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HILTON GÕRRESEN
Copyright © 2008 Hílton Görresen
Revisão e Edição: o Autor
Capa: Lizie Capello
469.5
G673q Gõrresen, Hílton.
O que aprendi sobre redação : e posso lhe ensinar /
Hilton Gõrresen. - Blumenau : Nova Letra, 2008.
80 p.
ISBN 978-85-7682-343-8
Introdução ...................................................................................... 7
No começo era o verbo..................................................................... 9
Concepções de gramática ................................................................ 10
Língua escrita x língua falada ......................................................... 11
A frase ............................................................................................ 12
A redação ........................................................................................ 12
O texto ............................................................................................ 13
- Formas do texto ............................................................................ 14
- A crônica ...................................................................................... 17
- Unidade do texto........................................................................... 17
- Coesão e coerência........................................................................ 18
- Elementos que interferem no texto ................................................ 21
- Qualidade do texto ........................................................................ 22
- Gerenciando o texto ...................................................................... 23
- A leitura do texto .......................................................................... 24
Conteúdo ........................................................................................ 25
- Originalidade
- Peneirando os fatos ....................................................................... 29
- Pressupostos e subentendidos ...................................................... 30
- Como achar o conteúdo do texto? ................................................. 31
Expressão ....................................................................................... 32
- Objetividade e clareza ................................................................... 32
- Fluência ....................................................................................... 35
- Paralelismo ................................................................................... 39
- Concisão ....................................................................................... 40
- Lugares comuns ........................................................................... 41
- Metáforas ..................................................................................... 42
- Aspas e parênteses ....................................................................... 43
- Um caso de crase .......................................................................... 44
- Recursos gramaticais .................................................................... 45
Estrutura do texto........................................................................... 48
- Tema e assunto ............................................................................ 52
- A tese ........................................................................................... 54
- Planejamento do texto ................................................................... 55
- "Enchendo lingüiça" ...................................................................... 57
Argumentação ................................................................................. 58
Parágrafo ........................................................................................ 62
Organização do texto ....................................................................... 64
Revisando o texto ............................................................................ 67
Bom senso e bom gosto ................................................................... 68
Correspondência ............................................................................. 69
Estratégias de construção do texto empresarial ............................... 75
Anexo:
- Plano de Redação .......................................................................... 78
INTRODUÇÃO
Você que está aí tranquilão pode achar que escrever é coisa para "poetas". Para
que saber redigir? Na certa haverá coisas mais importantes para se fazer.
Mas sempre chega a hora em que terá de enfrentar o papel em branco. Carta para
uma instituição argumentando que lhe estão cobrando algo indevidamente, para
sua escola, relatório de pesquisas, nota para a imprensa reclamando de algum
deslize dos órgãos públicos, monografia em seu curso, e por aí vai. E agora? Você
sabe certamente que o texto bem elaborado dá maior credibilidade à mensagem,
possui eficiência muito maior.
Você já ouviu muitas vezes alguém dizer que redigir é uma coisa difícil. Mas o
diabo não é tão feio como pintam. Para redigir, não é necessário fazer literatura,
nem procurar fazer bonito utilizando vocabulário difícil e construções sintáticas
rebuscadas. O principal é aprender a gostar de escrever: narrar, dissertar,
descrever, fazer crônicas, letras de música, poesias para a namorada.
Assim como você pode discutir com eficiência sobre futebol, política, música,
garotas, e outros assuntos do cotidiano, pode também colocar as idéias no papel.
Basta apenas bom senso e organização, enriquecidos com algumas técnicas para
melhorar a apresentação de seu comunicado.
Pronto. Parece fácil, não? Mas o redator deve tomar algumas decisões: como
abordar o assunto? Que tipo de linguagem adotar? Que argumentos poderão
convencer o dono do restaurante? Se a pessoa conseguir redigir um bilhete que
seja claro, discreto, inclua todas as informações necessárias sem ser prolixo, já é
um bom sinal.
E isso não é tudo. Como transmissora da cultura, é ela a responsável pelo atual
estágio de nossa civilização. Sem o registro, pela palavra, de todas as experiências
anteriores do ser humano, o mundo seria um eterno recomeçar, um eterno
ensaio-erro, a fim de se inventar alguma coisa. Não é à toa que diz a Bíblia: no
começo era o Verbo. A linguagem é o início de tudo!
CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA
Quando se fala em gramática, todos (ou quase todos) têm em mente aquele livro
por vezes chato trazendo regras para "bom uso" da língua. Na verdade, o termo
gramática refere-se também à estrutura de qualquer língua, consagrada pelo uso
e internalizada na mente dos falantes. Digo falantes, visto que mesmo as línguas
apócrifas, isto é, que não possuem escrita, têm a sua gramática. Vê-se portanto
que não é a gramática dos livros que determina o aprendizado da língua.
Por esses aspectos, e por seu registro ser permanente, é natural que a escrita se
torne mais policiada, mais controlada socialmente, e que a evolução de suas
formas seja processada de modo muito lento, para garantir o entendimento aos
leitores de outras regiões e de outras épocas. Daí que, enquanto uma se
transforma dinamicamente, a outra permanece com formas ―clássicas»‖ não
podendo, portanto, tornarem-se modelo uma da outra.
A FRASE
A REDAÇÂO
A redação é constituída toes básicas, o que dizer, como dizer a quem dizer. Bem
ou mal, todos possuem um conteúdo (o que dizer), derivado de nosso repertório,
que pode (e deve) ser enriquecido com leituras, experiências e informações.
Lembre-se de que ninguém pode dar o que não tem.
O que tentarei fazer será municiá-lo com as ferramentas para enfrentar um texto,
principalmente o dissertativo. Enfrentar no sentido lúdico, de afastar o medo e
redigir com prazer. Se conseguir isso, estarei satisfeito.
O TEXTO
Texto é toda mensagem expressa por uma combinação de signos. Mensagem, por
que deve transmitir alguma coisa. E os signos utilizados podem ser palavras,
desenhos, notas musicais, sinais, movimentos, comportamentos...
