You are on page 1of 186
BOLETIN Conselho Nacional de Geografia (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA) INFORMACOES NOTICIAS BIBLIOGRAFIA. LEGISLACAO MENSARIO ANO | ABRIL DE 1943 No 1 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE ‘GEOGRAFIA Diretor ‘ENo. Crsrévio Lrime pz Cast20 Secretério Camos Pronosa ‘Mensério editado pela Secretaria Geral do‘Conselho Nacional de Geogratia e elaborado pela sua Cartetra de IntercAmblo e Publicidade © “BOLETIM” ndo insere matéria remunerada, nem aceita qualquer espécie de publicidade comercial. ASSINATURAS Ano ‘Crs 60,00 Semestre ....... Cr 30,00 REDACAO CONSELHO NACIONAL DE GSOGRAFIA (CARTEIRA DE INTERCAMBIO © PUBLICIDADE) ‘Praca Getiillo Vargas, 14-5.° andar RAiffelo “Serrador”-Rio de Janeiro DISTRITO FEDERAL Pede-se permuta Pidese canfe We ask for exchange On démande. Véchange Man dittet um Austausch St richiede to scambio Oni petas intersdngon SERVICO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA FISIOGRAFICA Okako Exxcurtvo CENTRAL DO CoNSELHO NACIONAL DE GEOGRAPZA, | GRIADO PELO DECRETO-LEI N° 782, DE 13 DE OUTUBRO DE 1938 DIRETOR — Eng. Orist6vio Lett de Castro ASSISTENTE DE COORDENADAS* — Eng. ‘Hugueney de Matos. Alfrio ASSISTENTE DE EFEMERIDES — Bel. José de S4 Nunes ¥ SECRETARIO ASSISTENTE — Prof. Orlando Valverde Encarregado da Mecanografia — Marina Leite de Castro Soares Encarregado do Pessoal e Contabilidade — Contador Paulo Rocha Freire. Encarregado do Material — Eng. Jorge Peretra de La Rocque . Encarregado do Almozarijado — Lourival Cavalcante de Meneses Guerra Encarregado da Portaria — AntOnio de Oliveira Encarregado do Gabinete de cépias — Alcion da Fonseca Déria CHEFE DA 1" SEOGAO — Eng. Virgilio Correla Filho Encarrégado da Biblioteca — Edina Taunay Leite Guimarées . Encarregado da Fototeca — Silvia Fernandes dos Santos Encarregado do Arquivo Corogrdfico — Miguel Alves de Lima CHEFE DA 2.* SECGAO — Eng. José Carlos Pedro Grande Encarregado da Mapoteca — Paulo Augusto Alves CHEFE DA 3.4 SECGAO — Eng. Marlo Celso Suared Cartetra de Divisto Territorial (C.D.T.) — Eng. Artur Cardoso de Abreu 7 Encarregado da Estereografia — Arquiteto Armando Sécrates Schnoor CHEE DA 4.* SECCAO — Eng. Féiblo de Macedo Soares Guimaries Encarregado de Estudos Geografioos — Prof. Luiclo de Castro Soares ENCARREGADO DA REVISTA BRASILEIRA DE GEO- GRAFIA — Eng. Ag. Eduardo Pessoa Camara CHEFE DA CARTEIRA DE INTERCAMBIO E PUBLI- CIDADE (C.1.P.) — Carlos Pedrosa 3 Sumério déste nimero EDITORIAL DO MES: Apresentacho — J. C. DE MACEDO SOARES (pg. 3) COMENTARIO DO MES: Concurso de monosrafias de aspectos geograficos municipais — JOSE VERISSIMO DA COSTA PEREIRA (pg. 5) RANSCRICOES DO MES: Nota preliminar sdbre as res! MINGUES (pg. 9) — A Geografia na Escola Primati jes pastoris do Brasil — OTAVIO DO- VIDAL DE LA BLACHE (pg. 18). RESENHA: A divisio administrativa ¢ judiclaria a vigorar no qitingtiento 1944/48 (pg. 25) — O crescimento da populacio brasileira através da iltima operacto censitéria (pg. 26) — A distributcio da populacio pelas regives Drasileiras (pg. 26) — Populacdo estrangeira em quatro Estados brasileiros (pg. 26) — Stditos dos paises do cixo residentes no Brasil (pg. 27) — A tendéncia urbanistica da populacdo do pais (pg. 21) — O tipo regional do vaqueiro (pg. 27) — Aproveitamento da terra nos municipios paulistas (pg. 28 — Parque Nacional da Serra dos Orgios (ps. 28) — Aerofotogrametria de zonas agricolas (pg. 29) — Yentos predominantes em Vitéria (pg. 29) — Valor da producto industrial em 1910 (pg. 29) — A “Hora dos Prefeitos” (pg. 29) — Monumento aos bandeirantes (pg. 50) — Principais reparticdes americanas (pg. 30) — Academia de cultura gua- rani (pg. 30) OPINIOES: Brasil — expoente da ciéncia geogrifiea (pg. 31) — A beleza de um gesto (pg. 31) — 0 povoamento do Brasil (pg. 32) — Documentacéo Bibliografica do Conselho Nacional de Geografia (pg. 33) — Mudanca de nomes geogrificos (pg. 33) — Os intelectuais aplaudem as campanhas geograficas (pg. 34) — Exploragio cientifica no Nordeste (ps. 34). CONTRIBUICAO DIDATICA: Divisio regional do Brasil (pg. 35) — Distribuigio da area do Brasil, por Unidades Federadas ¢ regides (pg. 41) — Programas de Geografia da Faculdade de Filosofia, Cigncia e Letras da Universidade de Sio Paulo (pg. 42). INFORMACOES: QUADRO GERAL DA ADMINISTRACAO PUBLICA BRASILEIRA — Administracho federal (pg. 45) — Adm racdo regional (pg. 53) — Administragio municipal (pg. 58) — Nominata Geral das instituicdes e certames eulturais (pg. 67). NOTICIARIO: DA CAPITAL FEDERAL — Administracdo federal (pg. 73) — Instituiebes particulares (pe. 94) — Certames (pg. 97) — DAS UNTDADES FEDERADAS (pg. 98) — DOS MUNICIPIOS (pg. 104) g BIBLIOGRAFIA: APONTAMENTOS BIO-BIRLIOGRAFICOS DE GEOGRAFOS BRASILEIROS CON- TEMPORANEOS — Professor Everardo Adolfo Backheuser (pg. 109) — REGISTOS E COMENTARIOS BIBLIOGRAPICOS — sobre livros (pg. 118) — sobre mapas (pg. 120) — CONTRIBUICAO BIBLIOGRAFICA ESPECIALIZADA — Achegas para uma bibliografia da “pororoca” amazénica (pg. 121) — RETROSPECTO GEOGRAFICO E CARTOGRAFICO — “Revista da, Sociedade de Geografia do Rio de Janed 0 — indice das matérias insertas — (4885 a, 1893) (pg. 123) — A eartografia brasileira nos periédicos estrangeiros — 1 (1836-1885) a BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA (pg. 191) — Bibliografia estrangeira sobre 0 Brasil — I (1504-1649) (pg. 133) — Mapoteca central do Conselho Nacional de Geografia — Catélogo geral — (mapas de ns. 1 a 100) (pg. 137) — LISTA DE PUB2ICAGOES — Biblioteca Central do Conselho Nacional de Geografia — Publicag6es entradas durante 0 ano de 1942 (pg. 141) — Relagio das edigdes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (pg. 147). LEIS E RESOLUGOES: LEGISLACAO FEDERAL — Ementario dos decretos-leis baixados durante o més de dezembro de 1942 (pg. 149) — integra da legislacio de interésse geografico (pg. 156) — LEGISLAGAO DAS UNIDADES FEDERADAS — integra dos. decretos e decretos-leis e de Fesolucées de interésse geografico (px. 157) — LEGISLAGAO MUNICIPAL — integra de decretos, decretos-leis e de resolugGes de Interdsse geogratico (pg. 162) — RESOLUGOES DO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA — CONSELHO NACIONAL DE ESTATISTICA — ASSEMBLEIA GERAL — Ementério das resolugdes aprovadas no ano de 1936 (pg. 164) ~- JUNTA EXECUTIVA CENTRAL — Ementario das resolugdes aprovadas no ano de 1937 (pg. 165) — integra das resolucdes de interésse geogrifico (pg. 166) — CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA — ASSEMBLEIA GERAL — Ementério das resolugdes aprovadas no ano de 1937 (pg. 167) — integra das resolugées (ns. 1 e 2) (pg. 167) — indice analitico das resolugdes aprovadas nos anos de 1937 a 1942 (pg. 170) — DIRETORIO CENTRAL — Ementrio das resolugées aprovadas nos anos de 1937 e 1938 (pg. 178) — integra das resolucdes (pg. 179) — DIRETORIOS REGIONAIS — Amazonas (1 a 5) (pg. 182) — RETROSPECTO ESPECIALI- ZADO DA LEGISLAGAO GEOGRAFICA — Decretos e decretos-leis referentes A mineragio (pg. 184). Boletim do Conselho Nacional de Geografia Ano I | ABRIL, 1943 | Nol Editorial do més Apresentacao A Assembléia Geral do Conselho Nacional de Geografia, com a resolugao n° 91, de 23 de julho de 1941, deliberou que a Secretaria do Conselho edi+ taria mensalmente um boletim de informacées. A resolucéo n° 91, — baixada quando o Brasil j sofria os efeitos da guerra mundial, em cuja trama afinal foi envolvido — prudentemente nao fixou prazo para o aparecimento désse boletim, pois Ihe antevia dificuldades na otganizacéo, que efetivamente ocorreram mas toram habilmente contor- nadas. Proveito houve na demora, pois surge agora um boletim mais amplo e mais atil do que aquele esbocado na resolucdo citada, com um programa ftir- mando para a novel publicagao periédica do Conselho Nacional de Geogratia caracteristicas préprias, contextura adequada, entrosamento com os demais periédicos editados pelo Conselho. Compéem-no uma parte introdutéria enfeixando selecionado conjunto de editoriais, comentarios, transcrigées, resenhas e contribuigdes especializadas e mais quatro alentadas seccées que 0 tornam a um tempo cultural, informa- tivo, noticioso, bibliogrético e repositério de legislacdo, em harménica e equi- librada distribuic&o de valiosas e oportunas divulgacées. A Seccéo “INFORMACOES” teiiniré informes de cardter duradouro, sejam referentes a determinados assuntos culturais merecedores de ampla, ade- quada e répida divulgacao, sejam os relativos ao aparelhamento administrativo do pais em geral e & sua organizagéio, em matéria do pesquisa geogrdtica. Como o nome bem o indica, a Seccao “NOTICIAS” destina-se a informar © piiblico dos fatos instantes, a dizerem das atividades momentaneas da geo- ératia brasileira, desenvolvidas nas trés esteras concéntricas da administragéo publica do pais — a federal, a regional e a municipal —, e também na ér- bita das atividades privadas, culturais ou técnicas. 4 BOLETIM DO‘ CONSELHO NACIONAL DE GHOGRAFIA A Seccéo “BIBLIOGRAFIA”, de suma importancia, seré valioso repo- sitério de apontamentos, comentérios e contribuigées a indicarem livros e mapas aos estudiosos da geogratia do Brasil, elaborados em t6rno de temas gerais ou especializados. Cabe, por fim, 4 Seccéo “LEIS e RESOLUCOES” colocar o leitor a par de quanto deliberarem os érgaos piiblicos competentes acérca dos trabalhos geogrélicos no pais. Assim concebido e langado, 0 “Boletim do Conselho Nacional de Geografia” cuidado no preparo material mas, sobretudo, seguro e superior no seu contetido informativo, tera éxito plenamente assegurado pela utilidade que indiscutivel- mente oferece. Rio de Janeiro, abril de 1943. Jos& CarLos DE MAcEpo SOARES Presidente do Instituto Dirijarse A Scoretarla do Conselho Nacional de Geogratia, solleltando BR vrsotecim para receber os seus numeros am ease a Comentério do_més Concurso de Monografias de Aspectos Geograficos Municipais José Verisstmo DA Costa PERETRA Antigo professor-chefe do Colésio Universitario membro da Comissao da “Biblioteca Geogriifica Brasileira” O estudo da adaptacdio do homem as condicées geograficas, revela que nem sempre os grupos humanos ficam sob o império dos fatores espaco, distancia e diferenca de nivel relativamente 4 realizacao dos seus naturais anseios de pro- gresso na escala dos valores culturais do ecumeno. Nos paises dotados de grande espaco como o Brasil, 0 maior problema para @ consecugao daquele desideratum, reside em povoa-lo de modo adequado, tor- nando atiyas todas as regides que integram o territério do Estado. A posicao, porérn, do pais na carta particular do continente e, em geral, com referéncia 4s massas continentais mais civilizadas — observada, é claro, dentro da perspectiva da juventude do seu quadro evolutivo — parcialmente explica 0 congestionamento humano periférico da extensa orla maritima, até agora eixo incontestavel de sua circulacdo geral, imposto pelas necessidades e pelas circuns- tancias do momento historico. A questao do espaco, que tantas vézes tem ensangitentado — como ainda en- sangiienta, particularmente. os continentes extra-~americanos — no Brasil signi- fica luta de outra natureza. Restringe-se 4 ocupacao pacifica e inteligente pelo homem, da grande area, que, embora vazia de gente, encontra-se todavia, com os seus limites ja regulados, em obediéncia aos acordos e tratados, discutidos e aceitos pela sua diplomacia, e a dos seus tao caros vizinhos do continente. Mas, se a ocupacdo efetiva do solo que Ihe pertence é dever politico dos go- vernantes atentos para o futuro da Nacdo, o problema da distancia a vencer, —de par com as diferengas de nivel comuns ao pais — surge como um desafio ao esférco do homem, obrigando-o a vencer as dificuldades, topograficas ou nao, na ansia de valorizar as terras e tornar econdmicamente aproveitado, o riquissimo patriménio com que surgiu a nacdo independente O desenvolvimento das vias de comunicacdo e dos meios de transporte, além de ter o meérito de servir 4 expansfo da economia, trabalna ainda, para estreitar os lacos da unidade nacional, fortalecendo a coesio interna indispensdvel 20 progresso do pais. Num Estado de tio grande area como o Brasil, aquele desenvolvimento tem de ser incontestavelmente lento, dadas as possibilidades do tesouro nacional, e a marcante caracteristica da civilizacdo atual, baseando-se na circulacdo que mede 0 valor das distancias pelo fator tempo empregado em percorré-las. Nestas circunstancia: de vez que se aceita como um imperativo do mo- mento historico, a impossibilidade de se alargar com a rapidez desejada, a réde de nossas comunicagées e transportes — os instrumentos com os quais o Brasil ha de vencer o seu inimigo principal: a distancia, sao conforme bem mostrou um geégrafo ilustre, 0 aviao e o radio. 6 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA © radio, permitindo comunicacao rapida de noticias e de ordens, trabalha — ‘com a multiplicacdo das estacées emissoras poderosas — para a unificacao espiri- tual de terras imensas, outrora jacentes em absoluto isolamento ou, colhidas, entao, pela propaganda intensiva de paises longinquos, na voragem disfarcada de uma propaganda cultural, em muitos aspectos, indesejavel ao processamento sadio da fortaleza do Estado, em bases fundamentalmente brasileiras. Nao apenas pela economia de fércas que representa, com seu largo e amplo raio de acao, como pelo seu preco relativamente barato, o avido parece ter sido destinado — visto ser uma invencao brasileira — a fazer o pais inteiro ingressar na vida de relacdo a que esta destinado o Brasil, como intermediario das comu- nicacdes entre a distante e turbulenta Europa e os varios paises sul-americanos da fronteira do Pacifico. Veiculo capaz de encurtar as distancias, varando os espacos, sobrepondo-se aos obstaculos da nossa topografia, o avifio aproxima, une, aperta nao s6 os lagos da unidade nacional, como estreitard, mais tarde, os liames de uma verdadeira fraternidade universal, caso venham a se empregar todos os paises numa real, duradoura e permanente campanha de pacificacéo do mundo Como instrumento de defesa da integridade territorial, ainda ha pouco bru- talmente violada pelo inimigo, 0 aviao j4 provou ser a arma, talvez principal, com que contara o Brasil para resguardar da invas&o, o patrimdnio de quatro séculos. Traduzindo a importancia que a navegagaéo do ar tem para o presente e 0 futuro do Brasil, é licito ainda chamar a atencdo para o fato de que, ao facilitar a revolucio dos transportes — até agora nao realizada efetivamente no pais — 0 aviao desviara, como ja vem desviando para o interior, o eixo da circulacdo geral, circunstancia sem ditvida notavel, porque a ela se seguira o indispensavel povoa- mento do hinterland mais afastado do litoral. Ao lado, porém, do problema da ocupagio efetiva do territério, marcha pari-passu, o do conhecimento certo, preciso e cientifico da terra para que melhor Possa ser utilizada, civilizada e, em conseqiiéncia, superiormente administrada. Eis porque, focalizando e estudando, nas diferentes regides, as relagées de interdependéncia entre 0 solo, o clima e o homem; investigando as acées ¢ reac que tais fatores entre si exercem; reiinindo posteriormente os resultados daqueles estudos ¢ daquelas investigacdes, numa sintese final explicativa, a geografia cons- titue, no momento, e para o Brasil em particular, a principal ciéncia de observa- cao. E com a estatistica — que Ihe fornece os elementos numéricos relativos — a geografia ha-de socorrer 0 governante desejoso de encontrar — fora do empirismo puro — as solucdes para os problemas nacionais, devidamente postos em equacio. Consoante o melhor eritério, ao meu ver, tais problemas devem ser geogra: camente sempre examinados, em um dado momento da histéria do pais e em uma certa oportunidade da historia da evolucao da Terra. Dai a extraordinaria impor- taneia da geografia, ao concorrer com os valores de algumas incégnitas para a verificacio da igualdade e, conseqiientemente, para a solugdo de cada problema. De certo, s6 uma institwicéo culturalmente aparelhada e poderosa, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, poderia realizar no pais, uma obra de tamanha envergadura e de tao elevado aleance patridtico para a. solueo dos magnos problemas nacionais, a que diretamente se ligam os interésses da administracio publica, Nao obstante, dada a natureza, dos estudos a que se dedica e em face da or- ganizacdo de qué se reveste dentro do gigantesco organismo do I.B.G.E., a0 Conselho Nacional de Geografia, ldgicamente tocava a ingente tarefa de en- eetar, como encetou, téda uma série de empreendimentos memoraveis. A campanha das coordenadas geograficas, por exemplo, para o efeito da ob- tencdo de uma representacao cartografica cientificamente correta; o estudo sério e meticuloso da fisiografia territorial, constituem alguns aspectos daquela COMENTARIO DO MBS 7 série, aos quais ainda se ajuntam as atividades culturais a que se dedicou, tais como a publicacdo da Revista Brasileira de Geografia e o preparo do Diciondrio Geogrdfico Brasileiro. Em datas mais recentes, cumpre assinalar a criacéo da Biblioteca Geogra- fica Brasileira, a organizagio de excursdes cientificas, a instituigao de reii- nides mensais de geégrafos e professores de geografia, 0 estabelecimento de ter- tilias semanais para 0 debate de assuntos técnicos e cientiticos. Por tltimo, a organizacao de reinides privativas dos funcionarios do Servico de Geografia e Estatistica Fisiografica, para o efeito de aprimorarem os conhecimentos gecgra- ficos em elevado teor cientifico. A instituicdo, porém, do “Concurso de Monografias de Aspectos Geograficos Municipais”, pelo aleance eminentemente edueativo de que se reveste, sobreleva, pela extensio da medida, a tédas as que foram até agora empreendidas pelo C.N.G. Se bem que, a geografia regional, no seu mais amplo sentido deva ser, em geral, 0 coroamento sintético e nao 0 coméco analitico da pesquisa geografica, como acentuou Jean Brunuss, é fora de divida, no entanto, que nos paises novos, como o Brasil, dotados de grande extensao territorial e ainda nao devidamente po- voados e econdmicamente utilizados pelo homem, a ocupacdo humana esbarra, no caso brasileiro, por exemplo, com téda uma série de obstaculos diferentes que precisam ser préviamente conhecidos, para que melhor possam ser transpostos ou dominados. O ajustamento humano as condigdes fisicas, implica, assim, e as vézes, 0 conhecimento prévio de certos aspectos da geografia fisica do pais, afim de evitar as ocupacées efémeras, as construgdes passageiras, os erros e imprevidéncias ja historicamente verificados, alias, no caso do Brasil, os quais, em julgamento apa- rentemente seguro, tém sido apontados, mais de uma vez, como uma decorréncia das qualidades “inferiores” da gente que o habita. Por isso mesmo, 0 “Concurso de Monografias de Aspectos Geograficos Mu- nicipais”, empreendido pelo Conselho Nacional de Geografia e focalizando es- tudo de qualquer assunto da geografia municipal, tanto um assunto geral, com- preendendo 0 territério do municipio, no seu todo, como, os limites do muni- cipio, o relévo, a vegetacdo, as estradas, as culturas agricolas, um acidente geo- grafico particular, fisico ou humano, um estabelecimento rural relacionado com a paisagem geografica que o abriga, ete., longe de ser uma iniciativa prematura, quando rigorosamente vista sob o angulo:da metodologia especial, constitue antes uma espécie de verdadeira tribuna. Tribuna — como diria DrrronratNes — aberta para o estudo de geografias locais, dela participando ativamente todos os componentes e dela se servindo tédas as pegas do vultoso mecanismo do Con- selho Nacional de Geografia. Por outro lado, o “Concurso de Monogratfias” permite, com especialidade nas regides pioneiras, a auscultacdo direta, in-loco, de tédas as ligacdes existentes entre o conjunto das atividades humanas e os meios fisicos onde se rasgam os diferentes horizontes de trabalho e se assentam os diversos géneros de vida da grande massa anonima que, em maior grau, sente e reflete as vicissitudes das crises econdémicas por que tem passado o mundo e com éle o pais. A escolha inteligente de um campo bem restrito, onde possam ser melhor apreciadas, de futuro, as relacdes entre as condigdes geograficas e os fatos sociais, além de constituir, a priori, um dos preservativos indispensdveis ao perigo das generalizacdes prematuras, concorreria do melhor