Professional Documents
Culture Documents
___________________________________________________________________
Resumo
O Índice de Massa Corporal (IMC) é utilizado como um preditor de obesidade,
apesar de utilizar a massa corporal total como parâmetro, e tem sido utilizado em
publicações, de natureza clínica e/ou epidemiológica. A larga utilização deste índice
pode ser provavelmente atribuída à obtenção simples das medidas utilizadas em sua
construção, e da relativa validade clínico-epidemiológica demonstrada. Porém,
existem referenciais científicos que apontam importantes limitações conceituais e
práticas no uso atual desse método, incluindo as premissas matemáticas, pontos de
corte de normalidade e consistência para dados extremos. As críticas finais neste
texto foram norteadas após as definições de obesidade, e revisões estatísticas que
demonstram o aumento da obesidade no mundo. Na seqüência se apresenta a
importância do diagnóstico da obesidade, dando ênfase aos autores que
demonstram o diferencial entre massa corporal total, equivocadamente referida
como peso corporal, e o percentual de gordura. Faz-se referência aos estudos que
envolvem avaliação e análise da composição corporal em diferentes segmentos da
população, e se apresenta autores que demonstraram as limitações que o IMC
possui quando utilizado nos diferentes momentos da vida. Desta forma, em função
da obesidade ser caracterizada pelo aumento do percentual de gordura corporal, é
importante que sejam realizadas análise, de composição corporal para este fim,
sabendo que a utilização do IMC pode trazer conseqüências à saúde da população,
quando utilizado como um índice preditor absoluto de obesidade.
Definição de Obesidade
A Obesidade Mundial
Figura.1. Modelos de fracionamento do peso corporal com base em dois componentes – Massa
Magra e Massa Isenta de Gordura (Eston et al., 2001).
Borges, (2004).
Definição e histórico
O índice de massa corporal possui ainda faixas de normalidade para adultos que
têm sido preconizadas por diferentes autores e organismos internacionais (IOFT,
2001), supostamente permitindo identificar indivíduos com subnutrição, excesso de
peso e obesidade, devendo manter a relação com a tabela de determinação normal
de percentuais de gordura, e conforme a página oficial da OMS se reproduz na
íntegra a seguinte tabela:
Classification BMI(kg/m2)
Principal cut-off points Additional cut-off points
Underweight <18.50 <18.50
Severe thinness <16.00 <16.00
Moderate thinness 16.00 - 16.99 16.00 - 16.99
Mild thinness 17.00 - 18.49 17.00 - 18.49
18.50 - 22.99
Normal range 18.50 - 24.99
23.00 - 24.99
Overweight ≥25.00 ≥25.00
25.00 - 27.49
Pre-obese 25.00 - 29.99
27.50 - 29.99
Obese ≥30.00 ≥30.00
30.00 - 32.49
Obese class I 30.00 - 34-99
32.50 - 34.99
35.00 - 37.49
Obese class II 35.00 - 39.99
37.50 - 39.99
Obese class III ≥40.00 ≥40.00
Source: Adapted from WHO, 1995, WHO, 2000 and WHO 2004.
BMI values are age-independent and the same for both sexes. However, BMI may not correspond to
the same degree of fatness in different populations due, in part, to different body proportions. The
health risks associated with increasing BMI are continuous and the interpretation of BMI gradings in
relation to risk may differ for different populations.”
Traduzindo partes dos textos do arquivo original, se verifica que são feitas menções
às alterações de conteúdo de gordura em diferentes populações, e em diferentes
partes do corpo. E correlacionando os níveis de IMC com as faixas de percentual de
gordura se obtêm a seguinte tabela:
De acordo com Trindade (2004), vários são os fatores capazes de afetar a validade
do IMC, dentre eles se destacam:
Na vida adulta:
Na tentativa de valorizar este indicador houve vários estudos do âmbito clínico que
correlacionaram resultados do IMC com outros fatores de risco de doença e com a
ocorrência de doenças.
