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Advocacia Previdenciária, Cível e do Consumidor

Nilson Moraes Costa & Advogados Associados

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO SEXTO


JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CUIABÁ - (ANTIGO JE PORTO).

PROCESSO: 1326/2007
CÓDIGO: 8230

DANIEL DE OLIVEIRA MARQUES, já devidamente qualificado


nos autos em epígrafe, da Ação de Indenização que lhe move MARCIO BECKER, não se
conformando com a sentença proferida, por intermédio de seus procuradores, com endereço
profissional à Avenida Beira Rio 3.100 Cuiabá MT na UNIC – Universidade de Cuiabá, vem
tempestivamente interpor RECURSO INOMINADO, com fulcro no art. 42 da Lei 9.099/95.
Pede que, recebido o Recurso e cumpridas as formalidades legais,
sejam os autos remetidos à Egrégia Turma Recursal.
Outrossim, requer os benefícios da justiça gratuita conforme pedido
na inicial.

Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.

Cuiabá/MT, 14 de março de 2010.

ADRIANA CARDOSO SALES DE OLIVEIRA


OAB/ MT:7590 - B

Rua: Batista das Neves 08, Centro Norte. Cuiabá – MT fone: 3624-6420
celular: 8401-4922
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TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO


ESTADO DE MATO GROSSO

PROCESSO: Nº 1326/2007
RECORRENTE: DANIEL DE OLIVEIRA MARQUES
RECORRIDO: MARCIO BECKER

RAZÕES RECURSAIS

Egrégia Turma Recursal,


Ínclitos Julgadores

A respeitável sentença proferida pelo Douto Juiz do Sexto


Juizado Especial Cível de Cuiabá - (Antigo JE Porto), merece ser reformada totalmente,
pelos motivos que o Recorrente passa a expor:
Na r. sentença o MM. Juízo Monocrático julgou parcialmente
procedente o pedido do Recorrido, condenado o Recorrente a pagar a titulo de danos
materiais o valor de R$ 2.713,11(dois mil setecentos e treze reais e onze centavos)
acrescidos de 1%(um por cento) a partir da citação e correção monetária a partir do
efetivo desembolso.

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O Juízo “a quo” não levou em consideração os fatos


apresentados pelo Recorrente, visto que, comprovam a isenção de culpa por parte do
Recorrente, conforme apresentado em Boletim de Ocorrência – BO (fls.19-verso) o
Recorrido outrora condutor do Veículo 2(dois) - v2 transgrediu a lei de transito,
conforme expresso pelo Agente Policial presente no Local, que assim descreveu os
fatos:
NARRATIVA DA DINÂMICA DO ACIDENTE
“Esta equipe foi acionado através do CIOSP para atender uma
ocorrência de transito na Av. Couto Magalhães de natureza colisão.
Chegado no local do fato fomos informados pelo condutor do v1 que
o mesmo estava trafegando pela av. Couto Magalhães sentido ao
bairro Àgua Vermelha e foi surpreendido pelo V2, que colidiu na
frente do seu veículo lado esquerdo e o que tinha a relatar”.

Nobres Julgadores, o Agente Policial que esteve no local dos fatos,


concluiu que o Recorrido outrora condutor do V.2, cometeu a violação à Lei de Transito
por Falta de Atenção, confirmando a negligencia causado pelo Recorrido e também
confirmando os fatos alegados pelo Recorrente, conforme descrito em B.O(fls.19).
VIOLAÇÃO À LEI DE TRÂNSITO

V
E
Í
C Falta de atenção (x)
U
L
O
2

É necessário lembrar, que negligentemente o Recorrido(V.2) ao


efetuar uma ultrapassagem de risco em um veículo (ônibus), não verificou as
condições de ultrapassagem, pois se tratava de um local da via onde existe aclive e
sem condições de visibilidade, mesmo assim, o Recorrido assumiu a responsabilidade
e em alta velocidade tentou fazer a ultrapassagem em local onde é proibida a

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ultrapassagem por apresentar a sinalização de transito de faixa continua naquele


trecho, e conseqüentemente atravessou a pista do Recorrente V.1 e foi abalroado pelo
V.2 conduzido pelo Recorrido.

Diante disso, não teve qualquer culpa no acidente o Recorrente,


conforme o Código de Transito Brasileiro, o Recorrente agiu conforme a lei, vejamos
a leitura do CTN no seu artigo 38, inciso II e § único:
Art.38. Antes de entrar a direita ou à esquerda, em outras via ou em
lotes lindeiros, o condutor deverá:
II – ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o máximo
possível de seu eixo ou da linha divisória da pista, quando houver,
caso se trate de uma pista com circulação nos dois sentidos, ou do
bordo esquerdo, tratando-se de uma pista de um só sentido.
Parágrafo Único. Durante a manobra de mudança de direção, o
condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas, aos
veículos que transitem em sentido contrario pela pista da via da qual
vai sair, respeitadas as normas de preferência de passagem.
(grifo nosso)

Sendo assim, o Recorrente agiu conforme expresso em lei, pois,


durante a manobra de mudança de direção estava parado, quando dava passagem
aos veículos que transitavam em sentido contrario, (naquele momento que passava o
ônibus), conforme manda o parágrafo único do art. 38 do CTN, até que o Recorrente
foi abalroado pelo V.2(moto) na dianteira e lateral esquerda do V.1(carro), conduzido
pelo Recorrido munido de muita velocidade e negligencia.

