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O que aprendi sobre redação não é

um livro acadêmico, muito menos um


manual contendo aqueles exercícios
que você não tem paciência para
realizar.
Trata-se de um diálogo com os leitores,
no qual o autor coloca para fora sua
prática de alguns anos como
redator/cronista e sua experiência
como analista e avaliador de textos nos
concursos e programas de treinamento
do Banco do Brasil, enriquecida com o
estudo de teorias e suas próprias
reflexões sobre o ato de escrever.
Esse acúmulo de experiências e
conhecimentos não poderia de maneira
alguma ficar repousando nas gavetas
da memória, sem a oportunidade de
ser transmitido a todos aqueles que
necessitam de alguma forma praticar a
redação, de maneira ocasional ou
constante: desde trabalhos
dissertativos, incluindo artigos para
jornais, até simples cartas de
reclamação a empresas (o livro inclui
um capítulo sobre a técnica de
correspondência formal).
É um livro claro e objetivo, de leitura
agradável, colocando à mostra muito
daquilo que não é abordado nos
manuais de redação. Sua leitura é
recomendada não só aos que
pretendem aperfeiçoar a técnica de
redigir, mas também aos que
pretendem desvendar a estrutura e o
significado de um texto, para sua
melhor interpretação.
O QUEAPRENDI SOBRE REDAÇÃO.
(e posso lhe ensinar)

HILTON GÕRRESEN
Copyright © 2008 Hílton Görresen
Revisão e Edição: o Autor
Capa: Lizie Capello

Digitalizado e revisado por: Tiago Walter Fagundes

469.5
G673q Gõrresen, Hílton.
O que aprendi sobre redação : e posso lhe ensinar /
Hilton Gõrresen. - Blumenau : Nova Letra, 2008.
80 p.

ISBN 978-85-7682-343-8

1 .Gramática – Concepções. 2. Redação. 3. Texto - Formas -


Conteúdo Argumentação. I. Título
SUMÁRIO

Introdução ...................................................................................... 7
No começo era o verbo..................................................................... 9
Concepções de gramática ................................................................ 10
Língua escrita x língua falada ......................................................... 11
A frase ............................................................................................ 12
A redação ........................................................................................ 12
O texto ............................................................................................ 13
- Formas do texto ............................................................................ 14
- A crônica ...................................................................................... 17
- Unidade do texto........................................................................... 17
- Coesão e coerência........................................................................ 18
- Elementos que interferem no texto ................................................ 21
- Qualidade do texto ........................................................................ 22
- Gerenciando o texto ...................................................................... 23
- A leitura do texto .......................................................................... 24
Conteúdo ........................................................................................ 25
- Originalidade
- Peneirando os fatos ....................................................................... 29
- Pressupostos e subentendidos ...................................................... 30
- Como achar o conteúdo do texto? ................................................. 31
Expressão ....................................................................................... 32
- Objetividade e clareza ................................................................... 32
- Fluência ....................................................................................... 35
- Paralelismo ................................................................................... 39
- Concisão ....................................................................................... 40
- Lugares comuns ........................................................................... 41
- Metáforas ..................................................................................... 42
- Aspas e parênteses ....................................................................... 43
- Um caso de crase .......................................................................... 44
- Recursos gramaticais .................................................................... 45
Estrutura do texto........................................................................... 48
- Tema e assunto ............................................................................ 52
- A tese ........................................................................................... 54
- Planejamento do texto ................................................................... 55
- "Enchendo lingüiça" ...................................................................... 57
Argumentação ................................................................................. 58
Parágrafo ........................................................................................ 62
Organização do texto ....................................................................... 64
Revisando o texto ............................................................................ 67
Bom senso e bom gosto ................................................................... 68
Correspondência ............................................................................. 69
Estratégias de construção do texto empresarial ............................... 75
Anexo:
- Plano de Redação .......................................................................... 78
INTRODUÇÃO

Você que está aí tranquilão pode achar que escrever é coisa para "poetas". Para
que saber redigir? Na certa haverá coisas mais importantes para se fazer.

Mas sempre chega a hora em que terá de enfrentar o papel em branco. Carta para
uma instituição argumentando que lhe estão cobrando algo indevidamente, para
sua escola, relatório de pesquisas, nota para a imprensa reclamando de algum
deslize dos órgãos públicos, monografia em seu curso, e por aí vai. E agora? Você
sabe certamente que o texto bem elaborado dá maior credibilidade à mensagem,
possui eficiência muito maior.

Você já ouviu muitas vezes alguém dizer que redigir é uma coisa difícil. Mas o
diabo não é tão feio como pintam. Para redigir, não é necessário fazer literatura,
nem procurar fazer bonito utilizando vocabulário difícil e construções sintáticas
rebuscadas. O principal é aprender a gostar de escrever: narrar, dissertar,
descrever, fazer crônicas, letras de música, poesias para a namorada.

Em todos os casos, o ato de redigir deve partir da necessidade psicológica ou


concreta de expressar alguma coisa. Aquele sentimento de revolta ou de
indignação que o atormenta em vista de uma injustiça, a vontade de registrar seu
posicionamento sobre algum tema, a necessidade de questionar, de organizar
suas idéias, rebater idéias opostas às suas. Tudo é motivo para redigir.

Assim como você pode discutir com eficiência sobre futebol, política, música,
garotas, e outros assuntos do cotidiano, pode também colocar as idéias no papel.
Basta apenas bom senso e organização, enriquecidos com algumas técnicas para
melhorar a apresentação de seu comunicado.

Muitos sofrem de uma estranha "doença": a síndrome do papel em branco.


Mesmo os que discutem com desembaraço sobre qualquer assunto, dão uma
tremidinha, suam frio, bambeiam as pernas quando têm que colocar alguma
coisa no papel. Medo de cometer erros? Talvez a culpa disso seja dos "gramáticos
profissionais", aqueles que escrevem na mídia e, mesmo dizendo o contrário, dão
a impressão de que a língua que falamos é tão difícil que precisa ser ensinada a
cada dia. Mas talvez o problema maior seja conseguir um texto coerente, claro e
objetivo.

Na ocasião em que ministrei alguns cursos de redação, aplicava um teste simples,


que você pode efetuar agora e estendê-lo aos amigos ou filhos.

Na ocasião em que ministrei alguns cursos de redação, aplicava um teste simples,


que você pode efetuar agora e estendê-lo aos amigos ou filhos.

Você costuma almoçar em determinado restaurante, daqueles que serve


bufê com "limitação dos pedaços de carne". O restaurante majora o preço
você então, resolve deixar um bilhete na caixinha de sugestões a respeito do
assunto. Os dados são os seguintes:

1. Os restaurantes similares mantêm preço mais baixo.


2. Sua sugestão é rever o aumento ou, se o mantiver, liberar a quantidade
de carne.
3. Você deve argumentai de alguma forma a favor de sua sugestão.

Pronto. Parece fácil, não? Mas o redator deve tomar algumas decisões: como
abordar o assunto? Que tipo de linguagem adotar? Que argumentos poderão
convencer o dono do restaurante? Se a pessoa conseguir redigir um bilhete que
seja claro, discreto, inclua todas as informações necessárias sem ser prolixo, já é
um bom sinal.

NO COMEÇO ERA O VERBO

Embora alguns jovens insistam em que a maior invenção da humanidade foi o


videogame, ainda acho que foi a linguagem.

Pela linguagem é que apreendemos, ordenamos e expressamos a realidade. Tente


formular um só pensamento sem se valer da linguagem. Impossível, pois
linguagem e pensamento se confundem, são as duas faces da mesma moeda.
Por intermédio dela conseguimos nos distanciar dos animais, para quem apenas
existe o momento presente. Com a linguagem - e aqui me refiro à linguagem
verbal - temos condição de nos referir ao passado e de planejar o futuro.
Conseguimos falar de coisas que não têm existência concreta, como o amor, a
saudade, a distancia, etc.

Veja como a criação de um simples fenômeno lingüístico, o substantivo comum,


possibilitou melhor apreensão da realidade: o substantivo comum representa
uma maneira de abstração, isto é, de classificar sob a mesma denominação seres
ou objetos que possuem as mesmas características gerais, deixando de lado
diferenças individuais. Não fosse isso, cada gato ou cada mesa do mundo, por
exemplo, seriam denominados de forma diferente. Teríamos, assim, milhões de
nomes para o animal caracterizado como "gato" e para o objeto caracterizado
como "mesa". Imaginaram a confusão?

E isso não é tudo. Como transmissora da cultura, é ela a responsável pelo atual
estágio de nossa civilização. Sem o registro, pela palavra, de todas as experiências
anteriores do ser humano, o mundo seria um eterno recomeçar, um eterno
ensaio-erro, a fim de se inventar alguma coisa. Não é à toa que diz a Bíblia: no
começo era o Verbo. A linguagem é o início de tudo!

CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA

Quando se fala em gramática, todos (ou quase todos) têm em mente aquele livro
por vezes chato trazendo regras para "bom uso" da língua. Na verdade, o termo
gramática refere-se também à estrutura de qualquer língua, consagrada pelo uso
e internalizada na mente dos falantes. Digo falantes, visto que mesmo as línguas
apócrifas, isto é, que não possuem escrita, têm a sua gramática. Vê-se portanto
que não é a gramática dos livros que determina o aprendizado da língua.

Baseados nisso, encontramos duas espécies de gramática: a normativa, que


procura impor regras, estribada nos textos de autores antigos, denominados
clássicos, que bem manejavam a língua; a descritiva, que registra os fatos da
língua, verificando a constância de certos fenômenos, como um cientista registra
os fatos naturais, sem no entanto querer transformá-los em regras.

A primeira gramática - a normativa nos vem da antiguidade, cerca do século II


antes de Cristo. Seu objetivo era organizar e estudar as normas utilizadas pelo
idioma mais antigo, para que pudessem ler as obras daquela época, como as de
Homero. Ainda não se dedicava à imposição de regras.

A gramática normativa fixou-se na linguagem escrita culta, sem atentar para o


fato de que até essa linguagem sofre mudanças. Enquanto outras áreas de
conhecimento assimilam mudanças, a gramática continua conservadora, não
incorporando novos conhecimentos, insistindo no ensino da velha teoria
gramatical. Se outras áreas fossem tão conservadoras quanto a gramática, na
medicina, por exemplo, ainda estariam efetuando sangrias e anestesiando os
pacientes com goles de conhaque.

Por que uma dessas concepções de gramática se sobrepôs à outra? Simples,


porque sempre foi cultuada pela elite como uma forma de divisão de classes. É no
falar "corretamente", de acordo com normas quase que estratificadas, que se dis-
tinguem os falantes cultos.

LÍNGUA ESCRITA E LÍNGUA FALADA

Alguns amantes do português (quero dizer, da língua portuguesa, não me


entendam mal) mostram-se indignados sempre que encontram alguma "heresia"
da fala. Para eles, a linguagem falada deve seguir o modelo da linguagem escrita,
mesmo que essa última tenha sido criada posteriormente.

Na realidade, nem a escrita é a transposição da fala, nem essa é a transposição


da escrita. Trata-se de duas linguagens diferentes, com suas características
próprias, a começar pelo material com que trabalham, sua substância. Enquanto
a fala se utiliza de sons vocais, a escrita opera com sinais gráficos. A fala é um
meio imediato de comunicação, influenciada pelas emoções do falante; a escrita é
mais distante e racional, podendo ser planejada. A fala conta com um inteiro
arsenal para auxiliar na construção do discurso: gestos, expressões, silêncios,
bem como se beneficia do espaço e do contexto em que estão inseridas as
pessoas.

A escrita, ao contrário, necessita valer-se de seus próprios recursos para suprir


todos esses aspectos. E nesse fato reside uma das maiores dificuldades dos
redatores inexperientes, que não conseguem transportar para o texto as situações
que estão presentes no discurso oral.

Por esses aspectos, e por seu registro ser permanente, é natural que a escrita se
torne mais policiada, mais controlada socialmente, e que a evolução de suas
formas seja processada de modo muito lento, para garantir o entendimento aos
leitores de outras regiões e de outras épocas. Daí que, enquanto uma se
transforma dinamicamente, a outra permanece com formas ―clássicas»‖ não
podendo, portanto, tornarem-se modelo uma da outra.

A FRASE

A frase é a unidade mínima do texto. Deve estar ligada ao contexto e poderá


influir no significado geral. Muitas vezes, a má formação de uma frase poderá
tornar o resto do texto desconexo. Tente colocar um "não" onde não existe sentido
de negação.

A boa formação de frases comunicativas insere-se em algumas estratégias, que


podem passar despercebidas aos leitores.

Consideremos que a captação de informações por nosso cérebro segue um


esquema de assimilação dos novos dados aos dados já conhecidos (Piaget). Isso se
reflete numa estrutura de frase que permite ao leitor identificar primeiramente as
informações já conhecidas e acrescentar as novas informações. Ex.: O filho da
vizinha (informação conhecida) passou no vestibular (informação nova). Quem
quebrou a vidraça (informação conhecida) foi o filho da vizinha (informação nova).
Outra estratégia é a de dar relevância a determinadas informações. Como fazer
isso? Dando-lhes posição de destaque no final da frase. Ex.: "Quando você
chegou, eu estava estudando". Dá-se relevo ao fato de que eu estava estudando.
Veja o contrário: "Eu estava estudando, quando alguém bateu à porta". Qual fato
chama maior atenção?

A REDAÇÂO

A redação é constituída toes básicas, o que dizer, como dizer a quem dizer. Bem
ou mal, todos possuem um conteúdo (o que dizer), derivado de nosso repertório,
que pode (e deve) ser enriquecido com leituras, experiências e informações.
Lembre-se de que ninguém pode dar o que não tem.

Já no como dizer é que transparecem as qualidades do redator. Quando alguém


diz que "não tem jeito para escrever" ou que "não sabe escrever", na realidade o
que não sabe é o como dizer. Falta-lhe a experiência de colocar as idéias no papel.

Como iniciar o texto? Como organizar as idéias? Como construir parágrafos?


Como motivar e atrair o leitor? Como conseguir objetividade e clareza? Como,
enfim, não passar de um simples "enchedor de lingüiça"?

Quanto ao terceiro aspecto, a quem dizer, trata-se de uma questão de coerência e


bom senso. O texto deve ser encarado como um diálogo entre o redator e o leitor.
O seu leitor terá de entender as palavras que você usa; assimilar facilmente suas
idéias; compreender as alusões que você faz a outros fatos; partilhar da realidade
que você analisa.

