Professional Documents
Culture Documents
Operação + Planejamento +
Manutenção + Recursos
Humanos = Produção ©
Resumo
Engº Milton Augusto Galvão Zen
A atividade de manutenção tem evoluído muito nos últimos anos. Esta evolução deveu-se muito a
necessidade de garantir uma competitividade que permitisse a sustentação da empresa em um mercado
cada vez mais competitivo.
A utilização de metodologias como Kanban, Just in Time, Kaizen, foram aos poucos mostrando as
deficiências do parque fabril e os pontos que deveriam ser atacados com a maior brevidade possível,
visto que não havia mais tempo a perder.
Um apoio de extrema importância e eficiência foi a Manutenção, que não apenas evoluiu tecnicamente
como também na parte humana alcançou níveis de eficiência que ajudaram em muito a atividade final
que é a Produção.
Esse relacionamento entre as áreas de planejamento, manutenção, operação e os recursos humanos é
que será o ponto a ser detalhado neste trabalho, que contará um pouco da estória da evolução da
Fábrica de Eixos da Mercedes Benz do Brasil, que passou de uma possibilidade de encerramento de
atividades para outra que é hoje um exemplo a nível internacional.
Passamos por uma quebra de paradigma que foi muito importante não apenas para os profissionais da
nossa empresa, mas está servindo de exemplo para outros que visitam a empresa com o intuito de
realizarem benchmarck.
Este artigo foi apresentado como contribuição técnica ao XIII Congresso Brasileiro de
Manutenção de 1998 e para o Congresso Mundial de Manutenção ocorrido em Portugal em
1998.
Índice
Engº Milton Augusto Galvão Zen
Introdução
Engº Milton Augusto Galvão Zen
Em meados de 1995, as alterações que estavam ocorrendo na Mercedes Benz do Brasil, visando
adequá-la aos novos tempos, colocaram diante da Fábrica de Eixos um desafio jamais visto na estória
da empresa.
A estabilidade daquela unidade havia levado a uma grande estagnação em termo de desenvolvimento,
envolvimento e comprometimento de todos os funcionários com os objetivos gerais da empresa.
Dessa forma, nossa unidade estava prestes a fechar suas portas e ter seus produtos substituídos pelos
fabricados pôr nossos concorrentes.
Não restavam muitas alternativas. Duas ações precisaram ser tomadas àquela época. A primeira foi
tomada pôr parte da diretoria da empresa, que através de um Job Rotation a nível de diretoria, alternou
os diretores adjuntos das unidades, engenharia de fábrica e fábrica de eixos. Uma segunda atitude foi
tomada através de um também job rotation na função da chefia da área de manutenção.
{©A diretoria adjunta foi alterada em 05 de maio de 1995 e a chefia da área de manutenção em 05 de
junho de 1995. Estava dada a partida a uma verdadeira guerra em busca não apenas para reerguer uma
unidade fabril, mas sim colocá-la em condições para que fosse escrita uma frase que hoje impera sobre
a principal entrada de nossa unidade: “Pôr aqui passam os melhores fabricantes de eixos do
mundo”.
Um sonho? É certo que para conquistarmos o que desejamos, é necessário sonhar alto. Certa vez
ouvimos que muitos não alcançam grandes resultados porque não sonham muito e nem tampouco
grande.
Assim iniciamos um trabalho conjunto que nos levou a confirmar a equação inicial deste trabalho e que
com a participação de todos colocou-nos em evidência a nível internacional.
2. Situação Inicial
Engº Milton Augusto Galvão Zen
Os dados finais de 1994 não foram muito animadores, como podemos ver abaixo. Tais resultados não
eram mais condizentes com as necessidades de mercado e muito menos com as exigências de nossos
clientes.
As atividades de treinamento no ano de 1994 demandaram 48,00 horas/funcionário X ano.
A quantidade de horas paradas em nossa parque fabril estava em uma média mensal de 27.555 hs, com
uma disponibilidade estimada de 94,25%.
Não possuíamos uma quantidade de células de manufatura em número adequado as necessidades da
produção, naquele ano tínhamos um total de 03 células de manufatura.
As notas de qualidade de nossos produtos estavam em 2,2 para eixos dianteiros e 2,4 para os eixos
traseiros ( melhor nota é 1.0 e a pior nota 5.0).
O volume de funcionários à época estava em 2.435 colaboradores, sendo 1.971 horistas diretos, 316
horistas indiretos e 148 mensalistas.
