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Sobre D. Hume e as “Investigações Sobre o Entendimento Humano”.

História da Filosofia Moderna I.


Profº. Abel Casanave.

Aluno: Juliano Ozga.

Plano.

Tópicos principais sobre a obra de D. Hume:


1- Objetivo do projeto do “Entendimento Humano”;
a) Problema das percepções: percepções fortes e fracas;
b) Percepção como origem das idéias;
c) Proposições: relação entre idéias e relação entre questões de fato;
d) Leis de Causalidade;
e) Princípio da Não-Contradição;
f) Conexão necessária;
g) Relação Causal;
h) Milagre;
i) Ceticismo;

Primeiramente, tentarei expor neste breve resumo o objetivo do Projeto de


Entendimento Humano de D. Hume.
Uma das análises precedentes do projeto de entendimento humano de D. Hume
está relacionado com a distinção da filosofia moral, ou ciência da natureza, em duas
espécies, onde a primeira trata do homem como um ser social e moral, sendo
julgada como filosofia branda e leve. Ao passo que a segunda espécie está envolvida
com o que chamamos de filosofia pura, ou mais abstrata e especulativa.
Além disso, podemos relacionar a filosofia moral como a filosofia que se
preocupa com a aquisição e aperfeiçoamento dos costumes, tanto do cidadão
individual como em sociedade, abrangendo todas suas regras, suas leis morais, suas
tradições e tudo mais. É onde o homem se torna um ser político e social.
A segunda espécie, ou seja, a filosofia pura ou abstrata está mais inclinada para
o aperfeiçoamento e aquisição do conhecimento e entendimento humano através das
ciências e longe dos dogmas religiosos ou morais.
É nesta segunda espécie que podemos encontrar o típico filósofo que busca o
conhecimento em todas suas instâncias e situações. Neste caso o filósofo procura
através do conhecimento e entendimento das coisas da natureza sua melhor
compreensão e aptidão para tentar lhe manipular, no âmbito possível, e se adequar
às necessidades para a manutenção e continuação da vida humana.
Essa distinção básica entre as duas espécies de filosofia que D. Hume nos
apresenta será crucial para a elaboração e projeção de sua análise sobre a questão do
entendimento humano e sua abrangência.
Neste momento será apresentado o problema das percepções, no caso percepções
fortes ou impressões e percepções fracas.
Sobre as percepções fortes, as chamadas impressões, i.e., todas nossas
percepções mais vívidas, sempre que ouvimos, ou vemos, ou sentimos ou amamos,
ou odiamos, ou desejamos e exercemos nossa vontade.
Sobre as percepções fracas, podemos englobar nossos pensamentos ou idéias,
que são menos fortes e vivazes do que as percepções fortes ou impressões.
As percepções fortes ou impressões são as bases para a formação e elaboração
posterior das ideias ou pensamentos, que englobam as percepções fracas. Através
das percepções fortes, como meio e veículo das percepções sensoriais do mundo
externo, podemos elaborar e projetar internamente nossos pensamentos e ideias
abstratas em relação aos objetos do mundo externo.
Por isso a dependência nítida das ideias e pensamentos em relação às percepções
fortes ou impressões.
Um exemplo disso pode ser exposto no caso onde todo esse poder criador da
mente consiste meramente na capacidade de compor, transpor, aumentar ou
diminuir os materiais que os sentidos e a experiência nos fornecem.
No exemplo um, onde imaginamos uma montanha de ouro, podemos averiguar a
junção das ideias de montanha e ouro, ambas as palavras que designam materiais do
mundo externo. Neste caso, todos os materiais do pensamento são derivados da
sensação externa ou interna, e à mente e à vontade compete unicamente misturar e
compor esses materiais, ou seja, de forma mais filosófica, como exposta por D.
Hume, todas nossas ideias, ou percepções mais tênues, são cópias de nossas
impressões, ou percepções mais vívidas.
Agora será necessário expor os três princípios que são responsáveis pelas
conexões entre as ideias, ou seja, entre as percepções fracas ou tênues, onde o
primeiro é o princípio de semelhança, o segundo princípio de contiguidade e o
terceiro o princípio de causa e efeito.
O princípio de semelhança está relacionado com o fato de podermos, através de
um retrato, conduzir naturalmente nosso pensamento para a representação original,
como exemplo, a foto de uma pessoa ou ambiente conhecido.
O segundo princípio é o de contiguidade, onde exemplificamos o mesmo, com a
menção de um cômodo em uma cabana ou habitação levar naturalmente nosso
pensamento a uma indagação ou observação relativa ao ambiente e suas