Todo texto é criado com um objetivo, com uma intenção, clara ou implícita,
definida ou inconsciente (informar, expressar sentimentos, persuadir, divertir,
divulgar, compor uma imagem etc). Não se redige nada gratuitamente. Nenhum
texto é neutro, mesmo os ditos textos imparciais, jornalísticos ou científicos.
Se um amigo vai lhe visitar, num dia frio, e sua casa está com as janelas abertas,
ele poderá perguntar: você está com calor? Aí, você percebe que a intenção dele é
sugerir que você feche as janelas, não é isso?
FORMAS DO TEXTO
Existem três formas de organizar o texto. Sempre que você pensar em redigir,
fatalmente utilizará uma dessas três formas (ou todas elas):
DESCRIÇÂO
O salão era enorme, cercado de vidros por um lado, de livros pelo outro. Tinha
aparência de biblioteca pública, (plano geral)
Ao fundo, era a mesa de trabalho do diretor. A sua cadeira, grave e refinada
(impressões do redator), de couro, com brasões, datava do século XIX. Sobre a
mesa, um abajur trabalhado em prata, com a proteção dourada, de bordas
recortadas. Ao seu lado, uma pilha de documentos, de modo organizado, e um
cinzeiro de prata cheio de tocos de cigarrilha, (impressões do redator),
NARRAÇÃO
Para esclarecer o que houve naquela madrugada, preciso antes falar do Mineiro.
Mineiro era um legitimo mineiro - discreto, fala mansa, um bigodinho fino. Alugou
um quarto no hotel familiar, não pretendia permanecer muito tempo na cidade,
(INTRODUÇÃO)
Um dia, recebeu convite para uma festa fantasia. Recusou. Mas de noitinha,
movido pela solidão do sábado, teve vontade de ir, só não tinha fantasia. Pegou um
lençol, fez dois furos para os olhos e estava pronta a fantasia de balula (fantasma).
Nem chegariam a saber que esteve na tal festa.
Divertiu-se naquela noite. Pela madrugada, resolveu ir embora. Não sei se pelos
cubas que tomara ou para manter-se incógnito, foi fantasiado para o hotel. As ruas
estavam desertas, (DESENVOLVIMENTO)
Por ser dirigida ao público de jornal, a crônica utiliza linguagem mais simples e
ágil, de fácil entendimento. Seu texto também é limitado pelo espaço concedido ao
cronista, razão pela qual não se pode aprofundar o tema.
Seu objetivo, além de entreter o leitor, é fazê-lo refletir sobre cenas ou assuntos
que passam despercebidos ao seu olhar, mas nunca ao olhar curioso do autor.
Uma conversa no bar, um revoar de pássaros, um vendedor de rua, tudo é
assunto para o cronista.
UNIDADE DO TEXTO
COESÃO E COERÊNCIA
O CINEMA WESTERN
O cenário dos westems é, como já foi dito, o Oeste dos Estados Unidos, a partir da
Unha do Mississippi, desde o período que precede a Guerra Civil Americana até ao
virar do século XX. (...) Ê o tempo da ocupação de terras; do estabelecimento de
grandes propriedades dedicadas à criação de gado; das lutas com os índios; das
corridas ao ouro na Califórnia; da demanda das terras prometidas e da guerra no
Texas.
(Wikipédia)
Autor
Intenção/objetivo
Destinatário/interlocutor
Cada um desses elementos interfere nos outros. É óbvio que um texto tem um
autor. Mas quem é ele? Um superior hierárquico, um empregado, um cientista,
um religioso, uma empresa, um órgão do governo?
Qual a credibilidade de um texto técnico escrito por um leigo? Num texto de órgão
de imprensa devemos desvendar a linha ideológica por baixo das notícias e
editoriais. Um texto de um diretor dirigido aos empregados está ligado ao
exercício do poder. Um texto do professor (uma apostila, por exemplo) deve ser
seguido pelos alunos. Um texto de um religioso deixa as marcas de suas crenças
(se for espiritista, por exemplo, irá mencionar reencarnação, espíritos de luz, etc).
Veja, então, que o tipo de autor influencia a intenção e o destinatário.
Ninguém escreve (ou fala) nada sem uma intenção ou objetivo. A intenção pode
ser a mais tola possível, como apenas "pegar no pé" de alguém, "tirar um sarro".
Pode ser puxar conversa ou mostrar-se educado. Daí as frases do tipo "parece
que vai chover", "você mora aqui mesmo?" e outras.
Sua intenção, é claro, não é obter uma resposta à pergunta, mas fazer com que
fulano ligue o aparelho. Entendendo a mensagem, Fulano acha que a visita (o
autor do texto) merece consideração e faz o solicitado. Fosse a frase dita por um
amigo gozador, a intenção não seria a mesma, e sim a de "pegar no pé" de Fulano.
Se o destinatário não fosse Fulano e sim um empregado, proibido de mexer nos
aparelhos da casa, a mensagem não teria eficácia.
QUALIDADE DE UM TEXTO
A qualidade de um texto não está (apenas) no acerto gramatical. Aliás, está muito
mais em aspectos que ultrapassam a parte linguística. Pode ser medida em
relação à intenção, ao universo do receptor e ao assunto.
GERENCIANDO O TEXTO
Hoje se fala muito em gestão. Gerir ou administrar alguma coisa aparenta ser
mais eficiente do que simplesmente "tocar em frente". Administração de pessoal,
gestão de informação. Então, por que não falarmos também de gerência de
textos?
Mas não é isso, gente. Um texto - que não seja informativo - adquire o sentido
que lhe dá o leitor. O leitor não é um ente que recebe passivamente o texto. A
leitura é um processo de cooperação, no qual o leitor emprega seus
conhecimentos e sua experiência de vida, preenchendo lacunas, ampliando ou
substituindo sentidos. Numa crônica recente, na qual comentava o caxangá,
brincadeira infantil ("Escravos de Jó jogavam caxangá"), afirmei que, naquele
tempo, o governo havia mandado fechar todas as casas de caxangá.
