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| A. CASTANHEIRA NEVES DIGESTA | ESCRITOS ACERCA DO DIREITO, | DO PENSAMENTO JURIDICO, DA SUA METODOLOGIA E OUTROS | VOLUME 2° @ COIMBRA EDITORA 1995 PALAU ERLLRLU BLU LLO SLAG 4 ESCOLA DO DIREITO LIVRE (*) 1. SENTIDO GERAL Num sentido amplo, «diteto lives identifica todo o direito que se cons- para além ou independentemente do dizeto lgislado, da lei — 0 dircito ‘io legal ¢ reconhecido na sua normativa juridicidade sem a imposigio nor- ‘mativamente autortdria (imperativa) do legisadr estatal —, © quer se con- suposisfo (asim, fel ¢ vigente na vida real co emergence da onatureza das coisas, como editcito naturals inclusivamente, ete), quer se veja nel o resultado de uma criagio dos jurists, do juristajulgador ow do jue antes de mais, na sua jadicativo- mento do ditico lives (Friechrbewegung) lidade da formagio metalegal do Di Trate-se de um movimento (si (9 Texo jamente publicado na enciclopédi Pols, Hy pigs. 1021, 194 Temas de tori do Dieito do pensamenso juriio afinal ndo sobreviveu. Podem considerar-se seus precursores além de outros, Bovow (Geseez und Richterams, 1885), G. ROMELIN (Werturieile und lensensscheidungen im Zivilrecht, 1891) ¢ E. DANz (Die Ausleguong der Rech _gechife, 1897, e Richterrecht, 1912), tom dem Richigen Rechte, 14 tificar uma libre recherche scientfigue do source en dit pret pai pria designagio de edi tagio em GéNy —, ¢ de H. KANTOROWICZ, © qual, com o pseudénimo de GGNABUS FLAVIUS, foi autor do que se reconheceu como 0 manifesto do movi- sob 0 titulo Der Kampf um die Rechswisenschaji, 1906. E logo se ram os nomes de M. RUMPF (Getz und Richter, 1906) ¢, sobretudo, de StAMPE (Die Freirechnbewegung, 1911) e de E. FUCKS, este tltimo apés a publicasio de Die Gemeinschadlichkeit der Konstruktiven Juriprudens (1909) cca que se seguiria uma larga ¢ intensa militincia (x. Geuaramtlie Scrifen ier Freirecht und Recbtsreform, 3 yols.), devendo ainda acrescentar-se CARL SCHMITT, no seu estudo Gesetz und Urteil (1912), TH. STERNBERG (Einfith- rung in die Rechiswisenschafe, 1912), H. ReicHet. (Gesetz und Richter ‘pruch, 1915), etc. Finalmente, como a éltima obra signficativa ¢ em boa parte a sintese do movimento, hé que referir H. [Sav (Rechtnorm und Entschei- provocada por quaisquer factores externos, fossem filoséficos outros, Sé que nem por isso se pode ignorar 0 contexto histérico em que nas- ma casa imediacs, rambém sem esse contexto ele compreenderia. No plano cultu- perspectiva que se verifi no teria sido poss ral, hé que acender Beal do dicta lsre 195 tracto, com o seu empobrecedor posi recusar @ unilateralidade da raz (da razio-entendimento) proclamava-se a pro- fandidade da vida e da erazio vital», assim como antes que 2 £2240 ou mais do que a ratio se haveria de reconhecer a vontade; perante a cumpre na anali al do espago, estaria a densa i smo, afirmava-se © vitalismo; a prometida axiologia; 2o homer gené creto ¢ existential etc. — e com a5 consequéncas conhecidas em todos os cum provocadas pela Guerra de 1914-1918, que tudo isso imy da estrutural definigéo do status de uma xordem» por uma vel certeza e de igualdade formal, passa 2 confrontar-se com 2 intengio de justica € a sua exigéncia de um direito materialmente Fundado «de realizagio concretamente adequada, 2. UMA DIFERENTE CONCEPGAO DO DIREITO Neste contexto se hé-de compreender com eftico, um movimento que cstencialmente afiemava @ enecessi nna procura do Essa metodologia a pane loge que levava pressupost, Temas de tori do Direto ¢ do pencamente jridco "e caracterizou-sc, antes de mais, pelo seu combate ismo, no repidio dos seus postulados fundamentais, O postulado do legalsmo extaisna, em primeito lugas, que vinba a traduc da lei como fonte de di imultancamente na guise. O postulado da plenitude ligica do sixema juriico (die lgische