características adicionais.
O terceiro princípio é o de causa e efeito, onde será constatado que se pensarmos
em um ferimento, dificilmente conseguiremos evitar uma reflexão sobre a dor que o
acompanha.
Isso serve para elucidar os princípios de conexão entre ideias. Agora o que nos
interessa é expor a questão sobre preposições, ou seja, relações de ideias e questões
de fato e existência.
Sobre as relações de ideias, podemos exemplificar as ciências da geometria,
álgebra e aritmética, onde, toda a afirmação é intuitiva ou demonstrativamente certa
e verdadeira. Um exemplo para especificar o mesmo seria o caso onde o quadrado
da hipotenusa é igual ao quadrado dos dois lados; aqui há uma relação entre
grandezas. Outro exemplo é o caso onde três vezes cinco é igual à metade de trinta,
ou seja, quinze; neste caso há uma relação entre números.
Proposições deste tipo podem ser descobertas pela simples operação do
pensamento, independentemente do que possa existir em qualquer parte do universo.
Sobre as questões de fato e existência, que é expresso como o objeto da razão
humana, podemos concluir que as mesmas não são apuradas como as relações de
ideias e tampouco nossa evidência de sua verdade ou certeza, é da mesma natureza
que a precede. Um exemplo deste caso será a situação em que o sol nascerá amanhã
não ser uma preposição menos inteligível nem implicar mais contradição do que a
afirmação que ele nascerá.
Nesta questão de fato e existência, podemos concluir que todos os raciocínios
referentes à questão de fato parecem fundar-se na relação de causa e efeito. É
somente por meio desta relação que podemos ir além, ou ultrapassar a evidência de
nossa memória e nossos sentidos.
Neste momento iremos abordar o princípio de causalidade e suas implicações. É
através da experiência que podemos inferir o princípio de causalidade; a relação
causa e efeito está adicionada na natureza, porém sem o auxílio da experiência,
nossa razão não é capaz de extrair e pensar qualquer conclusão referente à existência
efetiva de coisas ou questões de fato.
Deste modo, as causas e efeitos são analisados através da experiência e
observação do mundo físico, não dependendo da razão para sua constatação. Como
exemplo deste caso nos é apresentado o fato das duas peças de mármore, onde as
mesmas irão aderir uma à outra de tal forma que, uma grande força é necessária para
separá-las ao longo de uma linha perpendicular às superfícies em contato, embora
seja mínima a resistência que oferecem uma pressão lateral.
Para aumentarmos a evidência destes exemplos, poderemos expor a questão do
hábito ou costume na experiência das causas e efeitos, onde o efeito não pode
revelar-se na causa. Neste caso todo o efeito é um acontecimento distinto de sua
causa; isso decorre da nossa impossibilidade de acessarmos as causas anteriores aos
efeitos.
Assim podemos concluir que qualquer causa ou efeito apenas é inferível através
da assistência da observação e experiência. Sobre a inferência entre causa e efeito da
observação das experiências, podemos expor a questão da conexão entre
proposições não ser intuitiva, e sim observável e analítica.
Assim sendo, as relações entre idéias estão relacionadas com os raciocínios
demonstrativos, ao passo que as questões de fato e existência se referem aos
raciocínios morais.
Agora será oportuno expor o princípio de não-contradição, onde tudo o que é
inteligível e pode ser distintamente concebido está isento de contradição. Aqui a
inferência de efeitos prováveis, mediante a experiência da observação dos efeitos da
natureza pode ser expressa pelo argumento de não ser o raciocínio que nos leva a
supor o futuro e a esperar efeitos semelhantes de causas que são em aparência
semelhantes.
Outro fato relevante é a conexão necessária, i.e., ideias metafísicas mais incertas
e obscuras. Deste caso podemos inferir que o efeito se segue à causa, porém não há
nenhuma matéria que revele por suas qualidades sensíveis, qualquer poder ou
energia, ou que nos dê razões para imaginar que poderia produzir alguma coisa ou
ser seguida por qualquer outro objeto que pudéssemos denominar seu efeito.
Um exemplo para esclarecer esta citação seria o caso onde o calor é um
acompanhante da chama, mas não temos meios sequer de conjeturar ou imaginar
qual é a conexão entre eles; no máximo podemos conjeturar que há uma conjugação
no mundo físico entre causa devido à constatação de seu efeito.
Portanto, nos é exposto por D. Hume que, é só pela experiência que aprendemos,
