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| a Resenha de Livros Titulo: Cultura organizacional Autor: Marco Antonio Oliveira Editora: — Livraria Nobel S.A. — Séo Paulo Ano: 1988 Avallador: Cyro Bernardes — Professor Adjunto da FEA-USP. De alguns anos para c4, 0s administradores tém-se interessado cada vez mais pelo que convencionou-se chamar “cultura otganizacional”. Cultura € um termo utilizado por antropologistas para indicar as caracteris- tieas de uma sociedade e que, também, a diferencia das demais, tendo chegado as empresas via Sociologia, na qual possui 0 mesmo significado antropologico. Dessa maneira, a palavra indica uma espécie de “‘cheiro” que impregna toda a organizacao, desde as pessoas, docu- mentos, escritérios € oficinas até os produtos ou servi- 08, numa imagem bem concreta dada pelo autor. O iinteresse pela cultura das organizagdes decorreu da percepcao clara por parte dos americanos que os pla- nos estratégicos preconizados para as empresas na maioria das vezes ndo davam certo, enquanto que os métodos ¢ processos desenvolvidos no ocidente (mas pouco utilizados) eram a razo do sucesso econdmico € tecnoldgico do Japao... Concluiram, entéo, que as ten- tativas de implantagao de estratégias fracassavam por- ‘que, ou ndo conseguiam alterar a cultura da empresa, ‘ou a mudavam pata a direeo errada. No entanto, os conceitos de métodos, a exemplo do CCQ e Kanban, originaram-se nos Estados unidos, mas tiveram sucesso no Japao, porque cram sinténicos com a cultura do po- vo trazida para dentro das fabricas. ‘Mas, por que somente agora fala-se em cultura? O autor responde dizendo que 0 passo além da época, ‘com énfase no planejamento estratégico, o qual, por sua vez, ultrapassou a época do modelo dos estilos geren- ciais, sendo que cada um desses estagios correspondcu a ‘uma fase diferente de pressOes externas. Com isso, a im- portincia do entendimento da cultura decorre do am- biente cheio de surpresas da década de 80, de sorte que 0 administrador, conhecendo-a, pode analisar 0 que ain- da é funcional na empresa € 0 que deixou de ser e, as- sim, decidir sobre © que deve ser mantido ou eliminado or estar ultrapassado. Que caracteristicas so essas que podem ser identi- ficadas como expoentes da cultura adequada e da inade- quada? O autor responde classificando-as dentro de trés conjuntos: 0 da técnica, que inclui os processos e produ- tos; 0 da eriquera, que engloba os valores do que é bom ‘ou mau ¢ as crengas do que é certo ou errado; ¢ 0 do ca- rrdcter, que designa os sentimentos permitidos e os pri bidos de serem expressos dentro da organizacao. A des- coberta de tais caracteristicas pode ser feita por pessoa de fora da empresa, desde que siga algumas pistas — por exemplo, entrevistando os participantes tipicos da organizagdo ¢ observando como as coisas so levadas a efeito, inclusive o recrutamento de pessoal, pois somen- te stlo admitidos os candidatos sintOnicos com a cultura estabelecida. De posse de tais informacdes, 0 consultor fica, entdo, capacitado a sugerir aos dirigentes o que de- vem fazer para mudar internamente, com o fim de me- Ihor enfrentar os desafios do ambiente. © autor nfo explicita, mas intui-se que transferir para o Brasil procedimentos de outros paises ¢ ter fra- cassos garantidos. Assim sendo, o caminho a seguir de- vera ser 0 de investigar as caracteristicas da cultura bra- sileira e, a partir dai, desenvolver métodos ¢ procedi- mentos que encontrem e ndo contrariem as erencas, ¥ lores € comportamentos nacionais. Para finalizar, pode-se dizer que esta é uma obra introdutéria ao assunto da cultura organizacional, de facil e répida leitura, pois trata-se, na verdade, de um veto de bolso, interessando a gerentes, executivos, estu- dantes