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o
Inferno?
Provas pedidasao bom senso
P. Lacroix
2,' edíçãoaccurada
Taubate
Publieações S. C. J.
NÌHII/ OBSIA|I
S. Pauli, 24 Decembris 1929
Mons. M. Ladeiro
Censor
IMPR,IMAIUR
Mons. Pereíra Barros
Vigario Geral
REIMPR,IMI PO1IESI
Taubaté,15 outubrts 1937
P. P. Storms
Praep. BroY. brasil.
EXISTE
o .*
INFERNO?
PREFÃCIO
J. - fntroducção
SUMMARTO:
Qual o officio d.a razã"ono terreno da religião (p.'9).
Appellos indébitos do racionalismo para desacre-
ditar a religião e o inferno (p. 10). Os que re-
clamam contra o inferno e porque o fazom (p.
13). Varios motivos que levaram o autor a tratar
do assumpto (B. 14).
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SIIMMAB,IO:
Os dótes da alma humana: intelligencia e llvre von-
tade. O porque da liberdade (p. 20). Destino do
homem: a Brimeira resBosta do catecismo (p. 22).
Cumprir os deveres é uma necessidade imBres-
cindivel. Não somos moralmente livres no sentl-
do de ser licito fazermos o que entendermos (B.
23). A cousciencia é o juiz que Deus nos collo-
cou no lntimo (p. Zg). Ella reconhece uma sanc-
ção para todas as leis de Deus 1p. 25).
THESE: Necessidado ou {egneçesstda{e dq
castigo eternq (p, 25). Prova-se, de prompto, a
necessidade do Ínferno pela sã tazã,o, .que se ex-
€-: prime, entre outros factores, pela opinião geral
dos mais cultos Bovos antigos (p. g6). Valor dos
motivos da Íé e d.a razã"opara o assumpto 1p. 27).
Razões pró e contra a existencia do inferno. Não
póde haver verdadeira contradição (B. 29). Re-
sumo geral e coordenação d,4s quatro provas (p.
29),
A Consciencia 23
24 Noções preliminares
28 Noções preliminares
3C Noçõespreliminares
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I.. PROVÃ.
SUMMAR,IO:
A) O lnferno 6 necessarig p,ara ga,rantlr ao mun{o a
bôa ordem (p. 33). Deus deve prover convenien-
temente á observancia das suas leis, annexando-
l h e s u m a s a n c ç ã os u f f i c i e n t e ( p . 3 5 ) . E s s a s a n c -
ção deve ser tão grande qüe todo homem recto
deva dizer: "Em vista della, devo obedecer" (p.
35).'Para attingir tal effeito, deve ella contraba-
lançar vigorosamente a má, vontade, os prazeres
da carne e do mundo (p. a0). Não é sutficiente
um castigo temporario, como seja o purgatorlo
(p. 41), mas só o inferno eterno (p. +Z). O in-
ferno nã,o tira a liberdade ao homem (p. 44).
nem o brio a quem quer que seJa, sendo do ho-
mem a culpa, si elle so deixa guiar só pelo medo
do inferno (p. 46). Quanto valem os motivos su-
periores de amor, de dsver e de interesse (p. 50).
Quanto vale o motivo de medo; qual o medo sem
A ordem do mundo reclama o inferno
Liberdade e obrigação 45
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InÍerno e brio humano
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Para mim só tem valor o motivo de dever,do di-
Ë reito, do bem, por si mesmo,por serbem e direito".
E - Q671yratudo fsso, prouar-se-áque, si o inferno
fôr contra os nossos bríos, não é por culpa de
r Deus.
Si não houvesseoutro motivo paru evitar
o mal e servir a Deus sinão o do inferno, de facto
seria quasi reduzir-n.osá condição de escravosde
Deus. E ainda nestecasonão teriamosde que nos
queixarmos,por sermosentão o que realmenteso-
mos. Deus teria deixado a nossacondiçãohumana
apenasmais humilde e menos honrosa; comtudo,
sempre corÍespondenteâ rcalídade do nosso sêr.-
Porém Deus não quíz para nós, homens, a con-
diçao de escrauos,mes a de amigos,e até a de filhos.
