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Fábio Jr. Mais romântico


do que nunca
POR PIERO VERGÍLIO

Com quase
arne e unha / Alma gêmea / Bate coração...” O refrão de um de seus maiores sucessos –
cantado à capela – é o ponto de partida para mais um show de Fábio Jr. Depois de quase
quatro décadas de carreira, é fácil concluir que o palco é um ambiente com o qual o

quarenta
cantor já está familiarizado. Mais que isso, sente-se à vontade. E, embora cada apresen-
tação seja única, pois cada público tem as suas peculiaridades, ele sempre encontrará fãs
apaixonadas, independente do local em que esteja.
Em Sorocaba, onde esteve no final de outubro, não foi diferente: a todo o momento,

anos de ouvia-se um “eu te amo”, isolado ou coletivo, vindo da plateia. Tantas demonstrações de
carinho não passaram despercebidas pelo astro que, em determinado momento, senten-
ciou ao microfone: “vocês são demais”. Mas a participação do público não ficou restrita

carreira, o
às declarações. Os espectadores proporcionaram literalmente, um espetáculo, cantando
vários dos hits a uma só voz, num coro que simplesmente arrepiava.
Fábio conta que a turnê traz muitas surpresas. “Eu fiz alterações em diversos aspec-

eterno galã
tos: banda, cenário, figurino. É tudo novo, menos o cantor”, brinca. Para o deleite dos
fãs, as baladas românticas que o consagraram não apenas foram mantidas no repertório,
como ganharam novos arranjos. São os casos, por exemplo, de “Caça e caçador”, “Felici-
dade”, “Quando gira o mundo”, “Sem limites pra sonhar” e “Só você”.

enlouquece “Alma gêmea”, que estourou com Fábio Jr. – mas é uma composição de Peninha –,
também faz parte dessa lista. A canção, cujo refrão abriu o show, fala do amor inseparável
entre duas pessoas e só foi executada na íntegra quando a apresentação estava próxima do

as mulheres
fim. Originalmente, fez parte do álbum “Fábio Jr.” (1994), mas foi regravada em outras
cinco oportunidades (faz parte do repertório de “Romântico”, veja adiante); numa delas
com as participações de Ângela Maria e Cauby Peixoto. Também é tema de abertura da

e faz
novela homônima, que atualmente está sendo reapresentada pela TV Globo.
Somam-se a estas, releituras de sucessos que ficaram conhecidos na voz de outros
intérpretes. De Gonzaguinha (“Sangrando”) a Raul Seixas (“Tente outra vez”), passando
por Titãs (“Epitáfio”) e Cassiano (“Coleção”), todos foram homenageados na coletânea

sucesso por “Minhas Canções”, de 2006. “A ideia era isso: eu queria me apropriar das músicas, cantá-
las como se fossem minhas. Aliás, o novo CD também é nessa praia”, explica.

onde passa
Diferente, mas nem tanto
“Romântico”, seu mais recente trabalho, chegou às lojas em novembro. Desta vez, o
desafio era “converter” clássicos caipiras e sertanejos para o estilo do cantor. No início, o
desejo causou certa estranheza em Guto Graça Melo, mas Fábio bateu o pé e o produtor
acabou convencido. A ideia surgiu no fim da década de 90 durante uma conversa com
o sertanejo Chitãozinho (da dupla com Xororó) e ficou adormecida até que, há cerca de
dois anos, o apresentador Fausto Silva lhe deu um conselho semelhante. O cantor teve a
certeza de que era um sinal.

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Pais
Para conciliar estes dois universos, aparentemente tão dis-
tintos, era preciso encontrar uma terceira vertente. A solução
veio quando gravaram “Amar é perdoar” – versão de Sylvia
Massari para o sucesso de Norah Jones – que está na trilha da É impossível falar de Fábio Jr. sem fazer referência à “Pai”. Execu-
novela “Cama de Gato”. “Foi nessa hora que achei o caminho tada pela primeira vez durante um episódio da série “Ciranda, Ciran-
da interpretação e de arranjos. A partir daí, tudo ficou mais dinha”, a música inspirou a autora Janete Clair e foi escolhida para
fácil, ao menos aparentemente”, esclarece. ser o tema de abertura da novela “Pai Herói”, que estreou em 1979.
A pegada pop do cantor pode ser identificada em todas as Trinta anos depois, ainda é responsável por alguns dos momentos
faixas e a segunda voz – sempre presente na música caipi- mais emocionantes das apresentações. “Mesmo depois de tanto
ra – foi substituída pelos arranjos vocais do grupo Ponto 4, tempo, tem show em que o bicho pega e a voz embarga”, assume.
que o acompanha. São quatro vozes que fogem do trinado e A novidade é que a canção ganhou uma espécie de complemento.
Filho de um taxista (Antônio Luiz) e de uma professora de piano,
esbarram no gospel, dando um frescor às melodias. Mesmo
Fábio decidiu declarar em versos o amor que sente por sua mãe,
assim, é possível encontrar elementos típicos sertanejos em Dona Nilva. Composta em 2005, “Mãe” só foi apresentada ao
algumas canções, como no acordeom em “Telefone Mudo”, de público pela primeira vez este ano, quando ele estrelou uma cam-
Peão Carreiro. panha publicitária de uma rede de móveis e eletrônicos. Na letra
Das cerca de 500 músicas pré-selecionadas por Fá- (veja abaixo), o artista pede desculpas por ter sido ausente e pelo
bio, 13 foram escolhidas para compor o repertório, do qual excesso de trabalho.
fazem parte “Estrada da vida”, “Fio de cabelo”, “No rancho Nenhuma ocasião lhe parecia especial o bastante para a divulgação
fundo” e “É o amor”, entre outras. “Dentre todas; a que mais até o momento em que conheceu a história da família que fundou
me marcou é ‘Cabocla Tereza’, que ficou conhecida com o a loja: “bateu alguma coisa”, esclarece. Na época do lançamento,
Rolando Boldrin. Durante esses anos todos, soube pela minha Fábio fez questão de deixar claro que a nova música não era uma
mãe que meu pai gostava muito de cantá-la. Tem um texto de resposta ao primeiro hit, tão pouco tinha motivação comercial. “Foi
abertura, que está bem legal. Essa é meu xodó”, assume. Além uma inspiração divina”, diz o cantor, que não escondia a ansiedade
das regravações, o CD conta com três músicas inéditas. pela reação de Dona Nilva, que não sabia da surpresa.
Aos 56 anos (recém-completados em novembro), Fábio tem muito
Fidelidade mútua que comemorar: conquistou o respeito e a admiração de seu
O rótulo de galã o acompanha desde muito jovem; já público e tem uma carreira consolidada, seja como compositor,
naquela época ele arrancava suspiros das mulheres. Quando cantor, ator ou apresentador. Ele tem todos os motivos para dizer
questionado sobre o segredo de seu sucesso, é categórico ao um “brigaduuu” à vida, afinal, é um artista completo.
afirmar que não há uma receita. “O que existe é uma cumpli- Abaixo a letra de “Mãe”:
cidade: os fãs são fiéis a mim e eu a eles. Isso é bom demais; se
melhorar estraga”.
Ele revela-se um apaixonado pela música e assume que
prioriza à sua carreira musical. Por esta razão, seu foco sempre
esteve voltado para os palcos. Mas a música não é seu único
talento. Além de cantar, já comandou um programa na Rede
Mãe Composição: Fábio Jr.

