS
em 1965, Mestre em Física, área de Concentração: Ensino de Física, Instituto de
Física da UFRGS; obteve o título de Ph.D., em”Science Education”, pela Cornell
University, USA, 1977. Foi orientando de Joseph Novak e Bob Gowin. Atualmente,
é professor, em regime de tempo integral e dedicação exclusiva, Instituto de Física da
UFRGS, Pesquisador 1A, CNPq, desde 1989. Marco Antonio Moreira
Até aqui, falamos de títulos, mas admirável é sua experiência em sala de
aula: iniciou sua carreira como Professor de Física e Matemática, da escola secundária no Colégio Estadual
Pedro Schneider e Colégio São José, São Leopoldo, RS, foi Professor de Física e Estatística, Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de São Leopoldo (atual UNISINOS), RS. É Professor Titular, Instituto de
Física da UFRGS, desde 1987; Chefe da Divisão de Ensino do Instituto de Física da UFRGS, 1969-1971;
Membro da Comissão de Ensino da Sociedade Brasileira de Física, 1970-1971; Secretário de Ensino Ad-
junto, Sociedade Brasileira de Física, 1971; Editor Regional, Revista Brasileira de Física, 1971-1980; foi
Professor Visitante, Departamento de Física, Cornell University, Estados Unidos, 1972; Secretário de En-
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sino, Sociedade Brasileira de Física, 1973-1974; Chefe
do Departamento de Física, Instituto de Física da UFR-
GS, 1974; Membro da Comissão de Educação da União
Internacional de Física Pura e Aplicada, 1975-1978.
Coordenador do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento
do Ensino Superior (PADES) na UFRGS, 1978-1984;
Professor Visitante, Departamento de Educação, Cor-
nell University, Estados Unidos,1986-1988. Membro do
Conselho de Conferências Interamericanas sobre Ensi-
no de Física, desde 1986. Presidente, 1994-1997. Vice-
Marco Antonio Moreira ensinando adultos. -Presidente, desde 1998. Editor da Revista Brasileira de
Ensino de Física, São Paulo, 1989-1993. Editor da revis-
ta Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, desde 1996. Co-Editor da Revista
Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 2001-2005. Membro do Conselho
Assessor da revista Enseñanza de las Ciencias, Barcelona, desde 1987. Correspondente
no exterior da revista Enseñanza de la Física, APFA, Argentina, desde 1991. Membro
do Conselho Editorial da revista Ciência e Cultura, São Paulo, 1991-2000. Membro
do Conselho Consultivo da revista Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópo-
lis, desde 1992. Membro do Comitê Assessor de Educação da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS), 1991-1995 . Membro do
Comitê Assessor de Educação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), 1993-1995, 1999-2001. Membro da Comissão de Avaliação
da Pós-Graduação em Educação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Ensino Superior (CAPES), 1996-1997. Coordenador da Comissão de Graduação do
Curso de Física da UFRGS, 1995-1998. Presidente e fundador da Associação Bra-
sileira de Pesquisa em Educação de Ciências (ABRAPEC),1998-2003. Membro da
Comissão de Especialistas de Ensino de Física da Secretaria de Educação Superior do
Ministério de Educação e Desporto, 1996-1999; Presidente, 1998-1999. Co-Coorde-
nador do Programa Internacional de Doutorado em Ensino de Ciências da Universi-
dade de Burgos, Espanha, desde 1998. Representante da Área de Ensino de Ciências
e Matemática na CAPES, 2000-2007 e Coordenador da Comissão de Pós-Graduação
do Mestrado Profissional em Ensino de Física, Instituto de Física da UFRGS, 2002-
2005. Já publicou dezenas de livros sobre ensino de Física, ensino de Ciências, teorias
de aprendizagem e epistemologia.
Orientou e ainda orienta mestrandos e doutorandos na certeza de que um
trabalho sério ainda vai reverter o quadro complicado de descaso no ensino
particularmente na área de Ciências Naturais e Matemática.
Após ler esse “breve currículo”, podemos pensar: e tempo para ser profes-
sor, escrever e publicar trabalhos científicos? Conhecemos e convivemos com o
professor Moreira a mais de uma década e neste ínterim podemos garantir que ele
Entendendo a t e o r i a d e a p r e n d i z a g e m s i g n i f i c at i va
c r í t i c a ( tas c )
UAB| Ciências Naturais e Matemática | A Teoria da Aprendizagem Significativa e Seus Desdobramentos na Dinâmica de Ensinar e Aprender Ciências| 55
Gowin é que o aluno deve desejar aprender significativamente, mas como motivá-lo?
A resposta a essa pergunta pode ser encontrada na Teoria da Aprendizagem
Significativa Crítica (Moreira, 2000). Sua proposta subjacente ao conceito de ensino
subversivo de Postman e Weingartner (1969) enfatiza que a motivação para aprender
não se dá apenas no sentido de propor estratégias e recursos didáticos e sugere que
o importante também é que o aluno perceba como relevante o novo conhecimento a
ser construído e produzido utilizando de maneira substantiva e não arbitrária os seus
subsunçores.