Fez-nossaberpor seuFilho, Nosso Senhor (João,
15, 15): "Não vos chamei servos, porque o
servo não sabedos negociosdo- amo. Chamei-vos
amigos!" Mandou-nos chamar-lhe"par", e como
tal invocal-o no Padre-Nosso.E' porque quer sin-
ceramenteconsíderartodos os homenscomo filhos,
e ser para elleso melhor dos paeb, si elles fôrem
para Elle verdadeirosfilhos. E quanto Deus quer
48 2.' Objecção
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bons fílhos! Não tem então motivo de se queixar
e de castigal-ossi elleso não fôrem? e não têm
ellesmotivo de temer e de assustar-se?Oh! si Deus
fôsseservidocomo os paescujos filhos são sempre
respeitadores e obedientes,que nunca precisamde
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reprehensões, e muito menos de castigo,como Elle ïj
fícaría satisfeito! Porém talvez que essesmesmos
filhos, respeitosos e obedíentespara com seuspaes
carnaes,jâ não o sejam tanto para com Deus, seu
pae do céo, o melhor dos paes. E essesproprios
paescujos filhos são bons, provavelmentenão são
tão bons filhos de Deus quanto seusproprios filhos I
são bons par:acom elles. Embóra tenha feito as
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maiores promessasde premios eternos, nem por
isso Deus é bem servido por muitissimosl Muitis- ' l
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Inferno e brio humano 49
50 3.' Obiecção
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Valor do motivo u. ,ìr*resse 51
ciante que está o dia todo por trás do balcão, ou
ao roceíro que trabalha tanto na sua roça, si é
por motivo de dever ou de lucro que assim tra-
balham, elles responderão,inevitavelmente,que é
pelo de lucro. Si cada um procurasseos seusinte-
resseslegitimos,os verdadeirose não os apparentes,
os espirituaesantes dos corporaes,os eteÍnos de
preferenciaaos temporaes,tal como a bôa ordem e
a ptimazia das cousaso exigem, sería optímo, e
não haveriao que reprehender.Cuidariam então os
homens de cumprir tambem zelosamenteos seus
deveresrelígiosos,e de gatantir, antes de tudo, o
negocioda sua salvaçãoeterna.Assim, porém, não
costumam ellesf.azet.Invertem a ordem das cou-
sas. Procuram os bens materiaesde preferencíaaos
espirituaes,os interessesda carne antes dos da
alma, os temporaesantesdos eternos.Na luta pela
vida e pelo dinheiro, esquecem-se até completa-
mente de Deus, da rclígião, dos interessesda alma
e da eternidade,dos interessese deveresmais ne-
cessariose imprescindiveis.
Qo. podia e devia Deus fazer pal,a reduzír
os homens á sã razão, pàtã obrigal-os a cumprir
as suas santasleis, os deverespata com Elle? Foi
o que fez cteando o inferno e ameaçandoos ho-
mens com um castigo tão grande e tâo pesado,
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52 3.. Objecção
54 4." Objecção
58 4." Objecção
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62 4." ObJecção
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64 Analogia entre a justiça huinàna e divinà Í
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de prova visivel e lição, que deveria uma vez pata 'jI
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Analogia entre a justiça humana e divina
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É si só. E por isso que as sancçõesse tornam ef.fica-
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zes pelo poder executivoda policia, esta tambem
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F é indispensavel, e deveestarâ altwa da sua missão.
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li Nello encontram os desordeíros a força bruts.
r. Quem não quizer obedecerterâ que soffrer pena-
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F lidades. E então não adianta reclamar. Usando
I
68 5.' Objecção
2.' PROVÂ.
I
ry - A existencia do inferno é necessaria para
garantir a Deus o seu soberano dominio. Et no.
eessaria como ultimo recurso da soberania divi-
na contra os inimigos irreductiveis de Deus.
SUMMARIO:
A não existencia do lnferno lmpllca nas seguintes <:on-
tradições e lmposslbilidades:
1.a O homem absolutamente independente de-ãe,u.q.
de qualquer lel moral, livre de fazer o que qui-
zer (p. Sf).
2.^ Um Deus inconsequente, inJusto e impotente, D€r-
mittindo tal liberdade desenfreada (p. 81).
