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LIÇÃO VII - Aprendendo a Diferenciar o Inútil e o

Útil

"O mestre preocupado com seus alunos,


ensina-os a sensatez do viver com aquilo que já se possui..."
Autores Anônimos

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Introdução:

Neste último texto, faremos uma espécie de reflexão criativa, que poderá nos ensinar
como tirar proveito do excesso de informações que diante de nós ora se apresenta.
Desnecessário é dizer que o excesso de informação, não quer significar que precisamos
de todas, como querem nos fazem crer os meios de divulgação, a máquina publicitária,
enfim, os meios encarregados de torná-las vitais quando, na maioria das vezes, não o
são.

Na vida de um pai ou educador, é necessário uma urgente avaliação, daquilo que é


realmente importante a um viver sensato, e aquilo que apenas surgiu como uma idéia
passageira de consumo, o que na maioria das vezes só traz mais angústia e confusão ao
mundo.

Mas afinal de contas, qual é o papel da máquina publicitária encarregada de criar


necessidades onde não há, senão o de criar a obrigatoriedade de consumo dentre as
pessoas, de condicionar multidões e nações inteiras, para então escoarem seus
produtos?

Um pai ou educador deve estar atento às suas obrigações, e aprender a separar o útil
do fútil. Deve orientar filhos e alunos, para se tornarem indivíduos questionadores, que
não se deixem facilmente induzir por necessidades irreais, como hoje verificamos em
nosso meio, e cujo desfecho conhecemos bem, que é a eterna frustração de
imaginarmos, que nunca seremos capazes de ter ou ser o melhor dos melhores, e a
angústia de nunca estar satisfeito com aquilo que possuímos.

Cultivar desde cedo em nossos filhos e alunos, o senso de direção, significa dar-lhes
orientação para se tornarem livres. Livres da obediência cega às autoridades que ditam
as regras de consumo, de pensamento, de comportamento.

A vida não é um modismo, muito menos podemos limita-la ao sucesso profissional, ou


às relações pessoais, menos ainda em seguir as tradições; ela é tudo isso, mais a
consciência de que dela nada, ou muito pouco conhecemos.

O respeito e a consideração, sem a obrigatoriedade de que devam se submeter a uma


disciplina forçada, o que só os conduzirá a mais frustração, opressão e desobediência,
deve ser a principal motivação de um preceptor atento ao seu verdadeiro papel.

Devemos sempre nos lembrar que um instrutor consciente de sua função, que se
preocupa e tem no ensino a sua vocação, não tem opiniões pessoais, ele sempre
demonstra fatos, pois diante de fatos, refutações, conjecturas e debates especulativos
serão sempre inúteis.
Refletindo Racionalmente Sobre Minhas Reais Necessidades:
Como educador ou pai, o computador será para nós apenas uma ferramenta auxiliar em nosso
trabalho. Sua função é me ajudar a educar, facilitando em alguns casos minha função de
orientador, e nunca criando mais confusão, ou desorientação.

Mas como podemos usar o computador para nos auxiliar, e quais são de fato os recursos
necessários, aquele mínimo que preciso para começar ou dar continuidade ao meu trabalho? O
certo é que Quase nunca iremos precisar daquilo que o mercado diz que precisamos.

O mercado vive do consumo exagerado de itens que não servem aos nossos propósitos, servem
tão somente para saciar sua sempre crescente e incessante fome de lucro; o que quer dizer,
farão de tudo para escoarem aquilo que produzem, sendo ou não útil.

Existe em nosso meio uma "onda" que prega ser o computador um investimento, e assim,
muitos interpretam esta informação como um investimento financeiro. Investimento onde aplico
uma certa quantia em dinheiro e depois posso resgatá-la com lucro.

Isso não é verdade, pois um computador se desvaloriza já no momento que sai da loja, e mais
ainda, logo se tornam obsoletos, sem grande valor de revenda.

Por isso mesmo, é importante adquirirmos um modelo que nos atenda. Atenda nossas
necessidades e esteja dentro do nosso orçamento, não conforme os desígnios do mercado, pois
ele é um investimento sim, mas um investimento em nossa auto-reciclagem e qualificação
profissional, não uma "commoditie"[4] com valor de revenda como proclama a indústria do
consumo.

Mas para enfrenta-los da forma adequada, precisamos saber exatamente o que nos atende, não
aquilo que afirmam ser imprescindível, mas o que de fato necessitamos para consecução de
nossas tarefas.

No mercado corporativo é assim, primeiro criam um produto, depois nos convencem de que eles
são absolutamente necessários ao nosso viver, à nossa profissão, ao nosso lazer, etc. Para isso,
eles contam com uma sofisticada e competente máquina publicitária, que como ninguém
conhece o comportamento humano.