modo para surpreender tais relagGes, como escreveu VIDAL DE LA BLACHE, numa composicdo de estudos ana- liticos, enfeixados em monografias regionais. Ao langar ém 1941, 0 “Concurso de Monografias de Aspectos Geograficos Mu- nicipais”, 0 Conselho Nacional de Geografia visou atingir quatro objetivos essen- ciais: generalizar a pesquisa, em aperfeigoamento sempre crescente, dar um 8 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA objetivo funcional ao mecanismo do Conselho, obter uma copiosa documentacaio de estudos e informacées regionais c, sobretudo, aleancar uma finalidade cul- tural, levando uma contribvic&o valiosa, na quantidade e qualidade, original, metédica, eficiente, aos Congressos de Geografia realizados no pais, sob seu alto patrocinio. Com a generalizacdo da pesquisa, com efeito, empreende o Conselho uma verdadeira corrente anual de contribuicdes geograficas, nas quais se avaliam nfo s6 as possibilidades dos colaboradores, como os seus méritos culturais par- ticularmente no que tange a0 objeto e ao método préprio da ciéncia geografica. Nesse sentido, 0 “Concurso dz Monografias de Aspectos Geograficos Municipais”, € uma verdadeira campanha educativa antes de ser uma auténtica concentracao nacional de cultura. , porém, fora de dtivida, que o Conselho poe, ainda, em movimento, todo o seu mecanismo dando-lhe objetivo funcional. » a ; : , Esse mecanismo, composto dos érg%os centrais, dos érgiios regionais e dos 6rgiios locais, se comporta como se féssem adueles drgdos, as grande pecas de um exército, preocupado em vencer a Campanha, Brasileira da Geografia. Através seus érg4os territorialmente mais avancados, penetra a fundo no seio da terra brasileira, vasculhando-a, desvendando-a, descrevendo-a, tudo se- gundo instrucées dos Diretérios Regionais, que, por seu lado, refletem nas ca- pitais das unidades politicas, a orientacdo e a supervisio do Diretério Central, sediado na capital e cérebro da Repiiblica. A acio construtora dos érgiios centrais, se comunicando aos érgdos locais, através os Diretérios Regionais, corresponde uma reagio, expressa no caso, pela quantidade de monografias apresentadas, das quais sdo tiradas trés vias, vi- sando o objetivo documentel do Conselho: uma para o Diretério Municipal, outra destinada ao Diretério Regional e, finalmente, uma terceira enviada para julgamento definitivo, na sede do Conselho. Ai ficara perpétuamente arquivada, como documento corografico de real valia para estudos e consideracées poste- riores, indispensaveis @ elaboragio das sinteses, coroamento de todo estudo Beografico sério. Em verdade, 0 “Concurso de Monografias de Aspectos Geograficos Munici- pais”, representa um meio de aco ativo de que a superestrutura cultural do Con- selho se vale para progressivamente estimular e educar as “avancadas” locais — que sao os Diretérios Municipais — na pesquisa generalizada e de cardter geografico cientifico. Pela natureza de seus trabalhos e pela importancia de seus objetivos; res- pirando uma atmosfera pura de principios e clevada de intencées, 0 Conselho Na- clonal de Géografia é a grande arvore da cultura nacional.que, plantada pelo Presidente GeTttro Varcas, fincou, com firmeza, suas raizes no solo fértil do Brasil. [REET Anuaimente o Conselho Nacional de Geografia reoliza um concurso de monografias de spectos geogrificos municipais, com direito a premios. Concorra com os seus cstndos geogniificos, seus levantamentos, sea documentucio. ranscri¢ées do més Nota preliminar sobre as regides pastoris do Brasil Prof. Orivio Domrtnaves Boletim da Sociedade Brasileira de Catedrético de Zovtecnia da Bscola Nacional de Agronomia, vol. IV, n.° 3, set. 1941, Agronomla Em 1939, para atender a solicitaciio de alunos de um curso de zootecnia, dado na Sociedade Nacional de Agricultura, imaginei uma divisio do Brasil em sete regides, de acérdo com a fisiografia, os recursos forrageiros, 9 gado criado e os estados de desenvolvimento da pecuaria. E essas regides seriam: 3" Norte — Compreendendo 0 Acre; no Amazonas — Rio Branco; no Para — Marajé, Amapa e Salgado; os campos do Baixo-Amazonas, nos limites do Para e Amazonas; e, finalmente, os campos do Maranhao. 2.8 Norpestz —- Compreendendo o sert&o criador do Piaui, Ceard, R. G. do Norte, Paraiba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e poredo norte da Baia. 3.8 Cenrro-Norre — Compreendendo a poredo meridional da Baia, noroeste de Minas Gerais e o Estado de Goiaz. 4.8 Centro-Stt — Compreendendo as partes do sul e do sudeste de Minas, Espirito-Santo, Rio de Janeiro e Sdo Paulo. 5.8 SuL — Compreendendo Parana, Santa Catarina, norte do Rio Grande do Sul. 6. Fronterra — Compreendendo a regido meridional do Rio Grande do Sul, chamada mesmo “Fronteira”. 7.8 Mato-Grosso — Compreendendo o Estado do mesmo nome, especial- mente a porcao meridional ou “Pantanal”.* 1.4 Regiao — “Norte” Compreende as seguintes sub-regides: No Acre, os campos semi-naturais As margens do rio Acre, nos limites com a Bolivia; no Amazonas, os campos do rio Branco, ao norte, e que se estendem até’os limites com a Guiana Inglésa; no Para, os campos naturais da ilha de Marajd, os do Amapé, na regiao do mesmo. nome, e os do Salgado a nordeste do Estado; os campos que marginam o rio Amazonas, nos limites do Amazonas com o Para, na regiaéo chamada do “Baixo- -Amazonas”; e, finalmente, os campos dispersos no oeste e no leste do Maranhio, sem formarem um todo continuo. 1 A divisio acime elaborada pelo A. em 1929, néo coincide com a que foi organizada pelo Conselho Nacional de Geografia, para fins prati¢os e administrativos, cuja adocéo oficial fol determinada pelo Sr. Presidente da Republica, em 31 de janeiro de 1942 ea respeito da qual imserimios uma noticia noutro local déste Bolelim. O presente estudo versa, aliés, e6bre uma diviséo para fins especiais, no caso, referente a pecuaria, 10 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA Clima tmido, equatorial, temperaturas regulares, grande pluviosidade, com uma estac&o séca (verdo), na qual sé muito raramente chove ou ha mesmo au- séncia de chuvas em pequeno trecho do ano. uma regiao téda ela escassamente povoada. Nessa primeira zona, falando sempre de um modo geral, as pastagens sido em sua maioria’ planas e alagadicas, com excecao das do rio Branco (Amazonas) e as do Acre. Ha abundancia de gramineas, deficiéncia de leguminosas. Pasta- gens naturais em sua maioria ou quase totalidade. A plantacao de forrageiras € relativamente pequena e o capim mais espalhado em cultura é o “de planta” Panicum barbinode, Trind.) . O sistema de criacdo é o francamente extensivo, salvo nas proximidades das capitais onde ja ha uma exploracéo semi-intensiva do gado leiteiro, mas na maioria das vézes ainda nfo bem racionalizada. Nela ia se faz um ‘pouco de profilaxia contra 0 carbtinculo hematico e 0 sintomatico. O berne e os carrapatos nao apresentam ou nado constituem embaraco & criacdo nessa extensa zona. A produco pecuaria nao é industrializada. Seus produtos sfo bois para car- ne; porcos para banha, em reduzida proporeao; cavalos para montaria, e burros para carga; ¢, tinalmente, couro de boi e ainda de bifalo. Este ultimo, produto para exportacao, e os outros para consumo interno. Caracteriza-se sobretudo, porém, pela criagio generalizada de bovinos, pro- porcionalmente grande, em relacio as outras espécies. A criacéo de carneiros e cabras, por exemplo, 6 reduzidissima, sendo mais encontradica nas sub-regides do Salgado e do Estado do Maranhao. Dos bovinos sao criados animais de sangue “crioulo” e mesticos de Zebu, e da raca Turina. Tem havido introducdo de reprodutores das racas Schwyz, Charo- lesa, Holandesa e de outras racas, mas ainda com pouco éxito; e de racas Zebu, das Nelore e Indii-Brasil, principalmente, nos tiltimos anos. Dos bitfalos, séo criadas as racas “cinzenta” e “preta”, em pequena escala. Sobretudo sem muito entusiasmo Dos eqitinos, criam-se cavalos nativos, descendentes da mescla colonial pri- mitiva, Barbe-Arabe, mas tem havido introducao de um ou outro reprodutor Puro-Sangue-Inglés, Anglo-Arabe, Barbe, e isto mais wltimamente, por via do fomento do cavalo de guerra promovido pelo Servico de Remonta do Exército. Da “crioulada”, destacam-se os cavalos do Baixo-Amazonas, pelo porte e pelas qua- lidaGes: sdéo os melhores animais de sela da. regiao. Dos suinos, hé o porco “Bayé” (variedade do S. Indicus), 0 “Furdo” ou poreo “Vara”, forma degenerada do Canastra; mas foram importados reprodutores Polland-China, Berkshire, Duroc-Jersey e até “Casco de Burro”, mas sem muito éxito. 2.8 Regifio — “Nordeste” Compreende as sub-regides do sert&o criador dos Estados do Piaui, Ceara, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e do norte da Baia, e as do litoral, nas proximidades das capitais; estas porém muito limitadas, em relacéo as primeiras, tanto que na verdade sfo elas (as priméiras) que ainda caracteri- zam a regido, Clima séco continental, irregular, com a ocorréncia das sécas em épocas nao definidamente periddicas, contando-se até 39 anos de sécas desastrosas, inter- calando-se com inundacdes calamitosas, e com 32 anos sem sécas. Duas sao as estacdes e bem definidas — a do inverno ou das chuvas, e a do verdo, sem chuva completamente. No litoral o clima € equatorial e tmido, sem o fendmeno das sécas. & uma regiéo mais densamente povoada. TRANSCRICGES DO MES 1 De um modo geral, as pastagens aqui sao planas ou quase planas, mas As vézes meio-acidentadas, ora em vales de rio, ora em tabuleiros, chapadas e ariscos, constituidas quase sempre de caatingas e mesmo de capoeitas. Os pastos sio de plantas herbaceas — gramineas e leguminosas, e ainda semi-arbustivas e mesmo arboreas, de varias familias. So pastagens naturais, em sua maioria, constitui- das por forrageiras tais como: o “mimoso”, o “panasco”, o “pé de galinha”, as cactaceas (“mandacari”, “xigtie-xique”, “cardeiro”) ¢ a “macambira” e entre as chamadas “ramas”, a “canafistula”, o “joazeiro”, 0 “pau branco”, a “faveira”, o “moror6”, as “melosas” e outras. Cultivam-se, principalmente, o “capim de planta” e a “palma”, além de outras forrageiras em escala muito reduzida. Nela j& ha o emprégo de forragens concentradas tais como 0 carogo, o “re- siduo” ou torta de algodao, o milho, e em menor escala os farelos. E, ainda, a mandioca e a cana de acticar, menos generalizadamente. O caroco e mesmo 0 residuo do algod&o constituem o grande recurso do verio séco e faminto, sem “verde” nenhum. O sistema de criar, é extensivo e somente éle, no sertio, em campos indivi- sos em sua maioria. No litoral a criacao ja pode entrar na classificacao de semi~ -intensiva, pois nela ja se processa o arragoamento do gado explorado para leite. Cuida-se de defender o gado contra o surto de certas epizootias: vacinacéo contra o carbinculo hematico e sistematico; e mesmo contra a diarréia dos bezerros. A producio desta regiiio 6 mais variada. Produzem-se animais para corte (bois, earneiros, chibarros, capados); cavalos para sela e trabalho, muares € jumentos para trabalho; queijo para consumo local, e pequena exportagéo para ‘© sul; couros (de boi) e peles (de carneiro e cabra) para exportacao exterior. O que pode caracterizar esta regifio, em relacéo as demais sAo os seus car~ neiros sem 1a, as cabras produtoras de pele e os jumentos, inconfundiveis e abundantes. Os tipos raciais criados sao os seguintes: Bovinos de ragas nativas — Curraleira, Crioula, Malabar, Turina; mesticos de Holandés e Schwyz; assim como animais puros dessas racas, em escala reduzida. Tem havido introducao de reprodutores de mais outras racas, tais como a Cha- rolesa, Polled Angus, Red Polled, Hereford, Devon, etc. em ensaios de aclimagio indireta, na mor parte. Zebuinos — mesticos de Guzerd, Nelore, Gir e iltimamente de Indt-Brasil, assim como animais puros dessas racas, ou pelo menos em processo de selecdo. Eqitinos — cavalos crioulos, descendentes dos cavalos coloniais com sangue Barbe-Arabe, dos quais ha exemplares marchadores excepcionais, porém raros; mesticos de puro-sangue de corrida, e também animais puros, salientando-se mesmo 0 “Haras” do Sr. Frepertco Lunncren, de onde saiu um dos mais célebres campeées nacionais, 0 “Mossor6". De introdueao recente temos 0 “crioulo” do Rio Grande ou do Sul, o Mangalarga, o Bretio, 0 Anglo-Arabe Asininos — jumentos nativos, de pequeno porte, mas notaveis pela sua re- sisténcia e sobriedade. Em varias épocas foram importados reprodutores de raga Italiana e Espanhola, Poitou, e recentemente o Péga. Caprinos — racas nativas, entre as quais convém salientar a cabra de lombo preto (ou Moxots). Criam-se também em pequenissima escala, mestico de Toggenbourg, Nubiana, Murcia, Maltesa e recentemente se pronuncia certo entusiasmo pela raca Angora. Ovinos das racas nativas zootécnicamente degeneradas, porque perderam a funcio econémica primacial da espécie — a producao de 14, chcgando mesmo a se constituir um novo tipo étnico, 0 carneiro deslanado de Morada Nova, de f 2 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA pélo caprino. Criam-se ainda, em proporeSo insignificante, mesticos de racas importadas como a Romney Marsh, a Lincoln, a Bergamasca (esta em maioria) e Shropshire. Suinos das racas comuns, nativas: Baié, Canastra, Furio, e _mesticos e puros das ragas Duroc Jersey, Polland China, Berkshire, Canastra, Pereira e outras. 3.8 Regiao — “Centro-Norte” Compreende aquela porcio meridional do Estado da Baia, e que nao pode ser incluida no “Nordeste” e a poreéo noroeste de Minas, bem diferente em suas caracteristicas pecuarias, da regido seguinte »“Centro-Sul”, e ainda de todo o Estado de Goiaz. ‘Trata-se de uma regidio do planalto, de clima mais doce, j& com quatro esta- ¢6es mais definidas: primavera, veriio (chuvoso), outono ¢ ‘inverno (séco) . Ela se estende em regides de pastagens naturais em sua grande parte, de feicio levemente acidentada ou mesmo plana. Aqui ja encontramos pastagens artificiais ou preparadas pelo homem, que se aproveitou da facilidade oferecida pelo meio, para isso. Sao pastos de gramineas com o “gordura”, o “jaragua”, o asempre-verde", “o guiné”, “o coloniao” e ainda algumas leguminosas dos géneros Meibomia, Crotolaria, Stylosanthes, Zornia, Aeschinomene, etc. © meio, pelo seu clima e pelas suas pastagens, é mais propicio a, para a exploracao de bovinos, eqiiinos, suinos e asininos melhorados, ou pelo menos de maior rendimento. Aqui ja se verifica preocupacéio dos proprietarios em cuidar de suas fazendas, tendo desaparecido ou quase o sistema de campos indivisos, havendo mesmo ja certo cuidado com as pastagens. A pratica da vacinagio do gado 6 usada, © sistema de criacio continua sendo o extensivo, e trata-se de uma zona produtora de animais de corte, mas j4 comeca nela a’ exploracao leiteira. Além daquelas espécies, acima citadas, criam-se’ também carneiros e cabras. A producao pecuaria ja comeca a ser industrializada com a fabricacéo de queijo e manteiga. Sdo produtos dessa regiao: bois de corte para consumo in- terno (ne pais), bois magros e garrotes para recria e engorda, destinando-se aos frigorificos; porcos, carneiros e bodetes para consumo local, assim como ca- Pados gordos para frigorifico; peles e couros; cavalos para montaria, cavalos e muares para trabalho. Caracteriza-se pela naturalizacio das racas zebuinas, com o melhor éxito operada na sub-regiao do chamado “Triangulo Mineiro” Sao os seguintes os tipos étnicos criados: Bovinos das racas nativas, com mais ou menos sangue indiano, constituindo Gigs da populacio dessa espécie. Zebuinos puros e mesticados das racas Gir, Nelore, Guzera e mais recentemente de Indit-Brasil, em formacao. Devem ser citados ainda os mesticos de varios graus de sangue e individuos puros das racas européias: Holandesa, Charolesa, Schwyz, Polled-Angus e outras. Egitinos “crioulos” descendentes do cavalo colonial de filiagdo Barbe-Arabe, salicntando-se as racas Campolina e Mangalarga, em fase de selecdo. Ha aiadg mesticgos de Puro-sangue-inglés. Asininos comuns, tendo-se verificado a introducio de jumentos italianos Para a producio de muares. Do grupo dos suinos devem ser citados os porcos da raca Canastrao, Ca- nastra, Piau e outras. Além disso mestigos e animais puros das racas Duroc- Jersey, Polland-China, etc. Carneiros ¢ cabras comuns, criados aqui, ainda, mais para a producéo de Peles, ¢ também o carneiro italiano Bergamasca ea cabra Angord, ambos em ensaios de aclimacio. \ TRANSORICOES DO MES 13 4.2 Regiao — “Centro-Sul” ‘Compreende os campos de criacéo do Estado de Sao Paulo, Rio de Janciro, Espirito Santo e a porgdo sul e sudeste de Minas Gerais. # uma zona de clima de planalto, com as quatro estacées definidas até certo Ponto, e com inverno ameno e sem chuvas, e veriio chuvoso e quente, e na qual mais se acentua a melhoria das condicées do meio para a criacdo, Pastagens naturais ou preparadas, na maioria mais ou menos acidentadas, distribuidas na Mantiqueira, vale do Paraiba, Serra do Mar, oeste de Sao Pauio. As forragens constituintes dos pastos sio na maioria de capim “gordura” e “jaragua”, e em pequenas porgées de “coloniao” e outros. Ja hé cultura de outras forrageiras para a alimentacao do gado, inclusive cana de aciicar e mandioca, ¢ ainda o milho que vem sendo aqui utilizado (embora em pequenissima escala) também para sila- gem, pratica adotada nessa zona , na qual j4 se conta um bom numero de silos = 0 maior dentre todas as regioes peeuarias Devido 4 presenca de centros industriais ja se regista a utilizagdo, em maior escala, de alimentos concentrados — farelos diversos, tortas, fub4, refinazil. Por isso, deve-se salientar que o sistema de criacdo aqui adotado ja é mais adiantado, e onde encontraremos uma pequena minoria de animais mantidos em regime semi-intensivo, no intuito de proceder-se a uma correcao da deficiéncia das pas- tagens, e até certo ponto, do clima. Nesta zona, que é de agricultura algo adiantada, a criacio do gado serve como fator de ‘progresso para a lavoura, em certos casos, fornecendo o adubo organico util na refertilizacio das terras. Aqui temos o emprégo dos animais domésticos como motores vivos, sejam muares, sejam bovinos. Nesta zona ve- rifica-se o fendmeno interessante da agricuitura brasileira, que 6 a substi- tuicdo dos cafezais por pastagens em geral, para criacio de gado leiteiro. Trata-se de uma regio de pecudria mais leiteira, na sua maior extensio, assim como de criagdo de reprodutores, e ainda de engorda e acabamento de novilhos para o matadouro. Nela j4 se pode registar um surto da avicultura industrial. Sera quase desnecessario dizer que as medidas profilaticas sio aplicadas em maior escala do que nas anteriores regiées, podendo-se mesmo dizer que a con- centragdo de banheiros carrapaticidas é aqui maior. A producdo pecuaria 6, principalmente, a de laticinios, manteiga, queijo_e demais sub-produtos, mas ha nela, também, o acabamento e mesmo a formacdo de boiadas para consumo interno e para’ frigorificos; e ainda capados gordos para industrializacao, e carneiros e cabritos para consumo interno. Regista-se também a producao industrial de ovos, que nao ocorre ainda nas outras zonas, e destinados parcialmente a exportacao. Produzem-se ainda cavalos de sela e muares para trabalho; pequena producdo de 14, de séda, mel e céra de abelha. Devido aos frigorificos ha a industrializacdo de certos produtos pecuarios — carne em conserva, extrato de carne e demais sub-produtos. Pela variedade e valor dos produtos arrolados pode-se depreender logo da atividade e progresso relativo da industria pastoril dessa regido. Os tipos raciais encontrados aqui aleancam uma grande variedade. Entre os bovinos, criados nesta regifo, temos, como nas outras a “crioulada” com sangue caractt ou azebuada. A criacéo de reprodutores das racas melhoradas, em fase'de aclimacao ou j4 aclimadas, 6 regularmente desenvolvida, citando-se as racas: Holandesa, que constitue o rebanho mais numeroso de mesticos em ex- ploracdo leiteira, a Holstein-Friesian, a Schwyz, a Jersey, a Guernesey e ainda a Simmenthal, a Red-Polled, a Normanda, a Ayrshire. Caracteriza-se ainda porque nela é onde estao sendo selecionadas duas racas brasileiras — a Caraci e a Mocha. A criacdo de zebuinos esté em plena fase de entusiasmo, havendo rebanhos puros e mestigos de Gir, Nelore, Indt-Brasil, Guzera. “4 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA Os eqitinos estéo aqui bem representados pelas racas brasileiras Manga- larga e Campolina. Das racas estrangeiras existe criacao, em mais larga escala, 0 que nas outras regides, do cavalo puro-sangue de corrida, e ainda, porém menos significativamente, de Anglo-Arabe, Arabe, Bretao. Os asininos mais importantes sdo os da selecdo Péga e “Paulista”, recente- mente retinidos oficialmente em uma tnica raca com o nome de Jumento Bra- sileiro. Criam-se também zeprodutores das ragas Italiana e Espanhola. Dos suinos, os tipos étnicos predominantes sao os porcos brasileiros — Ca- nastraéo, com padrao racial estabelecido, Canastra e mais ainda o Canastra- -Pereira, 0 Piau, o Pirapitinga, 0 Nilo-Canastra, 0 Tati. Das racas estrangeiras sobressaem-se a Duroc-Jersey, 0 Polland-China, a Middle-White, a Edelschweine, a Wessex saddle-back, a Hampshire, a Berkshire. O rebanho de carneiros ainda é constituido pela “crioulada”, mas ha o emprégo de reprodutores das racas Romney-Marsh, Shropshire, e outras. A mesma coisa acontece com os caprinos. O grosso constitue-se de “crioulos”, mas ha também mesticos e puros de Toggenbourg, Nubiana, Murcia e outras. Uma espécie que j4 pode ser citada no rol das outras, pelo surto industrial de sua criacao, é a galinha, explorada ja industrialmente, e a raca utilizada 6 a Legorne branca. Ha ainda criacdo de outras racas, porém sem uma significado econdmica suficiente. 