3.4 A' falta de outro recuïso, Deus seria obrlgado a
favoreeer o lmpio por uma das seguintes impop-
sibilidades (p. 8Z):
l.a ou deveria anniquilal-o;
2.^ ou recebel-o, tal ,qual, no céo;
3.n ou modificar-lhe a perversidade pelo poder divi-
no extraordinario.
() homem é realmente responsavel pelo estado desfa-
voravel da sua intelligencla e vontade (p. 87).
Por todas essas razões, fica a exlstencia do inferno
Brovada do pleno accordo com a sã"razã"o.
Àbsurdos da não-exist. do inf. 81
-Í-
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82 A soberaniade Deus reclama o ln'f.
92 7.' Obiecção
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Responsab.pelas condiçõesda alma gg
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100 7.. Objecção ,
SUMMAB,TO:
A justiça reclama um castigo proporcional a cada
peccado (p. 105). Por toda transgressãoda lei i
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F
feita crescede importan cia á medida que a pessôa
offendida merecermais respeitoe veneração,con-
È forme fôr mais graduada,mais elevada.Ora, Deus
$ é o sêr infínito, a majestadesem limites, que no
peccadoé desrespeitada e desobedecida,desprezada
e desqfiqda.Logo, o peccedomortal encerra uma
culpa moralmente ínfiníts, Tratando-se de
qualquer mal a comriett.I,"pela conscienciaaccu-
sado conìo peccado,como coisa prohibida, crimi-
nosa e passivel de punição, a propria consciencia
immediatae espontaneamente exhibe a.relaçãodel-
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-Í.rl'
Itz O peccadograve reclama o inferno
I
peccado,transgredindo a mesma lei, subjectiva-
mente o peccadonão seráo mesmo,da mesmagÍa-
vidade.Serámais ou menosgÍaveconformea cons-
I
ciencía de cada üIrÌ, conforme cada um entender
mais ou menos intensamentea inconvenienciae
abominação do mal que pratica, conforme com-
prehendero que se devea Deus, a extensãodo des-
gosto que causaa Deus,o desprezoque lhe exprime.
E' mais ou menosgrave,ainda, conforme a maíor
ou menor rebeldia,maldadee cynismo que envol-
ver, de que se revestir a peÍpetraçãodo acto per-
Gravidade das offensas 113
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114 8." Objecção
o peccadoque se
mais ou menosapaixonadamente,
commetteserámaior ou menor.
a Íundo? I
t
O peccadograve merece,sem duvida alguma,
'É
o inferno eterno,ainda que tenha sido commettido
num simplesmomento, ou em pensamenfs.l\lIff -
peÍgunta,se- onde estd a proporção entre o acto
e a pena t:9^l!!l Está na ieiiiïii:diencíae offensa
graue,na Eeparação reflectídae uoluntaria de Deus,
ti imítação de Lucífer, que se decídiu a não seruír
a Deus: "Não te servirei!" E' a revolta contra o
SoberanoSenhor! E o homem contrc Deus, a
creaturaracional dotada de intelligenciae vontade,
que se néga a obedecer.No mesmo instante que a
resoluçãoé, tomada, cabe a censura,a sancção,a
consequencía f atal e natural: Si Deus chamasseo
homem immediatamentea contas,sem esterevogaÍ
o seu acto e sem se arrepender delle, teúa elle o
118 9." Objecção
inferno certo e por toda a eternidad
e! Deus, como
supremo legíslodor, indubítauelmente tinha que
estabelecerumo sancçãoabsolutq, que não deixasse
o homem d uontadeparu peccqrlíure e impunemen-
te por qualquer tempo que fôsse.A reacção,a de_
fesa,o castigopóde caír no momento após o pec-
cado; é o direito de Deus contra o prevaricador.
Esta possibilidadeé umu absolutq necessidade; do
contrario, toda a ordem moral andaria fóra ilos
eixos, não teúa garantiasufficíente contra o abuso
dos máo Deve o homem saberque não tem
a líbeúade de offender a Deus por tempo algum,
por um momento que seja.Este facto, estarealída_
de, deve inspirar-lhe o devido respeitoe temor a
Deus, nunca se atrevendoa offendel-o gravemente,
a erguer-secontra EIIe. E não só tem o homem
díqnte de si essaterrioel sancçõodo inferno, mas
que um simples momento póde fazel-o caft nelle,
Reflexõo terriuel, que, como a luz fulmínqnte de
um rqío diuino, nos faz reconhecere aí)aliar em
todas cs sucs formídoueís conseguencias .a nossc
responsabilidqdemorul perante Deuse perante nós
mesmos!
