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foi perdida, se preserva na Natal antiga, que margeia o Potengi, no outro lado da ponte,
nas praias que no figuram nos cartes postais, alm daqueles que vivenciaram a cidade
para alm de seu bairro ou condomnio.
O Pinta essencialmente um antiplayboy. Arrisco-me a dizer que o Pinta uma
inveno playboyniana para caracterizar tudo aquilo que ele renega e exclui. No era
raro encontrar, no final da dcada de 90 e incio do nosso sculo, playboys que iam para
o Vila Folia, ou qualquer outro local da moda, apenas para quebrar os pinta.
Ser pinta um conceito mutvel, j que est em construo. Na minha adolescncia,
pinta era tambm o alternativo. O boy com bermuda da Cyclone era to pinta quanto
o de camisa de banda. De modo que o adjetivo pinta era utilizado para descrever
pejorativamente os que no seguiam o padro, que no possuam o estilo pasteurizado e
padronizado da tpica classe mdia natalense, dos apartamentos e conjuntos
habitacionais. A criao de uma famoso perfil no Twitter (@pintanatalense) contribuiu
para que o termo fosse visto de modo menos pejorativo, contribuindo para a formao
de um certo orgulho pinta e a consolidao do personagem com os esteretipos j
fixados na mente do natalense. Dando certa identidade ao pinta.
Pinta aquele que vive a cidade, a conhece, portanto, no teme andar na rua, sua
malcia antes de tudo uma proteo; ele veste-se para a cidade, sua praia, seu clima, na
cidade est em casa; sua identidade ainda est em construo, mas confunde-se
visceralmente com uma identidade natalense que tambm est sendo construda.
Nossa identidade no est no telejornal, nos programas de TV, nos artistas, nos
intelectuais, nos polticos, ou na internet. Nossa identidade est nas ruas. Nas ruas est o
Pinta Natalense.
Por isso, o Pinta patrimnio cultural da cidade, todos aqueles que se criaram nas
ruas de Natal, nos espaos pblicos, nos rols, independente de classe, tem um pouco
de pinta dentro de si. So eles os legtimos cidados natalenses.