O que tentarei fazer será municiá-lo com as ferramentas para enfrentar um texto,
principalmente o dissertativo. Enfrentar no sentido lúdico, de afastar o medo e
redigir com prazer. Se conseguir isso, estarei satisfeito.
O TEXTO

Texto é toda mensagem expressa por uma combinação de signos. Mensagem, por
que deve transmitir alguma coisa. E os signos utilizados podem ser palavras,
desenhos, notas musicais, sinais, movimentos, comportamentos...

Todo texto é criado com um objetivo, com uma intenção, clara ou implícita,
definida ou inconsciente (informar, expressar sentimentos, persuadir, divertir,
divulgar, compor uma imagem etc). Não se redige nada gratuitamente. Nenhum
texto é neutro, mesmo os ditos textos imparciais, jornalísticos ou científicos.

Para que se possa compreender um texto é importante, antes de tudo, estabelecer


sua intenção ou seu objetivo.

Se um amigo vai lhe visitar, num dia frio, e sua casa está com as janelas abertas,
ele poderá perguntar: você está com calor? Aí, você percebe que a intenção dele é
sugerir que você feche as janelas, não é isso?

O texto não possui um tamanho definido. Pode se tratar de um romance de


"trocentas" páginas ou de uma simples palavra, colocada em situação
comunicativa, como
"SOCORRO!". O essencial é que seja suficiente para transmitir sua mensagem.

FORMAS DO TEXTO

Existem três formas de organizar o texto. Sempre que você pensar em redigir,
fatalmente utilizará uma dessas três formas (ou todas elas):

DESCRITIVA - expõe características de seres, processos, lugares,


comportamentos, etc, contemplando o essencial, segundo a visão do redator.
Toma algo como tema (um prédio, por exemplo), suas propriedades e partes
constitutivas, visualizados num espaço delimitado. Nela, predominam palavras
concretas e verbos de significado passivo (ser, estar, manter, localizar, etc). Faz
parte também da linguagem do cinema, da pintura e dos quadrinhos.
NARRATIVA - expõe seqüências de ações, que se desenvolvem no tempo,
constando de uma situação inicial (ou apresentação), um conflito (quebra ou
mudança) e uma resolução (ou desenlace), não necessariamente nessa ordem.
Utiliza basicamente palavras concretas, verbos de ação e o tempo verbal pretérito
(tempo narrado). Serve para veicular relatórios, anedotas, histórias em
quadrinhos, fofocas, simples relatos, até narrativas literárias (contos, romances).

DISSERTATIVA - relaciona fatos e idéias, segundo um processo que


compreende um tema, uma tese (ou opinião do redator) e uma série de
argumentos e comprovações em favor da tese. Utiliza principalmente termos
abstratos, tempo verbal no presente (tempo comentado). Ex.: A privação da moral
é prejudicial ao ser humano, pois enfraquece o organismo social

Pode veicular o texto informativo (instruções, exposições em aulas, matérias


informativas) ou o argumentativo (opiniões, editoriais, cartas, monografias,
dissertações, etc). Nesse tipo de texto, normalmente o tema admite controvérsia e
sua função é persuadir o leitor da validade das idéias apresentadas.

DESCRIÇÂO

O salão era enorme, cercado de vidros por um lado, de livros pelo outro. Tinha
aparência de biblioteca pública, (plano geral)
Ao fundo, era a mesa de trabalho do diretor. A sua cadeira, grave e refinada
(impressões do redator), de couro, com brasões, datava do século XIX. Sobre a
mesa, um abajur trabalhado em prata, com a proteção dourada, de bordas
recortadas. Ao seu lado, uma pilha de documentos, de modo organizado, e um
cinzeiro de prata cheio de tocos de cigarrilha, (impressões do redator),

O silêncio era completo, compatível com o ambiente de certo modo sagrado.


Aproximei-me devagar, temendo arranhar o chão encerado, parecendo um espelho,
que conduzia ao altar do todo-poderoso.
O redator fixa-se no que lhe interessa - o local de trabalho do diretor. Pela
seqüência, nota-se que primeiro observou o ambiente com visão ampla; antes de
aproximar-se, analisou o local de seu destino, observando alguns detalhes que
lhe dariam o perfil do diretor: refinado, organizado, nervoso, etc. Isto o intimidou.
O silêncio o deixou constrangido. Predomina a impressão visual. Vê-se que a
descrição cumpre uma finalidade no texto. O ambiente não parece acolhedor para
o redator.

NARRAÇÃO

Quando entrava, madrugadinha, em seu hotel, o vendedor Ivanor de Tal ouviu um


rangido na velha escada de madeira: créc... créc... Quem será, a essas horas? Foi
quando viu um vulto branco, subindo lentamente a escadaria. Ivanor, que era
cardíaco, teve logo um troço, esparramou-se no chão. (comuto)

Para esclarecer o que houve naquela madrugada, preciso antes falar do Mineiro.
Mineiro era um legitimo mineiro - discreto, fala mansa, um bigodinho fino. Alugou
um quarto no hotel familiar, não pretendia permanecer muito tempo na cidade,
(INTRODUÇÃO)

Um dia, recebeu convite para uma festa fantasia. Recusou. Mas de noitinha,
movido pela solidão do sábado, teve vontade de ir, só não tinha fantasia. Pegou um
lençol, fez dois furos para os olhos e estava pronta a fantasia de balula (fantasma).
Nem chegariam a saber que esteve na tal festa.
Divertiu-se naquela noite. Pela madrugada, resolveu ir embora. Não sei se pelos
cubas que tomara ou para manter-se incógnito, foi fantasiado para o hotel. As ruas
estavam desertas, (DESENVOLVIMENTO)

Quando subia a escada, ouviu um barulho - ploft - e viu um careca estatelado no


chão. (INÍCIO DO CONFLITO) Foi ao quarto, despiu a fantasia e voltou discretamente ao
local do sinistro. O hóspede se levantava ainda branco. O hotel ficou com fama de
mal-assombrado. (RESOLUÇÃO)
A CRÔNICA

Sua linguagem é intermediária entre a linguagem jornalística e a linguagem


literária. Nesse espaço que vai de um gênero a outro, o cronista possui maior
liberdade. Pode narrar, fazer comentários, criticar, refletir, conversar com os
leitores, interpretar a realidade ou mesmo alguma notícia atual.

A crônica pode se confundir com o conto, forma da qual se aproxima bastante. Só


que é mais superficial em sua essência; pode ser encarada como uma "conversa
fiada", simples entretenimento, ou como "prosa fiada" no entender de Vinícius de
Moraes.

Por ser dirigida ao público de jornal, a crônica utiliza linguagem mais simples e
ágil, de fácil entendimento. Seu texto também é limitado pelo espaço concedido ao
cronista, razão pela qual não se pode aprofundar o tema.

Seu objetivo, além de entreter o leitor, é fazê-lo refletir sobre cenas ou assuntos
que passam despercebidos ao seu olhar, mas nunca ao olhar curioso do autor.
Uma conversa no bar, um revoar de pássaros, um vendedor de rua, tudo é
assunto para o cronista.

UNIDADE DO TEXTO

Uma das principais características de um texto é a sua unidade, ou coerência.


Um texto sem unidade perde sua
qualidade de texto e passa a ser apenas um amontoado de frases.

Unidade significa articulação (lógica e de sentido) entre as partes que formam a


estrutura de uma mensagem. O tema que abordamos deve ser mantido do
começo ao fim, e não deve haver contradição entre as idéias, nem idéias absurdas
ou não pertencentes ao tema e à realidade.
O texto pode ser comparado a um jogo de "quebra-cabeças". Nele, cada peça
sozinha nada significa, mas quando encaixadas umas às outras podem formar
um belo desenho.

Os parágrafos que produzimos são peças que se combinam entre si e estão


voltados para o desenvolvimento da idéia principal. A conclusão é a última peça,
aquela que "fecha" o texto.

Mas não adianta as partes de um texto se articularem direitinho, se você ficar


repetindo em cada parágrafo as mesmas idéias. Primeiro parágrafo: " a fome é o
maior mal da humanidade...''. Segundo parágrafo: "a fome é o pior dos males...".
Terceiro: "a fome é uma grande tragédia...". As palavras mudam, mas as idéias
são as mesmíssimas. Isso é "encher lingüiça".

Aí é que entra a tal de articulação de sentidos; é necessário que haja uma


progressão de idéias, isto é, que em cada parte (normalmente, em cada parágrafo)
se acrescente algo ao assunto. Novas idéias, informações, novo ângulo, de-
monstrações, testemunhos, citações, etc. Isso se consegue aplicando uma
fórmula mágica, antes de iniciar seu texto: planejamento (tópico que veremos
mais adiante).

COESÃO E COERÊNCIA

Coesão é a vinculação de um parágrafo aos anteriores, ou de uma frase à


anterior, um "encaixe" como no jogo de quebra-cabeças acima mencionado.
Coerência é a ligação das idéias de todos os parágrafos ao tema central. O texto
pode não possuir coesão (caso do relato de um sonho), embora tenha coerência.
Mas se possuir apenas coesão será como um quebra-cabeças em que as peças se
encaixam entre si, mas possuem desenhos diferentes, não podendo portanto
formar nenhuma imagem.

A coesão, portanto, aplica-se ao texto, em sua forma; a coerência, ao conteúdo e


ao contexto. Termos coesivos:
Exemplos:
O hospital de Lage Grande iniciou um processo de modernização. Novos
equipamentos foram adquiridos e contratados mais funcionários e médicos. Aquela
instituição, fundada em 1963, é uma das mais antigas da região. Além disso...
A realidade é neutra. Mas entre nós e ela existe um outro plano, o dos significados,
que é construído pela cultura na qual estamos imersos... Isso quer dizer que o
sentido que damos ás palavras tem por base não a realidade mas uma
interpretação que dela fazemos. Assim, certos fatos, embora neutros, chegam à
nossa percepção como positivos ou negativos.

Nota-se que os termos sublinhados mantêm a ligação de idéias entre as frases,


num processo seqüencial.

É ainda elemento de coesão e coerência de um texto a chamada seleção lexical,


uso de termos pertencentes ao universo vocabular do tema desenvolvido. Leia o
texto a seguir:

O CINEMA WESTERN

O chamado cinema weslern, também popularizado sob os termos "filmes de


cowboys" ou "filmes de faroeste", compõe um gênero clássico do cinema norte-
americano. O termo inglês western significa "ocidental" e refere-se à fronteira do
Oeste norte-americano durante a colonização. Esta região era também chamada de
farwest - e é daqui que provém o teimo usado no Brasil e Portugal, faroeste
(também se usou o termo juvenil bang-bang, na promoção das antigas matinês e de
quadrinhos).

Os westerns podem ser quaisquer formas de arte que representem, deforma


romanceada, acontecimentos desta época e região. Ainda que tenham sido um dos
gêneros cinematográficos mais populares da história do cinema e ainda tenham
muitos fãs, a produção de filmes deste gênero ê praticamente residual nos tempos
que correm, principalmente depois do desastre comercial do filme Heaven's Gate ("O
portal do paraíso"), de Michael Cimino, no início da década de 1980.
Contudo, houve ainda alguns sucessos comerciais posteriores que foram, inclusive,
galardoados com o Oscar de melhor filme, como Dança com lobos, de Kevin
Costner, ou Os Imperdoáveis, de Clint Eastwood. Mas os westerns que vêm à
memória da maioria dos cinéfilos são, mesmo, os da sua época áurea: os filmes de
John Ford, Howard Hawks, entre outros nomes cimeiros do cinema.

O cenário dos westems é, como já foi dito, o Oeste dos Estados Unidos, a partir da
Unha do Mississippi, desde o período que precede a Guerra Civil Americana até ao
virar do século XX. (...) Ê o tempo da ocupação de terras; do estabelecimento de
grandes propriedades dedicadas à criação de gado; das lutas com os índios; das
corridas ao ouro na Califórnia; da demanda das terras prometidas e da guerra no
Texas.
(Wikipédia)

O texto é um pouco extenso mas é interessante. O tema, como o título indica,


envolve dois universos lexicais: o do cinema e o do western. De um lado, termos
como: gênero, formas de arte, história do cinema, fãs, produção de filmes,
sucessos comerciais, Oscar de melhor filme, cinéfilos, cenário. De outro lado:
fronteira, Oeste, colonização, Mississipi, Guerra Civil, ocupação de terras, criação
de gado, lutas com os índios, corridas ao ouro, etc.

É essa seleção vocabular que vai reforçar a coerência do enunciado, integrando as


duas vertentes desenvolvidas. Você pode redigir um texto fazendo analogia entre
a competição por um cargo e uma batalha, o que, na certa, demandará o uso de
vocabulário pertencente aos dois universos.

ELEMENTOS QUE INTERFEREM NO TEXTO

 Autor
 Intenção/objetivo
 Destinatário/interlocutor
Cada um desses elementos interfere nos outros. É óbvio que um texto tem um
autor. Mas quem é ele? Um superior hierárquico, um empregado, um cientista,
um religioso, uma empresa, um órgão do governo?

Qual a credibilidade de um texto técnico escrito por um leigo? Num texto de órgão
de imprensa devemos desvendar a linha ideológica por baixo das notícias e
editoriais. Um texto de um diretor dirigido aos empregados está ligado ao
exercício do poder. Um texto do professor (uma apostila, por exemplo) deve ser
seguido pelos alunos. Um texto de um religioso deixa as marcas de suas crenças
(se for espiritista, por exemplo, irá mencionar reencarnação, espíritos de luz, etc).
Veja, então, que o tipo de autor influencia a intenção e o destinatário.

Ninguém escreve (ou fala) nada sem uma intenção ou objetivo. A intenção pode
ser a mais tola possível, como apenas "pegar no pé" de alguém, "tirar um sarro".
Pode ser puxar conversa ou mostrar-se educado. Daí as frases do tipo "parece
que vai chover", "você mora aqui mesmo?" e outras.

A descoberta da intenção de um texto também se relaciona com os outros


elementos: o autor fala a sério ou está brincando? Ê necessário então conhecer
sua personalidade, seu estilo ou saber a quem está dirigida a mensagem. A uma
banca de eruditos? A um público desejoso de se divertir? A intenção em um texto
informativo ou numa crônica é bem diferente da de uma carta comercial, cujo
objetivo é sempre conseguir algo concreto: um pagamento, um pedido, uma
informação...

O tipo de destinatário também influi na mensagem. Se um especialista em


informática escreve para leigos, terá de modificar sua linguagem técnica para ser
entendido. Se alguém escreve para uma empresa ou para um amigo naturalmente
usará linguagens diferentes. Se escreve para uma namorada ou para um
concorrente, também.