Deus podia chamar o peccadora contaslogo
após o primeiro peccadograve,sem lhe conceder
prazo para rcpara 4 sua falta, çondemnando_o
Proporção entre peccado e castigo 119
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Proporção entre peccado e castigo 129
crimesdessanatarczacorrespondesó e perfeitamen-
te a perda da vida eternano carceredo inferno.
Quanto â NATURE.ZA DO INFERNO E
DOS SEUS SOFFRIMENTOS, convém notar e
salientarqueSÃO A CONSEQUENCIA NATU-
RAL DO PECCADO GRAVE. Para comprehen.
der bem estaverdade,é precisoexamínara nature-
za do peccado.Conforme S. Thomaz de Àquino,
o'peccado consistena aversãocontra Deus e na
ü conversãoás creaturas.Todo peccadoencerrauma
r dupla desordem:a feparaçãode Deus, com o des-
:í prezo dos seusdireitos mais sagrados,e a volta ás
creaturascomo ao ultimo fim. A esta dupla de-
sordem deve corresponderuma dupla reparação,
um duplo castigo:a privação de Deus, em castigo
da apostasia;a dôr positiva vinda dascreaturas,em
castigo do prazer criminosamentetirado das mes-
mas. Dest'arte fica satisfeita a justiça divina rela-
tivamente á dupla inversão das relaçõespara com
o Creador, a qual constitúe o peccado.P.eccando
gravemente,o peccadorabandona a Deus, pro-
curando a sua satisfaçãonas_creaturas. Por justo
castigo, Deus abandona o peccadorimpenitente;
e as mesmascreaturas,d^equem o peccadorabusava
peccando,se levantam'çontra elle, para vingar o
130 9.nObiecção
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Proporçãoentre peccadoe castigo lB1
pre ha aqui na tetta, o reprobo sentea maior falta
de tudo, e poÍtanto os maiores desgostosque se
possamimaginar. \ealmente,'a separaçãode Deus
e a perda do gozo de todos os seus dons, bens
e bellezas-infinitas,constitúemum verdadeitoin-
ferno, não só cheio de desgostos,mas tambem
cheíode tormentoshorriveis.Considerando,p. €x.,
que tambem a saúde,a isençãode todo incommo-
do corponl, é um immensodom de Deus, Iogo se
vê que a falta completa della,por si só e sem fogo,
enceffa verdadeiroshorrores de soffrímentos cor-
pora€s.Si ao homem falta a saúdeem toda exten-
são, tendo elle assim de soffrer em todos os seus
sentidosmolestiase dôres,tendo, p. €X., de sup-
portar simultaneamentedôres agudas nos olhos,
nos dentes,no estomago,em todo o corpo, sem
poder repousar,dormir e morrer, - oh! é um
ínferno! Supportarisso uma semanajâ não é um
pequeno inferno? Todas estasimaginaçõesserão
rcalídades noJnomentoda ultima resurreição, güâo-
do a alma do reprobo se unir ao corpo, afim de
assistir â grande justificação de Deus no ultimo
juizo, e ouvir os porquêsda sua condemnação e dos
seussoffrimentos.
Os theologos diuidem cs penas do ínferno
em duas cotegoríqtE: a l,^ é q espantosapena da
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132 9.' Ohjecção
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t:t A possib.de conversãoacabap. morte 145
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SUMMAR,IO:
Em virtude da sua santidade, Deus odeia o peccado
graye infinitamente, e tem clue perseguil-o, em-
quanto elle existir no peccador, até no inferno,
caso o peccador continúe impenitente (B. 151).
Si Deus não castigasse o peccado grave no inferno,
dar-se-iam cinco contradições contra a sua san-
tidade e justiga infinitas:
í..ó contradição: Inconsequencia de Deus comsigo
mesmo, não castigando o peccado grave, e pare-
cendo assim nÌenos justo do que sauto (p. 168).