Para entender o trecho como uma sátira, o leitor, além de identificar a época de
Jó, teria de relacioná-la com o atual fechamento das casas de bingo.
Cada um deles efetuou uma "leitura" do mesmo fato. Assim acontece na leitura
de textos; muitas vezes, o leitor tende a valorizar frases ou sentidos que para o
autor não passaram de pormenores.
Quando afirma que não gostou de determinado texto, é porque esse não "bateu"
com seu repertório de vida, não provocou sua imaginação ou não desafiou sua
inteligência, levando-o a ir além do que está escrito. Por isso, Umberto Eco
denomina alguns tipos de texto de "obras abertas"; são textos que estão abertos
ao entendimento e à interpretação de cada leitor
CONTEÚDO (o que dizer)
Tudo isso forma nosso repertório. Você não pode transmitir o que não possui
dentro de você, não é mesmo? Num sentido mais amplo, podemos dizer que o
emissor último de um texto é a própria sociedade em que nos achamos inseridos,
pois ela nos fornece os valores e ideologias que compõem nosso repertório.
UNIVERSO IDEOLÓGICO
Todo refrigerante serve para beber. Todo papel higiênico tem a mesmo função,
não é mesmo? O que cria a diferença entre uma marca de produto e outra é a
forma de apresentá-las ao consumidor.
Nossas mensagens estão recheadas de recursos, digamos assim, que não são de
nossa autoria. Muitos não falam em beleza sem repetir os versos de Vinícius: "as
feias que me perdoem...". Outros se valem de frases ou idéias de escritores, de
comunicadores, de humoristas, da Bíblia, etc. Há alguma novidade nos discursos
de políticos? E nos programas da televisão?
Quando nos posicionamos diante da realidade, mesmo sem saber estamos nos
enquadrando em algum sistema filosófico. Quem sabe você não percebeu ainda
que é um estóico, um positivista ou um bergsoniano?
Como escrevi anteriormente, quem fala por nós é a própria sociedade, que nos
fornece os valores e ideologias que formam nosso repertório. Desse modo,
dificilmente o conteúdo do que dizemos será original. Dito de outro modo: nada se
cria, tudo se copia.
E então, o que nos resta? Se não somos capazes de criar idéias novas,
procuremos ser originais na forma de expressá-las. Se isto faz diferença na venda
de papel higiênico, por que não o fará em nossos comunicados?
PENEIRANDO OS FATOS
Veja, como exemplo, os itens a seguir, referentes aos "pontos polêmicos" do novo
estatuto do advogado, publicados em 1994 por um conhecido jornal de S.Paulo:
Quando redigir, você não poderá evitar a análise dos fatos pela sua ótica pessoal,
mas procure ser o menos subjetivo possível na sua argumentação, evitando
opiniões e julgamentos "contaminados" pelas suas emoções.
PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS
Num ato de comunicação, é comum a existência de coisas não ditas. Essas são as
informações implícitas. Ligados a elas, estão dois fenômenos lingüísticos: os
pressupostos e os subentendidos.
Subentendidos são aquilo que se diz não dizendo. Tenho uma crônica que se
inicia assim: "Atenção, leitor, esta é uma história tétrica. Por favor, chame as
crianças". Há aí uma informação subentendida, a de que são as crianças que
mais "curtem" as histórias de terror.
Quando lê uma fábula, como "A Cigarra e a Formiga", como você a interpreta?
Um incidente entre pequenos animais? Um tipo de anedota: você passou o verão
cantando? Então agora dance! Hahaha!
Não é nesse nível que está o conteúdo, principalmente nas narrativas. Debaixo de
qualquer texto existe uma estrutura, como nas construções. No caso, trata-se de
um confronto entre valores mais amplos: o Trabalho e o Lazer. Para os padrões
da época - e na mente do criador da fábula o trabalho artístico (representado pela
cigarra) não tinha valor. Era simples representação do ócio. O que o autor queria
dizer, em outras palavras, era: quem não trabalha, não come. Narrativas nada
mais são do que a "figuração" de um tema. Em um texto, ficam impressas não
somente as idéias do autor, mas as ideologias, os desejos e preconceitos do grupo
e da época a que pertence. Certamente na época nem se desconfiava de que
artistas (como a cigarra) e outros participantes da indústria do lazer poderiam
"faturar" mais do que os que "pegam no pesado".
Entender um texto é, portanto, entender a proposição que está por baixo do nível
do discurso. Independe da forma em que é apresentada. Com o mesmo conteúdo
você pode escrever um conto, uma poesia, uma crônica, um texto dissertativo, ou
até fazer um filme ou uma história em quadrinhos. Quantas obras foram
elaboradas para dizer o mesmo que Ataúlfo Alves conclui em uma de suas
músicas: eu era feliz e não sabia!
Se for analisar, notará que os dois textos significam a mesma coisa; o texto
narrativo, no caso, funciona como interpretação ou concretização da tese
formulada em termos abstratos no segundo texto.
OBJETIVIDADE E CLAREZA
Ora, direis, entender a linguagem! Sim, não é uma coisa fácil: na maioria das
vezes, as mensagens não são entendidas como deveriam. Não é raro as pessoas
entenderem o contrário do que se pretende. Nesse caso, ao invés de comunicar
(tornar comum), a linguagem complica e pode causar antagonismos. Isso pode se
dar por falhas de entendimento do leitor ou por falta de clareza do texto. A
linguagem que utilizamos é imprecisa. Não é como a linguagem matemática, na
qual 2 + 2 são quatro e ponto final. Por isso precisamos ser claros: utilizar as
palavras mais adequadas, eliminar as frases longas e arrevesadas, colocar o leitor
dentro do contexto.
Parece uma contradição? Não é. Aí, funciona o bom senso do redator, a fim de
perceber o que é ou não necessário. O que está faltando e o que está sobrando no
texto.
