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Ementário Forense

(Votos que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador


Carlos Biasotti, do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo. Veja a íntegra dos votos no Portal do Tribunal de
Justiça: http://www.tj.sp.gov.br).

• Entorpecentes
(Lei nº 6.368/76; Lei nº 11.343/06)

Tráfico
(Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 33 da Lei nº 11.343/06)

Voto no 6637

Apelação Criminal no 359.708-3/6-00


Arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
arts. 109, nº IV, 110 e 115, § 1º, do Cód. Penal

– No crime de ensaio, “somente na aparência é que ocorre um crime


exteriormente perfeito. Na realidade, o seu autor é apenas o
protagonista inconsciente de uma comédia” (Nélson Hungria,
Comentários ao Código Penal, 1978, vol. I, t. I, p. 107).
– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve
prevalecer a hipótese mais favorável do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei
de Tóxicos), em obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside
soberanamente as decisões da Justiça Criminal.
– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a
própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 9a. ed., p. 322).
– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da
pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto
de exame ou deliberação.
Voto nº 9544

Apelação Criminal nº 484.676-3/6-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal

– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos – atenta a


severidade da pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito
seu autor – pressupõe a certeza do comércio nefando. Conjecturas com
base na elevada quantidade da substância entorpecente apreendida, por
si sós, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça Criminal,
aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
– O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos
autos. Se elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força
pronunciar o “non liquet” e absolvê-lo.
– “Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para
imposição de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
– Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz
meridiana: “probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni
Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).
– Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar
processo em que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que,
mais próximo da causa e em contacto direto com o réu e testemunhas,
como que inspiram o Juiz notáveis e puros influxos da Verdade. Donde
a geral concepção de que, a assinatura do Juiz em sentença absolutória
deve interpretar-se por um novo e venerável testemunho a favor da
inocência do réu.
Voto nº 9931

Apelação Criminal nº 1.162.941-3/0-00


Art. 12, “caput”, e §§ 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76;
arts. 28 e 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;
art. 2º, parág. único, do Cód. Penal; art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

– A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº


6.368/76. É que uma lei revoga outra, quando expressamente o
disponha, ou quando, em relação à lei nova, a anterior se torne
antagônica e antinômica, gerando com ela incompatibilidade.
– “O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos
crimes nela previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram
a seção única do Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de
inconstitucionalidade” (STJ; HC nº 28.300-RJ; 6a. T.; rel. Min. Paulo
Medina; j. 16.12.2003; DJU 3.11.2004, p. 245).
– “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo
para a acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
– A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do
art. 16 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na
residência considerável quantidade de substância entorpecente
acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia juntamente com
pedaços de plástico e fita adesiva, pois tais circunstâncias revelam que o
tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
– Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º,
parág. único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena
prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos
de condenação pelo art. 12, “caput”, e §§ 1º e 2º, nº II, da Lei nº
6.368/76, mediante “recomposição comparativa” das penas cominadas
(cf. Vicente Greco Filho e João Daniel Rassi, Lei de Drogas Anotada,
2007, pp. 201-202).
Voto nº 9935

Apelação Criminal nº 1.162.313-3/4-00


Art. 33 da Lei nº 11.343/06;
arts. 12 e 16, nº IV, da Lei nº 10.826/06;
arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal

– “Todas as variações graves são um indício positivo de mentira”


(Mittermayer, Tratado da Prova em Matéria Criminal, 1871, t. II, p.
30; trad. Alberto Antônio Soares).
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.086

Apelação Criminal nº 1.188.425-3/5-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 28 e 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas)

– A condenação pelo crime do art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 (Lei


de Drogas) – atenta a severidade da pena e a espécie de regime prisional
a que estará sujeito o infrator – pressupõe a certeza do comércio
nefando, e não sua simples probabilidade. Conjecturas com base na
elevada quantidade da substância entorpecente apreendida, por si só, não
podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre
ao réu: “In dubio pro reo”.
– Ainda que considerável a quantidade de substância entorpecente
apreendida na posse do réu, será de bom exemplo desclassificar para o
tipo do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) o crime previsto em
seu art. 33, se a prova dos autos não revelou, acima de dúvida sensata,
ser caso de tráfico.
– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve
prevalecer a hipótese mais favorável do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei
de Drogas), em obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside
soberanamente as decisões da Justiça Criminal.

Voto nº 6252

Apelação Criminal nº 328.091-3/7-00


Arts. 12 e 29, § 3º, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 26 do Cód. Penal; art. 386, nº V, do Cód. Penal

– Realiza a conduta típica do art. 12 da Lei nº 6.368/76 o agente que


vende a terceiro, posto que policial disfarçado de usuário, certa
quantidade de substância entorpecente.

– A sentença que absolve, por inimputável, réu acusado de tráfico e


submete-o a tratamento médico é a um tempo jurídica e sábia. O intuito
precípuo da Justiça Penal é a recuperação do homem, mesmo que
inimputável (art. 29 da Lei nº 6.368/76).

– O regime da internação hospitalar para tratamento da toxicofilia


somente se justifica no caso de o agente frustrar o tratamento
ambulatorial (art. 29, § 3º, da Lei de Tóxicos).

Voto nº 6437

“Habeas Corpus” nº 855.846-3/1-00


Arts. 12 e 14 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 2º, § 1º da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos)

– É jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça que o crime de


associação previsto no art. 14 da Lei de Tóxicos não está sujeito ao
regime da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), pelo que admite
a execução da pena em forma progressiva.
Voto nº 8011

“Habeas Corpus” nº 1.047.932-3/0-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 33, 35 e 53, nº I, da Lei nº 11.343/06;
arts. 310, parág. único, e 312 do Cód. Proc. Penal

– A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é


apenas o protagonista inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson
Hungria, Comentários ao Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 107), não
tem lugar nem prevalece nos casos de tráfico, porque a posse pretérita
de substância entorpecente para consumo de terceiro já aperfeiçoa o tipo
do art. 12 da Lei nº 6.368/76.
– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória
quem é acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos
“hediondos” (art. 2º, nº III, da Lei nº 8.072/90).
– Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo
auto em forma regular, não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto
se decorrido lapso de tempo superior àquele que a Jurisprudência tem
estabelecido como o máximo razoável para o encerramento da instrução
criminal.
– Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de
bons antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese que
autorize a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9490

“Habeas Corpus” nº 1.044.596-3/3-00


Arts. 12, 13 e 14 da Lei nº 6.368/76;
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;
art. 16, “caput”, e nº IV, da Lei nº 10.826/03

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui


para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito
aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– Isto de alguém estar na posse de mais de uma arma de fogo, sem
licença da autoridade, não constitui concurso de crimes, senão crime
único, pois que um só o bem jurídico ofendido: segurança pública (art.
10, “caput”, da Lei nº 9.437/97).
– Não é o simples concurso de duas ou mais pessoas, no tráfico de
entorpecentes, o que caracteriza o crime do art. 14 da Lei nº 6.368/76,
senão a associação com o intuito de praticar os crimes definidos e
punidos em seus arts. 12 e 13.
– O justificado rigor, com que a Lei nº 8.072/90 tratava os crimes
denominados hediondos, foi atenuado pela Lei nº 11.464/2007, que lhe
introduziu modificação no art. 2º , § 1º, para permitir a seus autores
progressão no regime prisional após o cumprimento, sob o regime
fechado, de 2/5 da pena se primário, ou 3/5, se reincidente.

