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PUC Minas – Revista de Turismo – Vol. 1 - N° 1 - Nov.

2005

A Culinária na Estrada Real

Adelaide Engler
Consultora em Culinária e Turismo

O caminho da Estrada Real foi traçado pelos bandeirantes, tropeiros e aventureiros que buscavam
os tesouros das Minas Gerais. O caminho inicial passa por importantes cidades mineiras, que
foram formadas naquela época : Diamantina, Ouro Preto, Tiradentes, São João Del Rey, São
Tomé das Letras, Caxambu, São Lourenço, depois atravessa o Vale do Paraíba e vai até o Porto
de Parati, por onde escoavam as riquezas. O chamado caminho novo desce por Barbacena, Juiz
de Fora, Itaipava e Petrópolis, encerrando-se no Rio de Janeiro.

No início, havia abundância de ouro e pedras preciosas, mas havia escassez do bem mais
precioso - alimentos. Os bandeirantes se mantinham com o que era possível transportar ou obter
na natureza, aprendendo com os índios. Muitos escravos morriam de fome. A convivência destas
três raças fez surgir a nossa rica cozinha mineira, que mistura técnicas e ingredientes dos índios,
dos africanos e dos portugueses.

A cozinha mineira é história. É fácil encontrar explicações lógicas para os hábitos mais peculiares.
Os doces, para ajudar na conservação, eram feitos com muito açúcar e daí surgiu o hábito de
consumi-los com queijo, para equilibrar o paladar. A cachaça era servida para os escravos, que
vinham com seus pés gelados após horas de trabalho na mineração, com o intuito de aquecer.

Carne de porco, carne seca, galinha, peixes, mandioca, milho, arroz, feijão, verduras, queijos,
pimenta, frutas, biscoitos, rapadura, doces, tudo se combina na tradicional cozinha das Minas
Gerais.

É possível distinguir as influências de cada raça em nossos pratos e até mesmo nos utensílios
usados até hoje na produção de alimentos.

Dos índios, herdamos as folhas, como o ora-pro-nobis; os brotos de samambaia, abóbora, bambu;
o feijão andu; a batata; o mel; a mandioca, em suas mais variadas formas - cozida, assada, farinha,
caldo ou mingau. O milho, assim como a mandioca, é consumido de diversas formas, seja cozido,
assado, em forma de pamonha, farinha ou no famoso angu, que acompanha muito bem as carnes.

As frutas locais: a pitanga, a amora, o pequi, a cagaita, o maracujá do mato, o jatobá, a gabiroba, o
bacupari e o aromático limão capeta, que tem também funções medicinais.

Herdamos também o gosto pela pesca e pela caça – o lambari, o piau, o mandim, a traíra, o jacaré,
o macaco, a codorna, o coelho, o pombo, o veado, o tatu, a paca, o porco-do-mato, a cobra, o
lagarto e até mesmo gambá, todos fazem ou já fizeram parte das mesas mineiras.

O urucum, também conhecido como colorau, é usado até hoje para dar uma atraente cor
avermelhada aos pratos. Foi apresentado pelos índios, que faziam com a planta sua tinta natural
para se pintar e repelir insetos, além do uso medicinal: o chá das sementes tem ação digestiva e
expectorante. A infusão das folhas atua contra bronquite, faringite e inflamação dos olhos. O pó é
digestivo, laxante, expectorante, febrífugo, cardiotônico, hipotensor e antibiótico, agindo como anti-
inflamatório para contusões e feridas.
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Dos índios recebemos também utensílios e instrumentos, e até mesmo a técnica do artesanato,
para a confecção dos balaios de taquara. Os vasilhames de barro e bambu, as cabaças de
abóbora e o cuité, para tomar uma boa cachaça.