Vamos ver um exemplo prático do dia-a-dia:


Alguém está na casa de Fulano num dia de muito calor. O ar-condicionado está
desligado. Então pergunta: este ar-condicionado é só para enfeite?

Sua intenção, é claro, não é obter uma resposta à pergunta, mas fazer com que
fulano ligue o aparelho. Entendendo a mensagem, Fulano acha que a visita (o
autor do texto) merece consideração e faz o solicitado. Fosse a frase dita por um
amigo gozador, a intenção não seria a mesma, e sim a de "pegar no pé" de Fulano.
Se o destinatário não fosse Fulano e sim um empregado, proibido de mexer nos
aparelhos da casa, a mensagem não teria eficácia.

QUALIDADE DE UM TEXTO

A qualidade de um texto não está (apenas) no acerto gramatical. Aliás, está muito
mais em aspectos que ultrapassam a parte linguística. Pode ser medida em
relação à intenção, ao universo do receptor e ao assunto.

Por outra: O objetivo foi atingido?


O leitor entendeu?
O assunto foi tratado com eficiência?

Vejam o exemplo do "ar-condicionado" acima. O objetivo da mensagem não está


na forma da frase e sim num "código" entre os interlocutores.
Tais elementos também se influenciam. Se o leitor não entende a mensagem, o
objetivo não será atingido. Pode-se também atingir o objetivo de informar algo, o
leitor entender, mas as idéias desenvolvidas estarem ultrapassadas, ou conterem
erro. Nesse caso, não houve eficiência.

Já vimos anteriormente algo sobre a intenção. Quanto ao universo do receptor, se


o texto não considerar a que tipo de leitor está se dirigindo e ajustar-se a ele,
claro que não será entendido. Os textos de Rui Barbosa são irretocáveis, mas será
que todos os entendem? Portanto, deve o redator situar-se no universo do
receptor e, às vezes, "baixar a bola".
Do mesmo modo, o texto que não leva em conta, quanto ao assunto, coisas como
a lógica, a verossimilhança (não é o mesmo que verdade, depende da intenção), a
atualidade, a coerência, a manutenção do tema, a progressão das idéias, etc, não
pode se gabar de qualidade.

GERENCIANDO O TEXTO

Hoje se fala muito em gestão. Gerir ou administrar alguma coisa aparenta ser
mais eficiente do que simplesmente "tocar em frente". Administração de pessoal,
gestão de informação. Então, por que não falarmos também de gerência de
textos?

Olhando desse modo, tomamos consciência de que existe em um texto um


conjunto de elementos que devem ser administrados, utilizados na medida certa.

 Tom (formal, satírico, coloquial, etc.)


 Informação (idéias, argumentos)
 Relação com o leitor (motivação, contato, vocabulário, etc.)
 Organização (parágrafos, coesão, coerência, etc.)

Dependendo do texto, não basta distribuir informações. É necessário manter o


contato com o leitor, motivá-lo a ler, conquistar sua simpatia. Utilizar-se das
funções da linguagem, dirigindo-se a ele como um interlocutor e não como um
simples depositário das informações que você sapiente-mente lhe transfere. Um
caso de relacionamento.

Quanto à organização, pode-se aproveitar o adágio: cada coisa em seu lugar.


Coisas como o parágrafo foram inventadas para facilitar a apreensão de um texto,
separando ou hierarquizando as idéias e argumentos. Os elementos de coesão,
como alguns advérbios, conjunções e pronomes, facilitam a condução dos
argumentos e mantêm a continuidade do tema em todo o texto. A boa redação é
um componente importante de seu marketing pessoal. Acostume-se, portanto, a
gerenciá-la com eficiência.
A LEITURA DO TEXTO

Tempos atrás, um leitor me abordou no supermercado: não entendi seu texto de


hoje! Ele se referia a uma das crônicas que publicava semanalmente. Meu
primeiro impulso foi parodiar aquele famoso quadro protagonizado por Walter
D'Ávila na Praça da Alegria: então vamos representar.

Mas não é isso, gente. Um texto - que não seja informativo - adquire o sentido
que lhe dá o leitor. O leitor não é um ente que recebe passivamente o texto. A
leitura é um processo de cooperação, no qual o leitor emprega seus
conhecimentos e sua experiência de vida, preenchendo lacunas, ampliando ou
substituindo sentidos. Numa crônica recente, na qual comentava o caxangá,
brincadeira infantil ("Escravos de Jó jogavam caxangá"), afirmei que, naquele
tempo, o governo havia mandado fechar todas as casas de caxangá.

Para entender o trecho como uma sátira, o leitor, além de identificar a época de
Jó, teria de relacioná-la com o atual fechamento das casas de bingo.

Você já ouviu esta história? Quatro pessoas presenciaram um acidente de carro.


Quando, mais tarde, retransmitiram o fato, um deles, que era médico, deu ênfase
aos ferimentos mortais provocados nas vítimas. Outro, advogado, preocupou-se
em estabelecer as responsabilidades do acidente; o que era padre mostrou-se
sensibilizado com o estado emotivo dos sobreviventes; o último, que era
mecânico, calculou o prejuízo ocorrido com os veículos.

Cada um deles efetuou uma "leitura" do mesmo fato. Assim acontece na leitura
de textos; muitas vezes, o leitor tende a valorizar frases ou sentidos que para o
autor não passaram de pormenores.

Quando afirma que não gostou de determinado texto, é porque esse não "bateu"
com seu repertório de vida, não provocou sua imaginação ou não desafiou sua
inteligência, levando-o a ir além do que está escrito. Por isso, Umberto Eco
denomina alguns tipos de texto de "obras abertas"; são textos que estão abertos
ao entendimento e à interpretação de cada leitor
CONTEÚDO (o que dizer)

As idéias e informações apresentadas no texto são chamadas de conteúdo. O


conteúdo de um texto pode ser bom ou ruim, dependendo do que e de como
dizemos. Isto é, nosso conteúdo está também relacionado à nossa forma de ra-
ciocínio, de concisão, de julgamento e de apresentação de fatos e idéias. Você na
certa deve conhecer algum professor, especialista em sua matéria, mas que não
consegue expô-la de forma clara. Resultado: os alunos não entendem "bulhu-fas".
A mensagem não foi apreendida.

De onde se origina nosso conteúdo?


 Experiências
 Conhecimentos
 Valores
 Crenças
 Visão da realidade etc.

Tudo isso forma nosso repertório. Você não pode transmitir o que não possui
dentro de você, não é mesmo? Num sentido mais amplo, podemos dizer que o
emissor último de um texto é a própria sociedade em que nos achamos inseridos,
pois ela nos fornece os valores e ideologias que compõem nosso repertório.

Somos submetidos a uma infinidade de mensagens: idéias (religiosas, morais,


artísticas, educacionais, políticas...), citações, provérbios, narrações, anúncios,
músicas, tradições, normas, etc - que determinam nosso modo de pensar e agir.
Desse modo, dificilmente nossos conteúdos serão completamente originais, pois
estamos sempre nos apropriando de idéias ou de temas do universo de
"discursos" no qual estamos imersos.

Somos seres situados dentro de uma cultura, de um espaço e de um tempo.


Utilizamos, por isso, idéias correntes em nosso sistema social, com o intuito de
contestá-las, de reafirmá-las, de interrogá-las, de ironizá-las ou de buscar
credibilidade para o que dizemos.
Para adquirir conteúdo: leia livros, jornais ou revistas, ouça noticiários, assista a
filmes, vá a espetáculos, converse, pesquise, vá a palestras, cursos, etc. Analise e
critique os fatos, as informações, os comportamentos.

UNIVERSO IDEOLÓGICO

Apesar das limitações comentadas, o texto que se preza não é constituído de


idéias óbvias, de coisas que todos já sabem. Você não vai ensinar o padre a rezar
missa.

Ninguém - a não ser em um manual didático — redigiria um texto para informar


que a terra gira em redor do sol. Quando alguém lê um texto espera encontrar
informações ou idéias que para ele são novidade. É o que se chama de conteúdo
rico.
ORIGINALIDADE

Todo refrigerante serve para beber. Todo papel higiênico tem a mesmo função,
não é mesmo? O que cria a diferença entre uma marca de produto e outra é a
forma de apresentá-las ao consumidor.

O que chamamos de "conteúdo" de nossos textos, aulas ou conversas pode não


ser assim tão original. Aparentemente, tudo já foi dito em nossa civilização
ocidental. Vejam os temas do "triângulo amoroso" ou do amor de "Julieta e
Romeu" que povoam até hoje novelas e filmes. O próprio Shakespeare já se
baseou nas narrativas de outros autores (só que com maior talento).

Nossas mensagens estão recheadas de recursos, digamos assim, que não são de
nossa autoria. Muitos não falam em beleza sem repetir os versos de Vinícius: "as
feias que me perdoem...". Outros se valem de frases ou idéias de escritores, de
comunicadores, de humoristas, da Bíblia, etc. Há alguma novidade nos discursos
de políticos? E nos programas da televisão?

Quem fala ou escreve sobre futebol, está na realidade se valendo de um arsenal


de fatos, teorias, opiniões, reportagens, etc. que se firmaram desde o nascimento
desse esporte. Quem fala sobre ensino, provavelmente estará reproduzindo
teorias de educadores e psicólogos: Dewey, Vigotsky, Paulo Freire, etc. É o texto
interagindo com outros textos. E é natural reconhecer esse fato, pois não é a
linguagem transmissora da cultura de um povo?

Quando nos posicionamos diante da realidade, mesmo sem saber estamos nos
enquadrando em algum sistema filosófico. Quem sabe você não percebeu ainda
que é um estóico, um positivista ou um bergsoniano?

Como escrevi anteriormente, quem fala por nós é a própria sociedade, que nos
fornece os valores e ideologias que formam nosso repertório. Desse modo,
dificilmente o conteúdo do que dizemos será original. Dito de outro modo: nada se
cria, tudo se copia.
E então, o que nos resta? Se não somos capazes de criar idéias novas,
procuremos ser originais na forma de expressá-las. Se isto faz diferença na venda
de papel higiênico, por que não o fará em nossos comunicados?

PENEIRANDO OS FATOS

Já dissemos anteriormente que nenhum texto é neutro. Mesmo os comunicados


científicos ou as mensagens jornalísticas, que se dizem imparciais ao noticiar os
fatos, apresentam uma forma implícita de formular julgamentos contra ou a favor
de alguma coisa. É o que se conhece por "viés", uma forma de "peneirar" o fato,
submetendo-o à ótica pessoal do redator, que pode selecionar aspectos a serem
omitidos ou ressaltados. Pode também utilizar uma seleção vocabular e sintática
que demonstra ao leitor atento a linha ideológica embutida em suas opiniões.

Veja, como exemplo, os itens a seguir, referentes aos "pontos polêmicos" do novo
estatuto do advogado, publicados em 1994 por um conhecido jornal de S.Paulo:

"Quando o advogado empregado de uma empresa vencer uma causa, os honorários


pagos pelo perdedor irão para o advogado - que já recebe salário - não para a
empresa. A jornada de trabalho do advogado assalariado é fixada em apenas
quatro horas diárias e vinte horas semanais. As extras serão pagas com pelo
menos 100% de acréscimo. Cidadãos são obrigados a contratar advogado mesmo
para recorrer aos juizados de pequenas causas, que foram criados para baratear e
simplificar o acesso à Justiça".

Os termos ressaltados em sublinhas, dentre outros, revelam o viés utilizado,


deixando claro o posicionamento jornalístico contrário aos benefícios outorgados
pelo Estatuto aos advogados.

Quando redigir, você não poderá evitar a análise dos fatos pela sua ótica pessoal,
mas procure ser o menos subjetivo possível na sua argumentação, evitando
opiniões e julgamentos "contaminados" pelas suas emoções.
PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS

Num ato de comunicação, é comum a existência de coisas não ditas. Essas são as
informações implícitas. Ligados a elas, estão dois fenômenos lingüísticos: os
pressupostos e os subentendidos.

Pressupostos são aquelas informações que se dão como certas, de conhecimento


do interlocutor. Ex.: Finalmente, o Lula conseguiu chegar à Presidência. O autor
da frase dá como certo que o ouvinte conhece as anteriores candidaturas de Lula.
O governo continua gastando profusamente. (pressupõe-se que gastava
anteriormente). Os políticos regressaram nesta segunda-feira ao plenário,
(pressupõe-se que estavam ausentes.

Algumas vezes, usam-se pressupostos para manipular os ouvintes/leitores,


dando como certa uma informação que é contestável. Ex.: A desorganização na
empresa X chegou a um ponto crítico. Neste caso, o redator dá como pressuposto o
que é somente uma opinião individual, o fato de haver uma desorganização na
mencionada empresa.

Subentendidos são aquilo que se diz não dizendo. Tenho uma crônica que se
inicia assim: "Atenção, leitor, esta é uma história tétrica. Por favor, chame as
crianças". Há aí uma informação subentendida, a de que são as crianças que
mais "curtem" as histórias de terror.

Normalmente, utilizam subentendidos pessoas que não querem dizer algo


explicitamente, por efeito humorístico, por maldade, ou para evitar
responsabilidades. Perguntado sobre a competência de um colega de serviço, o
funcionário afirma apenas: ele é um cara muito educado. Subentendido: não
apresenta nenhuma qualidade destacável. Nesse caso, o "dedo duro" não pode ser
censurado, pois "nada disse" em detrimento do colega.
COMO ACHAR O CONTEÚDO DE UM TEXTO?

Quando lê uma fábula, como "A Cigarra e a Formiga", como você a interpreta?
Um incidente entre pequenos animais? Um tipo de anedota: você passou o verão
cantando? Então agora dance! Hahaha!

Não é nesse nível que está o conteúdo, principalmente nas narrativas. Debaixo de
qualquer texto existe uma estrutura, como nas construções. No caso, trata-se de
um confronto entre valores mais amplos: o Trabalho e o Lazer. Para os padrões
da época - e na mente do criador da fábula o trabalho artístico (representado pela
cigarra) não tinha valor. Era simples representação do ócio. O que o autor queria
dizer, em outras palavras, era: quem não trabalha, não come. Narrativas nada
mais são do que a "figuração" de um tema. Em um texto, ficam impressas não
somente as idéias do autor, mas as ideologias, os desejos e preconceitos do grupo
e da época a que pertence. Certamente na época nem se desconfiava de que
artistas (como a cigarra) e outros participantes da indústria do lazer poderiam
"faturar" mais do que os que "pegam no pesado".