Sabem como impressionar as pessoas, que são seus consumidores. Sabem como mexer com
seus sentimentos, e mais importante, entendem que o sentimento é a mola propulsora de toda
febre do consumo humano.

Precisamos de um computador que nos permita acessar a Internet, que possa ler nossos CDs,
que me permita ler e escrever e-mails, que me permita rodar programas simples, tais como
planilhas de cálculo, editores de texto, jogos educativos e programas simples para desenhos,
nada além disso, e isso, os modelos simples e baratos são capazes de fazer com folga.

De que tipo de Computador eu Preciso:


Sendo pai ou educador, sem pretender produzir filmes ou transformar meu computador em um
estúdio para produção de músicas ou vídeos profissionais, preciso do mais simples. Daqueles
tudo em um, aqueles chamados pelos fanáticos em informática de máquinas de amadores, ou
equipamentos on-board, que consistem de equipamentos com apenas uma placa principal, ou
mãe, onde todos os componentes necessários ao seu funcionamento já estão incorporados.

São os modelos mais baratos. Possuem pelo menos um monitor de vídeo de 15 polegadas, e um
gravador de CD (é mais vantajoso adquirir um gravador ao invés de um simples leitor de CD,
pois o preço é quase o mesmo, e o gravador lê e permite a gravação de CDs). Os demais
componentes tais como; modem para acessar a internet, placa de som e vídeo, disco rígido,
teclado e mouse já estão incluídos nesses modelos básicos.
É importante um protetor de tela de vidro para controlar o excesso de luminosidade do monitor.
Uma impressora simples e talvez um aparelho de scanner (para importar fotos ou desenhos para
o computador), não são itens supérfluos.

Conhecer as regras de convivência saúdavel com o computador deve ser uma preocupação do
usuário regular. Isso inclui cuidados ergonomicos para evitar lesões por esforços repetivos,
fadiga ocular, estresse mental, distúrbios comportamentais, e outros[5].

Não precisamos de microfones, de teclados e mouses sofisticados e sem fio ou infravermelho, ou


controles remotos e coisas assim, que apenas encarecem sem nada acrescentar.

Também não precisamos de super placas de vídeo 3D, ou monitores de plasma de 20 polegadas,
ou ainda placas de som com 64 canais, como quer nos fazer crer a indústria do consumo
exagerado.

A Internet como Ferramenta Didática – Uma Idéia de Atividade:

Uma excelente atividade recreativa e didática, já temos em mãos, sem que seja necessário
criarmos nada. Eis uma atividade que se usada de forma criativa, será uma fonte inesgotável de
idéias, e com certeza todos aprovarão.

O educador ou pai escolhe um site ou evento qualquer, e a partir disso vai criar pistas para que
os alunos, seguindo as mesmas, descubram através da internet, como encontrar o tal site, ou
descobrir qual é o evento secreto. Eis como funciona.

Determino por exemplo, que o objetivo final, o ponto de chegada, é um site que selecionei e que
fala sobre a história colonial do Brasil. O que preciso agora, é encontrar um meio de dizer para
meus alunos, através de pistas, qual é este site ou objetivo, mas não posso de modo algum,
lhes dizer de forma direta o título desse site. Isto eles terão que descobrir sozinhos,
solucionando as diversas pistas que lhes darei.

Assim posso lhes fornecer, por exemplo, o endereço inicial de um site, onde eles encontrarão
pistas que o levarão a outro. No outro haverá outra pista, e assim sucessivamente, até que se
descubra qual é o site final, através das pistas que ajudarão a formar seu título.

O orientador deverá preparar as pistas, visitando ele próprio vários sites e refazendo o mesmo
caminho que todos deverão fazer até chegar à meta. A quantidade de pistas que deverá passar
para os alunos, fica a seu critério. Pode ser, por exemplo, frases que deverão encontrar, eventos
sobre assuntos específicos, etc.

Por exemplo, desejando que meus alunos encontrem um site cujo título é: A HISTÓRIA DO
MUNDO, poderia começar lhes fornecendo a seguinte pista. Encontrem um site cujo título é a
frase que Dom Pedro I disse antes de proclamar a independência do Brasil. Assim eles teriam
que pesquisar que frase foi essa, e depois de chegar ao site, lá deveriam encontrar outra pista
que os conduzissem ao próximo, e assim até o chegar ao objetivo final.

As Armadilhas da Internet Irracional:


Inegável a utilidade na Internet em nossas vidas, mas a idéia de que as pessoas irão trabalhar
de graça para nos servir, sejamos sensatos, é pura ilusão. Os próprios meios de comunicação, e
conexão com a Internet, são todos pagos.

