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RS: MICRORREGIÕES E CARÊNCIAS, SEGUNDO O ÍNDICE SOCIAL

MUNICIPAL AMPLIADO - ISMA1.


Claudio Dias Barbieri
Hélios Puig Gonzalez Org.
Ricardo Rossi da Silva Couto
Salvatore Santagada

Neste texto2, inicialmente, será feita a análise microrregional3 para cada Bloco dos
resultados obtidos em função do Índice Social Municipal Ampliado (ISMA4).
Identificaremos o grau de exclusão social nas microrregiões em relação às carências
encontradas com base no desempenho dos municípios e das regiões do Estado considerando
sua situação em relação a quinze indicadores sociais, estruturados em quatro blocos de
índices da Condição de Domicílio e Saneamento5; Educação6; Saúde7; e de Renda8.
Destacaremos as variáveis que mais influenciaram negativamente nas cinco piores
microrregiões classificadas, a partir do estudo da média do Índice para o período 1991 –
1996. Em seguida, far-se-á uma análise das variáveis mais deficientes nas microrregiões do
Estado, com base no ISMA, considerando os indicadores equivalentes em metodologias
consagradas de outras fontes, para o Rio Grande do Sul e o Brasil, em anos mais recentes.
A partir da consolidação do ISMA 1991/96 e com a sistematização da periodiziação
anual do resultado desse trabalho vem oportunizar um aprofundamento no conhecimento

1
É uma medida de exclusão social construída com os registros administrativos dos diferentes órgãos
governamentais que possibilitam mensurar os diferenciais nas condições de vida e de desenvolvimento da
população e estabelecer comparações entre Municípios agrupados por Microrregiões do IBGE e por regiões
administrativas dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento no Estado.
2
Queremos agradecer as contribuições de Carlos Roberto Winckler, coordenador do Núcleo de Indicadores
Sociais.
3
De acordo com a divisão encontrada para o Rio Grande do Sul pela metodologia do IBGE de trinta e cinco
microrregiões produtivas..
4
BENSUSSAN, Jaques Alberto, coord. (2000). Índice Social Municipal Ampliado para o Rio Grande do Sul
– 1991-96. Relatório de Pesquisa. Porto Alegre: FEE. p.64 (Documentos FEE 45)
5
Variáveis Municipais: Média de Moradores por Domicílio Urbano; Proporção de Domicílios Ligados à Rede
Pública Urbana de Abastecimento de Água Tratada; e Proporção de Domicílios Urbanos Ligados à Rede
Pública de Coleta de Esgoto Cloacal.
6
Variáveis Municipais: Taxa de Evasão no Ensino Fundamental; Taxa de Reprovação no Ensino
Fundamental; Taxa de Atendimento do Ensino Médio; e a Taxa de Analfabetismo de 15 anos e Mais de Idade
7
Variáveis Municipais: Razão Unidade Ambulatorial por 1.000 habitantes; Razão Leitos Hospitalares por
1.000 habitantes, Logaritmo de base 10 da Razão de Médicos por 10.000 habitantes; Percentual de Crianças
com Baixo Peso ao Nascer; e a Taxa de Mortalidade Infantil de Menores de 5 Anos.
8
Variáveis Municipais: Concentração de Renda – Setor Formal (Gini), Despesa Social Municipal; e o
Logaritmo de base 10 do Produto Interno Bruto Municipal Per Capita a Custo de Fatores.
2

da realidade social local. Sua metodologia propicia, através dos procedimentos estatísticos
que combinam dados mais ágeis oriundos dos registros administrativos governamentais
com os levantamentos censitários do IBGE, permitindo superar a defasagem temporal
desses últimos, possibilita uma maior precisão analítica por conseguir relacionar maior
número de variáveis, para situações antes examinadas através de indicadores muito
genéricos e restritos a poucas variáveis. Esse quadro metodológico proporciona uma maior
segurança na utilização desse trabalho para a definição de políticas públicas que direcionem
recursos às microrregiões mais carentes.

ANÁLISE MICRORREGIONAL DA MÉDIA DO ÍNDICE SOCIAL MUNICIPAL


AMPLIADO, NO PERÍODO 1991 – 1996.

A média do Índice Social Municipal Ampliado do Rio Grande do Sul, no período


1991 a 1996, com referência as microrregiões do Estado, foi de 0,52 , correspondendo a
uma população total de 9.637.682 habitantes que ocupa uma área de 282.062 Km2 e
apresenta uma densidade populacional de 34,17 habitantes por Km2 (Tabela 1). Os valores
dos índices de todas as microrregiões, variam entre a microrregiões geográficas de Porto
Alegre (0,56) e de Soledade (0,38).
Em relação à média do Estado (0,52) observa-se que há seis microrregiões com
valores de índices acima dessa (Tabela 2), com uma população total de 4.745.747
habitantes em uma área total de 37.444,1 Km2 e densidade populacional de 126,74
habitantes por Km2. As restantes vinte e nove abaixo da média, correspondem a uma
população total de 4.891.935 habitantes em uma área de 231.709,8 Km2 e densidade
populacional de 21,11 habitantes por Km2. As microrregiões mais desenvolvidas
concentram 53,10% do PIB estadual, onde residem 49,24% da população e que ocupam
uma área, restrita, de 13,28% do Estado, por outro lado 50,76% da população reside nas
microrregiões abaixo do índice médio, que ocupam 82,15%9 da área do Estado e concentra
46,90% do PIB total estadual.
As cinco piores classificadas com baixo desempenho em relação à média do ISMA
são as microrregiões de Soledade, Frederico Westphalen, Serras do Sudeste, Camaquã e
Vacaria (Mapa 1).
9
Não está incluída a área correspondente a Lago dos Patos 10.100,5 km2 e Lagoa Mirim 2.807,6 km2.
3

Ordem ISMA (0,52) Cond.Dom.San.(0,65) Educação (0,60) Saúde (0,38) Renda (0,43)
35 Soledade(0,38) Frederico West(0,43) Soledade(0,37) Vacaria(0,27) Serras do Sudeste(0,33)
34 Frederico West(0,42) Soledade(0,45) Serras do Camp.Ocidental(0,27) Santa Maria(0,35)
Sudeste(0,42)
33 Serras do Cerro Largo(0,46) Jaguarão(0,45) Camp.Central(0,27) Frederico West(0,36)
Sudeste(0,43)
32 Camaquã(0,43) Osório(0,47) Camaquã(0,45) Camaquã(0,28) Soledade(0,36)
31 Vacaria(0,44) Montenegro(0,48) São Jerônimo(0,50) Lit.Lagunar(0,29) Camp.Meridional(0,37)
Mapa 1
Índice Social Municipal Ampliado: As Cinco Microrregiões Mais Deficientes.
Rio Grande do Sul - média do período 1991-96
5
6

Fonte: FEE/NIS
ANÁLISE MICRORREGIONAL DA MÉDIA DO ÍNDICE SOCIAL MUNICIPAL
AMPLIADO (ISMA) POR BLOCOS DE VARIÁVEIS, NO PERÍODO 1991 –
1996.