O texto não está sendo claro nem objetivo. Deixa de fora a informação que define
um vampiro: o fato de sobreviver à custa do sangue de pessoas e animais. Outra
pessoa - um louco, por exemplo - poderá atacar as pessoas para sugar-lhes o
sangue. Não esclarece que se trata de uma lenda (que foi aproveitada pelo escritor
Bram Stocker na criação do personagem Drácula). Descreve detalhes que não são
importantes para a definição e que não se aplicam a todo vampiro: vestir-se de
preto, morar em um castelo antigo, atacar à noite.
EVITAR o uso de palavras das quais você desconhece o significado correto e que
podem tornar sua frase até ridícula.
Ex.: "férias fatais", por férias no prazo fatal; "pessoas fami-goradas", por famintas;
"vestido lutulento" (ref. a lodo), por vestido de luto.
SUPRIMIR prolixidade, palavras demais para dizer pouco (o belo rio que banha
com suas águas a parte norte de nossa cidade = o rio Tererê).
EVITAR termos e idéias de sentido impreciso. Ex.: elevada quantia, boa margem
de lucro, condições deploráveis... O que significa uma condição de vida
deplorável? Depende da própria condição de vida do receptor. Seja, portanto,
mais específico.
EVITAR afirmações generalizadas. Ex.: como todos sabem... (talvez nem todos
saibam); a população pobre não possui divertimentos...; todos nessa região falam
mal o idioma (e se um ou dois o falarem bem?), etc.
FLUÊNCIA
Você gosta de dançar? Ou de praticar surfe? Pois é, ter fluência (eu disse fluência,
não flatulência) é ter a habilidade de fazer o texto deslizar, como numa dança, ou
como uma prancha sobre as ondas. Ao lê-lo, o leitor tem aquela sensação de que
as palavras se encaixam umas nas outras, os sons se combinam como numa
música, sem entraves, sem obstáculos.
Para conseguir isso, você terá de "apurar os ouvidos", fazer uma leitura mental, e
sentir se suas frases deslizam ou caminham pesadamente, dando freadas
repentinas, esbarrando em vírgulas mal colocadas, em construções arreve-sadas,
em frases intercaladas. Em outras palavras, se elas "pisam no pé" do leitor.
As frases devem ter ritmo. Quando redige, você deve variar os passos como numa
dança. Nada de ficar somente no "dois pra cá dois pra lá". Experimente intercalar
frases curtas e frases mais extensas (não tão extensas que não se possa fixar a
informação).
Somente se usa vírgula após que ou se quando ali se intercalam termos, frases ou
orações. Ex.: Espero que, com as medidas ora implantadas, a empresa tenha
maior participação no mercado. Não sei se, com essa chuva, poderemos viajar.
Tenho certeza de que, as coisas vão melhorar. Conheço pessoas que, não têm
senso de humor. Não sei se, as coisas vão melhorar.
Uma seqüência de frases ou parágrafos curtos pode indicar uma visão dinâmica
ou fragmentada da realidade; o exagero em seu uso deixa a leitura monótona,
sem substância. A frase ou o parágrafo longo indicam uma visão total e sintética;
o exagero torna a leitura pesada e cansativa.
PARALELISMO
Ê necessário chegar a tempo e que tragas o violão. Funcionários cogitam nova greve
e isolar o prédio. As críticas buscam ser imparciais e que não haja excessos. Ele a
viu logo que ela houvera voltado.
Isso, por um lado, fixa o homem no campo, mas não lhe fornece meios de viver,
(correto: por um lado... por outro...) Fulano é tão inteligente igual ao pai. (tanto...
quanto...)
Nosso time é campeão quer em terra gu no mar. (quer...quer) O prejuízo foi tamanho
quanto da outra vez. (foi tamanho que... ou: foi tão grande quanto...)
"...Levou os meus planos, meus pobres enganos, os meus vinte anos e o meu
coração...". (Chico Buarque) "...meu sabiá, meu violão, e uma cruel desilusão, foi
tudo que ficou...". (Ary Barroso)
"Com açúcar e com afeto, fiz teu doce predileto..." (Chico Buarque)
CONCISÃO
A maioria das pessoas acha que a maior dificuldade a ser vencida na redação é o
acerto gramatical. No entanto, um dos problemas mais comuns que temos
encontrado em pessoas que redigem é a falta de concisão. Muitos nem percebem
que nela estão incorrendo.
Concisão é o contrário de prolixidade. Claro, você não deve se preocupar com ela
a ponto de tornar seu texto impreciso por falta de informações. Tudo tem seu
ponto ideal. Também nem toda prolixidade é problemática: há autores que usam
a prolixidade como estilo, detalhando as idéias, degustando a linguagem.
Inaceitável é a prolixidade viciosa, aquela em que o redator se enrola todo para
prestar informações simples.
LUGARES-COMUNS
Você certamente já ouviu falar nos irmãos siameses, aqueles que nasceram
ligados um ao outro. Pois existem palavras siamesas: parece que uma não existe
sem a outra. Normalmente são adjetivos que "encarnam" em algum substantivo,
formando o que se chama de "lugar comum". Duvido que você já não ouviu ou
usou estes termos: exame criterioso, lauto jantar, condição essencial, rigoroso
inquérito, prova concludente, amplamente divulgado, extenuante tarefa, situação
preocupante e outros.
METÁFORAS
Se você diz que Maria é bela como uma flor, está simplesmente efetuando uma
comparação. Se disser que Maria é uma flor, está produzindo uma metáfora.
Se você acha que metáfora é uma coisa rara, ouça (ou leia) ao seu redor. Nossa
língua vive coalhada de metáforas. Algumas delas estão tão enraizadas no
cotidiano, que a gente nem percebe.