Uma aprendizagem assim construída permite ao sujeito fazer par-
te de sua cultura e, ao mesmo tempo, estar fora dela.
(...) É através da aprendizagem significativa crítica que o
aluno poderá fazer parte de sua cultura e, ao mesmo tempo, não ser
subjugado por ela, por seus ritos, mitos e ideologias. É através dessa
aprendizagem que ele poderá lidar construtivamente com a mudança
sem deixar se dominar por ela, manejar a informação, sem se sentir
impotente sobre a sua grande disponibilidade e velocidade de fluxo,
Robô imita gestos humanos e joga pedra, usufruir e desenvolver a tecnologia sem se tornar tecnófilo.
papel ou tesoura.
Fonte: Época (Moreira, 2000, p.35).
Para facilitar a aprendizagem significativa crítica, o autor sugere onze princípios
ou estratégias que podem ajudar o professor a perceber com mais clareza e objetividade
o contexto de sala-de-aula e atuar de forma mais otimizada para atingir seus objetivos.
Em algumas situações é necessário uma ação subversiva da ordem vigente, ao que nor-
malmente ocorre, contudo por vezes devemos fazer o que é necessário.
1. Princípio do conhecimento prévio. Aprendemos a partir do que já sabe-
mos. – aprender significativamente significa captar, internalizar significados
compartilhados pela comunidade de usuários de um certo conhecimento, essa
é a condição primeira para que se efetive uma aprendizagem significativa crí-
tica. A crítica não fundamentada tem constituído um verdadeiro desastre nas
relações sociais e principalmente na tomada de decisões que no âmbito pessoal
ou grupal. Assim, como já vimos anteriormente, a condição básica para uma
aprendizagem significativa é o conhecimento prévio.
Moreira considera ainda autores como Postman e Weingartner e Paulo Frei-
re, quando afirmam que: “...no final das contas, aprendemos somente em relação ao que já
sabemos, o que significa, contrariamente ao senso comum, que se não sabemos muito nossa
capacidade de aprender não é muito grande e que esta idéia – por si só – implica uma grande
mudança na maioria das metáforas que direcionam políticas e procedimentos das escolas”.
Postman e Weingartner dizem (1969, p. 62), apud Moreira (2010)
...os professores preparam suas aulas levando em conta o que os alunos sabem; eles não
são mais elementos vazios, tornam-se um ponto de partida de toda a aprendizagem; os exem-
plos, os problemas, a finalidade da aprendizagem nascem do que é o aluno concreto.
Almeida (2009, p. 82), apud Moreira (2010)
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coisa em si. As palavras são utilizadas para significar as coisas, e tais signi-
ficados mudam com o tempo. No evento educativo, o aprendiz e o professor
negociam significados a partir do material didático. A consciência semântica
pode levar o aprendiz a minimizar a causalidade, vislumbrar possibilidades
entre o certo e o errado, permitindo escolhas ao invés de mera aceitação da
realidade posta.
7. Princípio da aprendizagem pelo erro. Aprender que o homem aprende cor-
rigindo os seus erros. Aprender significativamente é ter uma certa tranquili-
dade em aceitar que o erro é um processo importante na aprendizagem. A su-
peração do erro decorre de sua percepção. Ao punir o erro, a escola estabelece
que o conhecimento é definitivo e encerra em si verdades absolutas. A história
da ciência está repleta de exemplos de que o conhecimento é provisório o mé-
todo científico está baseado na superação sistemática do erro.
8. Princípio da desaprendizagem. Aprender a desaprender, a não usar con-
ceitos, estratégias irrelevantes para a sobrevivência. Uma vez que um novo
conhecimento interage com o conhecimento prévio já existente na estrutura
cognitiva, essa interação não necessariamente ocorre de forma a favorecer a
aprendizagem. Alguns conhecimentos prévios podem dificultar ou mesmo
impedir a aprendizagem de um novo conhecimento. Desaprender não sig-
nifica apagar determinado tipo de conhecimento prévio (até porque se hou-
ve aprendizagem significativa isso não vai ocorrer), trata-se de não utilizá-lo
como subsunçor. Tal princípio é particularmente importante pois nos encon-
tramos em um mundo em rápida transformação, onde os conceitos e estraté-
gias previamente aprendidos podem se tornar obsoletos. Assim é crucialmente
importante identificar quais conhecimentos prévios são relevantes para as no-
vas demandas.