2.s contradiçõo: Deixaria Deus de attender ã diffe-
renga essencial entre o bem I o mal, parecendo
assim ser EIle menos santo do que realmente 6
( p .r r s ) .
B.o contradiçõo: Si Deus se reconcilias,se com o Bec-
cado graye, tanto menog motivo teriam os ho-
rnens de evltal-o, vindo q perder Íatalmentc a
A santid. de Deus exige o inf. 151
imPossiveis
5 Contradições 155
.:
5 Contradições impossiveis 159
SUMMA-RIO:
Entro a Justiça e a misertcordia do Deus não ha con-
tradição: prova-se pelo absurdo (p. 165).
Só a rellgião christã Bóde dotermlnar os limites e a
extensã.oda misericordia divina (p. 16E).
A extensão da miserlc,ordia de Deus no christianismo
( n .r o s 1 .
Da Barte de Deus não ha restrlcção na vontade de
.salvar a todos (p. 169).
Á. vontade salvadora de Deus é efficaa, dando elle
graça sufficieute a cada um (p. 1?0).
A 1.. restrlcção da graça: o tempo e o momento della
(p.1?0).
L 2.. restricção ou condlção da graga: a bôa yontade
( p . 1 ? 1 ).
Eondade divina e inferno 165
"SendoDeus infinitamentemisericordioso
ouvimos dízer - não póde haver inferno. Ã exis-
tencia do inferno seriauma contradiçãocom a in-
finita misericordiade Deus. O inferno é incompa-
tivel com a misericordíae bondade divinas"
Entretanto, a existenciado inferno é um facto,
provado de pleno accordo com a sã tazâo, pro:
vado com tantas provas, que absolutamentenão
se póde duvidar da sua rcalídade.Além disto, fi-
cou provado que a não existenciado inferno Ie-
vaúa aos maiores e mais numerososabsurdos,üe-
ríficação esta gue torna s uerdade da exístencía
do ínferno umo conclusõologico da propría razõo
humana, Por outro lado, a miserícordiade Deus
nâo é.uma realidademenos certa,nem uma necessi-
dade menos absoluta da natureza dívína, do que
166 Justiçae bondadedivinas
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Justiçae bondadeclivinas t
178
e pedindo-lhe amotosamenteperdão, immediata-
mente se reconciliacom Deus e é perdoado.Toda-
via, si estiverconvicto da necessidade da confissão
sacramental,deveter tambeÌno desejode confessar-
se logo que possivel. À alma que morÍer nessas
condições,salvar-se-â. Salua-seassím por contri-
ção perfeito, qlueoutra coisa não ê sinão a bôa von-
tade sincera,unida ao sinceroarrependimentoe ao
amor de Deus.No ultimo perigo de vida, na immi-
nenciado naufragio definitivo, a contdção perfeita
é a oncora do céo, que seguraa alma de bôa oon-
tade, é o salua-uids para o céo. E' pela conttição
perfeita, o mais ímportante scto de tods a teligião,
que Deussqloa no ultimo risco de uída mílhares e
milhares de almas de bôa úontade,chamando-asa
si, de todos os confins do mundo, e unindo-se a
ellas para sempre!E' a misericordiaincommensu-
ravel, infinita, de Deus pata com os peccadores!
Deus nunca abandonauma alma de bôa vontade!
Divisando nella ainda alguma bôa vontade, oh!
quanto Elle luta ainda para salval-adas garrasdo
demonio,e sobretudoem perigo de morte! E' coisa
verdadeiramentetocante a descripçãofeíta pelos
santosdessaluta das mais dolorosasconsequencias!
Na justiça de Deus devemoster sempreabso-
luta confiança.Na sua ínfínita mísericordia,potém,
,Bondadedivina e inferno llg
podemos ter todo confiança emquanto tíuerm:os
bôa uontqde! Nõo nosabandonandoa nós melmol,
e não abandonandoo Deus primeíro, Deus nunca
nos absndona, Entretanto, ninguem deve confiar
demais nos seusbons sentimentos,illudindo-se a
si proprio. Podendo, sendo-lhedado tempo e oc-
casião,o peccadordeverâretrocedertanto quanto
tiver progredido no mal, desfazendoo que fez, re-
parando o prejaizo dado, reformando os vicios
contrahidos, endireítando tudo. Sõo exigencías
ímprescindiueisde Deus! Ã míserícordíade Deuse
a salooçãosão garantidas só rís olmqs de real bôq
uontade!
