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02/03/10 - 06h30 - Atualizado em 02/03/10 - 10h38

Para 'promovidos em série', gostar do


trabalho é chave para crescer
G1 ouviu história de quem entrou em cargos 'na base' e hoje está na chefia.
Confira como esses profissionais fizeram para subir na empresa.

Gabriela Gasparin Do G1, em São Paulo

Foto: Divulgação

De cima para baixo e da direita para a esquerda: Iris, Leandra, Thalita e André.
(Foto: Divulgação)

Eles começaram como atendentes ou recepcionistas em empresas e, hoje, são


gerentes, diretores e superintendentes. De acordo com os integrantes desse grupo
que escalou a "montanha corporativa", o sucesso depende acima de tudo de um
fator: gostar do que faz.

É claro que, além de ter paixão pelo trabalho, há uma série de outros itens que
compõem essa “fórmula”, acreditam os bem sucedidos. Para eles, é preciso
também ter vontade, dedicação, continuar a estudar e ter o incentivo da própria
companhia.

As histórias ouvidas pelo G1 foram as de Iris Barbosa, de 43 anos, que começou


preparando os lanches em um restaurante do McDonald’s e hoje é diretora de
treinamento para a América Latina e Caribe da empresa; de André Barbosa, 37
anos, que há dez anos entrou no Hospital São Luiz como recepcionista e hoje é
superintendente de operações da empresa, e de Leandra Gallo Antão, de 29 anos,
que foi recepcionista e hoje é gerente geral de um hotel da Atlantica Hotels
International.

Ouvimos também a história de Thalita Barreto Guimarães, de 26 anos, que entrou


na empresa do ramo farmacêutico Boehringer Ingelheim como estagiária e hoje é
gerente de produto. Confira as histórias abaixo.

Foto: Editoria de Arte/G1

Iris Barbosa (Foto: Editoria de Arte/G1)

Iris Barbosa

Iris tinha 16 anos quando conseguiu seu primeiro emprego formal. O cargo era de
atendente, preparando os lanches em um restaurante do McDonald’s, em São
Paulo. Antes, ela trabalhava na mercearia de seu pai em Osasco, na região
metropolitana do estado.
A busca pelo primeiro emprego veio por conta das necessidades da então
adolescente, que queria ter dinheiro para comprar suas coisas. “Eu não queria pedir
ao meu pai, pois sabia que o que ele tinha era escasso”, diz.

Na época, trabalhar na cozinha de uma lanchonete não era o emprego dos sonhos.
“Cheguei a fazer curso de datilografia porque queria arrumar emprego em banco ou
escritório. Sem experiência, eu não conseguia uma vaga.”

Iris ficou sabendo da seleção de candidatos para uma nova loja do McDonald’s e
resolveu arriscar. Ela cursava o ensino médio à noite e não tinha nada a perder.

Menos de um ano depois, ela havia passado pelo cargo de atendente, que tem a
função de preparar os lanches, e havia sido promovida a coordenadora da equipe.
Iris diz ter ficado estimulada com a oportunidade. “Com 17 anos eu já coordenava
pessoas que, até então, eram colegas de trabalho.”

De lá para cá, ela passou por outros oito cargos: depois de coordenadora, foi
promovida a subgerente da lanchonete e, aos 21 anos, recebeu o cargo de gerente
geral.

Por ser mulher e negra, afirma ter sofrido preconceitos. “Uma vez um cliente pediu
para falar com o gerente e, quando apareci, ele disse ‘não é com você que eu quero
falar, mas sim com o gerente responsável pela loja’.”

Ascensão
Depois de gerente geral, Iris passou pelos cargos de consultora de treinamento
(que visita os restaurantes para ajudar os gerentes no treinamento dos
funcionários), consultora de operações (apoio ao consultor de treinamento),
consultora de franquias (o mesmo trabalho, mas com franqueados), gerente de
treinamento (responsável por definir as ações estratégicas dos consultores),
diretora de treinamento no Brasil e, por fim, diretora de treinamento para América
Latina e Caribe, cargo que ocupa há quase três anos.


Tenho orgulho da minha trajetória. Sou mulher, sou negra e quando comecei
não tinha muita formação."

De vez em quando, ao visitar as unidades, Iris afirma ser questionada pelas


atendentes como conseguiu chegar aonde chegou. Para ela, o importante é se
identificar com o trabalho e buscar desenvolvimento para se diferenciar e atender
às necessidades da empresa.

A primeira coisa, sugere, é a pessoa saber o que quer fazer. “Todo mundo trabalha
porque precisa de dinheiro. Mas é muito melhor quando você gosta do que faz e
ainda ganha para isso.”

Durante a carreira, Iris chegou a cursar até o terceiro ano da faculdade de


economia e precisou parar por conta das viagens a trabalho. Voltou a estudar e se
formou em pedagogia. Depois, fez um MBA (Master of Business Administration) com
apoio do próprio McDonald’s. Ela também estudou idiomas e focou o aprendizado
no espanhol, idioma que diz ter mais afinidade.