O Recorrido não observou que o veículo do Recorrente


encontrava-se parado. Assim, tem responsabilidade no evento, por ter cometido
tal negligência, ao efetuar ultrapassagem, conforme demonstrado em desenho técnico
policial (fls.20).

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Nesse sentido, acompanhemos a leitura do artigo 203 do CTN


Inciso I, que demonstra conforme agiu o Recorrido da atitude imprudente que se
caracterizou em uma infração gravíssima, passível de penalidade de multa, leiamos:

Art.203. Ultrapassar pela contra mão outro veículo:


I – nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade suficiente;
Infração – gravíssima;
Pena – multa.
(grifamos)

Ora nobres Julgadores, várias foram as evidencias apresentadas


no processo “a quo”, as informações postas ao MM. Juiz, tanto por serem constituídas
de fé pública do Agente Policial demonstrado em B.O, que comprova o ato
NEGLIGENTE por parte do Recorrido, e por isso, não pode deixar que uma injustiça
seja legalizada pela r. sentença monocrática.

Vejamos o argumento do Juízo “a quo” quanto a sua


decisão(fls.58 usque 64).

“DECIDO.
(...)

Inicialmente, Por se cuidar de ação de indenização por acidente


de trânsito, a discussão prende-se prioritariamente à averiguação da
responsabilidade subjetiva do demandado, que tem por fundamento
o comportamento culposo evidenciado pela imperícia, imprudência
ou negligência, conforme previsto nos artigos 186 e 927 do Código
Civil, que prelecionam:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186e 187) causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.”

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(...)
Assim, do contexto probatório verifica-se que o reclamado, não
agiu com atenção e cautela necessárias dando azo ao acidente,
deixando de observar o disposto no artigo 28, do CTB, que
prescreve:

“Art.28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo,


dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do
transito.”

Ademais, o reclamado violou a regra prevista no parágrafo


único, do artigo 38 do CTB que prevê:
Art.38. Antes de entrar a direita ou à esquerda, em outras via ou
em lotes lindeiros, o condutor deverá:
Parágrafo Único. Durante a manobra de mudança de direção, o
condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas, aos
veículos que transitem em sentido contrario pela pista da via da
qual vai sair, respeitadas as normas de preferência de passagem.

(grifei)

Destarte, tendo restado demonstrado a culpa exclusiva do


reclamado para a ocorrência do acidente narrado na inicial, deve
este ser condenado a indenizar o reclamante pelos danos causados.

(...)”

Nobres Julgadores, o Juiz monocrático não deve ter se


atentado ao que foi apresentado em B.O, onde se verifica as participações dos veículos
1 e 2, pois é visível que o V2 conduzido pelo Recorrido(vítima), não agiu com
atenção e cautela necessárias dando azo ao acidente, e por isso, não pode prosperar
r. sentença e efetivamente descabe a aplicação de tão dura pena.

Sobre essa questão, vale trazer da comarca de Rondonópolis à


seguinte jurisprudência:

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APELAÇÃO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO CULPA EXCLUSIVA DA


VÍTIMA - NÃO CONFIGURAÇÃO - LICITUDE DO TRANSITO DA
VÍTIMA EM PISTA DE ROLAMENTO - PROVA MEDIANTE
BOLETIM DE OCORRÊNCIA - PRESUNÇÃO DE VERACIDADE -
CARRO DESGOVERNADO - INVASÃO DO AUTOMÓVEL NA
CALÇADA - ATO ILÍTICO CARACTERIZADO - LESÃO
PERMANENTE POR ACIDENTE DE VEÍCULO - DANO MORAL -
PROVA - CONSEQÜENCIA DO FATO OFENSIVO - RECURSO
IMPROVIDO. Nas áreas urbanas, quando não houver passeios ou quando
não for possível a utilização destes, a circulação de pedestres na pista de
rolamento será feita com prioridade sobre os veículos, pelos bordos da
pista; Nas interseções e em suas proximidades, onde não existam faixas de
travessia, os pedestres devem atravessar a via na continuação da calçada; Os
pedestres que estiverem atravessando a via sobre as faixas delimitadas para
esse fim terão prioridade de passagem Inteligência do CTN. Se o veículo da
apelante desgovernou não há cautela que pudesse ser jurídica ou
faticamente exigida do apelado para evitar o dano causado. Configurado o
dano, a conduta culposa e o nexo de causalidade, impõe-se o dever de
indenizar. O dano moral deriva do próprio fato ofensivo, de tal modo que,
provado o fato, no caso, a seqüela permanente em membro inferior e
incapacidade para o trabalho, configurado está o dano moral. Não há que
exigir a prova do sofrimento, porque isso decorre do próprio fato de acordo
com as regras de experiência comum. A estipulação do dano moral deve
obedecer a critérios como o poder financeiro do ofensor e da vítima, o grau
de reprovabilidade e a culpa na conduta. Recurso improvido. PRIMEIRA
CÂMARA CÍVEL RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL Nº 83392/2007 -
CLASSE II - 20 - COMARCA DE RONDONÓPOLIS Fl. 1 de 11 T J Fls
----- APELANTE: SKANSKA BRASIL LTDA. APELADO: JOÃO
HILÁRIO Número do Protocolo: 83392/2007 Data de Julgamento: 14-04-
2008
(grifamos)