9. Princípio da incerteza do conhecimento. Aprender que as perguntas são
instrumentos de percepção e que definições e metáforas são instrumentos
de pensar. De certa forma, trata-se este princípio de uma síntese dos princí-
pios anteriores, onde a ênfase se dá ao fato de o conhecimento humano não é
expresso em termos de verdades absolutas. Isso se reflete no âmbito das defi-
nições, perguntas e metáforas, que são os elementos fundamentais na cons-
trução de uma visão de mundo. Perguntas são instrumentos de percepção.
Definições e metáforas são instrumentos para pensar e são válidos apenas
dentro de um contexto.
10. Principio da não utilização do quadro de giz. Da participação ativa do
aluno. Da diversidade das estratégias de ensino. Em geral, é no quadro de
giz que, com sua autoridade, o professor reproduz o seu saber muitas vezes
livresco, resolve exercícios tradicionais que devem ser cobrados em avaliações
posteriores, acarretando uma média que classifica e, muitas vezes, estigmatiza
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subjacente a ele está uma certa convicção de que o conhecimento se transmite por meio
de narrativas e que parece natural a alunos, pais e comunidade educativa. C ont u d o
esse modelo é adequado para a aprendizagem de informações específicas a curto prazo
e pouco restará dessas informações principalmente se o objetivo for sair bem na prova
para passar de ano.
A boa docência X n a r r at i va d o p r o f e ss o r
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e isso requer paciência e disposição do professor.
Em se tratando de ensino-aprendizagem nos primeiros anos do ensino funda-
mental, na formação de professores, existem teorias que são efetivamente aplicadas no
contexto escolar, como aquelas que implicam em métodos de alfabetização e operações
matemáticas. Contudo, no ensino médio parece haver uma lacuna na formação desses
professores para o ensino de Ciências. O que ocorre, então, na sala de aula é que os
professores acabam tendo postura tradicional, reproduzindo o conhecimento científico
de forma asséptica, como verdade absoluta.
Assim, pode-se questionar a aplicabilidade da TASC em sala de aula em condi-
ções reais, como por exemplo, no Brasil, onde há um número considerável de alunos em
sala de aula, sendo esse um argumento muitas vezes utilizado para a inviabilização de
uma teoria de aprendizagem e a reificação de uma postura meramente reprodutora de
conhecimentos por parte do professor. Entretanto, este trabalho identifica a existência
de uma variabilidade de perfis de alunos e os princípios da TASC podem fundamen-
tar estratégias de ensino adequadas a esses perfis. As pesquisas na área de ensino de
Ciências devem servir para tomadas de decisões a fim de melhorar a qualidade da re-
lação professor-aluno em sala de aula, tendo em vista a aprendizagem significativa dos
fundamentos científicos necessários para a formação de indivíduos críticos, autônomos
e capazes de se perceber como um ser único e, ao mesmo tempo, interdependente de
relações sociais, co-responsável na solução de problemas emergentes em seu grupo de
convívio e em âmbito mais geral. O jovem, ao passar pelo ensino de Ciências, deve se
sentir engrandecido, mais para isso é preciso dar-lhe condições de aprender significa-
tivamente e criticamente. É inevitável, portanto, repensar a formação de educadores
e o papel de instituição escola, neste século. Para isso é preciso ação, fundamentada
em pesquisas e por isso devemos continuar. Mostramos aqui, uma experiência que se
mostrou instigante, em todo o processo de execução. Fomos encorajados por algumas
premissas:
• Não existe currículo que sirva para tudo, que atenda toda e qualquer necessi-
dade de conhecimento de uma comunidade de educandos. Logo, é preciso sa-
ber “porque” deve-se ensinar determinados conceitos em detrimento de outros
muitas vezes já tradicionais.
• As propostas e programas educacionais bem sucedidos não são necessaria-
mente reproduzíveis; devem migrar, à medida em que professores, alunos e
demais membros da comunidade educativa são inspirados na busca de solu-
ções de problemas e entendimento de certos fenômenos científicos relaciona-
dos ao contexto, à realidade local.
• Muitas outras experiências virão, uma vez que melhorar a qualidade do ensino
das Ciências Naturais e da Matemática é mais que simples vontade: é realida-
de levada a sério por muitos pesquisadores e professores.
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Percepção de Pergunta de Representação
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Abandono da Conhecimento
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Consciência
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Mapa Conceitual para a aprendizagem significativa crítica (subversiva) (M.A. Moreira, 2005, 2010)
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Cascão, ensinei
!?! o Floquinho
à assobiar ! Assobia
Floquinho !
Va m o s refletir
Existe aprendizagem sem ensino ou ensino sem aprendi-
zagem? Escreva sua opinião e vamos discuti-la na plataforma.
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Nov a k , Jo s e ph D. & G ow i n , D. B ob (19 8 8). A pr e nd ie ndo a apr e nd e r. Ba rc e lon a : M a r t í ne z R o c a .
Tr a duç ã o p a r a o e s p a n hol do or i g i n a l L e a r ning h o w to le a r n .