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Ana Lúcia escutava todas as músicas da Legião Urbana e se sentia miserável por todo

aquele sofrimento. Via as novelas e chorava como se fosse ela mesma a personagem
sofredora.Sua vida era uma calamidade, a chapinha sempre deixava os fios de seus
cabelos arrepiados, sempre alguém queria irritá-la, desmerecê-la por sua beleza
estonteante e sua inteligência acima da média.Cada dia um novo drama era idealizado por
Ana Lúcia, chorava por tudo que não teve, e que pouco sabia se lhe era necessário ou
não. Todos brigavam com ela, faziam tudo errado. Ela, sempre consertando o mundo.
Chegara a pensar que era o próprio Cristo em seu calvário cotidiano. Semana passada um
copo havia trincado quando ela colocou leite quentíssimo em cima da pia fria, mau
agouro, sai pra lá Coisa Ruim! Bradava ela, perturbada pelos demônios que a
cercavam.Hoje ela estava ansiosíssima pela manhã. Era o desfecho de sua novela favorita,
quando a personagem principal, a sofredora Natércia, conseguiria vingar-se do ex marido
traidor, que a havia trocado por uma lambisgóia interesseira, tão mau caráter como o
homem que ela havia sonhado ser seu.Natércia impiedosamente planejava a prisão do
marido, que atrás das grades encontraria Zé Metrópole, perigosíssimo traficante colocado
na prisão por uma falsa denúncia de se ex-amor. A nossa mortal conseguia visualizar o ex
namorado sendo massacrado por todos os detentos, via-o como se estivesse vendo a série
OZ. Satisfazia-se com cada segundo daquela imagem mental.Quando já havia conseguido
fazer com que o injusto ex marido aparecesse no local onde estava, na cobertura de um
edifício de 20 andares e chamado a polícia, atirou-se do prédio. O Ibope estava quase
rompendo de tanta audiência.No mesmo instante a polícia chega e prende o traidor. Como
toda novela previsível de qualquer escritor Global. Fórmula: Drama = mocinha maltradada
= bandida safadona = a todo mundo casa, têm filhos, o malvadão foge do país e a
sofredora encontra seu grande amor...Fim.Ana Lúcia sai desesperada de casa, telefona
para o ex namorado, sobe no edifício mais alto de sua cidade...No terceiro piso e, quando
este coitado e a polícia chegam juntos, ela, num ato desesperado, falseia o pé na borda
do prédio e despenca numa caçamba de entulhos.Pobre Ana Lúcia, morreu antes de saber
que o corpo de sua protagonista-heroína, que estava estatelado no meio da rua, era de
outra pessoa, jogado pela própria mentora da armadilha. Natércia estava em Machu-Pichu
se divertindo com a grana deixada pelo bobo do ex.No outro dia o jornal noticiava:
"Maluca se joga de prédio. Suicídio segue em mistério."Dois dias depois ninguém nem se
lembrava mais quem era Ana Lúcia. A morte de Ruth Cardoso havia comovido a todos.

My Last Goodbye - Lacrimosa Nós costumávamos conversar sobre


tantos assuntos, eramos tão próximas. Quando você me
telefonou não acreditei que havíamos passado anos sem sequer
trocarmos confidências com o olhar. A mulher nasce feita dessas
reminiscências, de intuição, de jogo, de sensibilidade e amor.
Qual amor? Desde o mais sublimado até o mais carnal de todos.
Em muitas de nós, maduras, abraçar, beijar e abraçar outra
mulher não é mais do que dizer que determinada é importante
em nossas vidas, pois já passamos dessa fase da auto-afirmação
sexual. Aos homens não foi dada essa dádiva, não podem elogiar
outro amigo ou algum artista, dizer "eu te amo" é ferir a norma
do macho-padrão. É divertido observar o encontro desses
amigos, porque eles dão as mãos e, no máximo, um abraço de
lado com tapinhas nas costas ou ombros.Essa amiga mantinha
algo masculino em si, não suportava o toque de outra mulher,
como uma simples abraço. Achava diferente, nada mais normal
para uma pessoa que havia sido criada por sete irmãos
homens....Mas aquele telefonema viria para mudar minhas
impressões acerca dessa fantástica figura que me ensinou soltar
pipa descalça, andar de rolimã, jogar street fight e truco. Roubar
as frutas da casa de um vizinho ranzinza de sua avó. Passangens
da infância. - Alô?- Ayla é você?- Sim, quem fala?- Paola, não
lembra não garota?- Meu Deus! (Gritos) - Amiga, que saudades,
senti tanto a sua falta, nossa!!!!- Você, dizendo que sentiu minha
falta? Devolve a minha amiga? (risos)- Pois é, muitas coisas
mudaram, precisamos nos encontrar para colocar o papo em
ordem. Pode ser hoje, as oito e meia?- Lógico, eu desmarcaria até
a manicure por esse evento!- Jura mesmo?- Juro!!!Oito e meia,
desce de um carro esporte desses robustos, uma mulher loira,
salto alto preto, vestido vinho. Por um instante pensei, o que
essa perua pensa que é para parar na garagem de casa,
justamente reservada a minha amiga!Era ela, a amiga que
andava de chinelos...Era ela. Num barzinho moderno e descolado
nos sentamos. Era a própria águia em sua caçada solitária.
Meneava o bar em busca de sua satisfação. Eu a observava por
cima do gelo de minha bebida, desconfiada, desconfiança
etílica.Contou-me sobre namorados, o ultimo noivo e a solidão.
Abraçou-me (!), disse que a vida sem amigos era um vaso
completamente vazio, sem serventia. Uma verdade que só
sabemos quando nos deparamos com a fina sensação de, por
algum momento, ter perdido nossos amigos para o mundo.Por um
momento acompanhei aquela nostalgia de não ter me casado,
não ter tido filhos, de não ter uma vida diferente. Lembrei-me de
minha família e a nostalgia virou borrão. Era bom estar assim, só.
Não, não era....Essa sensação não me invadia há anos, desde que
havia tomado minha solteirisse como sinônimo de liberdade. E lá
estava a loira de olhos fixos em mim, invadindo meus
pensamentos. Não reconhecia mais a amiga de antes nela. Era
uma tristeza ensurdecedora perceber que ali dentro não morava
mais a pessoa que um dia amei e chamei de amiga-irmã. Uma
morte simbólica de um passado eterno que eu formulei para
deixar a vida mais "Polaroyde", mas nada passa pelo tempo sem
se deteriorar, inclusive as relações humanas.A amiga? Disse que
precisava ir ao banheiro e atracou-se com um homem maduro,
muito bonito, másculo e sexy. Levantei-me, paguei a conta e
saí.Despejei-me sobre as caixas cheias de fotos, olhei
cuidadosamente cada um delas e adormeci para voltar ao mundo
do qual jamais quis partir"

" I was happy in the raze of a drunken hour, but heavens knows I
am miserable now.(...) In my life, why do I give my valuable time
to people who don't care if I leave or die?" Sentou-se no meio fio,
era de madrugada. O céu estava nublado, sem estrelas. A
respiração estava ofegante, era um misto de frio e cansaço. O
trabalho o estressava há muito, fazia-o de seu escravo. Em meio
a tanta dominação ele pedia aos céus para submeter a alguém. A
chuva começou a deslizar fina e excassa em seu rosto moreno,
deixando a franja aos poucos escorregar pelo rosto abatido.O
Grande lobo havia perdido a presa e não podia se conformar por
ser enganado por um animalzinho menor e mais frágil que ele.
Por isso do alto do paralelepípedo ele uivava.O bicho-homem
jamais se conformaria com esse fato. Os que não se conformam
consomem com a vida daqueles que lhe tiraram o sossego. Mas
esse não era o caso do lobisomem.Ele curtia cada milimetro de
seu próprio sofrimento, extasiava-se com o fato de ser miserável.
