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Ementário Forense

(Votos que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador


Carlos Biasotti, do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo. Veja a íntegra dos votos no Portal do Tribunal de
Justiça: http://www.tj.sp.gov.br).

• Ação Penal. Trancamento


(1a. Parte)
(Art. 43 do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 5020

“Habeas Corpus” nº 449.530/5


Art. 171, § 3º, do Cód. Penal; art. 41 do Cód. Proc. Penal

– O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da


falta de justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas
disputas. Mas, a inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito,
assim na Doutrina como na Jurisprudência, é a que, embora incompatível o
processo de “habeas corpus” com o contraditório ou ampla indagação
probatória, tem lugar o exame dos elementos dos autos, “para avaliar-se
da legalidade ou ilegalidade da ação penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p.
375; rel. Min. Costa Lima).
–“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF;
HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do
crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de
rito sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da
regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa
causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência.
– Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art.
41 do Cód. Proc. Penal).
– Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o
trancamento de ação penal por alegada ausência de justa causa, quando
se baseia a denúncia em indícios de crime em tese e de sua autoria.

Voto nº 1880

“Habeas Corpus” nº 348.950/4


Art. 171 do Cód. Penal; arts. 647 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Carece de “fumus boni juris”, ou justa causa, a persecução criminal que


não tem a sanção da lei ou não lhe satisfaz os requisitos.
– Tem lugar, no âmbito do “habeas corpus”, o exame de prova, como
antecedente lógico da operação do espírito que permite aferir a existência
de justa causa. (A ser defesa a análise da matéria de fato em “habeas
corpus”, tornar-se-ia impossível toda a verificação da existência do
requisito principalíssimo da instauração da instância criminal: a justa
causa).
– Na ação de “habeas corpus”, no entanto, o exame da prova deve ser
perfunctório e ligeiro, não aprofundado e de espaço.
– No geral sentir dos doutores, a falta de justa causa, para efeito de
trancamento de ação penal, somente pode ser reconhecida se evidente e
perceptível ao primeiro súbito de vista.
–“O direito à liberdade”, como afirmou um grande espírito, “é igual ao da
própria vida, senão superior a ele” (Bento de Faria, Código de Processo
Penal, 1960, vol. II, p. 372).
– Pelo comum, a lesão patrimonial deve ser apurada nas vias ordinárias, no
vasto campo do Direito das Obrigações, pois a Justiça Criminal não
constitui foro apropriado à composição de litígios. Não faltam exemplos,
contudo, de avenças de cunho tipicamente civil que deitaram seus efeitos
para a órbita penal.

Voto nº 2499

“Habeas Corpus” nº 370.026/4


Art. 139 do Cód. Penal; art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal
– Ainda na esfera do habeas corpus, é admissível a análise de provas para
aferir a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal;
defeso é apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na
dilação probatória.
– Para trancar a ação penal, sob o fundamento da ausência de “fumus boni
juris”, há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de
se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da
apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal
do infrator.
– Ainda que dirigida a pessoa jurídica, a imputação ofensiva pode, em tese,
configurar difamação (art. 139 do Cód. Penal), pois alcança seus
representantes legais, os sujeitos passivos do crime.

Voto nº 4907

Recurso de “Habeas Corpus” nº 1.395.389/8


Arts. 329 e 331 do Cód. Penal; art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal

– A observância da forma é, em muitos casos, a pedra angular do edifício que


assegura a validade do ato jurídico. Anular-se, entretanto, um ato ou todo o
processo, pela postergação de formalidade que não influiu na apuração dos
fatos ou na decisão da causa, será render exagerado preito de vassalagem à
lei e imolar na ara do “frívolo curialismo”. Donde o haver disposto o art.
563 do Cód. Proc. Penal: “Nenhum ato será declarado nulo, se da
nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa”.
– Não é nulo o auto de prisão em flagrante por ter nele servido de curador a
réu menor pessoa de pouca ilustração, se moralmente idônea.
– Vício do inquérito, peça meramente informativa, não alcança o processo
criminal. Com base neste argumento, proclamou o STF que da falta de
nomeação de curador a indiciado menor durante o inquérito policial não
advém consequência alguma (cf. Damásio E. de Jesus, Código de
Processo Penal Anotado, 13a. ed., p. 390).
– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do
crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de
rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância
da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa
causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº
I, do Cód. Proc. Penal).
Voto nº 557

