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Uberaba-MG, 25 de fevereiro de 2010 (quinta-feira)

IF Triângulo Mineiro – Unidade I (campus fazenda)


Aluno: Júlio Henrique Campos – 3º Período Ciências Sociais.

Antes de mais nada, gostaria de dizer a todos presentes que estamos mais uma vez
engajados em discutir, dialogar, nesse IIº Café Filosófico um tema tão importante
como o EXISTENCIALISMO. Apenas lembrando, que a palavra “engajado” que
acabei de citar acima foi a representação do existencialismo na época das discussões
às margens do Rio Sena na Paris pós Segunda Guerra Mundial.

Sei que não estamos sentados na zona boêmia do Rive Gauche, como era chamado o
lado esquerdo do Rio Sena – local de artistas, escritores e filósofos como: Picasso,
Verlaine, Matisse, Hemingway, Fitzgerald, somados ao principal deles, Jean-
Paul Sartre, muito menos nos porões do Quartier Latin (bairro estudantil), nem em
quartos de hotéis baratos, nem nos incontáveis restaurantes ou cafés que ali
proliferavam; mas estamos engajados “SIM” de forma extremamente salutar e criativa
no IF Triângulo, na cidade de Uberaba-Minas Gerais, no Brasil, como intelectuais
atuantes e coerentes com nossas idéias, exatamente 30 anos após Sartre ter nos
deixado.

O que será que nos move até aqui nesse encontro? Liberdade, deveres, moral,
virtude? Sartre dizia que a “falta de superego” que o motivou a buscas contínuas de
destinos renovados para si e para a humanidade como um todo. Na minha opinião,
essa falta que ele se referia, era a ausência de seu pai, que faleceu quando Sartre
tinha apenas 01 ano de idade. Sartre relatava: “Se meu pai vivesse, eu conheceria
meus direitos e meus deveres: ele está morto então eu os ignoro.” E nós, sentimos
falta de algo, algo que poderia ser diferente, que poderia ser melhorado? Claro que
sim, estamos aqui por isso. Sartre dizia: “devemos aceitar as responsabilidade e agir
de acordo”. Quando serviu na 2ª Guerra Mundial ele citou: “sou responsável até pela
Segunda Guerra Mundial, eu sou essa guerra”. Em alusão à citação de Sartre, talvez
até mesmo parodiando-o, também merecemos dizer: nós somos esse Café Filosófico e
somos responsáveis por ele.

Mas o que realmente Sartre gritava para o mundo ouvir, além do que todos já sabiam
sobre o existencialismo – “de que a existência precede a essência, ou seja, o homem
existe antes de ser”. Sartre caminhou por uma evolução filosófica que vai desde a
individualidade solipsística (“só eu existo”) → engajou-se na sociedade em geral, na
política → passando por lemas niilistas, pela paixão inútil de “O ser e o nada” e os
primeiros desdobramentos da psicanálise existencialista → até atingir o humanismo.
Viveu duas guerras mundiais, era baixinho, era vesgo, usava óculos, cheio de
espinhas, com cara de sapo, cabelo ralo, amante da futilidade e do absurdo, do
proibido proibir, fumava, bebia, usava mescalina (alucinógeno) que o fazia ver a
realidade como “viscosa e obscena”, não aceitava prêmios, negou em 1964 o Nobel
de Literatura, tinha um affair liberal com a escritora Simone de Beauvoir – um
“sapo” que namorava um “castor” (apelido de Simone – símbolo de trabalho duro e
energia), se achava gênio, se achava mil Sócrates, tinha consciência do que estava
fazendo, dizia que sua liberdade era optar por ser Deus, sem dúvida alguma o
principal produto francês de exportação naquele momento pós-guerra. Maior que seu
amor pela cerveja, por mulheres e pela vida, foi sua esperança em buscar um mundo
melhor, com mais humanismo.

Portanto, as principais categorias das filosofias existenciais que passaram para a


cultura existencialista, ou seja, os modos possíveis de relacionamento do homem com
o mundo são: a subjectividade, o nada, a temporalidade, a angústia, a
comunicação, a ambiguidade, o paradoxo, a contingência, o absurdo, a
futilidade, a autenticidade, a alienação, a liberdade, a escolha, a decisão, o
compromisso, a situação, o estar-no-mundo, o fazer-se a si mesmo, a morte,
o fracasso e a esperança.

Encerro com uma célebre frase de Sartre: “deixe-se esmagar ou concorra à


presidência, mas tenha consciência do que está fazendo”. Sejamos conscientes
sempre.

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