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PROCESSUAL CIVIL
A U L A 2: P R O C E S S O D E C O N H E C I ME N T O – 17/5/2008
Prof. Ronaldo Cramer
TEMA DA AULA: FASE SANEADORA
I – Despacho em provas
II – Julgamento Conforme Estado do Processo
É um gênero do qual são espécies a extinção do processo do Art. 329 do CPC e do Julgamento
Antecipado da Lide, Art. 330 do CPC. Pode ser proferido antes ou depois do despacho “em provas”,
sendo mas técnico que seja feito antes.
II.1 – Extinção do Processo
Art. 329. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269, II a
V, o juiz declarará extinto o processo.
Art. 267. Extingue‐se o processo, sem resolução de mérito:
I ‐ quando o juiz indeferir a petição inicial;
Il ‐ quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes;
III ‐ quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV ‐ quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
V ‐ quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa
julgada;
Vl ‐ quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a
possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
Vll ‐ pela convenção de arbitragem;
Vlll ‐ quando o autor desistir da ação;
IX ‐ quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X ‐ quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI ‐ nos demais casos prescritos neste Código.
Art. 269. Haverá resolução de mérito:
II ‐ quando o réu reconhecer a procedência do pedido;
III ‐ quando as partes transigirem;
IV ‐ quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
V ‐ quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.
Thiago Graça Couto
thiagocouto@gmail.com
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II.2 – Julgamento Antecipado da Lide
Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:
I ‐ quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito
e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência;
II ‐ quando ocorrer a revelia (art. 319).
instrução e julgamento, se necessário.
§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da
causa evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo,
sanear o processo e ordenar a produção da prova, nos termos do § 2o.
É na prática conhecida como Audiência de Conciliação. Na realidade, ainda que na prática a conciliação
seja o único objetivo desta audiência, esta audiência foi pensada para melhorar o saneamento do
processo.
Apenas é realizada se não houver o julgamento conforme o estado do processo, conforme o caput do
Art. 331 do CPC.
IV – Preclusão para o Juiz
Existe apenas preclusão consumativa.
Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à
mesma lide, salvo:
I ‐ se, tratando‐se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado
de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi
estatuído na sentença;
II ‐ nos demais casos prescritos em lei.
Thiago Graça Couto
thiagocouto@gmail.com
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Não há preclusão temporal pois todo prazo para magistrado é impróprio, eis que não há cominação de
sanções.
V – Questões de Ordem Pública
Questões referentes a nulidades absolutas. Nulidades absolutas são infrações de normas que tutelam o
interesse público. Questões referentes a matérias que, por força de lei, não precluem nem para o juiz,
nem para as partes.
Casos Gerador 1
Após citado numa ação de indenização por dano moral, o réu alegou as seguintes matérias na
contestação: que o juízo era absolutamente incompetente; que ele (réu) era parte ilegítima; que o
suposto evento ilícito não ocorreu; que a condenação deveria ser fixada em valor inferior ao pedido
da inicial.
Quais dessas matérias são defesas processuais, defesas de mérito diretas e defesas de mérito
indiretas? Ponha em “ordem de prejudicialidade” essas matérias?
Defesas Processuais: Incompetência e Ilegitimidade;
Defesa de Mérito Direta: Não ocorrência do evento ilítico;
Defesa de Mérito Indireta: Redução do valor de condenação.
Ordem de Prejudicialidade: a) Incompetência;
b) Ilegitimidade;
c) Não ocorrência do evento;
d) Redução do valor.
Caso Gerador 2
No curso do prazo da contestação, as partes pedem e o juiz defere a suspensão do processo, com base
no art. 265, inciso II, do CPC. Mesmo com o processo suspenso, o réu deverá apresentar contestação?
Arts. 265, inciso II, 266 e 180 do CPC.
Há alguns julgados de tribunais estaduais a favor e contra. Ver o caso do REsp 180.995/RS.
Suspensão do processo difere de suspensão de prazos peremptórios. A única exceção é o Art. 180 do
CPC. Verificar julgado Resp 180.995/RS.