“Habeas Corpus” nº 311.610/4


Art. 157 do Cód. Penal; art. 43 do Cód. Proc. Penal

– Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando


esta se mostra evidente à primeira face.
–“Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa
causa para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).
– É o benefício da liberdade provisória incompatível com o roubo, crime
sumamente grave e que argui em quem o pratica insigne periculosidade.

Voto nº 658

Recurso em Sentido Estrito nº 1.065.383/1


Arts. 138, 139 e 140 do Cód. Penal; art. 43 do Cód. Proc. Penal

– Para submeter alguém ao rigor de um processo-crime, é mister apresente o


acusador (público ou particular) elementos dos quais se extraia o “fumus
boni juris”, ou a justa causa para a ação penal.
– A honra é “mais preciosa e mais amável que a mesma vida” (Vieira,
Sermões, 1959, t. XIV, p. 228).

Voto nº 576

“Habeas Corpus” nº 312.022/3


Arts. 138 e 141, nº II, do Cód. Penal;
art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Em caso de “habeas corpus” fundado na alegação de falta de justa causa,


forçoso é proceder ao exame da prova, único processo lógico de apreensão
da verdade. “O que a lei não permite e o que a doutrina desaconselha é a
reabertura de um contraditório de provas, no processo sumaríssimo de
habeas corpus” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 40, p. 271).
–“Na ação penal pública também vige o princípio da indivisibilidade da ação
penal, que deve ser velado pelo Ministério Público” (Apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 13a. ed., p. 52).
– A intenção de defender (“animus defendendi”) neutraliza a intenção de
caluniar (“animus calumniandi”) (JTACrSP, vol. 70, p. 165).
–“O advogado tem de ser inteiramente livre, para poder ser completamente
escravo de seu dever profissional! O único juiz da sua conduta há de ser a
sua própria consciência...” (Alfredo Pujol, Processos Criminais, 1908, p.
128).
– Sobretudo a liberdade de expressão há sempre de garantir-se aos
advogados, que, dentre todos os profissionais, são os únicos a quem tocou
a palavra por instrumento de luta.
–“O advogado precisa da mais ampla liberdade de expressão para bem
desempenhar o seu mandato. Os excessos de linguagem, que porventura
cometa na paixão do debate, lhe devem ser relevados” (Rafael Magalhães
in Revista de Jurisprudência, vol. I, p. 375).
–“O patrono de uma causa precisa, muitas vezes, para bem defendê-la,
assegurando assim o seu êxito, ser veemente, apaixonado, causticante. Sem
que o advogado revista a sua defesa de tais características, a sorte do seu
cliente estará, talvez, irremediavelmente perdida” (Sobral Pinto; apud
Carvalho Neto, Advogados, 1946, p. 481).

Voto nº 874

Recurso em Sentido Estrito nº 1.070.263/5


Art. 171 do Cód. Penal; art. 67 da Lei nº 8.078/90;
art. 43, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Se o fato narrado na denúncia não constitui crime, deve o Magistrado,


desassombradamente, rejeitá-la (art. 43, nº I, do Cód. Proc. Penal), por
desnecessário o procedimento criminal quando evidente sua inadmissi-
bilidade.
– Posto não seja mais que o marco inicial da instância acusatória, constitui
porém a denúncia, de si mesma, um mal insigne, visto implica violência
desmarcada ao “status dignitatis” do indivíduo.
– Nisto de recebimento da denúncia, o ponto está em saber se o fato nela
descrito configura ou não crime em tese; porque, em caso afirmativo,
haverá mister submetê-lo a prova para apuração da verdade real e
liquidação de eventual culpa de seu autor.

