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setembro 2008
AMRICA LATINA
Ricardo Cavalcanti-Schiel
Em 1867, o presidente boliviano Mariano Melgarejo, um militar que passou toda
sua vida ocupado em conspiraes, e que se tornara uma espcie de testade-ferro dos novos setores liberais da oligarquia, cedeu de bom-grado ao Brasil
150 mil Km de terras ao longo do Rio Madeira e outro tanto no que hoje a
poro do Mato Grosso do Sul a oeste do Rio Paraguai. Despachando numa
penada parte do territrio inexplorado do seu pas, o tal presidente teria se
referido a essa ltima regio mencionada como uns pntanos inservveis;
pntanos que viriam a ser uma boa parte do que hoje conhecido como o
Pantanal Matogrossense, onde se situa, por exemplo, a importante jazida de
ferro e mangans de Urucum.
Um ano antes, Melgarejo, satisfazendo o apetite mercantil da oligarquia liberal a
quem servia, havia determinado a venda, pelo Estado, de todas as terras
indgenas de comunidade (ou seja, coletivas; um absurdo jurdico que no
poderia continuar existindo sob a ordem liberal), uma medida que acendeu o
estopim da revolta no campo e que serviu de ponto de partida para uma
permanente mobilizao aimara que j dura quase 150 anos. Por essa mesma
poca, o tal presidente facilitou tambm a penetrao de interesses econmicos
anglo-chilenos na regio de Atacama, coisa que viria a ser o preldio da cobia
desses interesses pelo rico territrio da poro litornea boliviana do Pacfico.
Com efeito, em 1879, com tropas armadas e treinadas no genocdio perpetrado
contra os ndios Mapuche no sul do pas, o Chile invadiu os portos bolivianos e
deu incio Guerra do Pacfico, que resultaria na espoliao dos territrios
bolivianos e peruanos ricos em salitre e cobre; riqueza que patrocinou o
ostentoso festim da oligarquia chilena na transio do sculo 19 para o sculo 20.
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por fazer valer a sua legitimidade; uma fundada sobre um slido aparato
institucional e regulatrio, construdo ao longo de muito tempo no espao do
Estado; outra ainda to carente de mecanismos concretos nesse mesmo domnio
poltico que seria mais justo, a, ao invs de cham-la de viso de mundo,
reconhec-la, mais que tudo, como um vislumbre.
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