Professional Documents
Culture Documents
| O Santo Ofcio
OTTO MARIA CARPEAUX E A LITERATURA
Blecaute
fundaciones.
Afirma Carpeaux que a histria literria de Santa Teresa no est escrita. E informa-nos
que devemos procurar os seus traos nos estudos esparsos de Carl Neumann, de Henri Bremond, de Manoel Bartolom Cossio, de Max Wieser etc. Teresa ainda no foi devidamente
descoberta e estudada, ela que na Espanha teve um pblico escolhido. Era lida pelo rei Felipe
II e por Dom Joo dustria, por Fray Lus de Leon e por Miguel de Cervantes.
Carpeaux disseca e resume sem delongas o carma de Teresa de vila, nascida De Cepeda y
Ahumada, filha de um Grande de Espanha; de uma Espanha barroca e rude. L viveu num
mundo aristocrtico onde prevalecia a frieza impassvel do rei, a astcia dos ministros, a imbecilidade dos bispos, a grosseria dos generais e a covardia dos burgueses. Um mundo cuja nica
figura que dominava era a do Grande Inquisidor Quiroga, que El Greco, levado pela intuio
e o clculo, pintou inesquecivelmente.
E, ao escrever sobre as verdades de Lichtenberg, apresenta-nos Carpeaux um filsofo que
nos faz rir e refletir; e informa-nos que uma criada desastrada deixou cair o menino, filho de
um pastor, nascido perto de Darmestdio, em 1742, e em consequncia dessa queda, ficou a
criana um ano corcunda para o resto da vida; um ano corcunda que estuda cincias matemticas e se torna professor da Universidade de Gottingen.
O fascnio que exercia Carpeaux sobre o adolescente inquieto e fatigado que fui, ento,
ao iniciar-me de maneira ousada na leitura desse grande humanista que nos doou a ustria.
Seus ensaios esclareciam e orientavam. No podiam faltar-nos. Dele memorizei o primeiro
pargrafo de Vico vivo, que funda impresso intelectual provocou em mim, leitor suscetvel
ao encanto dos mestres. Enleia e seduz a magia de suas palavras:
A esttua do filsofo Giambattista Vico ergue-se na Villa Nazionale, o parque municipal de Naples. Perto do mar, a figura de pedra, corroda pelo tempo, olha o panorama de Posilippo, da ilha de Capri, do Vesvio, ao p do qual a cidade submergida de Pompia dorme...
Fragmento de Histria de minhas leituras [indito]
FRANKLIN JORGE (RIO GRANDE DO NORTE). Escritor e jornalista. Publicou: Fices, Frices, Africes (Mares
do Sul, 1998), O Spleen de Natal (Editora da UFRN, 2001), entre outros. Vencedor do Prmio Luis Cmara Cascudo em
1998.
15