Voto nº 1180

“Habeas Corpus” nº 330.220/9


Arts. 158, § 1º, 1a. parte; art. 71, parág. único, do Cód. Penal

– Na esfera do “habeas corpus”, onde todas as alegações devem estar


cabalmente comprovadas, não se admite exame aprofundado de matéria de
fato. Por isso, pedido de trancamento de ação penal por falta de justa
causa (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal) somente se defere quando
demonstrada, além de toda a dúvida, a ilegitimidade da coação.
– Presente o “fumus boni juris”, ou justa causa para a ação penal, é defeso
atalhar o curso do processo, visto constitui o meio regular “para a
averiguação do crime e da autoria e para o julgamento da ilicitude e da
culpabilidade” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p.
3).

Voto nº 1237

“Habeas Corpus” nº 332.206/3


Art. 171 do Cód. Penal; art. 647 do Cód. Proc. Penal

– Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o


curso do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu
constitui crime e há indícios suficientes de sua autoria.

Voto nº 1379

Recurso de “Habeas Corpus” nº 1.145.535/4


Art. 168 do Cód. Penal;
art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal
– Configura constrangimento ilegal, remediável por “habeas corpus”, o ato
da autoridade policial que, para resolver pendência entre terceiro, em cujo
nome foi o bem adquirido, e seu possuidor, ordena contra este medidas
drásticas de apreensão e indiciamento por apropriação indébita.
– Visto não constitui a Justiça Criminal foro apropriado à composição de
litígios decorrentes de inadimplência contratual, possível lesão de direito
ou interesse da parte deve ser apurada pelas vias ordinárias, na ampla esfera
do Direito Civil.

Voto nº 1708

“Habeas Corpus” nº 349.418/4


Arts. 171 e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal

– É princípio geralmente recebido que, em processo de “habeas corpus”,


cabe exame de questões de fato para averiguar da existência, ou não, da
justa causa para a ação penal. É defesa, contudo, sua análise percuciente e
de espaço, por isso que própria só da via judicial ordinária, com
observância do preceito do contraditório: “audiatur et altera pars”.
– Se o fato imputado ao paciente constitui crime em tese, há justa causa para
a instauração da lide penal. A proclamação da inocência do acusado, por
exigir exame detido das provas, não se compreende nos estreitos limites da
ação de “habeas corpus” (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 1962

“Habeas Corpus” nº 357.178/6


Art. 147 do Cód. Penal

– Trancamento de ação penal mediante “habeas corpus”, por ser providência


excepcional, somente se admite nos casos em que a falta de justa causa
tenha ficado demonstrada além de toda a dúvida sensata.
– Comprovada a existência de crime, em tese, e de quem lhe seja o autor,
justifica-se a instauração do procedimento criminal.

Voto nº 2106
“Habeas Corpus” nº 359.128/1
Art. 180 do Cód. Penal; art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Coartar a persecução penal com fundamento na falta de justa causa é


providência excepcional, que tem lugar só na hipótese de não constituir
crime o fato imputado ao agente, ou estar-lhe provada, sem dúvida, a
inocência.