Voto nº 9491

Apelação Criminal nº 386.510-3/5-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil;
arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal

– A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo


constitui solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha
(art. 202 do Cód. Proc. Penal), e aquela que, depondo sob juramento,
falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia do raciocínio
apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.
– Para ruim defesa, melhor é nenhuma (Adágio).
–“A melhor interpretação da lei é a que se preocupa com a solução justa,
não podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo na exegese dos
textos legais pode levar a injustiças” (STJ; Rev. Tribs., vol. 656, p.
188).
– Se o aconselharem as circunstâncias do caso, poderá o Juiz fixar ao réu
condenado por infração do art. 12 da Lei de Tóxicos regime inicial
diverso do fechado, em obséquio ao preceito inscrito no art. 5º da Lei
de Introdução ao Código Civil (denominada “lex legum” ou
superdireito), que reza: “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 9508

Apelação Criminal nº 459.950-3/9-00


Arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 202 do Cód. Proc. Penal

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui


para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do
art. 16 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e portava
considerável quantidade de substância entorpecente, pois tal
circunstância revela que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não
ao uso próprio.
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 9799

Apelação Criminal nº 1.158.517-3/0-00


Art. 33 da Lei nº 11.343/06; art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.; art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90

– Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para


defender-se de injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que
direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII),
dificilmente se eximirá de juízo adverso.
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
– É jurisprudência dominante em nossos Tribunais que sentenças
absolutórias e processos em curso “não devem ser considerados como
maus antecedentes, prejudicando o réu” (cf. Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 209).
– Em princípio, o réu condenado por tráfico ilícito de entorpecentes (art.
33 da Lei nº 1.343/06) deverá cumprir sua pena sob o regime inicial
fechado. Assim dispôs a lei, como forma de coartar a atividade do
“mercador da desgraça”(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9905

Apelação Criminal nº 1.165.429-3/5-00


Arts. 28 e 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 202 do Cód. Proc. Penal

– “A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela
força de convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp.,
vol. 95, p. 564; rel. Min. Cordeiro Guerra).
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo
do art. 28 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável
quantidade de substância entorpecente, pois tal circunstância revela que
se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
– Em se tratando de réu primário, a “regra é partir da pena-base no
grau mínimo” (TRF da 1a. R; Ap.nº 22.082; DJU 5.3.90, p. 3.233).

Voto nº 9932

Agravo em Execução nº 1.164.670-3/7-00


Art. 12, “caput”, e §§ 1º e 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06; art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

– Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º,


parág. único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena
prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos
de condenação pelo art. 12, “caput”, e §§ 1º e 2º, nº II, da Lei nº
6.368/76, mediante “recomposição comparativa” das penas cominadas
(cf. Vicente Greco Filho e João Daniel Rassi, Lei de Drogas
Anotada,2007, pp. 201-202).

Voto nº 10.067

Apelação Criminal nº 1.143.185-3/0-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
Arts. 202, 386, ns. IV e VI, e 571, nº III, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– Sob pena de preclusão, as nulidades do processo sumário devem ser


arguidas até à audiência do julgamento (art. 571, nº III, do Cód. Proc.
Penal).
– Tem lá seu valor a confissão do réu na Polícia, máxime se feita em
presença de curador e ajustada aos mais elementos de prova dos autos.
– “A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela
força de convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp.,
vol. 95, p. 564; rel. Min. Cordeiro Guerra).
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do
art. 16 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na
residência considerável quantidade de substância entorpecente
acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia juntamente com
papel-alumínio, pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se
destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.171

Apelação Criminal nº 1.178.183-3/1-00


Arts. 33, 35, 62, § 11, e 63 da Lei nº 11.343/06;
art. 202 do Cód. Proc. Penal; art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a


confissão policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica
edição de decreto condenatório.
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito
aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
– Uma pena, para ser justa – escreveu o profundo Marquês de Beccaria –,
deve ter somente o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda
do crime. “Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli
gradi d’intensione che bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Dei
Delitti e delle Pene, § XVI).
– Para que se decrete a perda a que se refere o art. 62, § 11, da Lei
11.343/06 (Lei de Drogas), “há necessidade de um nexo etiológico
entre o delito e o objeto utilizado para a sua prática” (Vicente Greco
Filho, Lei de Drogas Anotada, 2007, p. 187).
–“Conceito da expressão utilizados. O termo deve ser interpretado
restritivamente, no sentido de que o confisco só deve recair sobre
objetos materiais que sirvam necessariamente para a prática do crime”
(Damásio E. de Jesus, Lei Antitóxicos Anotada, 2005, p. 193).

Voto nº 10.328

Apelação Criminal nº 993.08.036270-0


Arts. 12, “caput”, e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 33 da Lei nº 11.343/06; art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui


para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
– Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu.
Deveras, é axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra
prova” (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II,
p. 530).
–“Se a ré trazia consigo a droga (cocaína) pretendendo introduzi-la na
Casa de Detenção, o delito previsto no art. 12 da Lei de Tóxicos se
consumou, independentemente da entrega” (STJ; REsp nº 188.986; rel.
Min. Félix Fischer; DJU 13.9.99, p. 94).
– A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo
do art. 28 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na
residência considerável quantidade de substância entorpecente
acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois tais
circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao consumo de
terceiro, e não ao uso próprio.
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
– O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
Voto nº 10.680

Apelação Criminal nº 993.07.105410-0


Arts. 12 e 34 da Lei nº 6.368/76;
arts. 28, 33, “caput”, 62, § 11, e 63 da Lei nº 11.343/06;
arts. 149, 185, 360, 381 e 386, ns. IV e VI, do Cód. Proc. Penal