Para assar havia vários métodos:

- eram usadas trempes de madeira, onde carnes de caça ou pesca eram enfiadas em espetos de
bambu e amarradas com cipó;
- o fogão de chão: em um buraco cavado na terra, eram colocados alimentos enrolados em folhas,
o buraco era novamente tampado com terra e acesa uma fogueira em cima;
- o fogão de pedra: montagem de três pedras fincadas no chão;
- a fornalha de cupim: um cupinzeiro era esculpido com 2 aberturas - a maior usada para colocar
a lenha e fazer brasa, a menor para sair a fumaça.
- o forno de barranco: buraco cavado no meio do barranco com um a saída para a fumaça e uma
entrada para a lenha. Este era usado para o preparo de cerâmica.

A evolução de todos esses métodos fez com que surgisse o charmoso fogão de lenha : feito de
adobe, tijolo ou pedra-sabão.

Dos africanos recebemos hábitos alimentícios bastante praticados em Minas, como o gosto pelo
quiabo, a farinha, o cuscuz, o toucinho, o feijão preto e a couve.

Entre os utensílios, os que mais se destacam são as gamelas, utilizadas durante o preparo e
também para servir. Seus variados tamanhos e madeiras permitem uma decoração harmoniosa e
atraente para uma mesa.

Os portugueses também deixaram sua marca. Foram importantes no aprimoramento da mesa, na


sofisticação da apresentação dos pratos e especialmente na confeitaria de bolos, biscoitos e
doces.

Trouxeram o cultivo da cana-de-açúcar, o melado, os doces de ovos, as compotas de frutas, as


roscas da Rainha, as geléias, os bolos, os sequilhos, os licores, sementes de café e feijão, as
favas e também pratos ensopados de carne e legumes, almôndegas e frango ao molho pardo
(este, já herdado por eles da cozinha francesa).

Os pratos ficaram mais finos não apenas pelas receitas, mas também pelas lindas porcelanas
trazidas da coroa.

Nos séculos XIX e XX vieram também outros imigrantes europeus: alemães, ingleses, belgas e
italianos, que aqui deixaram suas marcas.
O bolo inglês ou english cake, trazido pelos funcionários das minerações inglesas, pronunciado
erroneamente pelos brasileiros, ficou conhecido pelo nome de “queka”.
As técnicas de fazer lingüiça, provavelmente trazidas pelos portugueses e aprimoradas com os
imigrantes alemães. Além do uso abundante da abobrinha, tão apreciada pelos italianos e pelos
mineiros.
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A COZINHA

Como é linda e fascinante a decoração de uma cozinha típica mineira! As casas de fazenda tinham
arquitetura semelhante umas às outras. Do lado de fora ficava o forno a lenha, para o preparo das
quitandas, e também um balcão para destrinchar o porco, principal carne utilizada nas fazendas.

A cozinha era parte importante da casa, ficava no fundo, o teto era enegrecido pela fumaça, o chão
de terra batida ou atijolado, mas era muito grande e bem equipada.

No meio ficava sempre o fogão a lenha, grande e com muitas bocas para trabalhar. Dependuradas
sobre o fogão, ripas de madeira de onde pendiam lingüiças e carnes para defumar. Nas laterais,
balcões ornados com os adereços típicos: tachos de cobre, colheres de pau, gamelas, peneiras,
latas com quitandas, pilão de madeira para tempero e pilão grande para socar café.

Na entrada da cozinha, uma grande mesa e longos bancos, todos de madeira, onde cozinheiras,
crianças e mulheres se reuniam para enrolar biscoitos e preparar o delicioso pão de queijo. Este
surge apenas mais tarde, após o início da criação de gado na região, que trouxe a carne de boi e o
leite, que permitiram a produção dos famosos queijos de Minas.

OS PRATOS TÍPICOS

Costelinha, lombo, lingüiça, tutu de feijão, feijão tropeiro, caldo de mandioca, frango ao molho
pardo e frango com quiabo são os pratos mais encontrados em todas as cidades históricas do
Ciclo do Ouro.
Alguns ainda preparam estas iguarias usando banha de porco, que confere um aroma e um sabor
super especial.

