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Serge Margel
[Primeira conferncia]
Os arquivos, nos limites da escritura e do saber
social,
que
classifica,
recorta,
reparte
ou
redistribui
os
5 Traces. Les racines dun paradigme indiciaire , in Mythes, emblmes, traces. Morphologie
et histoire, trad. do italiano por M. Aymard, Paris, Flammarion, 1989, p. 139-180. Em
portugus, GINZBURG, Carlo. Sinais: razes de um paradigma indicirio. In: Mitos, Emblemas
e Sinais. Traduo de Federico Carotti. So Paulo: Companhia das Letras, 1939.
efetua
Esse texto no evoca nenhuma fala consignada, nem fala jurada, nem f
jurada, mas fala de escritura. Em suma, ele procede por analogia: da mesma
forma que os testemunhos testemunham, os escritos, eles tambm
testemunham. Como uma testemunha que diz a realidade, ou que deve
dizer toda a verdade, sobre a realidade, a escrita ou o documento escrito,
ela tambm dir a realidade ou enunciar um certo discurso sobre a
realidade. Mas trata-se de qual realidade? primeira vista, ou na primeira
leitura, essa realidade no diz respeito ao que chamamos de mundo
emprico dos fatos, dos dados sensveis, exteriores. O que a escrita
testemunha, como um testemunho testemunha, no se refere ao mundo,
sociedade ou s prticas sociais propriamente ditas, mas sua prpria
prtica de escritura. Ele testemunha sobre as prticas de escritura.
primeira vista, ns estamos aqui mergulhados no registro performativo da
autorreferencialidade. A dimenso testemunhal do documento escrito, ou
do arquivo, ressurge da prtica mesmo da escritura, ou, mais exatamente,
de sua inscrio grfica na escritura da histria. Os autores do livro citado
falam ainda de procedimentos pelos quais os textos do passado so
integrados escritura dos historiadores.
18Histoire, Littrature, Tmoignage. Ecrire les malheurs du temps, Paris, Gallimard, 2009, p.
13.