– Isto de ter sido o réu citado no dia mesmo de seu interrogatório não
invalida nem desmerece o ato judicial; o que a lei exige é que se lhe dê
inteira ciência dos capítulos da acusação, primeiro que o interrogue a
Justiça (art. 185 do Cód. Proc. Penal).
– Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o
acusado submetido a exame médico-legal, se não há dúvida sobre sua
integridade mental ou alguma circunstância do processo lhe indique a
necessidade da realização da providência (art. 149 do Cód. Proc.
Penal).
– A mera alegação de falta de higidez psíquica do réu não basta a deferir-
lhe pedido de instauração de incidente de insanidade mental; é mister
que o verifique o Juiz à luz dos elementos informativos dos autos e, na
condição de presidente e diretor do processo, decida, com prudente
arbítrio, se necessária ou não a diligência, que importa sempre demora,
muita vez escusada, na prestação jurisdicional (art. 149 do Cód. Proc.
Penal).
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
– Para que se decrete a perda a que se refere o art. 62, § 11, da Lei nº
11.343/06 (Lei de Drogas), “há necessidade de um nexo etiológico entre
o delito e o objeto utilizado para a sua prática” (Vicente Greco Filho,
Lei de Drogas Anotada, 2007, p. 187).
–“Conceito da expressão utilizados. O termo deve ser interpretado
restritivamente, no sentido de que o confisco só deve recair sobre
objetos materiais que sirvam necessariamente para a prática do crime”
(Damásio E. de Jesus, Lei Antitóxicos Anotada, 2005, p. 193).
Voto nº 10.804

Apelação Criminal nº 993.07.119877-3


Arts. 33, § 1º, nº I, 34, 35, 62, § 11, e 63 da Lei nº 11.343/06;
arts. 41, 202, 383, 384, parág. único, e 393, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de


ampla defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc.
Penal pode suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
–“Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é,
formalmente, inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105,
p. 303; rel. Min. Félix Fischer).
– Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu.
Deveras, é axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra
prova” (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II,
p. 530).
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito
aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
– Segundo a comum opinião dos doutores, o benefício da redução da
pena (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06) não se defere senão ao
traficante esporádico ou eventual, jamais ao que se associa para a
prática do tráfico ilícito de drogas, porque é em especial contra esse que
se levanta o braço implacável da lei.
– É de razão reconhecer hipótese de concurso formal entre os tipos
previstos nos arts. 33, § 1º, nº I, e 34 da Lei nº 11.343/06 (Lei de
Drogas), pois num contexto fático único o agente pratica dois crimes
(art. 70 do Cód. Penal).
– À luz da melhor doutrina, a causa de diminuição de pena do art. 29, §
1º, do Cód. Penal (participação de menor importância) “só tem
aplicação quando a conduta do partícipe demonstra leve eficiência”
(cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 145).
– O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
– Para que se decrete a perda a que se refere o art. 62, § 11, da Lei nº
11.343/06 (Lei de Drogas), “há necessidade de um nexo etiológico entre
o delito e o objeto utilizado para a sua prática” (Vicente Greco Filho,
Lei de Drogas Anotada, 2007, p. 187).
–“Conceito da expressão utilizados. O termo deve ser interpretado
restritivamente, no sentido de que o confisco só deve recair sobre
objetos materiais que sirvam necessariamente para a prática do crime”
(Damásio E. de Jesus, Lei Antitóxicos Anotada, 2005, p. 193).

Voto nº 10.855

Apelação Criminal nº 990.08.054476-4


Arts. 28, 33, § 4º, e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06;
arts. 202 e 381 do Cód. Proc. Penal

–“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa


assegurada pela Constituição Federal” (cf. STF; Rev. Trim. Jurisp.,
vol. 85, p. 70).
– Sentença que, em operação lógica do espírito, deduz de vigoroso
contingente probatório a culpabilidade do agente não tolera a nota de
mal fundamentada, antes será padrão muito de imitar, pois encerra todos
os requisitos substanciais para sua validade (art. 381 do Cód. Proc.
Penal).
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33,“caput”, da Lei nº 11.343/06).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito
aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
– A desclassificação do crime do art. 33 da Lei de Drogas para o tipo do
art. 28 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável
quantidade de substância entorpecente, que a Polícia apreendeu, pois tal
circunstância revela que se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso
próprio.

Voto nº 10.997

Apelação Criminal nº 990.08.068000-5


Arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76;
arts. 28, 33,“caput”, e § 4º, e 35 da Lei nº 11.343/06;
art. 202 do Cód. Proc. Penal; art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– A casa é o asilo inviolável do cidadão enquanto lhe preserva a


característica fundamental de santuário doméstico; se a transforma em
antro de delinquência, tem a Polícia, mesmo sem mandado escrito da
autoridade, o direito (e talvez o dever) de nela entrar, a todo o tempo,
nos casos de crime permanente, para assegurar a ordem pública e a paz
social.
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33,“caput”, da Lei nº 11.343/06).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito
aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
– Segundo a comum opinião dos doutores, o benefício da redução da
pena (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06) não se defere senão ao
traficante esporádico ou eventual, jamais ao que se associa para a
prática do tráfico ilícito de drogas, porque é em especial contra esse que
se levanta o braço implacável da lei.
– Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem
reduzi-la ao réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06
(Lei de Drogas), que satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
– Temperar com a equidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que
distribuem justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano:
“Hoje a maioria absoluta dos juristas quer libertar da letra da lei o
julgador, pelo menos quando da aplicação rigorosa dos textos resulte
injusta dureza, ou até mesmo simples antagonismo com os ditames da
equidade. Assim, vai perdendo apologistas na prática a frase de
Ulpiano – durum jus, sed ita lex scripta est – duro Direito, porém assim
foi redigida a lei – e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus, summa
injuria – do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
– O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.278

Apelação Criminal nº 990.08.042290-1


Art. 12 da Lei nº 6.368/76; art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06;
art. 66 do Cód. Penal; art. 202 do Cód. Proc. Penal

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui


para logo a ideia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06).
– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito
aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 185).
– Não cabem críticas, senão altos louvores, à sentença que, reconhecendo
em favor de réu de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº
11.343/06) a circunstância atenuante genérica prevista no art. 66 do
Cód. Penal, reduz-lhe a sexta parte da pena, debaixo do argumento de
que – jovem de 23 anos de idade, amasiado, pai de três crianças,
residente em alojamento coletivo e desempregado – era “mais um
brasileiro sem oportunidade de inserção social digna”, que (ainda mal!)
recorria ao comércio nefando das drogas para prover a seu próprio
sustento e da família. Não andam de todo errados os que reputam a
miséria a mãe do crime!
–“A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante,
anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em
lei” (art. 66 do Cód. Penal).
– Uma pena, para ser justa – escreveu o profundo Marquês de Beccaria –,
deve ter somente o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda
do crime. “Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli
gradi d’intensione che bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Dei
Delitti e delle Pene, § XVI).
–“Amparando os mais fracos, não fazemos favor, senão justiça”
(Teodomiro Dias, apud Odilon da Costa Manso, Letras Jurídicas,
1971, p. 111).
– Não esqueçam nunca aos Magistrados aquelas sublimes palavras de
nosso Rui:“Não estejais com os que agravam o rigor das leis, para se
acreditar com o nome de austeros e ilibados. Porque não há nada
menos nobre e aplausível que agenciar uma reputação malignamente
obtida em prejuízo da verdadeira inteligência dos textos legais”
(Oração aos Moços, 1a. ed., p. 43).