Gechlosenbeit de: Rechts), ou sea, a concepsao do dire como um pressuposto sistema unitariamente fechado, de uma a cia [bgico-normativa em {ue 86 era pensivel um desenvolvimento explcitante das suas pprias vircaa. lidades sistemidtieas, € que, como tal, my tacunas, Na recusa frontal desse postulade pod. determinante do movimento do co legal eh eancas teeunas como palavrass, dsia também KantoRowicz —, pois ei o cimento da natureza radi t ela formalmente regulados, que Sendo certo que esse reconheciment ido numa outra compreensio do dircito que de modo essencal se distnguia da que era propria do posi. vis Te que se feria de todo evidence na critiea a um ide nacional subsitente om si ow salmente determindvel eligicordedutioamente aplicdvel © como légica (objectivamente uma conceitualizario sis. lologicamente um pensa ualmente e © pensam © dircito de modo teorético-analitico. Bro do diets tore sr feito, aqui — no reptidio desta concepsio, Eo movie Proclamou-o enquanto afirmava, bem 20 conttirio, € © pensamento juridico percenceriam & esfera axiolégico-nor. ico-emacional; que, como intengio ¢ funcio pritico-normat coneretos de valoragio (aurénomios jutzos de valor e actos emocionsis-volit. vos); que 0 diteico, numa palavra, pertenceria, no razlo teotética, mas & neafo prética A posigio que acaba de esbogar-se nao era, nem mesmo do movimento do dizeto livre. Alguns dos seus po veme-los comungados por ours correntes do pensamtento jurdico, que se pro- punham igualmence, embora de m ente, a superacéo do positvismo Tegalista © do seu dogmdtico logicismo. Era o caso, sobrecudo, da libre rcher. che scientifique de GEsv, em Pranga, © da Interesenjuriprudene dem or PH, HECK, Ambos estes pensament do dite bém desse reconhecimento para as suas Propostas metodolégicas. Além disso, GENY no afirmava menos @ neces, sidade de fonees extalegais (que num poderoso esforgo de investigagio pro- ) para a descoberta integrante ou translegal do direito, le toda @ Inieresenjurisprudens, tisha analogamente uma tes do seu pensament icormetodolégico na critica ito, que substivuta por uma (ou normativa, em sentido proprio) da deci- a0 mesmo tempo que via nesta, © no na construsso '6zico-dogmética, 0 objectivo principal a atender — «o problema da obten. $40 do dircito (Rechtygewinnung) através da sentenca judicial estd no cenvto da metodologiajuridican (Heck). $6 que GEN, se entendia que a investigusao dlevia ser livre (recherche wlbres, pixies trouve ick our inaite& Uaction propre dune autor postive), nio delxava, no git cientfica, i. &, com uma ional-subjectiva ou ra, € orientada para funda nao de pessoal e auténoma ctiasio (recherche 1 parce quill ne peut renconier sz bates aides que ments objectif, que la sience peut seule lui rédler. Enquanto a + 198 Temas de seria do Divetoe de pensmentajuridico déncia dos interesses, por principio da obediéncia & nidade juridicas de que ser 10 representante o legislador, e a0 qual se devetia, portanto, obediéncia) e procurava ober a concreta decisio juridica valo- concreta como assumido 0 seu préprio ‘outto senio 0 juizo de valor com que a lei tinha ponderado aque- feresses. Pontos, um ¢ outro — a estrta objectividade na livre investi- facio do direito e a incondicional obediéncia & lei —, que justamente no era perfilhados pelo movimento do diteto live ¢ impedem assim que 0 confun- damos com aqucles dois importantes pensamentos juridicos seus contempo- ‘ineos © ainda que dele afins em outros aspectos no menos significativos, ois ‘9 movimento do diteito livre caracterizava-se também pelas nocas seguintes. 