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para agir diretamente sobre a alma, melhor, que cria a alma, como mostrou
recentemente Foucault.
XIII. SISTEMA PENAL E REPRODUO DA REALIDADE SOCIAL
Os resultados das pesquisas sobre o sistema escolar nos permitem
atribuir ao novo sistema global de controle social, atravs da socializao
institucional, a mesma funo de seleo e de marginalizao que, at agora,
era atribuda ao sistema penal. O sistema escolar, no conjunto que vai da
instruo elementar mdia e superior, reflete a estrutura vertical da
sociedade e contribui para cri-la e para conserva-la, atravs de mecanismos
de seleo, discriminao e marginalizao.
Os critrios do mrito escolar so aplicados de modo seletivo e desigual
aos alunos, em dependncia de sua posio social, reproduzindo preconceitos
e esteretipos negativos na conduta avaliativa do professor.
No sistema penal, ao nvel da criminalizao primria, os contedos
refletem a cultura burguesa-individualista, com nfase na proteo da
propriedade privada e direcionados s formas de desvio tpicos dos grupos
sociais subalternos. J os processos de criminalizao secundria acentuam o
carter seletivo do sistema penal abstrato.
A criminalidade uma realidade social construda pelas instncias
oficiais, por meio de uma percepo seletiva dos fenmenos, que recruta uma
parcela das pessoas que cometem delitos, conforme as leis de um cdigo
social, geralmente nos setores socialmente mais dbeis do proletariado.
Por fim, a espiral cronolgica posta em ao pelas instncias oficiais
responde a uma lei geral dos sistema penal: os efeitos da interveno das
instancias oficiais so to significativos para o prosseguimento do processo de
criminalizao, que aqueles que foram surpreendidos revelam uma mais alta
criminalidade secundria do que aqueles que puderam se subtrair a esta
interveno.