CONDIÇÃO DE DOMICÍLIO E SANEAMENTO

A Média do Índice de Condição de Domicílio e Saneamento nas microrregiões do


Rio Grande do Sul, no período 1991 a 1996, é de 0,65. Os valores de todas as
microrregiões variam entre Campanha Meridional (0,79) a Frederico Westphalen (0,43).
Significa que esse bloco apresenta um patamar de valores de índices maiores em relação
aos outros blocos e ao ISMA do Estado (0,52), indicando que em relação às variáveis que
compõem este Bloco, elas mostram uma melhor condição de vida para a população, com
exceção da coleta de esgoto cloacal em que há uma grande deficiência. Ressalte-se que a
rigor quanto a este item a situação de todas as microrregiões é precária, pois a variável
coleta de esgoto cloacal ainda não contempla sistemas de tratamento, os quais praticamente
inexistem na maioria das mesmas o que produz reflexos imediatos nas condições de vida da
população principalmente de baixa renda, onerando as despesas do Estado e aumentando o
quadro de deficiências no atendimento da saúde pública no Estado.
Em relação à média do Bloco das Condições de Domicílio e Saneamento no Estado,
observa-se que há oito microrregiões com valores de índices acima da média do Bloco no
período, correspondendo a uma população total de 4.746.296 habitantes e uma área total de
84.132,5 km2, e densidade populacional de 56,41 habitantes por km2. As restantes vinte e
sete microrregiões, que abrangem uma população total de 4.891.386 habitantes em uma
área total de 185.021,4 km2 e densidade populacional de 26,44 habitantes por Km2, estão
abaixo da média.
Esse quadro confirma o enorme desequilíbrio entre as regiões, dado que as
microrregiões acima da média, com 29,83% da área do Estado, concentram 47,38% do PIB
total do RS. Tal aspecto atesta as profundas desigualdades das condições de vida da
população quanto às variáveis consideradas. Assim, a grande maioria necessitaria, em curto
8

prazo, de investimento para atingir, pelo menos, a média do período em estudo do Bloco de
Saneamento (0,65).
As cinco piores microrregiões são Frederico Westphalen, Soledade, Cerro Largo,
Guaporé e Montenegro.
Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média
35 FREDERICO WESTPHALEN 0,41 0,42 0,42 0,43 0,43 0,44 0,43
34 SOLEDADE 0,44 0,45 0,45 0,46 0,46 0,47 0,45
33 CERRO LARGO 0,45 0,45 0,45 0,46 0,46 0,46 0,46
32 GUAPORÉ 0,47 0,47 0,47 0,47 0,46 0,46 0,47
31 MONTENEGRO 0,49 0,48 0,48 0,48 0,48 0,48 0,48

Comparando-se as três variáveis, no seu desempenho, observa-se as seguintes


situações.
A média do Estado (0,69), no Índice da Média de Moradores por Domicílio10,
destacam como cinco piores microrregiões Frederico Westphalen, Guaporé, Soledade,
Sananduva e Cerro Largo.
Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média
35 FREDERICO WESTPHALEN 0,37 0,37 0,36 0,36 0,35 0,38 0,36
34 GUAPORÉ 0,45 0,45 0,43 0,42 0,41 0,44 0,43
33 SOLEDADE 0,46 0,46 0,45 0,45 0,44 0,47 0,45
32 SANANDUVA 0,48 0,48 0,48 0,48 0,47 0,50 0,48
31 CERRO LARGO 0,49 0,49 0,49 0,48 0,48 0,51 0,49

A média do Estado (0,84), no Índice da Proporção de Domicílios Urbanos


Abastecidos com Água Tratada11 destacam como as cinco piores microrregiões Osório,
Montenegro, Lajeado-Estrela, Gramado-Canela e Cerro Largo.
Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média
35 OSÓRIO 0,61 0,60 0,61 0,59 0,61 0,61 0,61
34 MONTENEGRO 0,58 0,63 0,63 0,61 0,63 0,63 0,62
33 LAJEADO-ESTRELA 0,70 0,73 0,72 0,69 0,71 0,70 0,71
32 GRAMADO-CANELA 0,70 0,75 0,73 0,73 0,75 0,76 0,73
31 CERRO LARGO 0,72 0,77 0,75 0,70 0,75 0,76 0,74

A média do Estado (0,33), no Índice da Proporção de Domicílios Urbanos com


Coleta de Esgoto Cloacal12, confirma a grande carência de Coleta de Esgoto Cloacal nos
Domicílios Urbanos. Onze microrregiões apresentam índice zero, indicando inexistência de

10
IBGE (Censo 1991 e Contagem 1996); e Interpolação da FEE/NSI
11
CORSAN, SES, E Sistemas Autárquicos Independentes Municipais.
12
CORSAN E Sistemas Autônomos Municipais.
9

rede cloacal específica. São elas Três Passos, Erechim, Sananduva, Cerro Largo,
Carazinho, Guaporé, Santiago, Lajeado-Estrela, Montenegro, São Jerônimo e Camaquã.
Das três variáveis do Bloco de Condição de Domicílio e Saneamento, na média do
período considerado, a microrregião de Cerro Largo, aparece três vezes entre as piores.
A média desse Bloco obteve resultados melhores, em face das duas variáveis,
Média de Moradores por Domicílio e Proporção de Domicílios Urbanos Abastecidos
com Água Tratada, terem maiores pesos (0,40 e 0,35) e também apresentarem resultados
mais elevados.
Quanto a variável Média de Moradores por Domicílio, convém salientar que nas
regiões melhores classificadas, com exceção de Porto Alegre, não há significativa geração
de empregos ou mudanças no perfil da estrutura social, ocasionando a migração de pessoal
jovem em busca de melhores condições de vida, nas regiões mais desenvolvidas do Estado,
portanto pode-se haventar a hipótese de que o processo de migração da população mais
jovem contribuiu para baixar a média de moradores por o que determinou uma melhor
classificação nessa variável.
No caso do Abastecimento com Água Tratada as microrregiões melhores
classificadas apresentam, na maioria, baixa densidade populacional, praticamente tendo
um município importante por cada microrregião, o que provoca a elevação da média, visto
que as principais cidades realmente possuem sistemas de tratamento e de distribuição
satisfatórios. É importante salientar que a variável não contempla as condições climáticas
desfavoráveis que ocasionam secas prolongadas, bem como a falta da manutenção das
redes de distribuição, as quais causam desabastecimentos temporários, não captados nesta
avaliação, portanto uma situação que contradiz com as melhores condições de vida da
população alcançadas no índice.