3, NOTAS DIFERENCIADORAS casio, na descoberta do dit — sublinha KawTorowicz — « re dos estudos sobre a apl sobre a relagio entre a lei e sentenga, ¢ levou-o ainda a cha- logo de Brnici, para a import, até af dscuraa, Uma segunda nota, sem divida das mais diferenciadora, acencuava que © fundamento criador do diteito néo seria a ratéo, mas 2 vontade (oolun- tarioma) — KaNTOROWICE expressamente proclamava 0 «primado da von- tude —, impulsionada pela emocional intuigio axioldgies (antimacionaliomo Escala do dicco bore 199 cou sracionalioma), pla ineuigio concreta do j po eimero do dio bari. pela consciéncia juridica ou jugar, segundo: racionais da esses ¢ as exigncias sociais relevantes Fuctis) — mas sempre com vista « razodvel, de maior justga € mais equitstivos (FUCHS). ‘As duas notas anteriores permitem-nos compreender uma terceira, par- sicularmente acentuada por ISAY, Se a decisio era o pri de justificagéo ou de coneréle normativo-juridicos « posterior. Jado, seria a vontade de obter uma decisio de anteméo determinada pelos factores © nos termos referidos na nota anterior que efectivamente cscolha dos textos legais em que essa decisio se pretendesse normat mente fundar (KANTOROWICZ) perante aqueles factores pritico-emocionais da génese da " ticos fundamentos da sua juridicidade, s6 poderia entender-se nos termos de ‘uma posterior racionalizacio normativa — jé numa fungio de contrdle sobre a vontade e a intuicio, jd com vista a satisfizer uma comum exigéncia de possirel objectividade (Isat). Para os mesmos efeitos invocava antes CARL ScHMITT o padrio do «juiz normal» — 0 juiz devia decidir como decidiria no seu caso um juiz que se pudesse considerar a realizar 0 tipo de juiz stipo empl: ticoy) da sociedade juridica de que se tratase Uma di 3t2 foi sobretudo responsivel pelo escindalo que © movi- ‘que presumisse ser a orientacio que temaria no caso 0 poder estadual actual, 200 Temas de teoria do Divito do pemsamentsjurdico «na impossibilidade de determinar esse sentido, decidiria segundo 0 direito livre. Poderia do mesmo modo decid x05 € nos que 55 fossem duvidosos quanttativamente (p. ex, indemnizagio de anos moras) e além disso devia admitir-se que no partes autorizasse o juiz a desligar-se das normas Rechaswvisenschaft und Saciologe, ainda que também REICHEL, depois de uma detida andlise e fundamentagio, ‘onclufa por este principio: +O juiz é obrigado, pela propria razio do seu (eine conheceria nos estes conferiam Ecole hisria do dete 09 Ie Vill; Sytem, e como que @ denunciar a co prias fontes da vida es ‘que nos permite dizer, com GUSDORE, que SAVIGNY eau lew de met- sre Uhistoire 2 Vécole de la raison, mettraitplutis la razon 3 Useole de Ubistore, fou, com DAKIM, que a idcia de ida pela histria (© que, se pie em evidéncia a divergéncia mais profunda da escola hist6rica neste sentido, implicava que cle se oferecesse sempre como jé dado (Systems, I, 14) nas especificas ol vagOes cultura em que existia ainda aqui como os costumes ea lingua) e hou- vette, por isso mesmo, de considerar-se, por um lado, como direito positive (ibid, 14) , por outro lado, como abjecto de um conhecimento € no objec- tivo de uma qualquer normativa imposigio. «O direito devia ser algo encon- trado cm lugar de ser feico» (E. POUND) e, como tal, impunha que o penss- mento juridico se the tengo de ciéncia € néo de pura ciegao — numa palavra, © pensamento juridico devia set scitncia do dircto» (Rechwisenschafi). E 0 esforso metodolégico da cxcola histbrica foi efectivamente todo no sentido de otientar a histético-objec- tiva explicitagio do diteito «dado» de modo a que para aquele pensamento se ficaste epistemologicamente a qualificasio de ciéncia. Ponto este da sméxima importincia, porquanto, se na escola histérica havia uma essencal intengio hist6rica, nfo Ihe era menos fundamental uma intengdo de ciencife cidade — no que, a seu modo aquele pathes superior de ign cia que movia o meio cultural € universtirio alemo em que nasceu recorde-se {que a Universidade de Berlim havia sido entio fundada por HUMBOLDT e jd ‘em 1810 era nel professor SaviGNY. Segunda coordensda este da escola his- — a coordenada da ciemificidade — que imporea, pois, esclarecer para bem entendermos o que foi verdadciramente essa escola. 