Entender um texto é, portanto, entender a proposição que está por baixo do nível
do discurso. Independe da forma em que é apresentada. Com o mesmo conteúdo
você pode escrever um conto, uma poesia, uma crônica, um texto dissertativo, ou
até fazer um filme ou uma história em quadrinhos. Quantas obras foram
elaboradas para dizer o mesmo que Ataúlfo Alves conclui em uma de suas
músicas: eu era feliz e não sabia!

Veja os textos a seguir:

Certo dia, Mariazinha estava brincando, sentada no chão, ao lado da estante de


livros. Seu pai chegou apressado, retirou o dicionário da estante e deu uma rápida
consultada, retirando-se em seguida. Espantada com isso, e como querendo
recriminá-lo, Mariazinha exclamou:
- Desse jeito, você nunca vai terminar um livro tão grosso!
Faz parte da ingenuidade (ou da lógica) infantil considerar um objeto em si, da
maneira como lhe chega aos sentidos, sem levar em conta suas características
intrínsecas e suas condições de uso.

Se for analisar, notará que os dois textos significam a mesma coisa; o texto
narrativo, no caso, funciona como interpretação ou concretização da tese
formulada em termos abstratos no segundo texto.

EXPRESSÃO (como dizer)

A expressão não abrange apenas o bom uso da gramática, mas um conjunto de


elementos que irão tornar seu texto assimilável e esteticamente agradável.

OBJETIVIDADE E CLAREZA

Ora, direis, entender a linguagem! Sim, não é uma coisa fácil: na maioria das
vezes, as mensagens não são entendidas como deveriam. Não é raro as pessoas
entenderem o contrário do que se pretende. Nesse caso, ao invés de comunicar
(tornar comum), a linguagem complica e pode causar antagonismos. Isso pode se
dar por falhas de entendimento do leitor ou por falta de clareza do texto. A
linguagem que utilizamos é imprecisa. Não é como a linguagem matemática, na
qual 2 + 2 são quatro e ponto final. Por isso precisamos ser claros: utilizar as
palavras mais adequadas, eliminar as frases longas e arrevesadas, colocar o leitor
dentro do contexto.

Para fazer isso, é preciso observar a diferença característica entre a linguagem


falada e a escrita. Numa conversa, o ouvinte ou interlocutor se encontra diante de
nós. Podemos nos valer de gestos, expressões e objetos, para auxiliar na
comunicação. Às vezes, as frases não precisam nem ser completadas... Contamos
ainda com o "feedback" do ouvinte: "Como é que é isso? Explica melhor!" - que
nos sinaliza se houve ou não entendimento. Já na escrita é diferente. Contamos
apenas com as palavras para transmitir os detalhes da situação, levando o leitor
a reconstruir todo o contexto.
Para conseguir clareza é preciso buscar os elementos necessários ao entendimento
da mensagem, expressando-os numa linguagem simples e adequada. Para
alcançar objetividade, devem-se eliminar os elementos que não contribuem para o
entendimento, os chamados "entulhos".

Parece uma contradição? Não é. Aí, funciona o bom senso do redator, a fim de
perceber o que é ou não necessário. O que está faltando e o que está sobrando no
texto.

Veja o texto a seguir:

Vampiro é um ser que ataca as pessoas à noite para sugar o


sangue. Possui os dentes caninos enormes, os quais deixam
sua marca no pescoço das pobres vitimas.
Geralmente veste-se de preto e sua imagem não se reflete nos
espelhos.
É original da Transilvânia, um país romeno, e mora num castelo antigo. Suas
vítimas tornam-se também vampiros.

O texto não está sendo claro nem objetivo. Deixa de fora a informação que define
um vampiro: o fato de sobreviver à custa do sangue de pessoas e animais. Outra
pessoa - um louco, por exemplo - poderá atacar as pessoas para sugar-lhes o
sangue. Não esclarece que se trata de uma lenda (que foi aproveitada pelo escritor
Bram Stocker na criação do personagem Drácula). Descreve detalhes que não são
importantes para a definição e que não se aplicam a todo vampiro: vestir-se de
preto, morar em um castelo antigo, atacar à noite.

Para se conseguir OBJETIVIDADE e CLAREZA:

USAR vocabulário simples e expressivo.

CONSTRUIR frases ou períodos simples e preferencialmente na ordem direta.


UTILIZAR, quando necessário, expressões e termos que relacionam as idéias,
denotando oposição, conseqüência, causa, conclusão, etc. (porém, ao contrário,
apesar disso, etc).

ELIMINAR "frases feitas", termos desgastados (de muito uso), adjetivos e


advérbios desnecessários, verbos compostos, etc. Ex.: ondas de calor, infausto
acontecimento, frio de rachar, desnecessário dizer, etc.

EXPLICITAR a idéia principal (o tema - se for dissertação; o objetivo - se for uma


solicitação).

SUBSTITUIR palavras ambíguas, de duplo sentido ou que deixem dúvida quanto


ao seu significado.

CONSTRUIR parágrafos simples, de pouca extensão - algumas vezes, é preciso


dividir um parágrafo a fim de tornar a leitura mais fácil. Você acabará
acumulando idéias ou mesmo intercalando frases e orações, com prejuízo da
clareza de raciocínio.

EVITAR o uso de palavras das quais você desconhece o significado correto e que
podem tornar sua frase até ridícula.
Ex.: "férias fatais", por férias no prazo fatal; "pessoas fami-goradas", por famintas;
"vestido lutulento" (ref. a lodo), por vestido de luto.

SUPRIMIR prolixidade, palavras demais para dizer pouco (o belo rio que banha
com suas águas a parte norte de nossa cidade = o rio Tererê).

EVITAR termos e idéias de sentido impreciso. Ex.: elevada quantia, boa margem
de lucro, condições deploráveis... O que significa uma condição de vida
deplorável? Depende da própria condição de vida do receptor. Seja, portanto,
mais específico.
EVITAR afirmações generalizadas. Ex.: como todos sabem... (talvez nem todos
saibam); a população pobre não possui divertimentos...; todos nessa região falam
mal o idioma (e se um ou dois o falarem bem?), etc.

FLUÊNCIA

Você gosta de dançar? Ou de praticar surfe? Pois é, ter fluência (eu disse fluência,
não flatulência) é ter a habilidade de fazer o texto deslizar, como numa dança, ou
como uma prancha sobre as ondas. Ao lê-lo, o leitor tem aquela sensação de que
as palavras se encaixam umas nas outras, os sons se combinam como numa
música, sem entraves, sem obstáculos.

Para conseguir isso, você terá de "apurar os ouvidos", fazer uma leitura mental, e
sentir se suas frases deslizam ou caminham pesadamente, dando freadas
repentinas, esbarrando em vírgulas mal colocadas, em construções arreve-sadas,
em frases intercaladas. Em outras palavras, se elas "pisam no pé" do leitor.

As frases devem ter ritmo. Quando redige, você deve variar os passos como numa
dança. Nada de ficar somente no "dois pra cá dois pra lá". Experimente intercalar
frases curtas e frases mais extensas (não tão extensas que não se possa fixar a
informação).

Algumas vezes, o que atrapalha a fluência é o choque de sons - como se o redator


estivesse participando de um jogo de "quebra-línguas" (frases do tipo: ocupou-o o
ócio) - ou o término da frase de modo abrupto, inesperado. Muitas vezes, vale a
pena acrescentar um adjetivo para melhorar o ritmo da frase. O adjetivo, além de
sua função prática de qualificar um termo ou limitar seu sentido, possui também
uma função estilística.

UMA PALAVRA SOBRE O USO DA VÍRGULA

O uso da vírgula em muitos casos é opcional. No entanto, em orações na ordem


direta, não se separam por virgula sujeito de verbo, nem verbo de seus
complementos. Ex.: Maria canta uma música triste.
Quando existem outros termos ou orações intercalados, esses figurarão entre
vírgulas: Maria, quando anoitece, canta uma música triste. Maria canta, quando
anoitece, uma música triste.
Obs.: Quando os termos a serem intercalados são de pequena extensão podem-se
eliminar as vírgulas. Ex.: Maria canta agora uma música triste.

Somente se usa vírgula após que ou se quando ali se intercalam termos, frases ou
orações. Ex.: Espero que, com as medidas ora implantadas, a empresa tenha
maior participação no mercado. Não sei se, com essa chuva, poderemos viajar.

• Não escreva, portanto:

Tenho certeza de que, as coisas vão melhorar. Conheço pessoas que, não têm
senso de humor. Não sei se, as coisas vão melhorar.

Função importante da vírgula é organizar (limitar ou ampliar) o significado


dos termos utilizados. As palavras ligam-se entre si, formando conjuntos de
significação. A vírgula serve para delimitar esses conjuntos. Espere aí, que você já
vai entender...
Se escrevo: curso de jornalismo gratuito, que significado quero dar à frase?
O que é gratuito, o curso ou o jornalismo? A vírgula resolve o assunto: curso de
jornalismo, gratuito. Desvinculamos o termo gratuito do conjunto formado com
jornalismo.
Outro exemplo: Mandaram cortar as árvores, que estão secas. O significado
aí é o corte de todas as árvores, pois estão secas. Sem a vírgula, vinculamos a
expressão que estão secas ao termo árvores, limitando-lhe o sentido: somente as
que estão secas.
Outra função realizada pela vírgula é selecionar na frase as informações
acessórias, menos importantes, que são um tipo de figuras de fundo. Ex.: João foi
acampar, no último verão, em seu novo sítio. Informação importante: João tem um
novo sítio. Informação acessória: no último verão.
Se, porém, alterarmos a disposição da frase: João foi acampar, em seu novo
sítio, no último verão, a informação que se destaca é que João foi acampar no úl-
timo verão. As informações entre vírgulas é como se fossem um acréscimo.

DlCAS para o bom uso da expressão em seus textos:

• Manutenção da harmonia entre as formas e os significados de nossa mensagem


Ex.: Viajou por mares, terras, montanhas, planícies e em lombo de burro.
O termo "em lombo de burro" destoa da cadeia de sentido formada pelos demais
termos.
... três coisas são necessárias: organização, respeito e trabalhar corretamente.
Aqui há desarmonia de formas, o redator mistura verbo e substantivos. Seria
preferível: organização, respeito e trabalho...

• Adequação entre os tempos verbais empregados


Ex.: Não deixem que eu vou embora, (o verbo ir está no subjuntivo, portanto: ...
que eu vá embora.).

Uso de vocabulário expressivo


Ex.: Com a terrível notícia, o homem sentou na cadeira. Prefira:... o homem
desabou (ou estatelou-se) na cadeira. Assim você estará exprimindo o estado de
ânimo da pessoa.

Divisão harmônica das idéias em parágrafos (intercalar parágrafos curtos e


extensos)

Uma seqüência de frases ou parágrafos curtos pode indicar uma visão dinâmica
ou fragmentada da realidade; o exagero em seu uso deixa a leitura monótona,
sem substância. A frase ou o parágrafo longo indicam uma visão total e sintética;
o exagero torna a leitura pesada e cansativa.

• Eliminação de construções desagradáveis (ecos, cacófatos, repetições de termos,


excesso de vírgulas)
Ex.: Vou, agora, novamente, correndo, pegar o ônibus. Pode ter certeza de que,
com tantas paradas, já perdeu a condução!
Quando a inflação entrou em ação, a inflação já estava em dois dígitos. (Repare no
eco e na repetição ocorridos)

• Uso correto dos termos de referência do texto (este/esse, o qual, cujo)


Esse(a) refere-se ao assunto de que já falei; este(a), ao de que vou falar.
Ex.: Essa festa ficou famosa. Esta notícia vai lhe alegrar! Usa-se que quando seu
referente anterior está próximo; o qual, quando o referente está distante.
Ex.: Observei o jovem que andava na rua. Interroguei o garoto parado perto do
poste, o qual nada me disse (no caso, o termo o qual refere-se a garoto, termo an-
tecedente mais distante do que poste).
Cujo não se aplica ao seu antecedente, e sim a algo que lhe é inerente.
Ex.: O jovem cujo carro foi batido. A menina de cuja amiga lhe falei.

PARALELISMO

Paralelismo é um processo estilístico no qual as construções verbais se tornam


harmônicas como duas linhas que correm paralelas. Ex.: Espero que venhas e
que tragas o violão. A falta de paralelismo é uma das causas da redação
deficiente.

FALTA DE PARALELISMO VERBAL:

Ê necessário chegar a tempo e que tragas o violão. Funcionários cogitam nova greve
e isolar o prédio. As críticas buscam ser imparciais e que não haja excessos. Ele a
viu logo que ela houvera voltado.

FALTA DE PARALELISMO NOMINAL:

Os jornais destinam-se à veiculação dos fatos e a comentá-los dia a dia.


Os leitores querem as notícias e poder acreditar no que lêem em seus jornais
preferidos.
São suas obrigações: o estudo, a organização e obedecer aos pais. Não fuja delas.
Deu-lhe um abraço de modo forte, firme e afetuosamente.

FALTA DE PARALELISMO SINTÁTICO:

Isso, por um lado, fixa o homem no campo, mas não lhe fornece meios de viver,
(correto: por um lado... por outro...) Fulano é tão inteligente igual ao pai. (tanto...
quanto...)
Nosso time é campeão quer em terra gu no mar. (quer...quer) O prejuízo foi tamanho
quanto da outra vez. (foi tamanho que... ou: foi tão grande quanto...)

FALTA DE PARALELISMO SEMÂNTICO:

Viajou por estradas, campos e em lombo de burro. Um beijo, um abraço e um


pontapé.

Quem semeia vento, colhe desilusão.

Obs.: às vezes, a quebra do paralelismo semântico se processa com fins estéticos:

"...Levou os meus planos, meus pobres enganos, os meus vinte anos e o meu
coração...". (Chico Buarque) "...meu sabiá, meu violão, e uma cruel desilusão, foi
tudo que ficou...". (Ary Barroso)

"Com açúcar e com afeto, fiz teu doce predileto..." (Chico Buarque)

CONCISÃO

A maioria das pessoas acha que a maior dificuldade a ser vencida na redação é o
acerto gramatical. No entanto, um dos problemas mais comuns que temos
encontrado em pessoas que redigem é a falta de concisão. Muitos nem percebem
que nela estão incorrendo.

É quando se possui algumas informações para colocar no papel e não se


consegue organizá-las de forma objetiva e econômica. As frases se arrastam, as
palavras se sucedem sem precisão, as idéias se repetem, os parágrafos ficam
enormes.