Sentir-se oprimido, esmagado o deixava com a sensação de um
gozo intenso, infinito.Um dia o lobisomem encontrou uma presa
que poderia satisfazê-lo, sentiu-se seguro, amado, pleno. Por
algum tempo foi tudo o que ele quis, mas houve uma época em
que toda essa segurança o enchia de medo. Estar seguro é um
passo para o maior dos tombos, a decepção. Voltou a gozar com
esses pensamentos torturantes, sua presa fugia em seus delírios,
voltava, deixava-o seguro e depois fugia outra vez. Quando saia
de seus delírios se deparava com sua presa amansada, no canto,
quieta. Aquela visão sim era uma tortura, alguém que o quisesse,
que o deixasse certo de que ele, bicho-homem havia prevalecido
sobre a fêmea.Tomou-se de uma amargura intensa. A besta fera
olhava a fêmea no canto, indefesa. E sentia raiva por no fundo
ela dominá-lo, porque, em sua consciência, a refreada presa
sabia que a segurança lhe era uma tortura a seu "dominador".A
presinha acordou, espreguiçou-se, quis lhe sorrir, mas era tarde,
ele já caminhava a esmo pelas calçadas irregulares da selva de
pedra que ele mesmo ajudou a criar.Sentou-se no meio fio...

Era uma vez uma rã ranzinza, uma dia ela comeu tanto que virou sapo. No outro
ele não conseguia mais saltar, então emagreceu e virou perereca.Moral da
história: quem nasceu pra ser anfíbio, nunca chegará a Beta. *Beta: peixe
ornamental de grande beleza.
Numa tarde fria e estranha colocou a mochila nas costas, colou um papel na geladeira que
servia de mural: "Tchau, volto às dez". Fazia anos que a comunicação se fazia por meio
caligráfico, ninguém havia se dado conta daquele estranho fenômeno. Ninguém mais
ligava, parecia natural os recados via internet, a reunião era via messenger. "Pai, deixa o
carro", "Pai me leva em tal lugar", "Compra trigo", "Pague a net". Na geladeira havia
iogurtes com fita crepe escrito o nome do comprador, não um produto, mas vários. Esse
ambiente era seguro, em casa ninguém precisaria ouvir um não ou uma discussão, na
internet todos eram pessoas lindas, simpáticas. Fora nesse ambiente que a casa se foi
emudecendo, até o dia em que ninguém mais se lembrava do tom de voz um do outro, em
pouco tempo conviviam estranhos uns aos outros sob o mesmo teto. O tempo passou e se
esqueceram uns dos outros. Como toda história tem sempre "até o dia em que algo
mudou", a consciência ecológica gritou em ouvidos humanos e a fabricação de papel foi
temporariamente interrompida. O caos se instalou na casa, todos brigavam pelo pedaço
de parede que restava em branco, cada um achava seu recado o mais importante, a sua
razão a correta. Um palavrão ecoou, todos ficaram aflitos, ninguém sabia de quem era
aquela voz, quiçá soubessem que aquele barulho era uma voz. Grunhiram uns para os
outros, sentia-se uma luta selvagem por vir. O relógio marcou dez horas. Ela chegou,
deitou a mochilo no chão, cansada disse boa noite e aquele som foi como um comando de
adestrador para cachorro: "Péga!". Era o diferente, e alí só conviviam os da mesma raça.
Retalharam-na, a pele foi arrancada, mas não serviu para nada, por que patas não
escrevem e animais não fazem mais que rosnar e preservar seu ambiente selvagem,
intacto.

Cem soldados desciam pela rua ladrilhada, pela fresta da porta eu olhava aquela cena
aterrorizante. Poderia ser um dos nossos entre tantos filhos que partiam para uma
guerra sem fim, a luta pela vida. Não voltaram, nunca mais voltaram. A vida passava
entre pedaços para mim, nada estava completo, assim como aquela porta entre
cerrada. Deus, o que se poderia fazer? Eu sou um fraco, minha alma pesa mais que
todos esses jovens juntos e nem aos trinta e quatro beiro. O que fiz da minha vida
quando desliguei o rádio, coloquei cortinas na casa toda, de certo minha esposa
escolheu todos tecidos, costurou. Era mais fácil se eu tivesse deixado a oficina e me
juntasse às armas do que me anular nessa oficina. Não era preciso mais que deixar o
portão encostado para que os clientes entrassem. O nada tomou conta da minha vida.
Sem simbolos, significantes, significados...vazio absuloto, redação de caneta invível de
um sujeito com acefalia. O que é um homem senão aquele que demonstra sua
virilidade? Como me sentir parte desse universo se ao menos eu sei martelar sem me
machucar. Choro com as radionovelas, os livros de romace de minha mulher são meus
melhores amigos. A esposa também me tem sido amiga, já que nem cumprir com minha
obrigação eu queria. O dinheiro que entrava não passava mais pela minha mão. Num
dia senti um medo terrível de que algo muito ruim fosse acontecer, sabia que eu
poderia ser um sujeito com o dom da premonição. Não sai de baixo das cobertas, afinal
não queria lidar com a sensação de que eu poderia causar dano ao mundo. Quando
senti fome, chamei por ela, pelas crianças. O silencia me soterrava ainda mais. Dormi
com a dor horrível de um estomago vazio. Não sei quanto tempo se passou, acordei
com o ranger da porta, congelei. Relaxei meus musculos no momento que a vi com os
pães no prato e o leite fumegante. Comi desesperadamente. Covarde é isso o que sou,
pensava enquanto queimava a língua com o leite, para ser interrompido em seguida
pela criatura que cuidava de mim como se eu fosse seu filho: " Se você quiser continuar
nessa vida, terá que me ajudar. Ontem arrumei trabalho na mercearia do Salin, dará
para pagar todas as despesas, mas você cuida da casa, das roupas, da comida, das
crianças, de tudo dentro dessa casa. Tudo bem?". O que mais eu poderia responder? Eu
tinha escolha? Assumi o posto que não me era de direito. Fiz conforme o pedido. A casa
brilhava, os filhos cheiravam a alfazema, a roupa branca no varal dava idéia de minha
real vocação. Minha comida fez com que as crianças ficassem robustas, de maçãs
vermelhas. A vizinhança notava a diferença. Tão cedo os olhares tortos tornaram-se de
cumplicidade. Em alguns meses eu era o mais bem sucedido empresário da Vila Du
Chatelier, cuidava das crianças das mulheres ricas dos arredores enquanto faziam suas
compras. Coordenei um curso gastronômico para os cozinheiros do governo. Fiquei
rico. Minha mulher virou minha contadora, meus filhos frequentavam as altas "castas"
da sociedade. Um vazio ainda insistia em me perseguir. Tentei recuperar minha
mulher. Comprei-lhe flores, as mais belas e perfumadas de toda a cercania. Ela estava
fazendo as compras do armazém do seu antigo patrão. Salin me olhou sorridente, vi em
seus olhos as cifras que ele esperava de mim. Aplumei a mão nos bolsos da calça de
veludo fino. Olhei ao redor das bancas, atrás das prateleiras e ele com sua voz de tuba
retrucou: "o que não tiver eu mando buscar para o senhor". Eu perguntei pela minha
companheira e ele me respondei que ela fazia companhia à sua mulher, com o dedo
indicador em riste, mostrou-me a entrada para a casa, nos fundos da pequena venda.
Entrei, chamei por ela em meio-tom. O silencio. Senti aquele medo premonitório outra
vez. Apertei o passo e invadi o quarto. Senti raiva daquela cena, enquanto o tempo
todos me haviam tomado como um homem afeminado, minha mulher estava vestida
com calças, chapéu, semi-nuia sobre outra mulher. O amargor tomou minha boca, sai
dali, entrei em casa, juntei meus documentos, alistei-me.