5.4 Regido — “Sul” Compreende os campos naturais ou preparados, que se interealam com as terras agricultadas, nos Estados do Parana e Santa Catarina, e a porcdo serrana do R. G. do Sul, onde ja se depara um clima temperado doce, pois j& nado se esta mais entre os trépicos. Isto favorece muito as possibilidades da Pecudria, donde o gado ser mais raciado, de maior valor e melhor rendimento. Com excecdo da sub-regio da serra (R. G. do Sul) néo hé aqui, propria- mente, grandes Areas naturais ininterruptas, capazes de servirem a’ uma pe- cudria em alta escala, Mas 0 favor do clima e o surto progressista, nas colonias agricolas da regido, permitiram que se desenvolvesse uma industria pastoril mais rendosa, notadamente de gado leiteiro e de suinos. Na verdade, as pe- quenas propriedades rurais, dessas colénias estrangeiras de Santa Catarina, Parana ¢ R.G. doSul, sao pequenos nticleos de boa pecuaria, a salientar num estudo como éste. Nelas ha a exploracao de gado leiteiro, com o complemento da indiistria de laticinios e a exploracdo industrial dos suinos. O clima ainda Vem favorecendo a criacic de ovinos e caprinos melhorados, estes wltimos em muito menor quantidade. As pastagens da regido sio naturais e algumas artificiais, tomadas A mata, Sucedendo & agricultura, sendo estas as vézes melhores do qué aquelas. E assim verifica-se @ cultura de cereais e forrageiras para o gado. Sdo pastagens planas or mals Ou menos acidentadas, em sua maioria de altitude, e constituidas por gramineas do género Paspalum, Azonopus, ete. e leguminosas dos géneros Tri- folium, Asdesmia, ete. _ Nesta regiéo a producio € caracteristicamente de exploracao leiteira e de Suinocultura: queijo, manveiga, banha, capados gordos, produtos de charcuterie. E mais ainda bois de corte, couros, la, peles, mel, céra; e, finalmente, cavaios ¢ muares para trabalho. Os tipos étnicos disseminados sio ja bem apreciaveis pelo seu rendimento economico. Entre os bovinos ha a “crioulada”, mas encontram-se numerosos mesticos de racas melhoraias, ao lado de animais puros, das seguintes racas: Holandesa, Schwyz, Normanda, Red Polled, Jersey, Guernesey, Holandesa vermelha, Qidenburguesa (leiteiras) ¢ a Charolesa, Polled Angus, Devon, Hereford, Shor- thorn (de corte) . TRANSCRIGOES DO MES 35 «,., Ne grupo dos eqgiiinos temos os cavalos “crioulos” comuns, e a raca brasileira crioula” propriamente, e puros e mestigos do cavalo inglés-de-corrida, e ainda cavalos de tiro, caracteristicos desta regido, onde sdo.empregados em trabalhos agricolas, e transporte de produtos da agricultura. Dos suinos sao criados animais puros e mestigos da raca Duroc-Jersey, Polland-China, Berkshire e poreos comuns, nao raciados. _ Entre os ovinos criam-se puros e mesti¢os das racas — Romney-Marsh, Me- rino e Cara Negra. Pode-se citar ainda o Karakul, como tentativa de aclimacao. De asininos ha jumentos comuns e da raca Catala e Italiana. 6. Regiao — “Fronteira” Em extensdo, essa é a menor zona pastoril de nossa divisio, todavia é nela que vamos deparar com o rebanho mais valioso, constituido, na sua quase totali- dade, de racas melhoradas. Suas pastagens sio naturais, e em geral muito planas ou levemente onduladas, formadas de ervas em sua totalidade. De esséncias florestais, 0 que existe sao bosques ou macicos de eucaliptos, plantados pelo ho- mem, e que conferem 4 paisagem uma fisionomia prépria, quebrando um pouco a » Monotonia dos pampas. Mesmo nos cursos dagua, nas sangas, a vegetacdo arborea € por demais sdbria, podendo ser considerada como inexistente. ‘Trata-se de uma zona pecuaria a mais adiantada do Brasil, caracteristica de gado de corte e de lanigeros, o que decorre de um clima apropriado — temperado doce, com invernos chuvosos, e de suas ricas pastagens de gramineas e leguminosas. A criagio de bovinos 6 a mais importante porque é constituida de animais altamente raciados, e de matrizes excelentes das racas de corte aclimadas na regiao. A de ovinos 6 muito desenvolvida também, embora carecendo de ser modificada na parte referente & defesa dos rebanhos. A criacdio de eqilinos é bem cuidada, porém em menor escala, assim como a de jumentos para a produ- ao de muares. Os caprinos so em nimero muito menor. A de suinos é também valiosa e desenvolvida. As pastagens sio excelentes, favorecidas por um clima adequado e um solo rico, na maioria das vézes, e constituidas pelas seguintes forrageiras, entre as mais vulgares; “flexilha”, “grama”, “forquilha”, “pé de galinha”, “milha”, “treme- treme” e 0 variado grupo dos trevos. Ja se cultivam intencionalmente a aveia, o centeio, o azevém, a alfafa, trevos diversos para arracoamento do gado. Os animais, mesmo de puro sangue, sio criados no campo. S6 os repro- dutores é que vivem em regime de galpio. A pecuaria tem aqui, como uma de suas atividades mais importantes, e que a caracterizam, a produ¢ao de reprodutores de racas melhoradas e j4 em alto grau de aclimacao. Sua produc&io mais caracteristica 6 a de gado de corte, bois e capados gordos para frigorifico, e bois para charqueada. Sua exportagao é de carne, carne conservada, charque, banha, couro, 14, peles. E ainda ha a pro- ducao de cavalos e muares,'e de reprodutores das espécies criadas. Seus tipos raciais sao os mais apurados do Brasil, dentro das racas de cort Hereford, Shorthorn, Polled-Angus, puros e mestigos, e ainda Devon, Charolés. Criam-se também racas mistas e leiteiras, tais como: Red-Polled, Normanda, Jersey, Guernesey. A “crioulada” constitue uma porcentagem reduzida, pois mesmo os bois de trabalho e carro s&o raciados. Dentre os eqitinos ha que salientar a raca “crioula” que é realmente um tipo étnico notavel pelas suas qualidades, tendo-se em vista sua utilizacdo particular (cavalo campeiro e para caminhadas longas) e sua comprovada fixidez de ca- racteres como nenhuma outra raca de eqiiinos brasileiros. Criam-se também animais puros e mesticos da raga Arabe, Puro-sangue de corrida, Anglo-Arabe. 16 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA As ragas ovinas da “Fronteira” sio a Romney-Marsh, constituindo a grande maioria; seguem-se os Merinés, Southdown, Shrospshire, Lincoln, Corriedale, Ryeland e ainda Ideal ou Pollwarth. Os criadores costumam operar a cruza en- tre Romney e o Meriné para obter determinados tipos de 14, afim de satisfazer a certas exigéncias do mercado. Os suinos criados sio os comuns, e mesticos e puros das racas Duroc-Jersey, Polland-China, Berkshire, Yorkshire. 7.2 Regio — “Mato-Grosso” . Compreende a regiao meridional do Estado de Mato-Grosso, chamada do Pantanal, largamente utilizada para a cria¢éo de bovinos, principalmente, e também de eaiiinos, jumentos e muares. = uma zona muito caracteristica pelos seus campos naturais extensos e par- cialmente alagados, e seu clima sub-tropical com uma estagdo fria e séca (sem. chuvas) e com temperaturas altas no verdo chuvoso. O sistema de criar 6 o mais extensive possivel, quase limitando-se 0 homem ao trabalho da “colheita” dos bois para serem invernados. Essas pastagens si0 constituidas de gramineas e ciperaceas, e ainda leguminosas, em geral tmidas, pouco proprias para a criacéo de ovinos e caprinos, e mesmo para animais me_ Ihorados de outras espécies criadas. NSo quer isso dizer que tais campos nao sirvam 4 exploracao pastoril, porquanto neles se criam e multiplicam facilmente bovinos das racas nativas, e egiinos e porcos também de racas “crioulas”, - A feicdo da regiao é plana, banhada de rios e aguadas rasas. As forrageiras mais comuns sao gramineas: capim “flexinha” e “flexa” (ambos do género Tristachya), algumas do género Panicum, e ainda Paspalum, Eragrostis, etc. Das leguminosas citam-se as Melbomias, Crotolarias, Stylosanthes e outras. Os bovinos criados sio das racas Pantaneira, China, Cuiabana_e mesticos dessas racas com sangue indiano, os quais se apresentam com melhor peso ¢ melhor rendimento. As tentativas de introducdo de racas de corte melhoradas nao deram resultados. Recentemente o governo federal passou a se preocupar com o estudo de cruzamentos realizados in loco, entre reprodutores ‘das racas de corte melhoradas e fémeas “crioulas” azebuadas da regio. Os produtos da regifio sio o boi em pé destinado as invernadas de Sao Paulo, charque, couro e demais sub-produtos. Criam-se ainda cavalos para mon- taria, de raga comum, e ainda muares também exportados para fora do Estado. NoTas Jumctae querendo retardar iaais a publicagto destas observacdes, fitadas em suas Unhas gerais, Soy Lurks do Curso de Aperfetgoamento e Especializacio, em zootecnia, da E. N. A. sal dle Sew Procegnplemento indispensivel, que vem a ser a populactio animal, de cada regio: isto poraae, Brocessando'se agora a apuracto do recenseamento realizado em 1.° de setembto de 1940, taae setts wtiualmente se disser sobre estatistica do Brasil, torna-ce desinteressamve, pols so poue ter como anoio dados em véspera de obsoletos. 2 Tadbsglutemente néo imaging ser esta uma obra perfeita © completa. Considero-a apenas Semon simples tentativa de divisio das regides pastoris do Brasil, tendo por base elements Gea naburezs weral, © que poder servir, pelo menos, como contribuigio ou Ponto de partida pare um ‘esttdo mals’ pormenorizade e desenvolvido do assunto, aomenaivisko Proposta nada tem de rigida e imutavel, sendo 9 resultado de minha observacko Ro momento, na atualldade, devenco ser muito natural que daqui a anos, com a evolusie wee Ou dagueles niicleos pastoris, possa haver modificacio nas Indes agora estabelecidas Ueialnenis Pe oigntide dc uma simplificaeso), purquanto @ base da divisho ‘mao é constisuida apenas por fatores de natureza fislogratica, mas tumbem por outros de naturean economics ene cede mica, TRANSCRICOES DO MES a 4 — A inchisio do Maranhéo na 1. regigo (‘‘Norte") pareceu-me menos erréneo do que inclui- slo no “Nordeste”. Esse Estado verdadeliamente é um ponto de transicho entre a Amazonia e © Nordeste, porém se assemelha muito mais, na sua economia pastoril, ao Para, do que ao sertio crindor nordestino: a alagagio dos campos buixos, no inverno, o regime de chuvas, a Tormacio dos campos séo caracteristicos comuns entre a zona nordeste do Paré e alguns nucleos pecudrios maranhenses” a 5 — No acabamento déste trabalho tive a colaboracdo dos técnicos que em 1939-1940 consti- tuiam a turma do ©. A. E. na carreira de zooteenista, os quails forneceram excelentes informes ue me permitiram melhor earacterizar as regides deliinitadas. Aqui delxo por isso consignado © met egradecimento aos mesmos, extensivos ainda ao Dr. Nélson Maia que me prestow esclareci~ mentos sobre o assunto. 6 — Convencido como estou de ter feito um trabalho nfo acabado, serei muito grato aos que quiserem contribuir, com seus conhecimentos, para ajudar a corrigir falhas ou omissées que Gepararem, nos pormenores da distincio a estabelécer entre as sete regiées da pecuaria brasileira, assim como oferecer elementos para a perfeita delimitagho de certas zonas, sem limites ainda, por Ihes faltarem os limites politicos. I — Finalmente, devo informar que, com excecio da 7. Regifo (‘Mato Grosso”), conheco todas as outras em sua maior extensio, por Viagens empreendidas ao Sul, ao Nordeste, '& Baia, a Minas Gerais, a0 Estado do Rio, e por ter residido no Maranhdo, no’ interlor de ‘Sio Paulo ¢ do Para. BRIG~ Se the intoressa adquirir as publicacées do Conselho Nacional de Geografia, esereva sua Secretaria (Praca Getilio Vargas, 14 — Edificio Francisco Serrador - 5.° andar — Rio de Janeiro) que o atendera pronta ¢ satisfatoriamente, A geografia na escola primaria VIDAL DE LA BLACHE Capitulo IV do livro La Ensefanza de la Geografia, da lavra de Grass, Levasseur, 8. Luys ¥ VDaL DE LA Buacus, “La Lectura”, Madri, 1928. ‘Traduzido para a lingua espanhola por ANGEL Réco. O ensino da geografic na escola: o que € e 0 que deveria ser. — E ne- cessdrio saber orientar-se. — Nocdes de distdncia e de extensdo. — O estudo das formas. — Papel das jfércas ativas. — Os climas. — Ob- servacées dos fendmenos naturais. — Adaptacdéo do homem ao solo. — A geografia politica. — O mestre deve estudar a geografia local © ensino da geografie na escola primaria, como nas demais esferas, 6 um dos ensinos sdbre o qual menos idéias precisas possuimos. Todo mundo sabe que a geografia faz parte da bagagem da instrucio elementar, e pensa que é facil a sua explicagdo e que nao exige amplas reflexdes. Alguns nomes na ca- peca das criancas, algumas nocdes indispensaveis para que o futuro soldado ou eleitor ndo pareca demasiado ignorante do seu pais. Nao é isto tudo 0 que, no fundo, sugere & maior parte das pessoas o térmo geografia? Deveria, penso cu, sugerir outra cousa distinta. Bste ensino deveria servir para desenvolver e acla- rar certas idéias no espirito das criancas; deveria associar-se As suas primeiras impresses e despertar nelas o espirito de observacao. Se as reflexes seguintes acérca disso podem ser de alguma. utilidade, os leitores 0 poderio apreciar por si prdprios, comprovando-as com as obtidas pela sua propria experiéncia. S6 Thes peco uma cousa: que no me considerem como um idedlogo. Levo muito em conta as condigées em que se encontram e as exigéncias (exames, inspecdes, etc.), de que nao se podem livrar. Tao pouco tenho a ilusdo de crer que a geografia possa aprender-se sem algum esféreo de meméria, esférco que, afinal de contas, a idade da crianea torna facil e que pode ser singularmente ajudado, além disso, pela contemplacao dos mapas colocados permanentemente na parede das salas. Foi assim que, em wma época ja longinqua, fiearam gravados indelévelmente na minha memoria os nomes das 12 tribus de Israel. Mas é preciso que estes nomes despertem idéias, que venham unidos a fatos e, caso possivel, também a imagens. Cousa muito delicada, e sobre a qual talvez seja util refletir e ra- ciocinar a0 mesmo tempo. rT Se eu tivesse que ensinar geografia as criancas de uma escola primaria, creio que me dedicaria primeiramente a ensinar-lhes a orientar-se. Muitos pro- cessos existem. & meio dia: a sombra se projeta do lado norte.* O sol sai ou se pée: observemos que, conforme a época do ano, aparece ou desaparece atras de tal casa, tal arvore ou tal objeto. Estes pontos de referéncias variaveis, mas contidos num raio determinado, ajudam a fixar, no somente os pontos cardenis, mas também a marcha das estacdes, visto que no verdo o deslocamento se efetua, para o norte no inverno para o sul. # isso que nos livros de outros tempos se Papel com os térmos de “sair e por do sol de inverno” e “sair e pér do sol le verao”. * Nota da redagéo: © autor se refere ao hemisfério norte. TRANSCRICGES DO MES 19 Sabido isso, sera um problema facil para a crianca dizer para que ponto esta orientada a escola,.que direcdo deve seguir para chegar a ela, em que sen- tido deve caminhar para chegar ao povoado vizinho. Ademais, estas direcdes estado assinaladas nos mapas murais. Acostumamo-nos a situar o norte na parte alta do mapa e o sul na baixa, disposicao completamente convencional, que ‘reqiientemente nfo reconheciam os mapas de outros tempos. Convidar-se-4 0 aluno para que busque a posicao reciproca dos lugares inscritos no mapa. Dira também que direcdo deveria tomar para chegar a tal lugar, afastado, do qual lé © nome. Mas quanto tempo despenderia em tal trajeto? Els aqui uma nocio nova que se apresenta e que precisa ser resolvida: a da distancia. A nossa vista se exercita nos limites de um horizonte mais ou menos vasto, balizado por pontos de referéneia situados a disténcias diversas em relacdo & nossa, Estes sdo outros tantos térmos de comparacdo dos quais mais adiante po- derémos tirar partido. Quando a crianca saiba, por exemplo, que se caminhasse em linha reta che- garia a tal ponto ao cabo de 2 horas e que percorreria uma distancia de 10 qui lémetros, entao é 0 momento de chamar a sua atencfio para a escala quiloms trica colocada na parte baixa dos mapas. B claro que nos mapas escolares existe uma desproporcao tal entre a realidade e a sua representacéio, que téda a relagao sensivel escapa 4 sua inteligéncia. Mas hoje em dia a carta ‘do Estado Maior francés esta ao aleance de todo mundo. Podei servir-vos da folha em que figura a localidade. Ser-vos-A facil, gracas & sua grande escala, fazer sen- siveis e claras as relacdes quilométricas e referi-las a experiéncias pessoais; e eu estranharia que a crianga, seduzida pelos nomes que ali encontra, tratasse de consegui-lo por si proprio. Proceder-se-ia do mesmo modo para as nogées de extensio. Aqui também a observacao necessita de ponto de referéncia. A crianca pode formar uma idéia completa da extensio de um campo, de uma, propriedade, de sua aldeia ou po- yoado, e atribuir um valor sensivel aos ntimeros que a expressam. Uma simples multiplicacio sera suficiente para apreciar do mesmo modo a extensdo das superficies mais extensas de que tera de ocupar-se durante 0 curso. N&o julgo necessario insistir mais sébre o método. Apresenta-se por si mesmo & inteligéncia do mestre. Mas, nfo obstante deslizamos rapidamente sdbre essas nogdes, desdenhando-as, talvez, por julga-las demasiado elementa- res. Basta percorrer as minhas lembrangas de examinador para ver como estado esquecidas em nossas escolas. Que equivoco! Sao entretanto o principio e a base de téda a geografia. & necessario deixar impresso nos nossos alunos 0 habito de que cada vez que se pronuncie 0 nome de uma, localidade sintam a necessidade e 0 desejo de saber onde se encontra, em que parte do globo, em que posicao em relacdo a que éles ocupam, em que condicdes de extensio e distancia em relacdo com aquelas que podem apreciar diretamente por si proprios. Muitos dos preconceitos e idéias falsas déste mundo procedem de que nao sabemos localizar Estas nogdes nos parecem modestas, porque esquecemos a base cientifica em que descansam e os esforcos de investigagao e de especulacéo que custaram. O velho geégrafo Proromeu apresenta como uma das mais sublimes concengées do espirito humano, a idéia da relacio matematica entre os corpos celestes e as posigGes de diferentes pontos da Terra. Com efeito, o espetaculo do céu permitiu levantar o mapa da Terra. Mas foram necessarios mais de quatro mil anos de investigagées, de calculos, de medidas e de exploracées para que hoje em dia possamos assinalar com relativa exatiddo, e gracas a instrumentos cujo aperfeicoamento tardou-se bastante em alcancar, a posieéio dos principais lugares. De quando em quando, uma palavra acérca disto na classe, e se entre os alunos existe algum com uma inteligéncia de qualidade superior, essa palavra bastara para ser recolhida e para que fru- tifique mais adiante. 20 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA, Ir © estudo das formas oferece outras dificuldades. No ha nada mais com- plexo na geografia. O problema das formas é 0 principal objeto sdbre o qual se exercem as investigacées dos especialistas, inesgotavel aos esforgos combina- dos de topégrafos e gedlogos. Nao se trata de submeter a semelhante prova a inteligéncia dos alunos nem confundir 0 seu cérebro com o desejo de fazer-lhe demasiado bem. Mas, na inesgotavel variedade de formas que apresenta a su- perficie terrestre, ha’ tragos principais, essenciais, com os quais convém fami- liariza-los.’ As palavras planicies, montanhas, rios, costas, ilhas, peninsulas, ete. devem tomar forma sensivel para éles; é preciso ndo contentar-se com sécas definicdes. Mas, como proceder? Suponhamos que se trata de pequenos alunos de Paris, que s6 conhecem o rio que corre entre os cais e a erva que nasce entre as pedras do calgamento; claro esta que esta ignorancia chegaré, a ser muito depressa tio rara como a propria erva nas ruas de Paris. Ou sejam alunos de Brie, de Champagne, que na sua vida néo viram nem mares nem montanhas. Estas palavras por si mesmas nao dizem nada, e eu ndo me atrevo a esperar que os recursos dos nossos orgamentos permitam multiplicar o bastante as co- lonias escolares de férias para que possam ilustrar-se de visu. Resta, é ver- dade, a imagem. Nao 6 éste certamente um meio que se deva desprezar; deve-se aplaudir tudo aquilo que desde ha algum tempo se vem fazendo sob a forma de Albuns, cartées postais, etc., para popularizar a vista de paisagens, embora a escolha nao se inspire sendéo muito raramente num verdadeiro espirito geografico. Mas mesmo a imagem precisa ser explicada e interpretada. N&o sera interessante nem ver- dadeiramente instrutiva se nao corresponde de alguma forma as impressdes que @ crianga pode receber diretamente, ou as observacdes que possa realizar nos arredores com a ajuda do mestre. £ isto possivel? Devemos, antes de tudo, fazer observar que por desnuda que uma regido possa aparecer de acidentes do solo, nao existe nenhuma em que o relévo seja perfeitamente plano e geométrico. Uma colina ou ainda uma ondulacéo do terreno, um barranco ou uma simples dobra, sio tragos que no modelado ter- restre, por mais uniforme que se suponha, nao faltam nunca. A observacdo pode efetuar-se com éxito também em formas mintsculas, porque mostram a seu modo as causas que as formaram e as acées que se exerceram para modela-las tal como as vemos. Estas causas — salvo as que procedem de movimento internos da crosta terrestre e cujo exame nao achamos que deva entrar num ensino elementar — nao tém nada de misterioso e oculto. Podem-se vé-las em acio e surpreendé-las ao vivo. Ontem, por exemplo, as aguas, depois de um grande aguaceiro, correram sobre os flancos déste barranco, arrancando pedacos do terreno e amontoando seus restos fragmentados em forma de cone ou Idbulos mais ou menos alar- gados, na base do talude. Estes ldbulos se aproximaram uns aos outros e for- maram pequenas superficies onduladas. Algum bloco mais duro foi escavado pelas Aguas sem chegar a ser deslocado e permanece sobressaindo do terreno. Depois desta crise, o solo se,encontra mais ou menos removido e 0 seu modelado toma novas formas. Nesta renovacdo se manifesta o papel das forcas ativas; a presenca das causas atuais se denuncia nas modificagoes das superficies. Ali existe um principio de interpretacéo. - Nada ha de rigido nem imutdvel no desenho que a natureza pée ante nossos olhos. A Agua torrencial, que destroi e reconstréi; a Agua corrente, que descreve meandros, enlaga ilhas; a agua estagnada, cujos bordos formam contornos ca- prichosos, prodigalizam casos e exemplos de formas e mudancas geograficas, Pro- duz-se uma cnchente e os arabescos que os areais desenham as margens do TRANSCRIGOES DO MES a leito do rio mudam de forma; o tanque, aumentado pelas chuvas, inunda suas margens, desfaz os cabos, rompe os promontérios. Eis aqui outra nova evolucéo observada ante os fatos. © mestre sabe bem que causas, insignificantes na aparéneia, sio capazes, pela repeticéio e duracao, de transformar montanhas em colinas, golfos em terra firme. E por isso que o sabe deve fazer apreciar aos demais a importancia dos fendmenos que se sucedem ante nossos olhos. Mas néo creio que esta idéia esteja ao aleance da psicologia da erianca; a desproporeao é demasiado violenta; e, ao invés de instrui-la, assombré-la-ia e a desconcertaria. Em compensacdo, © que cla compreendera perfeitamente sdo os efeitos imediatos que a Agua ¢ 0 vento, escultores infatigaveis da superficie terrestre, exercem sébre as formas. Estas experiéncias, que ela propria pode fazer e comprovar, podem chegar a ser o principio de idéias fecundas. Poem-na a caminho de investigar as causas. Ensinam-Ihe que as formas do relévo que tem sob seus olhos sio o resultado de um equilibrio cuja estabilidade nao est assegurada. Eo mestre pode tirar dai mais de uma licdo. Se, por exemplo, a imprudéncia dos homens talasse as al- ‘uras, 0 arroio se converteria em torrente; se na planicie cortasse as arvores, o vento sopraria sem obstaculos e os agentes atmosféricos atacariam com maior facilidade a superficie terrestre e talvez viriam em seguida os desastres. ur As grandes regiGes terrestres diferem uma das outras pelo clima. Em nosso pais estamos acostumados a uma ordem dada das estagées e as diferencas mar- cadas que imprimem nas temperaturas; a chuva 6 um hdspede familiar dos nos- sos climas; néo nos falta em nenhuma época do ano; porém o faz de uma maneira desigual nas distintas regides. HA comarcas em que reina durante todo © ano uma temperatura quase uniforme; outras, em que as diferencas sao ex- tremas; aqui falta a chuva; alf, cai periédicamente durante um espaco mais ou menos longo do ano. Estas diferencas de clima se traduzem na vegetacio, no regime dos rios e também nas formas do terreno. E necessario, pois, explicar & crianca estes fendémenos dos quais depende a fisionomia das comarcas. A chuva caida a tempo, que faz reverdecer os prados; o sol, que no verdo faz amarelecer as messes, sic espetdculos a que assiste e dos quais se fala em sua volta; existe entre nossos camponeses um grande numero de refries e provérbios nos quais a observacdo rural consignou suas experién- cias. A questao esta em que o mestre obtenha proveito para suas licdes de geo- grafid déste empirismo local. Para que o aluno compreenda que o encadeamento de efeitos e de causas que constitue um clima se traduz em certos casos de ma- neira diferente, ¢ necessirio dar-Ihe uma idéia do mecanismo a que obedecem os fenémenos do ar, Temos que arrancar-Ihe o preconceito, muito natural, que © faz crer que as cousas se sicedem de igual modo nas outras regides segundo © ritmo a que éle esta acostumado; nfo existe outro meio para penetrar na andlise das causas. E’ uma tarefa que exige certo tento, porque é necessirio sem- pre evitar as férmulas abstratas. Mas, onde se nos apresentam melhores oca- sides para mostrar ao alino experiéncias sensiveis, que no dominio do ar? Assim, nas antigas mitologias o dominio das mudancas e das transformacdes incessantes se personificava em figuras divinas; a natureza, com sua compla- céncia inesgotavel é para a ciéncia fisica moderna um teatro de experimentacao abundante se nos sabemos valer dos nossos olhos. A névoa ascende pelos vales durante as horas da manha; dissipa-se com os ralos do sol; mas, a tarde, se forma uma faixa de nuvens nas vertentes da montanha. Ora, nuvens de formas e céres diferentes se superpdem na atmosfera; marcham em sentido inverso, empurradas por ventos diferentes; mas chega ‘um momento em que uma das correntes, vencida, cede ao impulso da outra; éste é 0 sinal da chuva. As mo- dificagdes da temperatura presidiram a estas mudangas de tempo. Estas mesmas 22 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA temperaturas sio regidas pela hora, a posicdo do sol, a inclinagéo dos seus raios, a espessura das camadas que atravessam, ou também pelos ventos, men- sageiros ativos que transportam para longe a temperatura e a umidade dos lugares em que sopram, agentes que produzem mudancas nas diferentes partes da superficie do globo © campo oferece diariamente semelhantes motivos de observacio, e por isso eu me compadeco do estudante da cidade. Estes fendmenos, téo interessantes para a vida rural, Ihes sao menos familiares. Nao vé céu sen&o aquele que se divisa nas ruas. Como bom cidadao, nao pensa na chuva, no vento e na neblina senao, por causa das moléstias que Ihe causam. Mas como tem o espirito vivo e a inteligéncla desperta, segue-os nas vossas explicages. Observa os charcos de Agua que depois de um aguaceiro se formam nas ruas ou nos pateos; depois de certo tempo diminuem, e finalmente desaparecem: mais depressa se o ar esté quente do que se esta frio, e lambém mais depressa se esta agitado do que se esta calmo. Em que se transformaram essas gotas de agua? Mudaram de estado. Transformadas em vapor dagua flutuam invisiveis no ar. Mas se neste elas se acumulam excessivamente, isto 6, além de um grau varidvel, que se chama ponto de saturacio, fazem-se novamente visiveis sob a forma de nuyens e por tiltimo, devido ao resfriamento, se convertem outra vez em chuva. Eis aqui um cireulo de transformacées que, j4 com rapidez, j4 lentamente, faz com que se sucedam as formas visiveis as invisiveis ou vice-versa. A histéria de uma gota de agua, primeiro molécula de vapor, que depois se condensa e forma a nuvem ou a neblina, que se precipita em forma de chuva e que, finalmente, se converte em arroio ou rio, se compée de diversas vicissitudes, cada uma das quais depende das variacdes que se produzem no estado da atmosfera. Mas estas variagdes podem fazer-se esperar ou também nao se produzirem. A evaporaco pode nao ir acompanhada de condensacao, nem esta de precipita- ao. Existem regides nas quais, conforme a direcdio dos ventos ou o grau calo- rifico do sol, nao se produzem chuvas durante varios meses; outras que se véem. totalmente privadas delas e outras em que, apesar das brumas e das névoas que as envolvem, no se efetua a precipitagio. A analise dos fendmenos deve facilitar a explicacao destas diferengas e deve ir acompanhada da descricdo das regides. Iv A colecio das inadverténcias geograficas pode enriquecer-se ha varios anos com um caso bem caracteristico. Ocorreu durante a expedigdo a Madagascar: acreditou-se que seria maravilhoso contratar cabilas para emprega-los como condutores de comboios, e como era de esperar, estes montanheses, de pais séco, morreram aos montes sob os rigores de um clima quente e wmido, do mesmo modo que se recrutassem anamitas para servirem na Argélia. Tanto 6 assim que, depois de julgarmos que todos os paises da Terra se parecem com 0 nosso, nosso espirito deve defender-se da outra ilusdo, que consiste em imaginar que todos sao diferentes do mesmo. Efetivamente, existe tal género de relacées entre uma regido e os homens que nela vivem, que lhes é muitas vézes dificil chegar a se aclimatarem noutra, ou pelo menos lhes é indispensavel tomar precaugoes e cuidado. Seus orgéos aco- modados por uma longa heranca a certas condicées climatolégicas nfo cumprem suas func6es vitals senao & custa de um esférco penoso e, com o tempo, peri- goso fora do lugar de sua residéncia habitual; sofrem com o excesso de esforco que se Ihes impoem. As enfermidades do figado, tao comuns nos europeus trans- Plantados para os paises tropicais ndo obedecem a outra causa. ,_ Mas nao é somente pelas relagdes de temperamento fisiologico que 0 homem vive arraigado ao solo. Poucas regides existem na Terra que éle nao haja mais ou menos adaptado as suas necessidades alimenticias. Aqui cria culturas, ali TRANSCRIQGES DO MES 23 procura pastos; e na preferéncia concedida a estas diferentes formas de vida, guia-se, ndo sem uma certa liberdade de eleic&o, pelas condicées fisicas da co- marca. As plantas que escolhe para sua cultura, arroz, trigo, milho, ete., so as que convém a determinados climas. Constroi suas casas e se associa, nio ao azar, mas em lugares em que cré encontrar alguma vantagem para suas cul- turas, para seu comércio, para sua defesa. Inspira-se nas propriedades do terre- no € nos caracteres do relévo para o tracado dos caminhos e vias de comu- nicacdo. Sem divida alguma o homem nao permanece escravo de um rincao da Terra e nosso estado de civilizacao o livra cada vez mais de uma sujeicéo por demais estreita; mas apesar de tudo, em tédas as suas obras fica sempre impresso um cunho mais ou menos profundo da localidade. Também moralmente, isto 6, pelos seus sentimentos, pelos seus habitos, pelas suas lembrangas, esta ligado ao pais de origem. Dentre todos aqueles que éle possa ver ou aos quais a sorte o conduza, sempre ha um que, segundo a ex~ pressdo do poeta, Ihe sorri mais que os outros. Isto é inexplicdvel e, no entre- tanto, é real, Porque tal objeto, tal forma, ou tal imagem particular se apoderou de tal maneira das nossas lembrancas? Nao podemos dizé-lo; mas basta que o mais insignificante pormenor se apresente ante nosso espirito para evocar tudo © mais. Com tédas estas cousas escondidas na nossa meméria, mas sempre dis~ postas a sair delas, nossa imaginacao forma um conjunto, um total; isto 6, ao que sabemos, 0 que acontece com um homem que todo mundo compreende: © apégo ao pais, ao torrdo. Por esta razdo, no estudo da geografia, 0 homem e a Terra s&o dois térmos inseparaveis. Uma regiao influe nos seus habitantes; e o homem por sua vez, com suas obras, com um poder cada vez maior sobre a natureza, modifica a fi- sicnomia da Terra. Como todo soberano, tem a sua cérte formada de plantas e animais de adocao, que leva consigo. Por isto a América forneceu certas plantas & Europa, e esta, por sua vez, ao Novo Mundo. A medida que as comunicacdes se estendem, reduzindo o obstaculo das distancias, as divisées politicas aumentam também de extensdo. Hoje em dia assistimos ao desenvolvimento de vastos im- périos, de imensas colnias, e por falta de uma dominacdo direta, as relacdes comerciais abrangem superficies quase ilimitadas. O térmo mundial é um neolo- gismo nascido das cireunstancias. A geografia politica é por isto, e somente por isto, uma aplicacdo legitima da geografia. Sua significacdo se estriba nas relacdes que existem entre a Terra e o Homem. Com freqiiéncia nos equivocamos neste ponto; ao meu modo de ver, € um érro sobrecarregar éste ensino com dados administrativos ou esta- tisticos. Arriscamo-nos a que se esqueca a idéia essencial. E preciso reconhecer que a um cidadao francés Ihe é muito util estar informado sdbre 0 mecanismo administrativo e as atribuicdes dos funciondrios; mas éste ensino nada tem de comum com a geografia. A geografia politica tem por objeto associar intimamente o que eu chamaria a idéia terrestre com éste sentimento instintivo de curiosidade que o homem ex- perimenta pelos seus semelhantes. A idéia terrestre comprende as nogées de po- sicdo, extensao, distancias, formas, climas, que a geografia ilustra e que devem encorporar-se aos nossos habitos de pensar. Tratemos de levar em conta 0 papel que desempenham estes fatores geograficos nas obras humanas. A variedade de costumes e maneiras de viver, quando nos sao apresentadas sob a forma de narracées de viagens, nos divertem como curiosidades anedoticas; tomario porém um_novo sentido se descobrirmos nas circunstancias que nos rodeiam a sua razéio de ser. A histéria politica tirard proveito desta aproximagao. As nacées e os estados seguem uma evolucdo, na qual o elemento geografico opera muitas vézes sem que os mesmos agentes o saibam, mas com maior eficécia por ter a seu favor 0 elemento tempo, A natureza niio estabelece leis nem forma com antecedéncia 24 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GROGRAFIA os quadros dentro dos quais se move o destino dos Estados. Assinala as condicées e deixa 4 competicao, lei universal dos seres vivos, 0 cuidado de obter os resul- tados. Nunca ela foi mais ativa do que agora. Cada dia se manifesta mais vio- jenta: da Europa 4 América, da América @ Asia. Dai surge a necessidade que tem cada povo de informar-se striamente dos recursos proprios que éle traz a luta. Temos que estabelecer um balanco exato das foreas que o pais ao qual vai unica a nossa acéo mundial emprega ou tem em reserva. A Franca, pela posicio gue ocupa em contacto com os grandes focos de atividade, vizinha de 5 ou 6 Estados diferentes, seria a iltima das regides que se subtrairia as leis da com- peticdo. Para isto, a geografia é também uma boa conselheira. Seja-me permitido terminar estas reflexdes com um conselho, que muitos mesires ja poem em pratica, e que me foi sugerido pelo seu exemplo. A pericicio dos livros e dos instrumentos de trabalho serve para facilitar a tarefa do mestre; tal ¢ o fim e a esperanca daqueles que se consagraram a tal obra. Mas nenhum espirito sensato pensar que+o livro pode substituir a acdo direta e pessoal do mestre. Se é certo que o ensino da geografia deve despertar o espirito de observacdo, apoiar-se em realidades sensiveis, recorrer As impressées e a ex- periéncia, éste programa no atribue aos mestres obrigacées particulares? Porque nao é sdbre o aluno em geral, ou s6bre uma coletividade abstrata, sébre a qual se exerce 0 seu influxo, sendo s6bre as inteligéncias de criancas formadas em um determinado meio, plasmadas em certos habitos. Nesse meio, e valendo-se désses habitos, 6 que se encontraréo os exemplos é os pontos necessarios de comparacio. Eu lhe direi, pois: “Estude o pais onde vai ensinar”. Despertarei © seu interésse pela sua natureza e pelo seu passado. Sei que tem para isto ini- ciativas felizes e bons exemplos. Uns prestam bons servicos A meteorologia, com suas observacées constantes da temperatura e da chuva; outros estudam as rochas e os terrenos; aqueles, a flora; aqueles outros prestam sua atencéo a0 passado, descobrem restos arqueolégicos, ou investigam nos arquivos e nos do- cumentos privados o passado histdrico do seu povo. Sucedeu-me ver colecées, ler interessantes monografias, frutos de pacientes esforcos. Tenha-se presente que fazemos trabalho pedagégico trabalhando pela ciéncia, porque uma e outra Vivem de realidades e observacées e se formam na escola da natureza. * IMME 208 EDITORES: fete “Rolctim” nao faz publicidade remunerada, entretanto registara ow comentara as contribuicoes sObre geografia ou de mteresse geozrafico que sejam enviadas a0 Conselho Nacional de Geografia, concorrendo désse modo para mais ampla difusdo da bibliogratia referente a geografia brasileira Resenha A divisio administrativa © jndiclaria a vigorar no qiiingiiénio 1944/48 No dia 1 de janeiro do préximo ano come- gar a vigorar 0 novo quadro territorial do pals, cuja vigencia compreenderé. o qilingité- hio ‘1944/48, 0 qual seré organizado de acordo com as normas estabelecidas pelo decreto-lei n.® 311, de 2 de marco de 1938 — a “loi gco- Bréfica’ do Estado Novo” para usar agui a ex- Pressio que 0 eonsagrou. Entre outras providéneias mandadas ado- tar pelos governos das unidades federadas — 05 Estados, 0 Disirlto Federal eo ‘Territério do Acre — 0 decreto 311 determinou: a correcao da divergéncia existente entre os nomes dos municipios e distritos eos das _respectivas sedes, prevalecendo os nomes destas; a reducso da divergéncia existente entre os omes dos municipios e distritos © os das Tespectivas sodes, Drevalecendo os nomes destas; a reducao dos homes muito longos de circunsericaes: a Substitule’o de nomes de circunscri¢oes, vi- sando désse modo suprimir a existenela de mals de uma circunscriedo territorial, sob wa mesma denominacto, dentro da. fred territo~ rial de um mesmo Estado; a uniformizacao ca, categoria das sedes cireunsericionals estabe- lecendo que sejam vilas todas as sedes dis- tritais e cidades tédas ea sedes municipais; a sunerposi¢ao das divisas administrativas e. }u~ Giciarias, mediante o compute do distrito como unidade’ primaria comum; a Invariabilidade dos cuadros territoriais, administrativos e 1u- Giciarios, que somente’ por leis gerais quin- Gtiensis podem ser revistos; a definigio dos Gmbitos municipais ¢ distritais, mediante des- cricAo sistematica das respectivas divisns; a continuidade territorial de tédas as cireuns- ericées administrativas (municipios e distri- tos) e judiciérias (comarcas, térmos e dis- tritos) © aecreto-lei 311 também imps providen- clas Uitels e oportunas aos prefeitos. munici- pais, destacando-se a que determinou a deli- mitacao das zonas urbanas e suburbanas das sedes imunicipais © distritais. Os resultados decorrentes da aplicacdo dos sibios preceitos an chamada "lel geagrafion do Fstado Novo", i se pode inferir através de fatos concretos.’ Para citarmos sdmente um désses fatos, basta que se diga aqui que foi, gracas & divisdo territorial elaborada para vi- gorar no qtlinatiénio 1939/43, estudada e exe- cutada, dentro ‘das diretrizes, daquele decreto que péde ser levada a efelta a contecciio das cartas geograficas munieipais das 1574 co- munes Diasileiras, cuja expusigao paplica nesta capital mereceu os mals irrestritos aplausos de vodos quantos visitaram o “mator certame cartogréfico realizado no pais". Serviu, ainda, a lei 311 de ponto de partida, para a objetivacio de varios empreendimentos técnicos e clentificos levados a efeito em bene ficlo da geografia nacional e, porque nio dizer mesmo, de modo geral, em benoficio do proprio Brasil?’ Considerande gue 0 nosso maior pro- blema consiste, precisamente, em eonhecermos bem © melhor os nostos préprios problemas, muitos dos quais sio nitidamente de ordem geografica, por dizorem éles respeito A ‘Terra © a0 Homiem. brasileiros. Antes da, vigéncia da “lei geogriifiea do Estado Novo” encontravam-se na nomencla- tura geografica do pais, graves defeltos, orlun- dos da auséncla do uma sistemética geral, pols, cada govérno regional agia isoladamente den- tro das fronteiras das suas respectivas Uni dades politicas, sem que fosse compttado 0 quadro territorial geral do pais. Os efeitos desastrosos de semelhante praxe ficaram patentes logo quando, em 1938, foram aplicados, pela primeira vez, os dispositivos daquele decreto, visando 0 conjunto do auadro politico-administrativo do Brasil As falas, encarado o assunto de modo geral, foram ‘tantes e de tal natureza que sOmente por etapas qitinatienals poderio ser corrigidos certos'e pequenos pormenares. 0 que conforta 6 podermos dizer que com a sua Vigéncis cessou a balburdis. Moldado dentro das realldades brasileiras, 9 deereto-lel 311, embora surgido do. poder federal, néo eximiu, entretanto, os poderes es- taduais e muntetpais da faculdade de legislar sobre a matéria, determinando, porém, que a divisio territorial de cada wnidade éstadual fOsse revista qilingtienalmente, por intermédio de comissOes reglonais compostas de. téenicos e de gedgrafos. observada uma sistert.atica vie gorante em todo o pais. Durante 0 corrente ano deverao ser, em cada um dos Estados brasileiros, revistes os respectivos quadros territoriais, para efeito de organizacio da futura divisio administrative e judicléria a vigorar no proximo qilingténto 1934/48. Em varios Estados, os poderes pitblicos lo- cals @ 0s Diretérios “Regionals do Conselho, considerando que semelhante tarefa exige lon Bo tempo de estudo e, por vézes, exames locais, 34 adotaram providénelas a respelto dos prd- kimos trabalhos, Nos Hstados do Rio de Janeiro, Baia, Séo Paula e em outros mats, os problemas ‘rofe~ rentes & futura divisio' territorial ja estado sendo ativados, © Diretério Regional de Slo Paulo em uma das suas Ultlmas resoluedes adotadas, solicitow a0 govérno patilista a nomeacio da’ comiss’o regulamentar a ser encarregada do estudo do futuro Guadro territorial daquele Estado. Sugoriu ainda o Diretério Regional de So Paulo que, para melhor coordenagéo dos tra~ balhos e colaboracéo dos drgtios que se rela~ clonam com estudos administrativos, geosrd- ficos e judicldrios, seja a comissio constituida dos seguintes membros: representantes da Se- cretaria da Justica, do Departamento das ‘Mu- nicipalidades, do Instituto Hstadual de Esta~ tistica e do’ Diretério Regional de Geografia. BRRH~ Envie os livros de sua autoria, ow os que se_encontrem em duplicata em seu poder, & Biblioteca Central do Conselho Nacional de Geografia, para maior benefielo da cultura geogrifia do Brasil 26 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA Propés mais 0 Diretorlo Regioral paulista, que 2 referida comisstio, a exemple da de 1038, figue subordinada ao Secretario da Agricultura Por pertencer a essa secretaria 0 drgio técnico geogréfico local. ©s_governos de outras unidades politicas do pais ja estao adotando providéncias sobre a matéria. * © crescimento da populacio brasileira através da Ultima operacde censitaria © censo de 1940 — segundo informou, recentemente, 0 Servico Nacional de Recen= seamento — Tevelou grande 2umenso da popu- Jacko do Brasil, pois sendo apenas de ..... 14-383 915 habléantes em 1890, quase tripil em 50 anos. Considerando que de 1890 a 1940 a popula~ ef total da América aumontou de 123 para 275 milhoes, isto 6, 124%, merece relévo 0 cres~ eimento de 190% verificado no Brasil. No mesmo intervalo a populacko cresceu de 69,9 para 146,53 milhées, ow sejam 110% nos paises americanos de lingua Inglésa, e ce 36,8 para 83,6 milhoes, ou 127%, nos de lmgua espanhola. A quota da’ populacdo do Bresil na da Amé- Hea sublu, assim, de 11,67, em 1890, a 15,1% em No creseimento da populaciio brasileira du- rante ésse melo século, fol de 9% a taxa do excesso das smigracées, ‘sobre as emigracors, 20 asso que, para o conjunto do con-inente, essa mesma proporedo foi de 15%. O. desenvolvi- mento demografico do Brasil é devido, sobre- ‘tudo, a alta capacidade de reproducio dos seus habitantes, 0 que constitue uma caracteristicn da populactio brasileira, em face da queda mundial da natalidade. x A distribuicto da populacto pelas regives brasileizas Para_melhor compreender como se_distri- bue a populacdo no nosso territério, — informa 0 Servigo Nacional de Recenseamenio— convem Teferi-la & nova divisio do pais em -egides fisio~ graficas, adolada pelo Conselho Nacional de Geografia.' Fssas regioes, com as unidades da federacio que as compdem, sio as seguintes: I — Regio Norte: Acro, Para; II — Regido Nordeste: Maranhio, Piaui, Ceara, Rio Grande do Norte, Paraiba, Pernam- Duco © Alagoas; III — Regido Leste: Sergipe, Baia, Minas Gerais, Fspirito Santo, Rio de Janeiro e¢ Dis- trito Federal; IV — Regido Sul: Sé0 Paulo, Pixané, Santa, Catarina ¢ Rio Grande do Sul; V — Regido Centro-Oeste Gciaz e Mato Grosso. Do ponto de vista demografico, a nova, di- visdo em regides fisiogréficas revela zonas alnda Amazonas 1 — A nova divisto referida pelo Servico Na- clonal de Recenseamento se bem que tyesse predominado, na suz elaboracao, 0 sarater flsio~ Erafico, nfo ‘deve rigorosamente tet essa desig- nacéo,'e sim divisdo regional, como fol ela aprovada, para atender a fins estatisticos. pouco povoadas (regies Te V) © zonas de po- pulacdo relativamente dense (regides TI, IT € aE 2 As regiées Norte e Centro-Orste, que com- preendem 61,37 da Grea total da Unio, com & extensio de 5 475 171 quilémetros quadrados (malor do que a Europa, exclusive os territé- rios soviéticos nas fronteiras de 1928), tem apenas 2 758 563 habitantes, isto 6 68% da populscdo total. Mesmo estimando-se| muito Iargamente em ‘um quarto d2 milnio o mi- meto dos indios bravios néo ineluidos no censo, @ populacdo dessa imensa zona nso exeederia a tres milhées. A densidade ¢ minima: 0,5 ha- bitantes por quilémetro quadrado. As demais trés regiées — Nordeste, Leste e Sul, com uma superficie de 3 036 018" auild- metros quadrados, 35,1% do total da Uniao, tem 38 806 520 habltantes, ou sejam 93.4% da popula total. Postas ei comironto com as TegiGes acima consideradas, estas se apresentam eatisfatoriamente povoadas, tendo a média de 128 hapitantes por quilometro quadrado. * Populacio estrangeira em quatro Estados brasilelros © ultimo numero da Mevista de Imigracao @ Colonizecdo (a 1, ano TIT), Daseado em dados fornecidos pelos Greaos regionais espe~ Clalizados existentes nos Estados do Rio Grande do Sul, Goiaz, Sio Paulo e do Rio de Jo- neiro, publicou oportunas informacées esta- {sticas acérca da populacdo estrangeira exis= tente nessas unidades politicas, servindo-se de miimeros apurados at6 1941, Pela oportunidade que essa espécie de in- formacso oferece no momento, transportamos A seguir, para as nossus pagings, os dados es~ tatisticos “rerecidos pela conhecids revista, que € 0 éreio oficial do Conselho de Imigracio © Colonizacio. Os ntimeros apurades até o fim de de- zembro de 1941, sofreram, como ¢ de supor, sensivel alteragio, pois, com 9 entrada do Bras sil na guerra, os trabelhos de fichamento e conseqitente registo dos habitantes alienigenas foram. ativados, devendo os numero corres- pondentes a "1992, quando forem conhecidos, superar grandemente os resultados apurados até aquele ano. Rio Grande do Sul. — Até o fim de 1041, foram expedidos no municipio da capital ao Estado 14193 cartetras de estrangeizos, adu- gindo-se 0 niimero cima a quantidade de 59 456 carteiras expedidas no Interlor do Estado, atingindo a 53 6:9, a soma de estrangeiros re gwlrizados até aquela data. Contribuirem com mais de 1 000 estran- goiros registrados as seguintes nactonalidades: stem’, 12 138: uruguaia, @ 311; italiana, 7 354; polonésa, 6 O76; porrumuésa, 4929; russa 4 070; argentina, 1831; espanhoia, 1 769; libanesa, 1374 e rumena, 1 343, Foram, também, registrados 117 hetmatios. Sao os seguintes os muniefpios em que o niimero de estrangeiros registrados excedou de 1000: Porto Alegre, 14 193; Santa Rosa, 3951; José Bonifacio, 3 627; Rio Grande, 3 438; Livramento, 2046; Pelotas, 2 411;' Cruz Alta,’ 2 005; Uruguwiana, 1278; Bagé, 1 229 ¢ Em Porto Alegre, predominaram, em ordem decrescente, as nacionalidades: alernf, polo- nesa, italiana e portuguésa; em Santa Rosa — RESENHA ar russa, polonesa e alemé; em José Bonifacio — alemé,-italiona e russa; em Rio Grande — por- tuguésa, uruguala, polonesa, alemA e italiana; em Livramento — uruguaia e espanhola; em Pelotas — portuguésa urnguata e alema: em Cruz Alta — alemé, russa e italiana; em ‘Uru- guainna — uruguaia e argentina; em Bagé — uruguaia; em Ijui — alema e russa. Goiaz — © Servico de Fstatfstica Policial désse Estado, remetewl ao Conselho de Imigra~ eho © Colonizacto um relatério dos trabalhos de registro de estrangelros levados a efeito até setembro de 1941, Até aquele més foram registados 1 362 os- trangeiros, notando-se maior freqtléncla nas nacionalidades seguintes: 432 sfrios, 296 ale- mies, M7 japoneses, 132 italianos, 118 portu- guéses e 90 espanhdis, Quanto A descriminacdo por municipios ¢ © total dos repistos corresnondentes a cada um deles, destacamos: Goiania, 254 — Ané- polis, 277 — Tpamerl, 144 — Cataldo, 191 — Goias, 98 ¢ Pires do Rio, 87. Rio de Janeiro — Montou ao mimero de @ 381, a quantidade de estrangeios regulari- zados nessa unidade politica até Junho de 3941. A mencionada revista pormenoriza 60 mente o movimento efetuado no segundo se mestre daquele ano, 0 qual se elevou a 897 eartelres expedidas. Sdo Paulo — Do relat6rio enyiado 20 Con- setho de Imlgracio e Colonizacao pela Dele~ gacia Esnecializadn de Estrangeiros do Estado de Sto Paulo destacamos os seguintes dados: © total dos estrangeiros residentes no Fs- tado de Sio Paulo, de acérdo com o censo demografico procedido pelo Estado em 1934, aerescido de 10% relative ao perfodo de 1934 & 1940 atinge o total de 1029 050, assim discri- minado: Zona urbana . B17 963 Zona rural . m1 087 Total oe... 1 029 050 Foram registados, de 15 de mato de 1939 a 30 de junho de 1941, 335 852 estrangeiros na- quele Bstado, sendo 139 304 na zona urbana e 196 548 na zona rural. Deduzindo-se do total global de estran- getros residentes no Estado o total dos ja re~ Bistados, verifica-se que 9 nimero de estran- gelros ainda n§o regularizados atinge a .... 602 198. Desse total, 178 659 encontram-ee lo- calizados na zona Urbana e 514 539 na gona rural. * Stiditos dos paises do eixo residentes no Brasil De acdrdo com cfleulos realizados pelo professor Gronszo Montana, consultor-técnico da Comissfio Consitéria Nacional, baseado em publicagdes divulgadas pela mesma Comissio, atualmente existem no Brasil, aproximada- mente: 400 000 naturais da Italia. 160000?) do. Japao. 109000 = "da, Alemanhe, 30.000 "da. Austria. 29000" da Ruménia. 6000 49 «da. Huneria, 725 000 . tantes, Avaliando-se_nesse total 0 ntimero dos na~ turais de paises sderentes 29 Exo, nilo se com- putando os naturals da Bulgéria e da Finlan- Gia por ser insignificante 0 seu mimero, con= clue-se que @sses estrangeiros correspondem apenas a 17% da atual populacdo brasileira Com relacto a brasileiros natos, culos nats uum pelo menos é das referidas naclonslidades, ode o seu total ser avalindo em cérca de. 1 450 000, 0 que corresponde a 3.4% da popu taco total do pais, figurando os dois grupos, nO conjunto, mais ‘ou menos com 5% da po" pulacio brasileira. x A tendéncia urbanista da populacio do pais Destacadas dos resultados preliminares do censo demografico as cifras correspondentes aos municipios das capitais dos Fstados, — escre, veut 0 professor JuLia Beneviors UcHoA — tem, se um total de 3 879 452, assim distribuidos; Maceid, 91170; Manaus, 107 456; Salvador. 291 000; Fortaleza, 174855: Visorin. 46 O37. Golinia 48 473; Sio Luiz, 86 575; Culabé.....- 54 259: Belém, 208 706; ‘Joho Pessoa, 95 286 Curitiba, 142 185; Recifo, 348 472; Natal, 55 119; Porto Alegre, 275 739; Niterdi. {43 004; Floria- népolis, 47 182; Teresina 68 520; Aracajil, .... 59 460;' Belo Horizonte, 211 690; S40 Paulo, 1308 000; Rio Branco, is 264. Juntando-se ao. total acima_ inaicado a populagéo do Distrito Federal, 1781 967 habl~ t0-lo-emos aumentado para 5 G61 019 habltantes, ou sejam 136% da populacio do pais. Ora, os resultados do recenseamento de 1920 epresentaram nesse particular, uma con- cluséo bem diverse. A populacto ‘do Distrito Federal e dos municipios das capitais chegava apenas a 2 473 689 almas, constituindo, por- santo, 86% dos trinta milh6es © melo que ha, Ditavam todo o pais naguele ano. Houve. con- seqiientements, uma elevagéo, bem significa~ tivn, do 5%. De maior interésse do que ésses_dados, seréo, mais adiante, os da distribuicio das populcdes segundo as zonas urbana ¢ rural. Mas, sabldo que 2 grande maioria da popula 80 dos municipios das capitais, como do Dis~ trito Federal, nfo esta na gona rural e sim nas zonas urbanas e suburbanas, & evidente a intensidade do fenomeno urbanista no pais, com um elevado indice de desenvolvimento nos dois Ultimos decénios, tanto mais quanto, 6 fora de duvida que a’ natalidade tem decaido Justamente nos centros procurados pelas cor= rentes migratérias que abandonam o Interior. © exodo rural esta, desde J4, testemunhado, sugerindo observacoes’ varias’ ¢ reclamando a intensificactio das providéneias com que os poderes publicos tém demonstrado emnenho em fixar © homem brasileiro ao seu habitat. * © tipo regional do vaqueiro © vaquelro, — esereve A Manhd, desta capital — constitue um dos nossos tips nacio- nais que, pela sua tradicéo de nobreza e co- ragem, Mais se. tem. imposto a admiracko publica, Dele se ocuparam quase todos os es- eritores’ que tiveram de estudar a fisionomia social e etnografica do nosso povo. Hucumes DA Cunsra, SAINT-HILAIRE, CAPISTRANO DE ABREU © muitos Outros, a éle se referiram com especial 28 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA apréco. O que muita gente ainda ignora, porém, é que 0 vaquelro nfo constitue, embora sua denominacio genérica, uma classe Intel~ ramente uniforme, na sua ampla distribulcaa Pelas numerosus Tegiées geografizas do. pais, © yaquetro dos campos guiichos difere, por exemplo, do da Amazonia, enquanto que © dos cerrados gotanos ou matogressonses, nada tem de comum, quer com ésses, quer com 0 das caatingas nordestinas, Bm nenhum de tais setores, 0 vaquelro de cada um cos diferentes habitats, apresenta, quanto aos das demais, ums convergéneia integral, auer de indumen- taria, quer fle Habito. Na Amazonia, por exem- lo, campeiro se distingue por vestir teoldos clatos, chapéu de patha, e utilizar o proprio boi como animal de montada e de transporte No Nordeste, J4 éle usa, em regra, roupa de couro de veadto ou de’ caprino, ehapéu da mesma, matéria prima, e paderosa fsea de aco, Fm regra, cavalga bueétalcs de prande agilidade, que se destinam a gas pouco densas, em perseguicdo ao gado bravio. © vaquelro do Rio Grande do ‘Sul, €, 20 contrario, 0 cavaleiro das planicies era” miadas, despidas de matas de alto porte que, envolvido no seu ponche de tecido claro, se movimenta ostentando chapéu de feltro ¢ larues_bombachas uma, singularidade do melo geografico; com o auxillo de um “pingo” de agilidade comprovada e apenas atmado a rer, as caatin= holeadeira, que atira de encontrc A pata dos animals “berseguidos, subjuga-os em pleno campo Taso. Do ponto de vista psicolégico, pode-se, também dizer, que cada um dos grupos do: nossos vacueitos, detém uma fisonomia pré- Pria, moldada por tradicdo secular, e por len das “que se perdom em passado temoto, atte esto a desafiar estudo profundo e meticulosa Investigactio. * Aproveltamento das terras nes municipios paulistas Uma recente publicacio da. Secretaria da Agricultura de Sio Paulo, — eselarece @ Moni tor Mercantil, desta capital — estampa aspectos interessantes’ relatives ao aproveitamento das terras naquele Estado. Eas revelacdes sho significativas. Num rato de 200 quilémetros em linha reia a contar da capital, so ba 2 municipios que utilizam mais de metade de suas terras: Grama, com 61.6% © Amparo, com Gh9%. De 30% para cima, temos o5 seguintes: Sho Joio da Boa Vista, 30,0; Ric Claro, 20.2 Irapire, 30.5; Campinas.’ 31,5; Thdatatuba, 3113: Cacapava 32.4; Pircioaba, ‘33.6; Captvart, 277 Santa Barbara, 39,4. Admitem os téonicos paulistas que 0 apraveltamento de 30%. das terras de um municipio, é satisfatério. Esta pereentagem, nao seré tio baixa, como parece onde holver cerrados” e caporiras, que se contam como desaproveitanento 0, to- davia, séo as malores. reservas florestais, que se devem conservar carinhosamente, Abaivo de 30%, porém. patentela-se a rarefacho demo- gréfica, indice da rerefaeto ecorémieo-rtivel. Contam-se 2 200 quilémetros da cavital, 20 municipios entre 20 ¢ 30% de terras cultivartos; 30 outros 10 © 20%; 15 mals, entre $e 10%, f= nalmente. com menos de 5%, até 14%, 0 que 6 em realidade, muito pouco. ‘Segundo ns Zonas contami No vale do Paraiba: Bananal 14: Cachootea, 18; Rarreiro 2,4 Pinhetros | 2.6;' Salesopolis 4,2; | Silveiras, 510; Quoluz 5.7; ‘Cruzeiro 6.4; Areas 7,9; Mogi das Gruzes 11,5; “Guaratinguet 12,1; Pinda’ 12,3: Natividade 12,5; Tremembe 12,5; Redenedo 13.0: Sio Bento 14,2; Lorena 14,4; Aparectda 14,55 Jambetro 15,8; "Santa Branca 163; Sho José dos Campos 16,8; Paraibuna 180; Campos do Jor- dio 18,9; Sao Lulz 19,4; Guararema 20,3: Cunha 214; Jacavei 21,6; Taubaté 27,1; Cagapava 32,4. Em t6rno da capital: Pilar 4,5; Parnafpa 4,7; Negaré 88; Una 9,4; Santa Isabel 10,0; Jucuert 10,6; Guarulhos 13,6: Ttapecerica 15,5; Atibaia 18,1; Cotia 19,0; Bra= ganca 24,1; Parnaiba, 256; doandpolis 263; Ita tiba’ 26,5. Na Sorocabana: Sorapul_ 25; Pirambéta 3,6; 4.7; Capio Bonito 6.3; Sio Miguel Arcanjo 6,4; Buri 68; Fofete 72: ‘Angatuba 7.3 Guarel 81 Botucatt 101; Cabretiva 10.6; Tatul 11.3; Sao Roque 11,5; “Boltuva 11.6; Gonohaa 110; Sore- cxba, 16.2; Campo Laro, 16,7; Tete 17,0; Porto Feliz 18.6; Pereiras 22.7; Saito 22.8; Laranial Tea 37,5; Porangabs 28,1; Monte’ Mor 28,7. Itapetinings Na Paulista e na Mogiana: 61; Thirapina 4; Broias 10! Mogi-guassit 8.0; Casa Branca 7,5; Pedreira Santa Rita 12.8; Descalvado 13.3; A’guas da Prata 136; Anipolls 15.3; Mogi-mirin 17.2: Pirassununza, 18,1; Vargem’ Grande 19,1; Leme 193; Araras 23,2! Sko Carlos 23,9; Palmeiras 25,0; Serra Negra 28,7; Limeira 29,4 * Parque nacional da Serra dos drg‘os Prosseguindo na politica de protectio & flora © & fauna regionais do pais, apés haver inau- gurado 0 Parque Nacional de Tiutiala, nrocede, Agora, © govérno federal, A instalacio de mals dois, outros, 0 de Tguassii ¢ 0 da Serra dos rBa08. 7 © Parque Nacional da Serra dos Grgios, subordinado como os demais ao Servico Flo: restal do Ministério da Agricultura, fot criado em novembro de 1939, abrangendo uma Grea de cérea de 30 mil hectares nos municipios de ‘Teresépolis, Magé e Petropolis. © govérno fluminense doou parte dossas terras. Dentro dessa grande Area, correm di- versos rios entre as quats 0 Paquequer-Pe- gqueno, 0 Beija-Flor, 0 Imbul, 0 Garraffio, o Bon Esperanca, o Bonfim eo Ttamarati. Sho muitas também as cachoelras, destacando-se a do Imbui. O famoso “Dede de Deus” € uma das atracbes turisticns do Parque, sendo. a. Pedra Asti o ponto mais alto, com’ 2300 me- tros. © campo das Antas, forma um. planalto, com flora peculiar. Nas ‘florestas sfc eneon- trados acts, macacos, antas, oncas, aves, in- sectos, ete. Constituem a flora do Parque os jequiti- bas, “as canelas, as guapevas, os cedros, as cangeranas, as palmeiras. E' grande a varie= dade de plantas leguminosas e ornamentals, sobressaindo-se as orquideas, 03 fetos, a3 be- gonias, a esponginha, que substitue 0 “fieus” bem como numerosas outras espéeies proprias do clima tropical e sub-tropical. : © Parque Nactonal da Serra dos Oreos & administrado atualmente pelo’ agrénomo W. Duarte de Barros. Conta o Parque com algumas benfeitorias, alf existindo uma casa para héspedes © natu: ralistas c duns para residenclas de uuxiliares A casa do administrador j& teve sua constr cho inielada. Serao levantados ainda ‘urn de= poslto, um estabulo e um prédio para a sede. © “posto meteoroldgico esta quase concluide RESENHA 29 De ncbrdo com as determinacdes do minis- tro da Asricultura. 