Os acompanhamentos variam um pouco. Os mais comuns são: torresmo, couve, chuchu,


abobrinha, abóbora, arroz, mandioca, farofa, angu e ora-pro-nóbis (uma verdura selvagem da
região, rica em proteínas, que aparecia nos quintais).

No café-da-manhã, não pode faltar o famoso pão de queijo, a broa de milho, a rosca, os queijos e
biscoitos caseiros doces e salgados - o biscoito de polvilho, biscoito de queijo, biscoito frito, o
biscoito de araruta e muitos outros.
Estes saborosos hábitos do interior de Minas, viraram uma paixão nacional. O pão de queijo hoje é
produzido industrialmente, consumido em todo o País e também no exterior.

A Cachaça

A cachaça, que antigamente era um destilado barato utilizado para aquecer os pobres escravos,
hoje atrai a atenção de multidões. O setor fatura milhões e são organizadas feiras anuais em Belo
Horizonte com participação de diversos produtores e milhares de visitantes.
A cachaça é hoje o terceiro destilado mais consumido no mundo, perdendo apenas para o whisky
e a vodka.
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Origem e produção

A cana-de-açúcar, elemento básico para obtenção de vários tipos de álcool é uma planta da família
das gramíneas, seu nome em latim é Saccharum Officinarum e é originária da Ásia. Os primeiros
relatos sobre fermentação da cana-de-açúcar, vêm dos egípcios antigos, que inalavam esses
líquidos para cura de moléstias.
A fermentação, é o processo onde o açúcar é transformado em álcool. Para ele ocorrer, é
necessário um agente catalisador: os fungos ou leveduras, neste caso a Saccharomyces, que
transforma a sacarose em etanol.

Mais tarde, os alquimistas passaram a atribuir à aguardente propriedades místicas, e chamaram-na


de eau de vie, ou água da vida, receitada como elixir da longevidade.
Os árabes desenvolveram os equipamentos para destilação e começaram a produzir algo
semelhante às aguardentes que conhecemos hoje.

Alguns similares pelo mundo

Em toda a região Mediterrânea são bastante populares aguardentes transparentes, que possuem
aroma de aniz e quando misturadas com água tornam-se esbranquiçadas. Na França produzem o
Pastis, na Grécia o Ouzo, no sul da Ásia, a bebida é chamada de Arak.
Na Itália destila-se a uva e se produz-se a Grappa; na Alemanha destila-se a cereja e produz-se o
Kirsch; na Escócia a cevada, que produz o muito conhecido Whisky. Na Rússia, a Vodka, que é
feita do centeio; no Japão, o Sakê, obtido a partir do arroz; e na Escandinávia, a Aquavit, obtida
através da batata.. Portugal destila o bagaço da uva e produz a Bagaceira.
O Rum, produzido nos países hispanicos das Américas, difere da nossa Cachaça pois é produzido
do melaço da cana-de-açúcar e não apenas do suco da cana ou garapa.

A cachaça na gastronomia

Podemos definir a cachaça, popularmente conhecida por pinga e mais de duzentos outros
sinônimos, como uma aguardente de cana. É um destilado muito versátil. É excelente ingrediente
para coquetéis, como a famosa caipirinha, a saborosa batida de coco e também pode ser
apreciada pura, especialmente aquelas cachaças de coloração amarelada, envelhecidas em barris
de carvalho.
Podemos utilizar a cachaça também na cozinha. Muitos pratos tradicionais da cozinha mineira
levam cachaça.
Ela é especialmente utilizada no preparo de carnes, para reduzir a gordura e a “mágoa”. Segundo
a sabedoria popular, o animal ao ser abatido morre com raiva pela violência sofrida na morte. Esta
violência é chamada de “mágoa” . Criou-se então o hábito de usar cachaça e limão no preparo das
carnes, com o intuito de aliviar os possíveis efeitos malignos da adrenalina negativa no abate e
reduzir a gordura.
Há também a tradicional gelatina de cachaça e várias outras iguarias que levam a aguardente na
receita.
Pratos modernos podem ser criados com um toque especial dado pela cachaça - risottos, molhos
doces e salgados, carnes, frutas e caldas flambadas para sobremesas, não há limites.