A quantidade de Kaizens realizados somaram um total naquele ano de 16, portanto muito pouco para
cobrir as necessidades de alteração fabril.
{©Da mesma forma, em meados de 1995, respectivamente em abril e maio a situação de nossa unidade
continuava difícil. Pôr exemplo, a média de horas paradas do parque fabril estava em torno de 26.700
hs, as horas de espera para o primeiro atendimento estavam em 6.554 horas. Isto apresentava uma
disponibilidade muito próxima da calculada em fins de 1994.
Em dezembro de 1994, a idade média de nosso parque fabril estava em 22 anos. Tudo denotava para
um parque fabril que poderia ser considerado obsoleto.
Portanto em meados de 1995, desafios não mais existiam, e as novidades eram esperadas para
quando fosse tomada a decisão de encerramento das atividades.
Não tínhamos saída, “era hora da revolução”.
3. Situação Proposta
Engº Milton Augusto Galvão Zen
Em virtude do grande volume de trabalho desenvolvido em todas as áreas, não estaremos relatando
todos, mas sim aqueles que foram de certa forma relacionados com as atividades de manutenção e que
resultaram em ganhos produtivos, melhorando portanto os índices gerais da empresa, ou seja, da
Fábrica de Eixos.
4.1 Planejamento
Novos Projetos
Ao longo dos 3 últimos anos novos projetos foram desenvolvidos e os mais importantes a nível de
implementação de processos foram os que corresponderam a concorrências internacionais de produção
dos eixos para os veículos Classe A, LTC (Light Truck Concept) e T1N (Sprinter).
A participação efetiva nessas concorrências foi possível graças também ao apoio que a equipe de
manutenção proporcionou através da indicação em conjunto com os colegas da operação, quais seriam
as melhores máquinas e equipamentos que poderiam dar conta das novas atividades.
Tais equipamentos foram então parcialmente separados e foram tratados de forma especial quanto aos
aspectos de manutenção planejada, bem como a necessidade ou não de atualização tecnológica
(retrofiting).
Estas concorrências foram ganhas após muito esforço de toda a equipe da fábrica visando demonstrar a
nível internacional nossa capacidade de atender as condições de custo, qualidade e prazo determinados.
Estamos agora na implementação das alterações fabris para os respectivos inícios de produção.
Terceirização
Com relação ao aspecto de transferência de peças de baixa tecnologia para terceiros passou a ter a partir
de 1996 a participação efetiva da equipe de manutenção.
Desde então passou a ser responsabilidade da manutenção a análise estrutural das condições de
manutenção da empresa candidata a receber as máquinas e peças destinadas a alimentarem nossas linhas
de produção.
Essa análise leva em conta o tamanho da empresa, a estrutura organizacional da manutenção, a
formação e a especialidade dos profissionais, a existência ou não de almoxarifado específico, o
ferramental disponível, as condições da oficina, o treinamento que a empresa dedica aos colaboradores,
etc..
Máquinas Novas
Todas as máquinas e equipamentos novos que fossem destinados ao meio operacional, passaram a ter a
participação da equipe de manutenção na decisão de compra.
4.2 Operação
Novos projetos
Como dito no tópico anterior, 3 novos projetos estão em fase de implantação, dessa forma equipes da
operação, aliadas as de manutenção e de planejamento tem trabalhado a nível de chão de fábrica para
respeitar os prazos e condições estabelecidas.
5S’s
Falaremos agora sobre a reorganização da estrutura da Manutenção. Lembramos que além de buscar
objetivos de planejamento, operação e de recursos humanos, buscaria antes de mais nada uma redução
dos vários índices de acompanhamento de máquinas e equipamentos, tais como: Horas Paradas , Horas
de Impedimento, Horas de Espera. Outra atividade que recebeu enfoque especial foi o da
administração participativa, a descentralização das decisões e o treinamento dos colaboradores.
Quanto ao parque de máquinas realizaram-se estudos em conjunto com as áreas de operação e de
planejamento, onde seriam eliminados do mesmo as máquinas e equipamentos improdutivos.
Apresentamos abaixo a Estrutura anterior (junho/1995).
SUPERVISOR
5.1 Constatação
Apresentaremos a seguir os principais dados de manutenção e que confirmaram as necessidades de
mudanças. Estes dados são: Horas paradas de máquinas/equipamentos, Horas de Espera, Horas de
Atendimento, Horas de Impedimento e Disponibilidade estimada do parque fabril.
