You are on page 1of 20
DO JARDIM-DE-INFANCIA PARA O 1.° CICLO Como os professores véem a transi¢ao Isabel Lopes da Silva’ RESUMO Partindo do pressuposto que a situs de ageupamento, a0 reuni diferentes estabelec- mentos educativos noma mesma ofganizagio, poder inoduzir novasperspetivas na com preensio da transigio da educagio pré-escolar para 0 1° ciclo, fot realizado um estudo de «aso um agrupamento horizontal. "A partir da reco de dads de contextoe de entrevista realzadas com as cinco profes soras ve tnham reeebido oT." ano, apresentam-se as caracteristicas globus Jo agrupamento aif lsdncia das decisSes organizacions no processo de transigao ¢analisam-e a opines tks professoras Procurou saberse 0 que elas professoras pensam e esperam da ea ‘pré-escolar, qua os efeitos do jardim-de-infincia que verficam (ov n80) nos alunos que Frovberam, que diferengas notam enti a eves préescolar € 1. cielo, Os dads roth ‘ds apontam pra que a stuago de agrupamento mo parece ter aproximadojardin-deinficia too Ir cick, wazendo até, neste caso, dicuklades de relaconamento instteconal, qve io jimpedem, no entant, a transmissio de algumas informapGes negativa sobre as eriangas, Sto, apesar dco, dlectadas algumas possibilidades de comunicago entre educadores e professo- res queso, apareatementenegligenciadase poderiam ser melhor aprovetadss no sentido de ‘acinar a continuidade educative Apresentago de um estudo de caso ‘A questio da transigao pré-escolar ~ 1.° ciclo ‘A aticulagio entre os diferentes ciclos do sistema educativo tem constituido uma preo- ceupagio de investigadores, formadores e politicos. Podendo considerar-se dbvio que o per ‘curso escolar de um aluno se deveria realizar de modo continuo, sabe-se que, de facto, rara- mente assim acontece. Fsta tendéncia geral para a existéncia de cortes nas mudangas de ciclo, veriica-se igualmente na transigdo da educagio pré-escolar para o 1." ciclo. Se esta {questo nifo se coloca apenas em Portgal (“un grind passage” é o tulo de um Tivro eis sico de B. Zazzo sobre 0 asstnto), pode dizer-se que, em cada pais, esta passagem é mar~ cada pelas caractristicas proprias do sistema educativo, pelo contexto sociale, também, por tradigbes das cultras profissionais dos docentes dos vérios niveis de ensino. Departamento de Educaso Basia 90 De ordimalenfincia par 0 1. Ciclo: Come os professores wtem a transigso Aparentemente, poder-se-ia pensar que ha algumas caracteristcas comuns ao jardim de infincia € a0 1° ciclo do ensino basico que seriam facilitadoras da transigdo, tas eomo cor. ‘espontderein ambos a um regime de monodoctneia,incdirem fundamentalmente em apten- \Gzagens instrumentais, necessérias para continuar a aprender; predominarem, no que se refere ao sistema piiblico do Ministério da Educagio, as instituigdes, ditas de “Iugar Gnica” Para além disso, se nem sempre assim foi, hi cerca de trinta anos que a formagao inical de ‘educadores e professores do 1,° ciclo se realiza nas mesmas insttuigdes, dando o mesmo gra académico Existe, no entanto, como se sabe, uma distancia entre a educagio pré-escolar € 0 1.°ciclo que se pode justficar por diversas razdes, Uma delas poder decom da fun de ‘poio a familia tradicionalmente atribu‘da & educago de infincia. Esta Fungo pareee, por jum lado, ter influenciado uma maior ligagdo & comunidade (nfo & por acaso que a legisl- 0 que possibilita a paticipagio de pais e comunidade nas insttuigdes educativas sure, no sistema piiblico de educagio pré-escolar em 79, muito antes do diploma que consagra «sta participagio para todo o sistema educativo ~ Lei de Bases de 1986). Mas, por outro, a fungdo social afastou, de certo modo, a educagao pré-escolar do sistema edueativo, influen- ciando a diversidade de contextos institucionais que englobam estabelecimentos piblicos (Ministério da Educagao © Ministerio da Solidariedade