Concisão é o contrário de prolixidade. Claro, você não deve se preocupar com ela
a ponto de tornar seu texto impreciso por falta de informações. Tudo tem seu
ponto ideal. Também nem toda prolixidade é problemática: há autores que usam
a prolixidade como estilo, detalhando as idéias, degustando a linguagem.
Inaceitável é a prolixidade viciosa, aquela em que o redator se enrola todo para
prestar informações simples.

Aconselhável é determinar se seu estilo é conciso ou prolixo e prestar maior


atenção nos aspectos negativos dessas duas modalidades. Se conciso, observar se
não está deixando de lado informações que possam tornar mais claro o comuni-
cado; se prolixo, eliminar tudo que seja rebuscado ou redundante.

LUGARES-COMUNS

Você certamente já ouviu falar nos irmãos siameses, aqueles que nasceram
ligados um ao outro. Pois existem palavras siamesas: parece que uma não existe
sem a outra. Normalmente são adjetivos que "encarnam" em algum substantivo,
formando o que se chama de "lugar comum". Duvido que você já não ouviu ou
usou estes termos: exame criterioso, lauto jantar, condição essencial, rigoroso
inquérito, prova concludente, amplamente divulgado, extenuante tarefa, situação
preocupante e outros.

Como se não bastassem esses gêmeos inseparáveis, ainda existem as chamadas


frases feitas. Veja só: entrar pelo cano, dormir no ponto, de boca pra fora, dançar
conforme a música, desnecessário dizer, dar nome aos bois, e muitas outras.
Esses tipos de "muleta" não ficam bem num texto escrito. Denotam pobreza de
vocabulário, falta de originalidade, enfraquecem a mensagem. De tão usadas,
transformam-se em observações genéricas, sem valor expressivo. O que significa
um lauto jantar? Quanto vale uma quantia astronômica? Quanto tempo
demoram medidas urgentes? Qual a medida de conhecimento de um douto
palestrante?
Adotando tais fórmulas quando redige, você não está se valendo da reflexão ou da
emoção para ir atrás da palavra exata, que traduza o que tem a dizer. Está
apenas utilizando fórmulas prontas, já-ditas e já-escritas por milhares de
pessoas.

METÁFORAS

"Metáfora" é um termo corrente em nossa língua. Quem já não ouviu a expressão


"falar por metáforas"? Mas você sabe o que é uma metáfora? Trata-se de uma
figura em que um termo sofre um deslocamento de sentido, em virtude de se-
melhança de significados. Vejamos:

A luz ilumina um espaço


A idéia ilumina a mente (metáfora)

O lápis risca o papel


O avião risca o céu. (metáfora)

Se você diz que Maria é bela como uma flor, está simplesmente efetuando uma
comparação. Se disser que Maria é uma flor, está produzindo uma metáfora.

Se você acha que metáfora é uma coisa rara, ouça (ou leia) ao seu redor. Nossa
língua vive coalhada de metáforas. Algumas delas estão tão enraizadas no
cotidiano, que a gente nem percebe.

O objetivo da metáfora é tornar mais claro, ou mais colorido, o que comunicamos,


pelo envolvimento de nossos sentidos. Por outro lado, é impossível que haja uma
palavra para cada idéia ou cada coisa. Daí o deslocamento de sentidos, o
aproveitamento de imagens para comunicar idéias diferentes.

Quando enfrentamos, espantamos ou ignoramos um problema, estamos tomando


emprestados termos que se referem ao ser humano, como se o problema fosse um
inimigo. Quando roubamos um beijo, uma cena ou uma oportunidade de alguém,
estamos praticando um ato "prejudicial" ao próximo, privando-o de alguma coisa,
como se fôssemos um ladrão.

Existem inúmeros casos em que palavras relativas ao ser humano nomeiam seres
inanimados: dorso das ondas, seio da floresta, braço de mar, olho do furacão,
rosto de livro, língua de fogo, cabeça de cebola e outros. Por outro lado, também o
homem pode ser "agraciado" com expressões do mundo natural. Fulano pode ser:
um anjo, um túmulo, um gato, um asno, uma montanha, um verme, um rato,
um armário, um mala...

A metáfora não é apenas um elemento para embelezar o texto, mas indica uma
visão que temos da realidade. Por que se "constrói" um casamento, uma amizade,
uma carreira; por que se "eliminam" concorrentes, adversários; por que se
"quebram" ou se "desfazem" expectativas como se fossem coisas concretas?

Metáforas devem ser expressivas, originais e discretas.

ASPAS E PARÊNTESES

São formas gráficas de organização do texto. São uma espécie de interferência do


redator no discurso. Os parênteses (e também o travessão) indicam uma
explicação ou comentário ao que está sendo dito, um "à parte".
Ex.: Os parênteses - e também o travessão - indicam... Isso - falou o gerente - é
coisa de fulano. Isso (falou o gerente)... As histórias em quadrinhos (e isso não está
no gibi) ensinaram muitos a ler. As histórias em quadrinhos - e isso não está no gibi
- ensinaram muitos a ler.

As aspas têm basicamente duas funções:

 Fazer menção a frases ou palavras de terceiros; fazer menção a palavras


consideradas em seu sentido lingüístico e não de significado.
Ex.: Quem falou "diga ao povo que fico"? (note que a pontuação é após os
sinais)
"Gato" é masculino. "Mesa" tem duas sílabas. "Etc." é uma expressão latina.
 Indicar que palavras ou termos não estão sendo usadas da forma usual
(gírias, ironias, expressões não avalizadas pelo redator, exageros, palavras
estrangeiras, erros gramaticais, sentido afetivo, destaques, clichês, etc).
Ex.:
Você viu uma barata? E onde está esse "monstro"?
Fulano acha que os extraterrestres" estão por toda parte.
Pode me dar provas desse "amor" de que você fala?
O ataque dos "rebeldes" resultou em 10 feridos, conforme relato do Ministro.
Tudo isso "é um horror".
Naquele dia, fulana estava "naqueles dias".
Hoje me lembrei "daquela canção". "Nosso amigo" não gostou da brincadeira,
(nesses casos, só o receptor sabe a "chave" para entender a frase).
Os mercadores levavam as escravas a um local, onde avaliavam a
"mercadoria".
(afastamento - não se trata de expressão própria do redator, nem dos
leitores)
Nós "fumo" e não "encontremo" ninguém...

OBS.: Na maioria dos casos, as aspas podem ser substituídas por negrito, itálico
ou sublinhas.

UM CASO DE CRASE

Eu sei, o uso da crase é uma coisa chata. Se depois de alguns anos de escola a
pessoa ainda necessita de regrinhas e macetes para poder utilizá-la, alguma coisa
está errada.

Mas o que é a crase? A maioria das pessoas acha que é aquele sinalzinho que se
coloca acima do "a". Não, aquele é simplesmente o acento grave, sinal que os
franceses utilizam em profusão. Crase é o processo de fusão de duas letras,
normalmente o "a" artigo definido feminino com o "a" preposição. Daí se deduz
que somente acontece antes de palavras femininas.
Um dos casos que suscita mais dúvidas é sua presença antes de pronomes
possessivos (deu um presente a sua filha ou à sua filha?). Alguns dirão que o uso
nesses casos é opcional, como se fosse um acessório de automóvel. Isto quer dizer
que você pode jogar no palitinho para decidir se há ou não a crase antes de um
possessivo?

Não é bem assim. Trata-se de uma questão de estilo. Vou explicar: você pode
dizer "dei o livro a seu dono" ou "dei o livro ao seu dono". No primeiro caso, faz
uso somente da preposição; no segundo, da preposição e do artigo. Por que você
optou por uma dessas formas? Possivelmente, porque é um hábito linguístico. A
mesma coisa acontece quando se trata de termos femininos. Você pretende dizer -
ou escrever - que deu o livro a sua dona (com preposição) ou à sua dona (com
artigo e preposição)?

A propósito: com palavras femininas no plural somente se pode discutir a


existência de crase quando essas palavras estiverem antecedidas de artigo plural
(lógico, o artigo deve concordar com o nome). Preciso explicar que não se coloca o
famigerado acento grave em frases como "dei um presente a minhas filhas"?

RECURSOS GRAMATICAIS

Quando se fala em objetividade do texto, você encontra conselhos do tipo: elimine


adjetivos e advérbios. Obviamente, só devem ser eliminados os elementos que se
encontram em excesso, que nada acrescentam. Adjetivos, advérbios ou
conjunções são elementos preciosos para a clareza de seu comunicado.

Os adjetivos têm a propriedade de limitar ou ampliar o significado dos termos


utilizados, delimitando o alcance de sua proposição.

Ex.: O mal em nosso país são os políticos (significado amplo, de maior extensão -
quais políticos?).
O mal em nosso país são os políticos ineptos e corruptos (significado limitado). Os
homens são sábios.
Os homens pacientes e humildes são verdadeiros sábios.
Você eliminaria os adjetivos dessas frases? Os advérbios, além de situar a ação do
texto no tempo e no espaço, cumprem variadas funções. Podem funcionar como:

JULGAMENTOS (intervenção do redator sobre o conteúdo): Infelizmente, esse conflito


durou doze anos. O diretor atribuiu enganosamente o erro aos funcionários.

MODALIZAÇÃO (limitação do compromisso do redator sobre o enunciado):


Ex.: Chegou-se possivelmente ao final do problema. Esse ato do governo
acarretaria, talvez, uma onda de protestos populares.

Nota-se que o redator não afirma claramente os fatos. ATENUAÇÃO ou INTENSIDADE:

a) Em parte, a corrupção no país é atribuída aos maus políticos.


b) Estudou, pelo menos, até o segundo grau.
c) Minha idéia foi impetuosamente acatada pelos amigos.
d) Após sua saída, a amada ficou dolorosamente só.

Note que em c) e d) o uso dos advérbios torna-se necessário, pois além de


intensificarem o valor dos complementos (acatada e só), ainda lhe agregam um
significado a mais, deixando transparecer sentimentos e emoções no texto, de
uma forma discreta.

As conjunções conduzem o pensamento, fazendo um elo entre as idéias


desenvolvidas nas frases e nos parágrafos. São elementos de coesão.

Ex.: Os homens são mortais. No entanto, pelos obras e pela contribuição à


sociedade, sua memória torna-se perene.

Se eu disser: Choveu o dia todo. Em vista disso, as ruas não ficaram alagadas,
haverá falta de coesão, pois a locução (em vista disso) não se aplica ao sentido da
segunda frase, ocasionando igualmente falta de coerência.
Os verbos situam no tempo a ação ou o processo desencadeados em seu texto.
Tomando como base o tempo da redação, que é o momento em que você "toma da
pena" para redigir, você tem à frente três opções temporais nas quais situar o
discurso: presente, passado e futuro.

Normalmente, as narrações desenvolvem-se no tempo passado e as dissertações


no tempo presente. Mas, ao escrever, você deve observar que esses tempos
básicos admitem nuances que irão deixar seu enunciado mais preciso. São os
chamados aspectos.

As ações que você descreve podem ter sido concluídas, a concluir, ou ainda estar
sendo realizadas. Deixando de lado o famigerado gerundismo (vou estar
enviando), há casos em que a ação decorrerá durante um determinado período
(vou estar trabalhando durante todo o dia). Há ações que se repetem no tempo (ele
vem alcançando as melhores notas na escola); outras, foram concluídas num
espaço momentâneo (estive trabalhando naquele horário).

A utilização coerente dos verbos depende do contexto e da informação a ser


transmitida.

ESTRUTURA DO TEXTO

O texto dissertativo, ou dissertação, é o tipo de redação mais "cobrado" do


estudante ou do candidato ao vestibular. Ê o modo de verificar se o aluno possui
idéias e se sabe organizá-las em um texto. Os textos narrativos e descritivos
produzem uma representação da realidade (recriam ações, comportamentos,
acontecimentos, objetos etc). Já os dissertativos, analisam, interpretam, explicam
e avaliam dados da realidade.

O texto dissertativo é fruto de uma reflexão; significa uma contribuição pessoal ao


assunto; expressa uma visão crítica (ou mesmo satírica) da realidade; possui
finalidade de informar ou persuadir o leitor. Em um texto dissertativo:
A introdução, de modo geral, desperta o interesse, apresenta o assunto, orienta o
leitor (e o próprio redator), caracteriza uma situação. O desenvolvimento
apresenta as informações e argumentos referentes à tese defendida. A conclusão
sintetiza as idéias apresentadas, conclui o pensamento, apresenta ou deixa no ar
uma proposta ou sugestão.

INTRODUÇÃO

Qual o tamanho ideal de uma introdução? Não há imposição quanto a isso, mas
devemos observar o equilíbrio harmônico entre as partes do texto. Lógico que a
introdução não deve ser mais extensa do que o desenvolvimento do tema. Deve,
isso sim, ser suficiente para cumprir os objetivos acima tratados.

Quando o assunto irá ser problematizado, o que é normal em dissertações, ou


quando o redator irá contestar idéias correntes, que constam do mundo do leitor,
é comum iniciar o texto efetuando um balanço sintético dessas idéias, para que o
leitor possa assimilar facilmente a tese a ser proposta. Você pode ainda iniciar
seu texto de outras formas (ver adiante).

DESENVOLVIMENTO DO TEMA

Nesta fase, é óbvio, você irá desenvolver as idéias que comprovam e demonstram
sua tese. Se o seu objetivo é convencer o destinatário, é preciso que você se utilize
de alguns atos comunicativos tais como: afirmativas, comparações, exemplos,
raciocínios, definições, ilustrações, informações. Pode também lançar mão de
artifícios de envolvimento emocional do leitor, tais como recorrer a valores morais,
familiares, religiosos, ecológicos, sociais, etc.
Num plano geral, a dissertação pode desenvolver-se utilizando os processos de:
 Indução (do particular para o geral, do concreto para o abstrato);
 Dedução (do geral para o particular, do abstrato para o concreto);
 Analogia (explorando semelhanças entre áreas diversas ou entre idéias que
pertencem ao tema);
 Contraste (explorando diferenças);
 Desacordo (opondo-se a idéias ou conceitos correntes);
 Causa e conseqüência (analisando-as com referência a um fato ou
acontecimento).

A CONCLUSÃO

Podem existir dois tipos predominantes de conclusão: sintética e expansiva (que


se expande).