Mesmo que o Índice de Massa Corporal, nas populações mais diversas, apresente
uma boa correlação com medidas antropométricas de composição corporal, persiste
a dificuldade em definir, para populações específicas, pontos de corte a fim de
determinar o estado nutricional, incluindo baixo peso, normalidade, sobrepeso e
obesidade. Erros de conduta clínico/nutricional, prescrição de exercícios e
prognósticos de saúde podem ser decorrentes da utilização do Índice de Massa
Corporal como classificador de adiposidade em indivíduos. Desta forma, as
metodologias de determinação dos componentes corporais, devem ser priorizadas
em detrimento ao IMC, quando se tratar da análise de volume de gordura presente
na massa corporal total do indivíduo adulto, criança ou idoso. Políticas públicas
relacionadas à nutrição e dietética, podem ser as mais prejudicadas quando
baseadas em julgamentos decorrentes somente do Índice de Massa Corporal.
Referências Bibliográficas
Anjos LA. Índice de massa corporal como indicador do estado nutricional de adultos:
revisão de literatura. Rev Saúde Pública 1992; 26:431-6.
Brambilla P. Body mass index in patients with unusual proportions [letter to editor]
Am J Clin Nutr 1997; 66: 1295.
Bray GA. An atlas of obesity and weight control. Informa Healthcare, 2004.
Bundred P, Kitchiner D, Buchan I. Prevalence of overweight and obesity children
between 1989 and 1998: population based series of cross sectional studies. Br Med
J 2001; 322: 1-4.
Center for Disease Control and Prevention. Body mass index-for-age: BMI is used
differently with children than it is with adults. Available from: URL:
http:/www.cdc.gov/nccdphp/dnpa/bmi/bmi-for-age.htm acessada em 25/9/2000.
Daniels SR, Khoury PR, Morrison JA. The utility of body mass index as a measure of
a measure of body fatness in children and adolescents: diferences by race and
gender. Pediatrics 1997; 99; 804-7.
Deurenberg P, Deurenberg YM, Wang J, Lin FP, Schimidt G. The impact of body
Franklin MF. Comparison of weight and height relations in boys from 4 countries.
Frisberg,M; Oliveira, CL; Mello, MC; Cintra, IP;. Obesidade e síndrome metabólica na
infância e adolescência.Rev. Nutri., 2004 apr/june; vol.17 n 2.
Garn SM, Leonard WR, Hawthorne VM. Three limitations of the body mass index.
Am J Clin Nutr 1986; 44: 996-7.
Heymsfield, S.B. Body composition and bioelectric impedance. Revista Brasileira de
Nutrição Clínica, v.12, n.4, supl. 2, p.S73-9, 1997.
International Obesity Task Force. About Obesity. Available from: URL: http://
www.obesite.chaire.ulavl.ca/iotf.htm acessada em 16/2/2001.
Lohman, TG. Exercise training and body composition in childhood. Can J Sport Sci,
Dec,17(4):284-7, 1992.
McLaren, OS. Three limitations of body mass index. Amer. J. clin. Nutr., 46:121, 1987
Malina RM, Katzmarzk PT. Validity of the body mass index as an indicator of the risk
and presence of overweight in adolescents. Am J Clin Nutr 1999; 70: S131-6.
Marshall D, Hazlett CB, Spady DW, Conger PR, Quinney HA. Validity of convenient
indicators of obesity. Hum Biol 1991; 63: 137-53.
Michielutte R, Diseker RA, Corbett WT, Schey HM, Ureda JR. The relationship
on body mass index. Am J Clin Nutr 2000; 72: 694-701.
Rush EC, Plank LD, Laulu MS, Robinson SM. Prediction of percentage body fat from
anthropometric measurements: comparison of New Zealand European and
Polynesian young women. Am J Clin Nutr 1997; 66:2-7.
Seidell JC, Hautvast JG, Deurenberg P. Overweight: fat distribution and health risks.
Epidemiological observations. A Review. Infusionstherapie 1989; 16: 276-81.
Sinclair D. Human Growth after Birth. 3 rd ed. London: Oxford University Press,
1978.
Willett WC, Dietz WH, Colditz GA. Guidelines for healthy weight. N Engl J Med 1999;
341: 427-34.