A globalização

O setor vem crescendo e se organizando rapidamente. Hoje existe uma legislação para controlar a
qualidade da cachaça. Apenas as aguardentes de cana-de-açúcar produzidos no Brasil e com teor
alcóolico entre 38o e 54o GL podem ser chamados de cachaça.
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Ela é hoje um produto internacional: é a 3a bebida destilada mais consumida no mundo.


A exportação da cachaça saltou de 2,1 milhões de litros em 1983 para 18 milhões em 2004. A
Alemanha e os países da América Latina são os maiores importadores de cachaça do Brasil.
O Brasil produz 1,5 bilhões de litros de cachaça por ano e a indústria, só no Estado de Minas
Gerais, movimentou 1,5 bilhões de Reais em 2003.
Minas lidera o mercado de cachaça artesanal no Brasil , contando com muitos produtores de
cachaças envelhecidas, de grande qualidade.

RECEITAS TRADICIONAIS MINEIRAS

Galinha ao Molho Pardo ou Galinha à Cabidela

Obs: Para fazer este prato, é necessário obter o sangue fresco de 1 galinha, batido imediatamente
com 2 colheres de sopa de vinagre, para não talhar.

Ingredientes :

1 galinha já limpa, cortada em pedaços


suco de 2 limões
1 cebola picada
2 colheres de sopa de óleo
1 dente de alho socado
1 folha de louro
Sal a gosto
1 colher de sopa de farinha de trigo.

Modo de Fazer:

Limpar a galinha cuidadosamente, por dentro e por fora. Esfregar o suco dos limões e cortar em
pedaços pelas juntas - o peito em 3 partes.
Numa panela colocar o óleo, a cebola, a folha de louro e refogar até a cebola ficar transparente.
Juntar os pedaços da galinha, temperar com sal, acrescentar um pouco de água e cozinhar em
fogo brando até a carne ficar bem macia.
Pouco antes de servir, tirar um pouco do caldo em que a galinha está cozinhando, misturar com o
sangue que ficou reservado, e com a farinha de trigo. Colocar na panela e cozinhar mais um
pouco, mexendo com uma colher-de-pau para engrossar.
Servir bem quente com arroz branco, angu e couve .

Tutú de Feijão

Ingredientes :

500g de feijão cozido


100g de farinha de mandioca
200g de torresmo
200g de lingüiça
4 ovos cozidos, cortados em rodelas
1 cálice de cachaça
1 cebola pequena repicada
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1 cebola cortada em rodelas, refogada em 1 colher de sopa de azeite


1 colher de alho repicado
Sal e pimenta a gosto
Óleo para refogar
Salsinha repicada

Modo de fazer:

Bater no liquidificador o feijão com o caldo do cozimento.


Aquecer o óleo, refogar o alho e a cebola repicada.
Colocar o feijão e deixar cozinhar no fogo baixo, até o momento de colocar a farinha.
Colocar a cachaça e o sal. Deixar cozinhar mais um pouco.
Acrescentar umas gotas de caldo de pimenta malagueta (facultativo).
À parte, cozinhar e picar os ovos, fritar a lingüiça e o torresmo e dourar a cebola no azeite.
Despejar o tutú em um refratário, colocando por cima os ovos, a lingüiça, os torresmos, a cebola e
a salsinha picada.