Existem inúmeros casos em que palavras relativas ao ser humano nomeiam seres
inanimados: dorso das ondas, seio da floresta, braço de mar, olho do furacão,
rosto de livro, língua de fogo, cabeça de cebola e outros. Por outro lado, também o
homem pode ser "agraciado" com expressões do mundo natural. Fulano pode ser:
um anjo, um túmulo, um gato, um asno, uma montanha, um verme, um rato,
um armário, um mala...
A metáfora não é apenas um elemento para embelezar o texto, mas indica uma
visão que temos da realidade. Por que se "constrói" um casamento, uma amizade,
uma carreira; por que se "eliminam" concorrentes, adversários; por que se
"quebram" ou se "desfazem" expectativas como se fossem coisas concretas?
ASPAS E PARÊNTESES
OBS.: Na maioria dos casos, as aspas podem ser substituídas por negrito, itálico
ou sublinhas.
UM CASO DE CRASE
Eu sei, o uso da crase é uma coisa chata. Se depois de alguns anos de escola a
pessoa ainda necessita de regrinhas e macetes para poder utilizá-la, alguma coisa
está errada.
Mas o que é a crase? A maioria das pessoas acha que é aquele sinalzinho que se
coloca acima do "a". Não, aquele é simplesmente o acento grave, sinal que os
franceses utilizam em profusão. Crase é o processo de fusão de duas letras,
normalmente o "a" artigo definido feminino com o "a" preposição. Daí se deduz
que somente acontece antes de palavras femininas.
Um dos casos que suscita mais dúvidas é sua presença antes de pronomes
possessivos (deu um presente a sua filha ou à sua filha?). Alguns dirão que o uso
nesses casos é opcional, como se fosse um acessório de automóvel. Isto quer dizer
que você pode jogar no palitinho para decidir se há ou não a crase antes de um
possessivo?
Não é bem assim. Trata-se de uma questão de estilo. Vou explicar: você pode
dizer "dei o livro a seu dono" ou "dei o livro ao seu dono". No primeiro caso, faz
uso somente da preposição; no segundo, da preposição e do artigo. Por que você
optou por uma dessas formas? Possivelmente, porque é um hábito linguístico. A
mesma coisa acontece quando se trata de termos femininos. Você pretende dizer -
ou escrever - que deu o livro a sua dona (com preposição) ou à sua dona (com
artigo e preposição)?
RECURSOS GRAMATICAIS
Ex.: O mal em nosso país são os políticos (significado amplo, de maior extensão -
quais políticos?).
O mal em nosso país são os políticos ineptos e corruptos (significado limitado). Os
homens são sábios.
Os homens pacientes e humildes são verdadeiros sábios.
Você eliminaria os adjetivos dessas frases? Os advérbios, além de situar a ação do
texto no tempo e no espaço, cumprem variadas funções. Podem funcionar como:
Se eu disser: Choveu o dia todo. Em vista disso, as ruas não ficaram alagadas,
haverá falta de coesão, pois a locução (em vista disso) não se aplica ao sentido da
segunda frase, ocasionando igualmente falta de coerência.
Os verbos situam no tempo a ação ou o processo desencadeados em seu texto.
Tomando como base o tempo da redação, que é o momento em que você "toma da
pena" para redigir, você tem à frente três opções temporais nas quais situar o
discurso: presente, passado e futuro.
As ações que você descreve podem ter sido concluídas, a concluir, ou ainda estar
sendo realizadas. Deixando de lado o famigerado gerundismo (vou estar
enviando), há casos em que a ação decorrerá durante um determinado período
(vou estar trabalhando durante todo o dia). Há ações que se repetem no tempo (ele
vem alcançando as melhores notas na escola); outras, foram concluídas num
espaço momentâneo (estive trabalhando naquele horário).
ESTRUTURA DO TEXTO
INTRODUÇÃO
Qual o tamanho ideal de uma introdução? Não há imposição quanto a isso, mas
devemos observar o equilíbrio harmônico entre as partes do texto. Lógico que a
introdução não deve ser mais extensa do que o desenvolvimento do tema. Deve,
isso sim, ser suficiente para cumprir os objetivos acima tratados.
DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Nesta fase, é óbvio, você irá desenvolver as idéias que comprovam e demonstram
sua tese. Se o seu objetivo é convencer o destinatário, é preciso que você se utilize
de alguns atos comunicativos tais como: afirmativas, comparações, exemplos,
raciocínios, definições, ilustrações, informações. Pode também lançar mão de
artifícios de envolvimento emocional do leitor, tais como recorrer a valores morais,
familiares, religiosos, ecológicos, sociais, etc.
Num plano geral, a dissertação pode desenvolver-se utilizando os processos de:
Indução (do particular para o geral, do concreto para o abstrato);
Dedução (do geral para o particular, do abstrato para o concreto);
Analogia (explorando semelhanças entre áreas diversas ou entre idéias que
pertencem ao tema);
Contraste (explorando diferenças);
Desacordo (opondo-se a idéias ou conceitos correntes);
Causa e conseqüência (analisando-as com referência a um fato ou
acontecimento).
A CONCLUSÃO
SINTÉTICA:
Reforça uma idéia exposta
Acrescenta um "fecho de ouro" inesperado
Conclui um raciocínio desenvolvido
Retoma sinteticamente a tese apresentada
EXPANSIVA:
"Como se vê, purificar o Legislativo è trabalho para uma geração. Mas que pode ser iniciado
nas próximas eleições, recusando-se conceder um mandato popular a quem quer que já
tenha sido eleito para algum cargo público.' - conclusão EXPANSIVA (apresenta sugestões
para resolver um problema).
"Ora, quando uma causa politica se traveste de religião, acaba-se trocando o melhor da
politica pelo pior da religião. Perdem-se a conversa, a transigência e a negociação, que são
o melhor da política. Fica-se com a intolerância, que é o pior da religião.' - conclusão
SINTÉTICA (conclui um raciocínio /"fecho de ouro").
TIPOS DE INTRODUÇÃO DE TEXTOS
"Depois de uns tempos, (os aposentados) concluem que se toma tedioso viver
pescando ou cuidando de hortaliças... Que fazer então para que a aposentadoria
valha a pena?
