You are on page 1of 2

CINZA

"Viver pedir muito para um mero sobrevivente?


Ser que a busca infinda pela arte e pela beleza valer a pena?
Ou tudo ser em vo, com suas cores monocromticas, tediosas e frvolas?"

Eis a poetisa do novo mundo


Que faz seus versos com grafite virtual
Que enxerga o cu cor de chumbo
Que se molha na cida chuva habitual

As palavras morreram e perderam a beleza


No h poesia em seu poema
Todas esto soterradas pela avareza
De poupar imaginao para outro dilema

Ela precisa de um gole de verdade


Um tapa, um vento, batendo na cara
Ela precisa de mais vaidade
Mas s quando ela do orgulho se separa

O cu negro como seus olhos


E seu corao
A chuva cai de seus prprios olhos
Mas no rega as plantas floridas em vo

Eis a poetisa dos versos fadados


Que vendeu sua alegria para o diabo
Que roubou o corao de um enamorado
Que negou o medo que havia criado

Falhou loucamente em declarar seu amor


Pois era fria como uma lmina de ao
E do costume de achar que tinha louvor
Esqueceu at mesmo como dar um abrao

Ela precisa de um gole de vida


Exemplos, sentimentos, ainda mais cruis
Ela precisa de uma razo incontida
Para interpretar melhor melhores papis

O cu metlico como seu corao


E os seus ferimentos
A chuva tsunami em devassido
Lavando e levando seus sentimentos
E seus olhos admiram o cho cinzento
Castigado pela cida chuva
Chumbado por camadas de cimento

- Samanta Geraldini

You might also like