"A casa era bem velha, caindo aos pedaços. Algo atraia todas as crianças do bairro para
lá, como se algum espírito zombeteiro vivesse na casa. Por ali os inquilinos mais
divertidos e folclóricos de minha infância havia habitado aquela morada. A noiva, a
loira do banheiro, a mão peluda, o esqueleto do porão, o escravo que arrastava
correntes de noite. Uma festa! Eu me pegava imaginando como trilha a musica do
OINGO BOINGO: "DEAD MAN'S PARTY", enquanto dançavam pela casa e faziam barulho
para assustar as crianças xeretas e os casais abusados. Eu, na qualidade de corretor de
imóveis, anotando todo e qualquer detalhe não esperava encontrar nada além de
restos de mudanças, bolas de gude, pedaços de não sei o que, cabeça de
boneca...Tropecei numa das minhas maiores paixões, um livro. A capa imitando
madeira, as letras escritas em dourado, numa língua desconhecida. Todo detalhe era
mágico, especial. Não sei porque me veio uma forte sensação de euforia, dentro de
mim explodia mil cores, eu queria rir, chorar de emoção. Era algo idescritível. Abri o
livro e uma luz forte cegou-me por instantes. Com as mãos nos olhos, a sensação
irritante daquela luminosidade cedeu a ponto de ficar quente, acolhedora. Olhei
aquelas folhas e me deparei com um campo lindo, com lago, animais silvestres, sons de
risos. O estranho era que o gramado se extendia aos meus pés, convidando-me àquela
viagem deliciosa. Exitei alguns passos e percebi que meu tamanho diminuia conforme
me aproximava daquelas folhas. Isso tudo não me deixava nervoso ou com medo, mas
sim ansioso, excitado. Queria muito entrar naquele ambiente convidativo. E lá estava
eu dentro daquele lugar maravilhoso. Uma festa de aniversário rolava, doces, salgados,
refris, palhaço, brincadeiras do saco, passa-anel, alerta, bétsi. Infinitas diverções.
Parecia que tudo ali era feito para mim, todos meus desejos ao alcance de minhas
mãos. Comi algodão doce, brinquei com todas aquelas crianças e, quando me olhei, eu
era um deles. Andei sem direção, queria ver o que mais havia por lá. Um parque de
diversão. E não é que todos meus amiguinhos tiveram a mesma idéia? Carrinho bate-
bate, roda gigante, crazy dance, kamikaze, maçã do amor, tiro ao alvo, ursinho de
pelúcia. Para quem dar? Que vergonha carregar aquele bicho no meio dos meus amigos.
Seria um presente para uma namorada especial... À minha direita enconstou uma
menina de olhos cor de mel, cabelos castanhos, lisos e compridos. Corpo sinuoso,
formas que me causavam arrepios, desejos. Ela sorriu, deu-me a mão, saimos. Eu
estava maior, um moço em plena efervescência hormonal. Tive o beijo mais quente e
doce de uma vida, além da noite mais prazerosa do mundo. Essa garota era tão perfeita
que não quis experimentar outra. O tempo ecorreu como areia em ampulheta. Quando
dei por mim estávamos homem e mulher, dois filhos perfeitos, lindos; ela, linda e com
aquele frescor de sempre. A verdadeira alma gêmea que um homem poderia querer.
Na cama era um puta, na rua uma lady. Olhava aquela mão de unhas esmaltadas,
escolhendo dissimuladamente cenouras e me flagrava teso. Ela era todas as mulheres
em uma. Quando queria descanso, ela sumia com as crianças, deixa-me sozinho em
casa e voltava no momento em que eu me sentia mais efusivo. Nesse dia, quando ela
chegou, veio sem nossos rebentos. Nos deitamos como se fôssemos amantes. Que
sensação de explosão dentro de mim. Levantei-me depois daquela "trepada", lancei-me
ao banho. Que fome. Ela me lavou, as mãos estavam leves, sem muita vitalidade.
Sentei-me na banheira. Olhei a água subindo, quentinha. Senti dificuldades para
levantar, com muito esforço consegui. Aquele esforço teria sido demasiado para um
homem de...de...Olhei-me no espelho. Um senhor, a pele flácida, os olhos sem viço. O
cabelo branco e ralo, a barriguinha saliente. Ela continuava ali, linda, perfeita.
Comemos um hamburguer com fritas, coca-cola, milk shake de ovomaltine. Deitei-me,
quis aquele corpo mais uma vez. O corpo não me obedeceu. A euforia em nenhum
momento havia me escapado como o tempo, pensei com uma frieza que não quis crer,
se morrersse ali, seria o homem mais feliz e realizado. Qual é o tempo que conta?
Aquele que vivemos intensamente ou aquele em que sofrimos as deventuras de uma
vida, por vezes sem sentido, que se alterna com momentos de alegria? Viver 24 horas
intensamente ou viver 80 anos agonizando por cada plano não concretizado? Por cada
falha inevitável que nos tirou o sono? Não, eu escolheria abrir esse livro mais uma vez.
" - Ocorrência na rua 6, centro, casa velha. Homem caido com suspeita de ataque
cardíaco. - Copia. Ambulância a caminho. - Homem identificado, o corretor Emanuel
Arielo, 36 anos, morto por ataque cardíaco fulminante.
"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu
estás comigo"(Salmo 23.4) Fechou a bíblia, apagou a luz, deu poucos passos em busca
do batente da porta. A madrugada escura lhe imprimia medo dodesconhecido. Seu
medo mortal de espirítos desencarnados e malígnos tomavam sua alma do mais gélido
medo. Qualque barulho atirava-lhe o coração à boca, o estômago abria-se em mil
pedaços. Aquela sensação era horrível, consumia sua saúde. Desde que, num dia de
tempestade e brigas, havia desejado que seu namorado morresse na estrada, nunca
mais ousou desejar o mal a ninguém. Todas as noites era atormentada com a culpa
daquela morte tão precoce e que um dia, aquela alma em busca de vingança, voltaria
para condená-la e emergi-la no mais lodoso dos infernos. Rezava, acendia velas,
chorava, sentia falta dele, mas o temia como nunca havia temido nenhum ser na Terra.
A porta batia em dias de calor intenso e ar estagnado, o taco estalava com a casa vazia,
a cama abaixava quando ela estava deitada. No outro dia a casa devastada, com comida
espalhada pelo chão, a geladeira aberta, vidros quabrados, maionese espalhada pelo
piso. Paple higiênico pendurados pelas portas, pelos lustres. Um cheiro de escrementos
pairava no ar. A certeza a consumia, seu fim estava próximo, ele finalmente tinha
vindo buscá-la. Não queria morrer, afinal havia conhecido um atendente dos correios.
Esse novo objeto de desejo tinha o olhar distante, era tímido, conversava sem olhar
nos olhos, usava óculos, cabelo empastado com gel, camisa alinhada, calça alva, tudo
em perfeito estado. Ninguém o conhecia, sabia da origem ou família, mas o povo sabia
da beleza daquele jovem e do interesse da garota que havia sido responsável pela
morte do então namorado. Todo começo de noite ela ficava à porta esperando ele
passar cabisbaixo, tropeçando nos próprios pés. Aquelas imagens começaram a povoar
seus sonhos e pensamentos, aos poucos esquecia-se do passado. Contratou uma
empregada, destrancou a matrícula na universidade. Voltou a suspirar. O Barulho
durante a noite não era tão assustador assim, a sujeira...nada que a empregada não
pudesse limpar. Certa noite, aquela bagunça tomara proporções que não se podia mais
ignorar com as imagens do novo amor, o mensageiro do amor. Com a coragem que só os
apaixonados dominam, abriu os olhos e viu ao seu lado o rapaz tímido dos correios.
Sorriu, queria explodir de alegria. Ele balançou a cheve do carro, olhou-a por cima da
armação dos óculos. Ela não hesitou, entrou de camisola no carro, nem viu marca,
cor...somente enxergava o objeto de seu desejo. Na estrada toda a potência daquele
homem se traduzia na velocidade que o carro ia alcançando. O cabelo voava ao vento,
ela ria, gozava com aquela conquista silenciosa. Um temor foi tomando-a por dentro.
Ficou confusa, sentiu remorso. Pensou nos filmes de terror, olhou pelo retrovisor e viu
o rosto do ex. Desesperada quis pular do carro, as portas estavam travadas. Aquele
tímido rapaz tinha a expressão mais demoníaca que jamasi havia visto. Num momento
se viu num lugar desconhecido, breu por todos lados, somente o farol do carro e o seu
objeto de desejo: o mesangeiro do amor, que em pouco tomava forma da morte. Com
uma machado na mão, atravessou o vido e decepou a cabeça da pobre desiludida.