56 que 1iéo 0 pode- ‘mos fazer sem atendermes antes a duat outas notas. Uma primeira nota para nos dizer onde haveria de procurar-se a positiva revelagio do diteito, onde & que ele se nos ofeteceria concret dado — e toc: 6 assum cixagio do di uma mediaci > justia gue prs ea medias se xigse um estatuco cpistemolégico espectfien. Assim, de pressuposto de sconedio orp nica do direito com © modo do ser ¢ © cardcter do povor segui 210 Temas de tora do Dieta do pensament jrico clusio de que wtodo 0 direico nasce como dircito consuetudinério arbitrio de um legis- Stem, § 12). Ao dircito consuetudindrio seria de PUCHTA (Gewohnheisvechy, 2 vols, E se isto nfo excluia 2 legislagio — SaviGNY nao deixou mesmo de a reconhecer «um dos mais nobies diteitos do poder supremo do Estado» (System, I, 39) —, 0 certo & que lhe legalismo de timidade como expressio do dircico origi- 4 existente» (das schon vorbandene Valkrect), ou rar drgio desse diteito (Organ des Volks- 39 —c ainda assim apenas numa fungéo complementar terminando 0 direito positivo quando ele se mostrasse inde- indo as suas lacunas, colaborande no seu desenvolvimento essivo sempre que +2 mudanga dos costumes, das opinides, das neces- TES. Shia tg Sh cine wae ter sempre presente 0 principio «de que originariamente todo 0 direico posi- tivo é dizeito do povor (Vollirechs) — Sytem, 1, 50. E.daqui uma importante consequa itada deste modo a fungio legislativa, comnava-se necessria, uma geral elaboragio decerminance desse dieito origindrio — e a essa fungio seriam justamente chamados o E que nos povos eulturalm: desenvolvidos, com a diferens recht) — Syste 6 direto, sobretudo quando se aperfeigoa e stoma uma direegio cientficay, p Dai também a distingao ensre «o elemento politico» referencia & polis © no & pol vida geral do povor — e 0 wcle- (Vom Beruf, § 8). © se se exi- cio de «um mode perfe 0, como que auténtca, da con: « sabedor do esprte do pow o juisa ent o podia assim deixar de reconhieer-se que o diteixo Brel bisirica do divi au ——__Swhisiricadediiy at resultaria Fandamentalmente da sua elaboragio doutrinal: seria sobretudo Juricenrecbt (POCHTA) ow antes Wisenschafiithes Recht (SAIGN), em Ral, wimenschaiacabava por surgi como a deisva fonte da sua determinagio produsio. 4) E de que citncia do dircto, espciicamente, se tratava? Poderia pen- sarse que a ldgica a orientaria para uma cincia histdvica, stricto sensu: te 0 direio ¢ histérico, se verdadeiramente é ele em si mesmo histéria. a ciéncia ica devera ser analogamente uma ciéncia histrica — no mais, como che. gou a dizélo o proprio Savicny (apud W. Wi denlebre im 19 Jabrbunders), do S6 que, a ser cia do facto hits -m sentido préprio, ou do fengio € contetido dogmé- E se a escola histérica queria impor & Rechrwisenichafi iea, nem por isso Ihe queria excluir uma natureza dogmética, 1m a dimentdo histbrica, no sentido atrés indicado, devia concor. co dircito-norma (uma ciéncia do Srica a cientificidade, O que viriaa tra- ‘num resultado paradoxal. E que o modo como esse elemento siste- smentivel «eran Ianeamence vencedora do ‘dieico natural’ ¢ sua (assim, por todos, Witacker, Privanechueschichte der Newcel fi, FKENISCHER, Methoden dex Rechts Il, 40, s) — que sa ‘mesmo por expulsar a edimensio histéricer entendia Savin, sob directa influéncia dl ide de cacicter fe tutos juridices ¢ as n Sua natureza,alheias a umm fim (Ziveche), pa ex Bendente do reino dos fin», dise-o SavIGNY (sobre este aspecto do pensemento de SANGNt, v. especialmente FKENTSCHER, ob 22 Temas de teoria do Dirity edo pensament juridica 3» ou 0 relativo-material essencialmente prdprio do histérico. A dimen- assim, com a dimensio histérica no que poderia ser