de adminstragao ¢, sobretudo, consultores de empresas. No ensino sera util para leitura e discussao em cursos de extenséo, aperfeigoamento de dirigentes e p6s-graduacdo, motivo pelo qual o recomendamos, in- clusive por ter por base experiéncias ¢ conhecimentos do autor, tanto no magistério quanto em consultoria Gerenciamento de trabalho de equipes Antonio Cesar Amaru Maxi Pioneira — Sio Paulo 1986 Ano: ‘Avaliador: Cyro Bernardes — Prof. Adjunto da FEA- USP £ vasta a literatura que trata do trabalho em grupo, com explicagdes psicoldgicas e sociolégicas de como eles sto formados ¢ mantidos, e porque desagregam-se com (0 tempo. Livros, porém, que fornecam instrumentos de como criar ¢ administrar grupos formais em empresas, com 0 fim de se tornarem produtivos, s40 — como o lei- tor bem sabe — muito poucos. Entre estes tltimos situa- se ““Geréncia de trabalho de equipes”, escrito por quem Revista de Administracdio, Séo Paulo 23(3):77-78, julho/setembro 1988 7 se dedica & pesquisa, ao ensino e, sobretudo, 2o treina- ‘mento de grupos, para capacita-los a fornecerem resul- tados concretos e ndo serem forum de debates inconse- quentes para estrelismo de alguns e aborrecimentos de muitos. Tais caracteristicas pessoais do autor justificam a introdugfo teérica feita no primeiro capitulo, onde, também, ¢ diferenciada a equipe dos outros tipos de grupos. Dai em diante, nos demais capitulos, s40 mos- tradas téenicas para a aprendizagem do trabalho coleti- vo, partindo do principio muito verdadeiro que 0 esfor- ¢0 conjunto precisa ser ensinado, pois nao é proprio das pessoas. Assim sendo, ja no Capitulo 2 sao prescritas medidas para o treinamento na execugdo de tarefas des- tinadas obtengdo de resultados, bem como para me- Ihorar os relacionamentos pessoais, sem 0 que a equipe se desagrega. No capitulo 3 sdo propostas técnicas espe- cificas para 6 desenvolvimento de equipes. Eno Capitu- lo 4 so examinadas as reunides, fontes de aborrecimen- tos € de criticas. Trata-se, assim, de uma obra de facil ¢ curta leitu- ra, mas de demorada reflexdo, pois o assunto — expos to.em 99 paginas — deve ser estudado com cuidado para © sucesso de suas aplicagdes priticas, tanto em termos de seus instrumentos de ensino quanto dos question- rios.de avaliagdo. Pelo exposto, torna-se claro que a cobra destina-se a consultores de empresas, chefias de to- 4s 05 niveis e aos instrutores que trabalham com equi- pes de pessoas, tanto no ensino em escolas de Adminis- tragdo quanto no treinamento em organizagoes particu- lares e piblicas. Para resumir, pode-se dizer que o autor procura dar ferramentas para contrariar um trago cultural brasi- leiro que dificulta a eficineia e eficdcia empresarial, is- to 6,0 individualismo. Por no mencionar esse aspecto sociolégico tao importante, fazemos ao autor uma eriti- ca €, aproveitando a ocasido, outras quanto a editora~ ¢40 do livro. Dessa forma, talvez como fruto dessa mes- ma cultura nacional que menospreza cuidados com vis- tas a perfeigdo, chamou-nos a atengao as referéncias bi- bliograficas no obedecerem as normas brasileiras da ABNT de niimero NB66, a diagramagao ter colocado fi- guras em paginas seguintes as da sua mengao e, 0 que & pior, @ utilizagdo de itélico claro em lugar do negrito, 0 que inverteu 0 descjo do autor de destacar palavras e frases, pois igualou-se aos termos da lingua estrangeira. Finalmente, embora seja opinido pessoal, assfiguras hu manas que ‘lustram os capitulos so agressivas com efeito contrario ao pretendido, diferente do que se vé nos livros americanos (que so especialistas no assunto), ‘onde os desenhos sao de trago leve, ¢ procuram transmi- tir imagens alegres quando no jocosas.

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