SAÚDE

A Média do Índice de Saúde nas microrregiões do Rio Grande do Sul, no período


1991 a 1996, foi de 0,38, portanto abaixo do Índice Médio do Estado calculado pelo ISMA
(0,52). Os valores de todas as microrregiões variam entre Guaporé (0,48) a Vacaria (0,27).
Em relação à média do Bloco de Saúde observa-se que há doze microrregiões com
valores de índices precários, mas que estão acima da média do bloco. As vinte e três
10

microrregiões restantes, que abrangem uma população total de 4.981.195 habitantes em


uma área de 220.912,9 km2, com 22,55 habitantes por km2, estão abaixo da média do
período em estudo desse Bloco. Considerando o quadro insatisfatório apresentado, em que
78,32% da área do Estado concentram 51,19% do PIB total, conclui-se haver uma extrema
carência na prestação de serviços de Saúde Pública à população no RS.
Saliente-se que a maioria das microrregiões está abaixo da média, a qual bem
expressa o quadro caótico do atendimento, principalmente para a maioria da população, que
é de baixa renda, e em especial daqueles que procuram atendimento via Sistema Único de
Saúde. Observamos que as cinco piores classificadas são as microrregiões de Vacaria,
Campanha Ocidental, Campanha Central, Camaquã e Litoral Lagunar.

Ordem Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média

35 VACARIA 0,24 0,25 0,26 0,28 0,29 0,30 0,27

34 CAMPANHA OCIDENTAL 0,25 0,26 0,27 0,28 0,28 0,29 0,27

33 CAMPANHA CENTRAL 0,25 0,26 0,27 0,27 0,28 0,29 0,27

32 CAMAQUÃ 0,25 0,27 0,28 0,29 0,30 0,31 0,28

31 LITORAL LAGUNAR 0,25 0,27 0,28 0,29 0,31 0,32 0,29

Seus piores desempenhos foram quanto às variáveis: Razão Unidade Ambulatorial


por 1.000 Habitantes e a Razão de Leitos Hospitalares por 1.000 Habitantes.
Esse quadro indica a insuficiência e a desigualdade no atendimento e, perante o
índice do ISMA (0,52), nenhuma das microrregiões de tal Bloco apresentaram um
desempenho acima da média.
A média desse Bloco com um patamar de valor de índice menor em relação ao
ISMA, confirma o baixo desempenho das suas cinco variáveis. Duas foram as variáveis que
mais contribuíram para sua pior posição na média do Estado, em relação aos demais blocos.
São elas o Índice da Razão Unidade Ambulatorial por 1.000 Habitantes (0,09) e o
Índice da Razão de Leitos Hospitalares por 1.000 Habitantes (0,17).

Comparando as cinco variáveis, no seu desempenho microrregional, vimos que:


11

- No Índice da Razão Unidade Ambulatorial por 1.000 Habitantes13, a média do


Estado no período é de (0,09). Destacam-se, como as cinco mais elevadas, os cincos piores
são Litoral Lagunar, Campanha Central, Campanha Ocidental, Porto Alegre e Campanha
Meridional.
Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média
35 LITORAL LAGUNAR 0,02 0,03 0,03 0,04 0,04 0,03 0,03
34 CAMPANHA CENTRAL 0,03 0,04 0,04 0,06 0,03 0,02 0,04
33 CAMPANHA OCIDENTAL 0,03 0,05 0,05 0,06 0,05 0,03 0,04
32 PORTO ALEGRE 0,05 0,05 0,05 0,05 0,04 0,03 0,05
31 CAMPANHA MERIDIONAL 0,04 0,06 0,06 0,09 0,05 0,04 0,06

- No Índice da Razão de Leitos Hospitalares por 1.000 Habitantes14, a média do


Estado no período é de (0,17). Destacam-se como as cinco piores Santa Maria, Campanha
Ocidental, Cachoeira do Sul, Jaguarão e Osório.

Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média

35 SANTA MARIA 0,09 0,15 0,12 0,10 0,11 0,08 0,11

34 CAMPANHA OCIDENTAL 0,09 0,13 0,12 0,10 0,11 0,11 0,11

33 CACHOEIRA DO SUL 0,09 0,13 0,12 0,10 0,11 0,11 0,11

32 JAGUARÃO 0,09 0,13 0,12 0,10 0,11 0,12 0,11

31 OSÓRIO 0,08 0,15 0,13 0,11 0,11 0,10 0,11

- No Índice da Razão de Médicos por 10.000 Habitantes15, média do Estado no


período é de (0,54). Destacam-se como as cinco piores são Lajeado-Estrela, Cerro Largo,
Sananduva, Soledade e Frederico Westphalen.

Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média

35 LAJEADO-ESTRELA 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

34 CERRO LARGO 0,00 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01

33 SANANDUVA 0,00 0,00 0,03 0,08 0,10 0,00 0,04

32 SOLEDADE 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 0,00 0,04


FREDERICO
31 WESTPHALEN 0,00 0,00 0,00 0,03 0,16 0,10 0,05
Nota: Identifica o número de médicos por 10.000 habitantes dividido pela população total do município i, no ano j. Esse valor foi
transformado em logaritmo de base 10 para diminuir a dispersão das informações. Os valores que aparecem zerados nem sempre
indicam a inexistência de médicos e sim podem indicar a uma razão médico/população muito baixa.

13
FEE/NIS e SSMA.
14
FEE/NIS e DATASUS (1999).
15
FEE/NIS e RAIS/MTb.
12

- No Índice do Percentual de Crianças com Baixo Peso ao Nascer16, média do


Estado no período é de (0,43). Destacam-se como os cincos piores Vacaria, Pelotas, Litoral
Lagunar, Carazinho e Campanha Ocidental.

Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média

35 VACARIA 0,17 0,20 0,30 0,32 0,36 0,36 0,29

34 PELOTAS 0,28 0,28 0,34 0,32 0,33 0,33 0,31

33 LITORAL LAGUNAR 0,30 0,26 0,36 0,31 0,38 0,38 0,33

32 CARAZINHO 0,35 0,35 0,27 0,30 0,40 0,40 0,35

31 CAMPANHA OCIDENTAL 0,31 0,30 0,39 0,38 0,35 0,35 0,35

- No Índice da Taxa de Mortalidade Infantil de Menores de Cinco Anos17,


média do Estado no período é de (0,58) Destacam-se as cinco piores Litoral Lagunar,
Campanha Central, Campanha Ocidental, Campanha Meridional e Jaguarão.
Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média
35 LITORAL LAGUNAR 0,36 0,23 0,38 0,43 0,48 0,47 0,39
34 CAMPANHA CENTRAL 0,37 0,41 0,46 0,48 0,42 0,55 0,45
33 CAMPANHA OCIDENTAL 0,38 0,42 0,44 0,53 0,46 0,53 0,46
32 CAMPANHA MERIDIONAL 0,42 0,50 0,63 0,56 0,28 0,37 0,46
31 JAGUARÃO 0,49 0,32 0,57 0,40 0,58 0,53 0,48

Considerando que a composição do índice do Bloco de Saúde é feita pelas cinco


variáveis com pesos diferentes, conclui-se que as variáveis Taxa de Mortalidade Infantil de
Menores de Cinco Anos e Percentual de Crianças com Baixo Peso ao Nascer, que
representam 50% do Índice, são mais significativas na pontuação das piores microrregiões
do Estado.

RENDA

A média do Índice de Renda nas microrregiões do Rio Grande do Sul, no período


1991 a 1996, foi de 0,43, abaixo do índice médio do Estado calculado pelo ISMA (0,52),

16
FEE/NIS, DATASUS (1999) e SSMA.
17
FEE/NIS e DATASUS (1999).
13

variando os valores médios do período entre Caxias do Sul (0,54) e Serras do Sudeste
(0,33).
Em relação à média do Bloco de Renda, observa-se que há onze microrregiões com
valores de índices acima. As vinte e quatro microrregiões restantes, que abrangem uma
população total de 3.853.280 habitantes em uma área total de 183.585,6 km2, com 20,89
habitantes por km2, situam-se abaixo da média do período em estudo deste Bloco.
As cinco microrregiões de valores piores classificadas, no Bloco da Renda são as
microrregiões Serras do Sudeste, Santa Maria, Frederico Westphalen, Soledade e
Campanha Meridional. A variável Produto Interno Bruto per capita foi a que mais
contribuiu para esse desempenho negativo.

Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média


35 SERRAS DO SUDESTE 0,31 0,32 0,33 0,33 0,34 0,35 0,33
34 SANTA MARIA 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35
33 FREDERICO WESTPHALEN 0,38 0,37 0,37 0,36 0,35 0,34 0,36
32 SOLEDADE 0,37 0,37 0,36 0,36 0,36 0,35 0,36
31 CAMPANHA MERIDIONAL 0,36 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37

Esse quadro indica que, com exceção da média de Caxias do Sul, as demais trinta e
quatro microrregiões estão situadas abaixo da média do ISMA (0,52), o que corresponde a
93,81% da população do Estado, abrangendo 89,75% do PIB total do RS. Isso expressa o
desequilíbrio do Bloco de Renda na sua relação com os demais Blocos do ISMA, na
composição da baixa média do ISMA para o período 1991-96
A média desse bloco (0,43) com um patamar de valor de índice menor em relação
ao ISMA (0,52) é resultante histórica da concentração de renda, de recursos e de
investimentos, expressa na extrema desigualdade entre as cidades e microrregiões do
Estado.
Duas foram as variáveis que influenciaram para diminuir a posição na média do
Estado, em relação aos demais blocos. São elas o Índice da Concentração de Renda-
Setor Formal (Gini) (0,27) e o Índice do Produto Interno Bruto Municipal Per Capita
a Custo de Fatores (0,34).
Comparando as três variáveis, no seu desempenho microrregional, vimos que o
melhor posicionamento na variável pode, em alguns casos, representar apenas maiores
14

valores entre os piores índices. O referencial utilizado para indicar uma melhor situação foi
construído em relação ao índice médio do Estado pelo ISMA (0,52).
Na variável do Índice da Concentração de Renda-Setor Formal (Gini)18, a média
do Estado no período é muito ruim (0,27). As cinco piores nessa variável são São Jerônimo,
Três Passos, Litoral Lagunar, Santa Maria e Serras do Sudeste.
Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média
35 SÃO JERÔNIMO 0,02 0,08 0,00 0,00 0,04 0,15 0,05
34 TRÊS PASSOS 0,31 0,25 0,16 0,18 0,08 0,22 0,20
33 LITORAL LAGUNAR 0,27 0,30 0,24 0,04 0,20 0,28 0,22
32 SANTA MARIA 0,28 0,26 0,18 0,09 0,24 0,37 0,24
31 SERRAS DO SUDESTE 0,35 0,16 0,22 0,20 0,25 0,29 0,25

Na variável do Índice da Despesa Social Municipal19, a média do Estado no


período é de (0,69). As cinco piores são Guaporé, Sananduva, Campanha Central,
Soledade e Gramado-Canela.

Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média


35 GUAPORÉ 0,47 0,37 0,44 0,42 0,54 0,38 0,44
34 SANANDUVA 0,57 0,47 0,47 0,44 0,54 0,48 0,49
33 CAMPANHA CENTRAL 0,55 0,57 0,49 0,55 0,42 0,47 0,51
32 SOLEDADE 0,48 0,50 0,49 0,51 0,58 0,53 0,52
31 GRAMADO-CANELA 0,59 0,46 0,54 0,51 0,47 0,53 0,52

Na variável do Índice do Produto Interno Bruto Municipal Per Capita a Custo


de Fatores20, a média do Estado também é baixa (0,34). As cinco microrregiões mais
precárias são Soledade, Frederico Westphalen, Santa Maria, Campanha Central e Serras do
Sudeste.