Voto nº 11.291

Apelação Criminal nº 990.08.128631-9


Art. 12 da Lei nº 6.368/76; arts. 28 e 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06;
arts. 5º, nº LXIII, da Const. Fed. e 202 do Cód. Proc. Penal

– Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para


defender-se de injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que
direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII),
dificilmente se eximirá de juízo adverso.
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito
aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
– A desclassificação do crime do art. 33 da Lei de Drogas para o tipo do
art. 28 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo considerável
quantidade de substância entorpecente, que a Polícia apreendeu, pois tal
circunstância revela que se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso
próprio.
Voto nº 11.397

Apelação Criminal nº 993.05.001685-4


Arts. 12, 16 e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 33 da Lei nº 11.343/06; art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– A confissão do réu na Polícia, ainda que repudiada em Juízo, pode


justificar decreto condenatório, se em harmonia com os mais elementos
de convicção dos autos; ao seu aspecto intrínseco é que se deve atender,
não à circunstância do lugar onde a prestou o confitente.
–“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se
equiparava à própria coisa julgada, como ensinava Farinácio:
Confessio habet vim rei judicatae” (José Frederico Marques, Estudos
de Direito Processual Penal, 1a. ed., p. 290).
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
–“Se a ré trazia consigo a droga (cocaína) pretendendo introduzi-la na
Casa de Detenção, o delito previsto no art. 12 da Lei de Tóxicos se
consumou, independentemente da entrega” (STJ; REsp nº 188.986; rel.
Min. Félix Fischer; DJU 13.9.99, p. 94).
– Por amor do princípio constitucional do estado de inocência, processos
em curso e sentenças condenatórias ainda não confirmadas “não devem
ser considerados maus antecedentes, prejudicando o réu” (cf. Damásio
E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 209).
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
hediondos (Lei nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
– O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
Voto nº 11.467

Apelação Criminal nº 990.08.141485-6


Arts. 33, § 4º, e 40, nº III, da Lei nº 11.343/06;
arts. 33, § 2º, letra c, e 59 do Cód. Penal

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui


para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
–“(...) fixada a pena-base no mínimo legal, é inadmissível a estipulação de
regime prisional mais rigoroso do que aquele previsto para a sanção
corporal aplicada (...)” (STJ; HC nº 73.707-SP; 6a. T.; rel. Min. Paulo
Gallotti; j. 16.8.2007).
–“Nos termos do art. 33, § 2º, letra c, do Cód. Penal, o condenado não-
reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto” (STJ; HC nº 65.275/SC;
Min. Arnaldo Esteves Lima; 5a. T.; DJU 5.2.07).
– Ainda que se não deva julgar pelos precedentes judiciais mas segundo as
leis, conforme velha parêmia – “Non exemplis, sed legibus judicandum
est” –, não entra em dúvida que “os exemplos dos superiores são a
melhor norma de proceder dos juízes inferiores”, asseverou o insigne
Min. Macedo Soares (cf. Hermenegildo de Barros, Grandes Figuras
da Magistratura, 1941, p. 281).

Voto nº 11.485

Apelação Criminal nº 990.08.151431-1


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 33, § 1º, nº I, § 4º, 34, 35 e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06;
arts. 29, § 1º, e 70 do Cód. Penal; art. 202 do Cód. Proc. Penal

– Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para


defender-se de injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que
direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII),
dificilmente se eximirá de juízo adverso.
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 35 da Lei nº 11.343/06).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– Com respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A
simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou
suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 185).
– Segundo a comum opinião dos doutores, o benefício da redução da
pena (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06) não se defere senão ao
traficante esporádico ou eventual, jamais ao que se associa para a
prática do tráfico ilícito de drogas, porque é em especial contra esse que
se levanta o braço implacável da lei.
– É de razão reconhecer hipótese de concurso formal entre os tipos
previstos nos arts. 33, § 1º, nº I, e 34 da Lei nº 11.343/06 (Lei de
Drogas), pois num contexto fático único o agente pratica dois crimes
(art. 70 do Cód. Penal).
– À luz da melhor doutrina, a causa de diminuição de pena do art. 29, §
1º, do Cód. Penal (participação de menor importância) “só tem
aplicação quando a conduta do partícipe demonstra leve eficiência”
(cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 145).
– O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.496

Apelação Criminal nº 993.06.087072-6


Arts. 12, 14, 16 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
arts. 202 e 580 do Cód. Proc. Penal

– Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para


defender-se de injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que
direito seu garantido pela Constituição da República (art. 5º, nº LXIII),
dificilmente se eximirá de juízo adverso.
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– A causa de aumento de pena do art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76
(“decorrer de associação”), já não subsiste e, pois, não pode ser
reconhecida à luz da nova Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06), que previu
a circunstância apenas como crime autônomo (art. 35).
– A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do
art. 16 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na
residência considerável quantidade de substância entorpecente,
embalada sob a forma de “crack”, apreendida pela Polícia, pois tais
circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e
não ao uso próprio.
– O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime
integralmente fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº
8.072/90.
– Tem-se por prejudicado o recurso do réu se, na forma do art. 580 do
Cód. Proc. Penal, já lhe haviam sido estendidos os efeitos da decisão
proferida na apelação dos corréus.

Voto nº 12.057

“Habeas Corpus” nº 990.09.113866-5


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 44 da Lei nº 11.343/06; art. 12 da Lei nº 6.368/76

– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato


ou com o elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em
processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na
instância ordinária, com observância da regra do contraditório.
Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do
fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc.
Penal).
– “Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador”
(STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de
inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII),
subsiste a providência da prisão preventiva, quando conspiram os
requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da
ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
– Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve
encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E.
de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a
condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed.,
p. 249).
– O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade
provisória (art. 44 da Lei nº 11.343/06).
– A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é
apenas o protagonista inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson
Hungria, Comentários ao Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 107), não
tem lugar nem prevalece nos casos de tráfico, porque a posse pretérita
de substância entorpecente para consumo de terceiro já aperfeiçoa o tipo
do art. 12 da Lei nº 6.368/76.

