Professional Documents
Culture Documents
O clima da Terra está mudando [7], principalmente nos últimos anos. São percebidas
alterações drásticas na temperatura média do planeta com aumento de 0,8º C em comparação
com níveis anteriores à Revolução Industrial [6]. É possível considerar que a mudança climática já
tenha alcançado pessoas e ecossistemas com amplos efeitos. Uma crescente preocupação
ocorre entre cientistas espaciais, ambientalistas, governos e a população mais informada. Devido
aquecimento global, a humanidade enfrentará alterações ambientais extremas.
Numa dada região da Terra em especial, a intensidade de radiação e chegada de partículas
mais pesadas, é mais alta do que em qualquer outra parte do Planeta. O campo magnético, não
retém as radiações nos mais diversos comprimentos de ondas provindas do espaço, porque a
parte mais interna do cinturão de Van Allen [3], tem a máxima aproximação com o solo. A este
efeito, se dá o nome de “Anomalia Magnética do Atlântico Sul”, (AMAS ou SAA, do inglês, South
Atlantic Anomaly) [5], [8].
Na ionosfera, diferentes comprimentos de ondas se propagam até alturas diferentes, isso se
deve em grande parte à ionização causada pelo Sol. A propagação ionosférica, é susceptível de
várias espécies de distúrbios associados às explosões e manchas solares[1], [2]. Acima da
atmosfera, as energias provindas do Espaço, se dissipam na forma de energia cinética transferida
aos elétrons livres da ionosfera [3]. Assim, são gerados ruídos de fundo em diversos
comprimentos de ondas, estes, têm seu nível variável conforme a atividade solar e a altura de sua
geração. O atual estudo seguirá dois procedimentos:
O primeiro, é a estimativa das condições solares, através da comparação de índices
fornecidos em tempo real, obtidos de satélites artificiais, e o monitoramento por sistemas de
recepção de sinais eletromagnéticos em VLF (Very Low Frequency) utilizando computadores
portáteis antenas e bobinas de sensoriamento magnético [3], [8], [9] com atividades em campo.
O segundo procedimento é a construção de um sistema de prospecção através de uma
antena quadra-cúbica na região do Boqueirão – Curitiba para compilação de sinais e comparação
de dados com a chegada de Massa Coronal Ejetada.
Desta forma, se pode levantar as condições, por exemplo, não só da ionização em grandes
altitudes, mas, da eletricidade atmosférica, da ozonosfera, de pulsos eletromagnéticos e radiações
provindas do Espaço.
Existe possibilidade de monitorar a chegada à superfície do Planeta de partículas das mais
diversas naturezas, além da comparação dos dados obtidos pela recepção de sinais de
radiofreqüência através da rádio-observação [5], [8].
Os sinais captados gerarão importantes dados iniciais para ser utilizados no projeto de
iniciação científica que ora se inicia através do atual projeto mostrado no V CONFIES.
2. INTRODUÇÃO
Figura 1: Em azul região da AMAS, quanto mais escura a cor azul, menos intenso o
campo. (Fonte NASA-ESA)
Figura 2 Interação entre o Sol e a Terra as linhas de campo magnético da Terra estão
dispostas em “camadas e gomos”. (Fonte NASA – ESA)
Nas regiões de campo magnético de baixa intensidade, sobre o Brasil, estas se comportam
da mesma forma que “buracos”, isto é, existe uma falha de proteção contra fluxo de partículas
provindas do espaço que não são capturadas pela magnetosfera. Quando ocorrem fortes
distúrbios no Sol, com “ejeção de massa coronal” (CME – Coronal Mass Ejection Figura 2), tanto
radiação eletromagnética nos mais diversos comprimentos de onda, quanto partículas pesadas e
eletricamente carregadas atingem a magnetosfera. Estando, no momento de chegada da massa
coronal, a face da Terra onde se encontra a região da AMAS voltada para o Sol, ocorrerão os mais
diversos fenômenos, muitos, no hemisfério sul, ainda não estudados, dentre estes, os mais
facilmente percebidos são os danos em equipamentos embarcados em espaçonaves [7], [10].