0 Servico Plorestal, atval- mente sob @ direcéo do agronomo Atrsu Do- ALNGUSS, veIn Incrementando os trabalhos nos pirques’ nacionais. No da. scrre dos Orgaos, eatdo sendo planejadas © abertas diversas “i= cadas” de acesso is matas. Procede-se 20 aja dinamento da entrada do parque, junto ao romantica Paquequer, no alto de Teresépolis. A bandeira nacional é hasteada no alto de ums Pedreira, a 1300 mnetios. O Jardim Botanico So Rio de Janeiro tem reechido farlo material dos parques necionais, para classificacaa e estudo, visando s ampla rehabilitagéo da flora brasileira. © Parque Nacional da Serra dos Orgies ¢ de grande importincia para a ciéneia ¢ 0 turismo, além de consiitulr uma garantia de protecho 20s manencials que nascem naquela ona @ benoficiam muitos milnares de brasi- leiros. * Acrofotogrametria de zonas agricolas © levantamento de plantas de extensos Yerritorios de utilizacho agricola e florestal, tem. sido feito tltimamente pelos processos de fotogrametrla aérea’ na planiinetria, a exa~ fidio, « rapidez € a economia do process nada deixam a deselar e na propria altimeiria 8 aperfeigoamentos introduzidos 0 recomendam Em culturas extensas, que ocupam vasias areas espovondas, como nos Estados Unidos certes zonas algodoeiras. também a aviacio presta Serrigo apreciével no combate economico as Pragas que invadem os campos e que sho atin- Bide por espéssas uvens de fumaca toxicn Gesprendida polo aviao voando a pequena al- fura e-em condigées atmostéricas favoravets. Mesmo o servigo de vigildncia indispen: yel em rogides vestidas de extensas florestas, & poderosamente auxillado pela aviagio em certos paises @ assim evitado a propagacto de possiveis focos de incéndios. x ‘Ventos predominantes em Vitéria Baseado em dedos que bes foram forne- eidos pelo Sr. Joaaumse Sovgosa NuNEs, 0 De- partamento Munlelpal da capigal do ’ Estado do Espirito Santo, distribuiu, recentemente, um comuntcado sdbre os ventos predominates no municipio de Vitoria. Por éle os estudiosos da geogratia e dos fenémenos climiticos terdo excelentes elementos, pois, as informacdes abal- xo transeritas foram cothidas de acordo com ‘observagoes precisas, levadas a efelto pela es- ‘aco meteorol6gica’ local. De acdrdo com a opinifio dos responsivels © encarregados do servico de meteorologia, etn Vitoria, tendo-se em conta as primeiras © se- gundas direcdes predominantes dos yentos Cn: cada més — dls 0 comunicado ~ verificu-se para aqui, um bem equillbrado regime de yentos. De setembro a fevereiro, por exemplo, predominam os ventos de norte a nordest9, 0 de marco a agésto, as calmas, seguides pei sudoeste. O este sopra com freqiiéncia, no ve~ rio ¢ no outono; entretante, pelo periode rela~ tivamente curto do dia, em’ que sopra, (geral- mente das dez as dezesseis horas) tem umn con- iribuletio pouco relevante, entre os yentos pre~ dominantes, Bis al o regime dos yentos que, coin mals assiduidade, atingem @ nossa cidad>. Os de outras direcdes, pelo mimero pequend de vézes em que aparecem, nio merecem ser constderados para_o fim colimado. O do sul que é sempre desagradavel ¢, por esse caracte~ rigtica, famoso, durante os ‘ltimos nove anos io teve, uma 66 vex, predominaneia nessa, Fogigo. H quanto as velocidades, 0 equilforie 6, também, patente. Nas médias anunis, 03 valores oseliam entre 3m.6, e 4m.4, com wma di- ferénga de Om8, que é pouco Tessaltante. B @ bom notar-se que, de 19%3 a 1941, em cinco pnos, portanto mats da metade do periado obscivedo, a média anual fot sempre a mesma, ou seja, dnl. Nas médias mensais, encon- tra-se ums diferenca mais acentuada, pots que, nos meses do malo e junho, vemos’ gm.2, até atingir $m.9, em outubro. Isto, allés se fusti- flea, tamendo-se em consideragio que os dois primheiros meses, aqui citados, séo os da pre- dominancia das calmaas, Fm resumo: o regime dos. Ventos, para a nossa capital, é bastante variével. NAo ha predominancias efetivas que, se poderiain ser um bem, também poderia ser uum mal, uma yes que tal fendmeno se regise trasse para com o vento sul, por exemplo, que € bastante Gesagradavel e, parece (tem &_pa- Javra a ciéncial), prejudicial A saiide. Essa varlacde, que afugenta a monotonia, 6 uma expresso de estabilidade elimética. * Valor da producto industrial em 1940 0s dados coligides pelo Servigo de Esta- tigtiea Econdmiea'e Financeira — informa 0 fiitimo numero do. Boletim do Ministério do Exterior mostram que o valor da produgio in~ dustrial do Brasil, sujeita ao imposto de con- sumo aumentou de Crs 735 148 814,00 em 1940, atingindo 0 total de Cr8l2 840 074 310,00. Bisse total distribuido pelas unidades fede- radas Indica que a posioio percentual de cada uma delas fol a seguinte: Amazonas, 014; Para, 0,48; Maranh4o, 026; Plaul, 0,04; ‘Cearé, 0,55; Rio Grande do Norte, 0,09; Paraiba, 0.61; Pernambuco, 3,78; Alagoas, 0.53: Sergipe, 0.45; Baia, 1,23; Espirito Santo, 0.20; Rio de Janeiro, 4,00;" Distrito Federal, 16,04; Sao Paulo, 51,52) Parané, 1,42; Santa Catarina, 1.99; Rio Grande do Sul, 821) Minas Gerais, 7,39; Golaz, 0,07 € ‘Mato Grosso, 0,09. x A “Hora dos Prefeitos” © govérno de Sio Paulo, por intermédio do Departamento Estadual do’ Imprensa_e Pro Pegands, criou, recentemente, um servico de Aisirbuicko de’ noticias aos jornais do interlor paulista, as quails séo transmitidas, diaria~ gente, pela estagao PPN2, do mesmo ‘Departa- mento, nos horarios de 18,90 as 19 horas e das 28 As 24 horas. Atendendo aos bons resultadas désse ser- vigo de trnusmissio ¢ com o fim de orientar os prefetios do interior, melhor articulendo-o8 fom as autoridsdes superiores do Estado, inten Bifleando, ainda, as atividades dos varios 6r- gos da administragdo que tém ligacio com Ss municipios, resolve o govérno paulista, tame. bem organlzat uma “Hora dos Prefeitos”, du- rante a qual so irradindas, em ondas curtas, através da mesnia estagho transmissora, todos ds dias, is 18 horas, na onda de 39 ‘metros (U7 635 quilociclos), "holetins fornecidos pelo Departamento das Municpalidades do Estado ¢ instraedes de maior urgénein do D. E. I. P. A “Hora dos Prefettos” fol maugurada no dia 10 de novembro, sob a presidéncia do pro- fessor CANsiD0 Mota PiLMo, diretor geral do 20 D. E. I. P., e pelo Sr. Garni MonTeIRo pA Siva, diretof geral do Departamento das Mu- nicipalidades. Iniciando a transmissio, 0 professor Can m0 Mota Frnxo dirigit-se aos prefeitos mu- uiclpais, expondo os grandes servicas que as prefelturas presiam ao DELP. e a necessidade de ser, cada vez mais, aperteicoada a ligacao entze © Departamento’ das Municipalidades, 0 DELP, e as pretcituras. A scgutr 0 diretor do Departamento das Munieipalidades leu ao microfone 0 discurso inaugural do novo servico, no qual sallentou a smportancia da atuacso dos prefeitos em seus ringées, no comprimento dos deveres © obri- gacoes ‘inerentes & funcdo publica de gue se acham investidos. * Monumento aos bandeirantes Em Gofania, realizou-se no dia 9 de no- vembro a inatguracio do monumento aos bandeirantes. ‘Teve a Inielativa da criagko do _monu- mento, que perpetua em bronze a figura de BanToLomEu BvENo DA Strva, 0 Anhanguera, 0 Centro Académico Onze de "Agosto, da Facul- dade de Direito de Sao Paulo, Estiveram presentes & inauguracdéo o Sr. Joao ‘Tetras Auvanes JUNIOR, Interventor fe~ eral interino, todo o secretariado do Estado, altas autoridades federais e militares e ws missio especial de Sdo Paulo, chefiada pelo Sr. Antonio BuENo pa Cunna, representante o\ professor FnaNcisco. Morsro.’ Falaram evo eando as bandeiras, o jornalista Sr. Jurema Dr Guruanies, em nome ‘do governo de Goiaz, 0 Sr. ANTONIO CuNHA. BUENO, um dos Indealiza- dores do monumento, 0 académico FrRNANDO Mero BusNo, 0 Sr. Utisses Gutmandes © 0 aca~ domico GERSON DE CasTEo, em nome do Centro Académico Onze de Maio, da Faculdade de Direito de Goinz * Prineipais repartiedes americanas © Escritério de Expansio Comercial do Brasil em Nova York, (Brasilian Government: Trade Bureau, 351 Fifth Avenue), pede & tm- prensa e As Organizacdo interessadas a divul- gaeko da seguinte lista das principais repar- ile6es do govérno americano, que freqliente- mente sao mencionadss em estudos econdmicos em noticias relacionadas as cuestoes comer= eiais inver-americanase aos problemas de guerra dos Estados Unidos. Damos com ésses homes as combinacdes de iniciais pelas quais so designadas ¢ conhecidas essas tepartigdes. AAA — agricultural Adjustment Admins- tration; AMA —- Agricultural Marketing Admi nistration; BAE — Bureau of Agricultural Eco- nomics; BEW — Board of economic Warfare; BLS — Bureau of Labor Statisties: CAA Clvit Aeronautics Administration; CAB — Civil Aeronautics Board; CCC — Civilisn Conser- vation Corps ¢ Comoodity Credit Corporation; DPC — Defense Plant Corporation; DSC sPetense Supplies Corporation; EHFA — Elec- ‘vio Home and Farm Authority; PBI — Federal Bureau of Investigation; FCA '— Form Credit Aamintstration; FCC — Federal Communica- tion Comission; FCIC — Federal Crop Insu- ance corporation; FDA — Foor and Drug Admi- nistration; FDIC — Federal Deposit Insurance * ee BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA Corporation; FHA — Federal Housting Admi- nistration; 'FHLBB Federal Home Banie Board; FLA — Pederal Loan Agency; FPC — Federal Power Commission; FSA — Farm Se- curity Administration ou_ Federal Security Agency; FIC — Federal Trade Commission; FWA — Federal Works Agency; GAO — General Accounting Office; GPO — Government Prin- ting Offies; HOLG — Home Owors’ Loan Cor- poration; ICC — Interstate Commerce Com- mission; MRC — Metals Reserve Company: NACA — National Advisory Committee for Acronauties: NLRB — National Labor Rela tions Board: NRPB — National Resources Plan- ning Board; NWLB .- National War Labor Boata; NYA'— National Youth Administration; OAWA — Office for agriculture! War Rela- tions; OCD ~- Office of Civilian Defense; ODT — Office of Defense Transportation; OFM — for Emergency Managemen; 'TOGR — vf Government Reports; OLLA — of Hie of Lend- Lease Administration; OOC — Office of Censorshin; OPA — Offiee of Price Administration; OSRD — Office of Price Ad- ministration; OSRD — Office of Scientific Research end Development: OWL — Office ot War Information — PBA “Public Buildings Administration: PRA — Public Reads Admi- nistration; PWA ~~ Public Works Adiminstra~ tion; REA — Rural Blectrification Administra tion; RFC ~- Reconstruction Finance Corpo: retion; RRB — Railroad Retirement Board: RRC — Rubber Reserve Company: SCS — Soll Conservation Service; SEC — Securities and Exchange Commission; SMA — Surplus Mar- keting Administration: SSB — Social Security Board; S88 — Selective Service System: TVA \— "Tennessee Valley Authority; USA — United States Army; USCG — United States Coats Guard; USDA’ — United States Depart ment of Agriculture; USES — United States Employment Service; USHA — United States Housing Authority; USN United States Navy; USMC — United States Marine Corps: USO ‘— United Service Organizations; WCB — War Communications Board; WPA Work Pro- jects Adiminstration; WPB — War Production Board. x Academia de Cultura Guarani Segundo comunicacéo recente vinda do Paragual, £01 fundada, em novembro do ano Tindo, em Assuncio, capital daquele pais, a Acacémiz de Cultura Guarni. A_atunedo’ programatica da nova entidade cultural esta consubstanciada nos seguintes pontos: Provar que os antigos povos guarani-tupis haviam chegado a novavel elevacao cultural e que, no periodo da conquista ‘essanhola, se encontravam em plena civilizagéo agricola que, em grande proporeso, Intiwu na situacao atual; que os guarani-tupls do Parsgual, Brasil e Argentina constitulam wma absolute unidade étnica,-linguistioa e cultural; que as Iinguss nativas da América sto fatores de civilizacao @ foram parte integrante dos povws’ autocto- nes deste continente; gue 0 cultive do idioma quarsni e seu ensing clentitico é necessario e deve ser felto orfelalmente nao s6 para evitar que a lingua genuinamente nacional do Para~ gunt sea corrompida, como para impedir que @e perturbe a pureze do idioma espanhol: ¢ que 0 folelore, as artes e os costumes dos indl~ genas silo preciosas fontes de mvestigacao histérica, social e econémica. Em setembro de 1913 haverd o X Congreso Brasileiro de Geogratia em Belém, canstal do Estado do Pari, sob 0 patrocinio do Consetho Nacional de Geografia. Empreste sua solidariedade, aderindo do congresso e apresentando sua tese. Opinides Brasil — expoente da ciéneia geogratica © professor colombiano Humurrro A. Ro- sues, de Santa Marta, em carta dirlgida recen- temente & directo da Revista Brasileira de Geoorajia, manifestou a opinifo de que o Brasil ‘sendo um grande expoente da_ciéncia Reourdfica esté predestinado a “desempenhar nesta época de obnubilacdo intelectual da Europa, a mesma tarefa que desemprnharam @ Peninsula Tbérica, 2 Alemanhe, a Franca a Inglaterra no século passado e no principio do séeulo presente. A {inion cosa ove ha hoje a lamentar nos novos hisnano- amerfeanos — disse 0 professor Ronrss, ainda em sua carta — 6 9 excecl~ mento ‘nretdicial e lamentével da grande Iin- gua de Cam6zs. esauecimento éste que nos trou- xe como consediiéncia, a desconhecimento quase comnieto de um dos ‘naises oue esta chamado a desempenhat um importente panel ne ciclo cultural aue Ihe corresponde na América. Terminou 0 intelectual colombiane_ por fazer onortuna suvestio sobre o ensino oficial a Imeua portuguésa na América. “Ondo vantsioso seria para a Amérlen es- panhole e a anglo-saxénica encorporar 20 seu provrama de ensina secundaria 6 estudo do idioma portugués, para aue a fuventude da Améries tenha nlenn conheclmento d= cuanto yale o Brasil, como forca ativa, clentifiea e in- telectual no’ conceito das nacées americanas. A encorporacséo do portugués nos progra- mas de ensino secundario, em toda a América, finaliza o missivista seria’ wm dos passos mals avenrados de transcendéncia cultural cue po- derfamos dar nesta, 6noea, de fraternidere ame- rier. Os ouage onarenta e olen milhses de brasileiros tém direito A integracho da cultura omeriesna gerql, da. maneira mals efetiva e isco 56 pode ser levado a enho de u'a maneira rinida, encornorando-se 0 portugués as linguas viva que os Jovens americanos aprendem”. x A beleza de um gesto 4 Noticla, que se edita nesta capital, ao comentar em’ um dos seus tépicos o gesto do embalxador Macevo Soares que, na gualidade de presidente pernétuo do Institute Histérico e Geogriticn Brasileiro, mandou adquirir, em nome do sodalicio que ‘preside, a verpetuidad> do timulo em ane se acha sepnltado 0 satdoro € ilustre gedgrafo brasileiro Teovono Samparo, assim so expressou: “Realmente Trovoro Sasparo fot notével na realizagic de sues obras. Varios Estados do Brasil sentiram os beneficios da sua infatl- gavel capactdade de trabalho e Sto Paulo Ihe deve, particularmente, assinalados servicos no setor das aguas e esgotos, cuja réde remodelou, estendendo novas, cue ainda hoje asseguram 2 bela metropole ‘perfeito abastecimento e es~ coamento. O que. entretanto, mais comove nesse simples registro de uma deliberacio, 6 0 gesto do eminente embalxador Macrno Scares, = Nesta hora de sombrias conjecturas pre- Paradas as nossas enersias materais e aler- tados 0s espinitos, & grato e oportuno reme- morar a vida e a obra de grandes brasileitos © eminente diplomata, 2 quem devemos tanto © a quem 2 propria América deve grande parte da paz que desfruta neste hemisfério, n&o perdeu de vista o nome de um grande traba- Thador e agiu sem alardes, no siléncio digni- fleador dos grandes gestos. Adquirlu-ihe 0 ‘tiimulo. Poderia ter promovido outras, homena- gens com que muita vez se explora a morte de grandes homens. O Sr, Maco Soares preferlu Assegurar aos despojas de TEODORO SamPalo a morada final definitiva. Que meditem todos sobre a grandeza e a beleza desta atitude. * © poveamento do Brasil © servico de estatfstica do Instituto Bra~ sileiro de Geogratia © Estatistica, — eccreveu recentomente 0 Sr. ANGIONE Costa — est pro~ porcionando com ‘regularidade ao povo brasi- leiro 0 conhecimento de aspectos da nossa vida que, anteriormente, 6 conheciamos parcial- mente, fornecidos por um ou outro Estado, gomo ‘Sio Paulo, que dispunham de departa- Tentos especializados ¢, por 1ss0 mesmo, nfo podiam der ao pais informacdes de coniunto. Agora, Oste prejuizo desapareceu diante da reallvacio levada a efelto pelo _embaixador José Cantos Dr Maczoo Soares, servido pela capacidade técnica do Sr. Teixeira pe Prerras. FE é pelos estudos plenamente realizados por essa escola, que os brasiletros podem hoje ter uma orientacéo segura sobre as questdes de estatistica € povoamento, que sio das mals tm- portantes para imprimir diretrizes certas & vida de uma nacionalidade. © problema do povoamento, por exemplo, fol hé pouco discutido num artigo, com segu- ranca_¢ patriotismo, por um dos’ formadores desse team, 0 Sr. FEeNANDO MIBIELE DE CARVALHO, em publicacio felta na Revista Brasileira dé Estatfstica, artigo que merece ser comentado pelas afirmacées que ali se fazem. Nao desco- nhece 0 articulista, 0 esforco atie 03 nostos governos t¢m felto para incrementar a popu- Taco. brasiletza, mas coloca-se no ponto de vista. em que hé muitos anos mo mantenho pelas colunas de A Gazeta, de que a populacko do nosso pais no pode ficar & merce do cres~ elmento vogetstivo. © Brasil, como tenho oscrito muitas vézes, 6 um continente despovosdo, que se mantésti Gespovoado numa hora em que h povos habeis sofrendo da angustia do espaco para realizar sua expansdo. Nio se segue que abramos nossas fronteiras a essa invas4o, mas tudo nos acon- selha a que facamos n63 mesmos, pela nossa iniciativa’ © pelos nossos recursos, 0 povoa- mento do pais. Deixd-lo como esté,'é que nio: antes devemos vollar & organizacéo do povea- mento intensivo, contratando 0 emigrante, 1o- eallzando-o ¢ fornecendo-Ihes as primeiras’ins~ talacdes, de maneita que éle possa flear a co- berto dé necessidades até as primetras colhel- Este “Roletim” compromete-se_a registar os livros, as revistas e os mapas que sejam enviados ao Conselho Nacional de Geozrafia, bem como a fazer comentarios e notas sobre as eontribuigoes merecedoras de noticia destacada. e 32 BOLETIM DO CONSELHO tas, mes para isso, fornecendo-the_assisténcia médica e escolar, casa, terzas anivels e instru gmentos mecinioos para trabalhé-la. Os emigrantes que nos servem, nés ji sa- bemos onde estio. Primelro o portugués, que € nosso irm&o mais velho, depois o espanbol, que ¢ parente afim e, logo’ apés 0 italiano, que tem provado tao bem, aqui, nos Estados ‘Uni- dos, ¢ em todos os pafses novos onde fol levado a trabalhar, Nao se argumente com o fascismo para repudiar o colono italiano.O fascismo 6 uma coceira brava, uma sarna que esta pas- sando e nao delxard nem na epiderme sinal dos males que, na sua fase aguda, produziz. Musson & um epis6dio do tim trigico-cari- cato que cedo o mundo esquecerd. Néo tem forea, para derrogar as grandes qualidades do hhomem italiano. Nao pode ser invocado para impedir-nos de receber os remanescentes pe- ninsulares, que procurem refazer sua vida no solo da Bberdade. ‘Tudo est4 em sermon nds quem tome a iniciativa de tudo, para darmos major contingente humano as ‘terras impro- dutivas por falta de bragos, que formam dois tergos da extensio territorial do pais. Temos hoje precisamente no Instituto Brasileiro de Geografin e Estatfstica 0 6rgio que deve ser 0 coordenador déstes servicos, Eficiente pelo conjunto dos seus homens e pela maneira pela qual tem sapido agir, aquele ins- tituto poderia ser o Srgéo especializado para a realizacio dessa grande obra retardada sem a qual nfo haveré ‘um grande Brasil; 0 povo- amento do deserto que séo os nossos sertdes, Nao sel porque, mas tenho a convierho de que @sses homens saberiam acertar a mao. * Estudos geograticos © Brasil, — afirmou, em recente artigo, 0 Sr. Sousa Brasi — tinha uma grande divida consigo mesmo. A de nfo haver inerementado © estudo