Picou-a como se destrinchasse um boi. Enterrou-a naquele lugar desconhecido. Voltou
até a casa dela, abriu a gaveta e tomou a quantia assombrosa que ela havia guardado
para pagar o carro que o pai havia lhe dado de presente por ter voltado às aulas. Sumiu
da cidade, foi em busca de outro horizonte, em busca de outra pessoa carente com
algo a oferecer. O cadáver jazia fracionado naquela terra únida, o medo permanecia no
ar. O nunca se apagaria de minhas lembranças é de que o medo a havia matado. Tema
os vivos, porque deles é o reino infernal chamado Terra.
Quantas noites não sonhou que ganhava na loto? Sempre. Ao lado da cama, uma caneta
BIC afanada da lotérica e um bloco de notas ganho do banco, que há anos não era mais
correntista. Gastar com uma caneta? Seria um jogo que deixaria de fazer! Durante toda
vida ouviu histórias dos avós mineiros: "sonhar com numeros é sinal de sorte. Uma vez
um homem ficou rico depois de sonhar com uma sequência, convém anotar esses
numeros." Passaram-se anos em que estava em busca desse sonho, mas nunca vinha. De
Balzaca, passou a lobo, de lobo a marujo. Um cinquentão, solteiro convicto por opção:
das mulheres. Não tinha outros desejos senão conseguir acumular sua fortuna. Sempre
ouvi, dos filmes de terror, a máxima: cuidado com aquilo que você deseja... Certa vez
sonhou que um fusca o atropelara, no ultimo suspiro conseguiu olhar a placa do fusca
fugidío. Olhou para o céu extasiado e falesceu. Acordou suado, anotou o numero,
sorriu, viu sua velha cama de molas transformada num box, ao seu lado Fernanda Lima
de lingerie e cinta-liga, no mp3 Dancing Queen. Tombou a cabeça no travesseiro e pôs
se a sonhar com o futuro de seus milhões. Mais tarde, lá pelas dez, levantou-se, lavou o
rosto, as mãos, tomou café que a mãe havia feito. Olhou-a com desdém, pensou: "Logo
você vai dizer o tanto que se orgulha de mim, vai querer beijar meus pés e nunca mais
dirá que sou vagabundo". Saiu apressado, queria ser o primeiro a preencher o volante.
Fez a aposta. Riu alto, na frente do caixa. Foi estranho, ninguém entendeu, pois ele
não era de trabalhar, mas louco, isso não achavam dele. Todos o conheciam no bairro.
Atravessou a rua descompassado, a mãe vinha na calçada oposta da avenida. Ele gritou,
"mãe, serei rico!". Ela respondeu:"finalmente conseguiu emprego? Alguém tem que
guardar dinheiro para meu enterro!" Ele fez sinal da cruz no meio fio e Zaz! O Fuscou
engoloi-o numa só rajada de vento. A Mãe gritou: "Arnaldinhoooo!" Tarde de mais. Ele
riu, pensou que, rico teria todas as regalias do hospital. Uma roda de gente o cercava
no asfalto, eles rodavam, era estranho. Esticou os olhos para a mãe que chorava
compulsiamente, ela acercou-se, ele deu o comprovante do jogo. Ela desandou a
chorar mais. Ela não entendera que era para que guardasse dos abutres caso ele
desmaiase e fosse para o hospital. Ela colocou com carinho o paple no peito, com
remorso olhou-o afavelmente. A ambulância chegou e lá estava Olimpia chorando rios
depois que seu filho fechara os olhos para sempre. O Velório foi um sofrimento,
emprestou dinheiro do vizinho, seu Zé Pedreira, para pagar as despesas do féretro.
Como pagamento deu o comprovante. Pedreira queria chorar de tristeza com aquele
gesto ingênuo. Na segunda-feira, na missa de sétimo dia, Zé entra na igreja gritando:
"obrigado Deus, obrigado Nardo, obrigado Olímpia! Sou rico!!!!" Consternada com o fato
de aquele dinheiro pertencer, por lei, ao seu filho, matou o pobre do Zé com a cruz do
altar.
Ele saiu do banheiro molhado, pisou no tapete, escorregou, riu. Olhou para o lado para
ver-se diante do espelho. Balançou seu membro, achou divertido, encheu o peito,
admirou-se. Chacoalhou a cabeça, escovou os dentes, fez a barba com sabonete e passou
a loção. Gritou um "ai" desconcertado, mas não se importou, estava só. Secou-se sem se
ater a detalhes, pulou dentro do guarda-roupas e saiu vestido. A toalha o olhava da
cama, a escova de dentes no chão se divertia com as inúmeras bactérias novas que
acabara de conhecer. A meia suja flertava com os restos de pizza na caixa aberta que
estava vivendo sobre um pontilhão chamado cama. Seus pertences estranhamente
criaram vida, conversavam sobre sujeira, cheiros, desordem e o presidente do lar. O
governador daquelas criaturas abriu a geladeira para seu desjejum e de um gole sorveu a
cerveja todo, arrotou, amassou a lata e jogou na pia, ao lado dos três pratos que sujara,
embora vivesse só. As panelas possuiam inúmeros seres brancos, compridos e rastejantes
que conviviam harmonicamente junto a farta comida nas panelas que jaziam em cima da
pia da cozinha há pelo menos três semanas. O rapaz sai de casa, liga o carro
impecavélmente limpo e lustrado. Liga o som último tipo em alto volumem. Arrruma o
cabelo com a mão, seu melhor pente. Desce do carro, trava, verifica se está tudo certo.
Dirige-se ao caixa eletrônico, sai do banco em passo apertado, desconfiado. Entra numa
loja, compra panelas, pratos e talheres. Vai até o mercado, compra drops, comida
congelada e cerveja para reabastecer o estoque. Despeja no carrinho uma escova de
dentes, camisinhas, bom ar, alguns produtos de limpeza aleatórios, cujos rótulos nem
perde tempo em ler. No caixa se esquece dos sacos de lixo, volta e pega correndo. Paga
o telefone atrasado, direge-se de volta para a casa, a doméstica o espera. Ele ainda de
olhos inchados abre a casa, ela entra preparada para a luta. Ele a paga e pede para qeu
não se esqueça de lavar as roupas e passar as da semana passada. Pede que esquente a
lazanha congelada antes do meio-dia, hora em que chega da aula. Sai correndo. Aula,
aula, cola, risos, piadas, as gostosas, as biscates, quem pegaram e quem irão pegar,
marca de camisinha, futebol, tiram sarro do amigo ingênuo da turma. Acaba a aula. Em
casa come, vai para biblioteca, estuda, volta de tarde. A casa limpa, a emprega
esquentando a outra massa congelada, ele com a garrafa de coca-cola dispensa. Come,
liga o computador, conversa por msn, olha a hora, o telefone toca, é a mãe. Dispensa-a
com a falta de educação que é caracterítica de sua criação. Pôs o lixo na rua, sem as
panelas, a empregada havia lavado e levado embora. Ele nem notou, afinal a sujeira era
grande e pesada. Outro banho, gel no cabelo, roupinha passada, perfume gostoso.
Buscou a garota, deitou-a, esqueceu de beijar. Gozou, levantou-se, urinou, vestiu-se,
entraram no carro, ele deixou a menina na porta de casa. Fora assim que a mãe lhe
ensinara: mulher é na cozinha, mulher é quem passa, limpa e arruma. Mulher obedece
aos homens, mulher prepara tudo para o homem. Mulher não merece elogio, não faz
mais que a obrigação. Entrou em casa apressado, nem notou o lixo na cozinha. Despiu-
se, jogou as roupas no chão, quando foi deitar-se na cama o lixo ocupara seu lugar. Mas
não se importou. Empurrou o lixo para o lado e deitou-se. No outro dia o lixo estava na
rua, mas aquele protótipo de macho não estava em casa, na faculdade, nem em lugar
algum, estava mesmo junto com seu semelhante. Alguns minutos depois, ao longe,
viamos o caminhão de lixo se afastar.