Frango com quiabo

Ingredientes :

1 Frango inteiro
1/2 Kg tomates maduros picados sem sementes
1/2 Kg quiabo picado grosso
1 cebola batida
2 dentes de alho
Salsinha e cebolinha (cheiro verde)
Sal e pimenta do reino
Modo de Fazer:

Picar o frango, nas juntas, lavar e temperar com sal e pimenta.


Refogar com óleo. Depois de corado, colocar o tomate picado e a cebola batida.
Colocar um pouco de água, tampar e deixar cozinhar 10 minutos.
A seguir, colocar o quiabo picado e deixar cozinhar sem mexer.
Acrescentar o cheiro verde e servir acompanhado de angu.

Feijão Tropeiro

O feijão tropeiro, composto de uma mistura de feijão cozido, farinha de mandioca, lingüiça ou carne
de porco e torresmo, era a alimentação básica dos homens que transportavam mercadorias em
lombo de burro (tropas) no século XVIII. Era preparado pelos próprios homens, nas paradas feitas
durante a viagem.

Ingredientes :

500g de feijão cozido al dente


2 dentes de alho cortados em pedacinhos
1 cebola média cortada em pedacinhos
200g de bacon em cubinhos
400g de torresmo
400g de lingüiça de pernil
6 ovos
1 xícara de farinha de mandioca torrada
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Óleo ou Azeite
Sal e pimenta a gosto
Salsinha picada

Modo de Fazer:

Fritar os ovos em um pouco de manteiga e deixar firmar antes de mexer, em uma frigideira.
Colocar o óleo ou azeite em uma panela grande e larga; fritar o bacon.
Refogar o alho e a cebola na mesma panela.
Acrescentar o feijão sem o caldo e temperar com sal e pimenta.
Deixar ferver um pouco para apurar o tempero;
Colocar os ovos, a lingüiça e o torresmo.
Desligar o fogo e colocar a farinha e a salsinha

Angu à mineira

Ingredientes :

6 ½ xícaras de água
6 ½ xícaras de leite
2 ½ xícaras de fubá moinho d’água
1 colher de manteiga
Sal a gosto

Modo de Fazer:

Numa vasilha, dissolver o fubá em 3 xícaras de água fria.


À parte, levar ao fogo, em uma panela, a água restante, a manteiga e o leite.
Quando ferver, abaixar o fogo e despejar a água com o fubá na panela.
Temperar com sal e cozinhar, mexendo sempre com uma colher de pau, por 15 minutos ou até
obter a consistência de um purê.

Canjiquinha com costelinha

Ingredientes :

400g de canjiquinha
1 kg de costelinha
½ kg de lingüiça calabresa
½ xícara de óleo
2 tomates em cubos pequenos
Couve
Cebola, alho, salsa e cebolinha a gosto
Caldo de carne
Sal e pimenta malagueta a gosto

Modo de Fazer:

Deixar a canjiquinha de molho por aproximadamente 2 horas.


Cozinhar em água abundante e reservar.
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Cortar a costelinha em pedaços. Temperar com sal, alho e cebola picados e a pimenta malagueta.
Aquecer o óleo e fritar a costelinha. Quando estiver quase frita, acrescentar a lingüiça calabresa e
mexer até que as duas fiquem douradas.
Acrescentar o tomate picado, em cubos pequenos, colocar a canjiquinha cozida e a água em que
ela foi cozida. Se necessário, acrescentar um pouco de água quente.
Provar o tempero e corrigir, se for o caso.
Picar a couve bem fina e colocar por cima. Decorar com salsinha e cebolinha picadas.

Vaca atolada

Conta-se pelas terras de Minas que este tradicional prato ganhou o engraçado nome de vaca
atolada porque, ao ficar pronto, lembra a imagem do gado, que cruzava o território mineiro, atolado
nos brejos das trilhas dos tropeiros. Seja esta história verdadeira ou não, o que ninguém pode
negar é que vaca atolada é apreciada em muitas cidades mineiras.