Record e fez diversos trabalhos como ator: participou do Mãe, você sempre de olho em mim
longa-metragem “Bye Bye Brasil”, de Cacá Diegues e de pelo Às vezes, juro não reparo
menos 15 projetos na televisão. Mãe, seu colo sempre ali presente
Uma de suas personagens mais marcantes – o fotógra- Amor, tão puro amor...
fo Jorge Tadeu, da novela “Pedra sobre Pedra” (TV Globo, Tão raro
1992) – enlouquecia as mulheres casadas da pequena cidade Mãe, perdoa minha ausência
de Resplendor, mesmo depois de seu falecimento. Na cena de Às vezes tenho trabalhado muito
sua morte, seu corpo apareceu coberto de borboletas, numa Mãe, mas como você mesma diz
imagem montada com recursos e efeitos especiais. A trama, Trabalho com amor gera bons frutos
que tinha como um de seus principais ingredientes o realismo Mãe teu infinito amor
fantástico, caiu nas graças dos telespectadores. Eterno amor é tão profundo
Fábio está longe das novelas desde 1998, mas não por Mãe, você parece às vezes
falta de convite: desde então, já recebeu algumas propostas Que é mãe de todo mundo
para voltar; nenhuma, porém, o seduziu. Ao mesmo tempo, ele Mãe agora aqui diante de você declaro
admite que não tem mais fôlego para conciliar as várias car- Minha vida fica mais bonita
reiras. “As viagens com a turnê já são suficientes. Está bom pra Com você do lado, do meu lado
caramba. A época de fazer novelas já passou; eu não ‘guento’ Te amo tanto, tanto e te agradeço sempre
mais não”, confessa, em um tom bem-humorado. E sempre que eu puder eu estarei por perto
Claro
Mãe
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Fotos: Gilson Hanashiro
No final de
outubro, Fabio
esteve se
apresentando
em Sorocaba
e recebeu a
reportagem da
ZZZ; o show
levou as fãs
ao delírio

• Fábio Corrêa Ayrosa Galvão começou na car-


CurtaZZZ de Fábio Jr.

reira musical ao lado dos irmãos, formando o


trio “Os Colegiais”, pouco depois rebatizado
de “Os Namorados”. O grupo chegou a gra-
var dois compactos, que não foram lançados
pela gravadora.
• O trio ainda se reuniria em outras duas
ocasiões: como “Bossa 4”, e depois – já
com a cantora Malu – com o nome artístico
de “Grupo Arco-Íris”, até o seu fim definitivo,
em 1973.
• Antes de adotar “Fábio Jr.” – para não ser
confundido com o ator Flávio Galvão – gra-
vou com a banda “Uncle Jack” e fez sucesso
com a música “Don´t Let Me Cry”, sob o
pseudônimo de Mark Davis.
• Pelo menos dois de seus filhos parecem ter
herdado sua vocação para as artes: Cléo
Pires – fruto de seu casamento com a atriz
Glória Pires – e Filipe Galvão, o Fiuki, que
além de vocalista da Banda Hóri, é o prota-
gonista da atual temporada de “Malhação”.
• Além deles, Fábio tem outros três herdeiros:
Krizia, Tainá e o pequeno Záion, que nasceu
em fevereiro deste ano.
• Antecederam “Romântico” outros 24 discos.
O último havia sido “Fábio Jr. e elas”, em
que ele faz duetos com grandes cantoras.
Embora tenha sido lançado oficialmente
no ano passado, o trabalho é baseado num
especial de final de ano exibido pela Record
dez anos antes.
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