Serviços de banda larga são pagos, serviços discados também. Não conhecemos discagem com
pulsos telefônicos gratuitos, seria telefonia de graça, e isso não existe, alguém tem que pagar a
conta. Assim, a primeira e mais importante coisa, nesse mundo de informações sem fim, é
aprender a separar o útil do inútil, a realidade da fantasia.

É um mundo livre onde todos podem se insinuar à vontade, um mundo onde todas as formas
expressão são válidas, um mundo onde as mentiras se tornam verdades, onde os absurdos
ganham notoriedade, onde as verdades, ao menos aquilo que entendemos com tal, podem
nunca serem encontradas.

Sendo um mundo, onde a maioria das fontes estão ocultas pelo direito da livre expressão,
qualquer informação não avaliada de forma sensata, pode causar mais danos e confusão que
benefícios. Daí a importância da integridade dos meios divulgadores dessas informações.

É nesse momento, que o bom senso deve imperar, onde o questionamento pessoal deve se
sobrepor à opinião da maioria que não pensa, que simplesmente segue a onda da vez. É um
mundo novo, onde os boatos soam como verdades, onde a falta de reflexão pessoal pode
transforma-lo em uma verdadeira armadilha, uma fonte de transtornos, onde apenas o usuário
insensato sairá perdedor.

Não existiriam exploradores da boa vontade se não existissem os incautos, e não existiriam
enganadores se não existissem aqueles que são enganados, e estes, infelizmente, na maioria
das vezes somos nós. Zelo e bom senso, nesse novo mundo nunca serão exagerados, antes
disso, será sinônimo de prudência e sensatez.

Como pais e educadores, não podemos nos desviar de nosso propósito, que é educar
corretamente. Mas, isso não podemos fazer se tivermos em mãos, informações erradas, falsas
necessidades, mentiras transformadas em verdades pela máquina de indução dos meios de
comunicação.

Basta uma estratégia publicitária bem elaborada, habilmente articulada por uma máquina que
como ninguém conhece a psique do homem ávido por se tornar importante, o que é comum
quando se quer comover um meio ou nação a adotar um padrão de comportamento que apenas
a ela convém, e logo um absurdo se transforma em uma necessidade, em algo que
supostamente não podemos prescindir em nossos dias. Fácil é condicionar um meio, difícil é
demover de nossas mentes tais ideais de consumo sem sofrimento algum.

Vantagens absurdas que chega, à nossa porta, exigem de nossa parte uma reflexão. Se é tão
vantajoso, porque o próprio autor não usufrui dos seus benefícios, ao invés de querer me cobrar
uns míseros reais, em troca dessa magistral fórmula da fortuna?

Outra reflexão que julgo importante, são os falsos boatos e a ação dos aproveitadores
inescrupulosos, que sempre estão dispostos a enganar os incautos. Isso podemos ver em alguns
pedidos de doação que nos chegam através do correio eletrônico ou e-mail. São mensagens que
relatam longas histórias de desgraças, ou doenças ou tantas outras coisas, mas cujo intuito final
é arrecadar doações, de preferência em dinheiro.

Convenhamos, alguém realmente necessitado, com baixa escolaridade e sem recurso algum,
poderia se dar ao luxo de ter computador em casa, ligado à internet, cujo autor possui conta em
banco, e ainda possui um conhecimento que o permite disseminar e-mails a centenas de
usuários que ele não conhece? Pois saibam que tal conhecimento não é de um usuário normal
como nós, mas apenas de técnicos do ramo.

Tentem enviar mais de 50 mensagens ao mesmo tempo pelo serviço de e-mail tradicional, esse
que usamos em nosso dia a dia, e vocês verão que não é permitido. Como eles conseguem fazer
isso? Através de serviços profissionais, sistemas especialmente criados para este fim, e podemos
assegurar, um usuário comum, não tem acesso a tais recursos.
A Internet como Ferramenta Didática:

Usando a internet de Forma Racional:


Como não temos a pretensão de induzir ninguém a pensar de modo direcionado, ou incutir
opiniões de qualquer natureza, vamos nos limitar a relatar apenas fatos, eventos estes que
poderão facilmente serem evidenciados em nosso dia a dia, pois um fato será uma evidência
sempre imparcial de alguma coisa, qualquer que seja, sem depender de opiniões, preferências
pessoais ou conceituações, para se afirmar como tal.

Sem dúvida como fonte de pesquisas, a Intermet é o maior repositório de informações de todos
os tempos conhecidos. Eis aí então o nosso primeiro e grande problema, a diversidade de
opiniões sobre uma mesma coisa.

A princípio não há nenhum problema, mas a partir de um momento que precisamos nos referir a
uma evidência histórica qualquer, por qual delas deveremos optar? Sabemos que a maioria dos
eventos históricos são relatos, e relatos de outros relatos, alguns escritos, outros da tradição
oral e ora compilados em compêndios, etc.