2.1. EFEITOS
A ocorrência da AMAS se dá entre –90º a +40º de longitude e –50º até a linha do Equador.
Quando ocorrem as explosões solares, na região anômala acontece o fenômeno das Correntes
Geomagneticamente Induzidas (GIC) cujas freqüências são abaixo de 1 Hz. Também ocorrem os
Distúrbios Repentinos da Ionosfera (SID – Sudden Ionospheric Disturbance) [10]. Os cinturões de
Van Allen, em geral, ‘’prendem’’ partículas arremessadas sobre si pelo vento solar. Contudo, esta
captura depende da energia das partículas e de sua velocidade, pois sendo muito energéticas e
velozes não serão capturadas e se dirigirão para as camadas mais inferiores da atmosfera
atingindo as regiões ionizadas (Figura 3).
Figura 3: Superfície descrita pela partícula presa ao redor da Terra (Fonte [3])
Uma vez que a “capa de proteção” dos cinturões de Van Allen não é eficiente para blindar as
emanações eletromagnéticas ionizantes e não ionizantes de alta energia provindas do Sol na
região da AMAS, o efeito para partículas mais pesadas também se repete, isto é, quando ocorre
uma CME, a “matéria” ejetada não capturada, é lançada ao espaço. Estando o lado diurno da
Terra, coincidentemente a região da AMAS, “enxergando” a chegada de massa coronal, ocorre
uma verdadeira “chuva” de partículas, estas não ficam presas pelas blindagens geradas pelo
“dínamo da Terra”. Ocorre assim uma forte ionização na alta atmosfera em todas as camadas.
Também pode ocorrer uma forte recombinação, pois prótons provindos do Sol, íons positivos,
numa velocidade de 450 km/s, podem encontrar elétrons livres na ionosfera, propiciando assim
condições para a captura de elétrons que porventura estejam na região de sua trajetória. Ocorre
neste momento um “desequilíbrio” iônico nas camadas superiores [1], [7], [10]. Dependendo da
quantidade de massa coronal, e da disponibilidade de elétrons livres, as camadas F1 e F2 não
retém todos os prótons, nem partículas mais leves, da mesma forma que parte da radiação
ionizante passa por si. Os excedentes continuarão em direção às camadas inferiores, “E” e
“D”.(Figura 4).
“As linhas de transmissão de energia elétrica de grande potência tem um comprimento físico muito
grande, são aéreas e estão paralelas solo. Estando situadas sobre rochas ígneas, (originárias do
manto da Terra, ricas em materiais magnéticos), sofrem indução com a geração em si de
harmônicos, estes causam disparos aleatórios nos sistemas de proteção, isso causa um efeito
cascata e gera sobrecarga em todo sistema de distribuição (Efeito dominó), o que acaba por
causar o desligamento geral e seqüencial pela ação dos equipamentos eletrônicos segurança no
Distribuidor Nacional (“Apagão” de 2000)” [10]. Os sistemas eletrônicos de segurança interpretam
que a rede elétrica foi atingida por um raio de grandes proporções, o que realmente não
aconteceu, pois, as ditas correntes induzidas de baixíssima freqüência de centenas ou mesmo
milhares de amperes, se dirigem para os enrolamentos de transformadores de potência,
destruindo-os.[10]
Um exemplo didático e bem documentado no Brasil é o catastrófico “black-out 2000, que
ocorreu na região sudeste brasileira, este deixou dezenas de milhões de brasileiros sem energia
elétrica transformando os grandes centros urbanos num verdadeiro “caos”, devida queda em
cascata do Operador do Sistema de Distribuição Nacional [10]”.