Voto nº 10.856

Apelação Criminal nº 993.07.113057-5


Arts. 28 e 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas);
art. 202 do Cód. Proc. Penal

– A condenação pelo crime do art. 33 da Lei de Drogas – atenta a


severidade da pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito o
infrator – pressupõe a certeza do comércio nefando, e não sua simples
probabilidade. Conjecturas com base na elevada quantidade da
substância entorpecente apreendida, por si só, não podem supri-la. É que
a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao réu: “In dubio pro
reo”.
– Ainda que considerável a quantidade de substância entorpecente
apreendida na posse do réu, é prudente o Magistrado que desclassifica
para o tipo do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) o crime
previsto em seu art. 33, se a prova dos autos lhe não revelou, acima de
dúvida sensata, ser caso de tráfico.
– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve
prevalecer a hipótese mais favorável do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei
de Drogas), em obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside
soberanamente as decisões da Justiça Criminal.
Voto nº 12.124

Recurso em Sentido Estrito nº 990.08.196994-7


Art. 12, “caput”, §§ 1º e 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76;
arts. 2º, parág. único, 107, nº IV, 109 e 115 do Cód. Penal;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06

– Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º,


parág. único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena
prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos
de condenação pelo art. 12, “caput”, §§ 1º e 2º, nº II, da Lei nº
6.368/76, mediante “recomposição comparativa” das penas cominadas
(cf. Vicente Greco Filho e João Daniel Rassi, Lei de Drogas Anotada,
2007, pp. 201-202).
–“A causa de diminuição de pena prevista no art. 33 da Lei nº
11.343/2006, mais benigna, pode ser aplicada sobre a pena fixada com
base no disposto no art.12, caput, da Lei nº 6.368/76” (STF; HC nº
95.435/RS; rel. (designado) Min. Cezar Peluso; 2a. Turma; j.
21.10.2008; m.v.).
– Não é de bom exemplo antecipar o exame do mérito à produção da
prova com o intuito de aferir prescrição virtual, que isto implica
descaso pela obrigatoriedade da ação penal e violação grave da primeira
garantia de todo o acusado: ter oportunidade de comprovar sua
inocência (art. 107, nº IV, do Cód. Penal).
– Se a pena ainda não foi concretizada na sentença, não há reconhecer
prescrição, antecipadamente, com fundamento em juízo de provável
condenação, visto como pode suceder que o réu venha a ser absolvido, o
que terá por benefício de maior quilate que a extinção de sua
punibilidade pela porta ampla da prescrição.
–“A maioria da jurisprudência não aceita a chamada prescrição virtual”
(Guilherme de Souza Nucci, Código Penal Comentado, 5a. ed., p.
469).
Uso
(Art. 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 28 da Lei nº 11.343/06)

Voto nº 9478

Apelação Criminal nº 933.149-3/9-00


Arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76;
arts. 107, nº IV, 1a. fig., 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal

– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve


prevalecer a hipótese mais favorável do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei
de Tóxicos), em obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside
soberanamente as decisões da Justiça Criminal.
– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a
própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 9508

Apelação Criminal nº 459.950-3/9-00


Arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 202 do Cód. Proc. Penal

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui


para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do
art. 16 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e portava
considerável quantidade de substância entorpecente, pois tal
circunstância revela que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não
ao uso próprio.
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 10.086

Apelação Criminal nº 1.188.425-3/5-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 28 e 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas)

– A condenação pelo crime do art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06 (Lei


de Drogas) – atenta a severidade da pena e a espécie de regime prisional
a que estará sujeito o infrator – pressupõe a certeza do comércio
nefando, e não sua simples probabilidade. Conjecturas com base na
elevada quantidade da substância entorpecente apreendida, por si só, não
podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre
ao réu: “In dubio pro reo”.
– Ainda que considerável a quantidade de substância entorpecente
apreendida na posse do réu, será de bom exemplo desclassificar para o
tipo do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) o crime previsto em
seu art. 33, se a prova dos autos não revelou, acima de dúvida sensata,
ser caso de tráfico.
– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve
prevalecer a hipótese mais favorável do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei
de Drogas), em obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside
soberanamente as decisões da Justiça Criminal.

Voto nº 10.494

Apelação Criminal nº 993.08.010383-0


Arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
arts. 107, nº IV, 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal

– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos – atenta a


severidade da pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito o
infrator – pressupõe a certeza do comércio nefando, e não sua simples
probabilidade. Conjecturas com base na elevada quantidade da
substância entorpecente apreendida, por si só, não podem supri-la. É que
a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao réu: “In dubio pro
reo”.
– Ainda que considerável a quantidade de substância entorpecente
apreendida na posse do réu, é prudente o Magistrado que desclassifica
para o tipo do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos) o crime
previsto em seu art. 12, se a prova dos autos lhe não revelou, acima de
dúvida sensata, ser caso de tráfico.
– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve
prevalecer a hipótese mais favorável do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei
de Tóxicos), em obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside
soberanamente as decisões da Justiça Criminal.
– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a
própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 17a. ed., p. 358).
– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da
pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto
de exame ou deliberação.

Voto nº 11.116

Apelação Criminal nº 990.08.099490-5


Arts. 28, ns. I e II, e 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas);
art. 59 do Cód. Penal

– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve


prevalecer a hipótese mais favorável do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei
de Drogas), em obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside
soberanamente as decisões da Justiça Criminal.
– Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu.
Deveras, é axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra
prova” (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II,
p. 530).
–“A melhor interpretação da lei é a que se preocupa com a solução justa,
não podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo na exegese dos
textos legais pode levar a injustiças” (STJ; Rev. Tribs., vol. 656, p.
188).
– Não cabe censura à decisão do Magistrado que, forte no poder
discricionário que lhe confere a lei, aplica a usuário de drogas a pena
de prestação de serviços à comunidade, em vez de advertência (art.
28, ns. I e II, da Lei de Drogas). Tal medida não tem somente caráter
retributivo, próprio de toda a pena, mas atende ao fim precípuo de
recuperar o viciado, com espertar-lhe na consciência o sentido pleno da
vida e fortalecer-lhe a vontade para que evite os malefícios das drogas.
– Ao mesmo tempo que o afasta da ociosidade, mãe de todos os vícios, a
prestação de serviços à comunidade enseja ao usuário ou dependente
de drogas as condições de que necessita para reintegrar-se no convício
social, pois trabalho é o melhor fator de promoção humana (art. 28, nº
II, da Lei de Drogas).

Voto nº 11.414

Apelação Criminal nº 993.07.095590-2


Arts. 157, § 2º, ns. II e V, 158, § 1º, 26 e 71 do Cód. Penal;
art. 19 da Lei nº 6.368/76

– Embora viciado em drogas, não tem jus o réu à redução de penas do


parág. único do art. 26 do Cód. Penal, se o laudo médico-legal o
considerou absolutamente imputável.
– A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de prova;
pela presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição de decreto
condenatório.
– Crimes da mesma espécie, o roubo e a extorsão, quando praticados nas
circunstâncias do art. 71 do Cód. Penal, configuram continuidade
delitiva, não concurso material de infrações. É desse número, portanto,
o caso de delinquentes que, após consumar o roubo, “forçam a vítima a
acompanhá-los à caixa eletrônica para sacar o dinheiro” (cf. Rev.
Tribs., vol. 765, p. 572; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro).
– O regime prisional fechado é o que justamente convém ao condenado
pela prática de roubo, ainda que primário e de bons antecedentes. A
natureza do crime (que a sociedade ostensivamente aborrece) e a índole
de quem o comete (infensa aos padrões éticos normais) são as que o
recomendam.
Voto nº 11.998