SINTÉTICA:
 Reforça uma idéia exposta
 Acrescenta um "fecho de ouro" inesperado
 Conclui um raciocínio desenvolvido
 Retoma sinteticamente a tese apresentada

EXPANSIVA:

 Tira conseqüências dc uma idéia desenvolvida


 Apresenta sugestões para resolver o problema levantado
 Solicita providências sobre o assunto
 Adverte o leitor

A forma expansiva de conclusão é muito encontrada nas redações escolares ou dc


vestibulares: "Deve o governo... por isso devemos todos... para que a situação se
normalize...9. Exemplos de conclusão:

"Como se vê, purificar o Legislativo è trabalho para uma geração. Mas que pode ser iniciado
nas próximas eleições, recusando-se conceder um mandato popular a quem quer que já
tenha sido eleito para algum cargo público.' - conclusão EXPANSIVA (apresenta sugestões
para resolver um problema).

"Ora, quando uma causa politica se traveste de religião, acaba-se trocando o melhor da
politica pelo pior da religião. Perdem-se a conversa, a transigência e a negociação, que são
o melhor da política. Fica-se com a intolerância, que é o pior da religião.' - conclusão
SINTÉTICA (conclui um raciocínio /"fecho de ouro").
TIPOS DE INTRODUÇÃO DE TEXTOS

Os textos podem ser iniciados de diversas formas:

a) Com uma INTERROGAÇÃO:

"Como se sentiria um mendigo que fosse presenteado com um milhão de reais?"

"Depois de uns tempos, (os aposentados) concluem que se toma tedioso viver
pescando ou cuidando de hortaliças... Que fazer então para que a aposentadoria
valha a pena?

São formas eficazes de atrair a atenção do leitor, espicaçando sua curiosidade e


criando uma expectativa para o que diremos a seguir.

b) Com uma MENÇÃO HISTÓRICA:

"Entre os antigos persas havia um deus cujo corpo representava um dualismo: uma
metade personificava o Bem e a outra metade, o Mal. O nome do deus era Mani, de
onde derivou o termo maniqueísmo."
Esta estratégia - trate-se de uma história real ou fictícia, antiga ou atual - traz o
leitor para o "clima" do assunto a ser tratado. Trata-se também de uma forma de
personalizar e tornar mais assimilável o tema.

c) Com SUSPENSE:

"A brasileira Mônica Frydman, casada, duas filhas pequenas, recebeu, em junho do
ano passado, a pior notícia de sua vida."

Neste tipo de introdução, o redator deixa para o próximo (ou os próximos)


parágrafo a elucidação do mistério apresentado.

d) Com uma CLASSIFICAÇÃO:


"Nesse dia tórrido de verão saí de casa por vários motivos. O primeiro....; o
segundo..."

"Dois foram os pecados apresentados pelos nossos atletas: orgulho e inércia. A


manifestação de orgulho deu-se..."

Este é um método clássico de introdução, bastante utilizado em textos


informativos. O redator classifica uma realidade ou um fenômeno em dois ou
mais itens e se ocupa de comentá-los e esclarecê-los. É bastante utilizado
também para iniciar discursos orais: "minha presença aqui hoje tem dois
objetivos. O primeiro... ; o segundo..."

e) Com uma AFIRMAÇÃO (ou NEGAÇÃO):

"Não se pode negar a influência das histórias em quadrinhos na formação dos


jovens, principalmente a partir da década de 30, quando iniciou a consagração
dessa arte.”

Uma introdução não necessita apresentar a tese defendida logo "de cara".
Algumas vezes, ocupa-se primeiramente de "pescar" o leitor; outras, de enquadrar
o tema, estabelecendo uma ponte entre esse e a tese a ser desenvolvida.

TEMA E ASSUNTO

Digamos que você encontre dois de seus amigos conversando. Curioso, você lhes
pergunta: qual é o assunto? Futebol - respondem. Ou cinema. Mas estariam eles
falando sobre futebol ou cinema em geral? Não! Certamente falam de um
determinado aspecto desses assuntos: o campeonato estadual, a atuação dos
jogadores ou os filmes de terror, a crítica sobre o último filme assistido, etc.

A apresentadora de um programa de TV para mulheres dirige-se às espectadoras:


"Hoje o nosso assunto é beleza! Será que a beleza dos pés femininos é notada
pelos homens?". Note que, nos casos apresentados, o termo assunto refere-se a
algo de significado geral, futebol, cinema, beleza. Ao comentar sobre esses
assuntos, pinçamos de dentro deles uma parte específica, o que se conhece por
delimitar o assunto. Ao delimitar o assunto, estamos selecionando nosso tema.

No caso do futebol, podemos tematizar (tomar como tema) "a violência no futebol".
De dentro de um campo mais abrangente (o campo do Esporte) foi tirado o
assunto específico, futebol, do qual selecionamos o tema violência. Agora torna-se
mais fácil organizar o pensamento, pois será dirigido a um campo delimitado.

Eis aí a diferença entre TEMA e ASSUNTO. O assunto é mais abrangente,


pertence ao domínio dos significados gerais, enquanto que o tema é um ponto
específico dentro de determinado assunto. Alguns exemplos:

ASSUNTO Comunicação; Tema: Liberdade de imprensa.


ASSUNTO: Lazer; Tema: Um domingo no campo.
ASSUNTO: Educação; Tema: A influência da TV na educação infantil.

PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA

Ao elaborar uma dissertação, que é um texto essencialmente argumentativo,


estamos admitindo que o tema tratado está sujeito a controvérsias. Trata-se de
uma realidade que estamos problematizando. Se não pretendemos problematizar
um tema, para que abordá-lo numa dissertação? Para dizer o óbvio?

Por isso, nada melhor do que estruturar nosso texto partindo de uma
problematização: você acredita em A, pois eu lhe proponho B. E vou lhe dizer por
quê.

Em sua "infra-estrutura", um texto dissertativo apresenta um confronto entre


valores abrangentes: Natureza x Tecnologia; Educação x Lazer; Opressão x
Liberdade. Quem vencerá? Isso vai depender de seu ponto de vista. Se você
condena a violência no futebol, seu posicionamento está situado em um contexto
maior, que poderá ser o confronto entre Violência e Esportividade. Como efetuar
essa estruturação? Veja possíveis abordagens:
"O futebol tem sua origem atribuída ao povo inglês, um povo educado e fleumático.
Seus primeiros praticantes certamente se tornariam surpresos se assistissem hoje
às verdadeiras batalhas que se travam nos gramados, em nome de uma es-
portividade que perdeu a inocência e tornou-se uma indústria."

"Futebol é um esporte? Se for, nunca o sentido de esporte foi tão aviltado,


enxovalhado quanto nos jogos disputados ultimamente..."

A TESE

Tese é o posicionamento do redator diante de uma realidade. É ele contra ou a


favor da monarquia, da internet, da alta dos juros, da pornografia? A que causas
atribui um determinado problema?

O desenvolvimento ou a comprovação dessa tese é que tecerá a dissertação. Aí é


que se encontram as técnicas argumentativas, ou seja, os métodos de raciocínio,
a utilização de exemplos, comprovações, testemunhos autorizados, etc.
O importante é persuadir o freguês a comprar nossa mercadoria, as idéias que
tentamos passar.

Exemplos de teses:

a) "O papel ideológico dos heróis da comunicação de massa ficou evidente durante
a última guerra mundial..." (Segue-se a argumentação do autor).
Tese: os heróis da CM têm um papel ideológico.

b) "A forma mais eficiente, senão a única, de manipular pessoas é por intermédio
da palavra.(tese) Veja o caso da publicidade ..(argumento). Outros processos
utilizados nessa espécie de manipulação... (argumento).

c) "Os programas humorísticos do rádio e da televisão - do tipo do extinto "Escolinha


do Professor Raimundo"— costumam sobrecarregar o imaginário do povo com uma
idéia simplista e equivocada do que é (ou deve ser) a escola, (tese)
Apesar do talento da maioria dos artistas/alunos, que cumprem sua função de
divertir o telespectador, é necessária uma reflexão sobre o tipo de escola aí
representada. Essa "escolinha", em si, é incompetente pois aparentemente nada
ensina a seus alunos. Além disso, transmite aos espectadores uma imagem
distorcida do ensino, onde impera o autoritarismo, o enciclopedismo e o vazio
didático, (argumento)

Para os Professores Raimundos, a aula é um constante processo de avaliação,


destinada a colocar a nu a "ignorância" dos alunos, sem espaço para o verdadeiro
aprendizado. O aluno não vai à escola para aprender e sim para ser "sabatinado".

Como podemos esperar que responda corretamente às perguntas do professor, se


nós não os vemos absorver nenhuma espécie de conhecimento? " (argumento)

PLANEJAMENTO DO TEXTO

Dissemos anteriormente que havia uma palavra mágica para garantir a unidade e
coerência do texto: planejamento. Planejar é saber com antecedência como irá
estruturar o texto: qual seu objetivo, quais os argumentos que serão utilizados,
que objeções poderão ser levantadas às suas idéias, como concluir, que tipo de
abordagem você pretende utilizar (irônica, satírica, moralista, persuasiva,
didática, etc).

O planejamento é um trabalho de reflexão, em que se colhem idéias relacionadas


ao tema. Nessa fase, podem-se avaliar quais as informações e os argumentos
mais apropriados e em que ordem deverão ser estruturados para melhor efeito
persuasivo.

Fazendo isto, já se eliminam as repetições de idéias em diferentes parágrafos.


Haverá, isto sim, a progressão de idéias, antes mencionada como fator de
coerência do texto. Você terá em mãos, desse modo, o esqueleto do texto. A planta
baixa de sua futura construção verbal.

O
cr
<
o"
Tendo resolvido a ordem e a importância das idéias a serem exploradas, você terá
a mente mais livre para se concentrar no desenvolvimento dessas idéias, ou seja,
na argumentação.

Nem todos os que escrevem costumam relacionar por escrito suas idéias, mas,
em se tratando de um texto extenso, isso se torna inevitável, para que o redator
não se perca e nem deixe de fora idéias e argumentos importantes. Alguns trazem
na mente o esquema que será desenvolvido. Na fase de revisão do texto sempre se
pode alterar a estrutura, eliminar ou acrescentar argumentos.

Para o redator inexperiente, é fundamental colocar no papel os itens que pretende


desenvolver.

"ENCHENDO LINGÜIÇA"

Agora vamos ver como ficaria um texto redigido sem planejamento, cujo objetivo é
apenas "preencher as 20 linhas' exigidas numa redação:

OS PROBLEMAS NO TRÂNSITO

O trânsito em nosso cidade é um caos. Existe uma quantidade excessiva de carros,


o que provoca inúmeros engarrafamentos durante o dia. (o que direi agora?) Quem
espera ônibus para ir ao trabalho ou à escola perde um tempo precioso nos pontos
de ônibus, e às vezes até chega atrasado ao seu destino.

O desenvolvimento da indústria automobilística no Brasil tem proporcionado


facilidades para que todos adquiram seu veiculo. Com o lançamento anual de
novos modelos, as pessoas que têm maior poder aquisitivo passam adiante seus
modelos antigos e compram os novos. Os mais ricos adquirem os modelos
importados, que são mais seguros e confortáveis. Sô que há mais dificuldade em
conseguir peças e acessórios para esses nwdelos e, quando se acham, os preços
são exorbitantes, (e agora?)
Na hora de rush os pedestres têm que se cuidar, pois o movimento de carros é
constante. Quando não há engarrafamento, é o excesso de velocidade que torna
perigoso atravessar uma rua ou avenida.

Torna-se necessário que o poder público, por intermédio do órgão controlador do


trânsito em nossa cidade, tome providências imediatas para modificar essa
situação caótica, quer educando os motoristas, quer tornando o trânsito mais
civilizado, evitando, assim, transtornos aos pedestres, (vejam como estiquei o
parágrafo)

(Ah, lembrei de uma coisa) A indústria de multas (é moda falar da indústria de multas)
em nossa cidade tem apenas o objetivo de arrecadar dinheiro, não resolvendo de
modo nenhum a questão da desorganização do trânsito. (Ótimo, passei das vinte
linhas).

ARGUMENTAÇÃO

Argumentação, em sentido amplo, é uma técnica que usamos diariamente quase


sem perceber na defesa de nossas idéias, a fim de convencer e influenciar outras
pessoas.

Cumpre fazer uma distinção entre persuadir e convencer. O primeiro é baseado


em argumentos emocionais, que buscam influenciar o receptor. O segundo
baseia-se em argumentos lógicos e leva o receptor a considerar a opinião de-
fendida como uma verdade.

A propaganda veiculada na TV persuade o espectador a comprar determinado


produto, associando esse produto ao sucesso. Seu argumento foi: as pessoas que
usam tal produto são bem sucedidas. Usando-o, você também será bem
sucedido.
Neste caso, provocou aceitação emocionalmente, pois o argumento não é
verdadeiro. Argumentamos, entre outros motivos, para: provar alguma coisa;
explicar afirmações ou juízos; justificar procedimentos ou pontos de vista.
Em princípio, usa-se argumentação quando se trata de um assunto
controvertido, que pode ser discutido. Para que usar argumentos para provar que
a água molha ou que a noite é escura?

ARGUMENTOS:

Argumento, em seu sentido específico, é um discurso formado por proposições,


sendo uma a tese, outra ou mais as premissas, em que fica provada a veracidade
da tese a partir da aceitação das premissas. As premissas funcionam como
provas do que afirmamos. Vulgarmente, a argumentação admite:
Raciocínios; evidências (fatos, pesquisas, estatísticas, etc); exemplos; ilustrações
(exemplos narrativos); opiniões autorizadas (opiniões de especialistas no assunto);
verdades admitidas (verdades científicas, provérbios, citações, etc); valores morais
ou espirituais.

a) "Quem viu Joinville há mais de 15 anos, não a reconhecerá mais. Foram abertas
novas avenidas, o tráfego deixou de circular pela Rua do Príncipe, que virou
calçadão. Com três grandes shoppings, os jovens que se concentravam em
pequenos pontos, como a Sorveteria Polar, freqüentam as praças de alimentação.

Os bairros se expandiram e se tornaram autônomos. A construção civil foi


incrementada, e os prédios se tornaram o espelho da cidade. Os velhos casarões
coloniais desapareceram".

O autor do comentário quer nos convencer de que a cidade de Joinville não é


mais a mesma de anos atrás. Para isso, utiliza evidências (novas avenidas, três
shoppings, crescimento dos bairros e da construção civil).

b) O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE: O FUMO É PREJUDICIAL À SAÚDE

Nessa última mensagem, temos uma argumentação por raciocínio. Premissa: o


fumo é prejudicial à saúde. Tese ou conclusão (as duas se confundem): se você
fumar, estará sujeito a doenças. Se a premissa (ou premissas) for verdadeira, a
conclusão também será.
Muitas vezes os argumentos usados para nos persuadir são falsos, não resistem a
uma análise mínima. Ex.: Não se pode confiar no que fulano diz: ele é inexperiente.
Foi feito o seguinte raciocínio: a pessoa inexperiente não merece crédito
(verdadeiro?). Fulano é inexperiente: portanto, fulano não merece crédito.