"Entre os antigos persas havia um deus cujo corpo representava um dualismo: uma
metade personificava o Bem e a outra metade, o Mal. O nome do deus era Mani, de
onde derivou o termo maniqueísmo."
Esta estratégia - trate-se de uma história real ou fictícia, antiga ou atual - traz o
leitor para o "clima" do assunto a ser tratado. Trata-se também de uma forma de
personalizar e tornar mais assimilável o tema.
c) Com SUSPENSE:
"A brasileira Mônica Frydman, casada, duas filhas pequenas, recebeu, em junho do
ano passado, a pior notícia de sua vida."
Uma introdução não necessita apresentar a tese defendida logo "de cara".
Algumas vezes, ocupa-se primeiramente de "pescar" o leitor; outras, de enquadrar
o tema, estabelecendo uma ponte entre esse e a tese a ser desenvolvida.
TEMA E ASSUNTO
Digamos que você encontre dois de seus amigos conversando. Curioso, você lhes
pergunta: qual é o assunto? Futebol - respondem. Ou cinema. Mas estariam eles
falando sobre futebol ou cinema em geral? Não! Certamente falam de um
determinado aspecto desses assuntos: o campeonato estadual, a atuação dos
jogadores ou os filmes de terror, a crítica sobre o último filme assistido, etc.
No caso do futebol, podemos tematizar (tomar como tema) "a violência no futebol".
De dentro de um campo mais abrangente (o campo do Esporte) foi tirado o
assunto específico, futebol, do qual selecionamos o tema violência. Agora torna-se
mais fácil organizar o pensamento, pois será dirigido a um campo delimitado.
PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA
Por isso, nada melhor do que estruturar nosso texto partindo de uma
problematização: você acredita em A, pois eu lhe proponho B. E vou lhe dizer por
quê.
A TESE
Exemplos de teses:
a) "O papel ideológico dos heróis da comunicação de massa ficou evidente durante
a última guerra mundial..." (Segue-se a argumentação do autor).
Tese: os heróis da CM têm um papel ideológico.
b) "A forma mais eficiente, senão a única, de manipular pessoas é por intermédio
da palavra.(tese) Veja o caso da publicidade ..(argumento). Outros processos
utilizados nessa espécie de manipulação... (argumento).
PLANEJAMENTO DO TEXTO
Dissemos anteriormente que havia uma palavra mágica para garantir a unidade e
coerência do texto: planejamento. Planejar é saber com antecedência como irá
estruturar o texto: qual seu objetivo, quais os argumentos que serão utilizados,
que objeções poderão ser levantadas às suas idéias, como concluir, que tipo de
abordagem você pretende utilizar (irônica, satírica, moralista, persuasiva,
didática, etc).
O
cr
<
o"
Tendo resolvido a ordem e a importância das idéias a serem exploradas, você terá
a mente mais livre para se concentrar no desenvolvimento dessas idéias, ou seja,
na argumentação.
Nem todos os que escrevem costumam relacionar por escrito suas idéias, mas,
em se tratando de um texto extenso, isso se torna inevitável, para que o redator
não se perca e nem deixe de fora idéias e argumentos importantes. Alguns trazem
na mente o esquema que será desenvolvido. Na fase de revisão do texto sempre se
pode alterar a estrutura, eliminar ou acrescentar argumentos.
"ENCHENDO LINGÜIÇA"
Agora vamos ver como ficaria um texto redigido sem planejamento, cujo objetivo é
apenas "preencher as 20 linhas' exigidas numa redação:
OS PROBLEMAS NO TRÂNSITO
(Ah, lembrei de uma coisa) A indústria de multas (é moda falar da indústria de multas)
em nossa cidade tem apenas o objetivo de arrecadar dinheiro, não resolvendo de
modo nenhum a questão da desorganização do trânsito. (Ótimo, passei das vinte
linhas).
ARGUMENTAÇÃO
ARGUMENTOS:
a) "Quem viu Joinville há mais de 15 anos, não a reconhecerá mais. Foram abertas
novas avenidas, o tráfego deixou de circular pela Rua do Príncipe, que virou
calçadão. Com três grandes shoppings, os jovens que se concentravam em
pequenos pontos, como a Sorveteria Polar, freqüentam as praças de alimentação.
OBS.: Esse tipo de raciocínio denomina-se silogismo. Note que, nas duas
afirmativas iniciais, o termo que se repete (inexperiente) fica em lados opostos.
Outro exemplo:
A pessoa bêbada não tem condições de dirigir (verdadeiro). Fulano está bêbado.
Logo, fulano não deve dirigir.
Alguns tipos de argumento, como vimos, são construídos logicamente, não dando
margem a dúvidas. Outros, baseiam-se em valores subjetivos, construídos
socialmente, mas que em nossa cultura adquirem valor de verdade. Ex.: mais
pessoas compraram/leram determinado livro, logo o livro é bom (vide os best-
sellers). Fulano anda bem vestido, logo deve ser mais bem sucedido na vida do que
outros que andam mal vestidos. Fulano freqüenta assiduamente a igreja; logo,
trata-se de uma pessoa decente, digna de confiança. E assim por diante.
PARÁGRAFO ARGUMENTATIVO
"Pior do que criar uma página desinteressante, talvez seja inventar uma carregada
demais - design em excesso pode ser desastroso, (afirmativa)
O leitor acabará confuso e desinformado, (comprovação). Para ser bom, o design de
página precisa ser "transparente", isto é, não deve chamar atenção, ou não estará
cumprindo sua junção." (conclusão)
Algumas vezes, a afirmação pode se encontrar no final, como conclusão:
"Os animais lutam uns contra os outros por alimento ou liderança, mas não lutam,
a exemplo dos seres humanos, por coisas que representam a riqueza (dinheiro,
ações, títulos), distintivos de classe para a lapela ou números baixos de placas de
licença para automóveis, que alguns supõem corresponder a prestígio social. Parece
não existir entre os animais, exceto numa forma muito rudimentar, a relação onde
uma coisa representa aualauer outra." (S.I. HAYAKAWA)
OBSERVAÇÃO:
A fórmula AFIRMAÇÃO/COM PROVAÇÃO pode ser utilizada também em outros
tipos de parágrafos, como o narrativo e o descritivo. Ex.: " A cidade fica linda no
inverno." (comprovar) "A batalha foi desigual." (comprovar).