Alessandra, 28, divorciada, loira e amante profissional. Ficou feliz ao pegar na lotérica seus
trezentos reais por ter sua vida divulgada numa revista de 1,99, afinal ficaria famosa e seria
mais visada que antes. Sua clientela também aumentaria. Alê chegou a acreditar em amor
eterno, par-perfeito.Nos seus sonhos dourados um homem lindo e extremamente assediado a
tomaria como única, a esposa ideal. Aquela que seria inequecível, a única capaz de segurar
um homem como aquele. O homem já existia e ela se casou com ele. Sabia que ele era
almejado por muitas e que não resistia aos hormônios dele mesmo e delas, mas ela era
única, um ser inigualável, capaz de enlouquecer qualquer homem. Qualquer um, mas não
ele. Optou por ter várias, cada uma de um sabor diferente, afinal era mais divertido do que
ficar ouvindo uma mulher comum dizendo o quanto ela era a eleita ideal. Cansou daquele
auto-marketing. Mesmo sendo mulherengo, ainda tinha algum sentimento por ela, uma
compaixão absurda por seu sofrimento e para não acabar de vez com a estima dela decidiu
que aos poucos faria com que o amor dela por ele se acabsse, em conta-gotas foi
demonstrando que ele não a desejava tanto assim, que tinha outras melhores ou tão
interessantes quanto. Até que, quase por milagre e fim da paciência dele, ela decidiu se
separar. Ele subiu ajoelhado a escadaria da igreja em agradecimento pela graça alcançada.
Ela não se conformava, seu sonho ruira de uma hora a outra, mas era preciso se vingar dele,
era preciso saber o gosto de fazer alguém sofrer como ela havia sofrido. Era necessário
provar para o mundo que homem nenhum era fiel e que ela ainda continuava sendo
irresitível. Daquele instante em diante começou a se maquiar, comprou diversar roupas
decotadas, brilhantes e curtas. Lançava olhares de cadelo no cio para qualquer ser que
tivesse mais de 10 cm entre as pernas. Muitos homens em busca de sexo gratuito e fácil se
serviram dela. Sargento Albuquerque foi um deles, afinal ele, há muito tempo, não sabia o
que era conquistar uma mulher, casara-se anos atrás, possuia dois filhos, vivia para
trabalhar, cumprir deveres matrimoniais, cuidar das crianças e sua mulher de cuidar da
casa, dos guris...Precisava saber que ainda estava vivo, que era capaz de chamar a atenção
de alguém que não fosse a oficial. Decidiu que Alessandra seria ideal, afinal ela já havia
lançado olhares lascinates,fulminantes endereçados ao PM, ele cedeu. Era fogosa, fez tudo o
que ele pediu. Gozou na cara, engoliu, deixou-se penetrar pelo reto. Ele, vários orgasmos,
ela, a vingança azeda descendo pela boca. Apesar de ser um homem rígido, com as mulheres
era um genttleman. Ela se apaixonou, pois nunca ninguém a havia tratado com carinho e isso
despertara nela um sentimento incontrolável. Declarou-se para ele. Albuquerque olhou-a nos
olhos e por frações de segundos pensou: essa vagabunda é louca, acha que largarei minha
esposa ou arriscarei meu casamento por uma qualquer como ela? Não estou louco! Tenho
filhos lindos, uma esposa que adoro, vou fazer o que além de trepar com ela? O que eu
queria já consegui, provei minha virilidade, estou satisfeito. Olha Alessandra, a gente só
teve uma transa, foi legal o lance, mas não sinto nada por você, amo minha família. Desejo
que você encontre alguém bacana, que a faça feliz. Ela saiu do carro mastigando aço, o
salto de 15cm parecia tenis enquanto ela caminhava pela avenida, em busca do carro que
ela havia estacionado por ali, quando ele a buscou. Ligou para outro e marcou novo
encontro, afinal ela precisava se sentir desejada. Um dia encontrou com uma amiga de
infância num café, contou todas suas (des) aventuras. A amiga olhou-a francamente, com
um sorriso no canto da boca e iniciou seu inquérito: Amiga, você acha que os homens traem
suas esposas por que elas não são leoas na cama? Lógico, respondeu ela, mulher é cheia de
nojo, não rele, não me toque. A infaticídica amiga continuou: e você acha então que seu
marido não continuou com você por que você não dava conta dos desejos dele ou por que,
na realidade, vocês não eram compatíveis? Será que realmente as mulheres são tão santas e
coitadas? Será que elas/eles não escolhem a capa ao invés do recheio? Será que algumas
vezes falta tudo numa relação? As vezes, quando uma vida a dois se desgasta é preciso
entender que é melhor não forçar a barra e sim sair de cabeça erguida, pronta para novos
amores, aventuras. Mas, não confunda amar com se prostituir, pois receber presentes em
troca de satisfação sexual, minha amiga, garanto: é se desvalorizar! Alessandra, volta aqui,
não terminei! Não chora, algumas verdades devem ser ouvidas! Você sabe o que é um
orgasmo, já sentiu? Sabe que a maioria dos homens preferem ir ao ponto em vez de "perder"
tempo nas preliminares? Você quer contribuir com isso? Quer presenterar o outro e se
esquecer? Quando as mulheres pararem de ler essas revistinhas que mandam sermos
escravas sexuais dos homens e aproveitarmos a nossa devida parte, aí sim seremos tratadas
com dignidade, respeito. Quando não nos valorizamos, homem nenhum também valoriza!
Amor é respeito pelo outro, companheirsimo, divisão em tarefas, doação de ambas as
partes. Alê estava morta de raiva da amiga, gritou na frente de todo mundo que a odiava!
Logo, aquela amiga de priscas eras revelou o pior da vida da loirassa: estava casada havia
três anos com o ex de Lê, que ambos se amavam e que ele havia se tornado o esposo
perfeito. E que quando a ex ligava prá ele, Pedro colocava no viva voz e os dois se
deliciavam com tudo que Alessandra contava sobre sua vida regressa com outros homens. Ela
agora era piada, objeto e havia se descoberto infeliz. Triste sina a da Lê, virou freira e
agora amava carnal e loucamente um homem santo, pregado na cruz.
Irany defenestrou Joãozinho da classe, como soe acontecer. Terminada de ler essa frase a
professora da universidade olhava os alunos com a superioridade que lhe confere o título.
Alguém sabe dizer o que significam essas palavras? A sala burburava entre si, ninguém sabia,
nem interessava, era como ter um baú cheio de traquitanas em casa, só ocupava espaço.
Imagine alunos que acabaram de sair de uma aula de Linguística em que uma professora,
loira, gaúcha, vestida de astronauta cor de rosa, abduziu sua turma e a fez acreditar que "a
língua em si não existie", o orgulho da professora literata esvaiu-se ralo abaixo com essa
turma endiabrada de alunos. Seria mais interessante se ela dissesse de onde surgiram essas
bestialidades gráficas em vez de ficar medindo semântica obsoleta do tempo de zagaia com
seus pupilos. E alguém atreveria dizer: erudito não é antiquado. Para quê serveria então?
Para que alguém ficasse expondo sua coleção de diconários de papiro? Óh! Exclamariam,
como ele sabe tudo, mas o que é esse serviço senão uma decoreba? Espaço ocupado por um
cemitério de palavras? Ridículo.É claro que como registro de algo passado, com a finalidade
de um estudo Linguístico, isso tem valor, mas para o ser comum...A língua muda, as
expressões não são as mesmas do tempo do seu pai, muito menos da avó, manja? Sacô?
Exemplificando: Vossa mercê, Vóis mercê, vóissuncê, você e quem sabe um dia cheguemos a
"c". No meio da turma eu saboreava o olharzinho daquela quase boa professora, quando ela
virou-se para a lousa, balbuciando meia duzia de desaforos para a turma (brasileiro não sabe
ler, não sabe nada, o que vocês fazem num curso de Letra?), e pensando em escrever o
significado eu, em alto e bom som disse: eu sei, mas onde isso vai me levar, a classe riu, ela
se virou, foi um silêncio tão violento como a dilatação da pupila dela ao cruzar o olhar com
o meu. As-sus-ta-dor. Com a ponta da língua bifurcada e pendente para fora disse: O que é
então, se você sabe mesmo fale para os seus amigos. Quis zombar, era o meu jeito. Ué, não
é você a professora? Ela riu como quem esmagava um aluno entre dentes e disse, ninguém
sabe. É "jogar pela janela" e "como costume". Não é professora? Ela me ignorou e voltou a
dar a aula como se nada, nem ninguém tivesse dito nada. A partir desse dia nunca mais ousei
pousar meus olhos sobre ela, pois "nada" era a palavra que traduzia perfeitamente seu
comportamento perante a mim. Nunca mais existi, fui defenestrada, como soe acontecer
quando se confronta um professor.
