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O CAÇADOR DE

BORBOLETAS
O caçador de Borboletas
Omar de Camargo - 1988

Pedrinho gostava demais de caçar borboletas. Chegava até cabular aulas para ir ao
bosque em busca daqueles bichinhos tão bonitos e rápidos.
Certo dia, ao voltar da casa de sua avó, que era do outro lado do bosque, Pedrinho
ficou encantado ao ver uma enorme borboleta azul, que quando batia as asas mostrava no
seu corpo avermelhado contornos que fluíam do vermelho ao laranja.
Encantado com aquele espetáculo Pedro se distraiu e entrou no bosque na tentativa
de apanhar a borboleta. Sem se dar conta da hora Pedrinho continuou a adentrar no bosque.
Logo veio a noite, e com seu manto escuro encobriu todo o bosque.
Pedro ao perceber que escurecera quis voltar e retomar o caminho para sua casa,
porém qual não foi a sua surpresa ao perceber que não conseguia mais encontrar o caminho
de volta.
Desesperado começou a correr. Parou, e naquele instante, no meio da escuridão,
percebeu que estava perdido.
Começou a gritar e chorar sem parar, de medo. Pois, os sons que vinham da mata,
durante a noite, eram para ele, simplesmente assustadores.
Cansado, encostou-e numa árvore encolhendo-se ao máximo que podia, e soluçando
só pensava em voltar para sua casa.
Passaram-se alguns instantes, que para ele pareciam horas, Pedro morto de medo da
escuridão e dos animais noturnos, pois havia visto na escola em alguma aula, que existiam
animais que se alimentavam à noite, mais uma vez chorou.
Foi então, que percebeu uma luz brilhando como e fosse um vaga-lume, porém ser
maior. Aquela luz vinha em sua direção como se estivesse buscando o garoto.
Pedro pensou – Oba! Alguém me encontrou. Mas, não era uma lanterna, era
estranha aquela luz, pois zigue-zagueava. Deve ser algum
bicho – pesou assustado.
Aquilo veio em sua direção e se aproximou tanto que
Pedro pode sentir o esvoaçar das asas. Então viu que era
semelhante a uma borboleta, só que era maior.
Foi quando aquela borboleta ou sei lá o que, para o
espanto de Pedrinho, falou-lhe:
- Olá Pedrinho, eu estou lhe procurando. E em
seguida complementou:
- Não se assuste, eu sou a fada madrinha das
borboletas.
Pedro pensou com Seus botões - Eu não sabia que
borboletas tinham fada madrinha.
Então a fada, adivinhando o pensamento de Pedro, disse:
- É Pedrinho, borboletas têm fada madrinha sim, senhor. E eu tenho visto toda a
maldade que você tem feito contra elas.
Pedrinho ficou sem saber o que dizer ou fazer, pois viu que aquela borboleta
brilhante sabia o que ele estava pensando. E ela continuou a falar:
- Você não se envergonha de caçar esses animaizinhos tão bonitos e indefesos? Ora
Pedrinho, as borboletas têm vida, assim como você! E nunca lhe fizeram mal algum! E
mesmo sabendo que você as caça, eu vim aqui ajudá-lo a sair do bosque e voltar para a casa
de seus pais.
Pedro estava petrificado com tudo aquilo que estava acontecendo e só conseguia
pensar em voltar para casa.
A fada, lendo os pensamentos do garoto, propôs a ele que a seguisse.
Pedro atendeu prontamente, sem titubear.
E assim, foram os dois, a fada à frente e Pedro logo atrás. Depois de algum tempo
Pedrinho pode vislumbrar a luz da varanda da sua casa, que a esta altura dos
acontecimentos deveria estar em polvorosa.
Nisso, a fada borboleta parou e falou:
- Daqui em diante você irá sozinho, pois eu não posso deixar que me vejam. E
dando meia volta começou a ir bosque adentro.
Pedrinho a chamou:
- Fada borboleta! Espere! A fada borboleta parou, virou-se para Pedro e olhou
aguardando talvez um golpe.
- Sabe o que é - disse Pedrinho. Eu queria agradecer por você ter me trazido até
aqui.
- Muito bem, Pedro. Mas, a única maneira de me agradecer é...
- Qual? Qual? – perguntou insistentemente Pedro.
- É prometendo que nunca mais irá caçar minhas afilhadas.
Pedro compreendeu naquele instante o quanto tinha sido injusto com as pequenas
borboletas, pois a fada das borboletas, mesmo sabendo que ele gostava de caçá-las, veio,
mesmo assim, ajudá-lo a sair daquele bosque.
Pedrinho então com um nó na garganta e cheio de arrependimento, disse:
- Certo. Eu nunca mais vou caçar borboletas. Vocês são muito mais bonitas livre. E
você, mesmo sabendo que eu poderia querer pegá-la, mesmo assim me ajudou a chegar em
casa.
Pedro despediu-se da fada borboleta e em desabalada carreira correu para casa.
Desde aquele dia em diante Pedrinho nunca mais caçou borboletas e até brigava
com os coleguinhas que queriam caçá-las.

FIM

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