O artigo discute como a psicologia pode contribuir para o diálogo com a enfermagem em tempos de mudança de paradigmas na saúde, com foco no bem-estar ao invés de doença. Defende uma abordagem interdisciplinar e centrada no paciente que considera fatores biológicos, psicológicos e sociais.
O artigo discute como a psicologia pode contribuir para o diálogo com a enfermagem em tempos de mudança de paradigmas na saúde, com foco no bem-estar ao invés de doença. Defende uma abordagem interdisciplinar e centrada no paciente que considera fatores biológicos, psicológicos e sociais.
O artigo discute como a psicologia pode contribuir para o diálogo com a enfermagem em tempos de mudança de paradigmas na saúde, com foco no bem-estar ao invés de doença. Defende uma abordagem interdisciplinar e centrada no paciente que considera fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Dilogos da psicologia com a enfermagem em tempos de transio
paradigmtica
Corradi-Webster, C. M.; Carvalho, A. M. P. Dilogos da psicologia com a
enfermagem em tempos de transio paradigmtica. Rev. esc. enferm. USP vol.45 no.4, pp.974-980. 2011.
Clarissa Mendona Corradi-Webster psicloga, mestre em Sade na
Comunidade, alm de professora doutora do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo. Ana Maria Pimenta Carvalho, tambm psicloga e professora doutora do Departamento de Enfermagem Psiquitrica e Cincias Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo. Para as autoras, a sade, recentemente, vem sendo pensada de modo positivo. O mundo est passando por mudanas em seus paradigmas (modelos), e o entendimento da sade, dos cuidados e da formao dos profissionais da rea da sade vem sendo influenciados por essas mudanas. O foco deixa de ser a falta de sade ou enfermidade, e passa a ser o bem estar biopsicossocial. Os servios de sade vm sendo criados e reestruturados, aproximando-se das comunidades, oferecendo cuidados que vo alm da cura, incluindo a promoo, a preveno e a reabilitao. O texto explica como o mdico deixou de ser a figura principal da assistncia e passou a ser parte de um sistema que depende tambm de outros profissionais. O cuidado, ento, passa a ser entendido como integral, considerando-se que as pessoas devem ter acesso a todos os servios de sade necessrios e que sejam considerados tambm os aspectos emocionais, fsicos e sociais dos usurios. Assim, o usurio deixa de ser considerado uma unidade individual, e passa a ser algum que est inserido em uma famlia, em uma comunidade, em um contexto histrico e social definido. Para essa integrao da assistncia, os profissionais e os servios no podem trabalhar sozinhos. O trabalho em equipe nos servios torna-se essencial, no qual profissionais com formaes e experincias diversas discutem situaes, ampliam o olhar e as possibilidades de interveno. Este dilogo tambm indicado para acontecer entre os diferentes servios, no apenas os de sade, mas tambm entre o servio social, de educao e comunitrios.
Demonstra-se que os profissionais que atuam em sade esto, ento,
repensando suas prticas. O profissional enfermeiro vem ampliando seu campo e seus contextos de atuao e atualmente vem mostrando seu papel fundamental nos servios de ateno primria sade. Aconselha-se que se juntem os fatores profissionais e pessoais, buscando a formao de profissionais crticos, comprometidos com transformaes sociais e competentes para atuar dentro da sua rea e em interao com outras reas. Sugere-se uma formao voltada para a interdisciplinaridade: raciocnio clnico ampliado a fim de oferecer cuidado integral, percepo de que as dimenses biolgicas, psicolgicas e sociais esto ligadas; e desenvolvimento de competncias que utilizem de diversos recursos (conhecimentos, habilidades e atitudes). dito que apesar da Enfermagem j ter desenvolvido seu prprio arsenal de conhecimento, a interao com outras cincias pode promover a compreenso das situaes e abrir novas possibilidades para a prtica do enfermeiro. Frente aos desafios vivenciados nestes tempos de mudanas paradigmticas, a Psicologia, com sensibilidade construcionista social, tem muito a contribuir para este dilogo. A Psicologia passou a interagir recentemente com as cincias da sade a fim de ampliar a viso do ser humano, considerando-o algo alm do que somente um corpo biolgico. Por fim, as autoras concluem explicando que a viso de sade atual, com foco na preveno de doenas, pode produzir tambm sentimentos de culpa, vergonha, paranoia e medo nos usurios, e sentimentos de impotncia e frustrao nos profissionais. Mostram que estes sentimentos podem afastar usurios de profissionais, tornando frustrantes as aes preventivas. Evidenciam que a Psicologia com sensibilidade construcionista social estimula ampliao do olhar do comportamento a ser modificado, para uma compreenso deste comportamento dentro de um momento histrico e cultural, com sentido construdo nos relacionamentos, buscando novas possibilidades de compreenso das situaes, com foco nas interaes. Induz a voltar-se para a interao profissional e usurio, adotando uma atitude dialgica e auxiliando na construo do projeto de vida. Estimulam que nos cursos de graduao de Enfermagem, a Psicologia pode auxiliar na reflexo sobre o processo sade-doena, na compreenso do homem como ser integral, na discusso sobre os limites da atuao profissional e na problematizao de discursos cientficos predominantes, buscando a construo de uma relao de vnculo profissional-usurio que promova novos discursos e, com isto, construa novas prticas profissionais e de sade.