uma «dialéctica de historia ¢ sisteman (FIKENTSCHER), mas ofe- ‘iam-se antes ambas as dimensGes numa dualidade nio integrada que per- ‘optar ou por uma ou por outra, ou por por «um sistema sem histérias, segundo as for que veio a acontecer. A escola histérica optou afinal pelo sistemdtico e sacri- ficou o histdrico: 0 hisérico desspareceu sob a exigéncia do cientifico. © pré- prio SAVIGNY, no seu classicismo humanista (eft. KOSCHAKER, WIEACKER), conjugado com aquele seu no menos vivo empenho cientifico de inspiragio kantiana, quando se propunha uma conexio assimilante de hist6ria e sistema, acabou por inverter © sentido programético que havia enunciado e udeixava-se ‘ondurit do sistema para a histéria e néo da histéria para o sistema», pois nfo pode deitar de conclur-se, com FIKENTSCHER, que eno pensava historicamente, ‘mas prosseguia uma intengéo sistematica com a matéra do di sico» (FIKENTSCHER, ob cit, 38, 60; Se perguntarmos, na ve nna obra de SAVIGNY, a do direito romano ¢ comum ¢ da propria elaboragio doutrinal anterior, dos como «material da ciéncia do direico» (Vim Beruf. 136) para uma ragdo exegético-dogmitica. Nao sio outra coisa tanto a sua monografia jentude (Recht des Bestces) como 2 sua obra de macuridade (Sytem det entigen romischen Rechts). Sem diivida que preconizava expressamente a tarefa de eperseguir cada material dado até & sua rai, para descobrir asim 0 io Vollirecht. Eo que se diz de SaviGNY mais vincadamente se diri de PuctTA, sobretudo preocupado com a elaboragio de um sistema ldgico-categorial a partir do i que a wdimensio hi sditeico com i justfcava apenas a irmava numa real investiga hist ingo enunciada pelo préprio SavIGNY gia menos 4s font 10 do que as i da ciéncia do di Daf que se compreends a sua preo- cupagio de definir uma hi interpretagao juridica das le Eola hitvicn do dvcica 213 tarefa do jurists (Jurisiiche Methodenlebre e System, 1, cap. 1V); dat igual- mente a razfo dos aurores que concluem por ver no Vallegeise uma categoria cultural, no sentido mais erudito do termo (' Dan), ¢ na histéria que a escola histérica tinha em vista, no ria das luras pels ideias ¢ os interesses», mas tio-s6 uma shia (Come). Pelo que o legado cient ia numa hermenéutica que cul ‘ica jurica que, com a sua teora dos quawo wclementos da interprecagoe (gr matical, histérico, ldgico,sistemstico, a que se viria a acrescentar, depois de JieRINC, o tcleolbgico), tem sobrevivido até hoje; ¢ uma dogmatic, de carie- tucional em SaviGNY © de fndole jf $6 sistemitico-con- ccitual em PUCHTA, que foi a origem do Begrifijurisprudens, mas também a base para a inestimavel obra da pandectisica alema, 4, JuIZO cRITICO © que nos diz simultaneamente do seu contiburo ¢ da sua supersczo. Deu-nos essa tcoria da interpreta juridicainfluente por mais de um século, mas que jé nfo pode ser hoje a nossa. Possbilitou o levantamento de uma ampla e poderosa dogmética juridica do direito privado, donde provém a «que ocupa na cigncia do dirito da europa e do mundos), mas dimento da sciéncia do direitor no péde subsistir para além dos dois primeiros tergos do século em que a enunciou, Depois, a erftica geral da escola his est eit, Decerto que a sua referencia do direito a realidade histrico-social ficou — s6 que para ser realizada por outros e numa intengdo bem diferente da sua, Nio podia, no entanto, persistir 0 seu sistematiome, que acabou por set umn construtivista conceitualismo de vezo excessivamente te6rico-académico ¢ a Profesorenrecht que se alheava das tealdades © intengbes pré- ica (cfz. KOSCHAKER). Nem o seu tnidicion wocurava inegavelmente térios num sentido sorginico-evol do passado, com exqueci mento de que 0 um dado adquirido, ou que s6 importe conhe- cer no seu desenvolvimento necessitio, mas um problema e uma tarcfa 2

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