Apelação Criminal nº 993.06.005324-8


Art. 28, nº I, da Lei nº 11.343/06; art. 5º, nº XL, da Const. Fed.
art. 107, nº IV, 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal

– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve


prevalecer a hipótese mais favorável do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei
de Drogas), em obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside
soberanamente as decisões da Justiça Criminal.
– Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu.
Deveras, é axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra
prova” (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II,
p. 530).
–“A melhor interpretação da lei é a que se preocupa com a solução justa,
não podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo na exegese dos
textos legais pode levar a injustiças” (STJ; Rev. Tribs., vol. 656, p.
188).
– Não cabe censura à decisão do Magistrado que, forte no poder
discricionário que lhe confere a lei, aplica a usuário de drogas a pena
de prestação de serviços à comunidade, em vez de advertência (art.
28, ns, I e II, da Lei de Drogas). Tal medida não tem somente caráter
retributivo, próprio de toda a pena, mas atende ao fim precípuo de
recuperar o viciado, com espertar-lhe na consciência o sentido pleno da
vida e fortalecer-lhe a vontade para que evite os malefícios das drogas.
– Ao mesmo tempo que o afasta da ociosidade, mãe de todos os vícios, a
prestação de serviços à comunidade enseja ao usuário ou dependente
de drogas as condições de que necessita para reintegrar-se no convício
social, pois trabalho é o melhor fator de promoção humana (art. 28, nº
II, da Lei de Drogas).
– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a
própria sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 18a. ed., p. 358).
Voto nº 12.165

Apelação Criminal nº 993.06.113009-2

Arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76

– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos – atenta a


severidade da pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito o
infrator – pressupõe a certeza do comércio nefando, e não sua simples
probabilidade. Conjecturas com base na elevada quantidade da
substância entorpecente apreendida, por si só, não podem supri-la. É que
a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao réu: “In dubio pro
reo”.
– Ainda que considerável a quantidade de substância entorpecente
apreendida na posse do réu, é prudente o Magistrado que desclassifica
para o tipo do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos) o crime
previsto em seu art. 12, se a prova dos autos lhe não revelou, acima de
dúvida sensata, ser caso de tráfico.
– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve
prevalecer a hipótese mais favorável do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei
de Tóxicos), em obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside
soberanamente às decisões da Justiça Criminal.

Voto nº 10.171

Apelação Criminal nº 1.178.183-3/1-00


Arts. 33, 35, 62, § 11, e 63 da Lei nº 11.343/06;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a


confissão policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica
edição de decreto condenatório.
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito
aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
– Uma pena, para ser justa – escreveu o profundo Marquês de Beccaria –,
deve ter somente o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda
do crime. “Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli
gradi d’intensione che bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Dei
Delitti e delle Pene, § XVI).
– Para que se decrete a perda a que se refere o art. 62, § 11, da Lei
11.343/06 (Lei de Drogas), “há necessidade de um nexo etiológico
entre o delito e o objeto utilizado para a sua prática” (Vicente Greco
Filho, Lei de Drogas Anotada, 2007, p. 187).
–“Conceito da expressão utilizados. O termo deve ser interpretado
restritivamente, no sentido de que o confisco só deve recair sobre
objetos materiais que sirvam necessariamente para a prática do crime”
(Damásio E. de Jesus, Lei Antitóxicos Anotada, 2005, p. 193).

Liberdade Provisória
(Art. 44 da Lei nº 11.343/06;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 9227

“Habeas Corpus” nº 1.111.583-3/7-00


Art. 35 da Lei nº 11.343/06; art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é


que se defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado
de inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o
acusado responder preso ao processo.
– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se
não sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima
e, pois, quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de
encarceramento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da
prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a
privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu.
Ausentes razões de necessidade, revela-se incabível ante a sua
excepcionalidade a decretação ou subsistência da prisão preventiva
(...)” (STF; rel. Min. Celso de Mello; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264).
Voto nº 9076

“Habeas Corpus” nº 1.084.526-3/8-00


Arts. 33 e 44 da Lei nº 11.343/06; art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
Arts. 310, parág. único, e 312 do Cód. Proc. Penal

– A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é


apenas o protagonista inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson
Hungria, Comentários ao Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 107), não
tem lugar nem prevalece nos casos de tráfico, porque a posse pretérita
de substância entorpecente para consumo de terceiro já aperfeiçoa o tipo
do art. 33 da Lei nº 11.343/06.
– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória
quem é acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos
“hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 e art. 44 da Lei nº
11.343/06).
– Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo
auto em forma regular, não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto
se decorrido lapso de tempo superior àquele que a Jurisprudência tem
estabelecido como o máximo razoável para o encerramento da instrução
criminal.
– Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de
bons antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese que
autorize a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
– “Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a
privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu.
Ausentes razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua
excepcionalidade, a decretação ou a subsistência da prisão preventiva
(...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-264; rel. Min. Celso
de Mello).

Voto nº 10.175

“Habeas Corpus” nº 1.204.128-3/4-00


Arts. 33 e 35 da Lei nº 11.343/06; art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é


que se defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado
de inocência (art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o
acusado responder preso ao processo.
– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se
não sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima
e, pois, quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de
encarceramento de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da
prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a
privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu.
Ausentes razões de necessidade, revela-se incabível ante a sua
excepcionalidade a decretação ou subsistência da prisão preventiva
(...)” (STF; rel. Min. Celso de Mello; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264).

Voto nº 11.453

Apelação Criminal nº 990.08.061404-5


Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas);
arts. 386, nº VII, e 393, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil

– Aquele que respondeu preso ao processo que lhe instaurou a Justiça


Pública, assim deverá aguardar o julgamento de sua apelação, pois um
dos efeitos da sentença condenatória recorrível consiste, precisamente,
em ser o réu “conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc.
Penal).
– É de notável circunspecção o parecer da Procuradoria Geral de Justiça
que, à conta da fragilidade da prova reunida no processado, propõe a
absolvição do réu, pois unicamente na certeza deve assentar o decreto
condenatório (art. 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal).
–“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para
imposição de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).
– A condenação pelo crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei
Antidrogas) – atenta a severidade da pena e a espécie de regime
prisional a que estará sujeito seu autor – pressupõe a certeza de sua
conduta delituosa. Meras conjecturas não podem supri-la. É que a
dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio
pro reo”.
– O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos
autos. Se elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força
pronunciar o “non liquet” e absolvê-lo.
– Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz
meridiana: “probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni
Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).