Para onde quer que nos voltemos, aí vemos o processo simbólico se processando.
Plumas no chapéu ou divisas na manga podem representar liderança militar;
conchas de marisco, braceletes de bronze ou pedaços de papel podem representar
riqueza; dois paus cruzados podem representar um grupo de crenças religiosas;
botões, dentes de alce, fitas, o corte de cabelo ou o estilo de tatuagem, podem
representar afiliações associativas.
S.I.HAYAKAWA - "A linguagem no pensamento e na ação".
PARÁGRAFO
Você abre uma revista ou livro atual e encontra tipos diferentes de parágrafo.
Alguns são curtíssimos, outros são quilométricos, outros ainda não se
completam. Isto é para você sentir que em questão de parágrafos não existe o
certo e o errado. Existe, sim, o parágrafo bem ou mal construído para cumprir o
propósito do autor.
Isso significa que você não deve cair nos extremos. Procure seu caminho para
redigir, elaborando parágrafos simples, com uma só idéia principal.
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
O texto dissertativo, que é o tipo que nos interessa, inicia com a problematização
de um tema. Nos textos meramente informativos não existe tal conflito. Podemos
visualizar assim nosso texto:
Introdução
Problematização ou conflito
Argumentação
Conclusão
Está bem, mas como se organiza isso? Tomemos um assunto, "o Lazer", do qual
delimitaremos como tema a violência na TV, em que defenderemos a seguinte
tese: os filmes da TV influem prejudicialmente na educação da criança. Atenção:
normalmente em provas e vestibulares o tema e a própria tese já se apresentam
delimitados.
Em nosso caso, vemos que existe um conflito LAZER (representado pela TV) x
EDUCAÇÃO. Podemos, com isso, montar nosso plano de redação, organizando as
informações e idéias que irão representar os dois times adversários. Como o
resultado do jogo já está marcado, o vencedor deverá ser o time da Educação.
EDUCAÇÃO
Família: concórdia, obediência
Escola: disciplina, respeito, estudo
Igreja: amor ao próximo, fé.
TV (filmes de violência)
Família: discórdias, brigas, rebeldias
Escola: indisciplina, ignorância, deboche
Igreja: mentira, mortes, roubos, desavenças,
e descrença.
Com tal planejamento, você não corre o risco de repetir as mesma idéias, estará
dando uma progressão de idéias ao seu texto. Veja, a seguir, como ficou: (texto
produzido apenas com objetivo didático)
A VIOLÊNCIA NA TV
Incidindo sobre a esfera familiar, tais filmes tomam como assunto a discórdia
conjugal, quase sempre terminada em separações, provocando nos filhos o senti-
mento de rebeldia. Sob outro aspecto, enfocam também brigas violentas entre os
próprios irmãos.
No que diz respeito à vida escolar, esses filmes fartam-se em mostrar cenas de
indisciplina, de deboche aos professores, enfocando, muitas vezes, a ignorância
como qualidade desejável, visto que heróis incultos mas violentos saem-se bem em
todas as situações.
Finalmente, as histórias veiculadas pela TV opõem-se aos ensinamentos dá própria
religião. Onde a igreja prega o amor ao próximo, esses filmes promovem a
desavença, a ganância, o desprezo. Onde a religião afirma o valor profundo da
vida humana, que apenas Deus pode tirar, a TV prega a filosofia contrária, em que
é muito fácil tirar a vida de um semelhante. Mostra, igualmente, a mentira e a
devassidão triunfando sobre a inocência. Com tudo isso, como não se abalar o bem
mais precioso da criança que e a f é?
Como vimos, por mais que se insista em uma educação mais abrangente e humana
para nossos filhos, tais intenções são neutralizadas pela ação anti-educativa desse
monstro que nós próprios introduzimos em nossos lares.
É nesse parágrafo que o Autor apresenta sua tese, que se acha contida no período
sublinhado.
Ao redigir, preocupe-se apenas com o fio de suas idéias; lance no papel o que você
pretende dizer, sem preocupar-se i " i i i o vocabulário, com a sintaxe, ou mesmo
com a pertinência das idéias. Sem atrapalhar seu potencial criativo.
Redigir é um trabalho artesanal. Muita vezes é necessário desfazer o que está feito,
em busca de melhor caminho. As idéias se atropelam e é preciso ordená-las (27
palavras)
BOM SENSO E BOM GOSTO
Concluindo, para bem escrever são necessárias duas coisas: bom senso e bom
gosto. Por isso se diz que escrever é uma arte. Munido de sua ferramenta (a
gramática), o redator se vale de sua arte para confeccionar belas peças.
O bom senso evita que cometa exageros, que diga mais do que deve ou que utilize
linguagem inadequada; evita, ainda, que se afaste do tema tratado ou do universo
do provável leitor. Faz também com que organize o texto, para sua melhor
compreensão e procure os termos corretos para traduzir o que pretende dizer. Na
maioria das vezes, sinônimos não produzem o mesmo sentido. Veja a diferença
entre casa velha e casa antiga.
O bom gosto faz o redator produzir textos fluentes como uma corrente d'água,
originais, atraentes, sem generalizações e preconceitos. Deixa de lado os lugares-
comuns e busca metáforas adequadas.
Para conseguir isso, você deverá "curtir" o texto que estiver redigindo, dar tudo de
si, como se estivesse confeccionando uma pequena obra de arte. Pergunte a si
mesmo: o que estou querendo comunicar? Minha mensagem irá de qualquer jeito,
ou vale a pena dar-lhe uma "arte final"? E nessa arte final é que você poderá
aplicar os preceitos de bom senso e bom gosto.