Ordem Microrregião 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Média


35 SOLEDADE 0,12 0,14 0,14 0,14 0,14 0,13 0,13
34 FREDERICO WESTPHALEN 0,16 0,18 0,20 0,20 0,21 0,20 0,19
33 SANTA MARIA 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,21 0,20
32 CAMPANHA CENTRAL 0,21 0,22 0,20 0,20 0,20 0,18 0,20
31 SERRAS DO SUDESTE 0,18 0,18 0,23 0,24 0,24 0,23 0,22

Considerando o desempenho das trinta e cinco microrregiões nas três variáveis que
compõem o Bloco de Renda, na média do período 1991/96, encontramos algumas em
18
RAIS/MTb.
19
Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul.
20
FEE/NCR e NSI.
15

situações melhores, mas, na precariedade da situação geral, nenhuma dessas mantém um


desempenho igualmente satisfatório para todas as variáveis. Esse cenário confirma a
necessidade urgente de novos investimentos e uma mais ampla distribuição de renda e
recursos, principalmente nas microrregiões mais carentes.
Ao contrário, em termos de dificuldades, as microrregiões da Campanha Central e
Sananduva são as únicas que não apresentam, para as três variáveis, um único resultado
superior à média do ISMA.

ÍNDICES MAIS CARENTES DO ISMA E SEUS CORRESPONDENTES


INDICADORES SOCIAIS DO RIO GRANDE DO SUL E DO BRASIL PARA OS
ANOS MAIS RECENTES.
16

Ao analisarmos os resultados dos índices na elaboração do ISMA, para a média do


período 1991-1996, em função do desempenho dos Blocos de Condições de Domicílio e
Saneamento, Educação, Saúde e Renda, para os municípios, microrregiões e regiões do
COREDES selecionou-se as variáveis mais deficientes do Estado. A partir dessas buscou-se
os dados disponíveis, calculadas por metodologias consagradas de outras entidades públicas
governamentais, a fim de que possibilitassem, através das variáveis selecionadas como
correspondentes a essas, comparar o desempenho de cada uma no Rio Grande do Sul e no
Brasil, nos anos mais recentes.

Bloco Condições de Domicílio e Saneamento

Nesse bloco do ISMA constatou-se que o Índice da Proporção de Domicílios


Urbanos com Coleta de Esgoto Cloacal é o que apresentava a pior situação contribuindo
para uma menor qualidade de vida da população em nosso estado, principalmente em
pequenos municípios e na periferia das áreas de grande concentração urbana.
No Rio Grande do Sul e Brasil, segundo os dados da PNAD - 1999 do IBGE, o
percentual de domicílios ligados à rede coletora cloacal21 era de 12,12 % e 52,53 %,
respectivamente. O percentual de atendimento do Brasil é bem maior do que o do Rio
Grande do Sul, devido a participação de Estados como São Paulo, Paraná, Minas Gerais e
Rio de Janeiro, onde o atendimento dos domicílios com coleta de esgoto cloacal são bem
maiores. O que comprova que realmente não ocorreram significativos investimentos nas
décadas passadas em nosso estado, resultando em um quadro caótico que teve e tem seus
reflexos nos gastos com a saúde pública em doenças pertinentes, principalmente em
crianças recém nascidas e de até quatro anos de idade, situação similar a alguns estados do
Norte e Nordeste do país.
Convém salientar que esta variável contempla apenas a coleta do esgoto cloacal, não
estando considerados sistemas de tratamento, onde o quadro é ainda muito pior, pois os
resíduos são lançados nos corpos de água superficiais In Natura poluindo-os, degradando a
qualidade das águas de captação à jusante22. Este fato, aliado ao lançamento de resíduos

21
Excluem-se as redes de coleta mista (esgoto/pluvial) visto que devem ser redes específicas para coleta de
esgoto cloacal com previsão de tratamento antes do lançamento no meio ambiente.
22
Jusante localiza-se abaixo do ponto de lançamento dos esgotos e montante acima.
17

industriais e aqueles provenientes das áreas agro-pastorís tem como conseqüência


econômica imediata o aumento dos custos de tratamento para tornar a água bruta, captada
em rios e outros corpos de água, em água potável.

Bloco de Educação

Os piores indicadores, microrregionais, no Bloco de Educação dizem respeito ao


Índice da Taxa de Reprovação do Ensino Fundamental, e a Taxa de Atendimento no
Ensino Médio.
Em 1997 a Taxa de Reprovação no Ensino Fundamental no RS era de 13,60%, e a
do Brasil ficou em 11,40%. Essas taxas diminuíram, visto que em 1988 no RS a reprovação
foi de 19,40%, enquanto que a do Brasil foi de 18,80%.
A Taxa de Reprovação em ambos está decrescendo sendo um pouco mais acentuada
no Brasil. Estes resultados obtidos estão fortemente influenciados pela política educacional,
adotada nas últimas décadas de procurar atingir os patamares internacionais a curto prazo.
Através da ampliação de oportunidades dos alunos serem aprovados, sem necessariamente
terem sido recuperados nos seus conteúdos básicos, em detrimento da própria qualidade do
ensino. Logo isso relega expressiva parcela dos alunos menos favorecidos economicamente
a uma situação desfavorável no mercado de trabalho.
Para analisar o desempenho da Taxa de Atendimento no Ensino Médio utilizaremos
como referencial a situação da população na faixa etária dos 15 aos 19 anos, a qual se
considerou como a que potencialmente teria acesso, logo depois de concluído o ensino
fundamental. No RS a Taxa de Atendimento no Ensino Médio em 1997 era apenas de
42,07% dessa faixa, enquanto que a do Brasil alcançou os 38,63%. Essas taxas
aumentaram significativamente, pois em 1980 no RS eram de 15,38%, enquanto que no
Brasil foi de 13,33%. Apesar das taxas indicarem uma ampliação no número de vagas
oferecidas em relação a 1980, muito ainda deverá ser feito para atender a população de
jovens que não têm acesso à escola.
Salientamos também que somente uma oferta adicional de vagas não implica
necessariamente a uma educação de boa qualidade, como confirmam levantamentos
recentes do Sistema de Avaliação da Educação Básica e do Ensino Médio, elaborada pelo
18

MEC, no qual desempenho dos alunos, mesmo nos estados melhores classificados, entre
eles o RS, são apenas regulares, ficando a média de acertos em cada prova em torno de
50%. Esses resultados apontam para a necessidade de melhorar também a qualificação dos
professores para que sejam alcançados melhores resultados.
É importante também o setor público intensificar a oferta de cursos
profissionalizantes como complementação do ensino médio e melhor acompanhar o
desempenho escolar através da oferta de reforços escolares ainda dentro dos bimestres da
avaliação, visando melhor preparar tecnologicamente nossa juventude que está ingressando
desqualificada no mercado de trabalho. Torna-se necessário rever a legislação,
recentemente aprovada, a qual desvincula os cursos técnicos do ensino médio regular. Esse
fato protela o direito dos alunos de acessar a Universidade logo depois de concluído a etapa
profissionalizante.