Voto nº 2213

“Habeas Corpus” nº 364.284/7


Art. 169 do Cód. Penal; art. 647 do Cód. Proc. Penal

– Conforme princípio jurídico altamente reputado, não é o “habeas corpus”


via adequada para aferir o elemento subjetivo do tipo penal, o que requer
exame percuciente de provas, possível apenas na instrução criminal do
processo.
– Não há atalhar a “persecutio criminis”, sob color de constrangimento
ilegal, se o fato imputado ao paciente constitui delito em tese, pois o fim a
que tira o inquérito policial é precisamente esclarecer a ocorrência de
caráter criminoso (art. 6º do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 2406

Recurso de “Habeas Corpus” nº 1.222.751/1


Art. 6º do Cód. Proc. Penal; art. 1º da Lei nº 8.176/91

– Embora não seja o inquérito mais que a fase preparatória da acusação


formal, constitui já mal insigne para o indivíduo, pois o alcança em seu
mais valioso patrimônio: a honra. Todo o indiciamento importa verdadeira
“capitis deminutio”. A decisão, portanto, que põe cobro ao gravame do
indiciamento em inquérito policial – quando escusado (e talvez arbitrário)
– passa por legítima, além de sábia.
– Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do indivíduo, o
indiciamento em inquérito policial a lei unicamente permite em face de
prova cabal da existência do crime e de indícios veementes de sua autoria.
Voto nº 2609

Recurso de “Habeas Corpus” nº 1.241.223/5


Art. 171 do Cód. Penal; art. 647 do Cód. Proc. Penal

– Não constitui constrangimento ilegal reparável pela via heroica do “habeas


corpus” o indiciamento de quem é acusado da prática de fato que, em tese,
configura delito. Nesse caso, a apuração de sua responsabilidade passa por
exigência da lei (art. 6º do Cód. Proc. Penal).
– O trancamento do inquérito policial, por implicar profunda quebra da
atividade inerente à Polícia Judiciária e ao Ministério Público, somente se
admite quando salte aos olhos a falta de justa causa para a persecução
penal.

Voto nº 2766

“Habeas Corpus” nº 374.704/9


Art. 155, § 4º, nº III, do Cód. Penal; art. 395 do Cód. Proc. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Para trancar a ação penal, sob o fundamento da ausência de “fumus boni


juris”, há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de
se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da
apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal
do infrator.
– Não configura cerceamento do direito de defesa a falta de manifestação do
patrono do réu nos termos e para os fins do art. 395 do Cód. Proc. Penal, se
regularmente intimado. O que a lei exige é se dê à Defesa oportunidade de
fazê-lo. Ao demais, a apresentação de defesa prévia constitui mera
faculdade e não obrigação do defensor (Rev. Tribs. vol. 524, p. 406).
– Não faz jus a liberdade provisória o réu que a teve antes revogada por
haver de novo delinquido, pois não só frustrou a confiança da Justiça, mas
também revelou decidida vocação para o crime, o que lhe impede a
concessão do benefício (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
Voto nº 5963

Recurso em Sentido Estrito nº 443.159-3/7-00


Art. 1º, nº III, do Dec.-lei nº 201/67; Lei nº 10.628/02;
art. 84 do Cód. Proc. Penal; art. 29, nº VIII, da Const. Fed.
Súmula nº 394 do STF

– A competência especial por prerrogativa da função diz com o exercício do


cargo ou do mandato. A perda da função implica a do foro: ao decair da
função, ou deixar o exercício do cargo, no mesmo ponto perde o prefeito a
prerrogativa de foro (art. 29, nº VIII, da Const. Fed.).
–“A luz da Constituição Federal de 1988, afigura-se inconstitucional a
outorga de foro especial a ex-ocupantes de cargo ou função pública”
(Damásio E. de Jesus, Foro por Prerrogativa da Função; Complexo
Jurídico Damásio de Jesus, São Paulo; fev. 2003).
–“A prerrogativa de foro visa a garantir o exercício do cargo ou do mandato,
e não a proteger quem o exerce. Menos ainda quem deixa de exercê-lo”
(STF; Inq. nº 687-SP; rel. Min. Sydney Sanches).