,\ bôa vontadehumana e a infinita misericor-
día de Deus são as garantiasfundamentaesda sal-
vação! ,\lcançamos graça e miserícordiade Deus
cumprindo todos os nossosdeveres, usandobem dos
sacramentos, e pedindo-asa Deus. Ã graçada per-
seúerançqfinal ou da saluaçõo,gruça que é, e ct
maior dos graças, deoe ser pedida semprea Deus,
Essessão os meios ordinarios da graçae misericor-
día de Deus, que nos fornecem as garantías essen-
ciaesda saloação.Além dessas,ha outras garantias
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de salvação,extraordinariase preciosissimas,que a
infinita misericordiadivina nos grangeou,multi-
plicando assimdivinamenteos meiose garantiasde
1S0 Justiçae bondadedivinas
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sopho sceptico.Seu collegano voltaireanismoe na 1
S . J o ã o ( A p o c . ,1 4 , 1 1 ) : " . . . e o f u m o
dos seus tormentos se levantarâ pelos seculosdos
seculos,sem que elles tenham descançoalgum nem
de diq nem de noíte, os que tiveremadoradoa besta
easuaimagem..."
l \ i n d a E . J o ã o ( A p o c . ,2 0 , 1 0 ) : " . . . c o m o
o falso propheta, serãoatormentodos,de dia e de
noite, pelos seculosdos seculos" ,
Para o christão,não ha nem pódehaverduvi-
da a respeitoda existenciado inferno. Ou lhe ac-
ceítaa existencia,ou deixa de ser christão! A al-
ternativa é rigorosa.- Além de ser uma verdade
clarissimamente expressana SagradaEscriptura, a
existenciado inferno é um artigo da fé catholica,
um dogma definido. Àssim, o catholico que re-
cusar acceítal-o."ipso facto" se exclúe do gremio
da Igreja, tornando-seinfiél.
Resumindo tudo quanto foi exposto, vê-se
que a contsicçãodo inferno eterno é uníoersal,de
todos os tempos, de todos os pottos, de todas as
tradições,profanas e sagradas.Concorde com ella
está o testemunhoda natíJrezahumana, da sã ra-
zão, da consciencía,em atteEtar-nosa certezaa,b-
soluta de gue ha um ínferno eterno de fogo, parc
castigo dos impíos, dos peccadoresimpenítenteE.
XI - Quaes os homens que trilham o caminho
do inferno?
.*
202 Quemtrilha o caminho do inf.
nelle, impedís os outÍos de nelle entrarem. Des-
graçadosde vós, escribase phariseus ! porque peÍ-
correisa tercae o mar pata fazer um proselyto, e,
quando o ganhaes,fazeisdelleum filho do inferno,
duas vezespeor do que vós" (Math., 23, 13).
à esta categoria pertencemos sectariosda
maçonariae das demais socíedadelEecretoE, em-
quanto procuram rcalízaros perversosfins das suas
seitascontra Christo e contra a sua religião, ainda
que se não consagremdirectamenteao demonío,
jurando porém viver e morrer f&a da lgreja, sem
seussoccorros,sem seussacramentos.
Pertencemainda a esta categoúaos orgulho-
sos, ou os "fortes" destemundo, com Euasrecheiq-
dqs bolsqs,que os tornam os potentadosdo seculo,
emproados,arrogantes,desprezadoresdo pobre.
Não precisammais de Deus, pensam elles; mas
Deus tambemnão precisadellestSão-theinuteis; e
por isto mesmo,como a palha seccae inutil, lan-
çal-os-áDeus ao fogo - e que fogo! o fogo do
inferno eterno,que arde para sempree que castiga
a alma! Julgam-seos mais felízesdo mundo; mas
serãomiseraveispela eternidade,porque lhes faltará
alli esseDeus que desptezaramnestavida. E verão
então o que é prescindir de Deus.
