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¹Arielder Aparecido Gabriel Silva de Souza, ¹Homero Minine de Souza, ¹Juan Ramos
Costa, ¹Raphael Delgado do Nascimento
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Discente do Curso de Engenharia Química do CCA/UFES
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Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo – CCA/UFES. Alto Universitário, s/no - Caixa
Postal 16, Guararema, Alegre, ES
clandeka@hotmail.com
RESUMO – O presente trabalho tem por objetivo verificar os princípios que norteiam o processo de produção de
açúcar: as variedades de cana utilizadas na indústria açucareira, o manejo com a cana, a recepção da mesma na
indústria, a obtenção do açúcar a partir do seu caldo. Neste trabalho, foram apresentados dados estatísticos
referentes ao setor sucroenergético.
INTRODUÇÃO
As plantações de cana existentes no A cana cortada é transportada via caminhões
Brasil e no mundo são feitas com espécimes ou trens para a indústria e moída dentro de 48
híbridas, modificadas geneticamente, para horas, para que a sacarose não cristalize e para
melhor atender às indústrias. Todos os híbridos que a cana não perca peso devido a essa
são modificações da Saccharum officinarum cristalização.
caracterizada pelo seu alto teor de sacarose e
baixo percentual de fibras. É difícil dizer qual Os Processos Industriais De Obtenção Do
variedade de cana é utilizada no Brasil, pois Açúcar
cada híbrido é preparado para resistir às
adversidades encontradas na região que será A cana-de-açúcar quando chega à usina, é
plantada, entretanto os mais utilizados, na pesada antes de ser descarregada, no Brasil e
principal região produtora (nordeste) são a CB em Cuba as usinas pagam por peso de cana
45-3 e a B 4362. recebida independente do teor de sacarose da
A cana-de-açúcar é uma planta tropical e cana, já em países como os Estados Unidos o
as principais variedades industriais (CB 45-3 e a pagamento é feito de acordo com o teor de
B 4362) vegetam nas regiões tropicais do Brasil sacarose existente na cana.
que possuem temperatura média entre 24ºC a Uma parte da cana recebida é
30ºC. As grandes indústrias canavieiras descarregada na mesa alimentadora, através de
encontram-se em locais que possuem solos equipamentos chamados Hylos, que são grandes
fortes, humosos e de grande profundidade. A guinchos que retiram a cana do caminhão, a outra
colheita é feita na época mais seca do ano, por parte é empilhada pelo mesmo processo num
operários ou por máquinas apropriadas (como depósito o qual serve para estocagem, que será
mostra a figura 1). processada durante o período da noite. Esta cana
é transportada do depósito, para as mesas
alimentadoras através de pontes rolantes (como
mostra a figura 2), que são equipadas com garras
hidráulicas.
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Figura 2: Ponte rolante Figura 5: Cana moída e desfibrada pronta para
a moagem
A mesa alimentadora tem como finalidade
receber as canas e levá-las aos aparelhos de Esse processo é feito por esmagamento
preparo. Ela é lavada (como mostra a Figura 3) e através de um conjunto de rolos, os quais
vai para o picador (como mostra a figura 4), extraem 98% do caldo contido nas fibras da cana-
aparelho formado por um conjunto de 42 facas de-açúcar. Esta eficiência é possível, desde que
oscilantes (06 conjuntos de 07 facões), que os equipamentos estejam muito bem regulados.
trabalha em 5500 RPM. Ocorre então adição de água durante o
processo a fim de diluir a sacarose (figura 6)
remanescente no bagaço, aumentando assim a
extração dessa molécula.
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processo, o caldo é enviado para um conjunto de A massa de açúcar, já pronta, é enviada
aquecedores e aquecido a 105ºC. no cristalizador, onde permanece por pouco
Feito isso, o produto é enviado aos tempo, sempre sendo revolvida (mexida) por um
clarificadores, onde permanece por 2 a 3 horas acionador, tipo hélice, antes de ser encaminhada
em descanso. Neste processo, as impurezas para centrifugação. No processo de cozimento
serão decantadas resultando num caldo limpo e contínuo de uma única massa, a separação dos
claro, com tonalidade levemente amarelada e cristais de açúcar dos méis contidos na massa,
totalmente transparente a luz, sem turgidez (caldo adotou-se o aproveitamento dos méis para
clarificado). fabricação do álcool etílico. Os cristais, já
A concentração a ponto de xarope do separados, contem mais ou menos 1% de
caldo de cana é conseguida por evaporação da umidade. Através de transportadores, tipo bica de
água existente no caldo, isso é feito através de um jogo, elevadores de canecas, transportador de
conjunto de trocadores de calor, denominados de correias sanitárias, o açúcar é levado ao secador.