Outros dados foram também levados em consideração, tais como: nível de escolaridade do grupo de
manutenção e valorização de suas funções.
5.2 Conhecimento da Área de Manutenção
Em junho de 1995; quando houve o JOB ROTATION de Supervisão; a equipe era formada pôr 120
colaboradores, distribuídos em duas áreas, Tratamento Térmico e Manutenção Corretiva na Usinagem e
Nome(Opcional)____________________________________________Data: _____/___/___
Solicitamos sua colaboração no preenchimento deste questionário que tem como objetivo aumentar a
performance da manutenção a partir de sugestões e críticas relativas à “Prestação de Serviço”. Espera-
se portanto aumentar a garantia de continuidade do processo produtivo, possibilitando-se assim a
manutenção dos atuais níveis de produção e preparar-mo-nos para uma elevação. Após o
preenchimento, pede-se a gentileza de devolver para a área de Manutenção.
A. Quanto as Chefias de Manutenção da Área:( Nomes)
1. O tratamento da mesma para com você é:
( )Muito bom
( )Bom
( )Regular
( )Insatisfatório
2. O conhecimento da área demonstrado pela chefia é:
( )Muito bom
( )Bom, satisfazendo as necessidades
( )Regular, podendo melhorar
( )Ruim, deixando a desejar
3. Quando há necessidade de esclarecimento junto a você, a Chefia:
( )Atende a todas as dúvidas
( )Atende a maioria dos questionamentos
( )É regular
( )Deixa a desejar
4. As explicações, quando necessárias são:
( )Claras e objetivas
( )Carecem de maior clareza
( )São confusas
5. A Chefia quando solicitada diretamente:
( )Atende perfeitamente
Superv. Eng. Mestr C/mestr Téc. H.Mec H.Ele H.Lu H.Ref. Ferr.
e e b.
set/95 1 1 6 1 2 47 34 22 1 5
dez/9 1 1 5 1 10 42 28 18 1 5
5
A função da mestria de manutenção passou a ser mais a de administrar aqueles homens junto ao seu
colega da produção de forma a atender as necessidades e objetivos comuns, ou seja, ter maior
disponibilidade do processo produtivo quando o mesmo fosse exigido.( Piloto antes de junho de 1995
em 2 centros de custos).
Isto significava que passávamos para uma estrutura mais horizontal que a anterior, facilitando dessa
forma a tomada de decisões.
Os trabalhos foram assim reorganizados e durante os anos de 1996 e até meados de 1997 a estrutura da
equipe foi sendo alterada basicamente atendendo as mudanças de lay out, que ocorriam continuamente
nas áreas de operação.
Já em junho de 1997, fomos solicitados a participar de uma nova decisão a nível de fábrica e
deveríamos contribuir com uma melhoria de nossas atividades de forma que com um aumento imediato
do índice de disponibilidade do parque fabril pudessemos ter na operação uma liberação de mão de
obra para a execução de novas tarefas.
Naquela data a estrutura que havia sido montada para a execução de atividades exclusivas de
manutenção planejada foi então diluída nos postos avançados de manutenção.
Essa ação não significava que a atividade de manutenção planejada sofreria perdas. Ela já estava
devidamente absorvida em nossa rotina de serviços.
Assim a partir de então os postos avançados absorveram a responsabilidade de executarem as atividades
de manutenção planejada, além das ações corretivas que já vinham realizando.
SUPERVISOR
Superv Eng+T Mestre Eng. Téc.+ H.Me H.Ele H.Lub Auxil Ferr
ec c
Eletr. Apoio
Manut
1 4 5 2 10 50 38 14 4 3
0a5 6 a 10 11 a 15 16 a 20 21 a 25 26 a 30 > 30
8% 10% 13% 23% 13% 5% 28%
Nos anos de 1996 e 1997 outras ações conjuntas foram realizadas pelo grupo de manutenção e as áreas
de operação e planejamento, liberando mais máquinas para desinvestimento. Durante esses anos foram
desinvestidas 233 máquinas.
Desta forma o quadro atual (dez/97) do parque fabril distribuído em 981 máquinas/equipamentos e 21
fornos, passou a ser o seguinte:
0a5 6 a 10 11 a 15 16 a 20 21 a 25 26 a 30 > 30
4% 11% 6% 24% 18% 6% 31%
É interessante notar que a média de idade do parque fabril não se reduziu, estando hoje em torno de
22,6 anos.