Pena. Redução
(Art. 33, nº IV, da Lei nº 11.343/06)

Voto nº 10.164

Apelação Criminal nº 1.167.864-3/4-00


Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06; art. 2º, parág. único, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– Fator de esclarecida e humana individualização da pena, será bem


reduzi-la ao réu condenado por infração do art. 33 da Lei nº 11.343/06
(Lei de Drogas), que satisfaça aos requisitos de seu § 4º.
– Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º,
parág. único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena
prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos
de condenação pelo art. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº
6.368/76, mediante “recomposição comparativa” das penas cominadas
(cf. Vicente Greco Filho e João Daniel Rassi, Lei de Drogas Anotada,
2007, pp. 201-202).
– Temperar com a equidade o rigor da lei foi sempre timbre dos que
distribuem justiça, como advertiu o insigne Carlos Maximiliano:
“Hoje a maioria absoluta dos juristas quer libertar da letra da lei o
julgador, pelo menos quando da aplicação rigorosa dos textos resulte
injusta dureza, ou até mesmo simples antagonismo com os ditames da
equidade. Assim, vai perdendo apologistas na prática a frase de
Ulpiano – durum jus, sed ita lex scripta est – duro Direito, porém assim
foi redigida a lei – e prevalecendo, em seu lugar, o summum jus, summa
injuria – do excesso de direito resulta a suprema injustiça”
(Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 170).
– O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
Voto nº 6396

Apelação Criminal nº 346.150-3/9-00


Arts. 12, 14 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 10 da Lei nº 9.437/97 (Lei de Porte de Arma);
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos)

– Não é o simples concurso de duas ou mais pessoas, no tráfico de


entorpecentes, o que caracteriza o crime do art. 14 da Lei nº 6.368/76,
senão a associação com o intuito de praticar os crimes definidos e
punidos em seus arts. 12 e 13.
–“A majorante prevista no art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76, ocorre
quando a associação criminosa é meramente eventual, configurativa de
simples concurso de agentes (coautoria ou participação), sem que haja
quadrilha previamente organizada” (STJ; rel. Min. Vicente Leal; in
Rev. Tribs., vol. 823, p. 553).
– Em caso de réu primário, “a regra é partir da pena-base no grau
mínimo” (cf. Celso Delmanto et alii, Código Penal Comentado, 5a. ed.,
p. 107).
– O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o “regime
integralmente fechado”, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº
8.072/90.

Voto nº 6938
Apelação Criminal nº 318.259-3/6-00
Arts. 12, 16, 17 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;
arts. 17, 26, “caput”, 96 e 97 do Cód. Penal;
arts. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal

– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos – atenta a


severidade da pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito
seu autor – pressupõe a certeza do comércio nefando. Conjecturas com
base na elevada quantidade da substância entorpecente apreendida, por
si sós, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça Criminal,
aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
– O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos
autos. Se elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força
pronunciar o “non liquet” e absolvê-lo.
– Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz
meridiana: “probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni
Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).
–“O que se passa no foro íntimo de uma pessoa não é dos domínios do
Direito Penal. Persiste ainda hoje a máxima de Ulpiano: Cogitationis
poenam nemo patitur. Ou, como falam os italianos: Pensiero non paga
gabella (o pensamento não paga imposto ou direito). Em intenção todos
podem cometer crimes” (E. Magalhães Noronha, Direito Penal, 1963,
vol. I, p. 154).
– Se a prova dos autos não lhe permite abraçar, com segurança e
motivação lógica, a proposta acusatória, deve o Juiz inclinar-se,
prudentemente, à solução que favorecer o réu.

Voto nº 10.273

Apelação Criminal nº 993.07.007901-0


art. 12 da Lei nº 6.368/76; art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui


para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
– Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito
aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A simples
condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– Não tem direito à redução de pena do art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 o
sujeito preso em flagrante na posse de grande quantidade de
entorpecente (v.g., 1/2kg), pois tal circunstância está a demonstrar, “per
se”, que se dedicava a atividade criminosa.
– O justificado rigor, com que a Lei nº 8.072/90 tratava os crimes
denominados hediondos, foi atenuado pela Lei nº 11.464/2007, que lhe
introduziu modificação no art. 2º, § 1º, para permitir a seus autores
progressão no regime prisional após o cumprimento, sob o regime
fechado, de 2/5 da pena se primário, ou 3/5, se reincidente.
Voto nº 10.572

Agravo em Execução nº 993.07.098237-3


Art. 12, “caput”, §§1º e 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas);
art. 2º, parág. único, do Cód. Penal

– Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º,


parág. único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena
prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos
de condenação pelo art. 12, “caput”, §§ 1º e 2º, nº II, da Lei nº
6.368/76, mediante “recomposição comparativa” das penas cominadas
(cf. Vicente Greco Filho e João Daniel Rassi, Lei de Drogas Anotada,
2007, pp. 201-202).
– Para ter direito à redução de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº
11.343/06 (Lei de Drogas), é necessário comprove o réu primariedade,
bons antecedentes e que não se dedica a “atividades criminosas”.

Voto nº 11.410

Apelação Criminal nº 993.07.093895-1


Arts. 12 e 14 da Lei nº 6.368/76; arts. 28 e 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 202 do Cód. Proc. Penal; art. 2º da Lei nº 9.296/96;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a


confissão policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica
edição de decreto condenatório.
– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui
para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
– A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao arguente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou
caíram em erro de informação. É que, na busca da verdade real – alma e
escopo do processo –, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202
do Cód. Proc. Penal).
– A prova, obtida mediante interceptações telefônicas autorizadas pela
Justiça em face de “indícios razoáveis da autoria ou participação em
infração penal” (art. 2º da Lei nº 9.296/96), é lícita e, portanto, pode
servir de fundamento a decreto condenatório.
– “Não há invalidar o resultado obtido em decorrência de interceptações
telefônicas que foram realizadas mediante autorização judicial, nos
termos da Lei nº 9.296/96” (Rev. Tribs., vol. 854, p. 559; rel. Min. Felix
Fischer).
– A desclassificação do crime do art. 33 da Lei nº 11.343/06 para o tipo
do art. 28 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na
residência considerável quantidade de substância entorpecente
acondicionada em pacotes, apreendidos pela Polícia, pois tais
circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e
não ao uso próprio.
– O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.798

“Habeas Corpus” nº 990.09.080404-1


Arts. 33, § 4º, e 44 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

– Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a


tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir
o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a
questões de alta indagação.
–“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da
sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson
Hungria).
–“Desde a entrada em vigor da Lei nº 11.343/06 (9.10.2006), não se
admite a aplicação de penas alternativas a crimes de tráfico ilícito de
drogas” (Damásio E. de Jesus, Lei de Drogas, 9a. ed., p. 137).