Tinha tino para o comércio desde criança, várias qualidades que o mundo lhe foi
minando. A maior delas fora a habilidade artística, desenhava como poucos, inclusive
adultos. Não lhe interessava casinhas, crianças num parque, criava cavalos-unicórnios-
alados, mulher metade cobra; metade gente. Da ponta afiada do lápis um contorno
sinuoso que em pouco se desenrolava num corpo humano nu, apolíneo. Na quarta série
do ensino fundamental já sabia valorizar sua arte, pois aos meninos da sala sempre
vendia algumas de suas estonteantes mulheres sem roupa. Desse mercado tirava
sustento para suas idas à cantina. E eles saciavam suas vontades de ver o que havia de
tão divertido nas revistas que o pai lhes escondia. Mas a inveja, veneno globular
correndo nas veias dos desvalidos, não permitiu a nossa mini gênia continuar sua
empreitada, visto que uma de suas coleguinhas delatadoras a apontou para a
professora. Que absurdo, um desenho daqueles feito por uma criança desse tamanho,
que pais eram aqueles, que família, que religião possuiam? A professora rasgou ao meio
a diversão da molecada, mandou com rigidez que nunca mais fizesse esse tipo de
desenho, que era pecado. E com enormes olhos fundidos naquele vidro embaçado e
grudado em sua testa lipídica sentenciou a garota a morte eterna de suas criações e
vendas. Na sala dos professores o assunto era um só: a família desestruturada,
possivelmente os pais faziam sexo na frente da coitadinha, libertinagem, pecadores,
safados, malditos hippies! Nada de pais na escola, nada de desenhos e a rotina naquela
escola voltou ao que sempre fora: inócua. Sem desenhos, sem comentários, sem
cantina todo dia, roda-roda-roda, pé-pé-pé, com quem você pretende se casar?
LoiroPretoMorenoReiCapitãoSoldadoLadrãoMocinhoBOnitoDoMeuCoração!
Nick Gato Preto Era sexta-feira treze, se fosse o Fernando não sairia de casa, antes
leria o jornal e, conforme a posição dos astros, comeria migalhas, pois o excesso
poderia fazer-lhe mal.Saí desatrado tal qual um besouro voando de encontro a uma
parede, tinha pressa, meu primeiro encontro com a garota dos meus sonhos, loira,
esperta (nem pense em piadas), carinhosa e, pela descrição, bela e sensual. A mulher
que eu procurava, perfeita para casar. O matrimônio era nosso desejo, por isso
decidimos nos encontrar hoje. Algumas vezes certas atitudes são mais reclamos da
alma e da idade do que qualquer outro padrão social. Enquanto pensava feliz, mal pode
ver que pisara na cauda do pobre gato preto, que já não sabia miar, senão urrar. Ainda
trôpego passou desastrado por baixo da escada. Nada poderia ser pior do que aqueles
presságios. Seria um sinal para que algo não fosse concretizado? Recompus-me,
arrumei a roupa amarrotada e refiz o caminho pelo qual a pouco havia passado, afinal
hoje não seria um momento favorável para conhecê-la. E tive essa exata impressão
quando fiquei atônito no meio fio ao ver um homem vestido de branco, carregando um
saco preto e gritos arrepiantes de uma criança. Não conseguia me mover e não sei
quanto tempo passei assim. Eu estava ansiosérrima, enfim, eu acreditava em destino e
esse homem parecia ser o meu. Ele lia horóscopo, dá para acreditar? Assim ela relatava
sua a(des)ventura às colegas de classe. Patrícia cursava o terceiro ano do ensino médio,
pintava as próprias unhas tão perfeitamente que se poderia dizer que era ambidestra,
mas não era, e que sua habilidade incluia o vestido de noiva que, em próprio punho,
havia confeccionado e bordado. Eu sei gente, dá azar ele ver o vestido antes do
casamento, mas é que ele é tão fofo e me pediu tanto que não resisti, trouxe para ele
ver! As amigas estavam empolgadas com tamanho entusiasmo, outras alcovitavam pelas
costas sobre tamanha sandice, mas o fato é que todas queriam vê-la de noiva. Todo
show tem um protogonista e hoje era o começo do seu destino maravilhoso, pensava.
Vestiu-se, o mulherio agitava-se atrás da porta do apertado banheiro, os poros de
Patynha explodiam numa alegria molhada. O vestido não escorregava como antes, mas
ela mal se importava. A platéia delirava à espera dela. Num súbito momento gritaria,
risos e debanda, era a inspetora no banheiro. Josiane mal pode conter seu espanto ao
ver a garota loira sair do banheiro com a maquiagem borrada pelo suor, de noiva...Era
a visão do inferno, o pesadelo dos contos da avó se realizando, gritou
desesperadamente. Patricia num sobressalto quis segui-la, mas a urina escorregadia do
piso a impediu e assim caiu para trás, com a cabeça no vaso. Dessa forma se acabara as
esperanças da viçosa jovem e começava a lenda da noiva do banheiro. Enquanto isso,
Maicon saia de seu choque e decidia caminhar novamante, ainda sobressaltado com o
ocorrido. Era quase madrugada, quanto tempo passou estacado sem perceber as horas?
Estava perto da igreja, ela cada vez mais se aproximava, casa de Deus, santuário e lá
estava ele flexionando o joelho e fazendo o sinal da cruz em frente a entrada principal
cuando Patrícia irrompe a silenciosa madrugada tragando Maicon para o altar tão
esperado. Nunca mais se viu o moço, nem a Patrícia, mas nunca foram tão falados como
agora, esses ilustres desconhecidos.
Noite Feliz O Natal é uma época perigosa, balbuciava Dona Alzira, resistindo aos
pedidos do neto para brincar com a molecada da vizinhança. A avó cansada de grandes
elocubrações acerca dos perigos que o Cidade Alerta mostrava na tevê, decidiu contar
uma história de sua infância para acalmar os ânimos do neto. - Cleto, hoje é vespera de
Natal, já é noite e o homem do saco preto ronda a cidade atrás de crianças que ficam
na rua! Ele enfia as criancinhas no saco e desaparece, ninguém nunca mais as acha nem
sabe o que ele faz com elas. O neto ficou pasmo, horrorizado com aquela história.
Nessa noite não comeu, ficou espreitando a janela a noite toda, fechou as venezians
com cadeado, trancou as portas, verificou os menores detalhes de segurança. Todos da
família riam da ingenuidade do garotinho, amanhã passa pensou o tio Vitório.
Passaram-se meses e aquele menina de aspecto robusto definara como nunca, um alvo
perfeito para o homem do saco preto, atiçava a avó, pensando que aquela ameaça o
faria comer. Nada, só meias colheradas, meios goles, olhar atento sempre, a vigia
deveria ser constante e nunca atrapalhada por ninguém, nem mesmo pela fome.
Chegara época de aula, era tempo de levantar cedo, rever os amiguinhos. O moleque
gritava à plenos pulmões, nâo queria sair de casa, pensava inclusive que a família não o
queria mais. A avó ficou verdadeiramente preocupada, decidiu levá-lo ao médico
psiquiatra, o primeiro da lista do convênio. Nunca precisara de um, imagine médico de
louco, era vergonhoso perguntar para as pessoas sobre esse tipo de especialista. No dia
seguinte arrastou o molque pelo braço, ele aos berros não aguentava mais chorar o ar e
o ânimo já havia se esvaido. Convencido pela senhora de que o médico era quem
acabaria com o homem do saco preto, Cleto decidiu entrar no consultório, feliz.