Um aspecto é importante lembrar, pois saímos de uma condição de máquinas até então consideradas
obsoletas, para uma nova situação ou conceito que significava que o parque fabril passava a trabalhar
com a função final da máquina.
Portanto, daquele momento em diante não tínhamos mais máquinas obsoletas, mas sim máquinas que
quando fossem desinvestidas não atendiam mais as funções que eram previstas para as mesmas.
5.4 Treinamento
Este tópico foi determinado como sendo de extrema relevância para o aumento da produtividade e
agilidade do homem de manutenção, já que findo o processo de levantamento das necessidades do
cliente o mesmo foi confirmado.
Foi realizado levantamento de necessidades de treinamento dos profissionais enfocando tanto aspectos
de formação como de atualização e reciclagem. Foi preparado documento adequado de solicitação
junto a área de treinamento da empresa, que de posse do mesmo providenciou testes de
conhecimento/avaliação.
Colaborou para o levantamento destas necessidades o documento “Avaliação de Chefia”, onde foram
detectados alguns aspectos que denotavam a necessidade de conhecer-se a si mesmo e saber ouvir.
Sendo assim, a atividade de treinamento foi dividida em dois aspectos, Humano e Técnico.
5.4.1 O Aspecto HUMANO
Este recebeu um tratamento imediato de forma a provocar mudanças de atitude e comportamento
daqueles que lideravam a equipe de manutenção.
A diretriz aceita pelo grupo foi a de atendimento urgente as necessidades das mestrias e dos técnicos do
Grupo de Apoio e na seqüência, dos demais colaboradores.
Programa de Auto Motivação para a Qualidade Total
Foi realizado pelos líderes, incluso mestres e grupo de apoio ,dedicado única e exclusivamente a ampliar
Notas de qualidade
Redução de área
Desinvestimentos
Redução de estoques
Kaizens realizados
Bibliografia
Engº Milton Augusto Galvão Zen
Mirshawka, Vitor - Olmedo, Napoleão Lupes - Manutenção, Combate aos Custos da Não-Eficácia -
Makron Books do Brasil Editora Ltda, São Paulo, 1993.
Mirshawka, Vitor - Olmedo, Napoleão Lupes - TPM Á Moda Brasileira - Makron Books do Brasil
Editôra Ltda, São paulo, 1994.
Sanguinetti, Norberto - 50 Idéias concretas para melhorar sua empresa. Editôra Érica, São Paulo, 1994.
Kroener, Wieland - Manutenção no Ano 2000. Revista Manutenção, ABRAMAN, Nº 23, Dez-
Jan/1990, RJ - RJ
Kroener, Wieland - Manutenção no Ano 2000. Palestra na FAAP - São Paulo, Maio/89.
Zen, Milton Augusto Galvão - Lubrificação, A primeira Manutenção Preventiva, Palestra na I Semana
de Tecnologia e Manutenção em Meios de Produção na Mercedes Benz do Brasil, Abril,1995.
Zen, Milton Augusto Galvão - Mudança de Paradigmas, Palestra Técnica, I Seminário de Engenharia de
Manutenção na Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Setembro, 1996.
Zen, Milton Augusto Galvão - Mudança de Paradigmas e O Novo Profissional na Empresa Moderna,
Trabalho Técnico, I Ciclo de Palestras sobre Engenharia de Manutenção, Qualidade e Produção, FEI -
Faculdade de Engenharia Industrial, São Bernardo do Campo, São Paulo, Agosto, 1997.
Zen, Milton Augusto Galvão Zen - Política de Manutenção, A Busca da Função Manutenção na
Empresa Moderna, Trabalho Técnico (ainda inédito) apresentado ao XII Congresso Brasileiro de
Manutenção, São Paulo, Outubro, 1997.
Zen, Milton Augusto Galvão - Mudança de Paradigmas e O Novo Profissional na Empresa Moderna,
Palestra Técnica, I Ciclo de Palestras sobre Engenharia de Manutenção, Qualidade e Produção, FEI -
Faculdade de Engenharia Industrial, São Bernardo do Campo, São Paulo, Agosto, 1997.
Zen, Milton Augusto Galvão - Metodologia para Estruturação de uma Equipe de Manutenção,
Trabalho Técnico, XII Congresso Brasileiro de Manutenção, São Paulo, Outubro, 1997.