Ingredientes :

2 cebolas grandes, cortadas em rodelas


1 kg de costelas de vaca
1kg de mandioca
3 gotas de Pimenta Malagueta
3 colheres de sopa de Óleo
1 colher de chá de Tempero Mineiro (Receita abaixo)
1 tomate grande

Modo de Fazer:

Temperar as costelas de vaca (partidas em pedaços).


Refogar no óleo, deixando corar. Pingar água até cozinhar.
Acrescentar a mandioca aos pedaços (previamente descascadas, lavadas e escorridas). Quando a
mandioca estiver quase cozida, cobrir com rodelas de cebolas.
Ferver mais um pouco até cozinhar .
Dispor numa travessa - as costelas por baixo e as mandiocas e cebolas por cima.

* Tempero mineiro: alho, cebola, cebolinha verde, pimentões verdes, sal e salsa, batidos no
liquidificador.

Leitão Pururuca

Desde épocas imemoriais, o leitão assado e servido inteiro à mesa já encheu os olhos (e
estômagos) de reis, rainhas e da nobreza que os cercava. Entre os plebeus e camponeses,
embora bem mais raramente, o leitão também fazia parte dos principais banquetes e festas, por
ser um símbolo de fartura que, acreditava-se, atraía ainda mais abundância à mesa da casa de
quem o servia.

Acredita-se que a tradição de comer o leitão e mesmo a utilização de grande quantidade de partes
do porco e seus derivados (banha, pernil, torresmo etc.) nas mais diversas receitas mineiras tenha
se fixado por influência dos portugueses, que, nos pousos e pequenos vilarejos à beira das trilhas
das Minas Gerais, criavam porcos para servir aos tropeiros que por lá passavam na busca
incessante do ouro.
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O leitão pururuca é, portanto, uma legítima amostra da adaptação em terras mineiras, com seus
temperos e modos de fazer, de tradições vindas de além-mar e que até hoje nos deixam com água
na boca.

1 leitão de 5 kg
8 dentes de alho esmagados
1 cebola picada
Suco de 5 limões
1 garrafa de vinho branco seco
Pimenta do reino
1 pimenta malagueta picada
Vinagre
Sal a gosto
Óleo
Pimenta do Reino

Modo de Fazer:

Fazer uma marinada com o vinho, suco de limão, vinagre, cebola picada, pimenta do reino, sal,
pimenta malagueta e alho esmagado.
Passar essa marinada em todo o leitão.
Deixar o leitão no tempero por, no mínimo, 24 horas.
Colocar numa assadeira, proteger as orelhas e o rabo com papel alumínio para que não queimem.
Colocar na assadeira a marinada do tempero, mais um pouco de água e uns dois copos de óleo.
Cobrir com papel alumínio e levar ao forno por cerca de uma hora e meia.
Olhar o assado e com uma colher grande ou concha regar o líquido do fundo da assadeira sobre o
mesmo.
No final do cozimento, retirar o papel alumínio e deixar o leitão dourar.
Quando estiver no ponto, colocar uma panela com 1 litro de óleo para esquentar.
Quando o óleo estiver bem quente, quase saindo fumaça, jogar essa gordura sobre o leitão para
que sua pele estoure e se torne a famosa - pururuca.

Torresmo

2 kg de toucinho de barriga
2 latas de óleo
Sal a gosto
1 cálice de cachaça

Modo de Fazer:

Cortar o toucinho em cubos. Lavar, secar e temperar com sal e cachaça.