André Barbosa

Foto: Divulgação

André Barbosa (Foto: Divulgação)

Quando André terminou a faculdade de publicidade e propaganda, aos 27 anos, ele


se viu sem um emprego fixo e precisando se virar com bicos que fazia em eventos.
A oportunidade de um trabalho registrado apareceu em um ramo completamente
diferente e com um salário bem menor do que ele ganhava nos eventos:
recepcionista do Hospital São Luiz, em São Paulo.

Cansado da vida instável, aceitou a proposta de começar tudo do zero e aceitou o


cargo no hospital. Hoje, uma década depois, André passou por mais quatro cargos e
ocupa a posição de superintendente de operações de uma das unidades do São
Luiz.

O primeiro cargo na chefia foi como líder administrativo e veio um ano e meio após
sua entrada na empresa. “Foi difícil no começo. Passei a fazer a gestão de pessoas
com a visão de chefia, o que eu não tinha até o momento”. De acordo com ele, a
empresa o ajudou por meio de cursos de liderança e capacitações.

Depois veio o cargo de encarregado (responsável não só pelo atendimento, mas por
outros setores), o de supervisor e, por fim, o posto de superintendente de
operações. Hoje, ele é o responsável por todos os setores do hospital, com exceção
da área médica. “Na época, eu não imaginava ocupar o cargo que tenho hoje, mas
entrei focado em aprender e evoluir. Sempre almejei a chance de conseguir algo
maior”.

Dificuldades
Durante a trajetória, André afirma que passou por momentos difíceis e teve dúvidas
se estava no caminho certo. “Trabalhar em hospital inclui uma rotina muito
estressante. Passamos sábados e domingos fazendo plantão de 12 horas enquanto
os amigos estão na praia ou no churrasco.”
Ele afirma que, nos momento de incerteza, é necessário tomar uma decisão: sair ou
permanecer decidido a fazer o melhor. “Superei decidindo que aqui [no hospital]
era o meu lugar.”


É preciso sobreviver à fase conturbada na empresa. Passando por ela e
decidindo o que quer, aí as coisas ficam mais fáceis"

O superintendente afirma que o que o segurou no emprego foi o prazer de ajudar as


pessoas, o que é essencial em trabalhar em um hospital. “No hospital,
diferentemente dos outros lugares, a primeira impressão não é a que fica. Aqui
vemos as pessoas no seu limite”, diz.

André também procurou aperfeiçoamento profissional. “Ninguém é promovido sem


se reciclar.” Ele fez pós-graduação em administração hospitalar e atualmente cursa
MBA em gestão empresarial. “Tenho que me interessar pelo que não sei.”

Para André, porém, antes de tomar os passos para crescer na empresa, o


profissional precisa se convencer de que é isso que ele quer fazer. “Se a pessoa
estiver em dúvida, irá achar que o esforço não vale a pena. Quando se está
convencido, não há limites. Você sai tarde, chega cedo e estuda à noite.”

Leandra Gallo Antão

Foto: Editoria de Arte/G1

Leandra Gallo Antão (Foto: Editoria de Arte/G1)

Leandra ainda estava na universidade quando, aos 21 anos, começou a trabalhar


como recepcionista em um hotel da Atlantica Hotels International. Ela cursava
hotelaria e já tinha como objetivo profissional chegar ao posto de gerente-geral de
um hotel.

A então estudante só não sabia que o sonho se tornaria realidade dentro de três
anos e meio.A primeira promoção foi para supervisora de recepção, oito meses
após sua chegada na empresa. Depois, foi promovida a gerente de operações e,
logo depois a, gerente-geral.

“Acho que o importante foi minha demonstração de satisfação pelo trabalho e pelo
atendimento aos hóspedes”, revela. Ela conta que tem amor pelo que faz e sente
prazer quando precisa resolver problemas.
“Chamo os clientes de ‘meus hospedezinhos’. Quem está em volta percebe quando
a gente gosta do que faz”, afirma.

Ela diz acreditar, porém, que questões como conhecimento técnico e paciência
também são importantes para o crescimento profissional. Thalita também diz que
gostar do que faz é fator importante para crescer na carreira.

Foto: Editoria de Arte/G1

Thalita Guimarães (Foto: Editoria de Arte/G1)

Thalita Barreto Guimarães

Apesar de ter se formado em farmácia, ela conta que sempre teve vontade de
trabalhar com marketing farmacêutico. Aos 22 anos, aceitou a oportunidade que
apareceu de ser estagiária de marketing na Boehringer Ingelheim, que atua no
setor de farmácia. "Aprendi a me apaixonar pela empresa e profissão”, diz.

Hoje, quatro anos depois, ocupa o cargo de gerente de produto. “Parece piegas,
mas acredito que o ‘segredo do sucesso’ é o encontro da oportunidade com a
competência”, diz.

Empresa tem que ajudar


Para a professora do departamento de administração da Universidade Brasília
(UNB), Debora Barem, conseguir a tão almejada promoção na carreira não depende
somente do funcionário, mas também da empresa.

“A empresa tem que dar a possibilidade, caso contrário, o funcionário não consegue
construir a carreira”. Segundo ela, sem o apoio da companhia, é melhor o
trabalhador procurar o crescimento em outra empresa. “Dar murro em ponta de
faca não funciona”

O papel do profissional, por sua vez, é perceber que tem competência para
determinada áreas e correr atrás do crescimento.

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