da sua propria geogratia. Nossos pro- gramas de ensino preocupavam-se, em dema~ Sia, com aspectos exteriores e que, via de Te- @rs, pouco interésse tinbam para com a nossa vida. Além disso, os estudos de geografia eram perfunctoriasente enearados, pois, da reforma Campos, em dois anos, estudava-se toda 2 geografin geal e do Brasli. Reserva-ce Para o Guinto ano de gindsto o conhecimento da ‘cosmografia, sempre ministrada de afoza— dilho e superficialmente. Nao se pode negar que a reforma Campos dou sos estudos geograficos uma grande am- Diiaglio, programando-os em todas as cinco séries do curso secundirio fundamental e dan- do varias ¢ importantes especialidades geo- gréficas em algumas secc6es didaticas do curso secundarlo complementar. ‘A atual lei omg&nica do ensino secundario nio revogou o que havia de bom na reforma Campos. Em se tratando da. geografia, por exemplo, tanto a geral como a do Brasil muito Iucraram com a nova seriacéo. Assim no curso Einasial, antigo fundamental do decreto 21 241, 8 geografia geral 6 ministrada nas 18 e 2.0 62 Hes, cabendo i fgeografia do. Brasil os dois ultimos anos do citado curso, Nos cursos cole- giais, substitutos do antigo complementar, tans to no curriculo classico como no. cientifico, bem aquinhoada esta a geografia. No curricula Gléssico, 6 q mesma onsinada nas suas duas primeiras séries, reservando-se a. terceira e Ultima, para a geogratin do Brasil. No curso clentifico, também € seguida a mésma.setiaa a0. Como se vé. os altos poderes do Estado bem ‘compreendem a necessidade de haver ‘no Brasil, uma sie verdadeira mentalidade goo NACIONAL DE GEOGRAFIA Nos. priméraios_da_Repdblica, uma indluéneia filosifiea f02 com que pro= rissemos resolver os problemas da super estrutura social sem euidarmos, primeiramente, de solidificar a estrutura econdmica do. pais. Nesse tempo, era eomum louvar-se exogemdas mente a terra e detrstar-se o homem, como se ésse nflo fosse, cm g-ande parte, uma’ conse qiiéneia do meio geogratico-histérieo. Nem mesmo Evcuves pa Cena, tazends 0 clowio do sertanejo, por ele bem anrecluda in-loco, con seguiu desvanecer 9 impressda de que a terra er boa eo homem ruim. Os apoucados estudos geogréificos de en- to, quase todos vazadcs no velho metodo des- critivo, faziam com que os essuciosos das nos- sas cousas olhassem para o Brasil através dum prisma deturpador e inveridico. O- primelzo asso para um melhor conhecimento da nossa corogratia foi a fundacéo da Sovicdade de Geo giafla do Rio de Janeiro. Seus debates, Sua sessées de estudos, retinindo o que de melhor hevin no setor veozrifirs, deterpiinarain varias © originals interpretagbes da nossa geoprafia Tegional, antes tao maibaratada. Coneresiaando ses empreendimentos, quis a benemerita en= tidade realizar varios 6 importantes conzrsscos de geografia, sempre em lugares diferentes do nosso territério, O ultimo deles, reunido em Santa Catarina, constituiu espericulo mesaue- civel a quantos tiveram a ventura de la estar Mas, 0 Indo disso, temos que reconhecer que 2 Sociedade de Gtourafia do Rio de Ja~ neiro € uma entidade privada, sem, por con- seguinte, dispor do prestizio © dos meios que aureclam as colegiadas pilblicas. Necessario era, vor so_mesmo, que 0 go- yérno tomasse a Si o patriétieo my us de es- simular, sistematizar e coordenar vs estudos goograticos, Iibertando-os do cunho. didatieo tao do nosso agrado. Fara isso, erlou "pres! dente Gertito Vaxcas 0 Instituto Brasteiro de Geografia © Estatistica, entregando-o a Macro Soanss, a Lurre ve Casto e a Trixvtna oe PRI as, figuras de escol que figoram daquela casa 2 magna assembléia dos estudos estatisticos ¢ weogrifleos do Brasil Dispensamo-nos de falar, pormenorizada- mente, nos grandes trabathos empreendidos pelo Instituto Brasileiro de Geozratia e statistics © pelas suas duas abnogadis alas. Queremos, hoje, registar, com aplausos, mais uma iniclas tiva désse memoravel censeuto Inaugurou-se, com brilho, primeira das sess6es pitblicas promovida pelo Cons-lho Na- clonal de Geografia. Nessas sessées terio higar estudos, comentarios ¢ comunicacées, desen- volvendo, também, em témo dos temas apres. Sentados, tertiilias cientificamente orientadas, Desnecessario frisar a reperenss’o © a im= port&neia de tais debates, pars um melhor co- hhecimento e seguro aperféicamento da nossa eeografia, Serfio os mesmos superintendidos pelo pro- fessor Faancis Rurtuan, antigo eatecratics da Sorbonne ¢ atualmente exereendo o magistério na Faculdade Nacional ie Filosofia da Univer sidade do Brasil. Parece-nos que a simples mencio da entidade e fo nome do orientador Gispensa maiores comenuirios, alias plenamente Justificados pelo sucesso da ‘sessio inaugur Queremos, apenas, como dever sagrado. repistar mais ésse acontecimento, como meritério ser~ vigo prestado 20 Brasil ¢ aos brasileiros pelo be. nemérito Imetituto Braslleiry de Geogratia’ € Estatistica * OPINIGES 33 Documentacio bibliogrifica do Conselho Nacional de Geografia © eseritor CLovis pe Gusocio, autor do livro Rondon, que vem obtendo grande sucesso em todos os centros culturais do pais, tem em pre- Paro um livro sébre o rio Amazonas, no qual faz um estudo completo em térno da missio Givilizadora do nosso grande rio, apoiado em valiosa_ bibliografia. ‘Tendo recobido um exemplar de um dos mi- moros da Revista Brasileira de Geograjia, dedi gaclo ao Amazonas, na carta que dirigitt 20 eng. Lerre Dr Castno, secretario geral doc. N. G., agredecendo 0 envio da aludida revista, assim se expressou 0 conhecido homem de letras sobre a documentagso bibliogratica do Conselho Na- clonal de Googretia: “Ao escrever esta, desejo assinalar a im- pressiio que me causaram os. trabalhos ue vém_sendo realizados pelo Conselho de que V. 8. 6 digno secretario geral. Ja conhecia outros nimeros da Revista, mas @ite me inte- ressou muito particularmente, Estou escre- ¥endo uma obra sObre.o rio Amazonas ea ble biiografia divuleada pela Revista me. revelou ume dezena de livros que eu nao conhecia aln~ da, bem como a existéncia af de outros que ew em vio havia procurado na Biblioteca Na~ cional e na do Instituto Histérico. A rica hemeroteca do Conselho, por outro lado, me permitiu encontrar devidamente clas. sifleados muitos trabalhos preclosos publicados em jornais e revistas e déste modo quase Im- possiveis de ser encontrado, Ao. Iniciar as Pesuuisas para o meu futuro livro ett havis feito também uma larg: bibliografla sobre. 0 mesmo assunto. Mas de" confessar que a exis= tente no Cxnsetho muito me ajudou, princt- palmente na parte mais recente da historia”. * Mudanca de nomes geogrificos A origem das denominacées dadas 9 ctda- des, vilas e povoacdes ¢ um tema que tltima- mente vem ‘sendo gstudado com certo inte- résse. Procura-se saber as raz6es quo influfram 9U_ determinaram 0 nome escolhido, redun- dando ésse esférco para ym melhor ‘conheci- mento da nossa geografia, Focalizando o aspecto Jurioso da_denomi- nacilo, em alguns casos % sua excentriciaade, combatendo mudaneas, ou tendo em conta ape- nas a origem dos nomes, os estudiosos difun- dem um assunto geografico e contribuem, des- ta maneire, para a sua maior divulgacdo, Em artigo publicado na A Tarde, da cidade do Salvador, sob a opigrafe “Nomes geogré- ficos”, 0 Sr. ANTONto Osmar Gomes poe cm Gestadue o “uso e abuso”, que se est& notando Ultimamente, “do erudito’ sufixo grego” “polis” na mudanga de nomes de cidades, Intcia assim o seu trabalho: “Como os nomes de ruas, os nomes de lugares, povoasses, viluy e cidades, no Brasil, apresen= tam @ sua maior parte, as mais curiosas e tn teressantes variedades, ‘algumas até, realmente extravagantes. Enumerd-los todos, em particular, seria tradatho ndo s6 de muita paciéncia, como sobretudo, de muito {olego, propdsito que néo temos nestes breves € mais ou menos super ficiais comentérios Tais nomes, em geral, ao serem consignados e consagrados, ‘depois, pelo tempo e pelo uso, obedeceram de principios, a razdes bastante ponderdveis, baseadas na tradicdo de um acon— tecimento da histéria, de uma vida mareante ou de um acidente topogrdjico, caracteristico, ordindriamente de identificacdo mais plebdéia do que erudita, Assim € que se contam rérias localidades cghamadas VITORIA, e até mesmo uma capital de Estado, tédas, certamente, pelo motivo his- torico de’ guerras ou vatalhas ali ganhas ou, entao, travadas em tais Iugares, que, por to, vieram a ser, mais tarde, habitados, tornando- se nticleos populosos”. Refere-se, depois, o Sr. AnrONr0 Osacan Gomes as localidades que tém nomes de pes- soas e de santos da Igrefa, nomes tndigenas, ete. a ésse respeito diz éle 0 seguinte: “ainda e em grande nimero, hd os nomes in- digenas, estes, a nosso ver, muito significativos e muito brasileiros. Por eemplo, os que 340 formados pelo prefizo ITA, do tupt, apresen- tam variadissimas formas,’ tédas elas com @ sua propria razdo de ser. Sendo, vejamos — ITAPARICA, itha e cidade na Bala de Todos 03 Santos, que, segundo 0 sdbio TeovoRo San~ Pato, siginifiea “tapagem de pedra, ow _oérea feita de pedras”; ITAPECERICA, ‘cidade de Minas Gerais, significando “laje ‘escorregadia, ow a penha lisa”; ITAPORANGA, em Sergipe € em Sao Paulo, com a significacdo de “pedra bonita”; ITAQUT, cidade gaticha, que quer dizer “a pedra agueada, @ pedra de amolar”; € também outras com outras tantas raizes ‘na Unguagem dos nossos indigenas. Citemos mais, entre muitas, ARACAJU, a moderna capital sergipana, que TEoDoRO Sampato consignou .co- mo significando, brasileiramenie, “o cafueiro dos papagaios";'e ARACATL, a conhecida ci- dade cearense,” traduzindo-se’ em "0 vento de maresia”; ¢ ATIBAIA, em Sdo Paulo, com a doce significacdo de “pomar sauddvel”; @ PA- RANAGUA’, cidade e porto do Parand, que se traduz” 0 seio de mar”; e mesmo PARANA’ — "9 que & semelhante ao mar”. A propésito das mudangas das denomina- Ges assim conclue o seu artigo: “Ora, houve em certo tempo uma tendéncia muito jorte de se mudarem os nomes vernd- culos de inimeras de nossas cidades e vilas, para os seus equivalentes indigenas. Era ume forma ingénua de se fazer nacionalismo. ‘Muitos, realmente, foram mudados e pegaram, ficando até hofe, Foi assim que na Baia, para ndo nos esti- rarmos citando outros Estados, se fiacram va- vias mudancas dessa espécie, em muitas loca~ Hdades. A Paimeiras deu-se’ 0 novo nome de INDAIA', que identifica mesmo uma palmeira daquela’ regiao; a Pedra Branca — ITAMO- TINGA, de significado igual; a Barro Verme- tie —"IBIPITANGA, que € 0 mesmo; @ Espera Anta, 0 correspondente em tupt'— TAPI- RAMUTA’; e, assim, muitos outros, mais ow menos apropriados, “mas que, de certo modo foram, geratmente, bem aceités. 0’ contrario, porém, é que nunca se_po- deré, em dou. razdo, justificar; queremos dizer = trocar-se um nome indigena, ja tradicional © secular, por um outro alientgena, esdrtizulo, absoluiamente inaceitdvel. Foi o caso. da su- gestdo manifestada por cérta autoridade local, ‘mas logo repelida por téda a populagdo da to” calidade, de ser trocada a denominagao velha e reveiha na antiga povoagdo, vila e hoje cidade Glngoana de PIASSABUGU, na margem esquerda do rio Sdo Francisco € @ duas léguas de sua {oz, pelo inezpressivo e até ridioulo nome de “Rizdpolis”. Segundo nos constou, a alegagao do proponente de tal estravagdncia era a de que ali, havendo plantagdes de arroz, bem se pode ria dar-ine 0 nome meio grego'e muito arre- vezado significando “cidade do arroz”, Feliz~ mente, a autoridade recuou no seu descabido propésito, ¢ id ficou mesmo PIASSABUGU, que ‘Teovono SamParo dé com a traduedo ae.“porto grande, ancoradouro amplo”, e onde de fato esiste um ancoradouro chamado pelo povo, de “porto grande”. —3— 34 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GHOGRAFIA * Os intelectuais brasileiros aplandem as campanhas geograficas As campanhas culturais langadas pelo Con- selho Nacional de Geografia téin sido recebidas com constantes e renovados aplausos por parte dos Inteleetuals brasileiros. © jornalista FraNxuN Saues, brilhante tn- telectual mineiro, compreendendo a magni~ tude de uma dessas nossas campanhas, — O Concurso de Monografins de Aspectos ‘Munt- cipais — em brilhante artigo da sua lavra sob © titulo “Uma tarefa patridtiea” teceu judi- closos comentarios sébre ésse empreendimento cultural cujo trabalho largamente trans- crito na imprensa do pais, constituindo ainda essa particularidade, outro motivo de alesria para os que integrim a ala gecgrafica do I BG. Ss. © movimento de curiosidade que de algum tempo a esta parte, o Brasil vai despertando no estrangeiro, — eomecou por afirmar o arti- eutista — 6 um sintoma ausvicioro. Nao se fzata propriamente de turismo; nao 6 gdsto pelns Viagens, pela simples euriosidade de ver terms estranhas, pelo prazer de conhecer mun- dos estranhos. O- estrangeiro gue sporta 90 Brasil, nfo traz a inquietacto do globetrotter que se satisfaz com ume olhadela abrangente © ums répida impressio, Indo adiante, cum- prindo a sua _missio ambulatéria. O' nosso caso 6 diferente: a malorin dos nossos visi- tantes nunca desembarea em nossa terra de navios cruzeiros com dia marcado para zar- parem de volta. A viagem @ sempre a. resul- tante de um plano preconcebido e se faz em perfodo de férias, O estrangeiro desembarea @ comeca a olhar, 9 querer ver, 8 admizar a terra boa ea gente amivel. Vala Sao Paulo ¢ se extasia diante do trabalho admiravel dos paulistas, nas suas Indtistrias, no seu coméreio, no ‘oceano verde de seus’ cafezais Vem a Mines. relicario das tradicées de uma terra omulenta no passado que trabatha no presente para continuacéo de sua grandeza, Em Ouro Preto, evoca as origens de nossos an- seios do Iberdade e escuta ressoando ainda pelas encostas daqueles morros clroundantes 0 murmitio lamentoso das liras de Gonzaga: em Santa Luzia, revé. na historia de 42, afl: gure glorioza do soldado brasileiro, na lem= branca tutelar de Caxias e ouve, ainda Id, 0 clamor da rebeldia, “pela reiv.ndicacbes "do direito do povo. E olhando o Rio das Velhas, debrnando. 1 em baixo, as fraldas da_ cidade © estrangetro val saber que, caido as suas margens, — “A feiedo de um tronce derribado”, fol que FrrNio Dias —o plantador de cidades = morreu sonhando 0 sonho verde das esme- roldas: cm Sabara, no barroco. das. igreins, etharé com temnura para os santos boche- ehvdos do artista mutilado e vendo as colunas retore'das. os altos relevos em flores estranhas, 25 imagens dos santos e profetas, sentir’ pal- pitendo em trdo aquilo 9 anszio genial da. ignornela erladora. Entretanto, — fingliza o Sr. Franxew Saurs — 0 Brasil nao € apenas o Rio, S40 Paulo © Minas Gerafs. © Brasil & ésse imenso terri tori, ave se alargs © 57 estende nor alto mi AnGes, quinhentos e€ onze mil quilémetros qua- drados, abrindo-se os olhos estrangelros. em ernfriés maenificos, que 0 proprio brasileiro nso conhece bem. Mas, Jé @ tompo de conhe- ce-lo. E é isso. justamente, que est promo- vendo 6 Conselho Nacional ‘de Geogratia, ins tituindo um concurso de monografies muni- BR se pre sar de alruma injormacio sdbre a geografia do Brasil, dirik cinais em todo o pals. E assim, o estrangeiro que ja tiver visto um pedaco apenas do Brasil, temendo que o tempo the roube da meméria a visio encantadora do que vit e querendo ainda ver 2 terra intelra, na sua expressio integral e legitima, tera um lvro nacional, verdadeira has suas afirmacoes evitando assim os dislates dos compéndios infiéis”, « Exploracéo cientifica no Nordeste © Nordeste brasileiro, sobretudo na. faixa do seu alto sertio, — ekpressou-se A Manhd desta capital — 6, 'talvez, gracas ao particula~ rismo do melo fisico e humano, um dos maio- res campos para estudo clentifico, de fundo meteorologico, demogrético ¢ biolégleo em geral A. prdpria anormalidady climitiea, a sin- gularidade do regime pluvial, e a influéneia do meio Tlorestal e mesoldzico s6bre o ambiente humeno. serlam magnificos problemas a serem focalizados in loco, & luz da realidade cienti- fica, conjugada A ocorrencia dos fatos A_tese da persisténcla da protifictdsde do nordestino. a despeito da deficiéncia do seu regime alimentar: as caracteristieas _psicolo- gicas de firmeza, de corugem, de iniclativa e de ambicdo, reveiadas pela pobulacdo remional, nfo obstante os vrios fatores negativos dé carter Reoarafico ou etnolésico, tudo issn, acreseido dos particularismos econémicas es clais, constituiria uma vasta esfera de acdc, facuitada a pesquisas de tal natureza, © exame da revelacdo de altos valores hi monos, sob varios aspectos, naquele ambiente 19 despadronizado de recursos nutritives, ser! também ums fonte de estudos comparativos de exeepelonal »esnee, Outro dominto em. oe. na esfera propriamente comparativa, a clénela nacional encontraria, no Nordeste," um vasto melo de investigardo, serla no dos costume: trodiedes ¢ usos populares. Neste terreno, como seria Ilustrative por exemplo. 0 eonfranto ds dados colhidos naguela regifo prépriamente aits, com os dados do norte, dn contro ~ a0 sul do pais! Quanta luz nio’poderia ser felta em muitos pontos obseuros do nosso mimo historfovrafico. se tentéssemos ume. incttesso por aqueles dominios! Fi pena aue o Brasil, to fecundo no sev esnirito de solidariedade associativa, j& ha- vendo Institwido tantas assoclacbes de letras ou de finalidades intelectuais, nfo tenha, a da _congregado os valores que’ possue, e dus s lignm. ‘ao conhecmento de assuntos de. pura brasilidads, para, através de uma onganizacao de pesquisas, tentarem o estudo dos probie- mgs fundamentals que acabamos ie apontar, EY verdade que _o Instituto Brasileiro de Goografia © Estatistios, favorecido pelo Estado Novo, muito tem feito para lancar as bass de wma organizacio que venha, de future, a servir ds apoio & realigacio que venha de tho alto objetivo. De um modo imediato, ainda se ressente. porém, o Brasil, de um estabeleei- mento de altos ésttdos cue, abrantend? a cota Tidade dos assuntos de eardter social, penetre, Ge fundo os recanditos do nasco massed, Teves tendo-o8 em toda sua sutenticidad?, Porque néo tentarem lembrar — A Manha — os verdedetrns homens de eulbura do pals, como concurs, que de certo nfo Ihe faltaria, do pré- prio Insfituto Brasileiro de Geografla’ e Esta- tistiea, dar corpo a essa iniciativa, to rlea de sugestoes? ¢ a0 Conselho Na- cional de Geosrafia, que o atenders prontamente — se a consulta nao for de carater sigiloso, Contribuigao didatica Divisio regional do Brasil __A moderna metodologia geografica preceitua que o estudo dum pais seja feito pelas suas regides naturais, caracterizada cada qual por certos aspectos gerais dominantes que, por conseguinte, distinguem nitidamente uma das outras. Jé em 1843, 0 grande Martius fazia notar que “deviam ser tratadas conjun- tamente aquelas porcées do pais que, por analogia da sua natureza fisica, per- tencem umas 4s outras”. Outros mestres, como ANDRE Resougas, Eutsis REcLUS e Sar Aut, procuram fazer 0 estudo da geogratia do Brasil por meio duma divisao regional bem esclarecida. Mas 0 erisino da nossa geografia continuou ainda por muito tempo a ser feito por unidades politicas isoladas. A grande repercussio que teve o aparecimento, em 1913, da Geografia do Brasil, do professor Detcao De Carvatno, apressou a evoluedo e, dez anos mais tarde, os programas de ensino secundario, elaborados pelos professores FERNANDO RaJa Gavactra e HonOrio SILvESIRE, adotaram a divisdo proposta por aquele didata, assim estabelecida: I — Brasil Setentrional (Acre, Amazonas e Para) ; II — Brasil Norte-Oriental (Maranhao), Piaui, Ceara, Rio Grando Norte, Paraiba, Pernambuco e Alagoas) ; II — Brasil Oriental (Sergipe, Baia, Espirito Santo, Rio de Janeiro, Dis- trito Federal e Minas Gerais) ; Iv — Brasil Ln (Sao Paulo, Parand, Santa Catarina e Rio Grande do Sub; Vv — Brasil Central (Goiaz e Mato Grosso) ; Essa divisiio, que considera grupos de unidades politicas, nfo é certa- mente feita segundo as regides naturais, rigorosamente, pois as divisas das unidades politicas resultam duma evolugao histérica e, como tal, ndo coincidem, sendo excepcionalmente, com os limites naturais. Uma divisdo para fins dida- ticos estatisticos ou administrativos exige, contudo, que as unidades politica sejam conservadas por inteiro e somente uma divisio com finalidades pura- mente cientificas pode conservar rigorosamente as regides naturais. O pro- blema de ordem pratica consiste, portanto, em formar grupos de unidades politicas, os quais se aproximem o mais possivel das regides naturais cienti- ficamente consideradas. No tocante 4 divisio regional, havia no nosso pais até 1942, uma situacado de verdadeira desordem, tal a disparidade das divisdes praticas propostas por varios autores ou adotadas pelas reparticdes oficiais. Entre estas cumpre des- tacar aquela ja referida divisao adotada no ensino secundario, a que vinha sendo usada no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica e a elaborada pelo Con- selho Técnico de Economia e Finangas, todas essas trés, comparadas wna a outra, agrupando as unidades politicas de modo inteiramente diverso. Ora, para que uma divisao regional, do ponto de vista pratico, tenha utilidade, é indispensavel que seja considerada tnica, isto é, adotada por todos, sem o que os dados apre- sentados pelas regides nao se tornam compardveis, quando estudadas sob va- rios aspectos estabelecendo désse modo, certa confusao aos professores e estu- diosos. Atendendo aos apelos de varios estudiosos da geografia do Brasil, resolveu © Diretorio Central do Conselho Nacional de Geografia, em fins de 1940, atri- buir ao Servigo de Geografia e Estatistica Fisiografica, orgao executivo central 26 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA do Conselho, o encargo de realizar um estudo s6bre o estabelecimento duma divisio regional do Brasil que apresentasse condigdes satisfatérias para ado- eao geral. Pelo diretor désse Servico foi distribuida tal tarefa & Secc&o de Estudos Geograficos. Feitos os necessirios estudos a respeito da necessidade da fixagio duma divisdio tnica, sdbre o conceito de regido natural e examinadas as divisoes regio- nais propostas por diversos autores, concluiu o professor FABI0 MACEDO SOARES Gumuarigs chefe da referida Seceao, em parecer elaborado, pela preferéncia & divisio da autoria do professor DrLcapo DE CaRvaLHo, entdo adotada pelo ensino secundario de geografia.