evaporadores de múltiplos efeitos (como mostra a O secador recebe o açúcar úmido, e por processo
figura 7), responsáveis por executarem a tarefa de de aquecimento do ar interno e ventilação
concentração de caldo, que, no início da moagem, forçada, a umidade é eliminada deixando o
estava com 17° Brix, elevando este ponto para 60° material no ponto ideal de armazenagem. Este
a 65° Brix. processo também é controlado metodicamente,
através de análises de laboratório, da umidade do
açúcar que entra no secador e do que sai. As
temperaturas nos equipamentos são
constantemente vigiadas e controladas, conforme
informações do laboratório de qualidade. Após a
secagem, o açúcar cristal é ensacado (como
mostra a figura 8) em volumes de 50 kg,
utilizando-se uma balança mecânica automática
ou eletrônica para o controle físico (aferida pelo
INPM - Inmetro).
Figura 7: Evaporador de quatro efeitos para a
concentração do caldo da cana
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resíduos e minimizar os impactos sobre o meio 4,5 milhões de empregos
ambiente. Os principais poluidores gerados na Gera:
diretos e indiretos
produção do açúcar são: a palha, o bagaço da
cana, as cinzas da caldeira (queima de bagaço), Envolve: 72.000 agricultores
embalagens de defensivos agrícolas ou
560 milhões de toneladas
agrotóxicos e o vinhoto. A maioria destes resíduos Moe:
é reaproveitada como adubo orgânico ou como de cana
matéria-prima industrial. O vapor formado nas 32 milhões de toneladas de
caldeiras é utilizado para acionamento das Produz:
Açúcar
moendas e geração de energia. Para conter a
emissão dos poluentes são utilizados os lavadores 27 bilhões de litros de
Produz:
de gases e cinzas, como o da figura 9. Álcool
20 milhões de toneladas de
Exporta:
açúcar / US$ 9 bilhões
5 bilhões de litros de
Exporta:
Álcool / US$ 2,2 bilhões
R$ 13 bilhões em impostos
Recolhe:
e taxas
Investe: R$ 6 bilhões/ano
Compõem-se 373 Usinas e Destilarias
de: (em operação + projetos)
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outras seis devem entrar em operação até o final BORGES, J.M; LEME Jr, J. Curso de açúcar e
de 2010. cana. Minas Gerais, Escola superior de
A produção de cana-de-açúcar se agricultura da UREMG, 1951, V.1, 305p.
concentra nas regiões Centro-Sul e Nordeste do DA SILVA, R. B; WOLQUIND, C. S; DA SILVA,
Brasil. O mapa da figura 10, mostra em vermelho F.S; PORTO, A. G; DA SILVA, F. T. C
as áreas onde se concentram as plantações e Aplicação Da Produção Mais Limpa
usinas produtoras de açúcar, etanol e No Processo De Clarificação Do
bioeletricidade, segundo dados oficiais do IBGE, Caldo De Cana Para Produção De
UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas – Açúcar, XXVIII Encontro Nacional De
SP) e do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira). Engenharia De Produção - A integração
de cadeias produtivas com a
abordagem da manufatura sustentável,
Rio de Janeiro, Outubro, 2008.
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AÇÚCAR VHP. UFEP – Universidade
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pantográfica para corte de base de
cana-de-açúcar. Departamento de
Figura 10: Mapa da produção açucareira engenharia agrícola da faculdade de
campinas – UNICAMP, Campinas, 2008.
NOMENCLATURA PAULINO, O.F. T Produção de açúcar, Curso de
Pós-Graduação, Gestão do setor Sucro-
Grau Brix: indica o teor aproximado de alcooleiro, UFSCar – Centro de
açúcar no mosto, assim, um mosto com 10º Brix Ciências Agrárias
contém aproximadamente 10% de açúcar. TORQUATO Jr, H.; CALLADO, N. H.; PEDROSA,
V. A.; PIMENTEL, I. M. C.; MENEZES,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS A. C. V.; OMENA, S. P. F
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Diferenciação De Produtos Na Cadeia
Produtiva Do Açúcar: O Processo De
Produção Dos Açúcares Líquido E
Líquido Invertido XXII ENEGEP -
Encontro Nacional de Engenharia de
Produção, Curitiba, Outubro, 2002.