Mas com o avanço das modernas técnicas de pesquisas históricas e mesmo científicas, as fontes
de onde podemos tirar informações de um mesmo evento se diversificam, se desmistificam, são
renovadas, são reformuladas a perder de vista, e podemos mesmo chegar a questionar se
alguma delas é válida, ou mesmo se tudo aquilo não teria como origem mitos. Enquanto
estávamos limitados às escassas fontes que nos traziam os livros, não havia problemas, mas e
agora diante de tamanha diversidade?

Assim, sendo eventos bem documentados, cuja referência sejam fontes conceituadas, o bom
senso deverá prevalecer, e certamente iremos optar por estas. Mas, como saber se as fontes
tem ou não conceito, se possuem a credibilidade necessária para que possamos usa-las em
nosso trabalho, ou mesmo aprender com isso alguma coisa útil? Mais uma vez, o bom senso
deverá prevalecer.

Não podemos nos agarrar aos sensacionalistas, aos defensores intransigentes de pontos de
vista. Uma fonte histórica não opina sobre fatos, e quando o faz, deixa isso bem claro e tem o
cuidado de separar as opiniões pessoais dos eventos, notadamente históricos que relata.

Um evento histórico, não deve ser algo abstrato, deve antes estar amplamente amparado em
fontes documentais, se possível com cópias dos documentos originais referenciados em suas
explanações.

Referências complementares, fontes adicionais, que confirmem, que corroborem ou pelo menos
tentem autenticar, tais eventos, baseados obviamente nas evidências conhecidas, devem
necessariamente acompanhar o material consultado.

Avaliando o Inútil e o Útil:

A Estratégia do Desperdício:
Assim como temos uma indústria de bens de consumo, que cuida para que nós consumidores,
nunca deixemos de comprar seus produtos, tornando-os obsoletos por decreto, criando
necessidades onde não há, existe também uma indústria, a da Informação que caminha na
mesma direção, ou seja, criar informações inúteis das quais não precisamos.

É a indústria dos ideais, tornando o abstrato um bem de consumo como outro qualquer. Afirmam
que precisamos estar bem informados sobre tudo, sobre nós e sobre o mundo; sobre o mundo
atual e o mundo antigo; sobre o mundo real e o mundo imaginário, sobre o mundo do passado e
o mundo do futuro; sobre o que já aconteceu e o que ainda poderá acontecer.

Surge a indústria das previsões, transformando aquilo que não existe em algo concreto, que fará
parte dos nossos receios, de nossas futuras angústias.

Se temos um relógio de pulso que se presta apenas a marcar as horas, logo seremos vistos
como ultrapassados, como conservadores, contra o progresso. É a indústria a convencer a todos,
da necessidade de um relógio, com eletrocardiograma, tv ou rádio, afinal, nunca se sabe quando
disso vamos precisar mesmo - Dizem eles...

Aí entram em cena os serviços, que nos ofertarão banda larga, ou mais larga, de tv ou internet
para nossos relógios, ou telefones, ou aparelhos portáteis, criando necessidades de consumo,
cuja real utilidade deve sempre ser questionada.

Sabendo que, quando alguma coisa nos atribui importância, logo a desejamos, a indústria do
desperdício, logo entra em cena criando para nós, novos objetos de poder, novos símbolos que
nos tornarão destacados e visíveis dentre a massa invisível.

Conclusão:
Aprendendo a Conviver com a Estratégia do Desperdício:
Num mundo de consumo irrefletido, onde primeiro compramos e só depois discutimos a
utilidade; onde o excesso de informações cria um ser ansioso, apressado, insatisfeito por
excelência, sempre na espera de novidades, novidades estas que na maioria das vezes, são as
mesmas e antigas formas apenas maquiadas; onde somos compelidos a consumir apenas
porque todos estão fazendo a mesma coisa.

Precisamos refletir se estamos pensando, ou se estão fazendo isso por nós. Ou seja, se somos
ensinados a pensar ou se somos ensinados apenas no que devemos pensar.

Um educador ou pai, que pretenda orientar de uma forma sensata seu aluno ou filho, deverá
abrir mão das suas preferências pessoais, e deixa-los livres para escolher as suas próprias,
conforme suas predisposições naturais, mas isso pode ser a coisa mais difícil de se praticar.
Afinal, todos nós temos opiniões e gostos pessoais, que na maioria das vezes, acabamos por
incutir em nossos educandos.

Não somos obrigados a consumir nada além daquilo que seja essencial ao nosso viver, e essa
lista de necessidades, se refletirmos bem, é bem curta. Mas num mundo onde o consumo se
tornou a razão ou o objetivo de vida da maioria das pessoas, novas e inúteis necessidades são
criadas numa velocidade apenas menor que nossa ânsia de comprar o modelo mais novo do que
quer que seja.

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