Thiago Graça Couto
thiagocouto@gmail.com
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Caso Gerador 3
“Sendo a exceção de incompetência oferecida no último dia do prazo para a resposta, apesar da
suspensão operada, após seu julgamento, não haverá mais prazo a ser devolvido. Assim, a
contestação dessa forma oferecida torna‐se intempestiva, justificando‐se a aplicação dos efeitos da
revelia” (1º TACSP, 6ª Câmara Cível, Rel. Juiz CARLOS GONÇALVES, Ap. 357.03, j. em 10.6.86; RT 610‐
137). Comente essa ementa.
Deve haver coerência, devolvendo‐se ou não o dia da interposição da exceção. Na opinião do professor,
deve ser devolvido.
Caso Gerador 5
JOÃO ajuizou ação judicial contra PAULO. PAULO alegou, na contestação, preliminar de ilegitimidade
passiva. O juiz marcou audiência preliminar. Não obtida a conciliação, o juiz resolveu as questões
processuais pendentes, fixou os pontos controvertidos e deferiu as provas pedidas pelas partes, mas,
no entanto, não apreciou a alegação de ilegitimidade passiva feita por PAULO. Contra essa decisão
saneadora, não houve recurso.
Mais à frente, após realizada a audiência de instrução e julgamento, onde foram ouvidas
testemunhas, o juiz proferiu sentença e extinguiu o processo, sem julgamento do mérito, por
ilegitimidade passiva, conforme o art. 267, inciso VI, do CPC.
O juiz agiu corretamente?
Caso Gerador 6
JOÃO ajuizou ação judicial contra PAULO. PAULO alegou, na contestação, preliminar de ilegitimidade
passiva. O juiz marcou audiência preliminar. Não obtida a conciliação, o juiz proferiu a seguinte
decisão saneadora: “Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação. Fixo como ponto
controverso o dano material alegado pela autora. Defiro a prova testemunhal requerida pelas partes.
Designo Audiência de Instrução e Julgamento no dia 7/4/2005, às 14 horas”. Contra essa decisão
saneadora, não houve recurso. Mais à frente, após realizada a audiência de instrução e julgamento,
onde foram ouvidas as testemunhas, o juiz proferiu sentença e extinguiu o processo, sem julgamento
do mérito, por ilegitimidade passiva, conforme o art. 267, inciso VI, do CPC.
O juiz agiu corretamente?
Thiago Graça Couto
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Caso Gerador 7
JOÃO ajuizou ação judicial contra PAULO. PAULO alegou, na contestação, preliminar de ilegitimidade
passiva. O juiz marcou audiência preliminar. Não obtida a conciliação, o juiz proferiu a seguinte
decisão saneadora: “A preliminar de ilegitimidade passiva não merece prosperar, porque a ré assinou
o contrato e, portanto, integra a relação jurídica de direito material deduzida nesta demanda.
Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação. Fixo como ponto controverso o dano
material alegado pela autora. Defiro a prova testemunhal requerida pelas partes. Designo Audiência
de Instrução e Julgamento no dia 7/4/2005, às 14 horas”. Contra essa decisão saneadora, não houve
recurso. Mais à frente, após realizada a audiência de instrução e julgamento, onde foram ouvidas as
testemunhas, o juiz proferiu sentença e extinguiu o processo, sem julgamento do mérito, por
ilegitimidade passiva, conforme o art. 267, inciso VI, do CPC.
O juiz agiu corretamente?
O segundo caso é mais grave que o primeiro. Não teria havido preclusão consumativa para o juiz? Todos
esses casos dizem respeito a eficácia preclusiva da decisão saneadora, e asim estão ligados ao Art. 471
do CPC.
Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à
mesma lide, salvo:
I ‐ se, tratando‐se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado
de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi
estatuído na sentença;
II ‐ nos demais casos prescritos em lei.
Com base nesse Artigo, admite parte importante da doutrina que juiz não pode decidir novamente Comment [T3]: Barbosa Moreira,
Pontes de Miranda, Calmon de Passos,
questões já decidas. Outra corrente, entende que o Art. 471 diz respeito a sentença e não às decisões
Fredie Didier Jr. e HTJ.
interlocutórias.
Comment [T4]: Galeno Lacerda, Arruda
Alvim, Cândido Dinamarco, Ovídio Baptista,
Quanto ao caso 7, assim se posiciona E.D. Moniz de Aragão, dispondo acerca da preclusão hierárquica: Marinoni, Talamini, dentre outros.
Thiago Graça Couto
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