O boletim de ocorrência, confeccionado no momento do


acidente, é suficiente para imputar a culpa exclusiva da Vítima no acidente.
Sendo assim, o Magistrado deve investigar criticamente o caso
que lhe é apresentado, para atingir o resultado que melhor refleti a JUSTIÇA, que
nesse caso é a culpa exclusiva da Recorrida (vítima).

Ocorre que a r. sentença outorgada, com a devida vênia, não


julgou o caso de acordo com a Legislação e a Constituição Federal, merecendo ser
reformada.

DO DIREITO

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A pretensão do Requerente esta em comprovar que por parte da


ré, esta agiu com culpa, para a ocasião do prejuízo, e que esta culpa, por sua vez,
enseja quaisquer das formas de responsabilidades previstas na legislação civil .

Inobstante, temos que em matéria de responsabilidade civil, para


que haja o dever de reparar é necessário a existência de alguns requisitos essenciais
para a caracterização do direito, dentre eles : existência de uma ação, comissiva ou
omissiva ; ocorrência de um dano moral ou patrimonial causa à vítima por ato
comissivo ou omissivo do agente ; e nexo de causalidade entre o dano e ação, fato
gerador da responsabilidade .

Maria Helena Diniz, com a inteligência e perspicácia a qual lhe


é peculiar, em sua brilhante obra Curso de Direito Civil Brasileiro – 7º Volume –
Responsabilidade Civil, comenta os requisitos apontados anteriormente:

" A) - ... ação – qualificada juridicamente, isto é, que se


apresenta como um ato ilícito ou lícito, pois ao lado da culpa,
como fundamento da responsabilidade, temos o risco. A regra
básica é que a obrigação de indenizar, pela prática de atos
ilícitos advém da culpa. ... ;

B) - ... dano – não pode haver responsabilidade civil sem dano,


que deve ser certo, a um bem ou interesse jurídico, sendo
necessária a prova real e concreta dessa lesão. ... ;

C) – nexo de causalidade – se o lesado experimenta um dano,


mas este não resultou da conduta do réu, o pedido de
indenização será improcedente. Será necessária a inexistência de
causa excludente de responsabilidade... ... Realmente não haverá
a relação de causalidade se o evento se deu, p. ex., por culpa
exclusiva da vítima (RF, 282:232) .

Em razão de tais ensinamentos, Ínclitos Julgadores, aduzimos


que nos fatos patente está a existência da culpa por parte da requerida.

Porque, segundo consta do Boletim de Ocorrência policial,


principalmente e incontestavelmente do Policial Militar, senhor Vivaldo Adoino de
França, o qual atendera a ocorrência policial inicialmente, o requerida, conduzia o

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veículo sem a atenção devida, fato este determinante do acidente, caracterizando assim
a negligência e imprudência por parte da requerida, o qual teve como conseqüência a
muitos prejuízos materiais e com muita felicidade não houve danos maiores ao
Requerido, e que dessa forma, adveio o resultado lesivo, e como conseqüência também
todas as formas de danos experimentados pelo Requerente.

Com base em todas estas considerações, patente está o direito


do Requerente em se ver devidamente indenizado na forma da lei, conforme preconiza
todas as regras de responsabilidade civil .

DO REQUERIMENTO

Pelo exposto, espera o Recorrente que se dê provimento ao


recurso, a fim de ser reformada a sentença proferida pelo Juiz de Primeiro Grau,
Condenando à recorrida a custear com os danos por ele causados ao Recorrente ou,
que não sendo possível o primeiro requerimento, que seja aplicada culpa concorrente
tendo em vista possuir as partes condições de retornar as suas atividades laborativas
permanentemente e as condições de custear com os danos acometeidos.
Requer, ainda, a concessão dos benefícios da gratuidade de
justiça, conforme a Lei nº 1.060, de 05-02-50, tendo em vista que o apelante não pode
arcar com as despesas e custas processuais.

Termos em que aguarda deferimento.

Cuiabá/MT, 14 de março de 2010.

ADRIANA CARDOSO SALES DE OLIVEIRA


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