sobre a influência de nossa vontade; e tudo que a experiência nos ensina é como um
acontecimento segue-se constantemente ao outro, sem nos instruir acerca da
conexão oculta, ou seja, necessária (por vários motivos e razões de ser), que os
mantém ligados e os torna inseparáveis.
Neste ponto podemos diferenciar a questão de haver conjunção entre causa e
efeito no mundo físico, e apenas através da inferência por meio da observação e
experiência pode haver conexão necessária. Disto D. Hume conclui que os
acontecimentos parecem conjugados (no mundo físico), porém nunca conectados
(em nosso entendimento, através da observação e experiência, que iremos abordar
em seguida).
Posteriormente D. Hume nos apresenta o argumento de que essa transição
habitual da imaginação que passa de um objeto para seu acompanhante usual, é o
sentimento ou impressão a partir da qual formamos a ideia de poder ou conexão
necessária.
Assim sendo, um objeto está conectado a outro quando eles possuírem uma
conexão em nosso pensamento ou entendimento.
Deste fato decorre a questão sobre a relação causal, onde é exposto o argumento
que defende que o primeiro objeto, seguido de outros semelhantes ao primeiro, são
seguidos por objetos semelhantes ao segundo; ou o argumento de um objeto seguido
de outro, e cujo aparecimento sempre conduz o pensamento àquele outro.
Disso podemos inserir a questão do hábito ou costume, como mediadores entre
causa e efeito da observação da experiência no mundo físico.
É através do hábito ou costume, que conseguimos inferir alguma conclusão de
causa e feito, donde o exemplo da criança que ao tocar em uma chama, sabe, sem
auxílio da razão ou de outro raciocínio complexo, que ao encostar-se na mesma, sua
pele vai ser queimada, causando assim dor e sofrimento, donde constatamos que é
simplesmente através do hábito ou costume que a criança aprende que ao tocar
novamente na chama, sua pele será queimada.
Disso decorre que a experiência e observação vão influenciar a ação da criança,
e não a razão ou raciocínio.
Aqui será exposta a questão do milagre, como sendo um efeito que sai da
ocorrência natural e constante da natureza, deixando assim o leigo perplexo e
maravilhado com determinados acontecimentos, para ele, sem explicação, donde
decorre o chamado milagre.
Assim, D. Hume expõe que nem todos os acontecimentos seguem-se em igual
certeza de suas supostas causas.
Posteriormente é exposto o caso onde a evidência funda-se na experiência
passada, e varia, portanto, com a experiência, sendo considerada ou uma prova ou
uma probabilidade, sendo expresso por uma constante ou variável.
Assim concluímos que o milagre é uma violação das leis habituais da natureza, e
como essas leis foram estabelecidas por uma experiência firme e inalterável, a prova
contra um milagre, pela própria característica do fato, é tão cabal quanto qualquer
argumento imaginável derivado da experiência.
Posteriormente, D. Hume apresenta três propostas contra os milagres. A primeira
seria a de que não se encontra em toda a história nenhum milagre atestado por um
número suficiente de homens de bom senso, educação e saber tão inquestionáveis
que nos garantam contra toda a possibilidade de estarem eles próprios enganados; a
segunda proposta é a de que a paixão da surpresa e do assombro, provenientes dos
milagres, dá-nos uma perceptível tendência a acreditar nos acontecimentos dos quais
ele deriva; a terceira seria a de que a inclinação humana para o fantástico ajuda na
propagação dos milagres.
Por último será apresentado o tópico sobre o ceticismo, onde D. Hume divide o
mesmo em duas ocorrências.
A primeira é o antecedente, que prega uma dúvida universal sobre nossos
anteriores princípios e opiniões, como também sobre nossas próprias faculdades, de
cuja veracidade, dizem, devemos nos assegurar por meio de uma cadeia
argumentativa deduzida de algum princípio original que não tenha a menor
possibilidade de ser fraudulento ou enganoso.
A segunda ocorrência é o consequente, que à ciência e à investigação, ocorre
quando se supõe que os homens constataram, quer a natureza absolutamente
falaciosa de suas faculdades mentais, quer a incapacidade que elas demonstram de
chegar a qualquer conclusão definida em todos esses peculiares assuntos
especulativos, nos quais comumente são empregados.
Diante desta exposição, espero ter apresentado os tópicos, ao menos essenciais
para expor o projeto do entendimento humano de D. Hume.

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