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PROCESSUAL CIVIL
A U L A 1: P R O C E S S O D E C O N H E C I M E N T O II – 31/5/2008
Prof. Ronaldo Cramer
I – Conceito, Objeto e Destinatário da Prova
Prova é todo elemento capaz de convencer o juiz sobre um fato, tendo por objeto os fatos Comment [T1]: E não o direito, com exceção ao
Art. 337 do CPC.
(controversos, pertinentes e determinados).
Comment [T2]: Dinamarco entende que o
O destinatário das provas é o juiz, conforme Art. 130 do CPC. objeto da prova seria as alegações das partes, eis
que não é possível saber se houve ou não o fato
antes da alegação das partes.
Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas
necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou Comment [T3]: Ele deverá decidir de ofício
quando a prova, se não admitida, trará dúvidas a
meramente protelatórias. sua cognição.
Existe hoje um mito que o juiz não pode indeferir prova, sob pena de ferir a ampla defesa. Tal afirmação Foi dado o exemplo do rol de testemunhas juntado
fora do prazo. A outra parte poderá alegar
não é correta, eis que o juiz poderá indeferir a prova se o fato não for controverso, pertinente ou intempestividade e o juiz poderá ou não acatar, eis
determinado. O próprio Art. 334 abaixo, oferece um porto seguro para que o juiz indefira a produção de que, conforme a lei, tem a possibilidade de
determinar essa prova de ofício, ainda que
provas desnecessárias. intempestiva.
I.1 Exceçoes quanto ao objeto da prova serem os fatos, Art. 334 e 337 do CPC:
Art. 334. Não dependem de prova os fatos:
I ‐ notórios;
II ‐ afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
Juízos de Deus. A idéia que Deus não poderia compactuar com uma mentira.
Thiago Graça Couto
thiagocouto@gmail.com
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II.2 – Tarifamento Legal
A prova testemunhal não teria valor. Reminiscência:
Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor
não exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que
foram celebrados.
II.3 – Livre Convencimento
Não fica vinculado às provas dos autos, podendo extrair seu convencimento não apenas das provas dos
autos como de qualquer elemento extra‐autos.
II.4 – Persuasão Racional (Livre Convencimento Motivado)
Livre convencimento desde que com base na prova dos autos e com motivação.
Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias
constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na
sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento.
III – Presuções e Indícios
III.1 – Presunções Simples
Decorrem da observação do magistrado. São as máximas da experiência. Essas presunções simples
podem ser combatidas por meio de provas. Exemplos: Art. 335 do CPC e 230 do CC.
Art. 335. Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de
experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente
acontece e ainda as regras da experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o
exame pericial.
Art. 230. As presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em que a lei
exclui a prova testemunhal.
III.2 – Presunções Legais
Decorrem da lei. Exemplos: Art. 231 e 232 do CPC e Súmula 301 do STJ.
Art. 231. Aquele que se nega a submeter‐se a exame médico necessário não poderá
aproveitar‐se de sua recusa.
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se
pretendia obter com o exame.
Súm. 301 STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter‐se ao
exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.
Thiago Graça Couto
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III.3– Indícios
São as provas de fato que se liga a outro fato que se deve provar. A definição está no Art. 239 do CPP:
Um exemplo é a testemunha que ouviu de otra testemunha como foi o acidente.
IV – Ônus da Prova
Art. 333. O ônus da prova incumbe:
I ‐ ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II ‐ ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da
prova quando:
I ‐ recair sobre direito indisponível da parte;
II ‐ tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
IV.1 Pincípios inspiradores do Art. 333 do CPC
a. Ninguém é obrigado a fazer prova negativa (prova diabólica);
b. Quem alega deve cobrar;
c. Ninguém é obrigado a fazer prova contra si mesmo.
IV.2 Teoria Estática do Ônus da Prova
É a do Art. 333 do CPC, não se muda.
IV.3 Teoria Dinânica do Ônus da Prova
• É irrelevante a natureza do fato probando, se constitutivo, modificativo, impeditivo ou
extintivo.
Thiago Graça Couto
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V.1 – Inversão Ope Legis
Por força da lei, como no CDC:
Art. 12.
I ‐ que não colocou o produto no mercado;
II ‐ que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III ‐ a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Art. 14.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I ‐ que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II ‐ a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
V.2 – Inversão Ope Iudicis
A lei não inverte diretamente, mas apenas quando são atendidos certos requisitos.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII ‐ a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras Comment [T10]: Hipossuficiência técnica e não
financeira.
ordinárias de experiências;
V.3 – Momento de Inversão do Ônus da Prova
Existem três correntes:
• Na petição inicial;
• No despacho saneador: é a corrente mais razoável, mas não inteiramente pacificada.
• Na sentença: parte da idéia que a inversão do ônus da prova não é uma questão de
procedimento, mas de julgamento. O juiz, na hora da sentença, formaria o seu convencimento
pra julgar, analisando os fatos, e verifica quem teve as melhores condições de produzir a prova,
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Ver Notas sobre a inversão do ônus da prova – Carlos Roberto Barbosa Moreira.
Thiago Graça Couto
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inverte tal ônus, e julga de acordo com a verificação se aquela prova foi ou não produzida por
quem a deveria, após inversão do ônus.
VI – Procedimento Probatório
Propositura, Admissão, Produção e Valoração.
Art. 336. Salvo disposição especial em contrário, as provas devem ser produzidas
em audiência.
Parágrafo único. Quando a parte, ou a testemunha, por enfermidade, ou por outro
motivo relevante, estiver impossibilitada de comparecer à audiência, mas não de
prestar depoimento, o juiz designará, conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar
para inquiri‐la.
VI.1 – Espécies
Depoimento pessoal, prova documental, prova testemunhal, prova pericial e inspeção judicial. Estas são
as chamadas provas típicas. Além delas, qualquer meio legal ou moralmente legítimo, conforme Art. 332
do CPC.
Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se
funda a ação ou a defesa.
O email, por exemplo, não é uma prova documental, mas atípica.
Seria o vídeo uma prova documental ou atípica? Pela leitura do Art. 383, extrai‐se que é documental.
V – Provas Ilícitas
Art. 5º. LVI da CFRB
Art. 5º.
LVI ‐ são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
Qual a diferença entre prova ilícita, ilegítima e imoral? Ilícita viola lei material (tortura), ilegítima viola
lei processual (uso de fotos sem negativos) e prova imoral é a mesma coisa que ilícita, dado o Art. 332
do CPC.
Thiago Graça Couto
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Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se
funda a ação ou a defesa.
O princípio da proibição das provas ilícitas no Processo Penal é para o Estado, ou seja, contra o Estado
valeria, no sentido de que o indivíduo, para prova sua inocência, poderá produzir provas ilícitas. No caso
do Processo Civil, como se está discutindo patrimônio, a regra de produção de provas ilícitas não é
flexibilizada como no Processo Penal. A própria CRFB assim dispõe:
Art. 5º.
Uma prova obtida em investigação criminal poderá ser utilizada pra se instaurar processo civil, por
exemplo no caso de uma ação de improbidade proposta pelo MP? Sob o prisma constitucional não, eis
que os instrumentos previstos pelo inciso XII do Art. 5º., por exemplo, dispõe que os seus fins são para a
investigação criminal ou instrução processual penal e não para o processo civil. Tal questão é polêmica e
o MP obviamente defende o contrário.
Thiago Graça Couto
thiagocouto@gmail.com