Voto nº 6045

“Habeas Corpus” nº 474.968-3/0-00


Art. 99,§ 2º, do Estatuto do Idoso; art. 129 da Const. Fed.;
Súmula nº 234 do STJ

– Há casos em que a atuação do representante do Ministério Público, mesmo


na esfera da Polícia, não “repugna à natureza de suas funções de advogado
da lei, fiscal da sua execução e promotor de justiça” (Eduardo Espínola
Filho, Código de Processo Penal Anotado, 5a. ed., vol. VII, p. 233).
–“A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória
criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento
da denúncia” (Súmula nº 234 do STJ).

Voto nº 6079
“Habeas Corpus” nº 476.099-3/9-00
Art. 121, § 2º, nº III, do Cód. Penal;
art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Remédio processual específico para a tutela das garantias e direitos


fundamentais do indivíduo, é o “habeas corpus” instrumento idôneo para o
exame da existência de justa causa para ação penal. Por seu rito sumário,
entretanto, somente enseja o trancamento de inquérito ou ação penal quando
salte aos olhos desde logo a atipicidade do fato arguido de criminoso (art.
647 do Cód. Proc. Penal).
– A apuração da responsabilidade criminal do réu é própria da instância
penal do contraditório; transferi-la para a via heroica do “habeas corpus”
seria decidir a questão de mérito, atribuição privativa do Juízo da causa.
– Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando
esta se mostre evidente à primeira face.
– “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa
causa para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 5036

“Habeas Corpus” nº 451.482/8


Art. 147 do Cód. Penal; art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para


aferir a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal;
defeso é apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na
dilação probatória.
– Para trancar a ação penal, sob o fundamento da ausência de “fumus boni
juris”, há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de
se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da
apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal
do infrator.

Voto nº 6122
Recurso em Sentido Estrito nº 404.519-3/5-00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 41 do Cód. Proc. Penal

– Se o fato arguido constituir crime em tese, o órgão do Ministério Público


tem o poder-dever de encetar a “persecutio criminis in judicio” (art 41 do
Cód. Proc. Penal).
– Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor.
– Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o
trancamento de ação penal por alegada ausência de justa causa, quando
se baseia a denúncia em indícios de crime em tese e de sua autoria.

Voto nº 6505

“Habeas Corpus” nº 873.317-3/0-00


Arts. 288, parág. único; 159, § 1º, e 157 do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Na esfera do “habeas corpus”, onde todas as alegações devem estar


cabalmente comprovadas, não se admite exame aprofundado de matéria de
fato. Por isso, pedido de trancamento de ação penal por falta de justa
causa (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal) somente se defere quando
demonstrada, além de toda a dúvida, a ilegitimidade da coação.
– Presente o “fumus boni juris”, ou justa causa para a ação penal, é defeso
atalhar o curso do processo, visto constitui o meio regular “para a
averiguação do crime e da autoria e para o julgamento da ilicitude e da
culpabilidade” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p.
3).
– Não tem jus à liberdade provisória o autor de extorsão, pela falta de
requisito intrínseco: inocorrência de hipótese que autorize a prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
– A natureza e a gravidade do crime de extorsão mediante sequestro
impedem se outorgue a seu autor, ainda que primário e de bons
antecedentes, o benefício da liberdade provisória. A defesa dos direitos e
interesses da sociedade é que reclama a segregação, até a decisão final de
mérito, daquele que violou profundamente a ordem jurídica (art. 159, § 1º,
do Cód. Penal).
Voto no 6640

“Habeas Corpus” no 899.511-3/5-00


Arts. 12 e 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Lei do Desarmamento);
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

– Na esfera do “habeas corpus”, embora admissível o exame de provas para


aferir a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal, é
defesa a análise aprofundada e percuciente, como se pratica na dilação
probatória (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
– Para trancar a ação penal, sob o fundamento da ausência de “fumus boni
juris”, há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de
se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da
apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal
do infrator.
– As circunstâncias pessoais do réu e a comprovação de seus bons
antecedentes importam muito para a concessão da liberdade provisória,
benefício a que, em princípio, faz jus só o preso não-perigoso (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal)

Voto no 6762

“Habeas Corpus” no 905.907-3/9-00


Art. 355, parág. único, do Cód. Penal;
art. 41 do Cód. Proc. Penal

–“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não


contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF;
HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do
crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de
rito sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da
regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa
causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência.
– Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art.
41 do Cód. Proc. Penal).
– Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento
de ação penal por alegada ausência de justa causa, quando se baseia a
denúncia em indícios de crime em tese e de sua autoria.