* - A preferéncia por tal divisio fundamentou-se no fato de ser a mesma aquela que mais se aproxima duma diviséo em regides naturais, caracterizadas por fatos do dominio da geografia fisica. Aprovado pelo Diretério Central em reiiniao de 3 de fevereiro de 1941, serviu ésse parecer de base a um projeto de resolucio que foi apresentado 4 Assembléia Geral do Conselho Nacional de Geografia, retinida em julho seguinte. Durante a discusséo do projeto, foram examinadas sugestées valiosas, de parte de emi- nentes gedgrafos brasileiros, como sejam os professores EVERARDO BACKHEUSER, DeL.cavo Dr CARVALHO, FERNANDO Raga Gapaciia e outros. Os debates versaram. especialmente, s6bre a consideracdo de Maranhao e Piaui, duma parte, e de Sergipe e Baia, de outra, como regides distintas. Pela resolucéo n.° 72, de 14 de julho de 1941, aprovada unAnimemente pela Assembléia, ficou mantida a diviséo em cinco grandes regides, conforme o pro- jeto original modificadas porém as suas denominacées e subdivididas as regides Nordeste e Leste em duas partes cada uma. Tal subdivisio teve em mira atender as caracteristicas peculiares aos Estados de Maranhdo e Piaui e também aos de Sergipe e Baia. E’ a seguinte a resolucdo: Resolucio n.° 72, de 14 de julho de 1941 Fiza 0 quadro de divisdo regional do Brasil, para fins praticos, promove a sua adocdo pela Estatistica Brasileira e dé outras providéncias. atribuicdes; Considerando que a divisio do Brasil adotada pela Estatistica Brasileira, necessita de revisi fornem mais consenténeas com as caracteristicas geograficas naturals, de con. formidade com os mais recentes conhecimentos do territério nacional: Considerando que a fixacéo de uma divisio regional deve ser fundada em cuidadosos estudos geograficos em que se tomem na devida consideracio os fatores da geografia fisica e da geografia fhumana, de maneira que se agrupem elementos territoriais homogéneos; em regides, tal como é presentemente e atualizacéo que as Considerando que a divisio regional do refletir as condigées do meio ambiente; é Considerando, porém, que, para atender as conveniéncias praticas, ha neces- sidade de reduzir-se o miimero das regides territoriais do pais, ¢, ao mesmo tempo, de nao se desmembrar qualquer unidade federada; Considerando a vantagem inestimavel, lizar a maneira uniforme a de qualquer natureza; pais é tanto mais til quanto melhor , para a administracdo, de se genera~ le se proceder a pesquisas e a trabalhos geograficos * Ver Rev, Brasileira de Geograyia, ano 3, n.° 2. CONTRIEUICAO DIDATICA 37 Considerando 0 apélo formulado pela Junta Executiva Central do Conselho Nacional de Estatistica em sua resolueao n° 108, de 21 de marco de 1941, no sentido de ser apresentada uma proposta de divistio regional que permita a solucdo definitiva déste assunto sob o ponto de vista pratico; Considerando, enfim, que 0 IX Congresso Brasileiro de Geografia solicitou encarecidamente ao Conselho que promovesse, sob sua orientacdo, estudos sobre a delimitacao cientifica das regides naturais do Brasil, dentre os quais avulta a pesquisa acérea da fisionomia do territdrio nacional, principalmente em re- lagao & sua flora; Resolve: Art. 1.9 — So estabelecidas como normas gerais para a fixacéio dum quadro de divis&io regional do Brasil, destinada a utilizacdo praticas, as seguintes: a) Agrupamento de unidades federadas realmente ligadas por ocorréncias geograficas dominantes e caracteristicas, e que apresentem aspectos comuns formadores de conjuntos peculiares; b) Indivisibilidade de qualquer unidade componente, de maneira que seja localizada na regido em que apareca preponderantemente; c) Fixagio de um ntimero reduzido de regées para se efetuar a divisio. Art. 2° — Fica fixado, para fins praticos e uso dos érgdos do Conselho Nacional de Geografia, 0 segulinte quadro de: Di fio regional do Brasil 12 — Regido Norte, com o Territério do Acre e os Estados do Amazonas e Para; 2.8 — Regido Nordeste, compreendendo duas partes; o Nordeste Ocidental, com os Estados do Maranhao e Piaui; e o Nordeste Oriental, com os Estados do Ceara, Rio Grande do Norte, Paraiba, Pernambuco e Alagoas; 3.8 — Regido Leste, compreendendo duas partes: 0 Leste Setentrional, com os Estados de Sergipe e Baia; e o Leste Meridional com os Estados de Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal; 4° — Regio Sul, com os Estados de Sao Paulo, Parand, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; 5.2 — Regido Centro-Oeste, com os Estados de Goiaz e Mato Grosso. Art. 3.9 — Ao Conselho Nacional de Estatistica devera ser esta enviada com a solicitagéo de a examinar, afim de que seja também adotada na Estatistica Brasileira. Art. 4° — Adotado pelos Conselhos dirigentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica o quadro da divisio regional, providenciaré o presidente désse Instituto a sua generalizagéo em todo o pais, para o que promovera a expedicdo de atos do poder pilblico que se tornarem convenientes ou necessarios. Art. 5.9 — A Reparticéio Central do Conselho realizara estudos a respeito da delimitacdo das cinco grandes regides naturais do pais, determinando, para ésse fim, pesauisas e observacces locais, quer diretamente, quer mediante os Diretérios Regionais e Municipais do Conselho, por meio de inquéritos adequados, nos quais a flora sera observada de maneira especial. A divis&o regional aprovada foi ainda objeto de exame por parte da Assem- bléia Geral do Conselho Nacional de Estatistica, que determinou a sua adocio na Estatistica Brasileira, a partir de 1.9 de janeiro de 1942, por meio da se- guinte resolugao: 38 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA Resolucao n.° 225, de 26 de julho de 1941 Manitesta » aplauso do Conselho & nova divisdo regional do Brasil fixada pelo Conselho Nacional de Geografia e da outras providéncias a respeito. A Assembléia Geral do Conselho Nacional de Estatistica, usando das suas atribuicées, e, Considerando o que dispés a resolucdéo n° 108, da Junta Executiva Central, sobretudo na parte referente & conveniencia, para os interésses da administracio, em geral, e da estatistica, em particular, da uniformizacéo dos varios critérios ora prevalecentes quanto a diviséo regional do Brasi Considerando que a Assembléia Geral do Conselho Nacional de Geografia, tendo em vista 0 apélo formulado a ésse respeito pela Junta Executiva Central, fixou em sua resolue&o n° 72, de 14 de julho de 1941, 0 quadro de divisio regional do Brasil, para fins praticos, encarecendo ainda a sua adocio pelo sistema estatistico do pais; Considerando que, por outro lado, a referida Assembléia estabeleceu, em sua resolucéo n.° 77, de 17 de julho de 1941, as normas a que deverd obedecer a divisio regional das diversas unidades federadas, segundo critérios uniformes e obedientemente a principios de sistematizacdo e racionalidade; Resolve: Art. 1° — Fica adotada na Estatistica Brasileira, para prevalecer a partir de 1.° de janeiro de 1942, 0 hovo quadro de diviséo regional do pais, fixado pelo Conselho Nacional de Geografia na resolucéo n.° 72, de sua Assembléia Geral. Art. 2.° — © Conselho Nacional de Estatistica aplaude as normas estabele- cidas na resolueéo n.° 77, da mesma Assembléia, para a divisio regional das unidades federadas, segundo as particularidades ‘geograficas dos seus diversos municipios, e recomenda expressamente aos varios drgaos regionais do sistema sob sua jurisdic&o que, solidariamente com os orgaos da ala geografica, promo- vam os estudos e providéncias necessarlos & integral execugdo do que dispde a mesma resolucao n.° 77. Art. 3.° — E’ anexado a presente resolucio, para melhor conhecimento dos 6rgaos integrantes do sistema estatistico do Instituto, o texto das relacdes ns. 72 e T7 da Assembléia Geral do Conselho Nacional de Geografia. «,, P68 0 Pronunciamento dos dois Conselhos, dirigiu-se a presidéncia do Ins- tituto Brasileiro de Geograsia e Estatistica ao Sr. Presidente da Repiblica, sub- metendo & consideracio de Sua Exceléncia uma proposta, no sentido de ser generalizado o uso, pelos servigos publicos, da divisio regional adotada pelo Instituto. Levando em consideracio a proposta, o Sr. Presidente da Reptiblica deter- minou que féssem ouvidos os érg&os interessados, entre os quais o Conselho Técnico de Economia e Financas. &sse Conselho, que organizara em 1939 uma divisio do Brasil em “zonas geo-econémicas”, bem fundamentada quanto A atual situac&éo econémica do pais, resolveu, com grande desprendimento e ele- vado espirito de cooperacdo, adotar a mesma divisio regional que o Instituto, reconhecendo que uma divisio baseada em fatos da geografia fisica tem a vantagem de ser mais estavel. Assim devidamente considerado 0 assunto, resolveu o Sr. Presidente da Re- publica determinar que fésse adotada nos servigos ptblicos a divisio regional organizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, mandando ex- pedir a circular n.° 1, de 31 de janeiro ultimo, da Secretaria da Presidéncia da Republica. CONTRIBUIGAO DIDATICA 39 FE’ o seguinte o texto da circular, publicada no Didrio Oficial de 4 de feve- reiro désse ano: Circular N° 1/42 Senhor Ministro: © Excelentissimo Senhor Presidente da Reptblica, tendo presente sugestdo que Ihe apresentou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica, resolveu determinar que, para os trabalhos e estudos procedidos por ésse Ministério, nos quais ndo se imponha uma peculiar diviséo do territério nacional, se adote a organizada pelo referido Instituto, transcrita em seguida: I — Regido Norte: Territério do Acre e Estados do Amazonas e Pard; II — Regido Nordeste: dividida em duas partes: Nordeste Ocidental: Esta- dos do Maranhao e Piaui e Nordeste Oriental: Estados do Ceara, Rio Grande do Norte, Paraiba, Pernambuco e Alagoas; TI — Regido Leste: dividida em duas partes: Leste Setentrional. Estados de Sergipe e Baia e Leste Meridional: Estados de Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro e Distrito Federal; IV — Regidéo Sul: Estados de Sao Paulo, Parana, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; V — Regio Centro-Oeste: Estados de Goiaz e Mato Grosso. Aproveito o enséjo para apresentar a Vossa Exceléncia os meus protestos de e’evada consideracao e distinto apréco. Em 31 de janeiro de 1942. — Alberto de Andrade Queiroz, secretario da Presidéncia da Republica, interino. (Expedida a todos os Ministérios) . Abolida, portanto, de modo feliz, em 1942, a diversidade que anteriormente imperava quanto 4 diviséo regional do Brasil, com a adocao dum nico quadro regional, aceito pelos drgios interessados, torna-se necessdrio que todos os estu- diosos colaborem na sua difusao. Os professores de geografia, em especial, tem excelentes oportunidades de difundi-lo entre seus alunos, por éle orientando o en- sino da geografia patria. Convém notar-se que a atual divisio nfo difere, substancialmente, daquela que até 1942 fora usada nos programas oficiais do ensino secundario. As tmicas modificacées se referem As denominacdes e a sub-divisio de algumas regides, permanecendo sempre a divisio fundamental em 5 grandes regides: a) Em vez das antigas denominacées “Brasil Setentrional”, “Brasil Norte- Oriental”, ete., passam a ser empregadas as seguintes designacdes: Regiao Norte, Regio Nordeste, Regiiio Leste, Regido Sul e Regido Centro-Oeste. b), No estudo particular das regides Nordeste e Leste, devem ser considera- das duas sub-divisdes: 0 Nordeste sub-dividido em duas partes (Nordeste Oci- dental e Nordeste Oriental) e o Leste sub-dividido também em duas partes (Leste Setentrional e Leste Meridional) . A necessidade dessas sub-divisées impés-se pela situacio especial dos Estados de Maranhao e Piaui, dum lado, e de Sergipe e Baia, de outro, como zonas de transicéo. Embora tenham sido considerados como fazendo parte da grande regiao Nordeste, apresentam Maranhao e Piaui, alguns aspectos amazdnicos, além de outros que sao peculiares a essas duas unidades. Fato andlogo se dé em relacdo a Baia e Sergipe. Para certos estudos especiais, haverd, pois, vantagens em considerarem-se ésses dois grupos isoladamente. Ao serem agrupados pelas regides os dados re- fe:entes ao Brasil, os quadros estatisticos deverao considerar, além das totais referentes As regides Nordeste e Leste, sub-totais relativos &s partes em que as mesmas se subdividem, tal como se pode observar, por exemplo, no quadro anexo a éste comentario. As designacdes “Nordeste Ocidental”, “Nordeste Oriental”, etc., podem & primeira vista causar estranheza. 40 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA Convém, porém, notar-se que elas equivalem respectivamente, dum modo sintético, 4s expressdes: “parte ocidental do Nordeste”, “parte oriental do Nor- deste”, etc. O Conselho Nacional de Geografia ao divulgar na sece&o didatica do seu Boletim a “Divisio Regional do Brasil, aprovada para fins praticos e estatisticos, a qual foi elaborada sob sua responsabilidade, prontifica-se a atender as consul- tas de professores e estudantes da geografia do Brasil sdbre quaisquer pontos que lhes parecam necessarios aos seus estudos. Cartograma da divisao regional do Brasil para fins préticos, elavorada pelo Conselho Nacional de Geografia e aprovada pelo govérno federal. * © Servigo Contral de Decumentacko Geogrifica dy Consetho Nacional de Geografin 6 com= BE Hicio, ‘comprecndentdo Wiitlolecas Magotees Matai oN Corogratico, destinango-ce gste & guarda de documentos como sejam inéditos ¢ artigos de jornais -Envie a0 Conseliio qualguce documento que possuir sObre o territério brasileiro. CONTRIBUIGAO DIDATICA 4 Distribuigio da area do Brasil por Unidades Federadas e regides Argas pas Unrpapes Areas pas Recidss REGIOES ‘UNIDADES FEDERADAS —_— 2 %Fy do | %da . yo do xu Brasit | REG1xo a Bras Aeres esses aago27 | 1,74) 448 ‘Amazonas. 182597 | 21,46 | 54,72 Paré.... 1362966 | 16,01) 40,86 NORTE, 3.336990] 99,21 Maranbio. at6217| 407 | 35.48 Piaui 2asse2| 2891 25,15 Noxbeste Ocwenran.. sa1799] 6,96 Ceard a rassor | 175] 15,22 Rio Grande do Norte] 52411 | 0,61) 5,37 Paratba....-.++ ssa20| 066] 5,73 Pernambuco, 99as¢| 117] 10,16 Alagoas zasn | o33| 2,92 NORDESTE ORIENTAL... aes ror | 4,52 NORDESTE 976546 | 11,48, Sergipe... arss2| 025] 1.75 Bata. 529379} 6,22| 42,97 Lesyp Seren tRIONAL, ssogsi | 6.47 Espirito Santo, 440s] 052] 3,63 Rio de Janeiro. az4oa| 0s0| 3,44 Distrito Federal 1167} 001 | 0.09 Minas Gerais sogcs | 697| 48,12 Leste Mrrimronar. | 681118 | 8,00 LESTE... raazoso | 14,47 So Paulo... 247239 | 2,00 | 29,08 Parana 199897 2,35 | 24,16 Santa Catarina......| 94998 | a2 | 1148 Rio Grande do Sul..| 285289) 3,35 | 34,48 SUL. 327423 | 9,72 Goiaz....... 661140} 7,77 | 30,92 Mato Grosso 1477041 | 17.35 | 69,08 CENTRO.OESTE....... | aiaeim | 25.12 BRASIL. 8511189 | 100,00 8511189 | 100,00 | Nota = Em 9 de fevereiro de 1942 foi criado o tertitério federal de Fernando de Noronha, ficando assim glevado a 2 0 niimero de territérios brasileiros. No preseate quadro, a Grea de Fernando de Noronha estd incluida na de Pernambuco. *« BRBH™ Concorra para que o Brasil seja cartograficamente bem representado, enviando 20 Conselho Nacional de Geografia informacoes e mapas que possam ser de ulilidade a nova edicao da Carta Geografica do Brasil ao Milionésimo, que o Conselho esta elaborando. 2 BOLETIM DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA Programas de geografia Faculdade de Filosofia, Ciéncias e Letras da Universidade de Sao Paulo Visando @ifundir, entre os professores a maneira como estio estruturados og programas de geografia dos varios imstitutos de ensino superior do pais, publicamos A svgWr, como coninbuicéo inicial, os programas de geografia fisiea, geografia humana 'e geogratia do Brasil, correspondentes as varias séries da Faculdade de Filosofia, Ciencias ¢ Letras da’ Universidade de S30 Paulo. GEOGRAFIA FiSICA — A cadeira de geografia fisica da Faculdade de Filosofia, Ciéncias e Letras da Universidade de Sao Paulo, dirigida pelo professor Joio Dias pa Siiverra, fun- ciona na 1.8 e na 2. séries do curso sendo ministradas, semanalmente, duas horas da aulas tedricas e wna hora de seminario & 18 série. A 2.4 série, sao reservadas trés horas para aulas tedricas e uma hora para trabalhos de semi- nario, de acérdo com o seguinte programa: 18 SERIE RELEVO DO SOLO a GENERALIDADES 1 — Estudo das formas do terreno como parte da geografia fisica. Impor- tancia désse estudo para a interpretacio da paisagem; 2 — As formas do ter- reno. Sua origem. © ciclo geologico: litogénese, orogénese e gliptogénese. A variedade dos agentes geolégicos e sua influéncia geomorfoldgica; 3 — Classifi- cac&o geral das topografias. Base da classificagéo. Morfologias esculturais flu- vial, desértica, g acial e litoranea. Morfologia estrutural. Nocéo da erosio di- ferencial. O relévo vulcanico. TOPOGRAFIA FLUVIAL 4 — A observacio das correntes e as leis gerais da evolucao fluvial; 5 — Vale. Estudo dos diferentes tipos e dos varios progressos de eyolucdo. As tor- rentes. Perfil lingitudinal; seus processos de evolucéo. Fendmenos de cap- tacées. Perfil transversal; processos de evolucdo. Tipos de perfis tranversais Estudo dos meandros e dos vales dissimétricos; 6 — O aluviamento. Leis gerais. Qs planos aluviais. Terracos; 7 — Teoria do ciclo da erosao. Exposigao e critica. Qutras teorias. Idéias de Penx. Nivel de cristas; 8 — Relévo poriclico. Inter- pretacdes contrarias 4 teoria do ciclo de erosio; 9 —- Influéncias litolégicas e de casos tipicos (topografias caastica e granitica etc.); 10 — Influéncias climaticas nas formas proprias da topografia fluvial. 2.8 SERIE 11 — Topografias estruturais. Generalidades. Tipos de estrutura e bases de suas influéncias 12 — Topografia concordante. Formas primitivas e derivadas; caracteristica e evolucio; 14 — Topografias de dobramentos. Estudo das dobras. Formas primitivas e derivadas; caracteristica e evolucdo. Charriages; 15 — Es- truturas discordantes e movimentos de conjunto. Tipos de discordancia. Topo- grafias resultantes ‘de movimentos generalizados; 16 — Formas epigénicas e {63- seis; 17 — Estudos das formas estruturais evoluidas; 18 — Macicos antigos. Es- tudo das formas rejuvenescidas. TOPOGRAFIAS CLIMATICAS 18 — Influéncia do clima nas formas do relévo. Estudo geral; 20 — Re- lévo desértico. Nocio de deserto. Agentes de evolucéo do relévo; formas de acumulagao e de erosdo. Tipos de desertos, ciclo de areismo; 21 —- Topografia glacial. Glaciacao ¢ nivacio; Formas de glaciacio local e de glacidrios regio- nais; formas de eroso e de acumulacio. Evoluedo da topografia glacial. Estudo detalhado do vale de glaciagéo.

You might also like