Desde a invenção do telégrafo de fio 1837, pelo norte americano Samuel F. B. Morse (1791-
1872), os efeitos de induções “desconhecidas com recepção de sinais fantasmas” em linhas de
telegráficas era noticiado. Estes estranhos ruídos ocorriam sempre quando a atividade solar era
máxima. Aumentando o nível tecnológico e as comunicações passando a ser “sem fio”, com
dependência da ionosfera, os eventos de “fechamento” de propagação passaram a ser notados,
principalmente nas comunicações militares e amadoras.Com a invenção do radar e das
telecomunicações via satélite, o “clima espacial” passou a ter importância capital nas
interconexões, sensoriamento e comunicações em altas freqüências.
As partículas pesadas a uma velocidade de 450 km/s, vem normalmente com o vento solar,
as que não forem capturadas pelos cinturões de Van Allen, nem recombinadas ou retidas pela
ionosfera, chegam à baixa atmosfera e colidem com partículas desta devida sua alta densidade.
Neste processo, existem naturalmente as radiações secundárias que chegam à superfície da
Terra.
Figura 7: Radiações provindas do espaço e suas interações. (Fonte NASA)
Conforme os estudos vão se aprofundando, cada vez mais se descobre que os efeitos que
ocorrem das grandes explosões solares atingem todos os sistemas, e não somente pontos
isolados. Assim, se torna de importância estratégica o seu estudo, o que vem sendo feito há
muitas décadas no Hemisfério Norte (Figura 7.a)
O Sol é a estrela que domina o sistema planetário em que se encontra a Terra. Sua presença
ou ausência determina o dia e a noite. A energia irradiada é aproveitada por seres fotosintéticos
que constituem a base da cadeia alimentar, assim é a principal fonte de energia que mantém a
vida. Todos os processos físicos, químicos e biológicos são afetados de forma significativa pelo
Astro Rei (Tabela 1 - Introdução).
No Hemisfério Sul, ao contrário do Hemisfério Norte, as condições espaciais e suas influências no
ambiente são pouco conhecidas. Isso se deve ao fato da falta de interesse em pesquisas das
instituições de ensino e dos governos. Os efeitos danosos das correntes geomagneticamente
induzidas, ainda não se fizeram sentir plenamente. Contudo, na medida em que o aparato
tecnológico for se sofisticando e a miniaturização aumentando, os equipamentos e sistemas
ficarão susceptíveis a danos ocasionados por explosões solares cujo estudo e prevenção dos
surtos energéticos são de importância estratégica para o Brasil, devido as suas dimensões
continentais. Alguns institutos de pesquisas, em especial o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) [1], têm se dedicado ao mapeamento e coleta de dados da AMAS e sua influência
global, mas, isso é insuficiente. É necessário que mais pesquisadores se aprofundem nesta
importante área de conhecimento, uma vez que deste sairão as estratégias necessárias para se
lidar com os problemas que serão incrementados com o avanço do Ciclo Solar de onze anos [9].
Com este, aumentarão as tempestades eletromagnéticas [1],[9], as incidências de descargas
elétricas e o aumento da violência dos temporais. Desta forma, é de fundamental importância não
somente o estudo da AMAS através da prospecção em VLF, mas a continuidade das pesquisas
em todos os ramos do conhecimento, da Geografia à Biologia, da Medicina à Física.
4. Objetivos
Uma vez coletados os dados, foram comparados aos recebidos de satélites em órbita
(SOHO – NASA) em tempo real, informações complementares sobre as explosões solares e
chegada de radiações de todas as ordens e naturezas e comprimentos de onda à Terra na face
diurna.
6. PROCEDIMENTOS
1 Conexão do sistema;
2 Coleta dos sinais de freqüência muito baixa (VLF);
3 Calibração do receptor;
4 Calibração das interfaces;
5 Coleta de dados;
6 Comparação on-line
Uma vez montada a antena, esta foi conectada a um cabo coaxial, este foi ligado à uma
placa de som, que foi devidamente preparada para converter os sinais de radiofreqüência para
sinais digitais. A faixa de leitura foi de 10 kHz até 20 kHz, os sinais foram lidos por um software
(SpaceLab 1.0) criado para a análise de VLF.
Uma vez captado o ruído de fundo, este foi convertido para pulsos digitais e transformado
em informação gráfica que foi comparada à gráficos fornecidos por sites da NASA e da ESA.