Voto nº 7417

“Habeas Corpus” nº 986.563-3/0-00


Art. 171, “caput”, do Cód. Penal; art. 6º do Cód. Proc. Penal

– Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o


curso do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu
constitui crime e há indícios suficientes de sua autoria.
– Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para
aferir a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal;
defeso é apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na
dilação probatória.
– Para trancar a ação penal, sob fundamento da ausência de “fumus boni
juris”, há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de
se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da
apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal
do infrator.
– É dogma jurídico intangível que dois processos não podem pender
simultaneamente sobre a mesma ação (por “mesma ação” a doutrina
designa aquela em que conspiram os seguintes elementos identificadores:
“pessoas”, “causa de pedir” e “pedido”). No caso de reduplicação de
ações idênticas, resolve-se a questão “pelo critério da precedência da
decisão transitada em julgado” (cf. STF; HC nº 77.990-3; rel. Min.
Moreira Alves; Rev. Tribs., vol. 764, p. 495).
– Daquele que o alega é o ônus da prova da litispendência, que apenas se
reconhece nos casos de identidade de partes, pedido e causa de pedir.

Voto nº 9622

“Habeas Corpus” nº 1.088.125-3/7-00


Art. 171, § 2º, nº I, do Cód. Penal; arts. 41 e 647 do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54

–“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não


contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF;
HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do
crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de
rito sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da
regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa
causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência.
– Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art.
41 do Cód. Proc. Penal).
– Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o
trancamento de ação penal por alegada ausência de justa causa, quando
se baseia a denúncia em indícios de crime em tese e de sua autoria.
– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade
coatora, apto a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-
lhe a concessão de salvo-conduto, não o infundado receio de que venha a
ser preso e processado criminalmente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9625

Embargos de Declaração nº 989.684-3/6-01


Arts. 61 e 619 do Cód. Proc. Penal; art. 90 da Lei nº 8.666/93;
arts. 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal

– Reza o art. 109 do Cód. Proc. Penal que, “se em qualquer fase do processo
o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos,
haja ou não alegação da parte (...)”.
–“A competência, no processo penal, é de regra absoluta” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. IV, p. 404).
– A partir de sua instalação em 17.10.2007, é a colenda 15a. Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça a competente, com exclusão das mais, para
o julgamento das ações penais relativas a crimes comuns e de
responsabilidade de Prefeitos.
– Competente para julgar os embargos declaratórios é a mesma Câmara em
que tem assento o relator do acórdão embargado, porque somente ele está
em condições de elucidar a real inteligência a respeito do ponto considerado
obscuro, omisso ou contraditório.
– O fim a que tiram os embargos declaratórios é, segundo o direito comum,
provocar reexame de decisão, esclarecendo-a, dissipando-lhe as dúvidas ou
expungindo-a de erros (art. 619 do Cód. Proc. Penal).
–“A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada” (art. 110, § 1º, do Cód. Penal).
–“A prescrição prevista no § 1º constitui forma de prescrição da pretensão
punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória”
(Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
– Decretada a extinção da punibilidade do réu pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 7409

“Habeas Corpus” nº 989.556-3/0-00


Arts. 171 e 14, nº II, do Cód. Penal; art. 41 do Cód. Proc. Penal

–“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não


contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF;
HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do
crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de
rito sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da
regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa
causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência.
– Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art.
41 do Cód. Proc. Penal).
– Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento
de ação penal por alegada ausência de justa causa, quando se baseia a
denúncia em indícios de crime em tese e de sua autoria.
Voto nº 9873