Voto nº 11.467

Apelação Criminal nº 990.08.141485-6


Arts. 33, § 4º, e 40, nº III, da Lei nº 11.343/06;
arts. 33, § 2º, letra c, e 59 do Cód. Penal

– A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui


para logo a ideia de tráfico (art. 33 da Lei nº 11.343/06).
–“(...) fixada a pena-base no mínimo legal, é inadmissível a estipulação de
regime prisional mais rigoroso do que aquele previsto para a sanção
corporal aplicada (...)” (STJ; HC nº 73.707-SP; 6a. T.; rel. Min. Paulo
Gallotti; j. 16.8.2007).
–“Nos termos do art. 33, § 2º, letra c, do Cód. Penal, o condenado não-
reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto” (STJ; HC nº 65.275/SC;
Min. Arnaldo Esteves Lima; 5a. T.; DJU 5.2.07).
– Ainda que se não deva julgar pelos precedentes judiciais mas segundo as
leis, conforme velha parêmia – “Non exemplis, sed legibus judicandum
est” –, não entra em dúvida que “os exemplos dos superiores são a
melhor norma de proceder dos juízes inferiores”, asseverou o insigne
Min. Macedo Soares (cf. Hermenegildo de Barros, Grandes Figuras
da Magistratura, 1941, p. 281).

Exame de Dependência
(Art. 19 da Lei nº 6.368/76;
art. 45 da Lei nº 11.343/06;
art. 149 do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 2301

Apelação Criminal nº 1.198.153/2


Art. 155, “caput”, do Cód. Penal

– A mera alegação do réu de ser viciado em entorpecente não obriga à


instauração de incidente de exame de dependência. Cumpre-lhe apresentar
ao Magistrado subsídios que o inculquem (v.g.: atestado médico, guia de
internação hospitalar, testemunho idôneo, etc.) e justifiquem a providência,
em ordem a não atalhar, sem motivo plausível, o curso do processo, que “é
movimento dirigido para diante” (cf. Vicente de Azevedo, Curso de
Direito Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 24).
– Feita em Juízo, reputa-se de valor absoluto a confissão do réu, pela
presunção de ausência de vícios que a podiam anular; pelo que, autoriza
edição de decreto condenatório.
Voto nº 6252

Apelação Criminal nº 328.091-3/7-00


Arts. 12 e 29, § 3º, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 26 do Cód. Penal; art. 386, nº V, do Cód. Proc. Penal

– Realiza a conduta típica do art. 12 da Lei nº 6.368/76 o agente que vende a


terceiro, posto que policial disfarçado de usuário, certa quantidade de
substância entorpecente.
– A sentença que absolve, por inimputável, réu acusado de tráfico e submete-o a
tratamento médico é a um tempo jurídica e sábia. O intuito precípuo da
Justiça Penal é a recuperação do homem, mesmo que inimputável (art. 29
da Lei nº 6.368/76).
– O regime da internação hospitalar para tratamento da toxicofilia somente
se justifica no caso de o agente frustrar o tratamento ambulatorial (art. 29, §
3º, da Lei de Tóxicos).

Voto nº 9892

“Habeas Corpus” nº 1.172.829-3/7-00


Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

– Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a


tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir
o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a
questões de alta indagação.
–“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da
sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson
Hungria).
– A alegação de que é o réu dependente de drogas não implica, “ipso
facto”, diagnóstico de inimputabilidade: “a dependência, para
consubstanciar a base biológica da inimputabilidade deve ser
objetivamente diagnosticada como doença mental, isto é psicopatia ou
enfermidade da mente, de fundo físico ou psíquico ou ambos” (Vicente
Grecco Filho, Lei de Tóxicos – Prevenção e Repressão).
Voto nº 10.680

Apelação Criminal nº 993.07.105410-0


Arts. 28, 33, “caput”, 62, § 11, e 63 da Lei nº 11.343/06;
arts. 149, 185 e 386, ns. IV e VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90

– Isto de ter sido o réu citado no dia mesmo de seu interrogatório não
invalida nem desmerece o ato judicial; o que a lei exige é que se lhe dê
inteira ciência dos capítulos da acusação, primeiro que o interrogue a
Justiça (art. 185 do Cód. Proc. Penal).
– Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o
acusado submetido a exame médico-legal, se não há dúvida sobre sua
integridade mental ou alguma circunstância do processo lhe indique a
necessidade da realização da providência (art. 149 do Cód. Proc.
Penal).
– A mera alegação de falta de higidez psíquica do réu não basta a deferir-
lhe pedido de instauração de incidente de insanidade mental; é mister
que o verifique o Juiz à luz dos elementos informativos dos autos e, na
condição de presidente e diretor do processo, decida, com prudente
arbítrio, se necessária ou não a diligência, que importa sempre demora,
muita vez escusada, na prestação jurisdicional (art. 149 do Cód. Proc.
Penal).
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela
descontado já 2/5 – ou 3/5, se reincidente – e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
– Para que se decrete a perda a que se refere o art. 62, § 11, da Lei nº
11.343/06 (Lei das Drogas), “há necessidade de um nexo etiológico
entre o delito e o objeto utilizado para a sua prática” (Vicente Greco
Filho, Lei de Drogas Anotada, 2007, p. 187).
– “Conceito da expressão utilizados. O termo deve ser interpretado
restritivamente, no sentido de que o confisco só deve recair sobre
objetos materiais que sirvam necessariamente para a prática do crime”
(Damásio E. de Jesus, Lei Antitóxicos Anotada, 2005, p. 193).
Voto nº 169

Apelação Criminal nº 1.023.359/3


Art. 233 do Cód. Penal (ato obsceno);
art. 149 do Cód. Proc. Penal

– Pelo que respeita à matéria preliminar suscitada pela nobre Defesa – e


que entende com a higidez mental do réu –, não se mostra digna de
acolhimento: à uma, porque em lugar algum dos autos do processo foi
posta em dúvida a integridade mental do acusado. Perguntado se
estivera internado em casa de tratamento de moléstias mentais,
respondeu de forma negativa; à outra, porque nenhum documento ou
declaração médica trouxe a Defesa aos autos, por onde se pudesse
rastrear, ainda que ao de leve, fosse enfermo das faculdades
associativas.
–“O Código de Processo Penal obriga ao exame quando houver dúvida
sobre a sanidade e não quando a defesa o requeira” (Rev. Tribs., vol.
154, p. 532).
– Era do conhecimento da Polícia que o réu (um degenerado sexual já
condenado pela prática de atos obscenos) costumava frequentar, aos
domingos, a Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, não para a
edificação dos romeiros com seus atos de piedade, senão para escândalo
deles com gestos da mais insigne torpeza. Investigadores resolveram,
por isso, acompanhar-lhe os passos, e lograram tomá-lo em flagrante
quando ensaiava ações da última impudência e despejo, que se não
reproduzem por justos respeitos. Há coisas que a decência manda calar.
É imitar o polido Manuel Bernardes: “Aqui não sei que diga desta
miséria, e pode ser que mais diria, dizendo nada” (Nova Floresta,
1706, t. I, p. 198).
–“É inaceitável a preconceituosa alegação de que o depoimento de policial
deve ser sempre recebido com reservas, porque parcial. O policial não
está legalmente impedido de depor e o valor do depoimento prestado
não pode ser sumariamente desprezado”(Rev. Tribs., vol. 530, p. 372).

(Em breve, novas ementas).

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