7. CONCLUSÃO E DISCUSSÃO
Embora as observações tenham sido executadas apenas por um dos autores em sua
residência, os demais membros do grupo se motivaram bastante a acompanhar o que estava a
ser observado.
O grupo de rádio-observação de VLF da UNIBEM, em sua maioria, ainda não está
familiarizado com os sistemas de prospecção e radioastronomia. Isso ocorre devido fato da falta
de informações "palpáveis", pois quando se faz uma leitura óptica, ''se enxerga'' o que está
ocorrendo, mas quando se faz uma leitura instrumental, o ''olho'' do observador é a interpretação
de dados numéricos.
Apesar das dificuldades de todos em entender o que ocorreu em termos de observação, a
experiência foi válida para se desenvolver outras verificações mais avançadas no campo da
radioastronomia.
Num primeiro passo, foi importante para todos, inclusive àqueles que nunca tinham tido a
oportunidade de observar fenômenos magnéticos da magnetosfera solar e terrestre, de que é
possível ''se enxergar'' sem ver.
Didaticamente, se pode dizer que a experiência foi um sucesso, pois despertou a
curiosidade dos membros que nunca tinham tido a oportunidade de ler dados através de
instrumentos.
Embora não tenha havido ejeções de massa coronal significativa, pois a fase atual é de
''calma'', alguns ''pulsos'' foram notados.
À medida em que progride a pesquisa do grupo, e este sair em campo, será possível a
melhora da qualidade e o aprendizado de todos.
Num próximo passo, seria interessante levar os novos pesquisadores a local sem poluição
eletromagnética, munidos com telescópios ópticos e de um sistema de radio-observação portátil,
uma grande bobina por exemplo, ligada a um computador portátil e feita análise gráfica da
variação eletromagnética ou da recepção em VLF. Desta forma, os dados compilados poderão ser
armazenados e após feita a comparação com sites (NASA, por exemplo) do sinal amostrado
poder-se-á descobrir sua validade.
A pesquisa nem sempre é aquilo que se espera, e, a formação de pesquisadores é um
trabalho lento e penoso, daí a necessidade da saída em campo para obter dados.
Uma sugestão, seria numa aula de laboratório numa terça feira, ir para algum local longe da
poluição eletromagnética, e montar o sistema de prospecção, embora a aula seja à noite, os
efeitos do lado diurno da Terra se podem fazer sentir.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[4] Hartmann, G., Anomalia Magnética do Atlântico Sul, fluxo reverso no núcleo da Terra
(2006), (http://www.usp.br/agen/repgs/2006/pags/022.htm , acessado 20/10/2007).
[5] Guimarães, R. C.; Silva, C. E., ANOMALIA MAGNÉTICA DO ATLÂNTICO SUL : ORIGEM
INTERNA E VISÃO ESPACIAL, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
(http://www.geocities.com/unibem_palmas/2_AMAS_Origem_Interna_Visao_Espacial.pdf,
acessado em: 12/10/2007)
[9] S.K. SOLANKI and M. FLIGGE, 2000, RECONSTRUCTION OF PAST SOLAR IRRADIANCE
Institute of Astronomy, ETH, CH-8092 Zürich, Switzerland, Max Planck Institute of Aeronomy, D-
37191 Katlenburg-Lindau, Germany (http://www.astro.phys.ethz.ch/papers/fligge/solfli_rev.pdf
acessado em 22/10/2007)
[10] (PINTO, L., MACEDO, L.H., DRUMMOND, M.A., SZCZUPAK, J.S., Possibilidades da
influência de Fenômenos Geomagnéticos nas Perturbações Elétricas Ocorridas no SIN, Ano 2000,
Relatório ENGENHO, 2004 ).
[11] Wang, R. G.; Wang, J. X.; Investigation for the cosmic ray ground level enhancements
during solar cycle 23 (http://adsabs.harvard.edu/abs/2004cosp...35.2410W acessado em
20/10/2007)