Colocar óleo em uma panela funda e de fundo grosso, em quantidade suficiente para cobrir os
torresmos.
Colocar os torresmos e ligar o fogo, mantendo a chama baixa.
Deixar cozinhar até branquear. Desligar e deixar esfriar.
Em outra panela aquecer bem o óleo e colocar os torresmos para pururucar.
Opcional : ao retirar, polvilhar farinha de mandioca por cima.
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Pão de queijo

200 ml de leite
200 ml de água
100 ml de óleo
1 kg de polvilho azedo
1 colher de sobremesa de sal
6 ovos ligeiramente batidos, um a um.
800g de queijo meia cura ralado ou parmesão ralado fino

Modo de Fazer:

Ferver o leite com a água, o óleo e o sal. Escaldar o polvilho e deixar esfriar um pouco. Juntar os
ovos, um de cada vez, amassando bem. Misturar o queijo e amassar mais.
Gelar por 2 horas. Fazer pequenas bolinhas e colocar na assadeira untada com óleo.
Assar em forno pré-aquecido a 180°C até dourar.

Broa de fubá cremosa

3 ovos
1 pote de iogurte natural
1 copo de requeijão de fubá
1 copo de requeijão de açúcar cristal
1 copo de requeijão de leite
1 copo de requeijão de queijo minas curado ralado
1 copo americano de óleo de soja, até a risca
1 colher de café de sal
1 colher bem cheia de farinha de trigo
1 colher bem cheia de fermento em pó

Modo de Fazer:

Bater no liquidificador os ovos, acrescentar o iogurte, o fubá, o açúcar, o sal, o óleo e o leite.
Acrescentar o fubá, a farinha de trigo e bater mais um pouco. Acrescentar o queijo e por último o
fermento em pó. Assar em tabuleiro untado e polvilhado com farinha de trigo em forno médio
(180°C) por aproximadamente 45 minutos.
Ao retirar do forno, ainda quente, polvilhar com açúcar refinado e canela.

Doce de Leite

2 litros de leite
1 kg de açúcar

Modo de Fazer:

Misturar o leite e o açúcar em uma panela. Deixar cozinhar em fogo baixo.


Mexer de vez em quando com a colher de pau, para que a mistura não grude no fundo da panela.
À medida que o doce for engrossando, intensificar a freqüência das mexidas.
Assim que o fundo da panela começar a aparecer, o doce já está no ponto.
Deixar esfriar e colocar em uma compoteira.
Opcional: Acrescentar cascas de limão, para um sabor especial.

Necessidades do turista estrangeiro


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É muito importante pensar no turista e como ELE se sente diante de tantas novidades exóticas ao
visitar Minas Gerais.
Muitas vezes deslumbrado com as iguarias saborosas, não percebe que a caipirinha é preparada
com uma aguardente, que torresmo é pele de porco, e se delicia com nossas iguarias, todas
simultaneamente e com excesso.

O estômago do turista não está habituado a estes pratos e é sensível aos mesmos.

É importante avisá-los para não exagerar, explicar bem os ingredientes dos pratos.

É essencial equilibrar o cardápio dos restaurantes e especialmente dos hotéis e pousadas com
saladas e pratos leves, para os visitantes poderem optar por pratos simples e internacionais.
Um filé com fritas, um peixe ou filé de frango com legumes, uma salada verde com tomate, uma
sopa de legumes, um espaguete com molho de tomate e frutas, devem sempre fazer parte do
cardápio.
O Europeu está habituado a comer com pães de boa qualidade, no café e nas refeições. Quanto
melhor o pão que for servido no restaurante/hotel, mais satisfeito o turista europeu vai ficar e pode
voltar e recomendar para seus amigos e parentes.

Antes de comer com a boca, comemos com os olhos e com o olfato, é importante decorar os
pratos para atrair as pessoas que nunca provaram nossas especialidades, tutu de feijão não é
bonito à primeira vista.
Os utensílios mineiros - as gamelas, as vasilhas de barro, as panelas de pedra, o pilão, a colher de
pau e todos outros adereços são bonitos e charmosos, devem ser utilizados na mesa e no fogão
para caracterizar nossa região.

Seremos lembrados pelo turista, como um Estado que possui uma cozinha fascinante - com
história, sabor, design e personalidade.

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