e Seguranga Social e privados (le nnatureza cooperativae solidi), Assim, fo-se criando, a0 longo do tempo, “um fosso entre as priticas educativas {da ‘educagio pré-escolar e 1° ciclo] muito para além do conveniente em termos educativos © «do necessério em termos de diferenca de niveis exirios” (Formosinho, 1994: 68) Apesar deste “fosso",algumas modificagses recentes do sistema educativo afiguravam- se como podendo, eventualmente, apresentar potencialidades para favorecer as condigdes de transigao: |. Criagdo da rede nacional de educagdo pré-escolar, estabelecida pela Lei-Quadro da Etlucagio Pré-Bscolar (1997) que a considera como “a primeira etapa da educagio bisica’, ou seja, a intogra numa perspectiva de continuidade com os outros eiclos do sistema educativo, Esta rede a que sfo atribufdas fungGes educativas, mas também de ‘apoio a familia, € enquadrada por normas e orientagSes curriculares comuns para 0s diferentes contextos de educagio pré-escolar. Formagio inicial com nivel de licenciatur, Esta alteragio da Lei de Bases do Sistema Edtucativo, em 1997, incentiva também educadores e professores do 1 ciclo detento- tes de bacharelato, a obterem aquele grau académico, mediante formagiio comple ‘mentar. Esta situago poderd favorecer um maior contacto entre profissionais dos dois niveis. embora nem sempre assim acontega, visto que muitos professores que actual ‘mente leccionam o 1." ciclo tém jé, ou podem vir a obter, uma licenciatura que os hhabilita para ensinarem 0 2. cielo Implementagdo do regime de autonomia das escolas, em 1998, € consequente forma- io de Agrupamentos de Escolss, 0 que permitiu articulagdio de muitos jardins-de~ -infancia pblicos do Ministério da Educago com escolas do 1.” ciclo oa com estas & também com os 2." ¢ 3.” clos. Esta pertenga a uma mesma organizagio poderd ter, ‘também, potencialidades para favorecer a transigio, nfo s6 entre a educagio pré escolar e 1. ciclo, como também enire os outs ciclos da escolaridade. sabe opesdastha 94 Estes trés aspectos tiveram influgncia no estudo que a seguir se apresenta, embora este decorra fundamentalmente da criagio da rede nacional de edacagio pré-eseolar, no dmbito do Programa de Expansio e Desenvolvimento da Edueacio Pré-Escolar. No despacho interno que define a contribuigo dos diferentes servigos organisms do Ministéio da Educagao para esse ‘programa, é estabelecido competr a Instituto de Inovacio Edueacional: “promover a invest- gagdo no mito da Educegio Pré-Escolar enquanto primeita etapa da educagio bisa, tendo fem vista uma efectiva artculagio com 0 1.° ciclo do ensino basieo; realizar estudos Ue caso destinados a avaliar a educagao pré-escolar como factor de aprendizagem, de insergao socal © ‘de socializagio” (Despacho, n° 69 VMEI97). E na sequéneia desse despacho que, na impossi- bilidade de realizar mais de um estudo de caso, se escolhew um determinado terreno de estudo. Escolha do terreno ¢ desenvolvimento do estudo Foi com base no pressuposto que os jardins-de-inffincia do Ministério da Edueagio tesiam, & partida, melhores condigSes de comunicagio com 0 1. ciclo & que a situagao de ‘autonomia poderia também, influenciar favoravelmente a transigio entre a educagio pré- “escolar e 0 1. cielo, que se escolheu, para a realizagio do estudo de caso, um agrupamento horizontal situado, por comodidade de acesso, primo de ‘Embora a situagio de agrupamento fosse um critério prévio, a escotha do terreno foi fundamentalmente determinada pelas caracter(ticas do jardim-de-infineia: em primeiro ugar a sua dimenséo (quatro lugares), mas também, as relagdes anteriores com algumas ediucadoras (duas tinham frequentado acgBes de formagio sobre OrientagGes Curriculares {que orientei com Ana Oliveira), que eram facilitadoras do acesso a0 terreno. ‘A necessidade de conhecer as préticas do jatdim-

You might also like