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ANÁ LISE QUALITATIVA DE

DADOS
U. C.: Investigaçã o Educacional

Docente: Alda Pereira


Trabalho realizado por: Maria Filomena Lopes

JUNHO 2010
Índice

Introdução…………………………………………………………………………… 2

Reflexão em torno das questões colocadas …………………………………………. 2

Conclusão ……………………………………………………………………………. 4

Bibliografia …………………………………………………………………………… 5

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Introdução
Grande parte das investigações em Educação têm por base métodos qualitativos, sendo
por esse facto comummente apelidadas de investigações qualitativas.
Bogdan e Bicklen (1994:47) apontam cinco características deste tipo de investigação:
Na investigação qualitativa a fonte directa de recolha de dados é o ambiente natural. O
investigador despende muito tempo nos locais a observar e, mesmo que utilize
determinados tipos de equipamento para registo de dados, estes são recolhidos em
situação e são complementados pelas informações obtidas em contacto directo.
A investigação qualitativa é descritiva. Os dados têm como base as comunicações,
sendo recolhidos em formas de palavras ou imagens e não de números.
Neste tipo de pesquisa os investigadores interessam-se mais pelo processo do que pelos
resultados, a análise efectuada é de forma indutiva e a percepção do significado que as
pessoas atribuem ao que se pretende pesquisar tem uma importância fundamental.
O estudo de caso que este trabalho pretende analisar insere-se neste tipo de
investigação.
Pretende-se efectuar uma reflexão em torno das questões colocadas pela professora:
“Retome a dissertação “Processos de Liderança e Desenvolvimento
Curricular no 1º Ciclo do Ensino Básico: Estudo de Caso” e privilegie o
estudo empírico realizado nesta investigação, nomeadamente, a análise de
dados (pp.110-183).
Face ao corpus recolhido pela investigadora e à metodologia de análise
adoptada na dissertação em análise, produza uma reflexão em torno das
seguintes questões:
1) Se desenvolvesse uma investigação centrada no objecto de estudo desta
dissertação, escolheria a entrevista como método de recolha de informação?
2) Os procedimentos adoptados para a análise das entrevistas adequam-se
aos objectivos da investigação?
3) Quais são as principais etapas de análise de conteúdo seguidas pela
autora?
4) A análise de conteúdo revela-se um método adequado para o tratamento
da informação recolhida?
5) De acordo com as leituras que realizou, poderiam ter sido seguidas outras
metodologias de análise das entrevistas? ”

Reflexão em torno das questões colocadas


A autora da investigação indica que o problema da sua investigação gira à volta da
seguinte questão:
“De que modo os diferentes actores (professores, alunos, pais e
coordenadora da escola) percepcionam a liderança escolar, ao nível da
coordenação da escola, no processo de desenvolvimento do currículo no 1º

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ciclo do Ensino Básico (e os seus efeitos na cultura e no clima da escola, no
comportamento e aproveitamento dos alunos e no relacionamento com as
famílias e com a comunidade.” (p. 87)

Com esta formulação do problema e com a definição dos objectivos direccionados para
a opinião dos vários actores, pareceu-me que a entrevista foi uma boa escolha como
método de recolha de informação. A autora refere inclusivamente que se tratava de um
estudo exploratório e descritivo, inserido numa análise de caso instrumental que
pretende “investigar ideias, descobrir significados nas acções individuais e nas
interacções sociais a partir da perspectiva dos actores intervenientes no processo”
(Coutinho, 2005: 89 cit. por Santos, E., 2007). Colocando-me no lugar da pesquisadora
também teria seleccionado este método, pois adequa-se aos objectivos da investigação
e, também, porque apresenta bastantes vantagens em relação a outros métodos (por
exemplo questionários), entre as quais, segundo Bell (2002) a de ser acessível e,
essencialmente, pelo facto do entrevistador poder explorar, desenvolver e clarificar
algumas ideias e respostas., aperceber-se de motivos e sentimentos e observar o
comportamento do seu interlocutor ou, segundo Quivy e Campenhoudt (2003: 191-192)
“… estes processos permitem ao investigador retirar dos entrevistados informação e
elementos de reflexão muito ricos e matizados”.
Para a análise das entrevistas devemos começar por referir que, os procedimentos a ter,
dizem sempre respeito ao método de análise de conteúdo, pois trata-se de um método de
análise textual. Bardin (1977:40) define a análise de conteúdo “como um conjunto de
técnicas de análise de comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos
de descrição do conteúdo das mensagens” e acrescenta que “a intenção da análise de
conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou,
eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou
não)” (p. 40).
O processo de análise qualitativa segundo Bardin (1977) pressupõe diferentes fases da
análise de conteúdo, que são a pré-análise a exploração do material e o tratamento dos
resultados, a inferência e a interpretação. A autora indica que na fase de pré-análise
utilizou uma leitura flutuante que lhe permitiu identificar os dados pertinentes.
Efectivamente, a leitura flutuante é uma actividade indicada nesta fase com o intuito de
conhecer as entrevistas e criar as primeiras impressões. Após esta primeira leitura
efectua-se uma leitura mais precisa em função das hipóteses emergentes, da projecção

