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OS MORTOS E OS VIVOS:
UMA INTRODUO AO ESPIRITISMO.
SO PAULO: TRS ESTRELAS, 2012, 116 P.
Clia da Graa Arribas1
Quando Reginaldo Prandi, um dos principais estudiosos das religies
brasileiras, comeou a trabalhar como cientista social no Cebrap, l pelos
idos de 1971, um dos seus primeiros temas de pesquisa foi precisamente
o espiritismo, num projeto dirigido por Cndido Procpio Ferreira de
Camargo que deu origem s primeiras publicaes sobre o kardecismo
e a umbanda, segmentos religiosos que ganharam o nome na literatura
acadmica de religies medinicas (Camargo, 1961 e 1973). Desde ento,
Prandi vem trabalhando na rea de Sociologia da Religio e conta hoje
com diversos trabalhos, dentre os quais podemos destacar os seus estudos
sobre o catolicismo carismtico (Prandi, 1988), as religies afro-brasileiras
(Prandi, 1996 e 2001), com especial nfase no candombl (Prandi, 1991 e
2005), e sobre a dinmica das religies no Brasil (Prandi e Pierucci, 1996;
Prandi e Barba, 2002). Nenhum deles, porm, havia privilegiado analisar
especificamente o espiritismo, tarefa a que Reginaldo se dedicou agora,
quarenta anos depois daquele comeo, com a publicao de Os mortos e os
vivos: uma introduo ao espiritismo mais um em sua extensa lavra de
30 livros, vale dizer.
Com mo leve e preocupado apenas em apresentar em linhas gerais o
desenvolvimento do espiritismo no pas, o socilogo oferece ao leitor, de
forma isenta e esclarecedora, uma anlise scio-histrica de duas religies
que ganharam lugar no espao da diferenciao religiosa brasileira: o kardecismo, religio discreta da classe mdia, e a umbanda, religio tipicamente
brasileira que adquiriu em nossa histria republicana, aos olhos de uma
elite intelectual que se deixou embalar na crena de um Brasil brasileiro
(Concone, 1987), um significado importante para a compreenso da nossa
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