OBS.: Esse tipo de raciocínio denomina-se silogismo. Note que, nas duas
afirmativas iniciais, o termo que se repete (inexperiente) fica em lados opostos.
Outro exemplo:

Fulano está bêbado: não deve dirigir.

A pessoa bêbada não tem condições de dirigir (verdadeiro). Fulano está bêbado.
Logo, fulano não deve dirigir.
Alguns tipos de argumento, como vimos, são construídos logicamente, não dando
margem a dúvidas. Outros, baseiam-se em valores subjetivos, construídos
socialmente, mas que em nossa cultura adquirem valor de verdade. Ex.: mais
pessoas compraram/leram determinado livro, logo o livro é bom (vide os best-
sellers). Fulano anda bem vestido, logo deve ser mais bem sucedido na vida do que
outros que andam mal vestidos. Fulano freqüenta assiduamente a igreja; logo,
trata-se de uma pessoa decente, digna de confiança. E assim por diante.

PARÁGRAFO ARGUMENTATIVO

O parágrafo argumentativo geralmente apresenta uma estrutura composta de


uma afirmativa e uma (ou mais) comprovação (e às vezes uma conclusão). A
afirmativa comporta as indagações: POR QUÊ? COMO?

"Pior do que criar uma página desinteressante, talvez seja inventar uma carregada
demais - design em excesso pode ser desastroso, (afirmativa)
O leitor acabará confuso e desinformado, (comprovação). Para ser bom, o design de
página precisa ser "transparente", isto é, não deve chamar atenção, ou não estará
cumprindo sua junção." (conclusão)
Algumas vezes, a afirmação pode se encontrar no final, como conclusão:

"Os animais lutam uns contra os outros por alimento ou liderança, mas não lutam,
a exemplo dos seres humanos, por coisas que representam a riqueza (dinheiro,
ações, títulos), distintivos de classe para a lapela ou números baixos de placas de
licença para automóveis, que alguns supõem corresponder a prestígio social. Parece
não existir entre os animais, exceto numa forma muito rudimentar, a relação onde
uma coisa representa aualauer outra." (S.I. HAYAKAWA)

O que pode caracterizar a linguagem argumentativa é que nela as afirmações


constituem julgamentos do redator, que por isso devem ser comprovados.
Afirmações como "um metro possui 100 centímetros" ou aa terra é redonda" são
fatos observados e não precisam de comprovação. Podem, no entanto, funcionar
como afirmações nas linguagens narrativa e descritiva. Fatos observados podem
ser utilizados em dissertações com o propósito de comprovar afirmativas.

OBSERVAÇÃO:
A fórmula AFIRMAÇÃO/COM PROVAÇÃO pode ser utilizada também em outros
tipos de parágrafos, como o narrativo e o descritivo. Ex.: " A cidade fica linda no
inverno." (comprovar) "A batalha foi desigual." (comprovar).

EXEMPLOS (Afirmação/Comprovação) tirados de textos de livros ou da imprensa:

Para onde quer que nos voltemos, aí vemos o processo simbólico se processando.
Plumas no chapéu ou divisas na manga podem representar liderança militar;
conchas de marisco, braceletes de bronze ou pedaços de papel podem representar
riqueza; dois paus cruzados podem representar um grupo de crenças religiosas;
botões, dentes de alce, fitas, o corte de cabelo ou o estilo de tatuagem, podem
representar afiliações associativas.
S.I.HAYAKAWA - "A linguagem no pensamento e na ação".

Os bons amigos. os companheiros de verdade, foram sempre exaltados em todas


as civilizações. A Bíblia, com sua sabedoria divina, não se cansa de louvar o valor
do bom companheiro (...)
Há um luaar privilegiado em aue a prática da boa amizade se recomenda de modo
todo especial. Esse lugar é a família. Dizer que o marido deve ser o melhor
companheiro da mulher e a mulher a melhor companheira do marido parece
redundância inútil (...)
DOM Tito Buss - A Notícia

No seu começo - há cerca de 20 ou 30 mil anos - a escrita se confunde com a arte.


As pinturas rupestres e as inscrições paleolíticas são as primeiras expressões e
representações do pensamento do homem. (...)
Pouco a pouco, a escrita, cada vez mais complexa no plano técnico, torna-se mais
flexível no uso. A história nos demonstrará que ela será usada para contratos de
venda, para lembrar a fundação de palácios, para redigir leis e certificar unidades
de medidas. (...)
PIERO PINTO - A Notícia

PARÁGRAFO

Você abre uma revista ou livro atual e encontra tipos diferentes de parágrafo.
Alguns são curtíssimos, outros são quilométricos, outros ainda não se
completam. Isto é para você sentir que em questão de parágrafos não existe o
certo e o errado. Existe, sim, o parágrafo bem ou mal construído para cumprir o
propósito do autor.

Na verdade, o tipo de parágrafo é influenciado pelo estilo do redator. Alguns se


expressam por parágrafos "fechados" como um ovo (idéia principal,
desenvolvimento e conclusão, como se fosse um minitexto); outros distribuem a
idéia em mais de um parágrafo; outros ainda costumam empregar o parágrafo
com final-suspense: a última frase é o tópico que será desenvolvido no próximo
"segmento".

A função básica do parágrafo é a organização do texto, a fim de que suas


informações possam ser melhor assimiladas.
Tem a vantagem de nortear a mensagem, delimitando as idéias tratadas e
mantendo a coerência. Se desenvolvermos em um parágrafo apenas uma idéia,
haverá pouca margem para fuga do assunto. Algumas vezes, uma idéia necessita
de mais de um parágrafo a fim de ser desenvolvida adequadamente.

Normalmente, o redator experiente não se pergunta que tipo de parágrafo irá


elaborar, simplesmente dá forma às suas idéias. Na revisão do texto, poderá
considerar a forma mais eficiente de estruturar sua mensagem e então alterar
seus parágrafos.

Se você é principiante na arte de redigir, seu professor ou o "corretor" de redações


de vestibular poderá, ao analisar seu trabalho, fazer observações deste tipo:
 A idéia encontra-se fragmentada em vários parágrafos.
 O parágrafo desenvolve várias idéias diferentes.
 O parágrafo é muito extenso, perdeu-se o "fio da meada" das idéias.
 As idéias estão confusas.

Isso significa que você não deve cair nos extremos. Procure seu caminho para
redigir, elaborando parágrafos simples, com uma só idéia principal.

Tópico ou idéia principal

A noção de tópico ou idéia principal é muito aproveitada em textos de


propaganda. Trata-se de um norteador das idéias que vêm a seguir, que o
desenvolvem e explicitam. Tópico é, portanto, a idéia ou afirmativa que será
desenvolvida no parágrafo. A idéia principal está para o parágrafo assim como a
tese está para o texto. A diferença está em que a tese é o fator mantido no texto
considerado globalmente e a idéia principal refere-se unicamente a um parágrafo
ou a um conjunto de parágrafos.

Modernamente, como podemos observar pela leitura das principais revistas


informativas do país, os parágrafos têm se desvinculado da limitação da idéia
principal, abrangendo idéias diversas, dando predominância talvez à disposição
gráfica do texto.
O QUE APRENDI SOBRE REDAÇÃO — e posso lhe ensinar

ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

O texto dissertativo, que é o tipo que nos interessa, inicia com a problematização
de um tema. Nos textos meramente informativos não existe tal conflito. Podemos
visualizar assim nosso texto:

 Introdução
 Problematização ou conflito
 Argumentação
 Conclusão

Está bem, mas como se organiza isso? Tomemos um assunto, "o Lazer", do qual
delimitaremos como tema a violência na TV, em que defenderemos a seguinte
tese: os filmes da TV influem prejudicialmente na educação da criança. Atenção:
normalmente em provas e vestibulares o tema e a própria tese já se apresentam
delimitados.

Em nosso caso, vemos que existe um conflito LAZER (representado pela TV) x
EDUCAÇÃO. Podemos, com isso, montar nosso plano de redação, organizando as
informações e idéias que irão representar os dois times adversários. Como o
resultado do jogo já está marcado, o vencedor deverá ser o time da Educação.

Então, vamos fazer o seguinte, utilizando a imaginação: colocamos em


contraposição as características sadias da Educação versus as características
perniciosas dos filmes de violência, influenciando três esferas educacionais: a
família, a escola e a igreja. Três gois a zero! Veja a seguir:

EDUCAÇÃO
Família: concórdia, obediência
Escola: disciplina, respeito, estudo
Igreja: amor ao próximo, fé.
TV (filmes de violência)
Família: discórdias, brigas, rebeldias
Escola: indisciplina, ignorância, deboche
Igreja: mentira, mortes, roubos, desavenças,
e descrença.

Com tal planejamento, você não corre o risco de repetir as mesma idéias, estará
dando uma progressão de idéias ao seu texto. Veja, a seguir, como ficou: (texto
produzido apenas com objetivo didático)

A VIOLÊNCIA NA TV

Com o desenvolvimento do sistema de televisão torna-se difícil, atualmente,


encontrar família que não possua seu aparelho de TV. Devido à fascinação provoca-
da pela imagem, a cultura televisiva vem aos poucos substituindo as formas
tradicionais de socialização da criança.

Isso, no entanto, tem provocado sérias alterações na visão de mundo da criança,


levando-a a se distanciar das normas estabelecidas pela aprendizagem tradicional.
Os filmes apresentados na TV. os quais têm na violência, sobre todos os aspectos,
a forma ideal de resolver as questões, têm exercido maléfica influência sobre
nossos filhos.

Incidindo sobre a esfera familiar, tais filmes tomam como assunto a discórdia
conjugal, quase sempre terminada em separações, provocando nos filhos o senti-
mento de rebeldia. Sob outro aspecto, enfocam também brigas violentas entre os
próprios irmãos.

No que diz respeito à vida escolar, esses filmes fartam-se em mostrar cenas de
indisciplina, de deboche aos professores, enfocando, muitas vezes, a ignorância
como qualidade desejável, visto que heróis incultos mas violentos saem-se bem em
todas as situações.
Finalmente, as histórias veiculadas pela TV opõem-se aos ensinamentos dá própria
religião. Onde a igreja prega o amor ao próximo, esses filmes promovem a
desavença, a ganância, o desprezo. Onde a religião afirma o valor profundo da
vida humana, que apenas Deus pode tirar, a TV prega a filosofia contrária, em que
é muito fácil tirar a vida de um semelhante. Mostra, igualmente, a mentira e a
devassidão triunfando sobre a inocência. Com tudo isso, como não se abalar o bem
mais precioso da criança que e a f é?
Como vimos, por mais que se insista em uma educação mais abrangente e humana
para nossos filhos, tais intenções são neutralizadas pela ação anti-educativa desse
monstro que nós próprios introduzimos em nossos lares.

Você pode verificar que a introdução teve a função de enquadrar o tema, de


maneira geral, admitindo a disseminação do uso da TV. É o momento em que o
Autor "passa a limpo" o que é senso comum sobre o tema, os fatos com que todos
já devem concordar.

No segundo parágrafo, apresenta um conflito, um desacordo, uma maneira sua


de conceber a influência da TV. O que caracteriza isso, essa mudança no rumo do
texto, é o termo no entanto, que significa oposição, ressalva ao que foi dito.

É nesse parágrafo que o Autor apresenta sua tese, que se acha contida no período
sublinhado.

0 autor utiliza a argumentação por oposição, ou contraste, contrapondo a filosofia


exposta nos filmes aos valores morais pregados e admitidos pelas instituições
sociais. Revela igualmente um desenvolvimento de forma dedutiva: uma ideia
geral, abstrata, que passa a ser "esmiuçada".

Na conclusão, efetua um reforço de sua tese, ao mesmo tempo em que conclui


seu raciocínio. A conclusão, aqui, se manifesta de forma sintética, mas poderia
tomar uma forma expansiva se o autor sugerisse providências contra o abuso da
violência na TV.
REVISANDO O TEXTO

Ao redigir, preocupe-se apenas com o fio de suas idéias; lance no papel o que você
pretende dizer, sem preocupar-se i " i i i o vocabulário, com a sintaxe, ou mesmo
com a pertinência das idéias. Sem atrapalhar seu potencial criativo.

Depois, chega a hora de revisar. Dificilmente alguém consegue produzir um bom


texto de primeira. Normalmente, são necessárias várias revisões. É hora de
analisar, de verificar se as idéias estão claras e objetivas, se é possível identificar
a t e s e , se os argumentos são convincentes, se os parágrafos enlao bem
construídos e se a conclusão "fecha" o assunto (se for uma conclusão sintética).
É hora também de procurar as palavras mais justas e expressivas, de caçar
sinônimos, de verificar a ortografia.

Observe exemplos de revisão ajustando e tornando mais concisa uma frase


frouxa:

Comunicação é um processo social, pois é através dela que o homem se integra


com seus semelhantes, tornando possível o desenvolvimento da sociedade. (24
palavras)
A comunicação é um processo social. Integra o homem com seus semelhantes,
tornando possível o desenvolvimento da sociedade. (18 palavras)

Redigir é um trabalho artesanal, em que se torna necessário, muitas vezes,


desfazer o que já está feito, em busca de melhor caminho para ordenar as idéias
que se atropelam. (30 palavras.)

Redigir é um trabalho artesanal. Muita vezes é necessário desfazer o que está feito,
em busca de melhor caminho. As idéias se atropelam e é preciso ordená-las (27
palavras)
BOM SENSO E BOM GOSTO

Concluindo, para bem escrever são necessárias duas coisas: bom senso e bom
gosto. Por isso se diz que escrever é uma arte. Munido de sua ferramenta (a
gramática), o redator se vale de sua arte para confeccionar belas peças.
O bom senso evita que cometa exageros, que diga mais do que deve ou que utilize
linguagem inadequada; evita, ainda, que se afaste do tema tratado ou do universo
do provável leitor. Faz também com que organize o texto, para sua melhor
compreensão e procure os termos corretos para traduzir o que pretende dizer. Na
maioria das vezes, sinônimos não produzem o mesmo sentido. Veja a diferença
entre casa velha e casa antiga.

O bom gosto faz o redator produzir textos fluentes como uma corrente d'água,
originais, atraentes, sem generalizações e preconceitos. Deixa de lado os lugares-
comuns e busca metáforas adequadas.