Minutos depois a avó escuta os gritos de horror do neto, num pontapé abre a porta e ao
longe ainda consegue avistar o homem do saco preto fugindo com seu neto.
Eram quatro numa mesa de bar, discorriam sobre tudo. Tipos de cerveja, vizinhança,
final de ano, etc. Por eles passavam universitários das mais diferentes etnias - todos
cães vira-latas, produtos de várias raças -cada qual com sua pressa, seu desleixo, seu
olhar perdido ou inquisidor. Eram os donos daquele lugar que lutaram tanto para
conquistar. Os mesários de boteco acompanhavam aquele movimento com certa
resistência, esses transeuntes graduandos nâo eram mais que um deles e entâo porque
deveriam ter a piscina da universidade só para esses riquinhos? Eles ainda olham feio
se você entra no território deles! Na parte interior do bar eu sorvia meu refrigerante
gasoso e light, enquanto mastigava uma esfirra, nessa incongruência seguia aquele
grupo de perto, podia advinhar quais seriam suas próximas palavras. Sociologia de
botequim. O povo deveria invadir isso aí, tomar o que é nosso, pagamos prá esses
filhinhos de papai estudar, é nosso! De pronto pagaram a conta e decidiram ir à
Brasília, onde já se viu o governo permitir isso! Tem que colocar esses playbas no lugar
deles! Subiram no onibus meio fermentados, a viagem seria longa, dormiram.
Acordaram no planalto central, nem sequer sentiram vontade de ver as satélites - de
pobres já basta a gente -, tanto horror nâo cabia num cenário de tamanha magnitude.
Desceram, queriam encontrar o presidente ou qualquer um que os atendesse,
precisavam comunicar aquela falta, aquela falta, aquela faslta, aquela falta de cerveja,
avistaram um bariznho do outro lado da avenidássa, atravessaram, tomaram algumas,
pois todas era impossível, dado o preço elevado dos produos em Brasília. Levantaram,
já era tarde, o ultimo ônibus partiria em pouco para sampa, era hora de regressar,
afinal era impossível viver numa cidade como aquela, um absurdo, elogiaram o governo
de lá da cidades deles, emburram com o presidente e como se estivessem todos
brigados com a autoridade máxima, foram embora. Regressaram à cidade deles, era
passado do meio do dia, nem sabiam, estavam com sede, com vontade de sentar,
descansar. Foram direto às suas mesas cativas e continuaram a olhar e discursar sobre
os transeuntes - esses filhos da escória européia, americana e toda o resto dessa merda
rica - e elogiar a cerveja dali.
America America I've given you all and now I'm nothing. America two dollars and twenty-
seven cents January 17, 1956. I can't stand my own mind. America when will we end the
human war? Go fuck yourself with your atom bomb I don't feel good don't bother me. I
won't write my poem till I'm in my right mind. America when will you be angelic? When
will you take off your clothes? When will you look at yourself through the grave? When
will you be worthy of your million Trotskyites? America why are your libraries full of
tears? America when will you send your eggs to India? I'm sick of your insane demands.
When can I go into the supermarket and buy what I need with my good looks? America
after all it is you and I who are perfect not the next world. Your machinery is too much
for me. You made me want to be a saint. There must be some other way to settle this
argument. Burroughs is in Tangiers I don't think he'll come back it's sinister. Are you
being sinister or is this some form of practical joke? I'm trying to come to the point. I
refuse to give up my obsession. America stop pushing I know what I'm doing. America the
plum blossoms are falling. I haven't read the newspapers for months, everyday somebody
goes on trial for murder. America I feel sentimental about the Wobblies. America I used
to be a communist when I was a kid and I'm not sorry. I smoke marijuana every chance I
get. I sit in my house for days on end and stare at the roses in the closet. When I go to
Chinatown I get drunk and never get laid. My mind is made up there's going to be
trouble. You should have seen me reading Marx. My psychoanalyst thinks I'm perfectly
right. I won't say the Lord's Prayer. I have mystical visions and cosmic vibrations.
America I still haven't told you what you did to Uncle Max after he came over from
Russia. I'm addressing you. Are you going to let our emotional life be run by Time
Magazine? I'm obsessed by Time Magazine. I read it every week. Its cover stares at me
every time I slink past the corner candystore. I read it in the basement of the Berkeley
Public Library. It's always telling me about responsibility. Businessmen are serious. Movie
producers are serious. Everybody's serious but me. It occurs to me that I am America. I
am talking to myself again. Asia is rising against me. I haven't got a chinaman's chance.
I'd better consider my national resources. My national resources consist of two joints of
marijuana millions of genitals an unpublishable private literature that goes 1400 miles
and hour and twentyfivethousand mental institutions. I say nothing about my prisons nor
the millions of underpriviliged who live in my flowerpots under the light of five hundred
suns. I have abolished the whorehouses of France, Tangiers is the next to go. My
ambition is to be President despite the fact that I'm a Catholic. America how can I write
a holy litany in your silly mood? I will continue like Henry Ford my strophes are as
individual as his automobiles more so they're all different sexes America I will sell you
strophes $2500 apiece $500 down on your old strophe America free Tom Mooney
America save the Spanish Loyalists America Sacco & Vanzetti must not die America I am
the Scottsboro boys. America when I was seven momma took me to Communist Cell
meetings they sold us garbanzos a handful per ticket a ticket costs a nickel and the
speeches were free everybody was angelic and sentimental about the workers it was all
so sincere you have no idea what a good thing the party was in 1935 Scott Nearing was a
grand old man a real mensch Mother Bloor made me cry I once saw Israel Amter plain.
Everybody must have been a spy. America you don're really want to go to war. America
it's them bad Russians. Them Russians them Russians and them Chinamen. And them
Russians. The Russia wants to eat us alive. The Russia's power mad. She wants to take
our cars from out our garages. Her wants to grab Chicago. Her needs a Red Reader's
Digest. her wants our auto plants in Siberia. Him big bureaucracy running our
fillingstations. That no good. Ugh. Him makes Indians learn read. Him need big black
niggers. Hah. Her make us all work sixteen hours a day. Help. America this is quite
serious. America this is the impression I get from looking in the television set. America is
this correct? I'd better get right down to the job. It's true I don't want to join the Army
or turn lathes in precision parts factories, I'm nearsighted and psychopathic anyway.
America I'm putting my queer shoulder to the wheel.
“Compro velharias, vendo antiguidades”

Daijobu Boa sorte em japonês, foi o que ele me disse quando eu sorria
enlaçada à ele e esperava curiosa pela explicação para o endereço de seu e-
mail. Divertido, pensei. Parece que o vejo abrindo um livro e me contando
curiosidades... O namoro seguiu-se por alguns sumiços de duas semanas, por
parte dele e de meus medos com relação à traição. Numa noite dessas em
que a lua reina absoluta nos céus e que uma leve brisa fresca acaricía os
galhos das àrvores ele surgiu munido de um vinho barato e uma nobre
intenção: contar-me o motivo de seus desaparecimentos. Terminei a noite
virando o vinho no gargalo com aquela revelação à mim confiada. Decisão
tomada e continuamos a caminhada juntos, novos desaparecimentos. Cansei
e terminei com o namoro, a amizade ficou. Quinta-feira enquanto me fitava,
sentado na cadeira da minha kitnete, dizia, em meio a sorrisinhos maliciosos,
que era para que eu aproveitasse enquanto era tempo, pois a cartomante
havia advertido que haveria velório de um dos filhos da mãe dele e que tinha
certeza de que era ele. Fiquei tomada de uma raiva latente, esbravejando
aos sete ventos sobre os oportunistas que tiravam dinheiro de pessoas com
charlatenices. Ironizei, como me é de costume. Na piscina me irritou com
comentários, ele deleitava-se comigo alterada. A nossa amizade era
engraçada e por muitas vezes atravessada. Após nadar almocei com
ele..."Odeio almoçar sozinho". Combinamos outra ida à piscina, sábado
próximo, daqui à uma semana. Não adiantava, ele sempre arranjava motivo
para estar ao meu lado, quinta lá estava ele do meu lado dizendo aqueles
absurdos e acertando as rifas, em cheque, que ele fez questão de me ajudar
à vender. - "A sua letra é mais bonita que a minha" - "Eu sei! E olha que nem
faço Letras!" -" Não torra!" E mais uma vez ele sorria vitorioso por irritar-me
por nada. Fazia muito por mim, sem cobrar nada em troca. Já tínhamos
brigado por muito, até muito pouco, como uma pipoca que havia caído no
meio do sofá da casa do Edilson, enquanto o resto da galera assistia "Senhor
dos Anéis", nós lutávamos pela posse daquele milho explodido. Eram brigas
de brincadeiras, engraçadas, com discussões quase intermináveis, que,
quando ele exausto de minhas argumentações, deixa-me triunfar. Hoje o dia
não foi divertido, nem engraçado. Não houve tempo para que eu desse um
abraço nele, engolisse meu orgulho ferido, nem dissesse o quanto gostei
dele...Saiu apressado, sem dizer palavra alguma, fechou o livro e sumiu no
ar. Era minha vez de dizer para ele: daijobu, Ri! Homenagem póstuma àquele
que foi um grande amigo. Namorado nem tanto, né Ri?!