Bloco de Saúde

As variáveis que apresentaram menor desempenho no estado do Bloco de Saúde,


relativos ao cálculo do ISMA/RS, dizem respeito ao Índice da Razão Unidade
Ambulatorial por 1.000 Habitantes, ao Índice da Razão Leitos Hospitalares por 1.000
Habitantes e ao Índice do Percentual de Crianças com Baixo Peso ao Nascer.
Em 1998, no Brasil segundo os dados do IBGE, o número de leitos era de 490.565,
situação bem pior que em 1980, quando havia 509.168 leitos e a Razão Leitos Hospitalares
por 1.000 Habitantes era de 238 leitos para cada mil habitantes. Devido ao incremento da
população e ao decréscimo do total de leitos disponibilizados aumenta para 330 habitantes
por leito em 1998, a Razão Leitos Hospitalares por mil Habitantes. O que significou, em
relação aos anos 80 a perda no Brasil de 18.603 leitos hospitalares a disposição do SUS
para a população mais carente e menos favorecida. Enquanto que no Rio Grande do Sul, em
1998, o número de leitos era de 31.071 e a relação leito hospitalar era de 316 habitantes por
leito hospitalar. A tendência decrescente que vinha desde 1980 quando havia 38.283 leitos
em relação aos leitos hospitalares a disposição da rede de saúde pública, através do
Sistema Único da Saúde, ou seja, a população mais desfavorecida perdia 7.212 leitos,
causando maiores dificuldades para a população que necessita internação hospitalar.
19

Comparando percentualmente 1998 a 1980, enquanto o Brasil perdia 3,65% do total


dos leitos hospitalares o Rio Grande do Sul perdeu 18,83% destes leitos.
Para avaliarmos os resultados comparativos entre o desempenho da saúde no Brasil
e o Rio Grande do Sul, em relação ao Índice do Percentual de Crianças com Baixo Peso ao
Nascer, recorremos à variável Percentual de óbitos das principais causas em crianças de 1 a
4 anos, que é a que mais se aproxima da mesma. As taxas das doenças que causam a
mortalidade em crianças com menos de 5 anos apresentam valores muito próximos no
Brasil e Rio Grande do Sul . Destacamos que em 1998 a causa de maior percentual é a das
doenças Infecto-parasitárias que no Brasil é 16,76 e no Rio Grande do Sul é de 13,86.

Bloco de Renda

Entre as variáveis que influenciam diretamente no baixo desempenho do Índice


desse bloco com reflexos diretos no ISMA, estão principalmente as que compõem a
construção do Índice do Produto Interno Bruto Municipal Per Capita a Custo de
Fatores, por dimensionar a produção de toda a atividade econômica e as que compõem a
construção do Índice da Concentração de Renda-Setor Formal (Gini), o qual expressa a
forma de distribuição da renda gerada.
Buscando comparar com o desempenho encontrado nos indicadores sociais do Rio
Grande do Sul e do Brasil calculados por metodologias já consagradas chegamos as
seguintes conclusões:
No que se refere aos índices de desempenho do PIB total per capita do Rio Grande
do Sul e Brasil, não existem alterações metodológicas pois a fonte é a mesma do ISMA
(Núcleo de Contas Regionais – FEE).
Considerando-se os resultados de 1998 em relação a 1980, observa-se o seguinte
desempenho:
- o PIB total do RS cresceu 37,31%, enquanto o Brasil 44,44%, portanto um
crescimento maior que o estado; e
- o PIB per capita do RS cresceu 8,81% e o Brasil apenas 5,39%, portanto menor
que o do nosso estado.
20

O crescimento sócio-econômico do Brasil e do Rio Grande do Sul, no período em


estudo, expresso através do PIB per capita, não foi satisfatório porque não acompanhou
nem mesmo a taxa de crescimento populacional. Conclui-se também que o crescimento do
PIB total não se refletiu no crescimento do PIB per capita na mesma proporção, visto que o
crescimento do PIB per capita é bem menor do que o do PIB total no período de estudo. O
que não é desejável para um País em desenvolvimento o qual necessita de taxas anuais
significativas de crescimento, a fim de absorver a mão-de-obra não qualificada excedente
no mercado de trabalho, além do aumento dos empregos formais.
O baixo crescimento nas décadas anteriores e as diversas crises econômicas e planos
de ajustes não possibilitaram atingir uma estrutura social mais satisfatória para a maioria da
população brasileira.
Para efetuar o estudo de como se comportava recentemente a distribuição da renda
do Brasil em relação ao Rio Grande do Sul, calculamos o Indice de Gini utilizando os
dados das variáveis de rendimento mensal da população economicamente ativa através da
PNAD que indica o percentual de pessoas de dez anos ou mais de idade, em função do
rendimento médio mensal.
Constatamos historicamente que o Brasil tem apresentado valores do Índice de
Gini muito próximos aos do Rio Grande do Sul. Em 1999 o Brasil apresentou um Índice
Gini de 0,651 e o Rio Grande do Sul de 0,627 o que indica que continua a alta concentração
de renda no Estado e no País.

