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Focalizando agora rapidamente as festas da Primeira
Repblica, tomando como principal referncia a regio paulista do
Vale do Paraiba, o que salta aos olhos a surpreendente fragilida
de das festas civicas diante da resistncia oposta, no somente por
monarquistas e civilistas, mas especialmente pela maioria da
populao que prefere, compreensivelmente, as festas tradicionais
do catolicismo popular.
A festa cvica mais impopular era, sem dvida, o 14 de
julho, data da Revoluo Francesa, supervalorizada como passo
decisivo da humanidade rumo liberdade e ao progresso, mas que
apenas os positivistas e os maons levavam a srio. A populao mal
tomava conhecimento e no interrompia as atividades rotineiras;
apenas as autoridades cumpriam o minimo exigido pelo decreto, isto
, hastear a bandeira nacional nos edificios pblicos.
Outra festa cvica que encontrou dificuldades o 21 de
Abril, consagrado a Tiradentes, escolhido pelos republicanos como
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BIBIOGRAFIA:
ALMEIDA, Jaime de. .1:f:.i.oi...l~i!J~e=s..,_.__.F...,e"'s"-t""""a"'s'---'e"'m.,_..,.s,.,..,o"...L""u""i.s.,._,d..,.o__.P..,a,..r~a-i~t~i-n.._g
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passagem do sculo Cl888-1918l.
Tese de Doutoramento em
Histria. USP. 1987.
cHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim. SP. Brasiliense. 1986.
DA MATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heris. RJ. Za~ar. 1978.
DUVIGNAUD, Jean. Ftes et civilisations. Paris. Weber. 1973; existe
uma edio brasileira.
OZOUF, Mona. "A festa: sob a Revoluo Francesa" in LE GOFF,
Jacques & NORA, Pierre. Histria: novos objetos. RJ. Francisco
Alves. 1976.
TUPY, Dulce. Carnavais de guerra. O nacionalismo no Samba. RJ. ASB.
1985.
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Finalizando esta sugesto para reflexo sobre os limites
da produo do conhecimento histrico e o impacto das festas cvicas ou no - sobre a memria social, oportuno citar o
historiador Sidney Chalhoub. Cabe a ns a difcil tarefa de
complicar a vida. Ao explorar de modo sistemtico situaes no
exploradas pelo senso comum, ao buscar estranhos obje~os de estudo,
o historiador pode criar condies para a percepo do real
enquanto construo, como inveno de seres humanos em processo de
interao e luta entre si. A Histria pode instigar a pensar o
social (passado,
presente, futuro) como processo tecido na
contradio e na luta, e no como anestesia ou mesmice, isto ,
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