Se Miran Se miran, se presienten, se desean, se acarician, se besan, se


desnudan, se respiran, se acuestan, se alfatean, se penetran,se chupan, se
demudan, se adormecen, despiertan, se iluminan, se codician, se palpan, se
fascinan, se mastican, se gustan, se babean, se confunden, se acoplan, se
disgregan, se aletargan, fallecen, se reintegran, se destienden, se enarcan, se
menean, se retuercen, se estiran, se caldean, se estrangulan, se aprietan, se
estremecen, se tantean, se juntan, desfallecen, se repelen, se enervan, se
apetecen, se acometen, se enlazan, se entrechocan, se agazapan, se apresan, se
deslocan, se perforan, se incrustan, se acribillan, se desmayan, se reviven,
resplandecen, se contemplan, se inflaman, se enloquecen, se derriten, se
sueldan, se calcinan, se desgarran, se muerden, se asesinan, resucitan, se
buscan, se refriegan, se rehúyen, se evaden y se entregan. Girondo

TPM Hormônio Luteinizante, ação idiotizante Dor, estado, humor irritante


Analgésico, água quente e estimulante Apetite, barriga e tromba de elefante
Roupa, andar e agir deselegante Fim de ciclo apenas para gestante Nove meses
e começa o Inferno de Dante Menopausa, a espera é bastante Calor, suor, frio e
tremor constante Vida feminina, como és estressante! Essa eu fiz depois de uma
cólica infernal, espero que amem, amém!
SEXO
Os Vários Complexos
A evolução da psicologia trouxe aos homens o poder de libertação. Não era mais
necessário que eles trabalhassem fora e cumprissem seus papéis de procriadores
na sociedade.
O pensamento evoluiu e o velho lençol com buraco e a "mancha" provando a
pureza da donzela se esvaiu. A mulher adquiriu liberdade sexual e de gozo
também. Desse momento em diante o homem, para atrair a mulher, teria que
possuir muito mais do que seu instrumento de trabalho, teria que assumir o papel
de um stripper...
A busca pela satisfação das mulheres causou, em grande parte da ala masculina,
certos complexos, que estudaremos a seguir.
Complexo de:
Homem-Aranha:seu prazer continua sendo o primordial. Para atrair a fêmea faz
uma teia de promessas afim de que a presa seja capturada. A finalidade sexual
desse tipo é subir pelas paredes.
Super-Homem:tipo que se importa exclusivamente com o prazer da parceira. Faz
uso de sua visão de raio-x com intuito de revelar os desejos da parceira. Parece o
ideal, mas o problema se encontra logo após o gozo da fêmea, pois geralmente,
eles vangloriam-se e inflam os pulmões de ar. O que significa que o indivíduo se
importa com seu próprio desempenho e não com a parceira.
Batman:tipo de homem que aparece, suga o sangue da vítima e, em seguida,
desaparece em sua ultra-secreta Bat-Caverna. Geralmente está sempre
acompanhado de outro amigo menor e menos notável que ele. esse amigo costuma
ser usado, caso a vítima escolhida esteja acompanhada de outra amiga.
Wolverine:tipo selvagem, arranha, morde e sente um prazer incontrolável nessa
demonstração de virilidade. Possui biotipo padronizado, são homens de cabelos
desalinhados e com tórax, abdômen e bíceps/tríceps avantajados.
Na velocidade da liberdade sexual surgiram as heroínas-antídotos desses
complexos. Uma espécie de complexo masculino às avessas. Um estudo ainda em
andamento. Ainda estamos estudando as características das mulheres que possuem
complexo de Viúva negra, Kriptonita, Mulher Maravilha e Mulher Gato.
Abaixo um breve e inacabado resumo desses complexos:
Viúva Negra:o prazer deste tipo se completa ao conquistar o macho e deter o
controle total sobre a situação, "devorando"as vontades próprias do macho,
tornando-o um marionete.
Mulher Maravilha:atleta do sexo, compete com o sexo oposto para provar que é
mais resistente que ele e que pode voar só.
Kriptonita:variação mais angustiada da MM. Esse tipo não se importa com seu
próprio prazer, mas sim com o esgotamento do parceiro.
Mulher Gato:tipo que tem como característica demarcar "terreno", deixando
marcas, como arranhões e chupadas em partes visíveis do corpo do macho. Em
grande parte são reconhecidas pelo forte "sex-appeal".

Como Enlouquecer seu professor Lepostishe

É de praxe, todos têm aquele professor que pensa que no mundo só ele é
prioridade, que só existe a matéria dele e vive entupindo seus alunos de resenhas,
resumos, intermináveis fotocópias, prova oral, anal, vaginal, é nabo para todos os
lados. Mas há como inverter esse quadro, basta que o aluno seja perseverante e
líder para conseguir fazer com que sua turma adquira os mesmos costumes que
abaixo seguem:
- Na primeira semana adiante toda matéria, formule dúvidas mirabolantes e
interrompa o professor durante toda a aula.
- Descubra qual são seus doces mais odiados e deixe sempre um em sua mesa com
um bilhete super meiguinho.
- Não deixe passar em branco um erro sequer na fala ou na escrita do professor.
- No meio de uma explicação levante a mão e peça licença para ir ao banheiro.
- Assoe o nariz bem alto, afim de que a voz do professor fique abafada.
- Descubra o e-mail do professor e encha a caixa dele de forwards fofinhos e
edificantes.
- Descubra também o numero do professor e ligue em horas inapropriadas com voz
de choro e desespero, desabafando que você se sente incapaz de responder
algumas questões e sem dar trégua para o professor e sem perder o fôlego vá
comentando as questões de forma confusa. Se o professor disser que depois
responde, fique histérico, repetindo que até o professor o acha burro, desligue
dizendo que irá acabar com tudo isso.
- Sempre que souber que o professor está em sua sala, vá até ele com todos as
fotocópias e algumas revistas e diga que precisa conversar com o professor sobre
aqueles materiais.
- Mande cartas pelo correio perguntando sobre plantões de dúvidas e criticando o
monitor. Diga que só consegue compreender o conteúdo com o professor.
- Todo dia faça poemas toscos ou copie de algum autor famoso (teime até a morte
que é de sua autoria e que foi roubado), leia-os em classe antes da aula começar,
erre e comece desde o início outra vez.
- Coma bastante amendoim sntes das aulas e não reprima seus horrorosos flatos.
- Cultive o vulgar chulé e sempre que possível tire seus pés do sapato no meio da
aula.
- Ao final de cada explicação não se esqueça de dizer que não entendeu e peça
para o professor repetir a matéria.
- Descubra o local onde os pais do professor residem, torne-se amigo deles e
sempre que souber que o professor irá visitá-los, chegue primeiro, tire ele do
centro das atenções.
- Junte uma grana para colocar o carro de mensagens em frente à escola no dia da
prova, leve-o para fora e puxe o "parabéns prá você", fazendo com que todos
cantem. Não se esqueça de chamá-lo pelo apelido carinhoso de seus pais na frente
de toda a escola, em alto e bom som.

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