CONCLUSÃO

O levantamento do ISMA, com sua continuidade, tornar-se-a um importante


instrumento para a análise das realidades microrregionais ao trabalhar com dados oriundos
de registros administrativos combinados com dados consagrados de diversas fontes
21

governamentais, com uma periodicidade anual e uma defasagem menor do que aquela
propiciada pelos levantamentos tradicionais.
Considerando o quadro apresentado, em relação ao ISMA, percebe-se como
resultante social, a histórica distorção existente na distribuição dos recursos e investimentos
entre as microrregiões, onde mais de 40% da população urbana do Estado, em 1998,
localiza-se na Região Metropolitana de Porto Alegre, ocupando 2,26% da área total do RS,
comprovando a forte migração que ocorreu do interior para esta atraídas pelos
investimentos centralizados na mesma, com conseqüente desigualdade em relação as outras
trinta e quatro microrregiões.
A conclusão mais importante que o ISMA possibilitou foi de que ao aumentarmos
o leque de variáveis para quinze e agregarmos as informações municipais por
microrregiões, propiciou uma nova visualização geográfica, econômica e sociológica do
Estado chamando a atenção que onde das cinco piores23, três piores encontram-se na
metade norte do Estado e duas outras na metade sul, possibilitando identificar um contraste
diferente daquele já habitual gerado pelo Índice de Desenvolvimento Social - IDS (Geiger,
Samapaio, 1995) que propiciou a localização dos piores municípios na metade sul,
caracterizando a mesma como a mais carente.
Nos quatro Blocos estudados existem em média dez microrregiões acima da média
do ISMA (0,52), e com uma significativa exclusão de em média vinte e três microrregiões,
portanto, confirmando a desigualdade da maioria da população do Estado e expressa no
índice do Bloco da Renda (0,43), por conseqüência, um nível sócio-econômico ainda longe
do ideal. Saliente-se que a maioria das microrregiões estão abaixo da média, o que expressa
o grande quadro de carências e dificuldades da população o que influencia o péssimo
desempenho de outras variáveis, como por exemplo, do Bloco da Saúde e da Educação.
Este panorama demonstra o baixo nível de desenvolvimento sócio-econômico do
Estado nas décadas passadas, onde não houve geração de renda e emprego suficiente para
atender a demanda de novos trabalhadores que ingressam no mercado de trabalho.
Comparando a média do Brasil com a do Rio Grande do Sul, conclui-se que nas
piores variáveis selecionadas a situação dos índices em ambos são similares e
insatisfatórias. Com exceção do índice de Domicílios Ligados a Rede de Esgoto Cloacal em
23
Como já foi afirmado anteriormente isso não significa que as demais também não estejam ruins pois entre
35 microrregiões, 29 delas estão situadas abaixo da média do ISMA do Estado.
22

que o Rio Grande do Sul apresenta um resultado bem menor que o do Brasil. Portanto este
cenário indica da necessidade de incrementar os investimentos na produção, tanto no Brasil
como no nosso Estado, para a geração de maiores riquezas e empregos no setor formal da
economia, assim como principalmente uma distribuição de renda e recursos mais justa. Para
tanto, urge a necessidade de um plano nacional e estadual de políticas de desenvolvimento
e distribuição de renda, contrastando com a política apenas de atração de capital financeiro
internacional desenvolvida em sucessivos planos econômicos em épocas passadas, onde a
flutuação de entrada e saída de capitais, com a conseqüente “valorização e desvalorização”
da moeda nacional tornou a economia instável, não incentivando a instalação de atividades
produtivas de significativo porte econômico de forma descentralizada e que aliados a
investimento locais de menor porte, apresentariam resultados positivos a médio e longo
prazo para o Brasil e o Rio Grande do Sul.
A política de incentivos apenas na área financeira e de privatizações tende a uma
constante redução dos empregos formais, reduzindo a captação de recursos para a
previdência social e aumentando as despesas do Estado nas políticas sociais, bem como,
incentivando o trabalho informal e aumentando a exclusão social.
Durante estas duas décadas pode-se concluir que nunca houve a implantação de
planos econômicos que diminuíssem as desigualdades sociais no país e, consequentemente,
viessem a propiciar um maior desenvolvimento a nação, como um todo, afora que, dado o
descaso com o social no passado, necessita-se de medidas urgentes, no setor público, de
curto prazo, e, tempo adicional para visualizarmos respostas significativas com a
população. Se abordadas eficazmente estas medidas, as variáveis, desnutrição, baixa
escolarização e pauperização da população apresentarão resultados positivos a curto, médio
e longo prazo, bem como, amplos benefícios a sociedade brasileira e gaúcha.
Novos estudos poderiam ser feitos para elucidar se estamos realmente perante a
falência ideológica da política que preconizava efeitos irradiadores para o desenvolvimento
a partir da centralização dos investimentos e recursos em alguns pólos dos Estados.
Questionamento que se torna mais significativo, assumindo outra dimensão, a partir da
descentralização das políticas sociais na Constituição de 1988, quando a União se desonera
de assumir a responsabilidade das políticas sociais, repassando-as para a esfera dos
municípios. Afora que segundo Ferreira (1999 p.14) “Com a Constituição de 1988, a
23

dotação orçamentária dos municípios aumentou. A carga tributária global foi, em 1995 a
maior da história, atingindo 30,8% do PIB. Mesmo assim, as cidades brasileiras recebem
apenas 16,3% das receitas públicas”, a distribuição de recursos públicos são insuficientes
para enfrentar os problemas já acumulados, decorrentes da falta de investimentos da União
e dos Estados no passado.

O que indica que as piores microrregiões necessitam de selecionar e implementar


urgentes investimentos que levem ao aumento de geração de renda e uma mais ampla
distribuição de renda e recursos a fim de atingir, pelo menos, a média do índice do ISMA
(0,52) do Estado, mesmo este sendo baixo e insatisfatório.

Anexos:

Tabela 1

Microrregiões: População, Área, Densidade e PIB total


Rio Grande do Sul - 1996
24

Codigo MICRORREGIÃO População Pop. Área Área Densid PIB Total PIB Tot.
% km2 % %
1 SANTA ROSA 163.701 1,70 3.432,30 1,22 47,69 829.877.036 1,38
2 TRÊS PASSOS 156.667 1,63 3.869,40 1,37 40,49 713.126.325 1,19
3 FREDERICO WESTPHALEN 191.564 1,99 5.186,90 1,84 36,93 681.025.447 1,14
4 ERECHIM 210.056 2,18 5.729,90 2,03 36,66 1.109.609.549 1,85
5 SANANDUVA 65.243 0,68 3.117,40 1,11 20,93 275.674.775 0,46
6 CERRO LARGO 71.917 0,75 2.290,90 0,81 31,60 321.784.595 0,54
7 SANTO ÂNGELO 211.986 2,20 10.887,60 3,86 19,43 862.562.100 1,44
8 IJUÍ 178.237 1,85 5.134,80 1,82 34,71 887.700.126 1,48
9 CARAZINHO 157.697 1,64 4.956,10 1,76 31,82 739.265.817 1,23
10 PASSO FUNDO 285.088 2,96 7.068,10 2,51 40,33 1.776.107.762 2,96
11 CRUZ ALTA 153.658 1,59 8.410,30 2,98 18,27 729.643.890 1,22
12 NÃO-ME-TOQUE 38.840 0,40 1.426,70 0,51 27,22 244.308.590 0,41
13 SOLEDADE 72.104 0,75 3.658,40 1,30 19,71 200.396.672 0,33
14 GUAPORÉ 111.864 1,16 3.624,60 1,29 30,75 797.849.549 1,33
15 VACARIA 147.361 1,53 17.270,30 6,12 8,53 758.940.820 1,26
16 CAXIAS DO SUL 596.527 6,19 4.957,60 1,76 120,48 6.148.234.985 10,25
17 SANTIAGO 109.313 1,13 10.990,50 3,90 9,95 386.933.791 0,64
18 SANTA MARIA 330.885 3,43 11.765,40 4,17 28,12 1.221.235.050 2,04
19 RESTINGA SECA 63.772 0,66 3.044,10 1,08 20,95 299.537.564 0,50
20 SANTA CRUZ DO SUL 283.079 2,94 5.424,20 1,92 52,19 2.777.803.576 4,63
21 LAJEADO-ESTRELA 260.658 2,70 4.056,60 1,44 64,36 2.270.687.331 3,78
22 CACHOEIRA DO SUL 154.271 1,60 7.724,20 2,74 19,96 664.808.288 1,11
23 MONTENEGRO 163.527 1,70 2.108,30 0,75 77,20 1.237.107.611 2,06
24 GRAMADO-CANELA 232.233 2,41 2.566,90 0,91 90,47 1.931.351.583 3,22
25 SÃO JERÔNIMO 123.123 1,28 4.863,70 1,72 25,33 1.715.920.684 2,86
26 PORTO ALEGRE 3.167.420 32,86 5.606,00 1,99 565,01 21.580.628.792 35,97
27 OSÓRIO 251.916 2,61 8.804,50 3,12 28,61 1.195.517.218 1,99
28 CAMAQUÃ 115.872 1,20 5.829,80 2,07 19,88 536.152.523 0,89
29 CAMPANHA OCIDENTAL 367.016 3,81 31.167,50 11,05 11,78 1.704.351.071 2,84
30 CAMPANHA CENTRAL 187.056 1,94 17.331,60 6,14 10,79 633.952.120 1,06
31 CAMPANHA MERIDIONAL 167.309 1,74 14.620,70 5,18 11,44 678.779.887 1,13
32 SERRAS DO SUDESTE 108.367 1,12 15.144,00 5,37 7,16 437.246.917 0,73
33 PELOTAS 448.374 4,65 10.256,10 3,64 43,72 1.833.771.697 3,06
34 JAGUARÃO 55.904 0,58 7.414,00 2,63 7,54 230.272.274 0,38
35 LITORAL LAGUNAR 235.077 2,44 9.414,50 3,34 24,97 1.586.682.259 2,64
RIO GRANDE DO SUL 9.637.682 100 282.062 100 34,17 59.998.848.274 100
Fonte: IBGE/1997
FEE/NCR
Obs.: Área do Estado 282.062,0 Km2 e inclui Lagoa dos Patos 10.100,5 km2; e Lagoa Mirim 2.807,6.

Tabela 2

MICRORREGIÕES : MÉDIA DO ISMA POR BLOCOS E GERAL


Rio Grande do Sul 1991/1996
25

Codigo MICRORREGIÃO Indice Índice Índice Índice ISMA


DomSan Educação Saúde Renda
1 SANTA ROSA 0,56 0,68 0,43 0,45 0,53
2 TRÊS PASSOS 0,54 0,60 0,43 0,37 0,49
3 FREDERICO WESTPHALEN 0,43 0,51 0,38 0,36 0,42
4 ERECHIM 0,52 0,66 0,41 0,44 0,51
5 SANANDUVA 0,49 0,58 0,39 0,39 0,46
6 CERRO LARGO 0,46 0,62 0,42 0,42 0,48
7 SANTO ÂNGELO 0,57 0,59 0,36 0,37 0,47
8 IJUÍ 0,55 0,65 0,37 0,41 0,49
9 CARAZINHO 0,51 0,59 0,34 0,40 0,46
10 PASSO FUNDO 0,57 0,63 0,35 0,40 0,49
11 CRUZ ALTA 0,59 0,61 0,32 0,37 0,47
12 NÃO-ME-TOQUE 0,57 0,71 0,45 0,43 0,54
13 SOLEDADE 0,45 0,37 0,34 0,36 0,38
14 GUAPORÉ 0,47 0,65 0,48 0,42 0,51
15 VACARIA 0,55 0,53 0,27 0,41 0,44
16 CAXIAS DO SUL 0,59 0,69 0,37 0,54 0,55
17 SANTIAGO 0,56 0,58 0,30 0,41 0,46
18 SANTA MARIA 0,75 0,65 0,36 0,35 0,52
19 RESTINGA SECA 0,50 0,56 0,39 0,38 0,46
20 SANTA CRUZ DO SUL 0,57 0,59 0,33 0,43 0,48
21 LAJEADO-ESTRELA 0,53 0,65 0,36 0,50 0,51
22 CACHOEIRA DO SUL 0,67 0,53 0,32 0,46 0,50
23 MONTENEGRO 0,48 0,62 0,43 0,48 0,50
24 GRAMADO-CANELA 0,53 0,60 0,37 0,51 0,50
25 SÃO JERÔNIMO 0,56 0,50 0,34 0,38 0,44
26 PORTO ALEGRE 0,75 0,62 0,38 0,48 0,56
27 OSÓRIO 0,55 0,54 0,38 0,44 0,48
28 CAMAQUÃ 0,57 0,45 0,28 0,42 0,43
29 CAMPANHA OCIDENTAL 0,58 0,57 0,27 0,48 0,47
30 CAMPANHA CENTRAL 0,68 0,56 0,27 0,37 0,47
31 CAMPANHA MERIDIONAL 0,79 0,57 0,31 0,37 0,51
32 SERRAS DO SUDESTE 0,64 0,42 0,31 0,33 0,43
33 PELOTAS 0,77 0,55 0,32 0,42 0,52
34 JAGUARÃO 0,76 0,45 0,29 0,40 0,48
35 LITORAL LAGUNAR 0,69 0,50 0,29 0,45 0,48
RIO GRANDE DO SUL 0,65 0,60 0,38 0,43 0,52
Fonte: IBGE/1997
FEE/NIS

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Disponível na Internet http://inep.gov.noticias/news Arquivo capturado em
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