Para conseguir isso, você deverá "curtir" o texto que estiver redigindo, dar tudo de
si, como se estivesse confeccionando uma pequena obra de arte. Pergunte a si
mesmo: o que estou querendo comunicar? Minha mensagem irá de qualquer jeito,
ou vale a pena dar-lhe uma "arte final"? E nessa arte final é que você poderá
aplicar os preceitos de bom senso e bom gosto.

CORRESPONDÊNCIA

CARTA

Trataremos aqui por carta o tipo de correspondência, mesmo pessoal, que seja de
cunho formal. O texto da carta, ao contrário de outros tipos de texto, possui um
objetivo concreto, isto é, visa produzir uma ação real, FAZER ACONTECER algo:
efetuar uma venda, conseguir um pagamento, fazer uma reclamação, prestar ou
conseguir uma informarão, alterar um comportamento, etc.
TIPOS DE CARTA

Para nosso estudo, utilizaremos os termos carta empresarial e carta pessoal. A


empresarial refere-se ao texto emitido por uma empresa, de caráter
administrativo ou negocial. A carta pessoal é o texto emitido por indivíduos com o
intuito de fazer comunicados, reclamações, solicitações a empresas, órgãos
públicos ou a terceiros.

ESTRUTURA FORMAL

Uma carta apresenta em sua estrutura ou forma externa alguns elementos


básicos, como local, data, destinatário, invocação, epígrafe e fecho.

A estrutura interna, que se refere ao texto propriamente dito, pode apresentar,


conforme o caso, uma Solicitação, Argumentações e Considerações (nem sempre
nesta ordem).

OBS.: A epígrafe ou referência é um elemento importante, pois identifica de


imediato o assunto tratado, norteando a leitura e principalmente orientando a
distribuição da correspondência. Pode identificar o assunto geral, seguido do
enfoque específico. Ex.: EMPRÉSTIMO IMOBILIÁRIO - Prestações Mensais;
TÍTULOS EM COBRANÇA - Prorrogação de vencimento.

CONTEÚDO/EXPRESSÃO

Todo texto é composto de um conteúdo (o que dizer) e de uma forma ou expressão


(como dizer). O conteúdo de uma carta é normalmente determinado por um
conjunto de fatores inerentes à empresa ou ao redator: seus objetivos, ne-
cessidades, filosofia, etc.
Na parte da expressão é que se manifesta a técnica redacio-nal. É um conjunto de
habilidades que abrange, entre outras, o domínio da língua, o vocabulário,
raciocínio verbal, bom senso, coerência, poder de argumentação, capacidade de
motivação, organização das idéias, objetividade, clareza, criatividade.

EMISSOR/RECEPTOR

No texto empresarial há distinção entre as figuras do emissor e do redator.


Emissor do texto é a empresa, que fornece o objetivo, baseado em um problema
concreto, influenciado pela situação contextual. Redator é o que exerce a função
de dar forma à mensagem, utilizando-se de técnicas lingüísticas e
argumentativas. Seu repertório deve, portanto, abarcar o repertório da empresa (o
funcionamento, os problemas, as normas, a ideologia, as necessidades, etc).
Neste caso, o conteúdo é determinado de forma acentuada pelo objetivo da
mensagem e pela situação contextual.

Devemos considerar que o redator é um representante de sua empresa; não


poderá, desse modo, usar de subjetividade no texto, e sim considerar o ponto de
vista da empresa. Deve ainda considerar se a intenção da mensagem é fazer uma
solicitação, uma ameaça ou um aviso; se o receptor é uma pessoa ilustre, de
cerimônia, ou um operário da firma, situação em que a forma de tratamento e o
nível de vocabulário serão alterados.

a) "Fulano, a firma está mal de caixa. Faça um levantamento das duplicatas que
vencem no final do mês e escreva aos clientes solicitando pagamento em dia".
Objetivo: conseguir pagamento dos títulos nos prazos.
Situação: necessidade de dinheiro; necessidade de respeitar os clientes;
considerar a hipótese de que o cliente não é obrigado a pagar no prazo; a firma
precisa manter a clientela.

b) "Redija um comunicado aos operários, convencendo-os a não deixarem de usar


os capacetes de segurança".

Objetivo: conseguir que os operários utilizem capacete.


Situação: ocorrência freqüente de acidentes; a firma tem por filosofia dialogar
com os operários; o repertório dos operários não se presta a mensagens formais e
longas (deve haver o máximo de simplificação).

APELO / INCENTIVO

Normalmente, os receptores de textos vivem em meio a um amontoado de


mensagens, que disputam sua atenção. São notícias, comunicados, memorandos,
avisos, instruções, regulamentos, relatórios, propagandas e outros. Para atraí-los,
portanto, e, mais ainda, persuadi-los a fazer algo, não bastam informações. É
preciso "pescá-los", atrair sua atenção, motivá-los a ler nosso texto e dar-lhe a
devida atenção.

Para isso, utilizamos duas técnicas: apelo e incentivo. O Apelo visa atraí-los
emocionalmente, mexendo com seus interesses, suas necessidades, seus desejos,
etc. Observe que o destinatário não está interessado em resolver os problemas
nossos ou de nossa empresa, e sim em saber como seus problemas poderão ser
resolvidos ou quais as vantagens que lhe advirão ao fazer o que lhe pedimos.

Por isso, deve o redator ressaltar os aspectos positivos do que é proposto. Não
deverá dizer: "Em vista das dificuldades em organizar nossos arquivos,
solicitamos-lhes...", mas sim: "Visando reorganizar nossos arquivos para
proporcionar atendimento mais rápido aos nossos clientes, solicitamos-lhes...".
Outros exemplos:

a)"Nossos produtos, além de contar com grande aceitação, permitem faixa de lucro
de 10% a mais do que qualquer similar".
b) "Conhecemos sua solidez nos negócios e o prestígio de sua empresa, conquistado
ao longo dos anos..."

O incentivo, por seu lado, é um estímulo para captar, logo de início, a atenção do
receptor. Equivale à introdução no texto dissertativo. Serve para despertar sua
curiosidade ou sua boa vontade para a leitura do texto. É necessário que seja
criativo e pertinente ao assunto e ao receptor. O incentivo redigido sem
competência (principalmente utilizando lugares-comuns) poderá estragar a
mensagem, afastando o leitor, por isso deve ser usado sem exageros e com bom
senso.

Dependendo do assunto e do receptor, você poderá utilizar uma metáfora, uma


narração, um suspense, uma afirmativa inusitada, etc. Nem todo tipo de carta
admite a técnica do incentivo, pelo menos muito explícito. É ideal para malas
diretas de vendas, folders, oferecimento de serviços, avisos publicitários, etc.

Ex.: "Você nunca aplicou em fundo de investimentos? Ê verdade, nem todos os


fundos são honestos. E não oferecem as vantagens que você pretende ao aplicar
seu dinheiro..."

"Gostaríamos de conversar sobre ecologia (o cliente é adepto). Mas o que tem a ver
nossa empresa com os problemas ecológicos?"

"Não vimos propor-lhe um negócio, mas sim colocar dinheiro em seu bolso..."

Há, nessa última, uma junção das técnicas de apelo e incentivo, despertando no
leitor o interesse e a curiosidade.

É necessário reconhecer o tipo de motivação que impulsiona determinado tipo de


receptor. Não se pode propor a venda de computadores, apelando para a
necessidade de informação ou de modernidade, a uma faixa de consumidores que
se preocupa com problemas de auto-conservação (moradia, estabilidade etc).

MOTIVANDO A AÇÃO

Por conter nosso tipo de correspondência um objetivo concreto, exige na maioria


das vezes uma ação do receptor em resposta a ela. Se o objetivo é vender um
produto, o interesse do emissor é que o cliente efetue seu pedido. Se é cobrar
nina dívida, espera-se que o cliente efetue o pagamento de imediato. Esses
objetivos não podem "ficar no ar", devendo ser bastante explícitos. É útil, por isso,
a utilização de um convite à ação, mostrando ao receptor o que deve fazer e como
deve fazê-lo.

Ex.: "Não mande dinheiro. Apenas assinale sua opção no formulário anexo e
remeta-nos hoje mesmo." "Para fazer seu pedido, ligue para o fone..." "Preencha
esta autorização e debitaremos o valor em sua conta corrente."

Técnicas desse tipo são comuns em ofertas de mercadorias a t raves de revistas


ou da TV. Devem conter uma única proposta de ação, tão prática e fácil que
mesmo o receptor mais Ocupado ou comodista tenha condições de realizá-la.

DANDO RAZÃO AO CLIENTE

Ninguém gosta de oposição às suas idéias ou de que lhe I icguem no pé", como se
diz comumente. Um bom modo de persuadir mais facilmente o destinatário é
levar em consideração seus pontos de vista, reconhecê-los como válidos, antes de
argumentarmos. Isso eliminará a idéia de conflito, Due poderá levá-lo a não
aceitar o que propomos.

Ex.: "Não pretendemos influenciar sua decisão, pois sabemos que é um leitor
inteligente. Mas veja as propostas que fazemos."

"Cremos que V.Sa. possui razões para ter suspendido a compra de nossos
produtos. A falha ocorrida em nossa última remessa foi lamentável. Como clientes,
teríamos feito o mesmo. Mas já tomamos todas as providências..."

"Sou obrigado a informar-lhes de minha decepção com essa empresa. Sei que,
devido a problemas de informática, como queda de sistema, muita vezes acontecem
falhas no controle dos pagamentos recebidos. No entanto, não se justifica que por
três vezes tenham deixado de registrar a quitação de minhas mensalidades, dentro
da data de vencimento, conforme comprovações anexas...." (carta pessoal para
empresa)
Satisfazendo os brios do receptor, estaremos removendo uma pedra do caminho
de nossas futuras negociações. Isso, com toda certeza, produz melhores
resultados do que tentar demonstrar-lhe que está errado e que nós é que estamos
com a verdade.

ESTRATÉGIAS DE CONSTRUÇÃO DO TEXTO EMPRESARIAL

ESTILO SAC (Solicitação - Argumentação - Considerações):

Joinville, 12 de junho de 1999

EDITORA MEFISTÓFELES LTDA.


Rancho Fundo (AM)

Prezados Senhores,

REPRESENTAÇÃO NA PRAÇA - Solicitamos-lhes a representação de sua


conceituada editora neste Estado. (SOLICITAÇÂO)

Trabalhamos há mais de 10'anos na área editorial e possuímos um corpo de


vendedores capacitados na venda de liuros. Além disso, a cidade de Joinville
apresenta-se como um bom mercado, visto que temos uma universidade e mais
quatro instituições de curso superior e o nível cultural dos habitantes é um dos
melhores do Estado. Acreditamos, portanto, que estaremos aptos a desenvolver um
bom trabalho nesta praça. (ARGUMENTAÇÃO)

V.Sas, poderão obter informações a nosso respeito na editora Marcapasso Ltda.


(endereço), da qual fomos representantes por cinco anos na praça de Curitiba(PR),
anteriormente à nossa transferência para Joinville.

No caso de sermos atendidos, pedimos que nos forneçam as t nientações para que
possamos abraçar essa tarefa, que para nós será muito gratificante,
(CONSIDERAÇÕES)
Atenciosamente

ESTILO SUSPENSE - CAS (Considerações, Argumentação, Solicitação) - O redator


vai construindo um clímax, que se estabelece no final da mensagem.

Joinville, 16 de agosto de 1998

FINANCEIRA ARPOADOR LTDA.


Nesta

CONCESSÃO DE EMPRÉSTIMO

Senhor Gerente:

O desenvolvimento da indústria de artigos de couro provocou a criação de novas


empresas, consumidoras dessa matéria-prima, não mais nos sendo possível
atender aos pedidos, numerosos e urgentes, visto que a produção de nossa
empresa é pequena, (CONSIDERAÇÕES)

Para produzirmos maior quantidade e satisfazer todos os compradores é


indispensável ampliação da nossa indústria, adquirindo-se novas máquinas e
aumentando as dependências.

Precisamos, pois, da quantia necessária à cobertura do encargo a ser assumido e


cujos resultados reverterão em beneficio de todos quantos, nesta cidade, se
dedicam à produção de couro e seus artefatos, (ARGUMENTAÇÃO)

Em tais condições, recorremos a V.Sas, e solicitamos um empréstimo de R$


50.000,00, para o qual apresentaremos as garantias necessárias, além do
empenho de nossa idoneidade e conceito comercial já plenamente conhecidos nesta
praça, (SOLICITAÇÃO)

Saudações
ESTILO ANÚNCIO - Colorido e atraente, com uso de imagens e movimentos
(substantivos, adjetivos e verbos, visado impressionar o receptor. Predomina o
uso da linguagem persuasiva (utilizado em malas diretas, ofertas de vendas,
publicidade, etc.)

"Depois de um bom tempo de convivência com sua revista, você conquistou uma
séria de privilégios. Escolheu uma revista feita para você, decidiu que ela deveria
chegar em seu endereço, aproveitou um preço fixo por ano e recebeu edições
primorosas, com a qualidade que você exige.

Agora, chegou a hora de renovar esse privilégio. E , sua renovação vem


acompanhada de muitas vantagens...".

Veja como este cartão inovador atende suas expectativas:

VOCÊ quer ficar livre da taxa de anuidade. Nosso cartão tem a anuidade gratuita
por toda a vida.

VOCÊ quer facilidade para pagar contas Com nosso cartão você pode concentrar
seus títulos a pagar no vencimento do cartão de crédito, ganhando até 60 dias a
mais de prazo, evitando assim atrasos e multas.

Nota-se o tratamento coloquial (você), a técnica do apelo e da motivação


ANEXO

PLANO DE REDAÇÃO

Digamos que você pretende desenvolver o seguinte tema: o desmoronamento da


família. Certamente, em sua estrutura mais profunda, seu texto considerará a
oposição Estabilidade x Desagregação. Entre outras opções, você poderia efetuar
o seguinte levantamento de idéias:

 A família de antigamente (introdução)


 A família está desmoronando (tese)

Argumentos:
 Estatísticas sobre separações
 Causas do desmoronamento familiar
 Instituição do divórcio
 Liberação da mulher
 Dissolução dos costumes (mídia)
 Comentário sobre filme ou livro que ilustra o assunto

Conclusão
 Consequências dos distúrbios familiares sobre os filhos (ou soluções).

Com esse trabalho, você estará hierarquizando as idéias, dando-lhes coerência


lógica e progressão. Seu conteúdo estará todo ali, bastará preencher o papel com
suas técnicas de redação.

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