CORRESPONDÊNCIA
CARTA
Trataremos aqui por carta o tipo de correspondência, mesmo pessoal, que seja de
cunho formal. O texto da carta, ao contrário de outros tipos de texto, possui um
objetivo concreto, isto é, visa produzir uma ação real, FAZER ACONTECER algo:
efetuar uma venda, conseguir um pagamento, fazer uma reclamação, prestar ou
conseguir uma informarão, alterar um comportamento, etc.
TIPOS DE CARTA
ESTRUTURA FORMAL
CONTEÚDO/EXPRESSÃO
EMISSOR/RECEPTOR
a) "Fulano, a firma está mal de caixa. Faça um levantamento das duplicatas que
vencem no final do mês e escreva aos clientes solicitando pagamento em dia".
Objetivo: conseguir pagamento dos títulos nos prazos.
Situação: necessidade de dinheiro; necessidade de respeitar os clientes;
considerar a hipótese de que o cliente não é obrigado a pagar no prazo; a firma
precisa manter a clientela.
APELO / INCENTIVO
Para isso, utilizamos duas técnicas: apelo e incentivo. O Apelo visa atraí-los
emocionalmente, mexendo com seus interesses, suas necessidades, seus desejos,
etc. Observe que o destinatário não está interessado em resolver os problemas
nossos ou de nossa empresa, e sim em saber como seus problemas poderão ser
resolvidos ou quais as vantagens que lhe advirão ao fazer o que lhe pedimos.
Por isso, deve o redator ressaltar os aspectos positivos do que é proposto. Não
deverá dizer: "Em vista das dificuldades em organizar nossos arquivos,
solicitamos-lhes...", mas sim: "Visando reorganizar nossos arquivos para
proporcionar atendimento mais rápido aos nossos clientes, solicitamos-lhes...".
Outros exemplos:
a)"Nossos produtos, além de contar com grande aceitação, permitem faixa de lucro
de 10% a mais do que qualquer similar".
b) "Conhecemos sua solidez nos negócios e o prestígio de sua empresa, conquistado
ao longo dos anos..."
O incentivo, por seu lado, é um estímulo para captar, logo de início, a atenção do
receptor. Equivale à introdução no texto dissertativo. Serve para despertar sua
curiosidade ou sua boa vontade para a leitura do texto. É necessário que seja
criativo e pertinente ao assunto e ao receptor. O incentivo redigido sem
competência (principalmente utilizando lugares-comuns) poderá estragar a
mensagem, afastando o leitor, por isso deve ser usado sem exageros e com bom
senso.
"Gostaríamos de conversar sobre ecologia (o cliente é adepto). Mas o que tem a ver
nossa empresa com os problemas ecológicos?"
"Não vimos propor-lhe um negócio, mas sim colocar dinheiro em seu bolso..."
Há, nessa última, uma junção das técnicas de apelo e incentivo, despertando no
leitor o interesse e a curiosidade.
MOTIVANDO A AÇÃO
Ex.: "Não mande dinheiro. Apenas assinale sua opção no formulário anexo e
remeta-nos hoje mesmo." "Para fazer seu pedido, ligue para o fone..." "Preencha
esta autorização e debitaremos o valor em sua conta corrente."
Ninguém gosta de oposição às suas idéias ou de que lhe I icguem no pé", como se
diz comumente. Um bom modo de persuadir mais facilmente o destinatário é
levar em consideração seus pontos de vista, reconhecê-los como válidos, antes de
argumentarmos. Isso eliminará a idéia de conflito, Due poderá levá-lo a não
aceitar o que propomos.
Ex.: "Não pretendemos influenciar sua decisão, pois sabemos que é um leitor
inteligente. Mas veja as propostas que fazemos."
"Cremos que V.Sa. possui razões para ter suspendido a compra de nossos
produtos. A falha ocorrida em nossa última remessa foi lamentável. Como clientes,
teríamos feito o mesmo. Mas já tomamos todas as providências..."
"Sou obrigado a informar-lhes de minha decepção com essa empresa. Sei que,
devido a problemas de informática, como queda de sistema, muita vezes acontecem
falhas no controle dos pagamentos recebidos. No entanto, não se justifica que por
três vezes tenham deixado de registrar a quitação de minhas mensalidades, dentro
da data de vencimento, conforme comprovações anexas...." (carta pessoal para
empresa)
Satisfazendo os brios do receptor, estaremos removendo uma pedra do caminho
de nossas futuras negociações. Isso, com toda certeza, produz melhores
resultados do que tentar demonstrar-lhe que está errado e que nós é que estamos
com a verdade.
Prezados Senhores,
No caso de sermos atendidos, pedimos que nos forneçam as t nientações para que
possamos abraçar essa tarefa, que para nós será muito gratificante,
(CONSIDERAÇÕES)
Atenciosamente
CONCESSÃO DE EMPRÉSTIMO
Senhor Gerente:
Saudações
ESTILO ANÚNCIO - Colorido e atraente, com uso de imagens e movimentos
(substantivos, adjetivos e verbos, visado impressionar o receptor. Predomina o
uso da linguagem persuasiva (utilizado em malas diretas, ofertas de vendas,
publicidade, etc.)
"Depois de um bom tempo de convivência com sua revista, você conquistou uma
séria de privilégios. Escolheu uma revista feita para você, decidiu que ela deveria
chegar em seu endereço, aproveitou um preço fixo por ano e recebeu edições
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PLANO DE REDAÇÃO
Argumentos:
Estatísticas sobre separações
Causas do desmoronamento familiar
Instituição do divórcio
Liberação da mulher
Dissolução dos costumes (mídia)
Comentário sobre filme ou livro que ilustra o assunto
Conclusão
Consequências dos distúrbios familiares sobre os filhos (ou soluções).