“Habeas Corpus” nº 1.173.669-3/3-00


Art. 288 do Cód. Penal; arts. 6º e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 8.137/90

– Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o


curso do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu
constituir crime e houver indícios suficientes de sua autoria.
– Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para
aferir a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal;
defeso é apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na
dilação probatória (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
– Para trancar a ação penal, ou impedir o curso de inquérito policial, sob o
fundamento da ausência de “fumus boni juris”, há mister prova mais clara
que a luz meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos
postulados se inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça,
da responsabilidade criminal do infrator.

Voto nº 9878

“Habeas Corpus” nº 1.161.786-3/4-00


Arts. 71 e 171, § 2º, nº VI, do Cód. Penal;
art. 41 do Cód. Proc. Penal

–“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não


contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF;
HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do
crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de
rito sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da
regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa
causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência.
– Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art.
41 do Cód. Proc. Penal).
– Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o
trancamento de ação penal por alegada ausência de justa causa, quando
se baseia a denúncia em indícios de crime em tese e de sua autoria.

Voto nº 8187
“Habeas Corpus” nº 1.056.199-3/4-00
Art. 330 do Cód. Penal;
art. 5º, nº II, e 40 do Cód. Proc. Penal

– Conforme opinião altamente reputada, carece o representante do Ministério


Público da qualidade de coator quando requisita instauração de inquérito
policial, pois seu ato não cerceia o direito deambulatório de ninguém (art.
5º, nº II, do Cód. Proc. Penal).
–“Compete ao magistrado de primeiro grau processar e julgar habeas
corpus impetrado contra instauração de inquérito policial, ainda que o ato
tenha sido praticado por força de requisição ministerial, na medida em que
o ato requisitório de inquérito policial se exaure com a sua instauração”
(STJ; AgRg no REsp nº 700.115-MT; 6a. T.; rel. Min. Hélio Quaglia
Barbosa; j. 18.10.2005).
–“Até entre os anjos pode haver variedade de opiniões, sem menoscabo de
sua sabedoria nem de sua santidade” (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 218).

Voto nº 8195

“Habeas Corpus” nº 1.048.769-3/2-00


Arts. 187, 188, nº I, e 195, nº III, da Lei nº 9.279/96;
arts. 41 e 93 do Cód. Proc. Penal

–“A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso”, reza o art.


41 do Cód. Proc. Penal. A existência de delito, portanto, é o pressuposto
legal da instauração da “persecutio criminis”.
– Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento
de ação penal por alegada ausência de justa causa, quando se baseia a
denúncia em indícios de crime em tese e de sua autoria.
–“Não esquecer a advertência de Mayns, de que o magistrado não acredita
em nada, tudo deve ser provado” (Washington de Barros Monteiro,
Curso de Direito Civil, 3a. ed., Parte Geral, p. 257).
Voto nº 1700

“Habeas Corpus” nº 349.210/2


Art. 129, § 7º, do Cód. Penal;
art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal
– Em caso de “habeas corpus” fundado na alegação de falta de justa causa,
forçoso é proceder ao exame da prova, único processo lógico de apreensão da
verdade. “O que a lei não permite e o que a doutrina desaconselha é a
reabertura de um contraditório de provas, no processo sumaríssimo de
habeas corpus” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 40, p. 271).
– É grande violência ao Direito pretender apurar, no Juízo Criminal, a
responsabilidade de representante legal de empresa, declarada já isenta de
culpa em processo de indenização por ato ilícito. De feito, embora
independente da responsabilidade civil a criminal (art. 1.525 do Cód.
Civil), a culpa – ou quebra do dever de cuidado objetivo, constituída
pelos clássicos elementos da imprudência, imperícia ou negligência –
será sempre, em qualquer Instância, uma só e a mesma.

(Em breve, novas ementas).

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