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de teorias adaptativas do material e da aplicação das técnicas usadas em materiais
análogos.
Na fase de exploração do material procede-se a operações de codificação, decomposição
ou enumeração. “A codificação é o processo pelo qual os dados em bruto são
transformados sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma
descrição exacta das características pertinentes do conteúdo” (Holsti, cit por Bardin
1977: 129). A organização da codificação permite três escolhas: o recorte – a escolha
das unidades de codificação, a enumeração – a escolha das regras de contagem, e a
classificação e a agregação – a escolha das categorias. No estudo que estamos a analisar
a investigadora declara ter procedido à identificação de temas e categorias gerais
explicando que efectuou uma abordagem essencialmente indutiva onde as categorias e
os temas substantivos emergiram dos dados, mas que utilizou também uma abordagem
dedutiva relativamente a temas e categorias que tinham sido definidas à priori.
Eva Santos identifica, na codificação efectuada, as categorias de análise como sendo do
tipo semântico e que utilizou como unidade de registo, o tema. Entende-se por unidade
de registo a unidade de significação a codificar, isto é, corresponde ao segmento de
conteúdo a ponderar como unidade de base, visando a codificação. Quanto às regras de
enumeração que dizem respeito ao modo como se conta, a autora utilizou “a presença
ou ausência de itens de sentido” (p. 112).
No passo seguinte a pesquisadora passou à interpretação dos resultados. Ela própria
enumera os passos que efectuou na análise das entrevistas:
1º Leitura integral de cada entrevista;
2º Identificação de temas e categorias, fazendo uma análise temática,
sublinhando segmentos de texto, que permitiram a selecção de unidades de
significação;
3º Utilização de grelhas e categorias para a análise do corpus das
entrevistas;
4º Interpretação dos dados fazendo inferências.
Sendo assim, podemos confirmar que a autora utilizou as principais etapas de análise.

Conclusão
Para este tipo de estudo e, de acordo com os objectivos definidos, a entrevista é, no meu
entender, o melhor método de recolha de dados a utilizar, não limitando as respostas dos
inquiridos e deixando-os expressar o verdadeiro significado da sua opinião.
Os procedimentos adoptados na análise das entrevistas referem-se ao emprego de um
conjunto de técnicas de análise das comunicações, ou seja, a utilização da análise de

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conteúdo. Esse é o método indicado para analisar entrevistas como menciona Coutinho
(s/d.) “ O método das entrevistas está sempre relacionado com um método de análise de
conteúdo”. Não encontrei na bibliografia consultada qualquer referência a outro tipo de
metodologia que se pudesse utilizar na análise das entrevistas.
Por fim, resta-me assinalar que Eva Santos organizou a análise de conteúdo segundo as
três fases definidas por Bardin (1977:121):
1) A pré-análise;
2) A exploração do material;
3) O tratamento dos dados, a inferência e a interpretação.

Bibliografia
Bardin, L. (1977). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, LDA.
Bell, J. (2002). Como realizar um projecto de Investigação. Lisboa: Gradiva.
Bogdan, R.; Biklen, Sari (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto: Porto
Editora.
Quivy, R. ; Campenhoudt, L. V. (2003). Manual de Investigação em Ciências Sociais.
Lisboa: Gradiva.
Santos, Eva (2007). Processos de Lideranaça e Desenvolvimento Curricular no 1º
Ciclo
do Ensino Básico: um Estudo de Caso. Braga: Universidade do Minho.
http://claracoutinho.wikispaces.com/O+que+%C3%A9+An%C3%A1lise+de+Conte
%C3%BAdo%3F

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