2,") Em 2," lugar gêm os peccadores ímpeni-
2.oOs impenitentes 203
tentes,os que vivem habitualmenteno-peccado,sem
proposito de sair delle, vilmente aferradosâs ctea-
turas, sem cuidadodos interesses da sua alma. Não
só os primeiros,os impios, que odeiama Deus,estão
no caminho do inferno; mas tambem estes,os pec-
cadoresimpenitentes,a reipeito dos quaesS. Paulo
proclamou em nome de Deus: "Não vos enga-
neis: nem os impios, nem os idolatras, nem os
adulteros, nem os ladrões,nem os avarentos,nem
os ebriospossuirão o reino do céo" (1 Cor., 6,9).
-- NumeÍosossendoos peccados, só é possivelcha-
mar a attençãopara algunsmaiores,que particular-
mente predispõeïnpara o inferno.
São os peccadosgraúesque secommettem,por
exemplo, contru a justíça, seja por fraude, seja por
calumnía, etc,, peccadosque não serão perdoados
si os seusautoresnão tiverem a vontade firme de
Íeparar o damno feito, ao menos na medida do
possivel. Aliás, succedeás vezesserem tantos os
damnos causados,que os seusautoresse resignam
a ir parc o inferno antesque a reparal-os.Ã per-
díção torna-se-lheassimcomo que uma fatalidade!
Estão ainda no caminho do inferno os que
pé,ccamgrauementecontra a caridade, especíalmen-
te entregando-seao odio ínfernatr,que os leva a de-
sejar mal, día e noite, aos seus inimigos, a perse-
204 Quemtrilha o caminhodo inf.
guil-os sem tregua, ao menos pelos negÍos senti-
mentos do seu infeliz coração.Pessôasdistinctas e
bôas câemâs vezesnesseabysmo de ínimízade,jul-
gando que poÍ terem soffrido grandemal dos seus
inimigos, possam ao menos desejar,lhemal inte-
riormente. Conlcusão errada.Podem desapprovar
sempretodo o mal que thes foi feito, exigir rcpata-
ção, chamar até aos tribunaesos seusmalfeitores,
mas não por sentimentosde odio e de vingança,
sinão apenasde justiça; e por ísto mesmo nunca
lhes devem desejar mal. Deus reservoup'ra si o
direito de vingança.Persistindo'senesses sentimen-
tos de odio até á morte, ellesvirão a lançarno in-
ferno aquellesque os alimentam. Esseodio como
que se voltarâ contra elles,e os perseguirápela etev
nidade. "Com fulano não quero ir nem para o
céo!" ouve-sedízer levianamente;pois bem: si
o vossoinimigo alimentar os mesmossentimentos,
tel-o-eis comvoscono inferno, paru mútuamente
vos torturardespor todo o sempre!
Outros peccadosfataessão os da luxuria, r:uí-
nosospara seusautoÍese pal.aos que ellesarrastam
na sua seducção.Os escravosdesse vicio de tal
forma se enredam nelle pela rcpetiçãodo peccado
interior e exterior, que difficil e bem difficil se
lhes torna se desvencilharemdas suas malhas. O
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210 Quemtrilha o caminhodo inf.
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XII - Conclusão.
SÏIMMARIO:
Os verdadeiros motivos intlmos da descrença 1p. 211).
Reduzem-se á má vontade (p. 212 ). A nossa gran-
de obrigação: bôa vontade! (p.219). Utilidade
do pensamento do inferno (p. 222). Para que e
para quem serve este opusculo (p, 226). Suppli-
-ca
a Deus (p. 229).
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realidade; numa palavra, é porque não reflectem
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bem, como declan a Sagrada Escriptura (Jer., L2,
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Má vontade 213
ConfiaÍrça!
230 Coniuração
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conjuração final 231
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dae-me EemprecomooEco,pard que no dia do grcn-
de juízo eu possaouuir dos uossos labios diuinos a
jubilosa chsmada para a uida eternu: "Vinde, bem-
ditos de meu Poe, possuí o teino que uos estd pre'
parado!" E cantarei então eternamentea vossa in-
comprehensivel bondade, a vossa misericordia sem
limites!
Oh! meu Jesús, não sejaes pata mim Juiz'
mas Salvador!
L Ofrt meu Jesús, sêde Para mim Jesús!
i Dôce Coração de Maria!
Sêde a minha salvação!
S. José, Padroeiro da bôa morte,
rogae Por mim I
Àme n !
o. À. M. D. G.
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